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Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 1 Carla, 60 anos, casada, natural e procedente de Caruaru foi levada pelo marido ao Pronto Socorro com queixa de cefaleia temporal de forte intensidade (EVA 8) com irradiação para região occipital de caráter intermitente, além de queda do estado geral, dificuldade de deambulação, fala embolada e em alguns momentos não reconhecia os familiares. Há uma semana o marido referiu que a paciente apresentou febre alta (39 graus) que persistiu por 3 dias, tontura rotatória (que mantém até o momento) e vômitos (nos últimos dois dias, 1 x ao dia). Como pensou que era uma simples “labirintite” associada a uma virose, fez uso de Dramin e antitérmico durante esse período, sem melhora. No entanto, a paciente apresentou piora do quadro clínico, desde o dia anterior ao atendimento médico, devido a maior intensidade da cefaleia e os sintomas neurológicos apresentados à admissão. Seu marido também contou que a esposa tinha uma história prévia de rinossinusopatia, depressão e síndrome do pânico. Informou também que esse quadro de tontura era antigo, algumas vezes vinha com vômitos, mas ela nunca tinha ido ao médico para saber o que era. Cirurgias: duas cesarianas. Nega etilismo e tabagismo. HAS + DM -. Faz uso de benzodiazepínico e losartana. Nega alergias. Ele referiu uma relação muito tumultuada com a esposa. Ao exame físico: estado geral decaído, torporosa, eupnéica, corada, subfebril (37,5 graus). ACV: RCR 2T S/S FC 100 PA: 140 x 80 HGT: 120 AR; MV Rude S/RA FR 18 Sat O2; 97 % em aa Abdômen: sem alteração Pele: sem alteração No exame neurológico: torporosa, abertura ocular ao chamado verbal, localiza dor, resposta verbal confusa, pupilas isocóricas e fotorreagentes, sem nistagmo. Nuca livre. Reflexos profundos normais, sinal de Babinski positivo à esquerda, Glasgow 12. O médico prosseguiu com os exames para esclarecer se a causa da tontura que a paciente sentia era de origem central ou periférica. Frente a esse quadro clínico, o médico solicitou uma TC de crânio com contraste, exames laboratoriais e LCR. Resultado dos exames: TC Crânio com contraste: NORMAL Diante do resultado da tomografia de crânio, foi solicitado Ressonância Nuclear de Crânio que mostrou áreas de edema com hipersinal da substância branca e cinzenta nas sequências ponderadas em T2 e FLAIR. LCR: límpido, 300 células com predomínio de linfócitos, proteína (50) e glicose normal. Cultura em andamento, assim como PCR para alguns vírus. Leucograma viral, função renal e hepática normais, eletrólitos normais, PCR elevada. Diante da suspeita diagnóstica de encefalite viral e vertigem periférica, foi indicado internamento para a paciente, sendo iniciado empiricamente aciclovir venoso e sintomáticos. A paciente evolui de forma satisfatória com normalização das alterações neurológicas em 48hs, sem febre ou cefaléia e teve alta no D5 de internamento. Foi orientada a comparecer ao ambulatório de neurologia para acompanhamento e encaminhada ao otorrinolaringologista para acompanhamento e investigação do quadro de tontura (etiologia). Objetivos: 1. ENTENDER a encefalite viral (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia e quadro clínico); 2. CONHECER o tratamento e o diagnóstico da encefalite viral; 3. CITAR os diagnósticos diferenciais para encefalite viral; 4. COMPARAR vertigem e tontura; 5. DIFERENCIAR as vertigens central e periférica (definição, quadro clínico e diagnóstico). ENTENDER a encefalite viral (epidemiologia, etiologia, fisiopatologia e quadro clínico). Conceito: A encefalite viral é um processo inflamatório que ocorre no parênquima encefálico. Tem início agudo, determinando febre, alteração do nível de consciência, convulsões e/ou sinais focais neurológicos associados à infecção viral. Representa a manifestação