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Módulo Controle da Incidência Tributária ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2022.02-CIT-BSB Seminário VII - IPTU, ITR E IPVA Questões 1. Construa as regras-matrizes de incidência do IPTU, ITR e IPVA. Compõem a regra-matriz de incidência tributária uma hipótese/antecedente1, no qual se identificam os critérios material, espacial e temporal, e o consequente2, onde são verificados os critérios pessoal e quantitativo. Vejamos as regras-matrizes de incidência do IPTU, ITR e IPVA, respectivamente: IPTU • Antecedente - Critério material: ser proprietário, ter o domínio útil ou ter a posse de bem imóvel; - Critério espacial: perímetro urbano do território do município ou do Distrito Federal; - Critério Temporal: 1º de janeiro de cada ano. • Consequente - Critério pessoal: sujeito ativo: Município ou o Distrito Federal; sujeito passivo: quem for proprietário, tiver o domínio útil ou a posse do imóvel urbano; - Critério quantitativo: base de cálculo: valor venal do imóvel; alíquota: definida em lei, determinada em função do valor venal e do uso do imóvel. ITR • Antecedente - Critério material: ser proprietário, ter o domínio útil ou ter a posse de bem imóvel; - Critério espacial: perímetro rural do território brasileiro; 1 De acordo com Paulo Ayres Barreto, “a hipótese descreve um fato de possível ocorrência, com conteúdo econômico”. Imposto sobre a renda e preços de transferência, 2001, p. 61. 2 Idem, p. 61, “o consequente, implicado pela hipótese, estatui vínculo de natureza obrigacional entre sujeito ativo e o sujeito passivo da obrigação tributária”. Módulo Controle da Incidência Tributária - Critério temporal: 1º de janeiro de cada ano. • Consequente - Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: quem for proprietário, tiver o domínio útil ou a posse do imóvel rural; - Critério quantitativo: base de cálculo: valor da terra nua tributável; alíquota: varia de 0,03% a 20%, sendo determinada em função da produtividade do imóvel, medida pelo grau de utilização e sua área total. IPVA • Antecedente - Critério material: ser proprietário de veículo automotor; - Critério espacial: limites territoriais do Estado ou Distrito Federal em que está registrado o veículo automotor; - Critério temporal: momento fixado em lei, a partir do instante em que a propriedade é adquirida e se mantém. • Consequente - Critério pessoal: sujeito ativo: Estado ou Distrito Federal em que estiver registrado o veículo automotor; sujeito passivo: proprietário do veículo automotor; - Critério quantitativo: base de cálculo: valor do veículo automotor; alíquota: percentual estabelecido em lei estadual, com observância ao art. 155, § 6º, I e II, da CF/88. 2. Diferençar os conceitos de propriedade, domínio útil e posse do art. 1º da Lei n. 9.393/96, correlacionando-os com o de propriedade do art. 153, VI, da CF. Há competência da União para instituir como critério material do ITR o domínio útil e a posse (vide anexos I, II e III)? Tratando-se de propriedade, define-se por aquela que é garantido ao seu titular o direito de fruir, usar, gozar e dispor da coisa ou bem, resguardado ainda, o direito de reavê-la de quem a possui de forma injusta. Já p domínio útil refere-se ao direito real de uso e gozo do bem alheio, um tipo de concessão de arrendamento perpetuo do bem, pelo proprietário, de maneira que a este permanece o domínio direto, ao passo que o domínio útil passa ao Módulo Controle da Incidência Tributária arrendatário. No que se refere a posse, leva-se em consideração quando ela for adquirida nos termos do art. 1.204 do Código Civil, ou seja, desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Em relação à propriedade territorial rural, ao referir-se sobre ela, o art. 153, IV, da CF/88 se dirige de modo amplo, de maneira que o artigo 1º da Lei nº 9.393/96 desdobra a relação jurídica “propriedade” em outras duas, quais sejam, posse e domínio útil. Nesse sentido, entende-se que a supramencionada lei ao especificar o fato jurídico tributário, ela não amplifica a previsão constitucional, pois, como visto, encontra-se intrínseco na definição do conceito de propriedade. Desse modo, há competência da União quanto a instituir a posse e o domínio útil como critério material do ITR. 3. A quem