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UECE POR ASSUNTO - 2015 a 2020

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2015.1 a 2020.2
Conhecimentos Gerais
(Por assunto)
Apresentação
Prezado(a) Aluno(a),
O Colégio Ari de Sá coloca à sua disposição esta compilação de questões, 
dos últimos exames vestibulares da Universidade Estadual do Ceará, 
selecionadas por assunto.
Com o intuito de enriquecer sua capacidade intelectual, esta publicação 
espera fornecer-lhe uma visão ampla dos conteúdos mais exigidos por 
cada uma das disciplinas aqui apresentadas, pretendendo, assim, ser uma 
importante ferramenta que possibilitará a ampliação de seus conhecimentos e 
o êxito nos vestibulares da UECE.
Direção de Ensino
Sumário
LÍNGUA PORTUGUESA
Coesão textual / Estrutura textual.................................................................. 9
Compreensão / Interpretação textual ............................................................15
Estilística / Figuras / Vícios de linguagem .......................................................39
Funções da linguagem .................................................................................46
Gêneros textuais / Tipos textuais ..................................................................47
Intertextualidade / Interdiscursividade ..........................................................56
Literatura ..................................................................................................61
Morfologia .................................................................................................61
Pontuação .................................................................................................71
Semântica .................................................................................................72
Sintaxe .....................................................................................................80
Tipologia do discurso narrativo .....................................................................86
MATEMÁTICA
Análise combinatória / Fatorial .....................................................................93
Conjuntos / Divisibilidade ............................................................................93
Função e Equação do 1º grau .......................................................................95
Função e Equação do 2º grau .......................................................................95
Função e Equação exponencial .....................................................................96
Função e Equação logarítmica ......................................................................97
Funções Modular, Composta e Inversa ...........................................................97
Geometria Analítica ....................................................................................98
Geometria Espacial .....................................................................................99
Geometria Plana .......................................................................................100
Matrizes / Determinantes / Sistemas ........................................................... 102
Números complexos .................................................................................. 103
Polinômios / Equações ............................................................................... 103
Porcentagem / Juros ................................................................................. 104
Produtos notáveis / Fatoração .................................................................... 105
Razão / Proporção / Regra de três............................................................... 105
Sequências / PA / PG ................................................................................ 105
Trigonometria ..........................................................................................107
HISTÓRIA
A crise do Sistema Colonial / A indústria brasileira ........................................ 111
A Era Vargas ............................................................................................111
A Nova República ......................................................................................112
A Primeira República ................................................................................. 112
A República Civil-Militar ............................................................................. 114
A República Liberal-Populista ...................................................................... 115
Antiguidade Clássica ................................................................................. 116
Antiguidade Oriental ................................................................................. 117
Brasil Colônia ...........................................................................................117
História da América .................................................................................. 121
História do Ceará ......................................................................................121
Idade Contemporânea I (1789-1914) .......................................................... 123
Idade Contemporânea II (1914-1991) ......................................................... 124
Idade Média .............................................................................................127
Idade Moderna .........................................................................................128
Nova Ordem Mundial / Atualidades ............................................................. 128
O Primeiro Reinado ................................................................................... 130
O Segundo Reinado .................................................................................. 131
GEOGRAFIA
Biomas e Domínios Morfoclimáticos ............................................................. 135
Cartografia ..............................................................................................136
Ciência geográfica ....................................................................................136
Climatologia ............................................................................................138
Demografia ..............................................................................................139
Economia / Comércio ................................................................................ 141
Fontes de energia .....................................................................................142
Geografia agrária .....................................................................................143
Geografia do Ceará ................................................................................... 144
Geografia urbana ......................................................................................145
Geopolítica ..............................................................................................146
Globalização ............................................................................................148
Hidrosfera ...............................................................................................149
Litosfera ..................................................................................................152
Meio ambiente .........................................................................................153
Pedologia ................................................................................................156
Regionalização .........................................................................................157
Transportes / Comunicações....................................................................... 158
FÍSICA
Acústica ..................................................................................................161
Análise dimensional e de unidades / Classificação de grandezas ...................... 161
Calorimetria / Diagramas de fase / Propagação de calor / Termometria ............ 162
Cinemática (escalar e vetorial) ...................................................................164
Circuitos elétricos .....................................................................................164
Corrente elétrica / Resistores / Potência elétrica ........................................... 165
Dinâmica .................................................................................................166
Eletrostática ............................................................................................167
Espelhos (planos e esféricos) ..................................................................... 167
Estática ...................................................................................................167
Gases Ideais / Termodinâmica (1ª e 2ª Leis) ................................................ 168
Gravitação / Leis de Kepler ........................................................................ 168
Hidrostática .............................................................................................169
Impulso / Quantidade de movimento ........................................................... 171
Introdução à Óptica Geométrica ................................................................. 171
Lentes esféricas / Instrumentos ópticos ....................................................... 172
Matemática aplicada à Física ...................................................................... 172
MHS .......................................................................................................172
Ondas / Fenômenos ondulatórios ................................................................ 173
Refração luminosa .................................................................................... 173
Trabalho / Energia / Potência ..................................................................... 173
QUÍMICA
Cadeias carbônicas / Hibridação ................................................................. 177
Cálculo estequiométrico ............................................................................. 178
Cálculos químicos .....................................................................................178
Cinética química .......................................................................................178
Classificação periódica dos elementos .......................................................... 179
Dispersões / Soluções ............................................................................... 180
Eletroquímica ...........................................................................................180
Equilíbrio químico .....................................................................................181
Equipamentos de laboratório ...................................................................... 181
Forças intermoleculares ............................................................................. 181
Funções / Nomenclatura orgânica ............................................................... 182
Funções inorgânicas .................................................................................. 184
Gases .....................................................................................................184
História da Química .................................................................................. 184
Isomeria .................................................................................................185
Leis ponderais ..........................................................................................186
Ligações químicas .....................................................................................186
Oxirredução .............................................................................................186
Polímeros / Bioquímica .............................................................................. 187
Propriedades coligativas ............................................................................ 188
Propriedades da matéria ............................................................................ 188
Propriedades dos compostos orgânicos ........................................................ 188
Química descritiva .................................................................................... 190
Química do cotidiano ................................................................................. 191
Reações inorgânicas .................................................................................. 191
Reações nucleares .................................................................................... 193
Separação de misturas .............................................................................. 193
Teorias ácido-base .................................................................................... 193
Termoquímica ..........................................................................................193
BIOLOGIA
Bioquímica ..............................................................................................197
Biotecnologia ...........................................................................................198
Botânica ..................................................................................................198
Citologia ..................................................................................................200
Ecologia ..................................................................................................201
Embriologia .............................................................................................203
Evolução .................................................................................................204
Fisiologia animal .......................................................................................205
Genética .................................................................................................206
Histologia animal ......................................................................................208
Microbiologia............................................................................................208
Origem da vida ........................................................................................209
Parasitologia ............................................................................................209
Reprodução animal ................................................................................... 212
Taxonomia / Sistemática ............................................................................ 212
Zoologia ..................................................................................................213
FILOSOFIA
Ética .......................................................................................................217
Filosofia Política ........................................................................................217
Lógica e teoria do conhecimento ................................................................. 220
O nascimento da Filosofia .......................................................................... 223
SOCIOLOGIA
Classe, estratificação e desigualdade ........................................................... 227
Estado, poder e sociedade ......................................................................... 228
Gênero e sexualidade ................................................................................ 229
Globalização e cultura ............................................................................... 229
Juventude e violência ................................................................................ 230
Meio ambiente e desenvolvimento sustentável ............................................. 230
Meios de comunicação e indústria cultural .................................................... 230
Movimentos sociais e democracia ................................................................ 231
Relações étnico-raciais .............................................................................. 231
Trabalho e cidadania .................................................................................232
EDUCAÇÃO FÍSICA
2020.2 ....................................................................................................234
GABARITOS ...........................................................................................235
CONHECIMENTOS GERAIS OSG: 1036/21
UECE – 2015.1 A 2020.2
(POR ASSUNTO)
8
Estatística 
 
Compreensão / Interpretação textual 66 43,42%
Morfologia 14 9,21%
Gêneros textuais / Tipos textuais 14 9,21%
Semântica 13 8,55%
Coesão textual / Estrutura textual 11 7,24%
Estilística / Figuras / Vícios de linguagem 10 6,58%
Sintaxe 8 5,26%
Intertextualidade / Interdiscursividade 5 3,29%
Tipologia do discurso narrativo 5 3,29%
Literatura 3 1,97%
Pontuação 2 1,32%
Funções da linguagem 1 0,66%
TOTAL 152 100%
Assuntos Nº de questões Percentual
 
 
 
Resumo Gráfico 
 
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Compreensão/Interpretação textual
Morfologia
Gêneros textuais/Tipos textuais
Semântica
Coesão textual / Estrutura textual
Estilística / Figuras / Vícios de linguagem
Sintaxe
Intertextualidade / Interdiscurividade
Tipologia do discurso narrativo
Literatura
Pontuação
Funções da linguagem
A
ss
u
n
to
s
Total de questões
 
 
CONHECIMENTOS GERAISOSG: 1036/21
UECE – 2015.1 A 2020.2
(POR ASSUNTO)
9
COESÃO TEXTUAL / 
ESTRUTURA TEXTUAL
2015.1 
Texto para a próxima questão.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 16/11/2014. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 2 
LÍNGUA PORTUGUESA
Caro candidato, o texto que você lerá a seguir foi 
extraído do primeiro volume de uma série de cinco 
livros que reconstitui um período da história 
brasileira, o da ditadura militar. O primeiro volume 
cobre o período, que vai de março de 1964 
(deposição do Presidente João Goulart) a março de 
1979 (ano em que o Presidente General Ernesto 
Geisel entrega o poder ao General João Batista 
Figueiredo, último Presidente da era militar no 
Brasil). 
