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Peça Descobrindo o Prazer de Ser..

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DESCOBRINDO
O PRAZER
DE SER
MÚSICA – “Palco”
- Eu Faço Teatro! (7)
- Caso do Zé Maria (2)
- Não sei, só sei que foi assim (2)
- Sr. E Sra. Martin (Ionesco/Absurdo) (2)
- Escuta aqui, seu Ladrão!(2)
- Sorriso Doce. (2)
- Navalha na Carne (2)
- Outro Homem (4)
- Mala Marrom (2)
- Ciúmes (2)
- Alta Costura (4)
- Sou uma Estrela (1)
- Pensar Teatro (9)
MÚSICA – “Redescobrir”
(ENTRA MÚSICA “PALCO”, A CORTINA VAI ABRINDO MÁGICAMENTE, OS
ATORES (QUE JÁ ESTÃO VESTIDOS DE SEUS PRIMEIROS
1
PERSONAGENS) VÃO INVADINDO O TEATRO, PELA CORTINHA, PELOS
MESANINOS, PELA PORTINHA DO TOTÓ NO DECORRER DA MÚSICA VÃO
SE MOVIMENTANDO, INTERAGINDO COM A PLATÉIA, E SUBINDO PRO
PROSCÊNCIO. DETERMINADO MOMENTO DA MÚSICA, CORTINA ABRE E
ATORES INVADEM O PALCO NUMA GRANDE FESTA).
PALCO (Gilberto Gil)
Subo nesse palco, minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê, de bebê
Minha aura clara, só quem é clarividente pode ver
Pode ver
Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda
Saberá lhe dar valor, dar valor
Vale quanto pesa prá quem preza o louco bumbum do tambor
Do tambor
Fogo eterno prá afugentar
O inferno prá outro lugar
Fogo eterno prá consumir
O inferno, fora daqui
Venho para a festa, sei que muitos têm na testa
O deus-sol como um sinal, um sinal
Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal
De quintal
Há também um cântaro, quem manda é Deus a música
Pedindo prá deixar, prá deixar
Derramar o bálsamo, fazer o canto, cantar o cantar
Lá, lá, iá
01 - Eu faço teatro. E daí?
Danço e canto, morro e mato.
Sinto e respiro, alegria e tristeza
Sou por real uma pessoa a cada ato.
� Eu faço teatro, e daí?
02 - Enceno a sua peça, que pena... Você não está.
Pulo, lanço um olhar para o horizonte
Um mundo de fantasia... beleza...
Um mundo de horror.... tristeza
� Eu faço teatro, e daí?
03 – Represento a dor e o amor
Um sonho, um pesadelo
Muitas vezes dá até medo
� Eu faço teatro, e daí?
04 – Um dia sou a censura, noutro a libertação
2
Quero ação na minha depressão
Transformo palavra em ação.
Quero deixar minha alma em suas mãos.
� Eu faço teatro, e daí?
05 – Meu sangue é dado em cada gota de suor.
Sinta esta realidade,
Quero te fazer pensar... te libertar
Quem sabe um dia você também não vai interpretar
� Eu faço teatro, e daí?
06 – Nesse meu pensar sei que muitos vão me julgar
Mas sigo minha sina, sempre na bondade
Já sofri muito, sem nunca amargurar
E apesar deste mundo irreal, procuro a tranquilidade
� Eu faço Teatro, e daí?
07 – Sou uma criança que envelheceu...
Sou um crente que virou ateu...
Sou o dia que anoiteceu...
Sou a lágrima do adeus.
Eu faço teatro, e daí?
� TODOS > Sim, nós fazemos teatro, E daí?
(CRESCE MÚSICA ATORES VÃO SAINDO DE CENA – MIXA MÚSICA COM
“CASO DO ZÉ MARIA”
MARILDA – Comadre Cremilda! O Camadre!
CREMILDA – Nossa! Calma Comadre Marilda. Que sufoco é esse!
MARILDA – Tenho uma daquelas... É nitroglicerina pura!
CREMILDA – Vixe Maria!! Fala logo então.
MARILDA – Então, Comadre....
CREMILDA – Vai, mulher desembucha logo. Tá me deixando com urticária.
MARILDA – Então escuta essa:
CREMILDA – Já to escutando faz é tempo...
MARILDA – Então... Sabe o Zé Maria?
CREMILDA – (PENSANDO) – Zé Maria?
MARILDA – Claro que você sabe quem é?
CREMILDA – Ah, sim o baixinho de bigode alí da padaria?
MARILDA – Esse mesmo... (TIRANDO SARRO) Hmm tá sabendo muito...
CREMILDA – Pare com esse tipo de brincadeira, se o Ernesto te escuta dá um
rolo danado... Mas anda, diz logo o que tem o Zé Maria da padaria.