compete definir as zonas urbana e rural? Qual o veículo legislativo adequado para tanto? Os imóveis industriais, comerciais e prestadores de serviços situados fora dos núcleos urbanos municipais estão sujeitos à incidência do IPTU? (vide anexo IV). E os de exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quando situados dentro dos núcleos urbanos municipais? (vide anexos V, VI e VII). Inicialmente, cabe destacar que o ITR é um imposto de competência da União, conforme expressa o art. 153, VI, da CF/88. Todavia, por meio da Lei nº 11.250/2005, foi proporcionado que os Municípios, com o objetivo de adquirir por delegação a atribuição de fiscalizar, lançar e cobrar os créditos tributários do ITR, celebrassem convênios com a União. Nesse diapasão, ao legislador infraconstitucional dá-se a competência de fixar a zonas urbana e rural. Nos termos do CTN, traduzindo-se à prática, compete ao Município, por meio de lei municipal, estabelecer as zonas urbana e rural. Esse entendimento foi reconhecido pelo STJ, o qual editou a Súmula 399, in verbis: “Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.” Levando em consideração como adotado o critério topográfico, apenas resta que o imóvel esteja localizado na zona urbana para que incida o IPTU; caso encontre- se fora do perímetro urbano, incidirá ITR. Quanto aos imóveis industriais, comerciais e prestadores de serviços Módulo Controle da Incidência Tributária localizados fora dos núcleos urbanos municipais, podem sofrer a incidência do IPTU, contanto que não usados para a exploração extrativista vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, de maneira que nestas hipóteses haverá a incidência do ITR, conforme dispõe o Decreto-lei nº 57/66, em seu art. 15, norma, recepcionada com força de lei complementar, assim como o CTN, fato que já resolve a questão seguinte, haja visto que prevalece o critério da destinação do imóvel e, sendo assim, caso um imóvel esteja dentro do núcleo urbano, porém, é utilizado para algumas das explorações acima citadas, haverá incidência do ITR, inclusive também é o posicionamento adotado pelos tribunais brasileiros. 4. A modificação da planta genérica, que determina a base de cálculo do IPTU, deve ser veiculada por lei, ou pode ser por meio de decreto? Há necessidade de publicação no diário oficial? (vide anexo VIII). A planta genérica do imóvel forma a base de cálculo do IPTU, acerca da qual incidirá a alíquota disposta na legislação municipal competente e, desse modo, estimando o valor do tributo a ser recolhido. Portanto, examina-se que se trata de um dos elementos intrínsecos ao critério quantitativo do consequente da regra-matriz de incidência tributária, a qual terá que ser veiculada por meio de lei complementar, nos termos dispostos expressamente na CF/88 em seu art. 146. Veja-se, que precisamente por se tratar de lei, é nítida a essencialidade de publicação no diário oficial, sob pena de limitação à informação pública, em homenagem à segurança jurídica dos contribuintes. 5. Considerando o consequente tributário, especialmente o critério quantitativo no que tange às alíquotas do IPTU, discorra sobre a possibilidade ou não de se aplicar alíquotas diferenciadas para imóveis sem uso, imóveis fechados, com condição de habitabilidade ou pela localização dos mesmos. Desenvolva sua justificativa e explique se esta providência interfere na estrutura da norma tributária em sentido estrito ou se apenas surgeem momento pré-legislativo, na construção da norma. O Município pode exigir uma alíquota diferenciada pelo motivo do valor venal do imóvel, bem como em razão do uso e da localização do bem, conforme dispõe o art. 156, inciso I, § 1º, I e II, da CF/88, posteriormente à EC nº 29/2000. Nesse sentido, verifica-se que a progressividade está estabelecida nos incisos I e II, do § 1º, do art. 156 da Carta Magna, após mudança inserida pela EC nº 29/2000, Módulo Controle da Incidência Tributária na qual expressa que tal progressividade é medida pelos critérios do valor venal do imóvel e das alíquotas levando em consideração a localização e/ou da utilização do imóvel. Há de se revelar, para enriquecimento ao tema, que é facultativo ao Município a progressividade pelo valor venal e diferenças de alíquotas pela localização e pelo uso do imóvel. Vejamos entendimento do STF: Direito tributário. Recurso Extraordinário com Repercussão Geral. IPTU. Alíquotas diferenciadas. Lei Municipal Anterior à EC 29/2000. Constitucionalidade. Precedentes de ambas as Turmas. 