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ETICA ESTATÉTICA E SOCIEDADE 04.2.2022

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Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
3 
 
 
Sumário 
DADOS DE INDENTIFICAÇÃO ............................................................................................... 3 
PLANO DE ENSINO ................................................................................................................... 3 
1. A conceituação ......................................................................................................................... 3 
2. Objectivos da disciplina ........................................................................................................... 3 
2.1. Objectivos gerais: .................................................................................................................. 3 
2.2. Objectivos específicos: .......................................................................................................... 3 
2.3. Objectivos educativos:........................................................................................................... 3 
3. Metodologia do ensino ............................................................................................................. 3 
4. Modo de avaliação .................................................................................................................... 3 
0. Um pouco sobre a disciplina (NOTA INTRODUTÓRIA) ...................................................... 4 
1.DEFINIÇÃO, IMPORTÂNCIA E ALCANCE DOS CONCEITOS: ÉTICA, ESTÉTICA E 
SOCIEDADE ................................................................................................................................... 6 
1.1. Ética ....................................................................................................................................... 6 
1.2. Estética .................................................................................................................................. 6 
1.3. Sociedade ............................................................................................................................... 6 
1.4. Ética ou deontologia profissional? ........................................................................................ 7 
1.5. Profissionalidade docente ..................................................................................................... 9 
1.5.1. Profissionalidade .............................................................................................................. 10 
1.5.1.1. Ser um profissional ........................................................................................................ 10 
1.5.1.2. Agir como um bom profissional .................................................................................... 11 
1.5.2. Identidade profissional do docente ................................................................................... 11 
1.5.3. Profissionalidade em educação......................................................................................... 11 
1.5.4. Caraterísticas da profissionalidade ................................................................................... 14 
2. DEONTOLOGIA NAS PROFISSÕES DA EDUCAÇÃO .................................................... 15 
2.1. Deontologia comparada ao serviço público ..................................................................... 16 
2.2. Panorama deontológico do campo da educação .............................................................. 17 
2.3. Princípios deontológicos .................................................................................................. 18 
2.3.1. A educação é um direito do homem e o direito à educação é uma Ética cujo conteúdo é 
um complexo normativo de direitos do educando. ..................................................................... 18 
2.3.2. O primado do interesse superior do educando deve ser o princípio fundamental da 
responsabilidade profissional dos educadores. ........................................................................... 18 
2.3.3. Os profissionais da educação têm um dever geral de competência e exemplaridade 
elevadas. ..................................................................................................................................... 18 
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
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2.3.4. A grandeza deontológica e o sucesso das profissões da educação estão na sua paradoxal 
auto-negação. .............................................................................................................................. 19 
2.3.5. O desejo de saber, próprio do ser humano, deve ter como bússola o valor da verdade e 
como sentido a elevação da dignidade e bem-estar da humanidade, através do mais elevado nível 
de realização de todos os direitos de todos os seres humanos. ................................................... 19 
3. DIREITOS E DEVERES ....................................................................................................... 20 
3.1. Deveres ............................................................................................................................ 20 
3.1.1. Na relação com o (s) educando (s) ............................................................................. 20 
3.1.2. Na relação com os colegas ........................................................................................... 20 
3.1.3. Na relação com a instituição........................................................................................ 21 
3.1.4. Na relação com a família e a comunidade .................................................................... 21 
3.1.5. Para com a profissão ..................................................................................................... 22 
3.2. Direitos ............................................................................................................................ 22 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 23 
5. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
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DADOS DE INDENTIFICAÇÃO 
 INSTITUIÇÃO: Instituto Superior de Ciências de Educação do Uíge 
 DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO: Educação de Infância 
 CADEIRA: Ética Estética e Sociedade 
 CURSOS: Ensino Pré-Escolar 
 ANO DO CURSO: 4º Ano 
 PERÍODO: 1ºSemestre 
 NOME DA CADEIRA: Ética, Estética e Sociedade 
 CARGA HORÁRIA: 3 Tempos Lectivos/Semana 
 DOCENTE DA CADEIRA: Garcia Matondo Vita Bige 
PLANO DE ENSINO 
1. A conceituação 
 
2. Objectivos da disciplina 
2.1. Objectivos gerais: 
• Compreender as noções gerais e fundamentais da cadeira; 
• Reflectir acerca da Ética, Estética e Sociedade para a afirmação do educador assim como 
conhecimentos deontológicos na prática educativa. 
 
2.2. Objectivos específicos: 
• Desenvolver o espírito crítico e reflexivo sobre os problemas fundamentais da cadeira nas 
vicissitudes da vida; 
• Compreender os conceitos e as noções fundamentais da cadeira para melhor aplicar a 
deontologia profissional; 
2.3. Objectivos educativos: 
• Promover o desenvolvimento de um olhar crítico e reflexivo relativamente aos debates e 
às opções educativas; 
 
• Reconhecer a complexidade e a diversidade das situações e temáticas educativas; 
• Relacionar a reflexão teórica com os problemas decorrentesda prática pedagógica. 
3. Metodologia do ensino 
Todas as aulas serão expositivas e/ou dialógicas. A Ética, Estética e a Sociedade apenas faz avanço 
na medida que as opiniões e teorias são cuidadosamente analisadas e criticadas e se adequam às 
acções do nosso quotidiano. 
 
4. Modo de avaliação 
O conceito final será a média aritmética dos conceitos atribuídos das avaliações parciais e à 
participação nos debates durante as aulas. Haverá duas provas e um trabalho prático cujas datas 
serão marcadas oportunamente e, no fim, haverá o exame final. 
 