Texto 1 
A dor 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
13 
14 
15 
16 
17 
18 
19 
20 
21 
22 
23 
24 
25 
26 
27 
28 
29 
30 
31 
32 
33 
34 
35 
36 
37 
38 
39 
40 
41 
42 
43 
44 
45 
46 
47 
48 
O que torna a tortura atraente é o fato de 
que ela funciona. O preso não quer falar, 
apanha e fala. É sobre essa simples constatação 
que se edifica a complexa justificativa da tortura 
pela funcionalidade. O que há de terrível nela é 
sua verdade. O que há de perverso nessa 
verdade é o sistema lógico que nela se apoia 
valendo-se da compressão, num juízo 
aparentemente neutro do conflito entre dois 
mundos: o do torturador e o de sua vítima. 
Tudo se reduz à problemática da confissão. 
Assim, a tortura pressiona a confissão e 
triunfa em toda a sua funcionalidade quando 
submete a vítima. Essa é a hipérbole virtuosa do 
torturador. Assemelha-se ao ato cirúrgico, 
extraindo da vítima algo maligno que ela não 
expeliria sem agressão. 
A teoria da funcionalidade da tortura 
baseia-se numa confusão entre interrogatório e 
suplício. Num interrogatório há perguntas e 
respostas. No suplício, o que se busca é a 
submissão. O “supremo opróbrio” é cometido 
pelo torturador, não pelo preso. Quando a 
vítima fala, suas respostas são produto de sua 
dolorosa submissão à vontade do torturador, e 
não das perguntas que ele lhe fez. Prova disso 
está no fato de que nos cárceres soviéticos 
milhares de presos confessaram coisas que 
jamais lhes haviam passado pela cabeça, 
permitindo ao stalinismo construir suas 
catedrais conspiratórias. 
O poder absoluto que o torturador tem de 
infligir sofrimento à sua vítima transforma-se 
em elemento de controle sobre seu corpo. No 
meio da selva amazônica, espancando um 
caboclo analfabeto que pedia ajuda divina para 
sustar os padecimentos, um torturador 
resumiria sua onipotência embutida: “Que Deus 
que nada, porque Deus aqui é nós mesmo”. A 
mente insubmissa torna-se vítima de sua 
carcaça, que é, a um só tempo, repasto do 
sofrimento e presa do inimigo. “O preso só 
lastima uma coisa: o ‘diabo’ do corpo continua 
aguentando”, lembraria o dirigente comunista 
Marco Antônio Coelho. Ainda que a certa altura 
a mente prefira a morte à confissão, aquele 
corpo dolorido se mantém vivo, permitindo o 
suplício. 
(GASPARI, Hélio. A ditadura escancarada. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2002. p. 37-41. Texto 
adaptado.) 
01. Conservou-se no extrato transcrito o título do 
texto de onde ele foi extraído, “A dor”, mas, em 
nenhum momento, o vocábulo dor é empregado. 
Parece até que a ideia-núcleo do texto é a tortura 
de tanto que essa palavra aparece. O leitor, porém, 
deve estabelecer as relações que o levarão a 
justificar o título. Leia o que se diz sobre a questão.
I. Há entre dor e tortura uma relação de
semelhança que leva o leitor a associar as
duas.
II. Existe, no texto, uma retomada do título por
meio de palavras ou expressões que remetem,
indiretamente, à palavra “dor”, que, por sua
vez, tem uma relação de contiguidade com o
vocábulo “tortura”.
III. Há, no texto, um jogo com o vocábulo “suplício”
e as suas variadas acepções. “Suplício” (linha
21) tanto pode nomear a própria tortura como
o que a tortura provoca.
Está correto o que se diz em 
A) I, II e III.
B) I e II apenas.
C) I e III apenas.
D) II e III apenas.
02. O primeiro parágrafo contém elementos que 
dão ao leitor condição de, partindo da perspectiva do 
torturador, tirar conclusões acerca da lógica do 
sistema que tortura e, consequentemente, dos 
torturadores. Marque V para o que for verdadeiro e F 
para o que for falso.
( ) Se o preso fala e diz o que o torturador quer 
saber, não há por que condenar a tortura. 
( ) Na relação torturador/torturado, só interessa 
ao primeiro a confissão do segundo. 
( ) A lógica da teoria da funcionalidade da tortura 
está resumida em uma frase atribuída a 
Maquiavel: Os fins justificam os meios. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) V, V, V.
B) V, F, V.
C) F, F, V.
D) V, V, F.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 16/11/2014. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 2 
LÍNGUA PORTUGUESA
Caro candidato, o texto que você lerá a seguir foi 
extraído do primeiro volume de uma série de cinco 
livros que reconstitui um período da história 
brasileira, o da ditadura militar. O primeiro volume 
cobre o período, que vai de março de 1964 
(deposição do Presidente João Goulart) a março de 
1979 (ano em que o Presidente General Ernesto 
Geisel entrega o poder ao General João Batista 
Figueiredo, último Presidente da era militar no 
Brasil). 
Texto 1 
A dor 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
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35 
36 
37 
38 
39 
40 
41 
42 
43 
44 
45 
46 
47 
48 
O que torna a tortura atraente é o fato de 
que ela funciona. O preso não quer falar, 
apanha e fala. É sobre essa simples constatação 
que se edifica a complexa justificativa da tortura 
pela funcionalidade. O que há de terrível nela é 
sua verdade. O que há de perverso nessa 
verdade é o sistema lógico que nela se apoia 
valendo-se da compressão, num juízo 
aparentemente neutro do conflito entre dois 
mundos: o do torturador e o de sua vítima. 
Tudo se reduz à problemática da confissão. 
Assim, a tortura pressiona a confissão e 
triunfa em toda a sua funcionalidade quando 
submete a vítima. Essa é a hipérbole virtuosa do 
torturador. Assemelha-se ao ato cirúrgico, 
extraindo da vítima algo maligno que ela não 
expeliria sem agressão. 
A teoria da funcionalidade da tortura 
baseia-se numa confusão entre interrogatório e 
suplício. Num interrogatório há perguntas e 
respostas. No suplício, o que se busca é a 
submissão. O “supremo opróbrio” é cometido 
pelo torturador, não pelo preso. Quando a 
vítima fala, suas respostas são produto de sua 
dolorosa submissão à vontadedo torturador, e 
não das perguntas que ele lhe fez. Prova disso 
está no fato de que nos cárceres soviéticos 
milhares de presos confessaram coisas que 
jamais lhes haviam passado pela cabeça, 
permitindo ao stalinismo construir suas 
catedrais conspiratórias. 