1. Esta Corte, em diversos precedentes de ambas as Turmas, manifestou-se pela possibilidade da instituição de alíquotas diferenciadas de IPTU com base na destinação e situação do imóvel (residencial ou comercial, edificado ou não edificado), em período anterior à edição da Emenda Constitucional nº 29/2000. Entendeu-se que tal prática não se confunde com o estabelecimento de alíquotas progressivas, cuja constitucionalidade, em momento anterior à emenda constitucional, foi reconhecida apenas para assegurar o cumprimento da função social da propriedade. 2. Desse modo, mantenho o entendimento de ambas as Turmas desta Corte e nego provimento ao recurso. Proponho a fixação da seguinte tese em sede de repercussão geral: “São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional nº 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais”. (STF - RE: 666156 RJ - RIO DE JANEIRO, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 11/05/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-149 16-06-2020) Dessa forma, qualquer mudança que provoque em aumento real do IPTU tem de ser feita por meio de lei em sentido estrito. 6. Quanto ao ITR pergunta-se: a) O art. 11 da Lei n. 9.393/96 fixou as alíquotas do ITR em percentuais que variam de 0,03% a 20%, conforme a área total do imóvel e o grau de utilização. No seu entender, referida progressividade atende ao disposto no art. 153, § 4º, da Constituição Federal? A alíquota de 20%, neste caso é confiscatória? Em caso negativo quando ter-se-ia caracterizado o efeito confiscatório? Justificar. Em relação a progressividade referida no enunciado da questão, entendo que não atende ao referido dispositivo constitucional citado no mesmo enunciado, tendo em vista que a alíquota máxima, 20%, em muito ultrapassa o desestímulo da manutenção de propriedades improdutivas. Tal alíquota conduz ao perdimento da Módulo Controle da Incidência Tributária propriedade, em que haverá a absorção integral do valor de tal propriedade em cinco anos de pagamento do ITR. Sendo assim, revela-se clara situação de flagrante violação ao princípio da vedação de tributos confiscatórios, que, ao que seja lógico, se sobrepõe aa função social da propriedade. b) A que tipo de lançamento está sujeito o ITR? A exclusão da base de cálculo do ITR da área de reserva legal depende de sua averbação na matrícula? Pressupõe o protocolo de Ato Declaratório Ambiental (ADA) do IBAMA, ou do Cadastro Ambiental Rural (CAR - Lei nº 12.651/12)? (vide anexos IX, X e XI). Trata-se de tributo sujeito a lançamento por homologação, nos termos da Lei nº 9.393/96, em que é permitida, sem necessidade de Ato Declaratório Ambiental do Ibama, a exclusão da sua base de cálculo, da área de preservação permanente. Uma averbação no registro de imóveis detém meramente o condão de declarar uma situação jurídica já existente, não portando caráter constitutivo, e, sendo assim, a isenção advinda do reconhecimento da área não tributável pelo ITR, não se encontra condicionada à tal averbação. c) Caso o contribuinte não declare o imposto, de que forma deve o Fisco fazer o lançamento? A partir de quais elementos? Nessa hipótese estará autorizado, ipso facto, o lançamento com a exclusão total das áreas ambientais e, em consequência, pelas alíquotas mais gravosas? A Administração, no caso em tela, fazendo uso do seu poder discricionário, pode definir o valor da terra nua, porém, respeitando o valor real do imóvel e os limites previstos em lei, e dessa forma, o lançamento deve ser feito de ofício, por arbitramento. Destaca-se que o art. 10, § 1º, I, da Lei nº 9.393/96, dispõe que o VTN – Valor da Terra Nua é o valor do imóvel, excluído os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas e; d) florestas plantadas. Já o inciso II, § 1º, do mesmo artigo e lei acima citados, determina com área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm Módulo Controle da Incidência Tributária órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração e; f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. Nesse entendimento, a Receita Federal emanará à indicação e