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neonatologia de grandes animais ● “nascimento a termo” = dentro do intervalo gestacional esperado para a espécie ● “nascimento prematuro” = antes do intervalo gestacional esperado para a espécie ● ADAPTAÇÕES NEONATAIS: ○ necessárias para suprir as necessidades fisiológicas antes cumpridas pela placenta ○ leva cerca de 20 minutos até que o sistema neonatal se adapte à sobrevivência extra uterina ○ é normal a ocorrência de leve hipóxia neonatal transitória após o rompimento do cordão (necessária para a indução da expansão pulmonar) ○ FUNÇÕES: ■ manutenção da saturação de oxigênio no sangue; ■ equilíbrio ácido-base; ■ produção energética; ■ termorregulação; ■ desenvolvimento de imunocompetência. ○ PRINCIPAIS ALTERAÇÕES: ■ fechamento de ductos e shunts na circulação; ■ expansão pulmonar; ■ adequação da pressão arterial; ■ reflexos neonatais: ● avaliar tempo do reflexo de sucção; ● avaliar tempo para ficar em estação; ● avaliar tempo para mamar; ● avaliar sinais vitais: temperatura corporal, frequência cardíaca e frequência respiratória ● avaliação geral pelo ESCORE DE APGAR ● PRINCIPAIS PROBLEMÁTICAS NEONATAIS: ○ ASFIXIA NEONATAL: prolongamento da hipóxia transitória fisiológica ■ causas: localizadas no pré, pós ou durante o parto ● por distocia: implica em acidose metabólica significativa (sem sibilo na ausculta) ● por imaturidade/dismaturidade: implica em dificuldade na ventilação (c/ sibilo na ausculta) ■ sinais clínicos: demora para ficar em estação à decúbito permanente; hipotonia; s/ reflexo de sucção; cianose e sinais neurológicos (quanto mais demorado for o quadro) ■ manejo: ● por distocia: correção da acidose com infusão de bicarbonato + corticoterapia (estimulação com Dexametasona da função cortical para induzir a produção de surfactante) + suporte ● por imaturidade/dismaturidade: correção da falha respiratória pela adm de analépticos respiratórios (Doxapram) + corticoterapia (Dexametasona) + suporte ■ consequências: luta contra o tempo... ● dificuldade em ficar em estação → complicações físicas relacionadas ao decúbito ● não mamar → não recebe colostro → falha na transferência passiva de imunidade ● maior susceptibilidade à infecções ○ FALHA NA TRANSFERÊNCIA PASSIVA DE IMUNIDADE COLOSTRAL: ■ grande dependência da colostragem = placentas epiteliocorial (↓transferência de Igs na gestação) ■ funções do colostro: ● nutrição inicial do filhote ● efeito laxativo para expulsão do mecônio acumulado no TGI ● proteção imunológica (transferência de IgA, IgG e Sistema Complemento) ■ fatores que afetam a eficácia da colostragem: ● qualidade do colostro ⇒ relação entre a quantidade e variedade de anticorpos (depende da capacidade produtiva materna e seu status vacinal/imune) ➔ avaliado de acordo com a densidade do colostro (↑denso = +rico em Igs) ➔ a densidade adequada é mais relevante do que o volume total de líquido produzido ➔ éguas > 1.060 ➔ vacas > 1.048 ● quantidade de colostro ingerida ⇒ mínimo de 8 - 10% do peso corporal do filhote ● tempo adequado de ingestão ⇒ principalmente nas 6h pós-parto, finalizando com, no máximo, 24h do nascimento ➔ redução progressiva da capacidade absortiva do TGI para macromoléculas ➔ redução progressiva da concentração de Igs no colostro ● indivíduos envolvidos⇒ relação com fatores maternos e do filhote ➔ mãe: ↓habilidade materna; alterações do teto (mastites, traumas, etc), falhas de manejo que afetam a produção do colostro ➔ neonato: s/ reflexo de sucção; manutenção do decúbito; edema de língua ■ classificação e diagnóstico das falhas: ● teste específico: de acordo com a concentração sérica de imunoglobulinas no neonato ➔ FALHA PARCIAL = [IgG] < 800 - 1000 mg/dL ⇒ geralmente por ↓absorção ➔ FALHA TOTAL = [IgG] < 400 - 500 mg/dL ⇒ geralmente por ↓ingestão ● testes indiretos: utilizando outros referenciais relacionados ➔ DOSAGEM DE PROTEÍNA TOTAL: pelo refratômetro → ideal > 4,8 - 5 g/dL ➔ ATIVIDADE DO GGT SÉRICO: usado apenas para ruminantes → quanto maior, melhor ➔ TESTE DE TURVAÇÃO EM SULFATO DE ZINCO: usado à campo - 3 soluções de sulfato de zinco em 3 tubos de ensaio distintos (0,2%; 0,4% e 0,6%) - adicionar gotas do soro do neonato em cada tubo de ensaio e esperar reagir - observar a ocorrência e graduar a coagulação e a turvação da solução (quanto maior a concentração de Igs, maior a capacidade de reação mesmo em % menores do reagente) 