O poder absoluto que o torturador tem de 
infligir sofrimento à sua vítima transforma-se 
em elemento de controle sobre seu corpo. No 
meio da selva amazônica, espancando um 
caboclo analfabeto que pedia ajuda divina para 
sustar os padecimentos, um torturador 
resumiria sua onipotência embutida: “Que Deus 
que nada, porque Deus aqui é nós mesmo”. A 
mente insubmissa torna-se vítima de sua 
carcaça, que é, a um só tempo, repasto do 
sofrimento e presa do inimigo. “O preso só 
lastima uma coisa: o ‘diabo’ do corpo continua 
aguentando”, lembraria o dirigente comunista 
Marco Antônio Coelho. Ainda que a certa altura 
a mente prefira a morte à confissão, aquele 
corpo dolorido se mantém vivo, permitindo o 
suplício. 
(GASPARI, Hélio. A ditadura escancarada. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2002. p. 37-41. Texto 
adaptado.) 
01. Conservou-se no extrato transcrito o título do 
texto de onde ele foi extraído, “A dor”, mas, em 
nenhum momento, o vocábulo dor é empregado. 
Parece até que a ideia-núcleo do texto é a tortura 
de tanto que essa palavra aparece. O leitor, porém, 
deve estabelecer as relações que o levarão a 
justificar o título. Leia o que se diz sobre a questão.
I. Há entre dor e tortura uma relação de
semelhança que leva o leitor a associar as
duas.
II. Existe, no texto, uma retomada do título por
meio de palavras ou expressões que remetem,
indiretamente, à palavra “dor”, que, por sua
vez, tem uma relação de contiguidade com o
vocábulo “tortura”.
III. Há, no texto, um jogo com o vocábulo “suplício”
e as suas variadas acepções. “Suplício” (linha
21) tanto pode nomear a própria tortura como
o que a tortura provoca.
Está correto o que se diz em 
A) I, II e III.
B) I e II apenas.
C) I e III apenas.
D) II e III apenas.
02. O primeiro parágrafo contém elementos que 
dão ao leitor condição de, partindo da perspectiva do 
torturador, tirar conclusões acerca da lógica do 
sistema que tortura e, consequentemente, dos 
torturadores. Marque V para o que for verdadeiro e F 
para o que for falso.
( ) Se o preso fala e diz o que o torturador quer 
saber, não há por que condenar a tortura. 
( ) Na relação torturador/torturado, só interessa 
ao primeiro a confissão do segundo. 
( ) A lógica da teoria da funcionalidade da tortura 
está resumida em uma frase atribuída a 
Maquiavel: Os fins justificam os meios. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) V, V, V.
B) V, F, V.
C) F, F, V.
D) V, V, F.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 16/11/2014. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 3 
03. Assinale a opção que NÃO expressa com 
clareza a funcionalidade da tortura.
A) “O preso não quer falar, apanha e fala.” (linhas
2-3)
B) “Quando a vítima fala, suas respostas são
produto de sua dolorosa submissão à vontade do
torturador, e não das perguntas que ele lhe fez.”
(linhas 23-26)
C) “A mente insubmissa torna-se vítima de sua
carcaça, que é, a um só tempo, repasto do
sofrimento e presa do inimigo.” (linhas 39-42)
D) “nos cárceres soviéticos milhares de presos
confessaram coisas que jamais lhes haviam
passado pela cabeça.” (linhas 27-29)
04. Escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou 
falso o que se afirma sobre os seguintes enunciados: 
“Essa é a hipérbole virtuosa do torturador. 
Assemelha-se ao ato cirúrgico, extraindo da vítima 
algo maligno que ela não expeliria sem agressão”.
(linhas 14-17)
( ) O enunciado hiperbólico é aquele cuja ênfase 
expressiva resulta da suavização e da 
minimização da significação linguística. 
Registra-se, no excerto transcrito, um exemplo 
desse processo. 
( ) O símile do enunciado em questão, como todos 
os outros símiles, traz explícitos os dois termos 
da comparação. Quando ele torna o texto mais 
expressivo, mais rico em significações, diz-se 
que ele é um elemento estilístico, tem 
funcionalidade textual. 
( ) Com as comparações desse excerto, o 
enunciador consegue dar uma impressão viva 
da intensidade da dor. 
( ) Assim como um médico extirpa um tumor 
maligno, em um processo extremamente 
doloroso, mas que salva a vida de uma pessoa, 
um torturador inflige ao preso uma enorme dor 
para lhe arrancar informações. Essa dor, no 
entanto, vai salvar-lhe a vida, porque porá fim 
à tortura. É essa a lógica da tortura. 
( ) No excerto há duas comparações que trazem 
um dos termos fora desses enunciados: a 
primeira, entre o “ato cirúrgico” e a “tortura”; a 
segunda, entre o “algo maligno” e o que o 
torturado guarda para si e não quer revelar ao 
torturador. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, V, V, V.
B) F, F, F, V, V.
C) V, V, V, F, F.
D) F, V, V, F, V.
05. Ao longo do texto, a palavra “tortura” é 
substituída por outras, em um processo que se 
conhece como anáfora. Nesta questão, lidamos com 
duas anáforas de tortura: “suplício” (linha 21);
“supremo opróbrio” (linha 22). Atente ao que se diz a 
respeito dessas anáforas.
I. O vocábulo “tortura” e suas anáforas –
“suplício” e “opróbrio” – estão em uma ordem
aleatória, casual. Poder-se-ia mudar a ordem
em que foram distribuídos e o texto não seria
prejudicado em nenhum nível.
II. A ordem em que os três vocábulos – “tortura”,
“suplício” e “opróbrio” – estão dispostos no
texto indica uma intenção argumentativa do
enunciador, isto é, uma intenção de convencer
o leitor sobre as ideias que expressa. Esse
cunho argumentativo intensifica-se com o
adjetivo “supremo”.
III. O vocábulo supremo significa “que está acima
de qualquer coisa; que se encontra no limite
máximo”. Assim, esse adjetivo modaliza o
discurso do enunciador. Mostra a relação dele
com o que está dizendo. No caso do texto, essa
relação é de conteúdo assumido: o enunciador
assume totalmente o conteúdo do que diz.
Está correto o que se afirma em 
A) I, II e III.
B) II e III apenas.
C) I e III apenas.
D) I e II apenas.
06. O dicionário Houaiss eletrônico dá para o 
vocábulo “suplício” acepções variadas quase todas 
relacionadas ao sofrimento físico. Já para o 
substantivo “opróbrio”, as acepções são ligadas ao 
sofrimento moral e psicológico. Diante do exposto 
sobre a significação desses dois vocábulos, assinale a 
assertiva verdadeira.
A) A tortura pode ser somente física. O psicológico
e o moral não podem sofrer o efeito da tortura
física, uma vez que estão no patamar não
material, libertos das amarras dos sentidos.
B) O texto mostra que, na realidade, não há
confusão entre interrogatório e suplício.
C) Existe mais de um tipo de tortura, os quais não
se associam.
D) No texto, “supremo opróbrio” é o ponto máximo
a que se pode chegar em tortura. Isso se dá
quando a tortura física atinge os níveis
psicológico e moral.
01.
2015.2
Texto para a próxima questão.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 2 
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
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A própria menina se prende muito a ele, que 
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora 
ela se ponha mocinha: encolhese na poltrona da 
sala sob a luz do abajur e lê a revista de 
quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa. 
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis 
no clube, saltando com energia para dentro do 
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas 
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o 
amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a 
mãe da menina pelo caminho de pedra do 
jardim:as duas cabeças – a loira e a preta de 
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com 
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de 
fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar 
no escritório. 
 O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu 
pequeno automóvel e é muito delicado. 
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até 
mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal 
da Alfândega. 
 Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a 
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para 
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em 
companhia do comandante do cargueiro, em 
camarote especial. Então respira o ar marítimo 
no alto do convés, os braços muito brancos e 
descarnados, na camisa leve de mangas curtas. 
 A fortuna de origem é da mulher: as velhas 
casas no centro da cidade, os antigos armazéns, 
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina
 Saem os dois à noite e ele para o seu próprio 
automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto 
brigaram mais uma vez, porque ela volta para 
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o 
lencinho bordado. Recolhese a seu quarto (ela e 
seu Feldmann dormem em quartos separados). 
Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel 
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo 
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de 
sua janela é um retângulo de luz na noite. 
(Moreira Campos. In – contos 
II. 1969. p. 120122. Originalmente publicado na obra
. Texto adaptado.)