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
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0. Um pouco sobre a disciplina (NOTA INTRODUTÓRIA) 
É comum ouvir-se: o professor não tem ética; os funcionários da banca não sabem atender os 
clientes; o senhor X ou Y, não tem maneiras e, assim por diante. O que nos leva as pessoas a 
deduzirem isso? Estarão as referidas condutas a obedecer às normas regulares de uma sociedade 
normal? O que cada um faz, ao notar uma conduta anormal em certos servidores públicos e público-
privados e privados? Se limitando, simplesmente, a reclamar, longe daqueles que praticam tais 
actos, estarão os clientes ou o público, em geral, a ajudar a mitigar tal conduta? 
Vamos através desta cadeira reflectir um pouco sobre os mecanismos pelos quais podemos e, é 
possível, servir e prestar um serviço à altura das circunstâncias, nos vários sectores da nossa 
sociedade, tendo como base o respeito mútuo, consubstanciado na reciprocidade de esforços e, no 
melhor uso, dos pressupostos deontológicos, que regem as boas práticas, a ter em conta na 
prestação de serviço. Aliás, “as profissões, em sentido estrito, têm o seu corpo, a sua alma e o seu 
lar: o corpo está nos seus saberes, a alma está nos seus valores, o lar está na sua autonomia” 
(Monteiro, A. R., 2005, p. 8). Podemos considerá-los como sendo o os atributos essenciais da 
profissionalidade ou identidade profissional, uma vez que, “os valores, codificados em princípios, 
deveres e direitos, para reger a conduta profissional, constituem a sua Deontologia ou Ética 
Profissional” (idem). 
Neste sentido, impõem-se a criação de um código de conduta para a profissão, nas sociedades onde 
ainda não existe, para que os professores não se sintam acomodados, como sendo meros 
funcionários públicos, agindo ao seu belo prazer no exercício da sua profissão, como acontece, 
aqui, em Angola. Ou seja, há um certo desrespeito dessa classe, por conta de haver muitos que, 
tendo ingressado sem o menor conhecimento da exigência que a profissão requer, sentem-se no 
direito de agir como querem, prejudicando o bom nome da classe, em particular e da sociedade, 
em geral, porquanto não conseguem perceber o sentido da profissão. Consideram-se sabe tudo, 
quando pouco ou nada sabem, menosprezando a complementaridade do estudante no processo de 
ensino e a aprendizagem. É preciso que todos os que exercem a profissão de professor, desde que 
a exerçam, que sejam humildes e entendam que, o seu exercício só é possível com o estudante, isto 
é, o professor é professor pelo estudante, ao mesmo tempo que o estudante é estudante pelo 
professor. Assim sendo, impõem-se uma complementaridade e harmonia, no que se pode 
denominar como sendo um binómio saudável, no processo de ensino e aprendizagem, ao 
concretizar-se essa reciprocidade de esforços, onde ambos aprendem um com o outro, sem 
desprimor ao respeito e papel que cada desempenha no referido processo, onde o professor é o 
facilitador e despertador do interesse dos estudantes. 
A profissão docente é tão ingrata quanto gratificante. Tudo depende de como a exercemos e dos 
meios humanos, materiais, o estado de espírito, objectivo, o lugar e as circunstâncias com os quais 
a exercemos. Trata-se da profissão que faz o tipo de homens a que uma sociedade está sujeita a 
desenvolver ou fracassar. Como dizia Kant: “o tipo de educação que damos, faz o tipo de homens 
que queremos para sociedade”. (Kant, 2020). Por isso, exige-se mais dignidade aqueles que 
exercem a profissão docente, eles são os formadores de todos os outros profissionais, desde o 
Presidente da República e todos os demais servidores públicos. Uma profissão que deveria ser 
muito respeitada. Para tal, os professores precisam, antes demais, respeitar-se. 
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
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Essa reflexão remete-nos ao exemplo, de 1982, numa comunicação à Primeira Conferência para 
os Trabalhadores da Educação, em Hong Kong, onde o Director da Escola de Educação da 
Universidade Chinesa de Hong Kong (Cho-Yee To) colocava a seguinte questão: 
Ensino é uma profissão? Ou é meramente uma subprofissão? Para discutir o estatuto do ensino, temos de 
compreender a natureza e funções da educação, assim como as promessas e limitações do ensino como 
carreira. Depois, podemos avançar para deliberar como é que o ensino pode ser transformado numa profissão 
forte e poderosa. 
No passado, as associações de professores preocuparam-se principalmente com o crescimento do número e a 
negociação dos vencimentos dos seus membros. Mas, nos últimos anos, começaram a rever as suas funções 
tradicionais criticamente. Algumas delas fornecem serviços profissionais aos seus membros. Mas há que fazer 
muito mais. Devem ser estabelecidos objectivos mais claros e amplos para a profissão. É preciso criar um 
mecanismo de auto-avaliação e auto-disciplina da profissão. É necessário criar um código de ética 
profissional para os professores (To, 1982: 71, 72). 
Portanto, impera-se a cada cidadão o verdadeiro sentido de amor próprio e de amor ao próximo, 
porque ensinar é a forma mais plena, sublime e completa de ser patriota, servir a pátria e de amar 
o próximo. Neste sentido, seria uma condição sine quan o reconhecimento de quem pode exercer 
essa nobre profissão e aqueles que não podem exerce-la e ainda a exercem que, com toda 
humildade possível, encontrem o lugar, onde melhor possam servir a pátria e o próximo. Não é 
justo, que o ensino seja confundido como uma mera subprofissão. 
Um cidadão razoável é aquele que reconhece que pode isso e não pode aquilo. A profissão docente 
é tão ingrata quanto gratificante. Tudo depende de como a exercemos e dos meios materiais, o 
estado de espírito, objectivo, o lugar e as circunstâncias com os quais a exercemos. Trata-se da 
profissão que faz o tipo de homens a que uma sociedade está sujeita a desenvolver ou fracassar. 
Neste sentido, exercer a profissão docente é um privilégio nobre e imensurável. Por isso, aqueles 
que não podem exercê-la e ainda a exercem e que, com toda humildade possível, encontrem o 
lugar, onde melhor possam servir a pátria e ao próximo. Não é justo que o ensino seja confundido 
como uma mera subprofissão. 
Portanto, impera-se a cada cidadão o verdadeiro sentido do amor próprio e de amor ao próximo, 
porque ensinar é a forma mais plena, sublime e completa de ser patriota; de servir a pátria e de 
amar o próximo. 
Abordaremos essencialmente três pontos essenciais, também entendidos como capítulos, a saber: 
no primeiro ponto trataremos da definição, importância e alcance da Ética, Estética e Sociedade, 
no segundo, apresentaremos um conjunto de normas a que denominamos, princípios deontológicos 
comuns à generalidade das profissões e, finalmente, no último ponto, reflectiremos sobre os 
direitos e deveres tanto dos educadores quanto dos educandos. 
 
 
 
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
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1.DEFINIÇÃO, IMPORTÂNCIA E ALCANCE DOS CONCEITOS: ÉTICA, ESTÉTICAE 
SOCIEDADE 
1.1. Ética 
Ética (do grego: tò noiká; do latim: Ethica; do Francês: Éthique), em geral, ciência da conduta. Por 
um lado, é considerada como a ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve orientar-se 
e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem. 
Por outro, como a ciência do móvel da conduta humana e procura determinar tal móvel com vistas 
a dirigir ou disciplinar essa conduta (ABBAGNANO, Nicola. 1998, p. 380). 
A ética remete-nos à prática dos bons costumes no nosso quotidiano familiar, profissional e noutros 
âmbitos nos quais convivemos com os nossos semelhantes. Assim sendo, agir eticamente significa 
cumprir com os padrões normativos que regulam a convivência sadia dos indivíduos em casa, com 
os familiares; na escola com os colegas sejam discentes ou docentes; na igreja com os demais 
irmãos com quais professamos a mesma fé cristã ou qualquer que seja; no mercado com quem 
partilhamos o mesmo lugar, para dalí tirarmos o nosso pão de cada e demais espaços que 
congregam e agregam valores. 
1.2. Estética 
Estética (do francês: Esthétique) designa a ciência filosófica da arte e do belo. O substantivo foi 
introduzido por Baumgarten, por volta de 1750 (ABBAGNANO, Nicola. 1998, p. 366). Aqui, a 
arte do belo consiste em agradar quem a vive e a vê. 
E, então, o que se pode esperar obter da arte? De forma espontânea podemos responder que seja 
“o prazer ou satisfação” (Graham, 1997, p. 13). David Hume, num famoso ensaio intitulado: 
“Sobre o Padrão do Gosto”, defende que “o que realmente importa na arte é a sua “agradabilidade”, 
o prazer que obtemos com ela, e que isto tem a ver com os nossos sentimentos, não com a sua 
natureza intrínseca”. Portanto, os juízos sobre o bom e o mau na arte, de acordo com Hume, não 
são na verdade de modo algum juízos, “porque não tem referências fora de si mesmo e é sempre 
real, onde que um homem tenha consciência dele” (Hume. 1975, p. 238). Por isso, “procurar a 
verdadeira beleza, ou a verdadeira deformidade, é uma investigação infrutífera, como seria 
procurar o verdadeiro doce ou o verdadeiro amargo” (Hume, 1975, p. 239). 
Apesar de o gosto ser uma questão de sentir as coisas como agradáveis ou desagradáveis, há ainda 
assim um padrão de gosto, sendo a questão a de saber como tornar consistentes estas duas ideias 
(Graham, 1997, p. 14). 
 
