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Encefalite: conceitos, etiologia e diagnóstico

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Sabrina B 
 
 
1 
 
 
Introdução 
Inicialmente, é importante destacar que existem 
alguns conceitos muitas vezes confundidos dentro 
da neurologia, como os conceitos de: meningite, 
encefalite e meningoencefalite. 
1. Meningite é a inflamação ou edema das 
meninges ao redor do cérebro e da medula 
espinhal; 
2. Encefalite ocorre quando há inflamação 
do cérebro propriamente dito; 
3. Meningoencefalite é a inflamação das 
meninges e do cérebro, ou seja, a junção 
dos dois anteriores. 
Do ponto de vista clínico, os sinais e sintomas 
podem nos ajudar a diferenciar a meningite da 
encefalite, de modo que os achados mais comuns 
na meningite são: cefaleia, febre, letargia e 
meningismo (sinais de irritação meníngea (Figura 
1) – rigidez de nuca e os sinais clínicos de Kernig 
e Brudzinski); enquanto que nas encefalites, os 
achados mais frequentes são: alterações de 
funções (estado mental ou cognitivo-
comportamental) ou sinais neurológicos focais. 
Figura 1. Sinal de 
Brudzinski (imagem de cima) e Sinal de Kernig (imagem 
debaixo), respectivamente. 
Etiologia 
As encefalites podem ser desencadeadas por 
diversos tipos de etiologias, fazendo com que a 
epidemiologia do acometimento seja dependente 
do tipo etiológico. Desse modo, são possíveis 
etiologias: infecciosa, pós-infecciosa, autoimune e 
paraneoplásica. 
Dentre as encefalites de causa infecciosa, na 
maioria das vezes estão relacionadas com 
infecções virais, sendo o Herpes simples 1 (HSV-
1), o agente mais comum, seguido de outros, 
como: HIV, Enterovírus, EBV, HSV-6 
e Arbovírus, lembrando que existem outros 
patógenos que podem estar associados (bactérias 
e protozoários). 
Quanto as encefalites pós-infecciosas (ocorrem 
após infecção ou vacinação), tem-se como 
exemplo a encefalomielite disseminada aguda 
(ADEM), que surge após um quadro infeccioso, 
que pode ser viral (herpes) ou bacteriano 
(Mycoplasma pneumoniae), de qualquer sítio, em 
dias ou semanas. 
Por fim, no que diz respeito as encefalites 
autoimunes e paraneoplásicas, observa-se que 
estão associadas com uma resposta do sistema 
imune do próprio paciente contra receptores 
proteicos no encéfalo, ocasionando a inflamação. 
Fisiopatologia da encefalite 
Os mecanismos patogênicos das encefalites 
dependem da etiologia: infecciosa, pós-infecciosa 
ou mediada por anticorpos (imune e 
paraneoplásico). Dessa forma, a patogenia pode 
Sabrina B 
 
 
2 
 
ser dividida em dois modos: 1 – direto e 2 – 
indireto. 
Dentro do mecanismo direto, existem 3 possíveis 
vias, a hematogênica, quando há infecção do 
endotélio dos pequenos vasos, de modo que os 
leucócitos infectados chegam ao sistema nervoso 
central através dos plexos coroides (Herpes e 
Arbovírus); difusão, quando ocorre infecção 
através da difusão centrípeta a partir de nervos 
periféricos (Raiva); olfativa, muito relacionada com 
as infecções por herpes, poliomielite e arbovírus. 
Quanto ao mecanismo indireto, a patologia ocorre 
através de mecanismos imunológicos, por um 
mecanismo predominantemente mediado por 
células T ativadas que reconhecem antígenos da 
mielina e causam a lesão. 
Quadro clínico 
O quadro clínico se caracteriza por uma instalação 
aguda ou subaguda, 
cursando com alterações no estado mental, crises 
convulsivas ou alterações cognitivo-
comportamentais, além de alguns sinais 
neurológicos focais (hemiparesia, distúrbio da 
linguagem). 
Lembre-se: o paciente pode apresentar alguns 
achados meníngeos (Sinal de Kernig ou 
Brudzinski) quando há uma meningoencefalite e 
ainda percebe-se que alguns pacientes evoluem 
com sinais e sintomas constitucionais, como febre, 
vômitos, cefaleia e acometimento de outros 
órgãos específicos (exantema, sinais de infecção 
respiratória). 
Diagnóstico da encefalite 
O diagnóstico da encefalite é baseado 
na anamnese com o exame físico, podendo ser 
complementado com a neuroimagem e o estudo 
do líquor. Além disso, outros exames que podem 
ser utilizados no auxílio do diagnóstico são: 
o eletroencefalograma e exames laboratoriais 
(em especial, sorologias). 
A neuroimagem é de extrema importância nesses 
casos, porém, vale lembrar que em alguns casos 
pode se apresentar sem alterações. Por isso, 
dentre as possibilidades de exames de imagem, 
tomografia e ressonância magnética, a que possui 
uma maior sensibilidade e maior acurácia é a 
ressonância magnética (Figura 2), lembrando que 
os achados radiológicos podem, além de 
diagnosticar uma encefalite, sugerir possíveis 
etiologias. 
Figura 2. Ressonância magnética evidenciando 
um quadro de encefalite em região temporal, nas 
ponderações T2 e FLAIR, respectivamente, nos 
cortes axial e coronal. Possível etiologia – HSV – 
1. 
O exame do líquor é um método de diagnóstico 
muito utilizado e fundamental na avaliação dos 
processos inflamatórios tanto das meninges 
quanto do encéfalo. Nos quadros de encefalite os 
achados no líquor são, inicialmente (Figura 3): 
pleocitose (aumento no número de células), com 
predomínio de linfócitos, além de ter níveis de 
proteínas um pouco aumentados, glicose normal 
e, em alguns casos, em especial no caso de HSV-
1, podem surgir hemácias. A definição do agente 
etiológica necessita de exames adicionais, como: 
culturas, PCR e painel de anticorpos. 
Figura 3. Quadro com alguns dos possíveis 
achados do estudo liquórico. 
O eletroencefalograma pode ser um exame 
auxiliar no diagnóstico, embora não seja 
necessário. Como resultado, pode ser encontrado, 
por exemplo, nos casos de encefalite por HSV-1, 
Sabrina B 
 