mais grave no sistema nervoso central (SNC). O exame do líquido cefalorraquiano (LCR) contribui na diferenciação com Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 2 outras enfermidades infecciosas do SNC, além da possibilidade da demonstração do agente etiológico. Epidemiologia: Predomina nos idosos, crianças e pacientes imunossuprimidos. A incidência mundial de encefalite viral é desconhecida, depende da distribuição geográfica e apresenta, em geral, caráter sazonal. Existem cerca de 20.000 casos relatados por ano nos EUA, dos quais 5 a 20% evoluem para o óbito e 20% permanecem com sequelas. A vacinação antiviral de rotina contribuiu para o decréscimo da incidência de encefalite viral no mundo. Etiologia: São possíveis etiologias: infecciosa, pós-infecciosa, autoimune e paraneoplásica. Os principais agentes causadores de encefalite viral em indivíduos imunocompetentes são os vírus do grupo herpes, arbovírus e enterovírus. A etiologia permanece desconhecida em 30 a 60% dos casos. Da família dos herpes vírus que infectam humanos, o vírus herpes simples (HSV) é o agente etiológico mais comum de encefalite tratável. O citomegalovírus (CMV) e o vírus varicela‑zóster (VZV) são causa frequente de encefalite em pacientes imunossuprimidos, podendo também ocorrer em imunocompetentes. Em relação às encefalites associadas aos arbovírus, o vírus do Oeste do Nilo é causa emergente de epidemias nos EUA, assim como o vírus da Dengue na América do Sul. Este último representa o arbovírus mais frequente que causa doença em humanos no mundo. Com o advento das constantes epidemias de dengue no Estado do Rio de Janeiro e também no restante do Brasil, observou‑se um novo perfil etiológico nas encefalites virais em pacientes imunocompetentes: a dengue como principal causa (47%), seguida pelo HSV‑1 (17,6%), CMV e enterovírus (5.8%). Patogênese: A entrada do vírus no organismo ocorre através das membranas mucosas do trato respiratório, gastrointestinal, geniturinário e também pele, conjuntiva ocular e sangue. Alguns permanecem confinados ao local de entrada, como papilomavírus e rinovírus. Outros, entretanto, se disseminam. A maioria apresenta potencial neuroinvasivo, destacando‑se os vírus da raiva, caxumba e HIV na fase inicial da infecção. A disseminação viral para o SNC acontece por disseminação hematogênica (arboviroses) ou neural (herpes vírus). Em relação à via hematogênica, o vírus alcança o SNC atravessando as junções da barreira hematoencefálica, via plexo coroide, ou por diapedese. Entretanto, a doença surge a partir da propagação viral no SNC, com agressão, penetração e lesão da célula susceptível. O neurotropismo viral se manifesta pela infecção de neurônios (p. ex., Herpes simplex e raiva), neuroglia (herpes simplex, JC‑vírus – vírus da leucoencefalopatia multifocal progressiva), micróglia (p. ex., herpes simples, HIV) e pia‑aracnoide/epêndima (p. ex., caxumba, herpes simples). O vírus atinge o espaço subaracnoide através do plexo coroide, dispersando‑se no líquido cefalorraquiano, e entrando em contacto com as células meníngeas e ependimárias. Os vírus Herpes simples, da raiva e HIV apresentam elevada neurovirulência. Mecanismos direto e indireto. Direto 3 possíveis vias, hematogênica, difusão e olfativa. Quanto ao mecanismo indireto, a patologia ocorre através de mecanismos imunológicos, por um mecanismo predominantemente mediado por células T ativadas que reconhecem antígenos da mielina e causam a lesão. Patologia: Aspectos característicos consistem na presença de áreas de inflamação multifocal ou difusa no encéfalo, Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 3 associadas à degeneração neuronal e neuronofagia. Corpos de inclusão são descritos nas encefalites causadas por herpes vírus, raiva e sarampo. Quadro clínico: As manifestações clínicasdas encefalites virais dependem do