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MECANISMOS DE CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL As artérias são consideradas cum reservatório de pressão do sistema circulatório, pois a pressão gerada no VE é estocada nas paredes elásticas das artérias e, lentamente, liberada através da retração elástica. As arteríolas criam uma alta resistência de saída para o fluxo sanguíneo arterial e são conhecidas como locais de resistência variável. As veias atuam como um reservatório de volume, do qual o sangue pode ser enviado para o lado arterial da circulação se a pressão cair muito. A pressão arterial (PA) é definida como a força que o sangue exerce contra a parede das artérias após a sua contração. A pressão arterial é maior nas artérias e diminui continuamente à medida que o sangue flui através do sistema circulatório. A diminuição da pressão ocorre porque é perdida energia, como consequência da resistência ao fluxo oferecida pelos vasos. Na circulação sistêmica, a maior pressão ocorre na a. aorta, gerada pelo VE na sístole (PAS), chegando a 120 mmHg e, na diástole (PAD), chegando a 80 mmHg. A pressão arterial média (PAM) é definida pelo débito cardíaco e a resistência periférica. 𝑷𝑨𝑴 = 𝑷𝑨𝑫 + 𝟎, 𝟑𝟑𝟑 𝒙 (𝑷𝑨𝑺 − 𝑷𝑨𝑫) O SNC, localizado no bulbo, coordenada o controle reflexo da PA e a distribuição de sangue aos tecidos. A principal função do centro de controle cardiovascular é garantir fluxo sanguíneo adequado ao encéfalo e ao coração, mantendo uma pressão arterial média suficiente. CONTROLE NEURAL: CURTO PRAZO É feito pelo SNA associado aos barorreceptores e aos quimiorreceptores. Apresenta rápidas variações de vasoconstrição ou vasodilatação local nas arteríolas, metarteríolas e esfíncter pré- capilares. BARORRECEPTORES É o principal mecanismo para controle da PA. Tem a função de manter a PA estável, permitindo uma adequada perfusão tecidual. Os barorreceptores respondem muito mais a uma pressão que varia rapidamente do que a uma pressão estacionária. Eles respondem tanto a hipo quanto a hipertensão Estão localizados em todas as grandes artérias, mas, principalmente, arco aórtico e nos seios carotídeos. Os barorreceptores não são apenas estimulados pelo aumento da PA, mas sim pelo estiramento da parede das artérias, pois eles atuam como mecanorreceptores que respondem às alterações de estiramento da parede arterial causada pelas alterações de pressão dentro dos vasos. As terminações de barorreceptores se distribuem na camada adventícia, próximo à borda médio-adventícia das artérias. Os sinais produzidos pelos barorreceptores carotídeos são transmitidos pelos nervos de Hering para os nervos glossofaríngeos na região cervical superior, e daí para o trato solitário (área sensorial) na região bulbar do tronco encefálico. Já os sinais produzidos pelos barorreceptores aórticos são transmitidos pelos nervos vagos para a mesma região, ocorrendo a estimulação ou inibição do SN simpático ou parassimpático. Para que tal reflexo seja desencadeado a pressão arterial deve ser de no mínimo 50mmHg, ativando os barorreceptores carotídeos ( > 80mmHg ativa os barorreceptores aórticos). A estimulação simpática causa maior liberação de noradrenalina (NA), regulando a resistência vascular, força de contração e FC, assim, aumentando a PA. A NA se liga a receptores de α1, que provocam vasoconstrição nas artérios do TGI e renal. A estimulação parassimpática causa maior liberação de acetilcolina (ACh), causando vasodilatação e diminuição da FC, diminuindo a PA. A ACh se liga a receptores β2, que provocam vasodilatação nas arteríolas do coração e músculos. Além disso, os barorreceptores atenuam as altereções na PA durante as mudanças na postura corporal. O levantar pode causar diminuição na PA da cabeça, causando perda da consciência, os barorreceptores atuam aumentando a resposta simpática para minimizar essa reação. Os barorreceptores são ineficazes a respostas à longo prazo, pois eles tendem a se reconfigurar para o nível da PAM a qual estão expostos. QUIMIORRECEPTORES É um sistema que está intimamente ligado aos barorreceptores. As células quimiorreceptores estão localizadas em regiões periféricas e centrais. A região periférica está localizada no corpo carotídeo de cada a. carótida comum e na a. aorta, elas são sensíveis a níveis baixos de O2, níveis altos de CO2 e de íons H+. A região central está localizada no bulbo e são sensíveis a níveis altos de CO2 e