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Gênero, sexualidade, identidade de gênero

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GÊNERO 
 
❖ INTRODUÇÃO 
- No senso comum, o conceito “gênero” é reduzido à dicotomia biologicamente determinada homem/mulher. 
- Existem evidências em diversas sociedades de que os papeis sociais não são biologicamente determinados. 
- PAPEIS SOCIAIS são SOCIALMENTE CONSTRUÍDOS, e não BIOLOGICAMENTE DETERMINADOS. 
- O consenso antropológico é que a CULTURA que influi no comportamento das pessoas, e não a BIOLOGIA. 
- Primeiros estudos de gênero: Estudos sobre PARENTESCO, UNIVERSO DA VIDA PRIVADA e os PAPEIS SOCIAIS. 
- “A vida sexual dos selvagens” (1929) – Malinowiski 
- “As técnicas do corpo” (1934) – Marcel Mauss 
- “Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” (1935) – Margaret Mead 
- “ O segundo sexo” (1949) – Simone de Beauvoir 
- “Parentesco americano” (1968) – David Schneider 
 
- Mudança de paradigma científico: 
 - Constatação e definição de gênero enquanto construção da cultura, não da natureza. 
 - Cada sociedade define quadros hierárquicos de favorecimento e desfavorecimento entre gêneros. 
 - Em geral, na maioria das sociedades, a mulher é mais oprimida que o homem. 
 - Critérios: renda per capita, taxas de violência, representatividade em arenas políticas, indústria cultural. 
 
❖ NOÇÕES BÁSICAS 
- SEXO: 
- Categoria biológica. 
- Definido pela genética e características físicas: órgãos genitais, hormônios, anatomia e formas do corpo. 
- A conformação sexual é objetiva, material, substancial, tangível. 
- Categorias: binárias e excludentes. 
- MASCULINO 
- FEMININO 
 
- SEXUALIDADE: 
- Campo de existência e prática do desejo e impulso sexual. 
- Conhecida como “orientação sexual” ou “escolha 
- Definida por uma relação social que envolve desejo sexual, prática erótica ou afeto subjetivo. 
- Envolve-se em um SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS a partir dos desejos individuais. 
- Categorias: 
 - HETEROSSEXUAL – atração por pessoas do sexo oposto. 
 - HOMOSSEXUAL – atração por pessoas do mesmo sexo. 
 - BISSEXUAL – atração por pessoas dos dois sexos. 
 - PANSEXUAL – atração por pessoas de gênero não-binário. 
 ... 
 
- IDENTIDADE: 
- Universo simbólico cujos elementos dão significado a uma IDENTIDADE. 
- É uma formação SUBJETIVA, HISTÓRICA, POLÍTICA e CULTURAL. 
- Identidades são fluidas, incompletas, processuais e históricas, isto é, são construções SOCIOCULTURAIS. 
- É a trama de elementos que associam PERSONALIDADE, SOCIALIZAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE. 
- Define-se por CONVENÇÕES, ESTEREÓTIPOS E EXPECTATIVAS no desempenho de papeis sociais. 
- Categorias: 
- CISGÊNERO – indivíduo se identifica com convenções designadas ao sexo biológico. 
- TRANSGÊNERO – indivíduo que rompe com as convenções culturais, mantendo o sexo biológico. 
- TRANSEXUAL – indivíduo que rompe ou não com as convenções culturais, operando o sexo biológico. 
- TRAVESTI – indivíduo do sexo masculino que exerce o gênero feminino e não se reconhece como mulher. 
 - QUEER – qualquer indivíduo que não se enquadre na heterocisnormatividade. (Não-binário) 
 ... 
 
