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História das Relações Internacionais

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
História das relações 
internacionais
Prof. Péricles Pedrosa Lima
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Péricles Pedrosa Lima
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L732h
Lima, Péricles Pedrosa
 História das relações internacionais. / Péricles Pedrosa Lima.
Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 194 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-022-9
 1. Relações internacionais. - Brasil. 2. Política internacional. – 
Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
 CDD 327.09
III
apresentação
O estudo da disciplina de História para o acadêmico de Relações 
Internacionais deverá proporcionar a compreensão das contradições políticas 
e ideológicas, das pressões que influenciam os homens de Estado, dos 
condicionantes econômicos, sociais e culturais. Nesse sentido, a disciplina 
de História das Relações Internacionais (HRI) encontra-se dentro da 
grande área que são as Relações Internacionais (RI). A ampliação do campo 
historiográfico busca ultrapassar a tradicional história diplomática e, assim, 
superar o simples conhecimento do desenrolar dos processos históricos, 
muitas vezes interpretados por tratados, documentos oficiais e arquivos 
diplomáticos. Portanto, o estudo da História das Relações Internacionais 
não se encontra apenas no monitoramento dos movimentos diplomáticos 
e de seus respectivos processos políticos, mas também em uma análise de 
condicionantes diversos que gerariam os movimentos políticos, sociais 
e econômicos, por exemplo, como os diferentes processos de decisão e 
barganha em seus diferentes momentos. As Escolas Inglesa e Francesa são as 
precursoras dessa reflexão e evolução teórica-metodológica.
Partindo de uma visão econômica, torna-se importante ressaltar a 
obra de Giovanni Arrighi, O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso 
tempo, na qual o autor busca em Braudel e Wallerstein o suporte para o debate 
histórico, propondo ciclos sistêmicos para entender o desenvolvimento da 
economia mundial. O autor associa o desenvolvimento e a maturação do 
sistema de estados com o desenvolvimento do capitalismo moderno em uma 
perspectiva histórica-mundial, tornando-se assim uma abordagem teórica 
e uma interpretação da evolução dos estados capitalistas e da economia 
capitalista. A análise dos quatro ciclos históricos desenvolvidos pelo autor – 
Genovês, Províncias Unidas, Grã-Bretanha e Estados Unidos – amplia nossa 
visão sobre o desenvolvimento do capitalismo associado à formação do 
Estado-nação e ao conceito de hegemonia; a competência de um Estado em 
exercer funções de liderança e de governo. O ciclo genovês estende-se entre 
o século XV e o início do século XVII. O ciclo das Províncias Unidas pode 
ser entendido entre o fim do século XVI e o século XVIII. Por sua vez, o ciclo 
britânico entre o fim do século XVIII e o início do século XX, e, por fim, o ciclo 
norte-americano, a partir do fim do século XIX (ARRIGHI, 1994).
A proposta deste livro é trazer para você, acadêmico de Relações 
Internacionais, os processos históricos, os acontecimentos políticos, militares, 
econômicos e sociais no contexto das diferentes sociedades e estados, tendo 
como ponto de partida a sociedade internacional europeia e os elementos 
que a configuraram e que propiciaram a sua expansão. O modelo de Estado 
Nacional, desenvolvido no continente europeu, e a sua maturidade, fruto 
de diferentes conflitos internos e externos, conduziram ao domínio e 
IV
aprimoramento da economia e do comércio, consagrando uma forma de 
poder que se tornou a base da sociedade europeia e de sua expansão.
É importante ressaltar que o presente livro tem como objeto de estudo 
o mundo ocidental, o qual teve a Europa como berço. Mas poderíamos nos 
perguntar: Por que a Europa? 
Durante os séculos XV e XVI, a Europa viveu o apogeu de sua 
Revolução Cultural: a Renascença. Quando atingiu o século XVIII, o continente 
já apresentava uma considerável expansão para diferentes regiões do globo, 
e no século XIX consolidava-se exportando valores culturais, principalmente 
sua organização política, social e econômica que moldava diferentes Estados.
Nessa mesma altura observa-se que Impérios muçulmanos estavam 
no auge na Pérsia, na Índia e na atual Turquia, assim como o império russo 
estava em expansão para o Oriente, e a China com a dinastia Qing (1644-
1912) se consolidava como a última grande dinastia imperial. 
A África, com suas particularidades, principalmente o norte africano 
muçulmano, já apresentava laços comerciais com o Oriente Médio e com a 
Ásia. Na sua parte subsaariana formaram-se vários impérios, dentre eles, os 
impérios malinês e Songhay no Oeste, no Centro-Sul, o grande Zimbábue.
Particularmente, a China, objeto de estudo de grande interesse 
e importância na atualidade, foi durante muito tempo uma civilização 
mais avançada do que a europeia. A China da dinastia Ming era a grande 
potência do final do século XV e contava com mais de cem milhões de 
habitantes e capacidade para realizar expansão para outros territórios, pois 
dominavam a arte da navegação, dispunham de tecnologia e força militar. A 
Europa, menos populosa, adquirira da China entre outras particularidades 
uma forma rudimentar de imprensa e fabricação de papel, a bússola e a 
pólvora. Por volta de 1480, o imperador chinês da dinastia Ming (1368-1644) 
proibiu a exploração e o comércio ultramarino, e aqueles mercadores que 
insistissem com a prática seriam declarados contrabandistas e teriam seus 
estabelecimentos destruídos. Por motivos diversos, ela não realizou a sua 
expansão marítima, talvez para preservar suas fronteiras, concentrar esforços 
internos e se prevenir de invasões. O Estado chinês era forte e centralizador, 
concentrando para si todo o comércio de especiarias com os portugueses e 
espanhóis e, assim, em decisão imperial, fechou-se para o mundo. 
Tal fato não ocorreu com a Europa, pelo contrário. Os líderes 
europeus viviam em uma rede de estados rivais que competiam entre si pelo 
poder e por territórios, seja em termos de ocupação ou de influência. As casas 
dinásticas europeias estabeleciam casamentos e projetavam influências. 
O imperador chinês não precisava enfrentar rivais que tinham poderes 
semelhantes ao seu, e, nesse caso, a rivalidade existente entre os líderes 
europeus favoreceu a disputa comercial e a expansão do continente. Após 
V
a queda do Império Romano no Ocidente, nenhum poder absoluto voltou 
a controlar o continente e considerável parte da história da Europa deriva 
desse momento de formação. 
Séculos depois, a China volta a se abrir para o mundo, para o comércio. 
Ao despertar de um longo sono, provoca profundos impactos nas estruturas 
da ordem econômica liberal desenvolvida e difundida no Ocidente.
Para entendermos como ocorreu o processo de formação dos estados 
ocidentais no âmbito econômico e social, torna-se importante entender a 
trajetória, formação e desenvolvimento do sistema de estados europeus, 
assim como sua expansão para outros continentes.
Ao fim de cada parte das unidades que compõem o guia de estudos 
em História das Relações Internacionais, encontram-se questões dissertativas 
e questões objetivas que devem ser realizadas por você, a fim de fixar a sua 
compreensão. Você, acadêmico, deverá construir durante a sua formação 
como internacionalista uma considerável base historiográfica que o habilitará 
a compreender como os diferentes estados desenvolveram os princípios que 
pautam as Relações Internacionais Contemporâneas. 
Desejamos uma boa leitura e que o texto possa despertar em você o 
internacionalista curioso e atento aos fatos históricos.