de íon de H+. Os quimiorreceptores excitam as fibras nervosas que, juntamente com as fibras barorreceptoras, passam pelos nervos de Hering e pelos nervos vagos em direção ao bulbo. Cada corpo carotídeo ou aórtico recebe um abundante fluxo sanguíneo por meio de uma pequena artéria nutriente, de modo que os quimiorreceptores estão sempre em contato próximo com o sangue arterial. Os sinais transmitidos pelos quimiorreceptores excitam o centro vasomotor, e essa resposta eleva a pressão arterial de volta ao normal. No entanto, esse reflexo quimiorreceptor não é um potente controlador da pressão arterial até que ela esteja abaixo de 80 mmHg. Portanto, é nas pressões mais baixas que esse reflexo se torna importante para ajudar a prevenir novas quedas da pressão arterial. RECEPTORES DE BAIXA PRESSÃO Os átrios e as a. pulmonares têm receptores de estiramento em suas paredes, chamados de receptores de baixa pressão. Os átrios e as a. pulmonares são locais que são, naturalmente, submetidos a baixas pressões. Eles são ativados quando a pressão aumenta nestas regiões em decorrência de maior volume sanguíneo. Para que esta regulação ocorra, o estiramento dos átrios provoca dilatação reflexa das arteríolas aferentes renais e reduz a secreção de ADH. Com a redução da resistência das arteríolas aferentes, maior volume de sangue chega aos capilares glomerulares aumentando assim a pressão em seu interior e consequentemente a taxa de filtração glomerular (TFG). Como a secreção de ADH está reduzida, a reabsorção de água também está. A combinação desses dois efeitos, aumenta a perda de líquido pelos rins e reduz o volume sanguíneo e a PA até os valores normais. REFLEXO DE BAINBRIDGE Quando o volume sanguíneo fica acima do normal, muitas vezes o reflexo de Bainbridge aumenta a frequência cardíaca, apesar das ações inibitórias dos barorreflexos. Uma pequena parte do aumento da frequência cardíaca associada ao aumento do volume sanguíneo e ao estiramento atrial é causada pelo efeito direto do aumento do volume atrial que estira o nó sinusal. Os receptores de estiramento dos átrios que provocam o reflexo de Bainbridge transmitem seus sinais aferentes através dos nervos vagos até o bulbo no cérebro. Em seguida, os sinais eferentes são transmitidos de volta pelos nervos vagos e simpáticos para aumentar a frequência cardíaca e a força de contração. Assim , esse reflexo previne o acúmulo de sangue nos átrios, nas veias e na circulação pulmonar. REFLEXO DE CRUSHING É um tipo especial de resposta isquêmica do SNC que resulta de um aumento na pressão do LCR. Quando a pressão do líquido cefalorraquidiano aumenta para se igualar à pressão arterial, isso comprime o cérebro como um todo, bem como as artérias cerebrais, e interrompe o suprimento de sangue para o cérebro. Essa ação desencadeia uma resposta isquêmica do SNC, que aumenta pressão arterial. Quando a pressão arterial sobe para um nível mais alto do que a pressão do líquido cefalorraquidiano, o sangue flui novamente para os vasos cerebrais para aliviar a isquemia. Geralmente, a pressão sanguínea atinge um novo nível de equilíbrio ligeiramente superior à pressão do líquido cefalorraquidiano, permitindo que o sangue comece a fluir pelo cérebro novamente A reflexo de Cushing ajuda a proteger oscentros vitais cerebrais da perda de nutrição quando a pressão do líquido cefalorraquidiano aumenta o suficiente para comprimir as artérias cerebrais. CONTROLE HUMORAL: LONGO PRAZO É feito por variadas substâncias liberadas por diferentes tipos celulares, como as células endoteliais e justaglomerulares. São variações lentas e controladas que podem durar dias, semanas ou até meses. RIM-VOLUME Se o volume de sangue (volume plasmático) aumentar e a capacitância vascular não for alterada, a pressão arterial também aumentará. O aumento da pressão, por sua vez, faz com que os rins excretem o excesso de volume, retornando a pressão ao valor normal. A elevação da pressão arterial não apenas aumenta o volume do débito urinário, mas também causa um aumento aproximadamente igual na eliminação de sódio. Pode ser eliminado H2O (diurese por pressão) ou NaCl (natriurese por pressão). Se a pressão arterial estiver abaixo do ponto de equilíbrio, a ingestão de água e sal será maior do que a eliminação. Portanto, o volume de líquido corporal aumenta, o volume plasmático aumenta e a pressão arterial sobe até que retorne ao ponto de equilíbrio. Esse retorno constante