 Além de caracterizarse pela unidade
dramática, o conto caracterizase pela unidade de
tom, isto é, pela impressão única que ele deve deixar
no leitor, impressão que pode ser de pavor, piedade,
ódio, simpatia, antipatia, acordo, ternura, indiferença,
dentre muitas outras.
Assinale a impressão que o conto “O amigo da casa”, 
em função da própria relação entre as personagens, 
 deve deixar no leitor. 
A) Terror.
B) Desconsideração.
C) Indiferença.
D) Hipocrisia.
 O início e o final de um conto são
importantíssimos: o início porque conquista e seduz,
ou afasta o leitor; o final, porque, via de regra,
corresponde ao clímax da história. O desfecho de um
conto pode ser de duas ordens: enigmático,
imprevisível, surpreendente (maior incidência no
conto tradicional); destituído de enigma, surpresa ou
imprevisto (maior incidência no conto moderno).
Escreva  ou , conforme seja verdadeiro ou falso o
que se diz sobre o começo e o fim do texto 1.
( ) O início do conto (texto 1) peca literariamente 
por ser impreciso ao introduzir as personagens, 
pois não as nomeia; referese a elas usando 
pronome – “ele”, “ela” – e sintagmas nominais 
– “o amigo da casa”, “a menina”, o que as
despersonaliza.
( ) A despersonalização dos actantes não é, em 
tese, a melhor técnica narrativa, uma vez que 
pode dificultar o entendimento do leitor. 
( ) O epílogo do conto (texto 1) é destituído de 
enigma, surpresa ou mistério. A falta desse 
elemento de surpresa aproxima o conto em 
pauta do conto moderno. 
( ) O emprego do vocábulo “própria” no início do 
texto sugere continuidade. Esse vocábulo, na 
posição em que se encontra parece exigir um 
pressuposto, no caso em foco, o pressuposto 
de que 
 É como se o 
narrador estivesse retomando uma narrativa 
interrompida. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) V, F, V, F.
B) F, F, V, V.
C) V, V, F, F.
D) F, V, F, V.
CONHECIMENTOS GERAIS OSG: 1036/21
UECE – 2015.1 A 2020.2
(POR ASSUNTO)
10
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
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A própria menina se prende muito a ele, que 
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora 
ela se ponha mocinha: encolhese na poltrona da 
sala sob a luz do abajur e lê a revista de 
quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa. 
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis 
no clube, saltando com energia para dentro do 
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas 
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o 
amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a 
mãe da menina pelo caminho de pedra do 
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de 
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com 
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de 
fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar 
no escritório. 
 O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu 
pequeno automóvel e é muito delicado. 
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até 
mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal 
da Alfândega. 
 Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a 
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para 
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em 
companhia do comandante do cargueiro, em 
camarote especial. Então respira o ar marítimo 
no alto do convés, os braços muito brancos e 
descarnados, na camisa leve de mangas curtas. 
 A fortuna de origem é da mulher: as velhas 
casas no centro da cidade, os antigos armazéns, 
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina
 Saem os dois à noite e ele para o seu próprio 
automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto 
brigaram mais uma vez, porque ela volta para 
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o 
lencinho bordado. Recolhese a seu quarto (ela e 
seu Feldmann dormem em quartos separados). 
Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel 
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo 
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de 
sua janela é um retângulo de luz na noite. 
(Moreira Campos. In – contos 
II. 1969. p. 120122. Originalmente publicado na obra
. Texto adaptado.)
 Além de caracterizarse pela unidade
dramática, o conto caracterizase pela unidade de
tom, isto é, pela impressão única que ele deve deixar
no leitor, impressão que pode ser de pavor, piedade,
ódio, simpatia, antipatia, acordo, ternura, indiferença,
dentre muitas outras.
Assinale a impressão que o conto “O amigo da casa”, 
em função da própria relação entre as personagens, 
 deve deixar no leitor. 
A) Terror.
B) Desconsideração.
C) Indiferença.
D) Hipocrisia.
 O início e o final de um conto são
importantíssimos: o início porque conquista e seduz,
ou afasta o leitor; o final, porque, via de regra,
corresponde ao clímax da história. O desfecho de um
conto pode ser de duas ordens: enigmático,
imprevisível, surpreendente (maior incidência no
conto tradicional); destituído de enigma, surpresa ou
imprevisto (maior incidência no conto moderno).
Escreva  ou , conforme seja verdadeiro ou falso o
que se diz sobre o começo e o fim do texto 1.
( ) O início do conto (texto 1) peca literariamente 
por ser impreciso ao introduzir as personagens, 
pois não as nomeia; referese a elas usando 
pronome – “ele”, “ela” – e sintagmas nominais 
– “o amigo da casa”, “a menina”, o que as
despersonaliza.
( ) A despersonalização dos actantes não é, em 
tese, a melhor técnica narrativa, uma vez que 
pode dificultar o entendimento do leitor. 
( ) O epílogo do conto (texto 1) é destituído de 
enigma, surpresa ou mistério. A falta desse 
elemento de surpresa aproxima o conto em 
pauta do conto moderno. 
( ) O emprego do vocábulo “própria” no início do 
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pressuposto, no caso em foco, o pressuposto 
de que 
 É como se o 
narrador estivesse retomando uma narrativa 
interrompida. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) V, F, V, F.
B) F, F, V, V.
C) V, V, F, F.
D) F, V, F, V.
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VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 2 
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A própria menina se prende muito a ele, que 
ainda lhe trouxe a última boneca, embora agora 
ela se ponha mocinha: encolhese na poltrona da 
sala sob a luz do abajur e lê a revista de 
quadrinhos. Ele é alemão como o dono da casa. 
Tem apartamento no hotel da praia e joga tênis 
no clube, saltando com energia para dentro do 
campo, a raquete na mão. Assiste às partidas 
girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o 
amigo da casa. Depois do jantar, passeia com a 
mãe da menina pelo caminho de pedra do 
jardim: as duas cabeças – a loira e a preta de 
cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com 
entradas da calva. Ele chupa o cachimbo de 
fumo cheiroso, que o moço de bordo vai deixar 
no escritório. 
 O dono da casa é Seu Feldmann. Dirige o seu 
pequeno automóvel e é muito delicado. 
Cumprimenta sempre todos os vizinhos, até 
mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal 
da Alfândega. 
 Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a 
cabeça. Compra marcos a bordo e no banco para 
a sua viagem regular à Alemanha. Viaja em 
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camarote especial. Então respira o ar marítimo 
no alto do convés, os braços muito brancos e 
descarnados, na camisa leve de mangas curtas. 
 A fortuna de origem é da mulher: as velhas 
casas no centro da cidade, os antigos armazéns, 
o sítio da serra, de onde ela desce aos domingos
em companhia do outro, que é o amigo da casa,
e da menina
 Saem os dois à noite e ele para o seu próprio 
automóvel sob os coqueiros na praia. Decerto 
brigaram mais uma vez, porque ela volta para 
casa de olhos vermelhos, enrolando nos dedos o 
lencinho bordado. Recolhese a seu quarto (ela e 
seu Feldmann dormem em quartos separados). 
Trila o apito do guarda. Os faróis do automóvel 
na rua pincelam de luz as paredes, tiram reflexo 
do espelho. Ela permanece insone: o vidro de 
sua janela é um retângulo de luz na noite. 
(Moreira Campos. In – contos 
II. 1969. p. 120122. Originalmente publicado na obra
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 Além de caracterizarse pela unidade
dramática, o conto caracterizase pela unidade de
tom, isto é, pela impressão única que ele deve deixar
no leitor, impressão que pode ser de pavor, piedade,
ódio, simpatia, antipatia, acordo, ternura, indiferença,
dentre muitas outras.
Assinale a impressão que o conto “O amigo da casa”, 
em função da própria relação entre as personagens, 
 deve deixar no leitor. 
A) Terror.
B) Desconsideração.
C) Indiferença.
D) Hipocrisia.
 O início e o final de um conto são
importantíssimos: o início porque conquista e seduz,
ou afasta o leitor; o final, porque, via de regra,
corresponde ao clímax da história. O desfecho de um
conto pode ser de duas ordens: enigmático,
imprevisível, surpreendente (maior incidência no
conto tradicional); destituído de enigma, surpresa ou
imprevisto (maior incidência no conto moderno).
Escreva  ou , conforme seja verdadeiro ou falso o
que se diz sobre o começo e o fim do texto 1.