Prof. Péricles Pedrosa Lima
VI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro?Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VII
VIII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
IX
UNIDADE 1 – DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX ............1
TÓPICO 1 – EXPANSÃO EUROPEIA ...................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 EXPLICANDO A EXPANSÃO EUROPEIA .......................................................................................4
3 O TRATADO DE WESTFÁLIA (1648) ..............................................................................................12
4 O ACORDO DE UTRECHT (1714) ....................................................................................................17
5 A RACIONALIDADE DO SÉCULO XVIII .....................................................................................19
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................24
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................25
TÓPICO 2 – AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XVIII .......................................................................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 AS REVOLUÇÕES ................................................................................................................................29
2.1 A REVOLUÇÃO AMERICANA E A INDEPENDÊNCIA DAS COLÔNIAS .........................30
3 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A EMERGÊNCIA INGLESA ................................................32
4 A REVOLUÇÃO FRANCESA E A OBRA POLÍTICA E MILITAR DE NAPOLEÃO ..............34
4.1 AS GUERRAS NAPOLEÔNICAS .................................................................................................36
5 O CONGRESSO DE VIENA (1814-1815) E A HEGEMONIA COLETIVA ................................40
5.1 PÓS-VIENA: O CAMINHO DAS REVOLTAS LIBERAIS .........................................................42
5.1.1 Pan-eslavismo ..........................................................................................................................44
5.1.2 Pan-italianismo ........................................................................................................................45
5.1.3 Pangermanismo ......................................................................................................................46
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................48
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................49
TÓPICO 3 – O FIM DO SÉCULO XIX E A EMERGÊNCIA DO SÉCULO XX .............................51
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................51
2 A DIPLOMACIA DE BISMARCK (1871-1890)................................................................................51
3 O DESENVOLVIMENTO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ......................................57
4 A CONFERÊNCIA DE BERLIM .........................................................................................................59
5 O IMPERIALISMO NA ÁSIA ............................................................................................................63
6 O IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO ...................................................................................66
7 OS ANOS FINAIS DO SÉCULO XIX ...............................................................................................67
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................74
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................75
UNIDADE 2 – A DESTRUIÇÃO E A RECONSTRUÇÃO DA EUROPA:
 O CENTRO DE PODER FORA DO CONTINENTE .............................................77
TÓPICO 1 – O SÉCULO XIX: O SISTEMA DE ALIANÇAS E A PRIMEIRA
 GRANDE GUERRA ........................................................................................................79
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................79
2 AS FORÇAS QUE EMERGEM DO SÉCULO XIX ..........................................................................80
sumário
X
3 A GRANDE GUERRA (1914-1918).....................................................................................................87
4 O ACORDO POSSÍVEL E O TRATADO DE VERSALHES .........................................................90
5 O IDEALISMO WILSONIANO E A LIGA DAS NAÇÕES .........................................................93
6 NACIONALISMOS (DITADURAS E DEMOCRACIAS) ............................................................96
6.1 POLÍTICA EXTERNA DE MUSSOLINI .......................................................................................98
6.2 POLÍTICA EXTERNA DE HITLER ...............................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 2 – A POLÍTICA INTERNACIONAL NO CONTEXTO DA SEGUNDA
 GUERRA MUNDIAL .....................................................................................................1031 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 A DEFLAGRAÇÃO DE UM NOVO CONFLITO: A SEGUNDA GUERRA
 MUNDIAL (1939-1945) .......................................................................................................................103
3 A OCUPAÇÃO DA FRANÇA E MUNDIALIZAÇÃO DA GUERRA .......................................105
4 A ALIANÇA EUA, URSS E GRÃ-BRETANHA ............................................................................106
5 A SOLUÇÃO FINAL ..........................................................................................................................110
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................113
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114
TÓPICO 3 – O SÉCULO XX E OS DESAFIOS DA POLÍTICA MUNDIAL NO
 PÓS-GUERRA .................................................................................................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA E OS ACORDOS DE PAZ ..................................................115
3 AS NAÇÕES UNIDAS .......................................................................................................................116
4 A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL .........................................................................................120
5 O AVANÇO RUSSO NO LESTE EUROPEU .................................................................................122
6 A RECONSTRUÇÃO DA EUROPA OCIDENTAL .....................................................................124
7 A DOUTRINA TRUMAN .................................................................................................................125
8 O PLANO MARSHALL .....................................................................................................................126
9 REAÇÕES SOVIÉTICAS...................................................................................................................127
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................134
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................135
UNIDADE 3 – A GUERRA FRIA E A POLÍTICA INTERNACIONAL
 NA CONTEMPORANEIDADE ..............................................................................137
TÓPICO 1 – A GUERRA FRIA: REFLEXOS NA EUROPA, NA ÁSIA, NA ÁFRICA
 E NA AMÉRICA ..............................................................................................................139
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139
2 A FLEXIBILIZAÇÃO DA ORDEM BIPOLAR ..............................................................................139
3 A EUROPA REESTRUTURADA: A CONSTRUÇÃO DA COMUNIDADE EUROPEIA .....145
4 A DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA E ASIÁTICA .....................................................................149
5 A CORRIDA ARMAMENTISTA E NUCLEAR ............................................................................151
5.1 CHINA E GUERRA DA COREIA ..............................................................................................153
5.2 A CRISE DOS MÍSSEIS DE CUBA ..............................................................................................154
5.3 GUERRA DO VIETNÃ ..................................................................................................................156
5.4 O CHILE E A DERRUBADA DE SALVADOR ALLENDE ......................................................160
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
XI
TÓPICO 2 – O FIM DA GUERRA FRIA E O COLAPSO DO COMUNISMO ..........................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 A DISSUASÃO POSSÍVEL...............................................................................................................165
3 O COLAPSO DO COMUNISMO ....................................................................................................167
3.1 A QUEDA DO MURO DE BERLIM ...........................................................................................171
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................173
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174
TÓPICO 3 – A POLÍTICA INTERNACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE .....................175
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175
2 CONFLITOS REGIONAIS ...............................................................................................................175
3 GUERRA AO TERROR ......................................................................................................................178
3.1 AS NAÇÕES UNIDAS E A LUTA CONTRA O TERROR .......................................................180
4 O PAPEL DO ESTADO-NAÇÃO .....................................................................................................181
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................185
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................190
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................191
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................192
XII
1
UNIDADE 1
DA EXPANSÃO EUROPEIA AO 
NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apresentar a expansão europeia e sua relação com a formação do Novo Mundo;
• buscar entender a organização política e social no continente europeu e 
seus reflexos em diferentes espaços;
• desenvolver os principais aspectos das revoluções do século XVIII e seus efeitos;
• ressaltar a obra política e militar de Napoleão e o nacionalismo despertado 
na sociedade;
• entender o Congresso de Viena e a Hegemonia Coletiva;
• verificar os efeitos do nacionalismo na Europa;
• identificar o imperialismo europeu em diferentes continentes. 
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – EXPANSÃO EUROPEIA
TÓPICO 2 – AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XVIII
TÓPICO 3 – O FIM DO SÉCULO XIX E A EMERGÊNCIA DO SÉCULO XX
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
EXPANSÃO EUROPEIA
1 INTRODUÇÃO
A Europa dos séculos XV e XVI é caracterizadapelo avanço dos povos 
ibéricos, principalmente por portugueses e espanhóis, para fora do continente. 
Usualmente, considera-se a chegada dos portugueses em Ceuta, norte de África, 
em 1415, como marco inicial do que chamamos Expansão Europeia. A importância 
do fato e dos momentos que se seguem na próxima década do século XV, quando 
alcançam diferentes ilhas no Atlântico Norte (Madeira em 1420 e Açores 1427), 
vêm impulsionar a navegação de cabotagem ao longo da costa ocidental da África 
realizada pelos navegadores portugueses. O sentido das expedições marítimas 
para o Atlântico Sul está fortemente associado à busca de rotas comerciais e 
de matéria-prima para um capitalismo incipiente no continente europeu. O 
surgimento em séculos posteriores – séculos XVI, XVII e XVIII – de entrepostos 
comerciais e colônias ao sul do Equador, que mais tarde no século XIX tornaram-
se Estados independentes, reforça a importância de iniciarmos nossos estudos 
por essa Europa Moderna expansionista.
Torna-se importante entender a organização política e social no continente 
europeu moderno, pois há um reflexo direto, principalmente no Novo Mundo, na 
organização do comércio e na maneira como se estruturaram a nova sociedade 
americana. Ao norte da América, a influência britânica e suas particularidades 
formam colônias que se projetam na relação comercial com a metrópole e que 
mais tarde, no século XVIII, inaugura o movimento emancipatório. Mais ao sul da 
América, a exploração e a dependência das metrópoles europeias de suas colônias 
reforça o cerco a movimentos emancipatórios e propaga sob estreita vigilância 
a exploração e a censura intelectual, principalmente na América Portuguesa. 
A emancipação ao sul do continente somente ocorreria no século XIX, com as 
independências na América espanhola e portuguesa.
Retornando ao continente europeu, passaremos a avaliar os impactos 
e os principais aspectos das revoluções do século XVIII – Revolução Industrial, 
a Revolução Americana que culminou com a independência das treze colônias 
britânicas na América e, por fim, a Revolução Francesa e seus efeitos. O mundo, e 
não só a Europa, não seria o mesmo após esse período revolucionário e de guerras. 
Os efeitos se propagaram por boa parte do continente europeu e atingiram a 
América de diferentes maneiras. Os movimentos libertadores ocorridos na América 
estão em sintonia com os movimentos revolucionários ocorridos na Europa.
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
4
É de importância ressaltar a obra política e militar de Napoleão e o 
nacionalismo despertado na sociedade. O regime monárquico absolutista 
encontra seu fim na propagação dos valores e ideias revolucionárias trazidas por 
Napoleão. O absolutismo constitucional ganha espaço em diferentes Estados e 
a classe média emergente busca adquirir poder político e intervir nos negócios 
públicos. O século XVIII é o século da gênese do nacionalismo e da racionalidade 
nos negócios públicos.