 
3 
 
achados de irritação focal (atividade epileptiforme) 
nos lobos temporais. 
Tratamento da encefalite 
O tratamento das encefalites é feito de acordo com 
a etiologia, sendo realizado de forma direcionada. 
No entanto, vale lembrar que é uma patologia de 
alta morbidade e mortalidade, por isso, devido a 
possibilidade de demora para a realização do 
diagnóstico etiológico, existem algumas medidas 
que podem ser adotadas na terapêutica inicial. 
Como medida inicial para os pacientes que se 
apresentam com quadro agudo sugestivo de 
meningoencefalite, pode-se iniciar 
antibioticoterapia empírica – ainda que antes da 
realização de exames de imagem ou líquor. 
Nesses casos, recomenda-se coletar uma 
hemocultura e, após, iniciar o tratamento empírico. 
Abordagem direcionada 
HSV-1 
Trata-se da etiologia mais comum de encefalite 
fatal, que cursa com um quadro agudo, e sintomas 
inespecíficos (febre, cefaleia, crise convulsiva, 
alterações no estado de consciência e cognitivo-
comportamental). Na imagem, há um 
acometimento predominante das regiões 
temporais, e no líquor o achado característico é 
um aumento da celularidade com predomínio de 
linfócitos. 
A confirmação diagnóstica se dá com a 
positivação viral no PCR e o tratamento de 
escolha é com Aciclovir EV, 10 mg/kg de 8/8h por 
14 – 21 
dias. É importante lembrar que todos os casos de 
encefalite viral aguda devem ser tratados em 
unidade de terapia intensiva com ventilação 
mecânica disponível. 
As crises epilépticas devem ser controladas com 
fenitoína IV e extrema atenção deve ser dada à 
manutenção da respiração, ao ritmo cardíaco, ao 
balanço hídrico, à prevenção da trombose venosa 
profunda, à pneumonia aspirativa, ao controle 
clínico da hipertensão intracraniana e às infecções 
bacterianas secundárias. 
O paciente com encefalite viral aguda pode cursar 
com aumento da pressão intracraniana, 
manifestando os seguintes sinais: cefaleia, 
vômitos e 
diminuição do nível de consciência. Todas as 
intervenções terapêuticas padrão foram usadas 
para diminuir a pressão nesses pacientes, com o 
uso de manitol, mas nenhuma demonstrou um 
benefício realmente estabelecido. 
Embora o uso de dexametasona tenha mostrado 
bons resultados nos pacientes com meningite, 
existem dados limitados sobre o seu uso nos 
pacientes com encefalite, por tanto, extrapolar 
esses dados (relacionados a meningite) para os 
pacientes com encefalite, pode não ser válido. 
Mas, vale lembrar queo monitoramento da 
pressão intracraniana deve ser feito nesses 
pacientes, pois níveis elevados possuem um 
prognóstico pior. 
Imunomediada e paraneoplásica 
De forma geral, esses quadros são divididos em 
dois tipos: causados por alterações de anticorpos 
direcionados contra os antígenos intracelulares 
(onconeurais) e anticorpos anti-superfície 
(celular). Nesse sentido, os anticorpos 
onconeurais são aqueles relacionados com a 
condição paraneoplásica, que muitas vezes 
antecede o diagnóstico de câncer, enquanto que 
os anticorpos anti-superfície são imunomediados. 
Encefalite Límbica 
Como dito anteriormente, quando há 
acometimento de estruturas límbicas o paciente 
cursa com sintomas de alteração cognitivo-
comportamental, além de prejuízo na memória de 
curto prazo, podendo também desenvolver crises 
convulsivas. As neoplasias que estão mais 
associadas com esse quadro são as que 
acometem: pulmão, testículos, mama e Hodgkin. 
O diagnóstico é semelhante ao descrito no tópico 
de diagnóstico geral, valendo ressaltar que nesses 
casos a imagem mostrará um acometimento típico 
de estruturas límbicas. 
Esses pacientes possuem um prognóstico 
reservado, o tratamento deve ser feito com base 
no rastreio do câncer, seguido do tratamento 
oncológico e imunoterapia. Ainda, vale lembrar 
que a encefalite límbica também pode ter causa 
imunomediada, que está associada com diversos 
anticorpos, podendo, ser identificado através do 
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4 
 
painel de anticorpos no líquor. Nesse âmbito, o 
tratamento é pautado em imunoterapia, às vezes, 
sendo necessária a realização de pulsoterapia 
mais imunoglobulinas. 
Encefalite de tronco encefálico 
Quando há encefalite acomete a região de tronco 
encefálico surgem alguns sinais e sintomas que 
direcionam bem o atendimento, como: 
acometimento de pares cranianos, movimentos 
oculares involuntários e síndrome cerebelar. Os 
anticorpos mais comumente associados co essa 
condição são: Hu, e MA2, enquanto que os tipos 
de cânceres mais relacionados, são: pulmão e 
testículo.

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