1.3. Sociedade 
Sociedade (do latim: Societas), em geral, pode significar o primeiro campo de relações 
intersubjectivas, ou seja, das relações humanas de comunicação. Também pode ser a totalidade dos 
indivíduos entre os quais ocorrem as relações humanas. Igualmente, pode ser entendida como um 
grupo de indivíduos entre os quais essas relações ocorrem em alguma forma condicionada ou 
determinada (ABBAGNANO, Nicola. 1998, p. 912). 
A sociedade é o conjunto de pessoas localizadas num espaço com objetivos e características comuns.
Conteúdo sobre Ética, Estética e Sociedade. 4º Ano do Ensino Pré-Escolar. ISCED-Uíge. Ano Académico 2022/2023. Docente: GARCIA 
BIGE (Bige GB). Email: matondobige1@hotmail.com 
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Tanto a Ética quanto a Estética só se podem concretizar entre indivíduos, na família, na igreja, na 
escola, na praça; numa palavra, ambas são, impreterivelmente, realizáveis na sociedade. Daí a 
grande importância da defesa dos bons costumes e valores que tornam uma sociedade saudável. O 
contrário, também, mas torna a sociedade imprópria para uma convivência saudável. 
Diante disso, o que fazer para tornar possível a tão propalada questão atinente ao resgaste de 
valores, que, ao que vemos no nosso quotidiano, a sociedade angolana perdeu e os precisa de volta, 
para o bem todos nós? Aqui, não basta referir-se ao resgate de valores, mas, implica, acima de 
tudo, a prática de atitudes que sejam razoáveis e adequadas à uma sociedade que se quer, também, 
razoável. Atitudes baseadas em princípios éticos que reponham o aquilo que normal que, aos olhos 
de muitos, parece anormal. Por isso, há a falsa ideia, na sociedade, de pensar-se que o normal 
passou a ser anormal e vice-versa. Quando na verdade, uma verdade será verdade, ainda que, todos 
a neguem e, de forma contrária, também uma mentira será sempre mentira, por mais que todos a 
aceitem. 
Esse exercício deve ser de todos nós. Neste sentido, cada cidadão deve fazer o melhor que 
contribua no resgate dos valores que a sociedade precisa de resgatar. Então, é imperioso que cada 
um saiba o que faz, como fazer e porque fazer. Assim, seria possível aos cidadãos não aceitarem 
aquilo que não podem fazer e pedir aquilo que podem melhor fazer. 
Aqui, a ética implica, também a deontologia profissional, que se circunscreve nas melhores práticas 
possíveis a serem adoptadas para o melhor exercício possível de uma profissão, nos vários sectores 
que constituem a nossa sociedade. Mas, neste particular, nos focaremos, sobretudo, no âmbito da 
deontologia profissional educativa. 
 
1.4. Ética ou deontologia profissional? 
Deontologia é um neologismo, de etimologia grega, formado pelos termos deon (obrigação, dever) 
e logos 
(discurso, palavra, ciência). Foi criado pelo pensador inglês Jeremy Bentham, o autor de uma obra 
intitulada Deontology or the Science of Morality (publicada em 1834). Neste sentido, deontologia 
ou Ética Profissional é um código de princípios e deveres (com os correspondentes direitos) que 
se impõem a uma profissão e que ela se impõe a si própria, inspirados nos seus valores 
fundamentais (Monteiro. 2005, p. 24). 
Por conseguinte, uma cultura profissional tem sempre uma dimensão ético-deontológica, na 
medida em que toda a profissão implica relação com os outros seres humanos, de modo mais ou 
menos intenso (idem). 
Assim, uma deontologia consiste essencialmente na determinação da responsabilidade 
profissional, respondendo possíveis interrogações: quem exerce uma profissão é responsável? 
(Ibidem, p. 27). 
De que? (seu bem ou objecto); 
Perante quem? (Seus destinatários directos e outros legítimos interessados); 
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Como? (Competências e conduta exigíveis); 
Com que sanções? (em caso de infracção). 
 
A responsabilidade profissional pode ser suscitada em virtude de erro profissional. Há erro 
profissional quando um acto profissional causa um dano ao cliente, por imperícia ou negligência. 
Se é provocado deliberadamente, há dolo ou crime. 
Por exemplo: Em Direito Civil a responsabilidade é contratual ou não contratual (delitual). A 
responsabilidade contratual é a obrigação de reparar o dano causado por inexecução de um 
contrato. A responsabilidade não contratual é a obrigação de reparar o dano causado por violação 
do dever geral de não causar dano a ninguém por actos pessoais, por actos de alguém por quem se 
é responsável (dos filhos menores, por exemplo), ou por algo de que se tem a guarda (um animal 
ou uma máquina, por exemplo). Em Direito Penal, a responsabilidade decorre da culpabilidade 
pela infracção voluntária da lei penal, a que corresponde a sanção nela prevista. Em Direito 
Administrativo, é a responsabilidade pecuniária dos agentes públicos pelos danos causados aos 
administrados ou à administração, por erro pessoal (não por erro de serviço, que é imputável à 
Administração). Mas a responsabilidade tem outros âmbitos. Portanto, assiste-se à generalizada 
emergência de uma renovada exigência ética, centrada na responsabilidade pessoal (Monteiro, 
2005, p. 27-28, e Monteiro, 2004, p. 63-64). 
Outra é a responsabilidade moral, cuja essência é, para Lévinas, a “responsabilidade pelo outro”, 
tendo como consequência a “anterioridade ética da responsabilidade” (Lévinas, 1993, p. 455, 
461)1. 
Segundo Ricoer, há um “sentido fraco” e um “sentido forte” da responsabilidade.No primeiro 
sentido “é dito responsável aquele que é o autor dos seus actos”. Neste caso, a responsabilidade 
significa “imputabilidade”. A responsabilidade em “sentido verdadeiro” é “aquela que se exerce 
em relação a alguém ou alguma coisa frágil que nos é confiada” (Ricoer, 1994. 24, 25). É o caso 
da responsabilidade na educação. 
Lowisch referindo-se a obra de Hans Jonas: “O princípio responsabilidade – Ensaio de uma ética 
para a civilização tecnológica (1979), conclui que a responsabilidade se tornou também “a 
categoria central da Ética Pedagógica”, podendo ser entendida em dois sentidos distintos (amplo e 
restrito). O primeiro sentido, diz respeito a qualquer agir pedagógico. Dito doutro modo, implica 
que: organizar seres humanos é sempre um agir pedagógico que deve ser responsável [...], por 
influenciar o desenvolvimento da personalidade daqueles que estão submetidos a uma orientação, 
 
1 Aplicando este primado aos direitos do homem, Lévinas escreveu: 
A característica formal dos Direitos do Homem – tais como são pensados, depois do Renascimento – consiste em 
serem inerentes a cada pessoa humana, independentemente de uma outorga prévia vinda de qualquer autoridade 
ou tradição, independentemente também de todo o acto de se arrogar ou de merecer esses direitos. Direitos ditos 
também naturais, pertencem também aos homens, a título igual, sejam quais forem as diferenças físicas ou mentais, 
pessoais ou sociais, que distinguem os homens entre si. Anteriores a toda a lei convencionada, são a priori. 
Que os Direitos do Homem sejam originalmente os direitos do outro homem e que exprimam, para além do 
desenvolvimento das identidades na sua própria identidade e no seu instinto de livre conservação, o para o outro 
do social, do para-o estrangeiro – tal me parece ser o sentido da sua novidade. (Lévinas, 1989; citado por Monteiro. 
2004, p. 64). 
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por livre aceitação ou por necessidade”. O segundo sentido (restrito), diz respeito ao acto 
pedagógico profissional, cuja substância é a responsabilidade por outros seres humanos, 
principalmente pela formação da sua capacidade para ser responsáveis (Lowisch, 1995, p. 72, 107). 
Neste sentido, formular uma Deontologia exige: identificar as suas fontes normativas; deduzir os 
seus princípios e traduzi-los em deveres e direitos. As fontes normativas para as deontologias 
profissionais são fulcrais para o desenvolvimento de qualquer profissão. Por isso têm, actualmente, 
um núcleo internacional, inscrito na Ética dos direitos do ser humano. Assim, as causas da 
internacionalização das deontologias são essencialmente duas: “a globalização do mundo, que é 
um processo de contracção do espaço e do tempo, pela dissolução de fronteiras e interconexão da 
vida dos indivíduos e dos povos. E a universalização da Ética dos direitos do ser humano, que a 
globalização torna ainda mais imperiosa. (Monteiro, 2005, p. 28). 
Como escreve Carr, “uma profissão digna do seu nome deve ser governada por um código de ética 
profissional que identifica claramente as obrigações e responsabilidades profissionais por 
referência aos direitos dos clientes ou pacientes” (Carr, 2000, p. 25), no caso da medicina e por 
referência aos discentes (alunos, estudantes e ou educandos) no caso da educação e ensino. 
Ricoer, por exemplo, “propõe chamar ética ao desejo de uma vida realizada, como e para os outros, 
em instituições justas”. E, inclui três elementos: “a ética como cuidado por si, como cuidado pelo 
outro, como cuidado pela instituição”, que constituem “o elemento reflexivo, o elemento de 
alteridade e o elemento institucional”. Para ele, a ética é mais fundamental que a moral. Mas a 
passagem à moral é indispensável: é o nível das normas, das obrigações, das interdições, necessárias 
por causa da violência estruturalmente inscrita na interação humana. Em consequência, deve-se 
“distinguir entre ética e moral: ética (tem uma relação directa com o comportamento) sendo todo o 
questionamento que precede a introdução da ideia de lei moral e designar por moral (tem uma 
relação indirecta com o comportamento) tudo o que, na ordem do bem e do mal, se refere a leis, 
normas, imperativos” (Ricoer, 1990, p. 15 e 62 e Monteiro, 2005, p. 29-30). 
 