O avançar das tropas de Napoleão altera a configuração política da Europa 
e seu império, em meio a um nacionalismo emergente, tenta centralizar em 
Paris um novo momento hegemônico. O imperador francês, ao ser vencido pela 
Inglaterra e desterrado, trouxe aos líderes europeus a oportunidade de realizar 
um Congresso que buscava restabelecer a ordem política e social alterada por ele. 
O Congresso de Viena e a Hegemonia Coletiva que dele surge tem um 
aspecto conservador, mas não consegue anular o ganho trazido pelo nacionalismo 
propagado pelos franceses. Assim, o século XIX surge como o século do 
nacionalismo que novamente vem alterar a configuração do espaço europeu 
e nele surgem novos Estados fruto de unificações. O século XIX é o século do 
amadurecimento do nacionalismo.
Esta unidade tem como objetivo o estudo da expansão da Europa para 
diferentes partes do globo, assim como de sua cultura e da evolução de sua organização 
política e social. Tal fato se torna de extrema importância, pois a difusão dos valores 
europeus moldou os novos Estados na Idade Moderna e também sua organização política 
e econômica. Não serão aqui desenvolvidas a cultura oriental, seus valores e organização 
política, que paralelamente ao Ocidente também apresentavam seu desenvolvimento.
ATENCAO
2 EXPLICANDO A EXPANSÃO EUROPEIA
No fim do século XV, os habitantes da Europa pouco conheciam sobre 
outras civilizações existentes fora do seu continente e o território não era o espaço 
geopolítico mais populoso da Terra. China e Índia eram e ainda são os mais 
populosos. O continente europeu ainda se via ameaçado por muçulmanos e pelos 
turcos otomanos que se expandiam sobre seus territórios, apesar da “reconquista 
cristã” ocorrida na península ibérica. A conquista da cidade de Constantinopla, 
em 1453, representou um avanço dos “infiéis” na visão do cristão europeu. 
A Europa também não era unida como um território homogêneo, apesar 
de professarem em sua grande parte a fé cristã, fruto do período romano do 
Ocidente. Encontrava-se fragmentada em diversos pequenos reinos e feudos que 
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
5
muitas vezes lutavam entre si e não prezavam pelo saber científico e tecnológico 
das grandes civilizações do Oriente. Ainda assim, o continente viveu nos séculos 
XV e XVI uma revolução cultural impulsionada pelo despertar da curiosidade 
científica, da busca pelos avanços tecnológicos e por novas rotas de comércio, 
seja por terra e, principalmente, pelo mar. As viagens marítimas se tornaram 
projetos de colonização que alcançaram a América, a África e a Ásia, chegando 
até o Japão. O processo avançou de forma progressiva e abrangente e, em meados 
do século XVIII, vários países europeus haviam se tornado potências mundiais 
com colônias em diferentes partes do globo.
Ainda nos séculos XVI e XVII, verifica-se que o europeu transforma 
sua maneira de pensar o mundo e os reflexos são sentidos na arte, na cultura, 
na política e no comércio. A Renascença, primeira grande ruptura do mundo 
medieval e entendida como a descoberta ou redescoberta dos ensinamentos greco-
romanos, atinge também a forma de pensar a religião, a relação do homem com 
Deus e, assim, começa o longo processo de secularização da sociedade europeia. 
O conceito de mundo secular, aquele no qual poderá existir religião como uma 
questão privada ou como uma associação de pessoas que professam uma crença, 
deverá estar afastada das questões políticas. Outro processo no século XVI abala o 
mundo cristão. A reforma traz uma fenda considerável nas estruturas do dogma 
religioso e a questão religiosa traz o debate sobre as estruturas da igreja cristã 
romana, questionando a infalibilidade e outros dogmas, como o da salvação. 
A Renascença pode ser entendida como um movimento que nasceu 
na península itálica, uma revolução cultural que emergiu em meados do Século XV. O 
contexto era caracterizado como uma retomada do mundo clássico, um novo interesse 
pelas artes e cultura clássicas. Surge um novo espírito de curiosidade científica com 
avanços tecnológicos, mas o maior efeito foi visto nas artes, na arquitetura e também na 
literatura.
NOTA
No início do século XVIII, o continente americano central e meridional 
estava em sua maior parte controlado pela Espanha, com exceção do Brasil. No 
Norte havia grandes colônias inglesas e francesas em progressivo crescimento. 
A relação das colônias inglesas com a metrópole se caracterizava pelo intensivo 
desenvolvimento do território e pela taxação exercida pela metrópole dos 
produtos exportados pelos colonos. No centro e no sul do continente americano, 
o processo colonial apresentava-se com características muito mais exploratórias 
do que desenvolvimentistas. Pode-se observar que ocorreram diferentes 
procedimentos de colonização no Norte e no centro-sul do continente, mediante 
diferentes visões das respectivas metrópoles e dos colonos, assim como diferentes 
formas de organização e de governo estabelecidas nos territórios.
UNIDADE1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
6
As viagens de exploração dos europeus, fruto da própria Renascença que 
trouxera avanços científicos, logo se transformaram em colonizações, algumas com 
caráter mais exploratório devido ao contexto econômico dos estados europeus entre os 
séculos XVI e XVIII (Portugal e Espanha na América do Sul e Central). O processo pode 
ser entendido como de ocupação dos territórios, mas se observava mais fortemente o 
caráter exploratório. Por sua vez, os colonos que se destinaram à costa leste do norte do 
continente americano, formando as treze colônias britânicas, atendiam a uma demanda 
não só econômica como também de ordem política, social e religiosa. Diferente da 
colonização mais ao sul, que tinha por base o latifúndio monocultor escravista, ao norte a 
colonização se deu com base em pequenas propriedades, com diferentes cultivos e com 
o trabalho livre. 
NOTA
O conceito de grandes descobertas é hoje motivo de debate e polêmica. 
Os europeus chegaram a um continente onde habitavam inúmeros povos com 
suas culturas e organizações sociais e políticas. A colonização forçada e agressiva 
dizimou civilizações, provocando o genocídio de diferentes grupos étnicos. 
Não há um consenso no termo colonização por ocupação ou por exploração 
e mesmo com relação à fixação de contingentes populacionais em determinados 
locais ou regiões. No início da Idade Moderna não houve grandes movimentos 
demográficos, deslocamentos migratórios consideráveis, mas pode-se afirmar que 
comerciantes europeus construíram feitorias nos litorais das regiões alcançadas, 
na África, América e Ásia onde trocavam os produtos. 
A verdadeira colonização europeia na Idade Moderna, com deslocamentos 
populacionais e criação de um sistema administrativo, ocorreu no continente 
americano por volta do século XVIII, gerando um intenso aproveitamento de 
recursos em benefício das metrópoles europeias. Paralelamente à fixação de 
contingentes de colonos europeus, ocorreu a incorporação pela população 
local de modelos sociais, culturais e religiosos e um processo de miscigenação, 
principalmente no centro e no sul da América. Portanto, nossa sociedade atual 
é descendente do sistema europeu e desse processo de colonização marcado por 
valores, regras e instituições originalmente traçadas pela sociedade europeia.
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
7
O termo “sistema” é usado em associação ao arranjo do sistema solar de 
Newton. No sistema de atores estatais existe, como no sistema solar, um equilíbrio entre 
atores menores e maiores, cada um com sua autonomia e dentro de um ajuste que 
mantém esse equilíbrio. A Escola Inglesa acrescenta a essa ideia a visão realista das relações 
internacionais, de um sistema anárquico em que dois ou mais atores apresentam contato 
suficiente entre eles e essa interação produz impacto nas decisões e no comportamento 
desses mesmos atores.
NOTA
O Reino de Portugal deu início à expansão marítima e foi seguido pelo 
Reino de Espanha, pela Holanda, França e Inglaterra. O pioneirismo português 
deu-se pela precoce concentração do poder nas mãos do rei e por influência de um 
grupo mercantil. A Espanha, por sua vez, formou-se pela união de monarquias 
feudais e cristãs em torno de um único reino. O casamento em 1469, de Fernando, 
rei de Aragão, e Isabel, rainha de Castela, reis católicos, consolida a formação do 
Reino de Espanha. Os reis católicos, além de responsáveis pela união de todo o 
reino, eram também incentivadores da expansão europeia. 
A partir dos séculos XV e XVI, os europeus passaram a ocupar diferentes 
espaços, África e América, inicialmente, e a difundir seu modus vivendi, ou seja, 
passam a propagar a sua forma de organização social, política, econômica e religiosa. 