MARILDA – Então... ele é um cara que nem a gente, trabalho, mulher, filho...
CREMILDA – Essa merdas toda da vida... Normal, né?
MARILDA – É, comadre, só que o traficante do morro começou a ir almoçar na
casa dele...
CREMILDA – Deus me livre. Nosso Senhor Poderoso nos livrai disso...
3
MATILDA – Então...Diz que ele entrava, sentava e comia.
CREMILDA – E o Zé Maria deixava?
MATILDA – E ele é louco de não deixar... O cara é o homem do pedaço.
CREMILDA – É... Fazer o quê né?
MATILDA – Mas agora vem o pior...
CREMILDA – Eita comadre mas você gosta de um suspense, heim!!
MATILDA – Psiuuuu! Fala baixo... Diz que certo dia o homem chegou lá e
avisou que ia comer a mulher do Zé!!!
CREMILDA – Como assim? Só avisou!! Que descaramento.
MATILDA – Então não é? O Zé foi procurar um polícia que ele conhece.
CREMILDA – Fez bem!
MATILDA – Só que o polícia disse que não podia fazer nada. Pois como é que
vai prender o malandro que come a mulher do outro?
CREMILDA – Mas comadre esse mundo tá perdido mesmo...
MATILDA – Mas o polícia de um revólver pro Zé, calibre 12... E ainda disse
assim: “Mata o cara!”
CREMILDA – A própria polícia incentivando o crime armado. Vê se pode?
MATILDA – E ainda disse mais: “Mata que depois a gente dá um jeito”.
CREMILDA – Mas vê se pode uma coisa dessas! E o que Zé fez?
MATILDA – Pois não é que ele foi lá e Matou o cara!
CREMILDA – Vige Santíssima!!!
MATILDA – O bandido ficou grudado na parede...
CREMILDA – Ce sabe que se fosse eu faria a mesma coisa...
MATILDA – Não fala isso comadre!
CREMILDA – Fazia e bem feito... Legítima defesa não é crime... E mesmo se
fosse...
MATILDE – É comadre, O Zé Maria não é fraco, não!! Mas comadre, que cheiro
é esse??
CREMILDA – Meu Deus! O meu feijão queimou. Tchau comadre, até mais
ver....
MATILDE – Tchau comadre, vou assuntar mais sobre o caso do Zé Maria e
depois te conto.
JOÃO GRILO E CHICÓ
JOÃO – E ele vem... Eu estou desconfiado, Chicó. Você é tão sem confiança.
CHICÓ – Eu? Sem confiança? Que é isso João, está me desconhecendo? Juro
como ele vem. Quer benzer o cachorro da mulher para ver se o bicho não
morre. A dificuldade não é ele vir, é o Padre benzer...
JOÃO – Não vai benzer? Por quê? Que é que um cachorro tem de mais?
CHICÓ – Bom, eu digo assim porque sei como esse povo é cheio de coisas,
mas não é nada de mais. Eu mesmo já tive um cavalo bento.
JOÃO – Que é isso, Chicó? Já estou ficando por aqui com suas histórias. É
sempre uma coisa toda esquisita. Quando se pede uma explicação, vem
sempre com “não sei, só sei que foi assim”.
CHICÓ – Mas se eu tive mesmo o cavalo, meu filho.... O que é que vou fazer?
Vou mentir, dizer que não tive?
4
JOÃO – Você vem com uma história dessas e depois se queixa porque o povo
diz que você é sem confiança.
CHICÓ – Eu, sem confiança? Antonio Martinho está pra dar as provas do que
eu digo.
CHICÓ – Antonio Martinho?? Faz três anos que ele morreu.
CHICÓ – Mas era vivo quando eu tive o bicho.
JOÃO – Quando você teve o bicho? E foi você quem pariu o cavalo, Chicó?
CHICÓ – Eu não. Mas do jeito que as coisas vão, não me admiro de mais
nada. No mês passado uma mulher teve um, na Serra do Araripe, para os
lados do Ceará.
JOÃO – Isso é coisa de seca. Acaba nisso, essa fome: ninguém pode ter
menino e haja cavalo no mundo. A comida é mais barata e é coisa que se pode
vender. Mas seu cavalo, como foi?
CHICÓ – Foi uma velha que me vendeu barato, porque ia se mudar, mas
recomendou todo cuidado, porque o cavalo era bento. E só podia ser mesmo,
porque cavalo bom como aquele eu nunca tinha visto. Uma vez corremos atrás
de uma novilha, das seis da manhã até as seis da tarde, sem parar nem um
momento, eu e o cavalo, ela a pé. Fui derrubar o boi já de noitinha.
JOÃO – O boi? Não era uma novilha?
CHICÓ – Uma novilha e um boi.
JOÃO – E você correia atrás dos dois de uma vez?