( ) O início do conto (texto 1) peca literariamente 
por ser impreciso ao introduzir as personagens, 
pois não as nomeia; referese a elas usando 
pronome – “ele”, “ela” – e sintagmas nominais 
– “o amigo da casa”, “a menina”, o que as
despersonaliza.
( ) A despersonalização dos actantes não é, em 
tese, a melhor técnica narrativa, uma vez que 
pode dificultar o entendimento do leitor. 
( ) O epílogo do conto (texto 1) é destituído de 
enigma, surpresa ou mistério. A falta desse 
elemento de surpresa aproxima o conto em 
pauta do conto moderno. 
( ) O emprego do vocábulo “própria” no início do 
texto sugere continuidade. Esse vocábulo, na 
posição em que se encontra parece exigir um 
pressuposto, no caso em foco, o pressuposto 
de que 
 É como se o 
narrador estivesse retomando uma narrativa 
interrompida. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) V, F, V, F.
B) F, F, V, V.
C) V, V, F, F.
D) F, V, F, V.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 4 
 O conto apresenta quatro personagens, das
quais somente uma é nomeada: Seu Feldmann, o
dono da casa. Assinale a opção que expressa uma
justificativa plausível para essa ocorrência no conto.
A) O Senhor Feldmann é, afinal, a personagem mais
importante do conto, por ser ele o dono da casa
onde as outras personagens atuam.
B) A menina, muito novinha, não tem importância
no tipo de enredo que o conto apresenta.
C) As personagens não nomeadas são tipos que se
distinguem não pelo nome, mas pela função que
exercem na sociedade e que a literatura explora.
Dois desses tipos são o homem conquistador e a
mulher conquistada.
D) As três personagens não nomeadas formam um
grupo de oposição ao Senhor Feldmann, cuja
existência atrapalha a felicidade deles. Eles
querem uma vida em família na qual nenhuma
pessoa interfira.
 Reflita sobre a maneira como o “amigo da casa”
é apresentado no conto. Leia o que se diz sobre essa
apresentação.
I. O “amigo da casa” é introduzido no texto pelo
pronome “ele” (linha 1), que se repete
anaforicamente nas linhas 5, 14 e 34.
II. Ao longo da leitura do conto, o referente,
expresso primeiramente pelo pronome “ele”,
vaise delineando, ganhando contorno em nossa
mente. Esses contornos fazemse e refazemse
com o concurso de anáforas, mas também de
expressões não anafóricas espalhadas pelo
texto.
III. Da linha 6 à 10 aparecem informações que não
podem entrar no processo de construção do
perfil da personagem, por serem frases
construídas com verbos nocionais.
Está correto o que se diz apenas em 
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) III.
 Atente ao que se diz sobre algumas ocorrências
do texto e assinale com o que for verdadeiro e com
 o que for falso.
( ) O pronome “outro”, como todo vocábulo da 
língua portuguesa, pode substantivarse. Foi o 
que aconteceu com o pronome “outro” da linha 
32. 
( ) A expressão “(d)o outro” (linha 32) é ambígua. 
Ela significa “outra pessoa”. Em alguns estados 
brasileiros, entretanto, ela é usada também 
para fazer referência ao homem (o outro) e/ou 
à mulher (a outra) que protagonizam uma 
relação extraconjugal. Trabalhar essa 
ambiguidade no texto em estudo foi uma ideia 
feliz. 
( ) Em “sua viagem regular à Alemanha” (linha 
24), o adjetivo “regular” foi empregado no 
sentido de ”aquilo que se dá em conformidade 
com a lei, com as regras, com a praxe”. 
( ) No enunciado: “Decerto brigaram mais uma 
vez, porque ela volta para casa de olhos 
vermelhos, enrolando nos dedos o lencinho 
bordado” (linhas 3538), a conjunção “porque” 
empresta à oração que é iniciada por ela o 
valor semântico de explicação. 
( ) A informação de que a mulher enrolava “nos 
dedos o lencinho bordado” (linhas 3738) não é 
gratuita no conto. Ao contrário, tem uma 
função: mostrar o estado da mulher, seu 
nervosismo, sua angústia. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, F, V, F.
B) F, F, V, F, V.
C) V, V, F, V, V.
D) V, F, V, F, F.
 Atente ao trecho recortado do conto e marque a
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo da
casa, e da menina” (linhas 2933).
A) Reescrito da seguinte maneira, isto é,
eliminandose a vírgula que vem depois do
vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo
sentido: A fortuna de origem é da mulher:as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina.
B) As duas orações seguintes: “de onde ela desce
aos domingos em companhia do outro” e “Que é
o amigo da casa, e da menina” restringem o
sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”.
C) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher”
tem o mesmo significado e as mesmas
conotações deste outro enunciado: A origem da
fortuna é a mulher.
D) Incorreria em erro (pelos parâmetros da
Gramática Normativa) a pessoa que pusesse uma
vírgula depois de “domingos”, em “o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em
companhia do outro”.
02.
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VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 4 
 O conto apresenta quatro personagens, das
quais somente uma é nomeada: Seu Feldmann, o
dono da casa. Assinale a opção que expressa uma
justificativa plausível para essa ocorrência no conto.
A) O Senhor Feldmann é, afinal, a personagem mais
importante do conto, por ser ele o dono da casa
onde as outras personagens atuam.
B) A menina, muito novinha, não tem importância
no tipo de enredo que o conto apresenta.
C) As personagens não nomeadas são tipos que se
distinguem não pelo nome, mas pela função que
exercem na sociedade e que a literatura explora.
Dois desses tipos são o homem conquistador e a
mulher conquistada.
D) As três personagens não nomeadas formam um
grupo de oposição ao Senhor Feldmann, cuja
existência atrapalha a felicidade deles. Eles
querem uma vida em família na qual nenhuma
pessoa interfira.
 Reflita sobre a maneira como o “amigo da casa”
é apresentado no conto. Leia o que se diz sobre essa
apresentação.
I. O “amigo da casa” é introduzido no texto pelo
pronome “ele” (linha 1), que se repete
anaforicamente nas linhas 5, 14 e 34.
II. Ao longo da leitura do conto, o referente,
expresso primeiramente pelo pronome “ele”,
vaise delineando, ganhando contorno em nossa
mente. Esses contornos fazemse e refazemse
com o concurso de anáforas, mas também de
expressões não anafóricas espalhadas pelo
texto.
III. Da linha 6 à 10 aparecem informações que não
podem entrar no processo de construção do
perfil da personagem, por serem frases
construídas com verbos nocionais.
Está correto o que se diz apenas em 
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) III.
 Atente ao que se diz sobre algumas ocorrências
do texto e assinale com o que for verdadeiro e com
 o que for falso.
( ) O pronome “outro”, como todo vocábulo da 
língua portuguesa, pode substantivarse. Foi o 
que aconteceu com o pronome “outro” da linha 
32. 
( ) A expressão “(d)o outro” (linha 32) é ambígua. 
Ela significa “outra pessoa”. Em alguns estados 
brasileiros, entretanto, ela é usada também 
para fazer referência ao homem (o outro) e/ou 
à mulher (a outra) que protagonizam uma 
relação extraconjugal. Trabalhar essa 
ambiguidade no texto em estudo foi uma ideia 
feliz. 
( ) Em “sua viagem regular à Alemanha” (linha 
24), o adjetivo “regular” foi empregado no 
sentido de ”aquilo que se dá em conformidade 
com a lei, com as regras, com a praxe”. 
( ) No enunciado: “Decerto brigaram mais uma 
vez, porque ela volta para casa de olhos 
vermelhos, enrolando nos dedos o lencinho 
bordado” (linhas 3538), a conjunção “porque” 
empresta à oração que é iniciada por ela o 
valor semântico de explicação. 
( ) A informação de que a mulher enrolava “nos 
dedos o lencinho bordado” (linhas 3738) não é 
gratuita no conto. Ao contrário, tem uma 
função: mostrar o estado da mulher, seu 
nervosismo, sua angústia. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, F, V, F.
B) F, F, V, F, V.
C) V, V, F, V, V.
D) V, F, V, F, F.
 Atente ao trecho recortado do conto e marque a
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo da
casa, e da menina” (linhas 2933).
A) Reescrito da seguinte maneira, isto é,
eliminandose a vírgula que vem depois do
vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo
sentido: A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina.