O mundo no qual os europeus se expandiam era formado por diferentes tipos de 
comunidade e civilizações. Encontraram povos cuja existência era completamente 
desconhecida do mundo dito civilizado a Ocidente, e também passaram a conviver 
mais intimamente com o mundo muçulmano a Oriente e suas particularidades 
políticas e religiosas. Watson (2004) enfatiza que os muçulmanos não eram 
considerados “elegíveis” pelos europeus, a despeito de um envolvimento mais 
estreito entre o Islã e a sociedade europeia de estados cristãos após a expansão. A 
tomada de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, encontra-se associada à busca 
de novas rotas comerciais e pode ser considerada um dos fatores propulsionadores 
da expansão. Pode-se considerar que a primeira etapa da expansão ultramarina da 
Europa teve início por volta de 1419, quatro anos depois da tomada de Ceuta pelos 
portugueses, em 1415, no norte da África. Também foram eles que inicialmente se 
aventuraram na circum-navegação do continente africano e, junto aos espanhóis, 
fizeram a descoberta e ocupação do novo mundo. 
Todos esses processos expansionistas possuem conotação comercial 
e religiosa, mas também estão intimamente ligados à nova visão de mundo 
propagada e defendida pelos europeus. Ocorrera uma desagregação do mundo 
medieval a partir dos séculos XIV e XV, que afetou a vida econômica e social 
do continente. O declínio da nobreza feudal e o surgimento da classe burguesa 
impulsionaram o surgimento da Europa Moderna.
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
8
FIGURA 1 – MAPA COM AS VIAGENS DOS PORTUGUESES E ESPANHÓIS NOS SÉCULOS XV E XVI
FONTE: <https://images.slideplayer.com.br/6/5652141/slides/slide_2.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2019.
Quando Cristóvão Colombo atingiu o continente americano, em outubro 
de 1492, não tinha conhecimento do território que alcançara. A Espanha, 
financiadora do projeto marítimo, recorre ao papa, que era espanhol, para 
legitimar o processo ocorrido. A proclamação do Papa Alexandre VI (1431-1503), 
em 4 de maio de 1493 – Bula Inter Coetera – veio mediar e estabelecer regras para 
o avanço de portugueses e espanhóis no novo mundo. O documento apresentava 
uma linha imaginária a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde e determinava 
que as terras a oeste da linha pertencessem ao Reino de Espanha e a leste ao Reino 
de Portugal.
Mediante os intensos protestos dos soberanos portugueses contra a 
divisão feita pelo papa e visando evitar conflitos na península ibérica, Alexandre 
VI arbitrou um novo acordo em 1494, o Tratado de Tordesilhas, em referência à 
cidade espanhola, o qual estabelecia uma linha imaginária traçada a 370 léguas a 
oeste das ilhas de Cabo Verde. 
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
9
FIGURA 2 – INTER COETERA E TORDESILHAS
FONTE: <https://i1.wp.com/files.professor-leandro.webnode.com.br/200000227-82a2284978/
cabral2.png>. Acesso em: 12 mar. 2020.
Dessa forma, os Tratados de Tordesilhas, de 7 de junho de 1494, 
celebrados entre o Reino de Portugal e de Espanha vieram efetivar a divisão das 
terras a descobrir e a serem ocupadas por esses dois atores europeus. Enquanto 
os europeus dominavam o novo mundo, no Oriente as relações que procuravam 
estabelecer tinham outro sentido: eram “clientes de autoridades asiáticas” 
(WATSON, 2004, p. 310). 
Os comerciantes portugueses no oceano Índico se encontravam na mesma 
situação dos comerciantes árabes que também por ali comercializavam. Além dos 
portugueses e dos árabes, tal comércio marítimo não só no Índico, mas também 
no Pacífico, contava com a presença de chineses. Às relações comerciais com o 
Oriente acrescentava-se alguma espécie de relação política com os governantes da 
área. Comerciantes portugueses lidavam, portanto, com muçulmanos e com não 
muçulmanos, além de diferentes autoridades asiáticas. Procuravam vender seus 
produtos e obter vantagens comerciais e estratégicas, tornando essa empreitada 
comercial lucrativa. Mais tarde, comerciantes e banqueiros dos Países Baixos 
se sentiram atraídos por esse comércio que era praticado pelos portugueses e 
passaram a ocupar o lugar destes nas feitorias criadas em diferentes pontos, não 
só na Ásia como também na África. 
A União Ibérica(1580 a 1640) colocou Portugal sob controle dos Habsburgos 
espanhóis – a dinastia Filipina – deixando os holandeses impossibilitados de 
receber os produtos do Oriente trazidos pelos portugueses. Tal fato impulsionou 
os holandeses a começarem a comercializar diretamente com o Oriente por meio 
de empresas mercantes holandesas. A primeira expedição holandesa chegou à 
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
10
China em 1542, onde os portugueses já estavam desde 1516. As relações entre 
esses europeus e asiáticos marcou o início de um envolvimento econômico e 
estratégico do sistema europeu com as civilizações da Ásia. 
Watson (2004) chama a atenção para a forma das relações estabelecidas 
e que por vezes eram determinadas pelos governantes asiáticos. Os europeus 
eram enviados dos soberanos e esses comandantes mercantes levavam cartas 
credenciais autorizando-os a agir em nome dos seus soberanos, gerando formas 
modifi cadas de negociar para adequar aos usos e costumes do Oriente.
Na América, o ritmo das negociações se dava de forma diferente. Buscavam 
a exploração direta dos recursos da terra, inicialmente com o auxílio dos nativos, 
posteriormente dos africanos trafi cados. Na ocupação e distribuição de terras para 
novos colonos, criou-se um sistema de exploração e uma população miscigenada. 
Havia, principalmente, entre os portugueses, uma capacidade de miscigenação 
nos trópicos não encontrada entre ingleses e franceses.
FIGURA 3 – A CRIAÇÃO DE ADÃO DE MICHELANGELO (1508-1510)
FONTE: <https://arteeartistas.com.br/wp-content/uploads/2016/11/
cria%C3%A7%C3%A3oMichelangelo.jpg>. Acesso em: 23 jun. 2019.
Essa fi gura do século XVI traz a imagem de Deus criando o homem, Adão. 
O catolicismo e seus valores estavam presentes em considerável parte da Europa 
Ocidental e moldavam a vida dos homens, mesmo depois do fi m da Idade Média. 
A ideia de um Deus Pai, criador e criatura, estavam presentes no cotidiano e 
na fé professada. Os europeus, ao se expandirem para diferentes regiões do 
globo, levaram consigo a fé cristã e propagavam tais valores para os povos que 
encontravam.
Enquanto o comércio dos europeus prosperava no Oriente, na costa 
atlântica ocorria uma europeização do novo mundo, criando uma dependência 
entre colônia e metrópole. O avanço ocorrido no espaço americano durante os 
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
11
séculos XVI e XVII criou colônias dependentes e espoliadas por suas metrópoles 
em seus diferentes recursos e, por vezes, travadas em seu desenvolvimento, 
resultando assim uma periferia no sistema. Ao fim do século XVIII, a América era 
composta de províncias dependentes da sociedade europeia de Estados. 
Outra consequência do deslocamento das rotas marítimas para o Atlântico 
foi o declínio das tradicionais rotas comerciais europeias. O Mediterrâneo, já 
no fim do século XVI, deixou de ser a principal rota comercial e os portos de 
Lisboa, em Portugal, Sevilha, na Espanha, e Roterdã, na Holanda, tornaram-
se importantes pontos comerciais, recebendo intenso fluxo vindo da América 
e do Oriente, configurando-se um mercado mundial interligando diferentes 
regiões. Esse comércio mundial fortalecia as monarquias nacionais europeias e 
aperfeiçoava o sistema financeiro. Surgiam os novos instrumentos de crédito, 
notas promissórias e letras de câmbio, gerando um capital fruto de um comércio 
e de manufaturas que enriquecia os burgueses.
O acesso a novas terras levou à confecção de novos mapas, com mais 
detalhes e mais credíveis, tornando o planeta mais conhecido e a navegação 
mais rápida e segura. Desenvolveu-se e aperfeiçoaram-se novos instrumentos de 
navegação, como o telescópio e a bússola de navegação. Essa valorização que se 
passa a dar para a ciência e tecnologias trouxe para a Europa uma superioridade 
técnica e militar diante das outras civilizações e permitiu ao continente se impor 
a diferentes povos e regiões nos séculos seguintes.
Foi nessas circunstâncias que as Províncias Unidas, um agrupamento 
de províncias do norte dos Países Baixos, se tornaram um ator hegemônico no 
moderno sistema de estados do século XVI. O “caos sistêmico”, entendido como 
a total falta aparentemente irremediável de organização (ARRIGHI, 1994), que 
se estabeleceu no continente europeu durante a guerra dos trinta anos (1618-
1648), resultado de disputas religiosas na Europa central, criou espaço para o 
surgimento das propostas holandesas de reorganização. Nascia assim uma 
liderança que propunha uma grande reorganização do sistema e que passou a 
conquistar diversos defensores entre os governantes europeus. Um novo sistema 
emergiria com o Tratado de Westfália de 1648.