CHICÓ – (IRRITADO) – Corria. É proibido?
JOÃO – Não! Mas eu me admiro é eles correrem tanto tempo juntos, sem me
apertarem. Como fo isso, heim?
CHICÓ – Não sei... Só sei que foi assim.
“IONESCO – Teatro do Absurdo”
SR. MARTIN – Desde que cheguei a Londres, moro na Rua Bromfield, minha
cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, que estranho. Eu também, desde a minha
chegada a Londres moro na Rua Bromfield, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso, mas então, talvez nós tenhamos nos encontrado
na Rua Bromfield, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, que estranho. É bem possível, afinal. Mas eu
não lembro meu caro senhor.
SR. MARTIN – Eu moro no número dezenove, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso, eu também moro no número dezenove,meu
caro senhor.
SR. MARTIN – Mas então, mas então, talvez nós tenhamos nos visto naquela
casa, minha cara senhora?
SRA. MARTIN – É bem possível, mas eu não me lembro meu caro senhor.
SR. MARTIN – Meu apartamento fica no quinto andar, e o número 8, minha
cara senhora.
SRA. MARTIN Que curioso, meu, que estranho. E que coincidência! Eu
também moro no quinto andar, apartamento 8, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso. Que curioso e que coincidência. Sabe, no meu
quarto eu tenho uma cama. Minha cama fica coberta com um edredom verde,
5
encontra-se no fim do corredor, entre o lavabo e a biblioteca, minha cara
senhora.
SRA. MARTIN – Que coincidência, ah meu Deus, que coincidência. Meu quarto
tem uma cama, com um edredom verde e se encontra no fim do corredor, entre
o lavabo , meu caro senhor, e a biblioteca.
SR. MARTIN – Que estranho. Que curioso. Então, minha senhora, moramos no
mesmo quarto e dormimos na mesma cama, minha cara senhora. Talvez seja
lá que nós tenhamos nos encontrado.
SRA. MARTIN – Que curioso e que coincidência! É bem possível que
tenhamos nos encontrado a, e talvez até mesmo na noite passada. Mas eu não
me lembro meu caro senhor.
SR. MARTIN – Eu tenho uma filhinha. Minha filhinha, ela mora comigo, minha
cara senhora. Ela tem dois anos, é loira, tem um olho branco e um olho
vermelho, é muito bonita e se chama Alice, minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que estranha coincidência. Eu também tenho uma filhinha, ela
tem dois anos, um olho branco e um olho vermelho, é muito bonita e também
se chama Alice, meu caro senhor.
SR. MARTIN – Que curioso e que coincidência! E estranho! Talvez seja a
mesma... Minha cara senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso! É bem possível meu caro senhor.
(UM MOMENTO DE SILÊNCIO. O RELÓGIO BATE 29 VEZES)
SR. MARTIN – Então minha cara senhora, creio que não há dúvida, nós já nos
vimos e a senhora é a minha própria esposa.... Elisabeth... eu reencontrei você.
SRA. MARTIN – Donald! É você?
SR. MARTIN – Sim, Darling...
(RELÓGIO VOLTA BATER E ELES VÃO SAINDO COM AS BATIDAS DO
RELÓGIO< MIXA COM MÚSICA)
ESCUTA AQUI, SEU LADRÃO
(Texto de Paulo Sacaldassy)
(MULHER SENTADA , FAZENDO A UNHA – TOCA A CAMPAINHA.)
MARIA LÚCIA – Quem é?
MACARRÃO – (FORA DE CENA) - É a pizza!
Mª LÚCIA – Acho que você errou o apartamento.
MACARRÃO – (AINDA FORA) – Aqui não é o apartamento 71?
Mª LÚCIA – Sim, é.
MACARRÃO – Então? Quer abrir! Eu não tenho a noite toda.
Mª LÚCIA – Mas eu não pedi nada! Ô moço, essa pizza não é aqui.
MACARRÃO – É daqui sim.
Mª LÚCIA – Não é!
MACARRÃO – Eu to falando que é. E vamos logo. Abre essa porta que eu não
quero voltar com essa pizza.
(ELA ABRE UM POUQUINHO A PORTA E MACARRÃO ENTRA
EMPURRANDO-A)
6
MACARRÃO – (ENTRANDO) – Quietinha aí madame, que é um assalto! Passa
tudo! Anda!
MªLÚCIA – Calma, por favor, sem violência.
MACARRÃO – Cdê o cofre? Cadê as jóias? Os dólares?
Mª LÚCIA – Não tenho nada disso.
MACARRÃO – Cadê a grana, madame?
Mª LÚCIA – Já falei moço, não tenho nada!
MACARRÃO – Moço, não!!! Macarrão! Meu nome é Macarrão. E a madame
qué me convencer que mora nesse apartamento e não tem nada?