B) As duas orações seguintes: “de onde ela desce
aos domingos em companhia do outro” e “Que é
o amigo da casa, e da menina” restringem o
sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”.
C) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher”
tem o mesmo significado e as mesmas
conotações deste outro enunciado: A origem da
fortuna é a mulher.
D) Incorreria em erro (pelos parâmetros da
Gramática Normativa) a pessoa que pusesse uma
vírgula depois de “domingos”, em “o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em
companhia do outro”.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 4 
 O conto apresenta quatro personagens, das
quais somente uma é nomeada: Seu Feldmann, o
dono da casa. Assinale a opção que expressa uma
justificativa plausível para essa ocorrência no conto.
A) O Senhor Feldmann é, afinal, a personagem mais
importante do conto, por ser ele o dono da casa
onde as outras personagens atuam.
B) A menina, muito novinha, não tem importância
no tipo de enredo que o conto apresenta.
C) As personagens não nomeadas são tipos que se
distinguem não pelo nome, mas pela função que
exercem na sociedade e que a literatura explora.
Dois desses tipos são o homem conquistador e a
mulher conquistada.
D) As três personagens não nomeadas formam um
grupo de oposição ao Senhor Feldmann, cuja
existência atrapalha a felicidade deles. Eles
querem uma vida em família na qual nenhuma
pessoa interfira.
 Reflita sobre a maneira como o “amigo da casa”
é apresentado no conto. Leia o que se diz sobre essa
apresentação.
I. O “amigo da casa” é introduzido no texto pelo
pronome “ele” (linha 1), que se repete
anaforicamente nas linhas 5, 14 e 34.
II. Ao longo da leitura do conto, o referente,
expresso primeiramente pelo pronome “ele”,
vaise delineando, ganhando contorno em nossa
mente. Esses contornos fazemse e refazemse
com o concurso de anáforas, mas também de
expressões não anafóricas espalhadas pelo
texto.
III. Da linha 6 à 10 aparecem informações que não
podem entrar no processo de construção do
perfil da personagem, por serem frases
construídas com verbos nocionais.
Está correto o que se diz apenas em 
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) III.
 Atente ao que se diz sobre algumas ocorrências
do texto e assinale com o que for verdadeiro e com
 o que for falso.
( ) O pronome “outro”, como todo vocábulo da 
língua portuguesa, pode substantivarse. Foi o 
que aconteceu com o pronome “outro” da linha 
32. 
( ) A expressão “(d)o outro” (linha 32) é ambígua. 
Ela significa “outra pessoa”. Em alguns estados 
brasileiros, entretanto, ela é usada também 
para fazer referência ao homem (o outro) e/ou 
à mulher (a outra) que protagonizam uma 
relação extraconjugal. Trabalhar essa 
ambiguidade no texto em estudo foi uma ideia 
feliz. 
( ) Em “sua viagem regular à Alemanha” (linha 
24), o adjetivo “regular” foi empregado no 
sentido de ”aquilo que se dá em conformidade 
com a lei, com as regras, com a praxe”. 
( ) No enunciado: “Decerto brigaram mais uma 
vez, porque ela volta para casa de olhos 
vermelhos, enrolando nos dedos o lencinho 
bordado” (linhas 3538), a conjunção “porque” 
empresta à oração que é iniciada por ela o 
valor semântico de explicação. 
( ) A informação de que a mulher enrolava “nos 
dedos o lencinho bordado” (linhas 3738) não é 
gratuita no conto. Ao contrário, tem uma 
função: mostrar oestado da mulher, seu 
nervosismo, sua angústia. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, F, V, F.
B) F, F, V, F, V.
C) V, V, F, V, V.
D) V, F, V, F, F.
 Atente ao trecho recortado do conto e marque a
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo da
casa, e da menina” (linhas 2933).
A) Reescrito da seguinte maneira, isto é,
eliminandose a vírgula que vem depois do
vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo
sentido: A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina.
B) As duas orações seguintes: “de onde ela desce
aos domingos em companhia do outro” e “Que é
o amigo da casa, e da menina” restringem o
sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”.
C) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher”
tem o mesmo significado e as mesmas
conotações deste outro enunciado: A origem da
fortuna é a mulher.
D) Incorreria em erro (pelos parâmetros da
Gramática Normativa) a pessoa que pusesse uma
vírgula depois de “domingos”, em “o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em
companhia do outro”.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 4 
 O conto apresenta quatro personagens, das
quais somente uma é nomeada: Seu Feldmann, o
dono da casa. Assinale a opção que expressa uma
justificativa plausível para essa ocorrência no conto.
A) O Senhor Feldmann é, afinal, a personagem mais
importante do conto, por ser ele o dono da casa
onde as outras personagens atuam.
B) A menina, muito novinha, não tem importância
no tipo de enredo que o conto apresenta.
C) As personagens não nomeadas são tipos que se
distinguem não pelo nome, mas pela função que
exercem na sociedade e que a literatura explora.
Dois desses tipos são o homem conquistador e a
mulher conquistada.
D) As três personagens não nomeadas formam um
grupo de oposição ao Senhor Feldmann, cuja
existência atrapalha a felicidade deles. Eles
querem uma vida em família na qual nenhuma
pessoa interfira.
 Reflita sobre a maneira como o “amigo da casa”
é apresentado no conto. Leia o que se diz sobre essa
apresentação.
I. O “amigo da casa” é introduzido no texto pelo
pronome “ele” (linha 1), que se repete
anaforicamente nas linhas 5, 14 e 34.
II. Ao longo da leitura do conto, o referente,
expresso primeiramente pelo pronome “ele”,
vaise delineando, ganhando contorno em nossa
mente. Esses contornos fazemse e refazemse
com o concurso de anáforas, mas também de
expressões não anafóricas espalhadas pelo
texto.
III. Da linha 6 à 10 aparecem informações que não
podem entrar no processo de construção do
perfil da personagem, por serem frases
construídas com verbos nocionais.
Está correto o que se diz apenas em 
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) III.
 Atente ao que se diz sobre algumas ocorrências
do texto e assinale com o que for verdadeiro e com
 o que for falso.
( ) O pronome “outro”, como todo vocábulo da 
língua portuguesa, pode substantivarse. Foi o 
que aconteceu com o pronome “outro” da linha 
32. 
( ) A expressão “(d)o outro” (linha 32) é ambígua. 
Ela significa “outra pessoa”. Em alguns estados 
brasileiros, entretanto, ela é usada também 
para fazer referência ao homem (o outro) e/ou 
à mulher (a outra) que protagonizam uma 
relação extraconjugal. Trabalhar essa 
ambiguidade no texto em estudo foi uma ideia 
feliz. 
( ) Em “sua viagem regular à Alemanha” (linha 
24), o adjetivo “regular” foi empregado no 
sentido de ”aquilo que se dá em conformidade 
com a lei, com as regras, com a praxe”. 
( ) No enunciado: “Decerto brigaram mais uma 
vez, porque ela volta para casa de olhos 
vermelhos, enrolando nos dedos o lencinho 
bordado” (linhas 3538), a conjunção “porque” 
empresta à oração que é iniciada por ela o 
valor semântico de explicação. 
( ) A informação de que a mulher enrolava “nos 
dedos o lencinho bordado” (linhas 3738) não é 
gratuita no conto. Ao contrário, tem uma 
função: mostrar o estado da mulher, seu 
nervosismo, sua angústia. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, F, V, F.
B) F, F, V, F, V.
C) V, V, F, V, V.
D) V, F, V, F, F.
 Atente ao trecho recortado do conto e marque a
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo da
casa, e da menina” (linhas 2933).
A) Reescrito da seguinte maneira, isto é,
eliminandose a vírgula que vem depois do
vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo
sentido: A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina.
B) As duas orações seguintes: “de onde ela desce
aos domingos em companhia do outro” e “Que é
o amigo da casa, e da menina” restringem o
sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”.
C) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher”
tem o mesmo significado e as mesmas
conotações deste outro enunciado: A origem da
fortuna é a mulher.
D) Incorreria em erro (pelos parâmetros da
Gramática Normativa) a pessoa que pusesse uma
vírgula depois de “domingos”, em “o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em
companhia do outro”.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2015.2 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 14/06/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 4 
 O conto apresenta quatro personagens, das
quais somente uma é nomeada: Seu Feldmann, o
dono da casa. Assinale a opção que expressa uma
justificativa plausível para essa ocorrência no conto.