1.5. Profissionalidade docente 
Antes de nos centrarmos ao conceito de profissionalidade docente, preferimos apresentar a 
diferença de alguns conceitos próximos, a saber: 
Profissionalismo refere-se ao “cumprimento do trabalho com seriedade, rigor e competência, isto 
é, o procedimento comum daquele que é bom profissional”. Ou seja, “o profissionalismo diz 
respeito ao modo como o indivíduo exerce a sua profissão, tanto ao nível dos saberes, como no que 
refere aos modos de ser e de agir profissionalmente” (Afonso, 2015, p. 111-112). 
Profissionalização é tornar um indivíduo num profissional; integração de um indivíduo numa 
profissão. Ou seja, “processo pelo qual o sujeito é habilitado a exercer, formalmente, uma atividade. 
No caso da atividade docente, a profissionalização envolve a aquisição, compreensão e utilização 
de saberes gerais e específicos que configuram a tarefa educativa” (idem). 
Desenvolvimento profissional diz respeito às mudanças qualitativas ao nível dos saberes – 
científicos, pedagógicos e metodológicos -, perspectivas, crenças, valores e práticas, que ocorrem 
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ao longo do tempo como resultado da experiência, da formação, da prática e da reflexão sobre a 
prática (idem). 
Roldão considera a profissionalidade como o “conjunto de atributos, socialmente construídos, que 
permitem distinguir uma profissão de outros tipos de actividades, igualmente relevantes e valiosas” 
(Roldão, 2005, p. 108). 
Segundo Afonso: “a questão de profissionalidade faz emergir aspectos relacionados coma dimensão 
pessoal e subjectiva do professor e, ainda, um conjunto de questões essenciais para a compreensão 
do ser professor enquanto profissional”. Trata-se, de forma particular, “ao significado do ser 
professor, à forma como as acções dos professores são afectadas pelos seus conhecimentos, 
pensamentos e pelas suas crenças e, ainda, ao modo como as condições de trabalho nas escolas 
determinam as práticas nas salas de aula” [...] Assim, ser professor implica assumir 
responsabilidades na orientação e concretização dos processos de ensino-aprendizagem, no sentido 
da formação integral dos alunos, sendo, por isso, necessário que esse processo seja organizado, 
sistemático e contínuo (Afonso, 2015, p. 112-113). 
 
1.5.1. Profissionalidade 
A profissão docente é, por si só, grata e ingrata, pela complexidade que envolve, isto é, lidar com 
seres livres e iguais. Será grata se for bem-sucedida e os educandos serem bem-sucedidos e 
contribuírem para a sociedade na qual estão inseridos, e será ingrata se for o contrário. Aliás, a 
complexidade da profissão docente também, “reside no facto de o seu exercício exigir uma boa 
preparação científica e pedagógica” (idem). Assim, a profissão docente exige, pelo menos, dois 
aspectos imprescindíveis: ser um profissional e agir, igualmente, como um bom profissional. 
Afonso (2015, p. 110) citando Larsson (1977) e Talbert e Maclaughlin (1994), Day (2001) 
apresenta um conjunto de aspectos através dos quais os profissionais se distinguem de outros 
grupos, a saber: 
a) Um conhecimento-base especializado – cultura técnica; 
b) O compromisso de satisfazer as necessidades dos clientes – ética de serviço; 
c) Uma forte identidade colectiva – compromisso profissional; 
d) Controlo colegial, em oposiçãoao controlo burocrático – autonomia profissional. 
 
1.5.1.1. Ser um profissional 
Segundo Afonso, “o ser um profissional está relacionado com a importância que os indivíduos 
atribuem à formação e ao conhecimento especializado, às destrezas e às qualificações que um 
profissional deve possuir, bem como o cumprimento de um conjunto de regras, princípios ou 
padrões específicos”. Ainda, o ser profissional está relacionado com a capacidade de tomar decisões 
de modo autónomo, com a reputação, o respeito público e o estatuto social, bem como com a 
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correspondente compensação material e com as condições de trabalho favoráveis (Afonso. 2015, p. 
111). 
 
1.5.1.2. Agir como um bom profissional 
No dizer de Day, o agir como um profissional “envolve dedicação e compromisso, trabalho árduo 
e aceitação da natureza aberta das tarefas, um esforço máximo para fazer o melhor possível – numa 
procura constante do aumento do grau de eficiência no cumprimento da sua função -, o 
estabelecimento de relações interpessoais apropriadas e empáticas com os alunos e, ainda, actuar 
de modo profissional com os colegas, pais e demais entidades externas sempre que necessário (Day, 
2001, p. 23). 
Na mesma ordem de ideias, agir como um profissional implica, também, atender às necessidades 
individuais dos alunos, ser hábil para responder inteligentemente “às múltiplas exigências de um 
ambiente complexo e em constante mudança” como o escolar. Aliás “um bom ensino exige que os 
professores analisem e revejam regularmente a forma como aplicam princípios de diferenciação, 
coerência, progressão, continuidade e equilíbrio, não só no que e em como ensinar, mas também, 
no porquê, ao nível dos seus propósitos morais básicos (idem, p. 25). Numa palavra, os professores 
devem agir como profissionais. 
 
1.5.2. Identidade profissional do docente 
O professor é mais do que qualquer profissional no exercício das suas funções, pela complexidade 
do trabalho docente-educativo. A ela cabe a responsabilidade de formar os futuros profissionais dos 
diferentes âmbitos sociais. Dito doutro modo, o professor é formador de outros profissionais (juízes, 
conservadores, contabilistas, governantes e outros). Daí a grande responsabilidade do professor ao 
transmitir os conteúdos sob sua responsabilidade. Sob os seus ombros pesa a responsabilidade de 
formar o tipo de homens que a sociedade espera e que sejam capazes de responder aos desafios, 
circunstanciais, que nos quais a mesma se encontra envolvida. 
Neste sentido, fala-se que o tipo de educação que damos, faz o tipo de homens que queremos para 
a nossa sociedade. Neste sentido, a responsabilidade profissional do professor é uma envergadura 
imensurável. Por isso, “quem escolhe ser professor ou professora obriga-se a aceitar e respeitar os 
imperativos ético-deontológicos da profissão” (Monteiro, 2004, p. 87). 
 
1.5.3. Profissionalidade em educação 
Monteiro considera o profissional da educação, em sentido amplo, como aquele que exerce alguma 
actividade relacionada com a educação, a título permanente e como principal fonte de rendimento. 
Este é o âmbito de aplicação, por exemplo, da lei que criou o ‘South African Council for Educators’, 
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segundo a qual “educador” “é quem ensina, educa, forma outras pessoas, ou quem presta serviços 
educacionais profissionais, incluindo terapia profissional e serviços de psicologia educacional, 
numa instituição” (Monteiro, 2005, p. 33). 
O Code of Ethics for Qeensland Teachers (Austráliano) explica no seu início2. 
Na mesma ordem de ideias, o ódigo dentotlógico de los professionles de la educación adoptado 
pelo ‘Colegios Oficiales de Doctores y Licenciados em Filosofia y Letras y em Ciencias’ (Espanha), 
refere: 
Entende-se que os princípios deontológicos que se proclamam neste documento afectam todos os 
profissionais da educação, entendendo como tais doutores, licenciados, diplomados universitários 
e outros diplomados legalmente habilitados para exercer a profissão, que desenvolvem as suas 
atividades em âmbitos relacionados com a educação formal ou não formal, tanto nos aspectos 
regulamentados como nos não regulamentados, que abrangem desde as tarefas docentes até às 
tarefas relativas à inspecção, investigação, direção, planificação, acompanhamento, avaliação, 
tutoria, apoio psicopedagógico, assessoria técnica, quer dizer, todas aquelas tarefas que contribuam 
para assegurar a qualidade dos processos educativos (in Alterejo, 1998, p. 151). 
O profissional da educação, em sentido restrito, “é quem tem como actividade permanente e 
principal fonte de rendimento a formação de seres humanos, entendida como realização das 
aprendizagens correspondentes às suas necessidades, capacidades e interesses, e também no 
interesse das sociedades”. Todavia, essas aprendizagens incluem “valores, conhecimentos, 
sentimentos, atitudes, comportamentos, capacidades, través de um processo de comunicação 
interpessoal, institucional e social, cujos conteúdos e formas variam conforme a idade de quem 
aprende, os objetivos próprios das aprendizagens diversas e sucessivas”, como é natural, 
influenciadas pelo “contexto cultural e político em que se realizam” (idem, p. 34). 
Se recuarmos no tempo, podemos notar que “o professor, etimologicamente, é quem expõe um 
assunto, em voz alta”. E, neste sentido, os primeiros professores europeus de ofício foram os 
Sofistas 3 na Grécia clássica. Eram profissionais liberais, isto é, exerciam uma actividade 
 