Mª LÚCIA – Isso aqui não é meu. É alugado.
MACARRÃO – E quanto que deve ser o aluguel disso aqui? Se tem dinheiro
prá pagar um aluguel assim, tem dinheiro pra eu roubar, sim.
Mª LÚCIA – Seu Macarrão, deixa eu lhe explicar uma coisa: o senhor já ouviu
falar em cheque especial? Cartão de crédito? Estou com eles até aqui, ó? Tudo
no vermelho.
MACARRÃO – Você tá me enrolando;
Mª LÚCIA – Por que o senhor acha que ia mentir, numa situação como esta?
MACARRÃO – Pra eu desistir de roubar você!
Mª LÚCIA – Mas, é a mais pura das verdades.
MACARRÂO – Você acha que eu to de brincadeira. Eu to trabalhando, dona.
Isso aqui é o meu trabalho. Vamo cooperar, por favor.
Mª LÚCIA – Se o senhor quiser, pode voltar no dia dez, que eu arrumo alguma
coisa.
MACARRÃO – Vamos pará com isso. Ou você me dá o que eu quero, ou a
coisa vai feder. Vamo madame, cadê o cofre?
Mª LÚCIA – Se eu lhe der o cofre, o senhor promete não me machucar? Pegar
o cofre e se mandar daqui?
MACARRÃO – Mas eu sabia... Sabia! Se a gente não aperta, não dá um
arroxo, cês folgam prá cima de nóis profissionais, né?
Mª LÚCIA – Promete?
MACARRÃO – Anda logo. Prometo. Mas vamos logo que ainda tenho muito
trabalho essa noite.
(ELA SAI DE CENA E LOGO EM SEGUIDA VEM COM UM COFRINHO DE
PORQUINHO)
Mª LÚCIA – Tá aqui ó. Só tenho esse cofre!
MACARRÃO – Tás brincando comigo?
Mª LÙCIA – Agora o senhor se arranca! Se manda! Vaza! O senhor prometeu
que se desse o cofre o senhor me deixava em paz.... Agora rua daqui!!
MACARRÃO - É o que dá a gente ter que honrar a palavra de um profissional
(SAI CHUTANDO LATA).
‘
7
SORRISO DOCE
(Texto de Anderson Ribas, adaptação Rogério Bozza)
HOMEM – Ela chegou de mansinho!
MULHER – Ele tocou em meu corpo e me olhou com um sorriso lindo.
HOMEM – Ela se aproximou sorrateira, zombeteira.
MULHER – Quando olhei em seus olhos pude ler verdades e mentiras
HOMEM – Seu sorriso era pura malícia e não resisti a ela.
MULHER – Eram suaves suas mãos, sua pele, seu cheiro.
HOMEM – Chegou quase sem querer, quase sem perceber e se deixou levar
MULHER – Já chegou dono de mim.
HOMEM – Me abraçou com força e me mordeu a nuca.
MULHER – Falou baixinho nos meus ouvidos.
HOMEM – Ela disse dos seus desejos, contou dos seus segredos mais íntimos.
MULHER – Suas mãos seguraram meus braços e num só abraço chegaram
firmes em meus seios que pediam por seu toque.
HOMEM – Beijou meu pescoço com suave carinho.
MULHER – Ele me arrancou do peito as verdades mais nuas.
HOMEM – Saudades minhas!
MULHER – Lembranças suas.
HOMEM – Ela pediu por meu toque com seus olhos.
MULHER – Não foram necessárias palavras.
HOMEM – Seus braços me envolveram enquanto suas mãos deslizavam por
minhas coxas.
MULHER – Senti em seu peito o fogo dos meus desejos.
HOMEM – Pude sentir o calor do seu corpo mesmo antes de tocá-la.
MULHER – O pulsar dos nossos corpos deixou marcas jamais esquecidas.
HOMEM – Ela me levou a alma.
MULHER – Ele deixou em mim o desejo que tinham nossos beijos.
HOMEM - Deixei prá trás uma paixão insensata.
MULHER – Quantas bravatas.
HOMEM – Restei sombria, embriagado, vazio...
MULHER – Tão fria como a noite que acabara.
NAVALHA NA CARNE
(Plínico Marcos)
NEUSA SUELI – (ENTRANDO) Oi. Você está aí?
VADO – Que você acha?
NEUSA – É que você NUNCA CHEGA TÃO CEDO.
VADO – Não cheguei. Sua vaca. Ainda nem saí.
NEUSA – Tá doente?
VADO – Doente o cacete!
NEUSA _ Não precisa se zangar. Só perguntei por perguntar.
VADO – Mas pode ficar sabendo que estou com o ovo virado.
NEUSA – Por que, meu bem?
VADO – Não sabe, né?
8
NEUSA – Não sou adivinhona.
VADO – Quer bancar a engraçadinha (TORCE O BRAÇO DELA) – Gostou?