Assista aos seguintes filmes: 
• 1492 – A Conquista do Paraíso (1992).
• Elizabeth – A Era de Ouro (2007).
• Portugal Desconhecido – Documentário History Channel Brasil. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=jhRTx9vkldg.
• Memória de Espanha – Os reis católicos. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=ISj5qGfLvy0.
DICAS
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
12
3 O TRATADO DE WESTFÁLIA (1648)
A Reforma Protestante abriu uma fenda na vida cristã ao separar 
a comunidade entre católicos, luteranos e calvinistas. Os líderes europeus 
buscavam manter a soberania acima dos seus governados, divididos entre 
católicos e reformados. Até o momento, as funções do Estado eram entendidas 
como subordinadas à igreja, ao papa, e o rompimento provocado pela Reforma 
Protestante conduziu a política e religião ao centro do debate.
A Reforma Protestante iniciou pelas mãos de um padre que lecionava 
teologia na Universidade de Wittenberg, na Alemanha atual. Seu protesto público estava 
principalmente centrado na denúncia de vendas de “indulgências” – perdão para os pecados 
– exercida pelo poder clerical, entre outras críticas ao papado. Mais tarde, os protestos de 
Lutero foram abraçados pelos príncipes germânicos, surgindo os termos “protestantismo” 
e “luteranismo”. Posteriormente, as ideias de Lutero também foram seguidas por outros 
reformadores, notadamente João Calvino, surgindo assim o termo Calvinismo.
NOTA
Em Westfália, a separação entre igreja e Estado torna-se um objetivo a ser 
perseguido no campo diplomático, assim como a possibilidade de construção do 
Estado laico. É o momento em que se pensa na secularização da ordem política 
e diplomática, afastando a Santa Sé e o papa, que até então era a maior figura 
internacional, do papel de árbitro entre os diferentes soberanos. Ficam para trás 
as relações medievais baseadas no direito canônico e na legitimidade do poder 
e da autoridade suprema do papa. A Santa Sé se vê retirada do xadrez político 
europeu, agora ocupado por líderes de potências protestantes e católicas que 
em concordância assinam textos em que recusam a obedecer ao sumo pontífice 
e sua pretensão teocrática. Desde princípios do século XVI, a única instituição 
que transcendia as fronteiras geográficas, étnicas e linguísticas estava sofrendo 
um ataque severo. A Igreja Católica durante séculos exercia influência sobre a 
sociedade e a vida cultural da Europa, se envolvendo em disputas internacionais 
de poder e influenciando a política do continente. Os humanistas europeus 
influenciados pela Renascença e com a autoconfiança adquirida abriam o 
caminho para a renovação da Igreja Católica. A Reforma Protestante acontece 
nesse momento de questionamentos das práticas eclesiásticas como um desafio à 
autoridade central.
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
13
Por Santa Sé entende-se a jurisdição eclesiástica da Igreja Católica, a Igreja de 
Roma localizada no Vaticano.
NOTA
O Tratado de Westfália gerou um sistema europeu de Estados com 
considerável estabilidade por um século e meio e é o primeiro acordo internacional 
que estabelece um regime estatocêntrico de ordem mundial. Procurava garantir a 
soberania dos estados com a promessa de não intervenção entre eles e a separação 
do mundo político e religioso. A soberaniaaplicada enfatizava o caráter de 
separação e respeito entre os estados europeus, até então entendidos como uma 
unidade na cristandade, um “todo” cristão alinhados horizontalmente. A figura 
do papa era vista como universal nessa organização em que os atores se sentiam 
unidos pela cristandade.
A Escola Inglesa também nos auxilia ao trazer a concepção, o entendimento 
de como se pode interpretar um grupo de estados. Tal grupo pode ser entendido como 
comunidades políticas independentes que, além de formarem um sistema no sentido de 
que o comportamento de cada ator importa nos cálculos dos outros, apresentam também 
a intenção de construir regras e instituições em que se reconhecem os interesses diversos 
e assim estabelecerem relações. 
NOTA
Ao mesmo tempo que era anti-hegemônico, preocupava-se com a 
possibilidade de um ator exercer influência sobre os demais, desenvolvendo 
ambições hegemônicas. Em termos de hegemonia, pensava-se sempre nas 
ambições dos Habsburgos. Criou-se assim condições para a atividade diplomática 
do Estado Moderno, sua independência e soberania por meio de dois tratados 
assinados simultaneamente em diferentes locais: um em Münster e o outro em 
Osnabrück. A assinatura simultânea se deve ao fato de que um dos signatários, 
o imperador do Sacro Império, enfrentou resistência de seus opositores, o que 
levou à celebração em diferentes locais. No aspecto jurídico, Watson (2004) 
chama atenção para a concepção de um “novo Direito Internacional” por meio de 
um conjunto de regras concebidas pelos soberanos que passariam a regular seus 
negócios.
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
14
A família Habsburgos foi infl uente na Europa do século XIII ao século XX. A 
dinastia e o poder de seus membros se espalhou para diferentes partes do continente 
europeu, ocupando tronos e realizando casamentos de caráter político.
NOTA
FIGURA 4 – A EUROPA DE WESTFÁLIA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Paz_de_Vestfália#/media/Ficheiro:Europe_map_1648.
PNG>. Acesso em: 21 jun. 2019.
O mapa traz a representação da Europa do século XVII com sua divisão 
política e administrativa. O Tratado de Westfália foi um marco na soberania e no 
respeito aos limites desses reinos, sendo considerado o momento inaugural das 
relações internacionais. 
Para Hedley Bull era necessário construir uma nova sociedade internacional 
onde deveriam conter forças hegemônicas e prezar pelas independências, 
criando uma base anti-hegemônica, o que veio a contribuir para o crescimento 
da consciência nacional. As tendências hegemônicas dos Habsburgos marcaram 
o Século XVI e acabaram por criar uma aliança anti-Habsburgos liderada pela 
França. Nesse sentido entende-se que, sob o ponto de vista da disputa entre os 
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
15
Bourbons, que ocupavam o poder na França, e os Habsburgos, que ocupavam 
o trono na Espanha, os tratados podem ser considerados mais favoráveis aos 
Bourbons por conseguirem conter a ânsia expansionista dos Habsburgos. Os 
tratados estabelecidos também alcançaram o comércio entre os atores. Inseriu-
se uma cláusula que revisava restabelecer a liberdade de comércio abolindo 
barreiras comerciais que haviam sido desenvolvidas no curso das guerras dos 
trinta anos. Assim, pelo bem do comércio, também se estipulou normas e regras 
no novo sistema europeu de estados nacionais (ARRIGHI, 2004) e também uma 
nova ordem anárquica veio substituir o caos sistêmico que havia se estabelecido 
no início do século XVI. 
Assim como os Habsburgos, os Bourbons eram uma dinastia influente na 
Europa Central vindo a ocupar tronos na França, na Espanha e na Península Itálica do 
século XVI ao Século XVIII.
NOTA
Essa reorganização do espaço político favoreceu a acumulação de 
capital e, além de marcar o surgimento do moderno sistema interestatal, trouxe 
o desenvolvimento da ordem capitalista ao sistema sob a liderança de uma 
oligarquia capitalista holandesa. O surgimento e estabelecimento de redes 
comerciais e financeiras por essa oligarquia capitalista se expandiu e atravessou 
o mundo, tendo uma predominância maior no setor financeiro do que comercial. 
As habilidades de gestão de Estado em torno de interesses capitalistas renderam 
também à oligarquia capitalista holandesa uma predominância nas técnicas 
militares e na eficiência da mão de obra militar. 
Torna-se importante ressaltar que desde os princípios do século XVII, 
os europeus haviam desenvolvido um conceito de Estado – uma entidade 
política soberana dentro de suas fronteiras na qual seus súditos tinham deveres 
e obrigações. Watson enfatiza que o Estado na Europa do século XVII era 
compreendido no que Hobbes chamou “a pele de um leviatã”, e internamente 
cada leviatã era politicamente independente dos demais (WATSON, 2004, p. 271). 
Para Hobbes, a ideia de um Leviatã estava contida na metáfora de um monstro 
bíblico, o Leviatã. O poder absoluto designado ao monarca por meio de um pacto 
social geraria um regime altamente controlador. Assim, o Estado na Europa do 
século XVII era absolutista e controlador, na pele de um Leviatã. O século XVII 
foi decisivo para a sociedade europeia de estados, mas a propensão à hegemonia 
no sistema intereuropeu continuou a ser um traço constitutivo, a despeito da 
legitimidade anti-hegemônica trazida por Westfália. 