ao lançamento de ofício do tributo, levando em conta informações a respeito dos preços de terras, consecutivos de sistema por ela instituído, bem como dados de área total, área tributável e grau de uso do imóvel, examinados em procedimentos fiscalizatórios. d) No desenvolvimento das suas atividades fiscalizatórias pode o Fisco exigir do contribuinte, depois de declarado e pago o tributo por ele, a apresentação de laudos de avaliação para comprovar os valores das terras? E a apresentação de laudos de profissionais da área ambiental para comprovação da reserva legal, de cada área de preservação permanente e das áreas impróprias à atividade produtiva, seguindo as normas previstas na ABNT, como vem acontecendo hoje em dia com diversos produtores? As normas da ABNT podem ser utilizadas para fins tributários? Afinal, o ITR é mesmo um lançamento “por homologação”? Quais os limites dos esclarecimentos a serem prestados nesses casos? A reposta ao primeiro questionamento é afirmativa, podendo o Fisco exigir laudos de avaliação. Ainda, caso o contribuinte não comprove o VTN – Valor da Terra Nua informado em sua DITR – Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, fica ele sujeito ao lançamento de ofício pelo Fisco com base no valor venal informado pelos municípios através do SIPT – Sistema de Preços de Terras, da RFB, somado de multa. É imprescindível que o laudo elaborado seja feito por profissional habilitado com ART – Anotação de Responsabilidade Técnica registrado no CREA e de acordo com as normas da ABNT, principalmente a NBR nº 14.653-3 que lida sobre a avaliação de imóveis rurais, comprovando o valor que compreende como devido, do qual os requisitos a serem comprovados por laudo seriam os dispostos no art. 12, da Lei nº 8.629/93, dentre os quais, localizaçãodo imóvel, dimensão do imóvel e aptidão agrícola. Lembrando-se que o valor aferido no laudo técnico terá que predominar Módulo Controle da Incidência Tributária sobre aquele arbitrado para a determinação do VTN. e) Hoje em dia vem ganhando força a adoção de formas alternativas de geração de energia. Diante desse quadro, indaga-se: como apurar o ITR no caso de instalação de parques eólicos ou de parques solares em imóveis rurais? Essas áreas serão consideradas improdutivas para fins de ITR? Caso não sejam consideradas improdutivas, como enquadrá-las no art. 10 da Lei nº 9.393/96? No caso em tela a propriedade será considerada improdutiva para fins de apuração do ITR, restando submetida a alíquotas que podem chegar a ser 30 ou 40 vezes maiores que as aplicadas por exemplo, à pecuária, ocasionando em uma incidência mais elevada do tributo. 7. Com relação ao IPVA pergunta-se: a) Que é “veículo automotor”? Embarcações e aeronaves enquadram-se no conceito de “veículo automotor”, sujeitando-se à incidência do IPVA? Conforme leciona Yoshiaki Ichihara3, veículo automotor “é qualquer veículo com propulsão por meio de motor, com fabricação e circulação autorizada e destinada ao transporte de mercadorias, pessoas ou bens.” Noutro ponto, quanto as embarcações e aeronaves deve-se analisar cada caso para afirmar se estão abarcadas no conceito de veículo automotor. Por isso, nem sempre estarão sujeitos à incidência do IPVA. Existem requisitos ou elementos diferentes que configuram os veículos automotores, as embarcações e as aeronaves. Nesse sentido, entendo que nem sempre a propulsão por meio do motor é uma característica das aeronaves e embarcações, e assim, a tributação por meio do IPVA não pode ser generalizada para tais veículos. Fato relevante mencionar que para disciplinar o entendimento acima, necessário se faz a edição de lei complementar, de maneira que o registro das aeronaves é nacional, ao passo que a inscrição das embarcações tem de ser feita na jurisdição na qual domiciliado o proprietário ou o armador, situações que podem acabar ocasionando casos de dupla tributação pelos Estados. Portanto, entendo que 3 MARTINS, Rogério Lindenmeyer Vidal da Silva. O perfil do imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva. (apud, ICHIHARA, Yoshiaki). Módulo Controle da Incidência Tributária o IPVA não pode incidir sobre esses veículos, ao menos até que seja promulgada lei complementar que regule esse conflito de competência. b) A Constituição Federal definiu o critério