NEUSA – Poxa, você tá me machucando.
VADO – Você ainda não viu nada, sua miserável.
NEUSA – Ai, não te fiz nada.
VADO – Não fez? Não faz, sua filha-de-uma-puta?
NEUSA – Que foi que eu te fiz?
VADO – Quer se fingir de boba?
NEUSA – Ai, ai. Juro que não sei.
VADO – Sabe por que eu não saí hoje?
NEUSA – Sua cabeça é seu guia.
VADO – Pois é, né?
NEUSA – Eu não prendo ninguém. (VADO EMPURRA ELA QUE CAI NO
CHÃO)
VADO – Já lembrou o que me aprontou, sua nojenta?
NEUSA – Você está é com onda.
VADO – Quer criar caso? Assim você aprende a não querer bancar a
sabichona comigo.
NEUSA – Porra cara você me machucou. (LEVANTANDO)
VADO – Assim você se manca logo.
NEUSA = Não to por dentro de sua bronca.
VADO – Não está, né? Agora, olha, sua puta sem vergonha! Morrou agora?
NEUSA – Tá na lona?
VADO – Eu to duro! A zero, sua vaca!
NEUSA – E a culpa é minha?
VADO – Vagabunda, miserável! Sua puta sem vergonha! Quem tu pensa que
é? Pensa que estou aqui por quê? Anda! Responda!
NEUSA – Por causa da grana
VADO – Repete, sua vaca! Repete! Repete
NEUSA – Mais alto, sua puta nojenta!
NEUSA – Por causa da Grana!
VADO – Isso mesmo. Estou com você por causa da grana. E se você não me
der, moleza, te arrebento o focinho. Eu sou o Vadinho das Candongas, te tiro
de letra fácil, fácil. Eu estou assim de mulher querendo me dar o bem bom.
Você sabedisso. (TÁ UMA BOFETADA NELA E SAI)
NEUSA – (DESMONTADA – REVOLTADA _ CHOROSA) – Sei... Sei sim. Ah
se sei.
-OUTRO HOMEM
(Texto de Anderson Ribas – adaptação Rogério Bozza)
(ENTRAM QUATRO HOMENS E COMEÇAM A CAMINHAR PELO PALCO,
COMO SE ESTIVESSEM PERDIDOS, OU PROCURANDO POR ALGUMA
COISA. MÚSICA INSTRUMENTAL AGITADA... DE REPENTE MUDA A
MÚSICA PARA BADALADAS DE SINOS. ELES DIMINUEM O RÍTIMO, MAS
CONTINUAM CAMINHANDO E TENTANDO OBSERVAR O ESPAÇO).
HOMEM 01 – Amanhã serei outro...
9
HOMEM 02 – E depois de amanhã outro ainda...
HOMEM 03 – Outro Homem...
HOMEM 04 – Outra mulher...
HOMEM 02 – Hoje não... Hoje não vou me deixar pensar...
HOMEM 03 – Nem sonhar...
HOMEM 04 – Nem ousar...
HOMEM 01 – Amanhã sentarei com calma prá pensar no que farei depois....
HOMEM 03 – Depois de amanhã...
HOMEM 02 – E quando o dia finalmente começar...
HOMEM 04 – Aí serei eu mesmo a está lá...
HOMEM 02 – Dentro dele, sendo o melhor de mim...
HOMEM 01 – Mas hoje, hoje, vou apenas deitar...
HOMEM 03 – E se algum sonho vier a mim será enquanto durmo...
HOMEM 04 – Será enquanto não puder lembrar deles...
HOMEM 02 – Pois só amanhã é que voltarei a pensar...
HOMEM 03 – E deixarei tudo preparado para depois de amanhã...
HOMEM 01 – Quando certamente me sentirei mais vivo...
HOMEM 03 – Mais coerente...
HOMEM 04 – Mais homem... Mais mulher... Mais menino
HOMEM 02 – Amanhã quando eu estiver pensando no que farei depois,
poderei lembrar de tudo que já sonhei...
HOMEM 03 – Poderei então deixar claro que eu posso ser melhor...
HOMEM 01 – Que posso fazer melhor... Que melhor serei ainda...
HOMEM 04 – Mas só depois de amanhã. Hoje não posso. Não tenho tempo
prá isso....
HOMEM 02 – Não posso parar o que estou fazendo neste momento.
HOMEM 03 – E nem me bastaria escrever qualquer agenda prá amanhã.
HOMEM 04 – Pois terei o amanhã prá esta tarefa.... Agendar o depois de
amanhã.
HOMEM 01 – Dizer de tudo que poderei ser... fazer... sonhar...
HOMEM 02 – Vou certamente irromper o mundo. Conquistar países. Invadir
continentes...