tipo de células infectadas e de sua susceptibilidade à infecção. Em geral, além do quadro febril agudo, surge alteração do nível de consciência, podendo evoluir de confusão mental para torpor e coma. Sinais comuns incluem paresia, hiperreflexia profunda e sinal de Babinski. Cefaleia, sinais neurológicos focais e convulsões ocorrem com frequência. Distúrbios do comportamento, da personalidade, disfunção cognitiva, movimentos involuntários, ataxia, mioclonia são ocasionalmente relatados. A área hipotálamo‑hipofisária pode ser envolvida, ocasionando hipotermia, diabetes insípido e síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético Lembre-se: o paciente pode apresentar alguns achados meníngeos (Sinal de Kernig ou Brudzinski) quando há uma meningoencefalite e ainda percebe-se que alguns pacientes evoluem com sinais e sintomas constitucionais, como febre, vômitos, cefaleia e acometimento de outros órgãos específicos (exantema, sinais de infecção respiratória). CONHECER o tratamento e o diagnóstico da encefalite viral. O diagnóstico da encefalite é baseado na anamnese com o exame físico, podendo ser complementado com a neuroimagem e o estudo do líquor. Além disso, outros exames que podem ser utilizados no auxílio do diagnóstico são: o eletroencefalograma e exames laboratoriais (em especial, sorologias). Diagnóstico Laboratorial: Os achados do exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) são semelhantes nas várias formas de infecções virais no SNC. O padrão predominante é inflamatório. O exame pode ser normal em 3 a 5% dos casos de encefalite. As características principais do LCR consistem em: → Pressão – Normal ou aumentada nas meningoencefalites. O herpes simples pode induzir um quadro de hipertensão intracraniana decorrente de cerebrite focal e edema nos lobos temporais. → Citologia – A contagem de leucócitos está geralmente entre 10 e 500 células/mm3, com predomínio de mononucleares. Nos casos em que ocorrem sinais predominantes de irritação meníngea, a resposta celular pode ser mais elevada. Pleocitose leve (5 a 10 células/mm3) ou celularidade normal predomina nos pacientes com evidência de doença do parênquima sem sinais de envolvimento meníngeo, particularmente na fase inicial da doença. → Bioquímica – A proteinorraquia encontra‑se levemente aumentada (<300 mg/dL), enquanto a concentração de lactato e/ou glicose estão normais. A glicorraquia pode eventualmente estar diminuída nos casos de infecção pelos vírus da caxumba, CMV e HSV. → Métodos imunológicos – Nos primeiros 7 a 10 dias após a infecção do SNC observa‑se ausência de resposta imune intratecal. Em seguida surge síntese intratecal de anticorpos totais e específicos, com ou sem disfunção de barreira hematoliquórica. Cerca de 50% dos casos desenvolvem índice de IgG elevado e/ou banda oligoclonal indicando síntese intratecal de anticorpos. Esta pode persistir durante anos. A demonstração da síntese intratecal de anticorpo específico apresenta relevância diagnóstica nos casos de infecções virais do SNC, tais como sarampo, rubéola, HSV, VZV, CMV, HTLV‑I e vírus JC. → Isolamento viral – A técnica é realizada através da cultura de células, inoculação em animais e uso de ovos embrionados. Seu valor diagnóstico é limitado, considerando a demora no resultado (7 a 15 dias). Com as técnicas de isolamento viral e sorologia, a etiologia específica tem sido verificada em apenas cerca de 50% dos pacientes com encefalite aguda. → Detecção direta de antígenos ou partículas virais – A técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) apresenta resultado rápido, sensível e específico para o diagnóstico precoce das infecções virais do SNC, sendo o método de escolha nas encefalites por HSV, VZV e enterovírus (EV), dentre outros. O PCR tem limitado o uso da biópsia cerebral e a identificação viral através de cultura. A dificuldade na determinação da acurácia do PCR no LCR está relacionada à falta de um padrão‑ouro comparativo. A quantificação viral representa método promissor para acompanhamento terapêutico e prognóstico das infecções virais do SNC. Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 4 Outros Métodos de Diagnóstico: As alterações no eletroencefalograma (EEG) são focais ou difusas dependendo da localização das lesões. A ressonância magnética (RM) apresenta melhor sensibilidade e representa método de imagem de escolha para o diagnóstico das encefalites. Entretanto, quando este método não está disponível, a tomografia computadorizada (TC) de crânio auxilia no diagnóstico. A TC e/ou RM do encéfalo podem revelar edemadifuso, captação de contraste cortical e subcortical e lesão focal. Vírus Teste diagnostico preferido HSV-1/HSV-2 PCR no LCR Considerar a repetição em 2-7 dias do início da doença se negativo com alta suspeita clínica VZV IgG específico para LCR Enterovírus A PCR nas fezes e na garganta é preferida à PCR no LCR EBV Antígeno do capsídeo (VCA) IgG e IgM do EBV no soro e antígeno nuclear IgG do EBV (EBNA) HHV-6 PCR do LCR com PCR no sorob Influenza Cultura, teste de antígeno, PCR das secreções respiratórias Dengue/zika/ chikungunya PCR do LCR ou IgM especifico do LCR Sarampo IgG específico do LCR CMV PCR do LCR ou IgM específico do LCR Tratamento: Medidas de suporte para controle da pressão arterial e da temperatura, desobstrução de vias aéreas, monitoração cardíaca, controle da pressão intracraniana e de sintomas que ocasionalmente possam colocar o paciente em risco de vida, tais como crises convulsivas, devem ser instituídas. O tratamento com aciclovir necessita ser iniciado o mais breve possível nos casos suspeitos de encefalite por HSV‑1, HSV‑2 e VZV, considerando a elevada morbidade e mortalidade que ocorrem nestas situações. A dose recomendada consiste em 10mg/kg de 8/8 horas, por via intravenosa (IV) durante 14 a 21 dias. Ganciclovir e foscarnet IV são drogas de escolha no tratamento da encefalite por CMV. A biópsia cerebral pode ainda ser recomendada nos casos de piora clínica em que o agente etiológico não tenha sido definido. As crises epilépticas devem ser controladas com fenitoína IV e extrema atenção deve ser dada à manutenção da respiração, ao ritmo cardíaco, ao balanço hídrico, à prevenção da trombose venosa profunda, à pneumonia aspirativa, ao controle clínico da hipertensão intracraniana e às infecções bacterianas secundárias. O paciente com encefalite viral aguda pode cursar com aumento da pressão intracraniana, manifestando os seguintes sinais: cefaleia, vômitos e diminuição do nível de consciência. __________ ↓ __________ Herpes simples vírus: • Tipo 1 é responsável por 90% dos casos de encefalite herpética em adultos e crianças com idade superior a 2 anos; • HSV-2 principalmente imunodeprimidos e em neonatos; • Maioria dos casos reativação de infecção endógena adquirida no passado; • Atinge o SNC por via neural; • Necrose hemorrágica principalmente nos lobos temporais; • Elevada morbimortalidade; • QC: febre, convulsões, distúrbios da consciência e de comportamento; • Sinais focais, as vezes acompanhados de sinais meníngeos; Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 5 • GRAVE, com taxa de moralidade atingindo 70%; • Sem envolvimento de lobo temporal, apresentação subaguda, sintomas psiquiátricos, encefalite de tronco cerebral e mielite; • PCR realizada no LCR– mostra antígenos virais no tecido cerebral, isolamento viral ou amplificação do DNA do HSV no LCR; (padrão ouro) • TC geralmente é normal na fase inicial; • RM revela edema, caracterizado pela presença de sinal hiperintenso nos lobos frontais e temporais em T2 e FLAIRcaptação de contraste sugestivo da quebra da barreira hematoencefálica, efeito de massa e hemorragia. T1, T2 E Flair | aspectos em ressonância magnética: São ponderações; • T2 – líquor vai sempre se apresentar com hiper sinal e a substância branca fica mais escura, a cinzenta (cortical) mais clara. • T1 – sequência anatômica: substância branca se apresenta branca e a cinzenta (cortical) mais escura, os núcleos da base não brilham – hiposinal; • Flair (parece com T2) – porém apaga-se o sinal do líquor que vai aparecer mais escuro e a substância cinzenta mais clara. Vírus Varicela-Zóster: • Após infecção permanece latente nos nervos cranianos e gânglios das raízes dorsais – reativados em estados de imunossupressão; • QC: neuralgia pós-herpética, paralisia de nervos cranianos, mielite, encefalite, ventriculite e meningite; • Acomete pequenos ou grandes vasos cerebrais; • Exantema cutâneo prévio ou concomitante; • o LCR mostra pleocitose linfocítica com variação de 0 a 2000 células/mm3, em geral inferior a 100 células/mm3; • identificação do DNA viral por PCR no LCR e avaliação da produção intratecal de anticorpos contra o VZV, combinados, representam a melhor estratégia. Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 6 Citomegalovírus: • Raramente ocasiona doenças em imunocompetentes; • Após infecções primarias permanece latente no organismo; • Manifestações mais frequentes são Retinite e doenças gastrointestinais, como esofagite, colite e gastrite; • Acometimento do SNC acomete menos de 1%; • QC: instalação subaguda (durante semanas) de desorientação, confusão mental, sonolência, déficits focais e convulsões; • Avaliação da síntese intratecal de anticorpo para CMV é um teste útil no diagnóstico da infecção do SNC por CMV; • Ganciclovir, medicamento de grande benefício clínico; • RM diminuição de sinal nas imagens pesadas em T1 e aumento de sinal em T2, lesões da substância branca, esparsa ou confluentes. Dengue: • No brasil coexistem os sorotipos: 1-3; • Tipo 2 e 3 apresentam propriedades neurotrópicas; cerca de 1 a 5% evoluem com manifestações neurológicas, encefalite sendo a mais comum; • Após a infecção o indivíduo permanece assintomático ou desenvolve febre clássica da dengue, febre hemorrágica ou síndrome de choque, após o período de incubação de 3 a 15 dias; • QC da dengue clássica: Febre alta, cefaleia, prostração, mialgia, náusea, vomito, dor abdominal e exantema maculopapular; • Sintomas predominantes são sonolência, afasia, crise convulsiva, confusão mental, agitação psicomotora, perda de memória, ataxia, disartria, mioclonia e coma; • LCR pode ser normal ou demonstrar reação inflamatória caracterizada por pleocitose, hiperproteinorraquia, disfunção da barreira hemato-LCR e síntese intratecal de IgG total; • Presença de anticorpos IgM antidengue no LCR – confirma diagnostico; • TC/RM tem sido normal ou revela edema cerebral. Enterovírus: • Pode induzir quadros graves de encefalite, muitas vezes acompanhado de edema e hemorragia pulmonar fatal; • Não é comum; • Os principais agentes causadores de encefalite incluem: Coxsackievírus A e B, Echovírus e Poliovírus; • QC: semelhante a encefalite por HSV, em algumas situações acompanha‑se de faringite, conjuntivite, tosse, vômitos, dor abdominal e diarreia; • LCR apresenta pleocitose mononuclear, proteína elevada e glicose normal; • PCR apresenta grande valor no diagnóstico das infecções por enterovírus no SNC. CITAR os diagnósticos diferenciais para encefalite viral. Inclui outras infecções e distúrbios inflamatórios do sistema nervoso central imunomediados. → Encefalomielite disseminada aguda; → Encefalite autoimune; → Meningite viral; → Encefalopatia (toxica/metabólica); → Estado de mal epiléptico. COMPARAR vertigem e tontura. Vertigem Tontura São as tonturas do tipo rotatório caracterizadas pela ilusão de que o ambiente está se movendo ao seu redor. É uma sensação de desequilíbrio corporal, uma instabilidade que pode ser do tipo rotatória