2 O código foi concebido como um documento genérico, interativo, para ser utilizado por sectores, sistemas ou 
escolas. Tem como destinatários os professores da educação pré-escolar e das escolas primárias e secundárias, 
tanto públicas como não públicas (isto é, os níveis da educação formal em que o registo dos professores é 
actualmente obrigatório); no entanto, a maior parte (senão tudo) do código aplica-se também a educadores noutros 
quadros (por exemplo, centros de acolhimento de crianças e ‘kindergartens’, TAFE e ensino superior). Destina-se 
também a ser aplicado, tanto quanto possível, a quem desempenha funções, para além da sala de aula, na educação 
profissional. 
3 Sofistas (Pitágoras “Século V a. C” e Górgias “Século V a. C”) retóricos e profissionais da educação da Grécia 
Antiga, mestres na arte de debate, os sofistas visam apenas a eficácia e o que pretendem ensinar aos jovens de 
Atenas não é a verdade ou a virtude, mas a forma de ser bem sucedido na vida pública. Plano filosófico e ético, a 
sofística baseia-se nos únicos princípios que justificam o seu uso, ou seja, um cepticismo e um relativismo 
generalizados. Por isso, tinham como doutrina: “o homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto 
são e daquelas que não são enquanto não são”. Segundo eles, a verdade é relativa, e o que te parece a ti, pode não 
me parecer a mim como te parece a mim. Tinham como base a sofística através da retórica e erística. A sofística 
é simultaneamente retórica - domínio perfeito das artes da linguagem e utilização hábil dos seus processos – e 
erística – a arte da discussão aparentada Às artes do combate, que designa os meios de vencer o adversário 
utilizando como armas os raciocínios ou refutações sofísticos, argumentos enganosos mas convincentes (cf. 
Baraquin e Laffite, 2007, p. 367-369). 
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independente, paga diretamentepelos seus discípulos. Depois, durante muitos séculos, o ensino foi 
uma actividade predominantemente clerical. Nos tempos modernos – com a progressiva passagem 
do controlo e organização da educação escolar da Igreja Católica para o estado, a substituição dos 
colégios pelos professores, como principais agentes da instituição, e a constitucionalização do 
princípio da escola obrigatória – ensina tornou-se uma função social com uma identidade nítida. O 
crescimento dos sistemas educativos, a partir de fins do século XIX, originou um aumento crescente 
do número dos professores, como um dos maiores corpos do funcionalismo público (Monteiro, 
2005, p. 35-36). 
Por exemplo, a Constituição da República de Angola, nos termos do n. º 1 e 2 do art. º 79.º, com a 
epígrafe: Direito ao ensino, cultura e desporto, refere: o Estado promove o acesso de todos à 
alfabetização, ao ensino, à cultura e ao desporto, estimulando a participação dos diversos agentes 
particulares na sua efectivação, nos termos da lei; igualmente, o Estado promove a ciência e a 
investigação científica e tecnológica. (Constituição de Angola (2010), n. º 1 e 2 do art. º 79.º, p. 
34). 
Em função da vulnerabilidade da profissão docente, a profissionalidade, em educação, “tem de ser 
repensada com base nas características do seu objeto e nos atributos do seu acto profissional típico”. Neste sentido: 
A educação – objeto dos actos profissionais dos educadores – é um fenómeno cultural e 
comunicacional, de natureza radicalmente política e moral. O seu fundamento antropológico é a 
essencial educabilidade ou perfectibilidade e historicidade da humanidade, que faz do ser humano um 
animal pedagógico. A educação consiste numa comunicação interpessoal e intergeracional, que é a 
mais profunda comunicação humana, na medida em que configura a identidade individual através de 
uma espécie de transfusão cultural, reprodutora e recriadora da identidade colectiva. As duas maiores 
preocupações da educação sempre foram a transmissão às novas gerações dos valores que são a ‘alma’ 
da identidade cultural colectiva e das capacidades necessárias à sobrevivência diária das comunidades 
(Monteiro, 2005, p. 37). 
A educação visa buscar respostas circunstanciais dos fenómenos e questões vitais da sociedade. 
Aliás ela goza o estatuto de direito do ser humano. Por isso, impera-se saber: a educação é direito 
de quem? A que aprendizagens? Através de que métodos? Com que educadores? Em que 
instituições? E tantas outras questões que podem ser feitas. 
Portanto, aqui: 
A questão da legitimidade é a mais radical das questões do campo da educação, a sua metaquestão. É 
a questão do fundamento e controlo da autoridade que exerce e da sua relação com a liberdade. Trata-
se de problematizar o ‘pedagógico’ como significante comum de todas as pretensões de validade em 
matéria de educação: o que é pedagógico? É o que é eficaz? Mas para que? É o que é útil? Mas para 
quem? É o que pensam, dizem e mandam (e impõem) os pais ou os professores? Com que direito é 
que uns seres humanos fazem o que fazem a outros seres humanos, a título de educação? Com que 
direito educar? (Monteiro, 2005, p. 37). 
 
Tinham como adversário Sócrates (469-399 a. C), que defende a existência de verdades absolutas e virtudes 
morais. E, com o seu método de ironia e maiêutica. Com o seu método irónico demonstrou aos sofistas que 
ninguém sabe tudo, pela sua famosa máxima: “só sei que nada sei”. E pela maiêutica demonstrou aos seus 
adversários que todos por via do diálogo podemos aprender e gerar conhecimento de forma recíproca e 
alcançarmos, cada um á sua medida, a verdade (cf. Baraquin e Laffite, 2007, p. 364-366). 
 
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A educação é, sobretudo, “um acto de comunicação cuja essência está em promover e favorecer as 
aprendizagens a que os educandos têm direito – para ‘pleno desenvolvimento da personalidade 
humana’ – através de métodos específicos (relativos à particularidade de cada aprendizagem), no 
contexto de uma metodologia geral com várias dimensões” (idem, p. 38). 
Por isso, a profissionalidade, em educação, “consiste em saber-comunicar-pedagogicamente, isto 
é, com uma validade específica, que é da ordem da legitimidade dos seus fins, conteúdos formas”. 
Sendo certo que, os profissionais da educação são profissionais do direito à educação, num 
determinado contexto político, cultural e institucional, através de modalidades de comunicação 
pedagógica, utilizando um complexo de saberes sobre o seu sentido, conteúdos, métodos e 
condições. Daí que, 
 Um professor não é profissional apenas da instrução. Mais do que apenas instruir, exerce sobre as 
crianças, adolescentes, jovens ou adultos com quem trabalha uma influência geral, mais ou menos 
continuada, que é tanto maior quanto menor for a sua personalidade. A sua função não está 
circunscrita aos objetivos da sua matéria de ensino. Concorre para a realização transversal dos 
objetivos comuns ao respectivo ciclo de estudos e dos fins gerais que devem inspirar toda a educação. 
Instrução e educação são duas faces indissociáveis da profissão docente, a todos os níveis. Mas não 
é profissional de qualquer educação, é profissional do direito à educação, tal como se encontra 
definido e prescrito pelo Direito Internacional da Educação, incorporado no Direito Constitucional e 
desenvolvido nas leis da educação. 
 