HOMEM 03 – Transpor planetas... Virarei sol... E tudo poderei no depois de
amanhã...
HOMEM 04 – Contanto que amanhã eu me ponha a planejar....
HOMEM 01 – Sim... Farei somente isso amanhã... O dia está reservado...
HOMEM 02 – Eu estarei todo em disposição para os planos que para o dia que
virá
HOMEM 03 – Para o dia seguinte do amanhã... E tudo... Vai se se realizar.
HOMEM 04 – Mas primeiro vou planejar cada passo que darei no dia
seguinte...
HOMEM 02 – Ah! Hoje vou apenas descansar...
HOMEM 01 – Vou precisar de muito fôlego amanhã quando começar a
pensar...
HOMEM 04 – Terei que planejar... É... Somente amanhã.... Porque hoje não
tenho mais forças...
HOMEM 03 – E sei que as terei amanhã...
HOMEM 02 – Hoje não tenho planos, mas sei que eles virão amanhã...
10
HOMEM 01 – Hoje quero apenas chorar.... por uma vontade imensa de
amanhã...
HOMEM 04 – Quero apenas dormir depois do choro...
HOMEM 03 – Hoje queria mesmo era um colo onde pudesse repousar minha
cabeça...
HOMEM 01 – Onde tivessem a me acariciar o rosto.
HOMEM 02 – Onde tivessem palavras pra me acalmar... Pois amanhã...
HOMEM 04 – Amanhã poderei ser eu mesmo... Mas hoje...
HOMEM 03 – Hoje não tenho colo...
HOMEM 01 – Nem choro...
HOMEM 02 – Nem mãos...
HOMEM 04 – Nem palavras que me dirijam um “estou aqui”...
HOMEM 03 – Hoje não posso mais nada.... Amanhã sim... Sei que poderei...
HOMEM 01 – E depois então o mundo saberá de mim...
HOMEM 04 – E me estenderá os braços...
HOMEM 02 – E me dará uma carona...
TODOS – Talvez
HOMEM 03 – Depois de amanhã...
A MALA MARROM
ATENDENTE – Pois não, em que posso ajuda-lo?
JOÃO – Minha Mala! Minha Mala!
ATENDENTE – Calma senhor! O que tem sua mala?
JOÃO – É uma mala mais ou menos deste tamanho, de couro, marrom, fivela
dourada, som segredo...
ATENDENTE – Sim! Mas o que aconteceu com ela?
JOÃO – Mala de couro, marrom, com fivela dourada, mais ou menos deste
tamanho....
ATENDENTE – Tenho alí dentro uma preta!
JOÃO – Não! Preta não serve, a minha é marrom.
ATENDENTE – É que só tenho preta.
JOÃO – Sei que todo mundo só perde mala preta.
ATENDENTE – Não é isso, senhor, é que...
JOÃO – Então está querendo dizer que sou um fenômeno, porque perdi uma
marrom?
ATENDENTE – O que mais perdem é guarda-chuva?
JOÃO – Não meu amigo. Está um sol de rachar a calçada, eu não preciso de
um guarda chuva e nem estou procurando por um...
ATENDENTE – Não tô lhe entendendo...
JOÃO – Pelo amor de Deus olha aí na sua relação, vê se tem uma mala
parecida com a minha.
ATENDENTE – Tem uma mala preta.
JOÃO – Não preta não, é marrom.
ATENDENTE – Ah que pena, caiu o sistema.
JOÃO – E é claro que só pode acessar a relação de objetos perdidos pelo
sistema.
ATENDENTE – Sim, agora o senhor está compreendendo.
JOÃO – E quanto tempo prá essa porcaria voltar?
11
ATENDENTE – O senhor está tendo sorte. Acabou de voltar o sistema.
JOÃO – Ótimo então acessa lá, vê se consta a minha mala.
ATENDENTE – Só tem no sistema uma mala preta.
JOÃO – Mas a minha é marrom, marrom, cor de cocô!
ATENDENTE – O senhor quer comprar um ingresso?
JOÃO – Ingresso prá que?
ATENDENTE – Pro jogo Atlético e Coritiba. Numerada e coberta?
JOÃO – Não, minha filha, eu não estou interessado em jogo nenhum, eu só
quero a minha mala marrom pra poder voltar pra minha casa....
ATENDENTE – Sinto muito senhor, agora só amanhã!
JOÃO – Como assim?
ATENDENTE – Terminamos o expediente de hoje....
JOÃO – Como assim. E a minha mala?
ATENDENTE – Só tem uma preta...
JOÃO – (SE DESCONTROLANDO) – Enfia essa preta no seu orifício
corrugado. (SAI)
ATENDENTE – Senhor, senhor!... Cada louco que aparece por aqui, eu heim?
