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02 - Psicanálise e sua Epistemologia

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Psicanálise e sua 
Epistemologia
Profa. Dra. Carolina Molena
Profa. Dra. Carolina Molena
Graduação em Psicologia pela Universidade de São 
Paulo (USP-RP)
Mestrado em Psicologia pela Universidade de São 
Paulo (USP-RP)
Doutorado em Psicologia pela Universidade de São 
Paulo (USP-RP) 
O que é 
epistemologia?
Etimologicamente, "Epistemologia"
significa discurso (logos) sobre a ciência
(episteme). (Episteme + logos).
Epistemologia: é a Filosofia da ciência. É o
estudo crítico dos princípios, das
hipóteses e dos resultados das diversas
ciências. É a teoria do conhecimento. O
conhecimento científico é provisório. É
sempre tributário de um pano de fundo
ideológico, econômico e histórico (Tesser,
1994).
A teoria psicanalítica
e seu tempo:
• Freud provocou reações contrárias a sua teoria do
inconsciente, deparando-se com dificuldades para
que a Psicanálise fosse reconhecida no meio
científico de sua época.
• Postulou o sujeito do inconsciente como objeto de
estudo, quebrando a tradição da Psicologia como
ciência da consciência e da razão.
• Colocou a sexualidade como cerne de sua teoria
situando o homem como um ser em conflito entre
forças antagônicas (as pulsões e a cultura
repressora).
• Atribuiu importância aos acontecimentos da infância
estabelecendo uma relação com a constituição do
psiquismo, o que provocou críticas na sociedade
conservadora.
• A Psicanálise foi acusada de que assim como as
ciências naturais, os saberes do campo psicológico
também deveriam fornecer um conhecimento que
visasse à previsão e controle dos comportamentos
(Ravanelo, et. al, 2016, p. 111).
A Ciência 
Moderna e 
a 
Psicanálise
• O nascimento da ciência moderna ocorreu no
século XVII, por meio das observações de
Descartes, considerado precursor do
pensamento científico moderno.
• Seu cogito: “penso, logo sou”, centralizou o
sujeito racional na sede da experiência do
saber.
• Dessa forma, a ciência moderna apostou em
um sujeito epistemológico pleno, consciente
de si e dono de sua vontade.
• Para a psicanálise o funcionamento psíquico
está calcado nas leis que fundamentam o
inconsciente. Há uma descentralização da
razão.
• O que determina que o sujeito não seja senhor
em sua própria casa, ou seja, não tem pleno
controle de seus desejos, pensamentos e
afetos
A 
co nt r i b u i ç ã o 
c i e nt í f i ca d a 
Ps i ca n á l i s e
• Ao tomar as questões relacionadas ao
psiquismo, ou seja, fantasias, sonhos,
interioridade humana, como problemas
científicos, Freud deu uma contribuição
para a ciência tão importante quanto foi o
pensamento de Karl Marx para a
percepção dos processos históricos e
sociais.
A PSICANÁLISE 
COMO TEORIA, 
MÉTODO DE 
INVESTIGAÇÃO 
E PRÁTICA 
PROFISSIONAL
• A Psicanálise, enquanto teoria,
caracteriza-se por um conjunto de
conhecimentos sistematizados sobre o
funcionamento psíquico.
• Como método de investigação, ela busca
o significado oculto daquilo que é
manifesto por meio de ações, palavras,
sonhos, delírios, esquecimentos e atos
falhos.
• A Análise é uma prática profissional na
qual o analista dirige o analisando na
construção de um saber inconsciente
(Bock, et. al., 2002).
As descobertas
freudianas
colocaram a
sexualidade no
centro da vida
psíquica, postulando
a existência da
sexualidade infantil.
Isso repercutiu
negativamente na
sociedade da época.
• Se Freud buscava inicialmente em sua
pesquisa uma correspondência orgânica
para o aparelho psíquico e os fenômenos
psicológicos, na sua busca pela verdade
do sujeito, ele prescinde dessa
correspondência.
• Ao afirmar que o inconsciente é a
verdadeira realidade psíquica, Freud
(1856-1939) aponta para uma gradativa
alteração de uma matriz de pensamento
realista para uma matriz discursiva.
• O advento da psicanálise freudiana
propôs uma revisão epistemológica das
ciências existentes até então quanto ao
estudo do ser humano.
• O conceito de sujeito do
inconsciente operou um corte
epistemológico, fundando uma
nova ciência: a psicanálise.
• Na visão freudiana é
imprescindível à ciência que
seus conceitos possam ser
revisados, na medida em que o
conhecimento avance e
modificações sejam
necessárias.
• Freud adotou outros critérios
de legitimidade na
compreensão dos fenômenos
psicológicos, a partir de suas
observações clínicas.
• O desenvolvimento da psicanálise
acontece por meio da prática
clínica - tratamento e pesquisa.
Tanto na pesquisa conceitual
quanto na clínica espera-se a
emergência de novos conteúdos
que são articulados à teoria. (LO
BIANCO, 2003).
• Segundo Mezan (2007), a psicanálise possui um núcleo
sólido de conhecimentos, validado por métodos,
compatíveis com seu campo epistemológico, capaz de
lidar com novas descobertas, podendo ser modificada
quando desafiada por novos fenômenos.
• Para determinados autores, que
adotam como critério de
cientificidade a experimentação
empírica, por exemplo, a
Psicanálise estaria impossibilitada
de ser incluída na ciência.
• A discussão acerca da
cientificidade da psicanálise
tomou diversos rumos ao longo
do tempo, todos vinculados a
uma determinada concepção de
ciência.
O sujeito do
inconsciente
• Em "A Ciência e a
Verdade”, Lacan
(1988[1965]), afirma que o
sujeito da psicanálise seria
um lugar de resistência às
práticas tecno-científicas,
pois ao considerar o sujeito
e dar-lhe uma escuta, o
discurso psicanalítico
situaria o saber
(inconsciente) no lugar da
verdade. O discurso
científico, produziria um
saber consciente
desarticulado da verdade do
sujeito. Ao incluir o sujeito
do inconsciente em oposição
à ciência, a psicanálise teria
condições de apontar a falha
da ciência, ou seja, sua
insuficiência quanto à
verdade inconsciente.
• A experiência
psicanalítica colocada
em operação produz as
condições de
emergência do sujeito
do inconsciente (Elia,
2004).

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