da pressão arterial ao ponto de equilíbrio é conhecido como o princípio de ganho quase infinito por feedback para o controle da pressão arterial pelo mecanismo rim-volume. SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA A renina é sintetizada e armazenada nas células justaglomerulares (JG) dos rins, essas células estão localizadas nas paredes das arteríolas aferentes imediatamente proximais aos glomérulos. Diversos fatores controlam a secreção de renina: SN simpático, hormônios, prostaglandinas, óxido nítrico e endotelina. Quando a PA cai, as células justaglomerulares liberam renina por meio de: 1. Barorreceptores sensíveis à pressão das células JG respondem à diminuição da PA com o aumenta da liberação de renina 2. A diminuição da oferta de NaCl para as células da mácula densa no início do túbulo distal estimula a liberação da renina 3. O aumento da atividade do SN simpático estimula a liberação de renina ao ativar receptores β-adrenérgicos nas células JG A renina é uma enzima, não uma substância vasoativa. Ela atua ativando o angiotensinogênio. O angiotensinogênio atua liberando a angiotensina I. A angiotensina I tem algumas propriedades vasoconstritoras, mas não fortes o suficiente para provocar alterações significativas na função circulatória. A angiotensina I, nos pulmões, é convertida pela enzima conversora de angiotensina (ECA), formando a angiotensina II. Os pulmões e rins contém ECA locais. A angiotensina II é um vasoconstritor extremamente potente, porém é rapidamente inativada pela angiotensinases. A angiotensina II tem dois efeitos principais que podem elevar a pressão arterial. O primeiro é pela vasoconstrição que ocorre intensamente nas arteríolas e menos nas veias. A constrição das arteríolas aumenta a resistência vascular periférica total, elevando, assim, a pressão arterial. Além disso, a leve constrição das veias promove um aumento do retorno venoso, ajudando o coração a bombear contra o aumento da pressão. O segundo meio principal pelo qual a angiotensina II aumenta a pressão arterial é pela diminuição da excreção de sal e água pelos rins, devido tanto à estimulação da secreção de aldosterona, como de efeitos diretos. A retenção de sal e água pelos rins aumenta lentamente o volume de líquido extracelular, que então aumenta a pressão arterial durante as horas e os dias subsequentes. A angiotensina II estimula as adrenais a secretarem aldosterona, aumentando a reabsorção de Na+ e excretando K+, além de secretar ADH. O sistema renina-angiotensina talvez seja o mais potente no organismo para acomodar grandes variações na ingestão de sal com alterações mínimas na pressão arterial. O aumento na ingestão de sal é elevar o volume de líquido extracelular, o que tende a elevar a pressão arterial. Os diversos efeitos do aumento da ingestão de sal, incluindo pequenos aumentos na pressão arterial e efeitos independentes da pressão, reduzem a taxa de secreção de renina e a formação de angiotensina II, o que ajuda a eliminar o sal adicional com aumentos mínimos no volume de líquido extracelular ou na pressão arterial. Assim, o sistema renina-angiotensina é um mecanismo de feedback automático que ajuda a manter a pressão arterial no nível normal ou próximo dele, mesmo quando a ingestão de sal é aumentada VASOPRESSINA (ADH) Hormônio produzido no hipotálamo e secretado pela neurohipófise. É secretado em situações de desidratação e queda de PA. O ADH faz com que os rins conservem a água no organismo, concentrando e reduzindo o volume da urina. Ele aumenta a pressão sanguínea por induzir a vasoconstrição sobre as arteríolas, além de aumentar a reabsorção de H2O no ducto coletor do néfron. PEPTÍDEO NATRIURÉTICO (PNA) A distensão atrial causada pelo aumento da PA ou por sobrecarga de líquido faz com que os átrios liberem o PNA. O PNA promove natri e diurese, aumentando a TFG e inibindo a reabsorção de NaCl nos túbulos renais, assim, eliminando mais água na urina, diminuindo o volume sanguíneo e a PA. REGULAÇÃO MIOGÊNICA Alterações da PA ativam canais iônicos sensíveis à deformação de membrana localizados em células musculares lisas vasculares, provocando alterações no fluxo de íons transmembrana e induzindo dilatação ou constrição em arteríolas. Assim, a elevação da PA provoca vasoconstrição, limitando um aumento regional inadequado do fluxo sanguíneo e, dessa forma, protegendo a microcirculação.
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