CIÚMES
(CASAL ENTRAM EM CENA COMO SE ENTRASSEM EM CASA, VINDO DE
UM JANTAR OU HAPPY-HOUR COM AMIGOS, VIERAM O TRAJETO TODO
DISCUTINDO E ENTRAM EM CASA CONTINUAM A “DR”)
CARLOS ALBERTO – (ENTRANDO) – Izabella, esses seus ataques de
ciúmes...
IZABELLA – (ENTRANDO LOGO ATRÀS – CORTANDO A FALA DELE) – Isso
tá ficando insustentável...
CARLOS ALBERTO – Você faz as coisas e depois pede desculpas...
IZABELLA – As coisas não funcionam assim, não, senhor Carlos Alberto...
CARLOS ALBERTO – Não mesmo Izabella, enquanto as coisas ficavam
apenas entre a gente até dava prá ir levando... Mas agora é o meu trabalho...
IZABELLA – Ah.... agora vem com essa: “Tá afetando o meu trabalho”...
CARLOS ALBERTO – Claro!... Ou você acha que as pessoas da mesa não
perceberam que a minha digníssima mulher estava plantada na porta do
banheiro, esperando prá ver se notava alguma atitude suspeita de minha
parte...
IZABELLA – Mas tu é muito convencido mesmo... Eu tava indo ao manheiro...
Não posso mais ir ao banheiro ao mesmo tempo que você? Tenho culpa se os
banheiros ficam um frente ao outro?
CARLOS ALBERTO – Meu Deus, com que cara eu vou olhar pra todo mundo
no escritório?
IZABELLA – Com a mesma cara de pau de sempre.
CARLOS ALBERTO – Sair com os colegas do trabalho, prá um chopinho é a
coisa mais normal do mundo.
IZABELLA – Chega!! Eu to cansada!
CARLOS ALBERO – Quem diz chega sou eu. E quem tá cansado dessas
“DRs” constantes sou eu.
IZABELLA – Ah porque eu não canso de suas atitudes!?!
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CARLOS ALBERTO – Ou você para com isso, ou não vai dar mais...
IZABELLA – Isso é uma ameaça?
CARLOS ALBERTO – Não é ameaça coisa nenhuma... É apenas um alerta.
Um pedido.
IZABELLA – (DESMONTANDO) – Um alerta? Um pedido?
CARLOS ALBERTO – Sim, um pedido de quem te ama muito...
IZABELLA – Essas atitudes e grosseria suas é a sua maneira de demonstrar
seu amor?
CARLOS ALBERTO – Eu te amo. Mas acima de tudo eu quero ser feliz.
IZABELLA – Pensa bem nisso que você tá dizendo agora. Vai ter troco.
CARLOS ALBERTO – Revanche Agora é?
(LONGO SILÊNCIO)
CARLOS ALBERTO – Agora eu tenho que sair.
IZABELLA – Sair? Agora?
CARLOS ALBERTO – Eu prometi a minha mãe que vou ficar hoje à noite no
hospital com ela.
IZABELLA – Essa é nova!! Essa é boa viu?!
CARLOS ALBERTO – E pelo amor de Deus.... Por favor, não faz o papel
ridículo de telefonar prá lá prá saber se estou lá mesmo. Amanhã a gente
conversa melhor. Tchau! (SAI)
IZABELLA – (RESPIRANDOFUNDO) – É... amanhã a gente conversa
melhor...
(ENTRA MÚSICA DO CHICO BUARQUE – “Amanhã vai ser outro dia...”
ALTA COSTURA
(Sandra Bozza)
(ENTRAM EM CENA UMA SENHORINHA JÁ UM TANTO IDOSA, AO SOM DE
UMA MÚSICA SUAVE, VAI AO CENTRO DO PALCO E FICA ALISANDO E
OBSERVANDO SUAS MÃOS, JÁ UM POUCO TRÊMULAS, SAUDOSAS, E
ENRRUGADAS... LOGO E SEGUIDA ENTRAM 4 MULHERES, TRAZEM 4
CADEIRAS E FICAM EM PONTOS DISTANTES E OPOSTOS...)
BÁRBARA – No tecido da história familiar, as mãos de minha mãe reforçaram
as costuras para nos proteger de qualquer empurrão da vida...
FLÁVIA – As mãos de minha mãe uniram com um alinhavo as partes do molde,
sem esquecer que cada uma é diferente da outra e que juntas fazem um todo,
como a família...
PEDRO – As mãos de minha mãe fizeram bainhas para que pudéssemos
crescer, para que não nos ficassem curtos os ideais...
JOÃO – As mãos de minha mãe remendaram os estragos para voltarmos a
usar o coração, sem fiapos de ressentimentos...
FLÁVIA – As mãos de minha mãe juntaram retalhos para que tivéssemos uma
manta única que nos cobrisse...