As bases de Westfália foram ameaçadas por Luís XIV, rei da França, entre 
1661 e 1714, apesar dos tratados terem proporcionado um cenário que propiciou 
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
16
o apogeu do reinado do monarca francês. Apoiador de causas católicas, esse rei 
Bourbon-Habsburgo teve como um de seus objetivos conduzir ao trono da Espanha 
seu neto e assim criar um eixo franco-espanhol de hegemonia. O rei encarnava 
o Estado, o poder absolutista na sua forma mais integral, e como um monarca 
“divinamente” autodesignado, acreditava que todos os demais governantes 
deviam se inclinar a ele. Devido a sua ambição de poder hegemônico, o rei 
francês encontrou opositores que eram fiéis à ordem de Westfália, principalmente 
os holandeses fortemente anti-hegemônicos. 
Voltando ao desenvolvimento histórico-econômico dos ciclos hegemônicos 
apresentados por Arrighi (1994) – Províncias Unidas e posteriormente Grã-
Bretanha – observa-se que a ordem estabelecida em Westfália, e depois ratificada 
em Utrecht, traz um novo entendimento e configuração nas relações entre os 
atores. Nesse período, observa-se o declínio do ciclo das Províncias Unidas e o 
surgimento do poderio naval britânico. Os holandeses não governaram o sistema 
que haviam criado e as bases estabelecidas nos tratados citados anteriormente 
altera a configuração política. O poderio naval holandês e as companhias de 
comércio de capital acionário e ligadas ao Estado começam a entrar em declínio e 
outros atores passaram a ter predominância no sistema de estados, notadamente 
França e Inglaterra. Esta última, devido a sua condição insular, passa a desenvolver 
e ampliar a sua capacidade marítima, tanto para defesa quanto para o comércio. 
Estabelece-se assim uma luta pela supremacia mundial entre França e Inglaterra, 
a qual terminará somente com a derrota de Napoleão pelas forças britânicas. 
Após 1815, término do período napoleônico, consolida-se o poderio inglês não só 
no continente europeu, mas em todo sistema internacional.
O domínio inglês se expandia no norte atlântico e o desenvolvimento de 
suas colônias na América sinalizava a pujança de um futuro império marítimo 
que ameaçou e superou o domínio naval holandês. Por outro lado, mesmo a 
rivalidade entre França e Inglaterra, que sinalizava uma possível bipolaridade 
no sistema de estados europeus no século XVIII, fora mascarada após 1815 com 
o Congresso de Viena. A ideia de uma hegemonia coletiva surgida pós-Viena 
manteve uma pluripolaridade no comando dos estados europeus, mesmo com a 
emergência do império russo e a consolidação de um forte ator político no centro 
do continente,a Áustria.
As Províncias Unidas reuniam sete regiões no norte da Europa e foi um Estado 
antecessor da Holanda atual. Existiu do final do Século XVI ao final do Século XVIII.
NOTA
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
17
4 O ACORDO DE UTRECHT (1714)
A disputa pelo trono espanhol no início do século XVIII envolveu França, 
Grã-Bretanha, Holanda, Prússia e Portugal. O rei francês, Luís XIV, pretendia 
colocar no trono espanhol seu descendente, Felipe de Anjou, e assim fortalecer 
o poderio francês, estendendo-o até a Península Ibérica. Opuseram-se a tal fato 
vários atores europeus temerosos de uma possível hegemonia francesa. Mediante 
issi, formou-se uma grande aliança contra Luís XIV. Por fim, o Tratado de Utrecht 
veio conter a França e suas ambições, aceitando Felipe de Anjou, mas impedindo 
a união das coroas francesas e espanholas. Felipe foi, portanto, obrigado a 
renunciar ao trono francês, visto que o maior receio dos governantes europeus 
era o considerável aumento de poder ao concentrar em suas mãos dois reinos. 
Dessa forma, colocou-se fim à disputa pelo trono espanhol.
O novo rei da Espanha, o francês Felipe de Anjou, por meio do Tratado 
de Utrecht passa a ser reconhecido pela Grã-Bretanha como rei da Espanha. Em 
tal negociação, a ilha recebe o estreito de Gibraltar, importante espaço geopolítico 
para a o futuro do Império Britânico. 
Gibraltar é um estreito com 58 km de comprimento e 13 km de largura entre a 
Europa e a África. Ponto estratégico econômico devido à passagem de navios entre o mar 
Mediterrâneo ao oceano Atlântico. Está localizado no extremo sul da Espanha. 
IMPORTANT
E
O acordo foi além dos pressupostos anti-hegemônicos de Westfália e os 
líderes da coalização contra Luís XIV, responsável pela indicação de Felipe de 
Anjou, buscaram estabelecer no sistema intereuropeu um equilíbrio móvel em 
que todos os Estados deveriam ter um papel a desempenhar. Conhecido por la 
paix anglaise (a paz inglesa) devido às negociações entre Inglaterra e Espanha, 
os acordos terminam por aceitar esse neto de Luís XIV no trono espanhol, mas 
estipulava a proibição das coroas da Espanha e da França de se unirem como 
anteriormente dito.
Buscava-se trazer a paz, mas principalmente estabelecer e fortalecer 
o equilíbrio de poder no continente, uma prática acordada pelos estadistas do 
século XVIII. A partir do acordo, um considerável período de paz se estabelece 
na Europa e nenhum Estado contesta os pressupostos anti-hegemônicos, gerando 
um sistema com características de equilíbrio multipolar de poder em torno das 
potências: França, Áustria, Inglaterra, Prússia e Rússia.
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
18
FIGURA 5 – TRATADO DE UTRECHT
FONTE: <https://static.alunosonline.uol.com.br/conteudo_legenda/
c69e33385b91272beb1c7d37268df101.jpg>. Acesso em: 14 dez. 2019.
O equilíbrio tornou-se uma prática dos estadistas do século XVIII em 
uma coalizão de Estados onde não haveria um ator dominante e o interesse 
no funcionamento desse sistema era partilhado por todos. Era necessário que 
um ator cooperasse com o outro para evitar a ruptura, evitar que ocorresse a 
ascensão de algum dos componentes e se possível promover maior cumplicidade 
e ligação através dos casamentos dinásticos. O sistema poderia ser caracterizado 
como multilateral de poder e girava em torno da Inglaterra, França, Áustria, 
Prússia e Rússia, os atores centrais. As regras da instituição eram claras e existia 
a dificuldade em aceitar atores que não compartilhassem delas. A existência de 
potências menores, ditas de “segunda classe” (WATSON, 2004, p. 281), reforçava e 
estabilizava o sistema. O predomínio nas negociações e na elaboração dos acordos 
girava em torno dos atores centrais citados anteriormente, cabendo aos atores 
menores aceitarem as condições. O reino de Espanha e de Portugal, os Países 
Baixos, Suécia, o reino da Dinamarca, a Baviera, Saxônia e Polônia integravam 
esse complexo equilíbrio de poder que atravessa o século XVIII europeu.
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
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FIGURA 6 – EUROPA E OS TRATADOS DO SÉCULO XVIII
FONTE: <https://sz.jus.com.br/system/graphics/51179-1.jpg>. Acesso em: 21. Jun. 2019.
 
Na ilustração, pode-se observar o Estreito de Gibraltar, no extremo sul da 
Espanha, assim como as possessões espanholas no continente europeu quando 
dos tratados do século XVIII, sendo o principal o Tratado de Utrecht de 1714.
5 A RACIONALIDADE DO SÉCULO XVIII
Os filósofos do século XVIII, principalmente os franceses, amadureceram 
a concepção de que as leis do universo poderiam ser explicadas por intermédio 
das leis racionais. O movimento denominado Ilustração ou Iluminismo marcou 
a trajetória do século das luzes e sua força se expandiu pela Europa, atingindo a 
América, sendo a classe burguesa a sua principal difusora.
A razão nos negócios públicos e a ideia de equilíbrio entre os estados 
tornaram-se também características das relações internacionais intereuropeias no 
período. A razão nos negócios públicos era pautada pelo cálculo de interesses, 
longe de sentimentos que envolvessem a emoção. Buscava-se no plano político e 
comercial um equilíbrio que favorecesse os negócios, o comércio multilateral e os 
estados grandes e pequenos exerciam atração uns sobre os outros. 
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
20
O próprio conceito de Estado passa por uma nova interpretação. Se 
anteriormente o soberano era o Estado, agora o Estado já se distinguia do 
soberano, mas as bases em que a comunidade de estados europeus administrava 
sua sociedade internacional permaneciam sob quatro instituições constitutivas: o 
direito internacional, que estipulava as regras do jogo e os códigos; a legitimidade 
dinástica; o diálogo diplomático contínuo conduzido por embaixadores residentes, 
ministros plenipotenciários e, por fim, a guerra limitada como recurso de última 
instância (WATSON, 2004).