1.5.4. Caraterísticas da profissionalidade 
Qualquer profissão comporta um conjunto de características através das quais se distingue das 
outras, neste particular, Roldão (2008, p. 80) considera que a profissionalidade se estrutura em torno 
de alguns eixos fundamentais, dentre os quais apresentamos a baixo os mais relevantes (Afonso, 
2015, p. 113-114): 
a) A natureza específica da atividade exercida – a profissionalidade relaciona-se com o 
exercício de uma atividade, ou função, socialmente reconhecida como útil em resultado da 
sua finalidade; 
b) O saber específico - a profissionalidade docente requer domínio de um conjunto de saberes 
teóricos e práticos, bem como competências e capacidades específicas para o exercício da 
docência; 
c) O poder de decisão sobre e na acção – o docente exerce a sua atividade com alguma 
margem de autonomia e correspondente responsabilização, isto é, decide como deve 
proceder profissionalmente e presta contas dessas decisões à sociedade, em particular aos 
que usufruem da sua atividade; 
d) Nível de reflexibilidade sobre a acção – na prática, ao professor é exigido que se 
desenvolva profissionalmente, o que implica uma permanente análise reflexiva que lhe 
permita modificar decisões, ajustar procedimentos e actualizar os saberes que as situações 
concretas vão requerendo. 
 
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2. DEONTOLOGIA NAS PROFISSÕES DA EDUCAÇÃO 
A partida todos as profissões são parte do processo de ensino e aprendizagem, pelo que, podemos 
deduzir que todas a profissões resultam de uma preparação, através do professor, até vir a chamar-
se profissão. Por exemplo: um jurista significa que ter sido algum estudante que finalizou com 
sucesso o curso de licenciatura em Direito, em função a sua área específica; um médico, pressupõe-
se que tenha feito a licenciatura em medicina, tendo passado pelo processo de ensino; um 
economista significa que estudou e terminou a licenciatura em economia e assim, acontece para o 
universo das outras profissões, umas exigem a licenciatura e mais e outras, basta o ensino médio 
técnico-profissional. Mas, todas as profissões passam pelo professor, daí a grande responsabilidade 
doexercício da tarefa docente. 
E, essa profissão docente exige o cumprimento de certos requisitos para que se exerça cumprindo 
com os padrões a que a sociedade normaliza e se adequa para o seu normal funcionamento nos seus 
vários âmbitos sociais, porquanto, se de um lado, a educação é um direito para os demais cidadãos, 
por outro, é um dever para aqueles que exercem a função docente. Mas, é destes deveres e direitos 
que se circunscreve o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, o docente cumprindo com 
os seus deveres, também, usufrui os seus direitos, como por exemplo, a remuneração, em função o 
trabalho prestado. 
Para tal, é necessário a chamada deontologia profissional que implica o cumprimento de padrões 
normativos que regulam, no caso em concreto, a profissão docente, sendo as profissões da educação 
mais exigentes em comparação às outras, apresentamos, abaixo, quatro razões principais, a partir 
da reflexão de Monteiro (2005, p. 71-73). 
a) A relação pedagógica – que está no coração da relação profissional dos educadores – tem 
uma profunda dimensão afectiva. Neste sentido, “a recomendação n.º 69 sobre a evolução 
do papel dos professores e as incidências desta evolução na formação profissional inicial e 
contínua” adoptada pela Conferência Internacional da Educação em 1975, ao enunciar o 
princípio seguinte: como dos “princípios bases” de uma política da condição docente sejam 
quais forem ou possam vir a ser no futuro, as mudanças introduzidas no sistema de 
educação, a relação professor-aluno continuará no centro do processo educativo (2005, p. 
71); 
 
b) A relação profissional é sempre assimétrica, por definição. Neste sentido, as mais 
assimétricas são a relação médica e a relação pedagógica: tanto a pessoa doente como o 
educando, sobretudo a criança, pela sua situação de necessidade e vulnerabilidade, estão 
numa particular relação de dependência dos médicos e dos educadores, geralmente, não 
escolhidos por si. Mas, a relação, parece a mais assimétrica das relações profissionais (2005, 
p. 71-72); 
 
c) Nas profissões da educação, é mais substancial a relação de circularidade entre competência 
e Deontologia. Com efeito, na medida em que a educação é, como se pode argumentar, a 
mais profunda modalidade de poder do homem sobre o homem, o campo da educação pode 
ser considerado como o mais ético dos campos profissionais, porquanto (não está somente 
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em causa a Ética dos sujeito, o respeito da dignidade e direitos do educando) está 
essencialmente em jogo o sujeito ético, ou seja, a formação da consciência moral e o 
desenvolvimento da capacidade de autonomia responsabilidade das crianças, adolescentes, 
jovens e eventualmente adultos (2005, p.72). Por conseguinte; “a profissão docente pode 
ser como a mãe de todas a s profissões” (Altarejos, 1998b, p. 50), porquanto todas as outras 
profissões têm de ser aprendidas; 
 
 
d) As profissões da educação são das mais expostas à opinião pública. Com efeito, os 
professores estão diariamente em relação com dezenas de crianças ou adolescentes através 
dos quais os seus actos profissionais têm um eco muito amplificado nas famílias e na 
sociedade. Se não são profissionalmente aceitáveis, a imagem pública da profissão é 
negativamente e amplamente afectada. 
Portanto, para as profissões da educação, o Supporting Statement do NBPTS refere que: “as 
dimensões éticas do ensino também o distinguem de outras profissões. Exigências únicas são 
aquelas que decorrem do facto de a frequência dos clientes ser obrigatória e, ainda mais 
importante, de os clientes erem crianças. Assim, os professores da escola elementar, média e 
superior são obrigados a corresponder a uma rigorosa normatividade ética. Outras exigências 
éticas derivam do papel do professor como modelo de uma pessoa educada. O ensino é uma 
actividade pública; um professor trabalha diariamente perante o olhar dos seus estudantes, e a 
prolongada natureza da sua vida em conjunto nas escolas coloca obrigações especiais ao 
comportamento do professor”. 
 
2.1. Deontologia comparada ao serviço público 
Há códigos de conduta de serviço público, em vários países, como: Civil Service Code (Reino 
Unido), Office of Government Ethics (EUA), Public Service code of Conduct (Nova Zelandia). E, 
isso ocorre em todos os países. Cada país adopta a melhor forma possível de aplicação. Por 
exemplo, em alguns países, a Ética do serviço público é objecto de juramento (na Alemanha e nos 
EUA, por exemplo) (Monteiro, 2005, p. 83-84). 
Existem valores essenciais do serviço público a que os funcionários públicos devem submeter-se, 
para que se cumpram as normas que regulam o funcionalismo público de qualquer país. Eles podem 
divergir num ou noutro caso, porém, em geral, são semelhantes. Dentre eles destacamos: a 
imparcialidade, legalidade, integridade, transparência, eficiência, igualdade, responsabilidade e 
justiça (ibidem). 
O que os cidadãos esperam de cada agente da função pública? Os cidadãos esperam do agente da 
função pública que sirva e exerça as suas funções com integridade, equidade e imparcialidade. Por 
isso, servir o interesse geral é a missão fundamental dos Governos e das instituições públicas (idem, 
p. 85). 
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No funcionalismo público sendo conduzido por humanos falíveis e finitos, está sujeito a conflitos 
de interesses, uma vez que, “todos os agentes públicos têm interesses legítimos ligados à sua 
capacidade de cidadão, os conflitos de interesses não podem ser simplesmente evitados ou 
interditos”. Neste sentido, é preciso defini-los, identificá-los e geri-los, pelo que, “um conflito de 
interesse implica um conflito entre a missão pública e os interesses privados de um agente público 
no qual o agente público possui, a título privado, interesses que poderiam influenciar 
indevidamente o modo como desempenha as suas obrigações e responsabilidades” (ibidem). 
Todavia, as fontes normativas da Deontologia do serviço público são internacionais, 
constitucionais, legislativas, regulamentares e jurisprudenciais, sendo os princípios deontológicos 
bastante consensuais os seguintes: interesse geral, legalidade, responsabilidade, competência, 
transparência, lealdade, obediência, independência, informação, neutralidade, igualdade, equidade, 
integridade, eficiência, assiduidade, pontualidade, discrição, reserva e exemplaridade (Monteiro, 
2005, p. 86). 
 