A) O Senhor Feldmann é, afinal, a personagem mais
importante do conto, por ser ele o dono da casa
onde as outras personagens atuam.
B) A menina, muito novinha, não tem importância
no tipo de enredo que o conto apresenta.
C) As personagens não nomeadas são tipos que se
distinguem não pelo nome, mas pela função que
exercem na sociedade e que a literatura explora.
Dois desses tipos são o homem conquistador e a
mulher conquistada.
D) As três personagens não nomeadas formam um
grupo de oposição ao Senhor Feldmann, cuja
existência atrapalha a felicidade deles. Eles
querem uma vida em família na qual nenhuma
pessoa interfira.
 Reflita sobre a maneira como o “amigo da casa”
é apresentado no conto. Leia o que se diz sobre essa
apresentação.
I. O “amigo da casa” é introduzido no texto pelo
pronome “ele” (linha 1), que se repete
anaforicamente nas linhas 5, 14 e 34.
II. Ao longo da leitura do conto, o referente,
expresso primeiramente pelo pronome “ele”,
vaise delineando, ganhando contorno em nossa
mente. Esses contornos fazemse e refazemse
com o concurso de anáforas, mas também de
expressões não anafóricas espalhadas pelo
texto.
III. Da linha 6 à 10 aparecem informações que não
podem entrar no processo de construção do
perfil da personagem, por serem frases
construídas com verbos nocionais.
Está correto o que se diz apenas em 
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) III.
 Atente ao que se diz sobre algumas ocorrências
do texto e assinale com o que for verdadeiro e com
 o que for falso.
( ) O pronome “outro”, como todo vocábulo da 
língua portuguesa, pode substantivarse. Foi o 
que aconteceu com o pronome “outro” da linha 
32. 
( ) A expressão “(d)o outro” (linha 32) é ambígua. 
Ela significa “outra pessoa”. Em alguns estados 
brasileiros, entretanto, ela é usada também 
para fazer referência ao homem (o outro) e/ou 
à mulher (a outra) que protagonizam uma 
relação extraconjugal. Trabalhar essa 
ambiguidade notexto em estudo foi uma ideia 
feliz. 
( ) Em “sua viagem regular à Alemanha” (linha 
24), o adjetivo “regular” foi empregado no 
sentido de ”aquilo que se dá em conformidade 
com a lei, com as regras, com a praxe”. 
( ) No enunciado: “Decerto brigaram mais uma 
vez, porque ela volta para casa de olhos 
vermelhos, enrolando nos dedos o lencinho 
bordado” (linhas 3538), a conjunção “porque” 
empresta à oração que é iniciada por ela o 
valor semântico de explicação. 
( ) A informação de que a mulher enrolava “nos 
dedos o lencinho bordado” (linhas 3738) não é 
gratuita no conto. Ao contrário, tem uma 
função: mostrar o estado da mulher, seu 
nervosismo, sua angústia. 
Está correta, de cima para baixo, a seguinte 
sequência: 
A) F, V, F, V, F.
B) F, F, V, F, V.
C) V, V, F, V, V.
D) V, F, V, F, F.
 Atente ao trecho recortado do conto e marque a
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo da
casa, e da menina” (linhas 2933).
A) Reescrito da seguinte maneira, isto é,
eliminandose a vírgula que vem depois do
vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo
sentido: A fortuna de origem é da mulher: as
velhas casas no centro da cidade, os antigos
armazéns, o sítio da serra, de onde ela desce aos
domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina.
B) As duas orações seguintes: “de onde ela desce
aos domingos em companhia do outro” e “Que é
o amigo da casa, e da menina” restringem o
sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”.
C) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher”
tem o mesmo significado e as mesmas
conotações deste outro enunciado: A origem da
fortuna é a mulher.
D) Incorreria em erro (pelos parâmetros da
Gramática Normativa) a pessoa que pusesse uma
vírgula depois de “domingos”, em “o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em
companhia do outro”.
2016.1
Texto para a próxima questão.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2016.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 15/11/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 3 
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto 1 
O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), 
do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se 
essa obra no gênero memorialístico, que é 
predominantemente narrativo. Nesse gênero, são 
contados episódios verídicos ou baseadas em fatos 
reais, que ficaram na memória do autor. Isso o 
distingue da biografia, que se propõe contar a história 
de uma pessoa específica. 
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48 
49 
50 
O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 
Andrade é autor do conto “Quando minha avó 
morreu”. Sei por ele que é uma história 
autobiográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, 
aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia 
profundamente corrupto. Violava as promessas 
feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 
desabridamente; faltava às aulas para tomar 
banho no rio e pescar na Barroca com 
companheiros vadios; furtava pratinhas de dois 
mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o 
amigo também abracei a senda do crime e 
enveredei pela do furto... Amante das artes 
plásticas desde cedo, educado no culto do belo, 
eu não pude me conter. Eram duas coleções de 
postais pertencentes a minha prima Maria Luísa 
Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – 
do idílio infantil ao navio desmantelado na 
procela. Pobre Virgínia, dos cabelos 
esvoaçantes! Noutra, a de Joana d’Arc, desde os 
tempos de pastora e das vozes ao da morte. 
Pobre Joana dos cabelos em chama! Não resisti. 
Furtei, escondi e depois de longos êxtases, com 
medo, joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira 
coleção de postais – a que um carcamano, 
chamado Adriano Merlo, escrevia a uma de 
minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas 
contemplações solitárias e piquei tudo de latrina 
abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma 
nota de cinco mil-réis, do patrimônio da própria 
Inhá Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, 
comprei um livro e uma lâmpada elétrica de 
tamanho desmedido. Fui para o parque Halfeld 
com o butim de minha pirataria. Joguei o troco 
num bueiro. Como ainda não soubesse ler, 
rasguei o livro e atirei seus restos em um 
tanque. A lâmpada, enorme, esfregada, não fez 
aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer de 
mais esse cadáver na escada da Igreja de São 
Sebastião. Lá a estourei, tendo a impressão de 
ouvir os trovões e o morro do Imperador 
desabando nas minhas costas. Depois dessa 
série de atos gratuitos e delitos inúteis, voltei 
para casa. Raskólnikov. O mais estranho é que 
houve crime, e não castigo. Crime perfeito. 
Ninguém desconfiou. Minha avó não deu por 
falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das 
Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a 
infância, veio comigo pela vida afora, com a 
terrível impressão de que eu poderia reincidir 
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porque vocês sabem, cesteiro que faz um 
cesto... Só me tranquilizei anos depois, já 
médico, quando li num livro de Psicologia que só 
se deve considerar roubo o que a criança faz 
com proveito e dolo. O furto inútil é fisiológico e 
psicologicamente normal. Graças a Deus! Fiquei 
absolvido do meu ato gratuito... 
(Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 
310.) 
01. O texto de Pedro Nava tem uma estrutura
linguística que se pode demarcar com facilidade.
Atente ao que se diz sobre essa estrutura.
I. Uma das possíveis divisões dessa estrutura é a
seguinte: a primeira parte, da linha 1 à linha 11
(“mil réis”); a segunda parte, da linha 11 (“Ai!
de mim”) até a linha 47 (“cédula”); a terceira
parte, da linha 47 (“Eu fiquei”) à linha 52
(“cesto”).
II. Essa divisão apresenta uma lógica interna: o
texto começa com a referência a um amigo do
enunciador, cujos crimes serão comparados com
os crimes desse enunciador; segue com a
relação dos delitos cometidos pelo enunciador e
termina com o relato da remissão desse
enunciador pelas transgressões por ele
praticadas quando criança.
III. O emprego do pretérito imperfeito do indicativo,
entre as linhas 5 e 10, indica que as ações
expressas por esses verbos são ações que se
repetem (aspecto iterativo ou frequentativo).
Está correto o que se diz em 
A) II e III apenas.
B) I e III apenas.
C) I e II apenas.
D) I, II e III.
02. O excerto que vai da linha 1 à linha 11 (“mil
réis”) tem a seguinte função textual:
A) Apresentar parâmetro para os crimes do
enunciador.
B) Diminuir o impacto causado pelas revelações do
enunciador.
C) Mostrar que é normal a criança ainda muito nova
praticar crimes.