1. “falha parcial menor” → sem reação apenas no 0,2% 2. “falha parcial maior” → reage apenas no 0,6% 3. “falha total” → não reage em nenhum ■ consequências da FTP: ● incapacidade de responder adequadamente a agentes infecciosos; ● ↑índices de mortalidade neonatal e septicemias; ● “animal problema” ao longo da vida = facilidade de adoecer e dificuldade e se curar ■ manejo da FTP: ● transfusão sanguínea (sangue não-materno) = 20 mL/Kg ● uso do banco de colostro (manejo adequado dos produtos para garantir a sua eficácia) ● antibioticoterapia preventiva ■ prevenção de complicações: monitoramento do colostro ● montagem de um banco de colostro com produtos com densidade avaliadas; ● escores de qualidade de cada produto armazenado determinado por um colostrômetro; ● análise direta pelo refratômetro ○ ISOERITRÓLISE NEONATAL EQUINA: ■ destruição imunomediada das hemácias do neonato por anticorpos maternos ingeridos no colostro ■ enfermidade que afeta de 1 - 2% dos potros ■ caracterizada por ser uma REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE TIPO 2 ■ SINAIS CLÍNICOS: ● gerais → fraqueza, depressão, cansaço, taquipnéia e taquicardia reflexas, redução reflexo de sucção, palidez de mucosa, icterícia ● quadros hiperagudos → em 8 - 36h após a ingestão = colapso cardiovascular ● quadros agudos → em 2 - 4 dias após a ingestão = icterícia + hemoglobinúria moderada ● quadros subagudos → em 2 - 4 dias após a ingestão = icterícia + anemia ■ MANEJO TERAPÊUTICO: cessar o aleitamento + transfusão sanguínea em casos bruscos de ↓Ht + fluidoterapia de suporte para repor volemia (RL) + antibioticoterapia preventiva ○ INFECÇÕES NEONATAIS: ■ onfalites: inflamação do cordão umbilical ● ↑relevância econômica, principalmente para bezerros de rebanhos leiteiros ● implica em redução de 25% do ganho de peso ao longo da vida ● ↑mortalidade neonatal ● pode acometer apenas estruturas externas ou se extender para estruturas internas ● SINAIS CLÍNICOS: ➔ geralmente iniciados aos 7 dias de vida, aproximadamente ➔ locais: dor à palpação, aumento de volume, secreção purulenta ➔ sistêmicos: toxemia, depressão, anorexia, febre ● DIAGNÓSTICO: ➔ palpação externa: com o animal em estação, avaliar consistência, sensibilidade, pus ➔ palpação profunda: com o animal contido e em decúbito dorsal, entrar com a mão na cavidade abdominal acompanhando as paredes, com movimentos em direção ao fígado (avaliar vasos umbilicais) e em direção à bexiga (avaliar a situação do úraco) ➔ ultrassom abdominal: buscar por abcessos hepáticos e alterações de ecogenicidade em ligamentos umbilicais (antigas artérias e veias) ● DIFERENCIAIS: ➔ hérnias umbilicais: são redutíveis quando o animal é colocado em decúbito dorsal ➔ traumas abdominais: geralmente acompanhados de outras marcas na pele/musculatura ● TRATAMENTO: ➔ p/ inflamação externa: limpeza com água oxigenada + aplicação de tintura de iodo 2% (efeito cáustico/sedativo) ➔ p/ inflamação interna: antibioticoterapia (Penicilina + Gentamicina) com AINE ➔ p/ fibrose umbilical (crônico): excisão cirúrgica ● PREVENÇÃO: ➔ treinamento do produtor para realizar antissepsia do umbigo após o nascimento (embeber umbigo na solução dissecante de Clorex Alcoólico (potro) ou Iodo 10% (bezerro) e manter o coto umbilical com comprimento de no máximo 4 dedos para evitar arraste) ➔ prevenir miíase com aplicação ivermectina ➔ prevenir falha na transferência passiva de imunidade colostral ■ bacteremias e septicemias: ● associação entre pressão de infecção ambiental + status imunológico do filhote ● infecções que ganham a corrente sanguínea após adentrarem por via digestiva, respiratória ou umbilical (principalmente) ● “bacteremia”= agente infeccioso espalhado em vários tecidos; menos sintomatologia ● “septicemia” = agente infeccioso presente na circulação; sintomatologia sistêmica grave ● DIARRÉIA: muito relevante em infecções neonatais por ser muito agravante! ➔ perda de fluido extracelular ➔ redução da volemia ➔ redução da pressão arterial ➔ redução da perfusão renal = azotemia + hipercalemia ➔ redução da perfusão tecidual = acidose metabólica (hipóxia = ↑[lactato]) HEMOCONCENTRAÇÃO + ACIDOSE = predisposição à septicemias! ● TRATAMENTO: ➔ fluidoterapia de suporte ➔ tratamento da infecção base com AMB (Ceftiofur ou Penicilina) + AINE (Flunixin) ➔ transfusão sanguínea em casos graves de hipovolemia
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