espacial da regra matriz de incidência tributária do IPVA? Caso a pessoa (física ou jurídica) tenha domicílios em diferentes Estados, nos termos dos arts. 71 e §1º do art. 75, do Código Civil Brasileiro, qual será o Estado competente para cobrança do IPVA? E se o veículo for registrado em um Estado, mas utilizado em outros? (vide anexos XII e XIII) Entendo que o IPVA será cobrado no Estado em que se encontra o domicílio do contribuinte e licenciado o veículo cuja propriedade constitui fato gerador do imposto. c) É possível a exigência do imposto em relação ao domínio útil ou posse do veículo? Identificar, justificando sua resposta, quem pode integrar a relação jurídica tributária do IPVA, na qualidade de sujeito passivo, caso o veículo seja objeto das operações de: i) locação; ii) arrendamento mercantil (leasing); iii) alienação fiduciária (XIV, XV e XVI). Quem deve figurar como sujeito passivo na exação do tributo em questão é o proprietário do veículo. Dessa forma, entendo, em tese, que o imposto deverá ser recolhido por aquele que a legislação considerar como proprietário. (i) Locação: nos casos de locação, por meio do RE 1016605, o STF firmou entendimento de que as locadoras têm que pagar IPVA ao Estado no qual o veículo circula, isto é, na localidade em que o veículo é colocado à disposição do locatário. Interessante ressaltar, que no julgamento acima mencionado, ainda restou definido que caso a locadora deixe de recolher o imposto, o locatário poderá ser responsabilizado. (ii) Arrendamento mercantil: trata-se de negócio jurídico praticado entre pessoa jurídica (na qualidade de arrendadora), e pessoa física ou jurídica (na qualidade de arrendatária), com a finalidade de arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora. Os contribuintes do tributo em questão são o proprietário do veículo e os titulares do domínio útil do bem (arrendatário), como na hipótese de arrendamento mercantil, ainda podendo responder de forma solidária com este o titular do domínio e/ou o possuidor a qualquer título (arrendante). (iii) Alienação fiduciária: nessa situação, em que pese a instituição financeira continuar com a propriedade do veículo, presta-se apenas como garantia ao contrato Módulo Controle da Incidência Tributária mútuo, não conservando a propriedade do veículo, restando o devedor fiduciário como responsável pelo imposto. Há de se destacar que atualmente alguns Estados têm atribuído o dever de pagar o tributo às instituições financeiras. d) Qual o critério temporal do imposto no caso de (i) veículo novo; e (ii) veículo usado? Pode um Estado cobrar o imposto já pago em outra unidade federada no caso de transferência do veículo usado durante o exercício? Sendo o veículo objeto de roubo, furto ou perda total durante o exercício, pode o contribuinte pedir a restituição proporcional do valor já pago a título de IPVA? O IPVA é um imposto cobrado anualmente, em que a legislação estipula data limite para que o contribuinte efetue o recolhimento. Tratando-se de veículo novo adquirido pelo contribuinte, a data da aquisição é o critério temporal da hipótese tributária. Já para veículos usados, o critério temporal da hipótese tributária será o dia 1º de janeiro de cada ano. O Estado, nos casos de transferência do veículo usado durante o exercício, não pode cobrar o IPVA novamente caso o imposto já tenha sido pago em outra unidade federada. Por fim, em casos de roubo, furto ou perda total por acidente de trânsito, os proprietários têm direito à devolução proporcional do IPVA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRETO, Paulo Ayres. Imposto sobre a renda e preços de transferência. São Paulo: Dialética, 2001. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. 2 ed. Volume II. São Paulo: Noeses, 2017. MARTINS, Rogério Lindenmeyer Vidal da Silva. O perfil do imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA. In: MARTINS, Ives Gandra da Módulo Controle da Incidência Tributária Silva. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva. NEVES, Luís Fernando de Souza. Apontamentos sobre o ITR e sua progressividade. In: Estudos Analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Coordenação: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro, Forense, 2007.
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