D) Demonstrar, com fatos, a falta de caráter de
crianças mimadas.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2016.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 15/11/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 3 
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto 1 
O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), 
do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se 
essa obra no gênero memorialístico, que é 
predominantemente narrativo. Nesse gênero, são 
contados episódios verídicos ou baseadas em fatos 
reais, que ficaram na memória do autor. Isso o 
distingue da biografia, que se propõe contar a história 
de uma pessoa específica. 
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O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 
Andrade é autor do conto “Quando minha avó 
morreu”. Sei por ele que é uma história 
autobiográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, 
aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia 
profundamente corrupto. Violava as promessas 
feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 
desabridamente; faltava às aulas para tomar 
banho no rioe pescar na Barroca com 
companheiros vadios; furtava pratinhas de dois 
mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o 
amigo também abracei a senda do crime e 
enveredei pela do furto... Amante das artes 
plásticas desde cedo, educado no culto do belo, 
eu não pude me conter. Eram duas coleções de 
postais pertencentes a minha prima Maria Luísa 
Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – 
do idílio infantil ao navio desmantelado na 
procela. Pobre Virgínia, dos cabelos 
esvoaçantes! Noutra, a de Joana d’Arc, desde os 
tempos de pastora e das vozes ao da morte. 
Pobre Joana dos cabelos em chama! Não resisti. 
Furtei, escondi e depois de longos êxtases, com 
medo, joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira 
coleção de postais – a que um carcamano, 
chamado Adriano Merlo, escrevia a uma de 
minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas 
contemplações solitárias e piquei tudo de latrina 
abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma 
nota de cinco mil-réis, do patrimônio da própria 
Inhá Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, 
comprei um livro e uma lâmpada elétrica de 
tamanho desmedido. Fui para o parque Halfeld 
com o butim de minha pirataria. Joguei o troco 
num bueiro. Como ainda não soubesse ler, 
rasguei o livro e atirei seus restos em um 
tanque. A lâmpada, enorme, esfregada, não fez 
aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer de 
mais esse cadáver na escada da Igreja de São 
Sebastião. Lá a estourei, tendo a impressão de 
ouvir os trovões e o morro do Imperador 
desabando nas minhas costas. Depois dessa 
série de atos gratuitos e delitos inúteis, voltei 
para casa. Raskólnikov. O mais estranho é que 
houve crime, e não castigo. Crime perfeito. 
Ninguém desconfiou. Minha avó não deu por 
falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das 
Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a 
infância, veio comigo pela vida afora, com a 
terrível impressão de que eu poderia reincidir 
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porque vocês sabem, cesteiro que faz um 
cesto... Só me tranquilizei anos depois, já 
médico, quando li num livro de Psicologia que só 
se deve considerar roubo o que a criança faz 
com proveito e dolo. O furto inútil é fisiológico e 
psicologicamente normal. Graças a Deus! Fiquei 
absolvido do meu ato gratuito... 
(Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 
310.) 
01. O texto de Pedro Nava tem uma estrutura
linguística que se pode demarcar com facilidade.
Atente ao que se diz sobre essa estrutura.
I. Uma das possíveis divisões dessa estrutura é a
seguinte: a primeira parte, da linha 1 à linha 11
(“mil réis”); a segunda parte, da linha 11 (“Ai!
de mim”) até a linha 47 (“cédula”); a terceira
parte, da linha 47 (“Eu fiquei”) à linha 52
(“cesto”).
II. Essa divisão apresenta uma lógica interna: o
texto começa com a referência a um amigo do
enunciador, cujos crimes serão comparados com
os crimes desse enunciador; segue com a
relação dos delitos cometidos pelo enunciador e
termina com o relato da remissão desse
enunciador pelas transgressões por ele
praticadas quando criança.
III. O emprego do pretérito imperfeito do indicativo,
entre as linhas 5 e 10, indica que as ações
expressas por esses verbos são ações que se
repetem (aspecto iterativo ou frequentativo).
Está correto o que se diz em 
A) II e III apenas.
B) I e III apenas.
C) I e II apenas.
D) I, II e III.
02. O excerto que vai da linha 1 à linha 11 (“mil
réis”) tem a seguinte função textual:
A) Apresentar parâmetro para os crimes do
enunciador.
B) Diminuir o impacto causado pelas revelações do
enunciador.
C) Mostrar que é normal a criança ainda muito nova
praticar crimes.
D) Demonstrar, com fatos, a falta de caráter de
crianças mimadas.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – COMISSÃO EXECUTIVA DO VESTIBULAR 
VESTIBULAR 2016.1 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS – 1a FASE – APLICADA EM 15/11/2015. 
O número do gabarito deste caderno de prova é 1. Página 3 
LÍNGUA PORTUGUESA
Texto 1 
O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), 
do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se 
essa obra no gênero memorialístico, que é 
predominantemente narrativo. Nesse gênero, são 
contados episódios verídicos ou baseadas em fatos 
reais, que ficaram na memória do autor. Isso o 
distingue da biografia, que se propõe contar a história 
de uma pessoa específica. 
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O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 
Andrade é autor do conto “Quando minha avó 
morreu”. Sei por ele que é uma história 
autobiográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, 
aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia 
profundamente corrupto. Violava as promessas 
feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 
desabridamente; faltava às aulas para tomar 
banho no rio e pescar na Barroca com 
companheiros vadios; furtava pratinhas de dois 
mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o 
amigo também abracei a senda do crime e 
enveredei pela do furto... Amante das artes 
plásticas desde cedo, educado no culto do belo, 
eu não pude me conter. Eram duas coleções de 
postais pertencentes a minha prima Maria Luísa 
Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – 
do idílio infantil ao navio desmantelado na 
procela. Pobre Virgínia, dos cabelos 
esvoaçantes! Noutra, a de Joana d’Arc, desde os 
tempos de pastora e das vozes ao da morte. 
Pobre Joana dos cabelos em chama! Não resisti. 
Furtei, escondi e depois de longos êxtases, com 
medo, joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira 
coleção de postais – a que um carcamano, 
chamado Adriano Merlo, escrevia a uma de 
minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas 
contemplações solitárias e piquei tudo de latrina 
abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma 
nota de cinco mil-réis, do patrimônio da própria 
Inhá Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, 
comprei um livro e uma lâmpada elétrica de 
tamanho desmedido. Fui para o parque Halfeld 
com o butim de minha pirataria. Joguei o troco 
num bueiro. Como ainda não soubesse ler, 
rasguei o livro e atirei seus restos em um 
tanque. A lâmpada, enorme, esfregada, não fez 
aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer de 
mais esse cadáver na escada da Igreja de São 
Sebastião. Lá a estourei, tendo a impressão de 
ouvir os trovões e o morro do Imperador 
desabando nas minhas costas. Depois dessa 
série de atos gratuitos e delitos inúteis, voltei 
para casa. Raskólnikov. O mais estranho é que 
houve crime, e não castigo. Crime perfeito. 
Ninguém desconfiou. Minha avó não deu por 
falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das 
Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a 
infância, veio comigo pela vida afora, com a 
terrível impressão de que eu poderia reincidir 
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porque vocês sabem, cesteiro que faz um 
cesto... Só me tranquilizei anos depois, já 
médico, quando li num livro de Psicologia que só 
se deve considerar roubo o que a criança faz 
com proveito e dolo. O furto inútil é fisiológico e 
psicologicamente normal. Graças a Deus! Fiquei 
absolvido do meu ato gratuito... 
(Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 
310.) 
01. O texto de Pedro Nava tem uma estrutura
linguística que se pode demarcar com facilidade.
Atente ao que se diz sobre essa estrutura.
I. Uma das possíveis divisões dessa estrutura é a
seguinte: a primeira parte, da linha 1 à linha 11
(“mil réis”); a segunda parte, da linha 11 (“Ai!
de mim”) até a linha 47 (“cédula”); a terceira
parte, da linha 47 (“Eu fiquei”) à linha 52
(“cesto”).
II. Essa divisão apresenta uma lógica interna: o
texto começa com a referência a um amigo do
enunciador, cujos crimes serão comparados com
os crimes desse enunciador; segue com a
relação dos delitos cometidos pelo enunciador e
termina com o relato da remissão desse
enunciador pelas transgressões por ele
praticadas quando criança.
III. O emprego do pretérito imperfeito do indicativo,
entre as linhas 5 e 10, indica que as ações
expressas por esses verbos são ações que se
repetem (aspecto

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