O Sistema de estados europeus expandiu suas influências, assim como as 
regras políticas, econômicas e sociais para fora da Europa, principalmente durante 
os séculos XVIII e XIX. Já na metade do Século XIX, vê-se que surgia uma sociedade 
internacional que prezava pelos valores europeus em diferentes instâncias.
IMPORTANT
E
Os líderes anti-hegemônicos acreditavam que para a manutenção do 
equilíbrio de poder eram necessárias regras e que estas não poderiam ser ditadas 
por um único ator, sendo então necessários contratos com acordos estabelecidos. 
Tais acordos conduziriam as negociações e padronizariam práticas que regulariam 
as guerras e o comércio, trazendo igualdade entre os estados perante a lei. Surge 
nesse contexto o Direito Internacional como um conjunto de regras entre os 
Estados membros, juridicamente iguais, tornando a relação entre os atores mais 
previsíveis, mais seguro. A legitimidade do soberano com o direito de falar e agir 
em nome do Estado era fundamentalmente caracterizada pelo princípio dinástico. 
O herdeiro primogênito receberia o trono e teria sua legitimidade 
ratificada por tratados e acordos, principalmente depois de Utrecht. A autoridade 
legítima por herança deveria ser aceita pelos súditos, o que favoreceria a ordem e 
a previsibilidade do sistema.
Uma terceira instituição organizadora da ordem do século XVIII foi o 
diálogo diplomático multilateral contínuo. Principalmente depois de Utrecht, 
a manutenção rotineira do diálogo e troca de informações por intermédio de 
embaixadores e ministros residentes foi se profissionalizando. Surgiram os 
Ministérios dos Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores, constituindo assim 
um corpo diplomático coletivamente consciente de suas funções, tanto de diálogo 
bilateral e intermitente coletivo para a preservação do equilíbrio de poder como 
para revisão contínua do Direito Internacional. 
A guerra na Europa do século XVIII tornou-se uma questão moderada 
e a consciência do custo para o Estado de um envolvimento bélico passou a ser 
discutida. Era a razão aplicada à política,evitar a guerra com seus desperdícios, 
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
21
seus danos, em busca de uma república diplomática na concepção kantiana: 
uma “paz perpétua”. Havia, portanto, uma “prevalência da razão e nenhuma 
potência se propunha a fazer uma tentativa hegemônica com a ausência de causas 
passionais como a religião e o nacionalismo” (WATSON, 2004, p. 285-299).
Para o filósofo Kant, a “Paz Perpétua” tem a ver com o sentido republicano de 
separação de poderes no plano interno dos estados. Já no plano externo, a interação entre 
os atores estatais deveria sempre ocorrer buscando soluções pacíficas e evitando a guerra.
NOTA
A Europa do século XVIII pode ser entendida como sendo um continente 
que ao mesmo tempo em que se encontrava integrado era também dividido em 
três “Europas”. De um lado encontrava-se a França, Inglaterra, Itália e a região 
onde posteriormente no século XIX surgiria a Alemanha, considerados centros 
de irradiação do pensamento e da prática iluminista; de outro lado tinha-se 
uma Europa mais periférica, composta pela Espanha, Portugal e Rússia, que 
se encontravam como receptoras de cultura e apresentavam uma estrutura 
econômica semifeudal. Entre a Europa mais central e a Europa mais periférica 
encontrava-se ainda uma Europa intermediária, composta pelos Países Baixos e a 
Suíça, que absorviam a cultura ilustrada e procuravam transformar sua economia. 
A idade da razão pode ser entendida como um movimento que defendia 
o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominou a Europa na Idade 
Média. Para os filósofos iluministas, essa forma de pensamento tinha o propósito 
de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que 
defendiam esses ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser 
levado adiante, substituindo as crenças religiosas. 
Dentre os movimentos revolucionários do século XVIII, considera-se de 
profundo impacto para o Ocidente do ponto de vista político, a Independência 
das Trezes Colônias Inglesas na América do Norte, em 1776, e a Revolução 
Francesa, em 1789. Essas revoluções marcaram a virada do século XVIII para 
o XIX, pois “punham em xeque toda a autoridade exterior, não justificada pela 
razão, na política, na estética, no direito e na moral” (FALCON, 1982, p. 100). O 
ciclo das revoluções pautadas pelas ideias liberais inicia-se no século XVII com a 
Revolução Inglesa, no século seguinte pela independência das colônias britânicas 
e constituição dos Estados Unidos, em 1776, e, por fim, com a Revolução Francesa, 
em 1789. Em todos os processos vê-se ruptura da ordem absolutista, movimentos 
revolucionários que promoveram a destruição progressiva do Antigo Regime 
e a construção de novas instituições do Estado. Os movimentos trouxeram um 
conhecimento crítico empenhado no melhoramento do Estado e da sociedade e 
marcaram de maneira indelével o sistema de Estados Modernos. 
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
22
A ideia trazida pelo filósofo Immanuel Kant, de um Estado justo e racional 
que poderia evitar a guerra e seus desperdícios em busca de uma “Paz Perpétua”, 
ecoava entre os líderes do século XVIII. Não era possível abolir as soberanias 
separadas para favorecer um único governo e, sendo de tal forma impossível 
esse governo único, “o equilíbrio tinha seu valor e sustentaria os estados; uma 
proposta impressionantemente contemporânea” (WATSON, 2004, p. 298-299). 
FIGURA 7 – LUÍS XIV – REI DA FRANÇA ENTRE 1643-1715
FONTE: <https://miro.medium.com/max/2780/1*Oc1aLgnHQTE30Mu8KlJL5g.jpeg>.
Acesso em: 12 mar. 2020.
 
Após a coalizão anti-hegemônica contra os avanços de Luís XIV, nenhuma 
potência se aventurou em uma tentativa hegemônica. Acredita-se que havia 
uma prevalência da razão e também a ausência de questões religiosas ou de um 
forte nacionalismo contribuíram para la paix anglaise. Os estados europeus do 
século XVIII desenvolveram formas de governar que incluíam o respeito mútuo 
às soberanias e aos limites territoriais, sendo exercícios de governança que 
conduziam ao equilíbrio entre os atores e que se refletem até hoje na sociedade 
internacional.
Muitos historiadores e autores de Relações Internacionais definem o século 
XVIII como o século da França, assim como o século XIX, o século da Inglaterra e o 
século XX, dos Estados Unidos. Para uma melhor compreensão dessa afirmação, 
passaremos a desenvolver no Tópico 2 o que foram as revoluções acontecidas no 
século XVIII e que influenciaram o desenvolvimento político, social e econômico 
do cenário internacional.
TÓPICO 1 | EXPANSÃO EUROPEIA
23
FIGURA 8 – IMMANUEL KANT
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f2/Kant_gemaelde_3.jpg>.
Acesso em: 12 mar. 2020.
A Figura 8 traz o filósofo Immanuel Kant, que em 1795 publicou a sua obra A 
paz perpétua. O autor se torna referência ao abordar e defender a razão como uma força 
de poder dos estados, seja no plano doméstico, com a divisão de poderes, seja no plano 
internacional, na busca de relações pautadas pela paz. 
NOTA
Sugerimos que você assista aos seguintes vídeos:
• Revolução Francesa – Documentário – History
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IVfsFeYKM-s.
• Napoleão Império – History Channel
 Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=eyWCkH1rudg.
• Immanuel Kant Philosophical
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=br6OowwqrP8.
• O Sonho de um Rei – Versalhes Parte 1/3
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7bRf6L3K5-8.
• A História do Capitalismo: o Surgimento da Indústria dos Estados Unidos
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=p_M5mMDAARU.
• Documentário: As Consequências da Revolução Industrial
 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TODNsS8vIGE.
DICAS
24
Neste tópico, você aprendeu que:
• É de grande importância a Expansão Europeia iniciada nos séculos XV e 
XVI e a consequente colonização e formação do Novo Mundo: a América. 
A colonização ocorreu de diferentes formas, trazendo assim um continente 
americano marcado por diferenças estruturais. Os países europeus envolvidos 
na colonização da América, Portugal, Espanha e Inglaterra utilizaram diferentes 
práticas para explorar e ocupar o novo continente.
• Com o surgimento da modernidade, iniciou-se novos debates políticos e 
econômicos na Europa. Os estados europeus passam a utilizar suas colônias 
para o seu enriquecimento e desenvolvimento próprios. A relação colônia/
metrópole é marcada por momentos tensos em que a exploração passa a ser 
predominante, principalmente no centro e no sul do continente. 
• No continente europeu, a organização política e a soberania dos estados são 
debatidas no Tratado de Westfália de 1648, marco inaugural das Relações 
Internacionais. Mais tarde, no início do século XVIII, o caráter anti-hegemônico 
é reforçado no debate sobre a possível ocupação do trono espanhol por um 
descendente francês. A ideia de evitar o aumento do poder francês predomina 
no debate e é confirmada pelo Acordo de Utrecht de 1714. Felipe de Anjou 
assume o trono espanhol, mas as coroas espanholas e francesas ficam impedidas 
de se unirem. 