BÁRBARA – As mãos de minha mãe seguraram presilhas e botões para que
estivéssemos unidos e não perdêssemos a esperança...
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PEDRO – As mãos de minha mãe aplicaram elásticos para nos podermos
adaptar folgadamente às mudanças exigidas pelos anos...
JOÃO – As mãos de minha mãe bordaram maravilhas para que a vida nos
surpreendesse com as suas contínuas dádivas de beleza...
BÁRBARA – As mãos de minha mãe coseram bolsos para guardar neles as
moedas valiosas das melhores recordações e da minha identidade...
PEDRO – As mãos de minha mãe, quanto estavam quietas... zelavam os meus
sonhos para que alimentassem os meus ideais com o pó das estrelas...
FLÁVIA – As mãos de minha mãe seguraram-me com linhas mágicas, quando
entrava, na vida para começar a vesti-la!
JOÃO - As mãos de minha mãe nunca abandonaram o seu trabalho...
PEDRO – E sei muito bem que, ainda hoje, fazem orações por mim...
BÁRBARA – E nós....
TODAS – Nós beijamos as mãos das mães como se recebêssemos bênçãos...
(SAI O FOCO DE LUZ DAS MULHERES FICANDO APENAS O FOCO DE LUZ
NA SENHORINHA, QUE POSTA AS MÃOS, ELEVA-AS AO ALTO – MÚSICA
“AVE MARIA” –
AS POUCOS A ATRIZ VAI SE DESMONTANDO DO PERSONAGEM DA
SENHORINHA, AO BAIXAR A MÚSICA , ELA COMEÇA O TEXTO:-
ATRIZ – Agora o braço, não é mais um braço, erguido num grito de gol... Agora
o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante... E todas as
figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas,
um quadro de impulsos, um processamento de sinais... E assim, dizem,
recontam a vida... Agora retiram de mim a cobertura de carne, escorrem todo o
sangue, afinam os ossos em fios luminosos e aí estou eu.. pelos salões, pelas
casas, pelas cidades, parecida comigo... Um rascunho... Uma forma nebulosa
feita de luz e sombra. Como uma estrela... Agora eu sou uma estrela.
(CRESCE MÚSICA – ELA VAI SAINDO, FUNDE-SE COM OUTRA CENA)
PENSAR TEATRO.
� Eu sempre pensei no Teatro como sendo um grande e mágico
parque de diversões.
� Cheio de truques, de magia, de sensações novas e
surpreendentes.
� Pode parecer uma definição ingênua, pouco profunda. Mas é
a partir daí que acontece o meu trabalho.
� Esse espetáculo é dedicado a todas as pessoas que
nasceram artistas.
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Seres tão delicados cujos principais instrumentos de trabalho
são os sonhos
e a fantasia.
� A criança que eu fui, assistindo, escutando o trabalho dessas
grandes artistas, atrizes e cantoras, mulheres apaixonadas e
apaixonantes, que de certa forma contam a nossa própria
história...
� Essa criança permanece “viva” dentro de mim... Imutável,
encantada.
� E eu gostaria que ela ficasse sempre comigo....
� Para que juntas pudéssemos cantar, dançar, representar....
Viver
� Todas as nossas possibilidades de seres humanos e artistas,
e assim
Sermos felizes...
(NA SONOPLASTIA ENTRA A MÚSICA “REDESCOBRIR” COM ELIS
REGINA, ATORES VÃO ENTRANDO SUAVEMENTE PELO PALCO, CORTINA
DE ENTRADA, MESANINOS E INVADINDO O TEATRO)
Redescobrir
Como se fora a brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
Macias!
O suor dos corpos, na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!
Como um animal que sabe da floresta
Memória!
Redescobrir o sal que está na própria pele
Macia!
Redescobrir o doce no lamber das línguas
Macias!
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Redescobrir o gosto e o sabor da festa
Magia!
Vai o bicho homem fruto da semente
Memória!
Renascer da própria força, própria luz e fé
Memorias!
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
História!
Somos a semente, ato, mente e voz
Magia!
Não tenha medo meu menino povo
Memória!
Tudo principia na própria pessoa
Beleza!
Vai como a criança que não teme o tempo
Mistério!
Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor
Magia!
Como se fora a brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
Macias!
O suor dos corpos na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!
Como se fora a brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
Macias!
O suor dos corpos na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!
Como se fora a brincadeira de roda
Memória!
Jogo do trabalho na dança das mãos
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Macias!
O suor dos corpos na canção da vida
Histórias!
O suor da vida no calor de irmãos
Magia!
Como se fora brincadeira de roda
Jogo do trabalho na dança das mãos
O suor dos corpos na canção da vida
O suor da vida no calor de irmãos
Como se fora brincadeira de roda
Jogo do trabalho na dança das mãos
O suor dos corpos na canção da vida
O suor da vida no calor de irmãos...
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