❖ AS QUESTÕES DE GÊNERO: 
 
- Gênero é IDENTIDADE. 
- Gênero não é substância natural nem biológica. 
- Identidades são a REPRESENTAÇÃO de algo através de uma LINGUAGEM DISCURSIVA (verbal e não-verbal). 
- IDENTIDADE DE GÊNERO é uma REPRESENTAÇÃO SOCIAL da biologia humana. 
- O BINÔMIO homem x mulher existe a partir da CONSTRUÇÃO DE DISCURSOS sobre a NATUREZA SEXUADA. 
- A natureza sexuada do humano é conceitualmente compreendida A PRIORI, isto é, pré-discursivamente. 
- A identidade acaba sendo construída antes mesmo de existir em seu suporte corporal. 
 - EX: coisas de homem x coisas de mulher / expectativas sobre a pessoa que ainda não nasceu. 
 
- Os DISCURSOS OPERAM: 
 - PROCESSOS POLÍTICOS – representatividade política e poder de decisão 
 - RELAÇÕES DE PODER – dominação política e micropolítica da vida diária 
 - OPRESSÕES E PRIVILÉGIOS – desigualdades e discriminações. 
 
- Pensar o gênero humano como apenas BINÁRIO implica na: 
 - Rejeição da multiplicidade e diversidade humanas – uniformidade e exclusão. 
 - Naturalização de identidades – determinismos 
 - Essencialização do indivíduo – unidimensionamento da identidade 
 - Objetificação dos corpos – separação entre corpo e pessoa. 
 - Biopoder – controle, doutrinação e domesticação dos corpos. 
 
• IDEOLOGIA DE GÊNERO: papeis estabelecidos a priori. 
- O DISCURSO BINÁRIO tem como base um MODELO IDEOLÓGICO para a NATUREZA SEXUADA. 
- São PADRÕES SOCIAIS que cumprem a função de reproduzir estruturas sociais e históricas. 
- Os padrões de comportamento designados aos sexos criam categorias excludentes entre si. 
 
 - HOMEM: força, poder, coragem, virtudes da política e da razão, espaço público. 
 - MASCULINIDADE – construção histórica e cultural. 
 - MULHER: fragilidade, subordinação, cuidado, criação, sensibilidade, espaço doméstico. 
 - FEMINILIDADE – construção histórica e cultural. 
 
• PATRIARCADO: 
 - Forma de organização social em que mulheres são hierarquicamente subordinadas aos homens. 
 - Organização social na qual os jovens devem se submeter aos mais velhos. 
 - O nascimento de meninos visto como consagração e posição social. 
 - Valorização social de atividades culturalmente convencionadas aos homens. 
 - Discriminação social de atividade culturalmente convencionadas às mulheres. 
 - Determinação de papeis sexuais nos quais os homens obtêm vantagens e privilégios. 
 - Controle da sexualidade, corpo e autonomia femininas. 
 - Naturalização da relação de dominação e autoridade dos homens em relação a mulheres. 
 - Gera Violência Simbólica (Bourdieu): 
 - É a incorporação das ideias do dominante pelo dominado. 
 - É a reprodução da estrutura de dominação pelo subordinado. 
 - Interpretação da dominação ou violência como algo natural e normal, padrão. 
 - A não adequação ao padrão dos corpos e comportamentos. 
 
• DIVERSIDADE DE GÊNERO: 
- A IDENTIDADE DE GÊNERO se EXPRESSA através de PRÁTICAS DO CORPO. 
- O corpo possui características de PLASTICIDADE, INDIVIDUALIDADE, REFLEXIVIDADE, (DES)CONSTRUÇÃO. 
- Enquanto LINGUAGEM DISCURSIVA, a IDENTIDADE É PLÁSTICA e FLUÍDA. 
- A identidade de gênero é inseparável de sua expressão CORPORAL, que também é plástica. 
- A valorização do INDIVÍDUO e a conquista de DIREITOS CIVIS aumentam os CHOQUES IDENTITÁRIOS. 
- Tem-se colocado em cheque os padrões tradicionais do que é considerado MASCULINO ou FEMININO. 
- Decorre disso, grosso modo, as ampliações na sigla do movimento social. 
 - GLS: gays, lésbicas e simpatizantes 
 - LGBTQI+: lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexuais, e quem mais não foi contemplado.

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