• Os ciclos hegemônicos dos Países Baixos e da Inglaterra marcaram os séculos 
XVII, XVIII e XIX. A Inglaterra passa a assumir a partir do século XVIII, 
principalmente após o fim do Império Napoleônico, em 1815, predominância 
econômica e política, não só no continente europeu como também em todo o 
sistema. 
• Os homens do século XVIII passam a enfatizar a racionalidade nas questões 
públicas, seja no campo doméstico, seja no ambiente internacional.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1 Quais foram as transformações ocorridas na Europa a partir dos séculos XIV 
e XV e quais as suas consequências?
2 Como entender os acordos de Westfália e suas concepções? Os tratados 
podem ser entendidos como o nascimento das Relações Internacionais? 
Explique.
3 Como entender a racionalidade do século XVIII nos negócios públicos?
4 Leia a afirmação a seguir,que aborda as transformações políticas ocorridas 
durante os séculos XVII e XVIII em relação à questão da hegemonia e 
classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:
O equilíbrio tornou-se uma prática dos estadistas após Westália, em 1648, e 
Utrecht, em 1714. Formou-se uma coalizão de estados onde não haveria um 
ator dominante e o interesse no funcionamento desse sistema era partilhado 
por todos com característica anti-hegemônica. Era necessário que um ator 
cooperasse com o outro para evitar a ruptura, evitar que ocorra a ascensão 
de algum dos componentes e, se possível, promover maior cumplicidade e 
ligação através dos casamentos dinásticos.
I- O conceito de Estado torna-se mais absolutista e não passa por uma nova 
interpretação. Se anteriormente o soberano era o Estado, agora, mais 
fortalecido, o soberano centraliza seu poder e domínio tanto interna quanto 
no externamente.
II- Os Estados europeus do século XVIII desenvolveram exercícios de 
governança e equilíbrio e assim conseguiram durante o século se preservar 
de avanços hegemônicos. 
III- A razão aplicada à política evitaria a guerra e seus desperdícios, seus 
danos. Na concepção kantiana de uma “paz perpétua”, a prevalência da 
razão conduziria os estados a evitar tentativas hegemônicas por meio de 
causas passionais como a religião e o nacionalismo. 
IV- As bases em que a comunidade de estados europeus administrava sua 
sociedade internacional permaneciam sob quatro instituições constitutivas: 
o direito internacional, que estipulava as regras do jogo e os códigos; a 
legitimidade dinástica; o diálogo diplomático contínuo conduzido por 
embaixadores residentes, ministros plenipotenciários e, por fim, a guerra 
limitada como recurso de última instância. 
V- O Estado na Europa do século XVII era compreendido no que Hobbes 
chamou de “a pele de um leviatã” e, internamente, cada leviatã era 
AUTOATIVIDADE
26
politicamente independente, mas mesmo no século XVII deve-se entender 
que a propensão à hegemonia no sistema intereuropeu continuou a ser um 
traço constitutivo, a despeito da legitimidade anti-hegemônica trazida por 
Westfália. 
Com relação às afirmações, são verdadeiras apenas as alternativas:
a) ( ) I, II e III, apenas.
b) ( ) II, III e V, apenas.
c) ( ) I, II e V, apenas.
d) ( ) III, IV e V, apenas.
e) ( ) I, III e IV, apenas.
5 Leia as asserções a seguir:
A Renascença, primeira grande ruptura do mundo medieval e entendida 
como a descoberta ou redescoberta dos ensinamentos greco-romanos, atinge 
também a forma de pensar a religião, a relação do homem com Deus e assim 
começa o longo processo de secularização da sociedade europeia.
PORQUE
O conceito de mundo secular, aquele no qual poderá existir religião como 
uma questão privada ou como uma associação de pessoas que professam 
uma crença, deverá estar afastada das questões políticas.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Ambas as afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
b) ( ) Ambas as afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a 
primeira.
c) ( ) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
d) ( ) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.
e) ( ) Ambas as afirmações são falsas.
6 Leia as asserções a seguir:
A legitimidade do soberano com o direito de falar e agir em nome do Estado 
era fundamentalmente caracterizada pelo princípio dinástico. O herdeiro 
primogênito receberia o trono e teria sua legitimidade ratificada por tratados 
e acordos, principalmente depois de Utrecht.
PORQUE
Principalmente, depois de Utrecht, a manutenção rotineira do diálogo e troca 
de informações por intermédio de embaixadores e Ministros Residentes foi 
se profissionalizando. Surgiram os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e 
Relações Exteriores, constituindo assim um corpo diplomático coletivamente 
consciente de suas funções.
27
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Ambas as afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira.
b) ( ) Ambas as afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a 
primeira.
c) ( ) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
d) ( ) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.
e) ( ) Ambas as afirmações são falsas.
28
29
TÓPICO 2
AS REVOLUÇÕES DO SÉCULO XVIII
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as revoluções que marcaram de forma 
indelével a Europa e, consequentemente, o novo mundo, a América. A Revolução 
Americana com a independência das treze colônias britânicas trouxe uma 
nova configuração política, muito distante do “antigo regime” que durante 
séculos predominava no espaço europeu. A emergência política e econômica da 
Inglaterra não só na Europa, mas em boa parte do sistema internacional, deve 
ser entendida como fruto do desenvolvimento da revolução industrial. Por sua 
vez, a Revolução Francesa, ocorrida no espaço doméstico francês, e a posterior 
obra militar e política de Napoleão no espaço europeu, trazem alterações e um 
contexto de guerra para o continente. O Congresso de Viena (1814-1815), fruto 
do fim do Império Napoleônico, procura restabelecer a paz europeia e de forma 
conservadora trazer os monarcas aos tronos numa configuração denominada 
de Hegemonia Coletiva. Na segunda metade do século XIX surge diferentes 
nacionalismos, que trazem novas turbulências à Europa.
2 AS REVOLUÇÕES
As revoluções que marcaram o século XVIII e o sistema de estados 
europeus deverão ser entendidas à luz do Iluminismo. O desenvolvimento da 
economia de mercado, a ascensão da classe burguesa e o declínio da influência 
dos nobres vieram acompanhados pelo questionamento do poder da Igreja 
Católica, dos privilégios desses nobres e do sistema absolutista pautado no 
direito divino dos reis. A Europa do século XVIII abandonava antigos valores e 
crenças e começava a se pautar pelo conhecimento científico e filosófico, e assim, 
também na política, mudam-se as concepções, valores e entendimentos. Como 
dito anteriormente, esse sentimento de racionalidade atingiu a América e se 
propagou em movimentos revolucionários.
Na Europa, os burgueses, uma classe emergente, queria tomar o poder 
e acabar com privilégios da aristocracia, reformular as instituições políticas, 
implantar a livre iniciativa e a liberdade comercial, impedir a intervenção do 
Estado na economia e garantir a igualdade de todos perante a lei. O Estado, ao 
restringir a ação econômica dos burgueses, restringia o próprio avanço das forças 
do capitalismo. Tal fato alimentava a concepção de que ao derrubar o Estado 
UNIDADE 1 | DA EXPANSÃO EUROPEIA AO NACIONALISMO DO SÉCULO XIX
30
absolutista ou reformulá-lo seria possível pôr fim às restrições e aos monopólios 
mercantilistas do Estado. O pensamento burguês encontrou apoio no povo 
oprimido em sua luta contra o poder autoritário dos monarcas e o privilégio da 
nobreza.
Na América, as forças do movimento iluminista e do movimento 
capitalista pautaram as revoltas e batalhas nas colônias inglesas, culminando 
com o surgimento de uma nação difusora dos valores liberais. Os valores do 
liberalismo trazem o debate de uma menor intervenção do Estado na economia, 
pautando as ações econômicas em patamares individuais. Essa filosofia política 
emerge no século XVIII, na Europa, com o fim do mercantilismo. Pelas mãos de 
Adam Smith, o debate avança e alcança a ideia da autorregulação do mercado, 
posteriormente conhecida como “a mão invisível” do mercado. O liberalismo 
passa assim a ser entendido como um processo de autorregulação que visa à 
liberdade econômica, meta que seria alcançada afastando o intervencionismo 
estatal. O liberalismo clássico, como dito anteriormente, surge no século XVIII 
e ao longo de sua trajetória vai sendo interpretado e difundido por diferentes 
pensadores econômicos. 
2.1 A REVOLUÇÃO AMERICANA E A
INDEPENDÊNCIA DAS COLÔNIAS
A independência dos Estados Unidos foi uma revolta bem-sucedida 
contra o colonialismo europeu. Os revolucionários americanos

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