ou não As causas podem ser de origem central ou periféricas. DIFERENCIAR as vertigens central e periférica (definição, quadro clínico e diagnóstico). As causas centrais geralmente são mais graves porque podem ser decorrentes de tumores, acidentes vasculares, infecções e doenças inflamatórias, que ocorrem dentro do sistema nervoso central. Já as periféricas podem ser devido a disfunções labirínticas (labirintite) e do nervo vestibular, provenientes de infecções, intoxicações medicamentosas, tumores extracranianos e traumas. A causa mais comum é a vertigem posicional periférica benigna (VPPB). A VPPB pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em idosos e em pessoas com trauma craniano. Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 7 Causas: 1. Vertigem periférica: a. Neurite vestibular (possível etiologia viral) que é um quadro incapacitante de vertigem sem perda de audição; b. Labiritinte pode ser produzida por infecções virais ou bacterianas do ouvido médio e mastóide, associa-se a redução da audição; c. Doença de Ménière, produzida por distensão dos canais endolinfáticos e que apresenta vários episódios de vertigem associados a surdez progressiva; d. Ototoxicidade por medicamentos como aminoglicosídeos, quinino, salicilatos e diurético de alça; 2. Vertigem central: a. hemorragia ou infarto cerebelar (associa-se a ataxia, Romberg positivo); b. Insuficiência vértebro-basilar; c. tumores do 8º par craniano e do ângulo cerebelo-pontino; d. Epilepsia. Quadro clínico: Apresentação súbita e severa da vertigem, com padrão paroxístico sugere causa periférica. Desencadeada com a mudança de posição. Manobras especiais: O teste de Hallpike pode ser utilizado para o diagnóstico de VPPB. Consiste em colocar o paciente sentado com a cabeça virada para um lado 45º. A seguir, o paciente é deitado na maca com a cabeça pendente 30º a 45º. Após a manobra o paciente exibirá um nistagmo de curta duração com o componente rápido na direção do ouvido afetado. Se o paciente refere seus sintomas durante tosse ou com barulho, pode-se solicitar para que ele realize alguma manobra de valsalva e observar a ocorrência dos sintomas de Vertigem assim como nistagmo (sinal de Mirro), que é sugestiva de deiscência do canal semicircular superior. Não é necessário fazer exames de imagem. Periférica Central Início Súbito Gradual Gravidade Intensa Menos intensa Náusea e sudorese Comum Incomum Fadiga dos sinais Sim Não Perda da audição Pode ocorrer Não Sintomas do SNC Não Presentes Diagnostico: É eminentemente clínico. Na anamnese, os principais elementos são a duração e a gravidade da sintomatologia. É fundamental a realização do exame neurológico, incluindo a pesquisa de nistagmo e eventualmente, a avaliação da acuidade auditiva. Exame Físico Geral: No exame físico geral devem-se observar atentamente a frequência cardíaca do paciente bem como sua pressão arterial deitado e em pé a procura de sinais de hipotensão ortostática ou arritmias cardíacas, que explicariam Tontura do tipo pré-síncope. Exame Neurológico: Nível de consciência: pacientes com distúrbios metabólicos como hiper ou hipoglicemia, assim como com lesões estruturais em tronco cerebral e tálamo, podem apresentar quadros de confusão mental e sonolência. Equilíbrio estático: com o paciente em ortostase com os pés distanciados 5 a 10 cm e os olhos fechados, observamos a ocorrência de tendência a queda para um dos lados, assim como para frente ou para trás. Nos casos de vestibulopatia periférica, o lado preferencial para queda muda conformea direção cefálica, tendendo sempre a cair para o lado doente. Nos casos de doenças cerebelares, a tendência de queda persiste para o mesmo lado, independentemente da posição cefálica. Devido à intensidade dos sintomas vertiginosos e à abasia e à astasia, essa investigação pode estar prejudicada na fase