2.2. Panorama deontológico do campo da educação 
Cada país comporta o seu código de conduta ética da profissão da educação, sendo certo que alguns 
elementos sejam semelhantes, muito próximos ou até parecidos e, talvez, iguais, por força da 
natureza da profissão docente. 
Por exemplo, no Renio Unido, o ‘General Teaching Council for Scotland’ adoptou um Code of 
Practice on Teacher Competence (2002). Em 2004, adoptou um Code of Conduct and Pratice for 
Teachers, depois de uma ampla consulta dos professores, dos pais e de organizações parceiras 
(Monteiro, 2005, p. 87). 
No Canadá, o ‘British Columbia College of Teachers’ adoptou, em 2003, Standards for the 
Education, Competence and Professional Conduct of Educators in British Columbia. “As normas 
têm a intenção de honrar e promover a profissão, sublinhando a natureza complexa e variada do 
trabalho dos educadores”. Considerando-os “um meio da profissão de comunicar aos seus membros 
e ao público a descrição do trabalho dos profissionais” (o que eles sabem, o que são capazes de 
fazer e como se comportam ao serviço do público). Portanto, a conduta profissional é definida como 
“ as acções ou omissões de umeducador, incluindo as acções e omissões dentro e fora do exercício 
da profissão. Consideram que os educadores profissionais são exemplos e, como tais, têm de dar 
provas das mais elevadas qualidades de carácter, incluindo honestidade, integridade, fiabilidade e 
compaixão (ibidem). 
Na Austrália, as Cinstitution and Rules da ‘Queensland Teachers Union’ incluem um breve Code 
of Ethics. O ‘Board of Teacher Registration’ adoptou um desenvolvido Code of Ethics for 
Queensland Teachers, cuja introdução diz: 
Da importância da educação e as responsabilidades dos professores na educação e desenvolvimento 
dos estudantes, os professores são responsáveis perante os estudantes e suas famílias, os colegas, a 
profissão, a entidade empregadora e a comunidade. Por consequência, os professores precisam de ter 
consciência das suas responsabilidades e vulnerabilidades éticas, nas suas interacções e relações com 
cada um destes grupos. As normas éticas para os professores de Queensland visam os ideais éticos 
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relativos a cada um destes grupos. O compromisso ou responsabilidade não devem ser todos numa 
direcção- isto é, dos professores para com os outros. Tem de haver alguma reciprocidade da parte das 
entidades empregadoras, dos pais e da comunidade, mas isso excede a finalidade deste documento. 
A partida, cada país reflecte um código de conduta ética para a generalidade das profissões, 
adequada às circunstâncias sociais do país, em concreto. 
 
2.3. Princípios deontológicos 
Apresentamos a seguir alguns princípios deontológicos essenciais: 
2.3.1. A educação é um direito do homem e o direito à educação é uma Ética cujo 
conteúdo é um complexo normativo de direitos do educando. 
 
Portanto, uma Deontologia das Profissões da Educação tem de ser mais do que uma deontologia do 
‘respeito do aluno’, na medida me que ser ‘aluno’ (como ser ‘filho’) significa uma capitis diminutio 
(diminuição jurídica). Na realidade, a função-professor e a função-aluno estão numa relação de 
assimetria institucional que tende a prevalecer sobre a sua relação de simetria ética como pessoas 
iguais em dignidade e direitos. 
 
2.3.2. O primado do interesse superior do educando deve ser o princípio fundamental da 
responsabilidade profissional dos educadores. 
 
Segundo Herbart, “a indeterminação ou educabilidade é o “ponto de partida da responsabilidade 
pedagógica” (cit. in Benner, 1987, p. 57). E, segundo Monteiro, “a educação é um processo 
complexo, de resultados a prazo. É quase impossível determinar o fator de responsabilidade 
pessoal de um professor no insucesso dos seus alunos. Por isso, a responsabilidade pedagógica é 
mais de competência e dedicação doo que de resultados. É principalmente a responsabilidade de 
criar as condições mais favoráveis ao pleno desenvolvimento da personalidade dos educandos 
(2005, p. 109). 
 
2.3.3. Os profissionais da educação têm um dever geral de competência e exemplaridade 
elevadas. 
 
Aqui está a metaquestão! Monteiro refere: que a educação é coisa simples e fácil – eis um dos mais 
resistentes obstáculos ao seu progresso. Se assim fosse, a espécie humana já seria muito melhor do 
que é. A verdade é que educar é a maior responsabilidade do mundo, mas a realidade é que continua 
a maior irresponsabilidade do mundo (2005, p. 109). 
Por conseguinte, “a profissionalidade em educação é tanto mais exigente quanto não é uma 
exigência apenas de saberes, mas implica também, decisivamente, qualidades pessoais. Nenhuma 
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outra profissão adere tanto à personalidade de quem a exerce. A exemplaridade – ética, profissional 
e cívica – de um educador é o seu principal recurso. Profissionalmente, é principalmente o que fica 
de si nas crianças, nos adolescentes e nos jovens ou adultos que vão passando por si” (2005, p. 110). 
 
2.3.4. A grandeza deontológica e o sucesso das profissões da educação estão na sua 
paradoxal auto-negação. 
 
Segundo Monteiro, a praxis educacional distingue-se das outras praxis humanas pelo seu sentido 
paradoxal: deve ter em vista o fim da sua necessidade, pela transformação da dependência da 
hetero-educação em poder de auto-educação. Sendo assim, o sucesso do educador consiste em 
tornar-se progressivamente desnecessário, pelo desenvolvimento da autonomia intelectual e moral 
do educando. Mais a verdadeira glória do mestre reside na sua superação pelos seus discípulos 
(2005, p. 111). 
Também, como Supporting Statement do NBPTS: 
Os professores utilizam o seu conhecimento e competências com os estudantes, mas também procuram 
torná-los capazes de continuar a busca da compreensão, de modo que, um dia, o aprendiz possa superar 
o mestre. Neste aspecto, o ensino é a mais democrática das profissões. Tem em vista pôr nas mãos, na 
cabeça e nos corações dos estudantes os meios para que se ensinem a si próprios. 
 
2.3.5. O desejo de saber, próprio do ser humano, deve ter como bússola o valor da 
verdade e como sentido a elevação da dignidade e bem-estar da humanidade, 
através do mais elevado nível de realização de todos os direitos de todos os seres 
humanos. 
 
Gérard Toulouse, físico francês que foi um dos primeiros membros do Comité de Ética para as 
Ciências, no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), sublinhou “ a eminente estatura 
dos direitos do homem, fundados sobre um princípio de dignidade humana que não é de origem 
científica”, e disse “se a sabedoria é uma combinação de saber e de moralidade, então a ética das 
ciências não será um pouco a quinta-essência ou o resumo do Homo sapiens sapiens?” (Toulouse, 
1998, p. 15). 
Por isso, Monteiro entende que, o profissional da investigação é quem se consagra à descoberta de 
conhecimentos novos, através de procedimentos de observação, experimentação e construção de 
representações teóricas dos fenómenos naturais e humanos, tendo em vista a compreensão e 
transformação do mundo e das sociedades (2005, p. 113). 
 