aguda. Febre, Inflamação e Infecção | P5 Mt3 Pr2 | @study.sarahs | MEDICINA – FITS 8 Força muscular: ocorrência de déficits motores assim como assimetria de reflexos sugerem acometimento do SNC. Sensibilidade: déficits sensitivos em todo um hemicorpo sugerem lesão em SNC; alterações de sensibilidade em dermátonos de V nervo podem ocorrer em Tumores do ângulo pontocerebelar. Coordenação: alterações de tônus assim como dismetria, disdiadocinesia e rechaço sugerem acometimento do cerebelo ou de suas vias. Motricidade ocular extrínseca (MOE): esta parte do exame neurológico é a mais importante nos pacientes com queixa de Vertigem. Na posição primária do olhar, deve-se observar a ocorrência de desvios oculares, sugerindo paresia de musculatura ocular assim como a presença de nistagmo. Nistagmo unidirecional na posição primária do olhar que piora ao olhar para o lado da fase rápida e diminuiu com o olhar para a lado da fase lenta (lei de Alexander) sugere acometimento periférico. Em seguida, deve-se examinar a MOE nas 9 posições do olhar, o seguimento e as sacadas na pesquisa de alterações como paresias de III, IV e VI, sugerindo acometimento de múltiplos nervos cranianos, e de seguimento sacádico e alterações de sacadas, que sugerem acometimento cerebelar quando alteradas. Nistagmos que aparecem evocados pelo olhar, com mudança de sentido dependendo deste, sugerem acometimento central. A inibição do nistagmo com a fixação do olhar, assim como seu aumento com a supressão deste, sugere acometimento periférico. Lesões centrais não apresentam variação de nistagmo com fixação. A inibição da fixação pode ser conseguida com o uso de óculos de Frenzel, ou, de modo mais prático, ao se realizar exame de fundo de olho, solicitar ao paciente para ocluir o olho não examinado, observando então o aumento na intensidade do nistagmo. Veremos o nistagmo através do oftalmoscópio para o lado contrário do real. Reflexo vestíbulo-ocular (RVO): a pesquisa do Reflexo vestíbulo-ocular é de muita ajuda na avaliação de Tontura, pois sua alteração em um dos lados indica, na grande maioria das vezes, acometimento do sistema vestibular periférico em pacientes com Vertigem rotatória isolada. Outros nervos cranianos: a presença de alterações em outros pares cranianos pode indicar a presença de doenças que acometem as meninges como infecções, doenças inflamatórias e sistêmicas. Conduta: Iniciar tratamento com anti-histamínicos como a prometazina 25 a 50 mg IV ou IM se não houver contraindicação. Remover para o hospital os pacientes com suspeita de tumor, causas centrais e labirintite bacteriana Referências: Encefalite Viral - Marzia Puccioni-Sohler,MD, PhD Protocolos de clínica médica – Parte 1 https://www.sanarmed.com/resumo-sobre- encefalite-completo-sanarflix https://www.scielo.br/j/jped/a/bVp9kwTQM7SbhRmL kGKCPQD/?lang=pt# https://www.neurologica.com.br/blog/qual-e- diferenca-entre-tontura-e-vertigem-e-principais- causas/ https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes /1253/tontura_e_vertigem.htm# https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-encefalite-completo-sanarflix https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-encefalite-completo-sanarflix https://www.scielo.br/j/jped/a/bVp9kwTQM7SbhRmLkGKCPQD/?lang=pt https://www.scielo.br/j/jped/a/bVp9kwTQM7SbhRmLkGKCPQD/?lang=pt https://www.neurologica.com.br/blog/qual-e-diferenca-entre-tontura-e-vertigem-e-principais-causas/ https://www.neurologica.com.br/blog/qual-e-diferenca-entre-tontura-e-vertigem-e-principais-causas/ https://www.neurologica.com.br/blog/qual-e-diferenca-entre-tontura-e-vertigem-e-principais-causas/ https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1253/tontura_e_vertigem.htm https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1253/tontura_e_vertigem.htm
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