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3. DIREITOS E DEVERES 
 
3.1. Deveres 
3.1.1. Na relação com o (s) educando (s) 
Na relação o educando há pressupostos essenciais através dos quais se deve manter a transmissão 
de conhecimento e o diálogo, para tornar o processo de ensino e aprendizagem mais completo e 
recíproco. Dentre ele destacamos, seguindo Monteiro (2005, p. 114-116). 
 Respeitar e promover o respeito da Ética dos direitos do ser humano e de outros valores da 
vida democrática e internacional, incluindo o respeito e a valorização das legítimas 
diferenças entre os indivíduos e os povos; 
 Respeitar a singularidade de cada educando e o seu direito à sua diferença pessoal, social e 
cultural, sem descriminação; 
 Praticar reciprocidade ética na relação com os educandos, respeitando a sua dignidade e 
direitos estimulando o seu exercício; 
 Respeitar a privacidade e o direito ao silêncio de cada educando; 
 Guardar sigilo sobre informações confidenciais obtidas na sua relação com o educando, 
numa base de confiança, com exceção das situações previstas na lei ou quando o interesse 
superior do educando ou outros legítimos interesses de terceiros devam prevalecer. 
 Respeitar o direito de errar e os erros inerentes às situações de aprendizagem; 
 Ser imparcial, objetivo e justo no exercício do poder de avaliar as aprendizagens, tendo 
consciência da subjectividade, precariedade e ressonância dos juízos de avaliação; 
 Reservar as opiniões e posições mais pessoais,sempre que recomendável, e não ostentar 
emblemas de qualquer filiação ideológica ou crença, designadamente, excepto quando tal 
for público ou notório; 
 Utilizar uma linguagem não agressiva nem humilhante, mas comedida e sóbria, 
profissionalmente cuidada; 
 Não aceitar presentes individuais ou colectivos que possam ter como intenção tácita ou 
como efeito o favorecimento, ou ser assim publicamente interpretado 
 
3.1.2. Na relação com os colegas 
Tal como na relação com o educando (a), também na relação com os colegas o professor, para o 
melhor exercício possível da sua função/tarefa, há que ter em conta os seguintes pressupostos, 
baseados em Monteiro (2005, p. 117). 
 Respeitar as competências, trabalho e opiniões dos colegas, exprimindo com respeito 
críticas ou divergências em órgãos e reuniões de pares; 
 Manter relações de cordialidade, lealdade e cooperação com os colegas, sendo solidário em 
situações de dificuldade ou de injustiça; 
 Ajudar colegas principiantes que necessitem e solicitem conselho ou apoio; 
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 Exercer poder de avaliar colegas, como membro de um júri ou noutras situações, com 
imparcialidade, sentido de justiça e abertura à inovação; 
 Não recorrer a meios ilegítimos na legítima concorrência profissional, nem ao plágio, à 
fraude ou outras formas de violação da probidade científica; 
 Não tirar vantagens ilegítimas do exercício de um cargo institucional nem utilizá-lo para 
beneficiar ou prejudicar colegas; 
 Guardar sigilo sobre informações relativas à vida privada dos colegas obtidas no exercício 
de cargos institucionais; 
 Não emitir opiniões depreciativas dos colegas perante os educandos ou suas famílias, sem 
prejuízo da legítima expressão de opiniões que possam ser divergentes; 
 Colaborar com os outros profissionais, no interesse superior dos educandos. 
 
3.1.3. Na relação com a instituição 
Sendo a instituição lugar onde decorre o relacionamento de todos os intervenientes directos e 
indirectos do processo de ensino e aprendizagem, os professores, visão de Monteiro (2005, p. 117-
118), deverão pautar a sua conduta através dos seguintes princípios: 
 Não falsificar ou mentir sobre as suas habilitações profissionais e elementos curriculares; 
 Cumprir as suas obrigações contratuais com assiduidade, pontualidade e diligência; 
 Participar nas reuniões e atividades institucionais em que a sua presença seja requerida ou 
nas quais a sua contribuição possa ser útil; 
 Desempenhar os cargos a que se candidatar, ou para que for solicitado, com sentido de 
missão institucional e de solidariedade profissional; 
 Não utilizar indevidamente recursos da instituição, ou outros sob a sua gestão, para fins 
privados; 
 Igualmente, não utilizar o nome da sua instituição de um modo abusivo; 
 Não solicitar do pessoal auxiliar ou administrativo nada que possa colocar um (a) 
funcionário (a) em situação de infracção. 
 
3.1.4. Na relação com a família e a comunidade 
Sem família não há educando (a) tão pouco educador (a) como também não há comunidade. Não 
havendo comunidade também não escola. Portanto impõe-se para o processo de ensino e 
aprendizagem uma tríplice relação indissociável (escola (educador e educando), família e 
comunidade), onde o diálogo deve ocupar o primeiro lugar, para que cada um à sua medida exerça 
da melhor maneira possível o seu papel e o educando se sinta bem recebido e confortável, sempre 
que estiver em casa, na comunidade, em geral e, particularmente, na escola. Monteiro (2005, p. 
117-118), tal como nos pontos acima já referidos, apresenta os seguintes aspectos fulcrais: 
 Respeitar e valorizar as características do meio onde a escola está inserida, e reforçar a sua 
ligação através da participação em iniciativas de interesse para os educandos e para a 
comunidade; 
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 Respeitar a identidade e diferenças culturais, sociais e outras dos pais ou outros responsáveis 
pelos educandos, bem como as respectivas situações familiares; 
 Guardar sigilo sobre informações relativas à vida familiar, exepto nos casos em que a lei ou 
o interesse superior do educando imponha a sua comunicação a uma autoridade; 
 Manter com os pais ou outros responsáveis pelo (s) educando (s) uma relação de respeito, 
confiança, cortesia, diálogo e cooperação, informando-os regularmente sobre a vida escolar 
do educando e solicitando e respeitando a sua maneira de ver; 
 Ajudar os pais ou outros responsáveis pelo (s) educando (s) a compreender o seu interesse 
superior, mas, em caso de inultrapassável divergência ou conflito, não demitir-se do seu 
foro de responsabilidade e competência profissionais. 
 
3.1.5. Para com a profissão 
O professor (a) ou educador (a) deve ser uma pessoa comprometida com sua profissão, para sentir-
se parte de tudo quanto decorre na sua vida profissional, acompanhando a evolução para que se 
possa adequar aos novos ventos que a sociedade impõe. Neste sentido, como refere Monteiro (2005, 
p. 118), deve: 
 Cultivar uma elevada concepção da profissão e torna-la atraente pelo profissionalismo com 
que é exercida; 
 Respeitar e cuidar da dignidade da profissão (mesmo fora do seu exercício) e não sacrificar 
os seus valores a ilegítimos interesses de lucro ou outros; 
 Colaborar com a sua organização profissional com sentido de responsabilidade pelos seus 
valores e interesses profissionais comuns e ser solidário com movimentos organizados para 
sua defesa. 
 
3.2. Direitos 
Se estamos sujeitos a deveres, por um lado, por outro, usufruímos certos direitos, em função aos 
deveres cumpridos no exercício das nossas tarefas e ou responsabilidades. Neste sentido, Monteiro 
(2005, p. 118-119), sublinha os seguintes direitos: 
 Direito a uma formação à altura das exigências, responsabilidades, e dificuldades da 
profissão; 
 Direito à mais ampla autonomia de juízo, decisão e organização profissionais; 
 Direito de recusar funções para as quais não tenha a competência exigível; 
 Direito de participação na definição da política da educação e no governo da escola; 
 Direito ao exercício dos direitos de ser humano e cidadão, com as reservas inerentes à 
natureza da função; 
 Direito e dever de crítica da sua instituição e da política relativa ao seu campo profissional, 
de modo compatível com o seu estatuto de funcionário; 
 Direito a uma avaliação objectiva e justa do seu trabalho; 
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 Direitos de defesa em qualquer situação de alegada infracção; 
 Direito a condições de dignidade, dedicação, segurança e sucesso no exercício da profissão. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Depois de tudo que dissemos, ficou claro que a profissão da educação implica, quase sempre, a 
aplicação/vivência dos princípios éticos no que se fazemos, e, sobretudo, no exercício das funções 
docentes, quando se sabe ser, estar e fazer para uma convivência sadia com todos os intervenientes 
do processo de ensino em aprendizagem. E, este saber ser, saber estar e saber fazer também implica 
a aplicação de princípios estéticos, através dos quais conseguimos manter uma boa forma de ser, 
estar e fazer, no que ao belo diz respeito. Ou, se quisermos, é de todo imprescindível que a nossa 
presença atraía os estudantes e não os distraía ou cause indisposição; os motive e os inspire não os 
desmotive ou desenspire. Portanto, a profissão docente deverá manter e conviver com os princípios 
éticos e estéticospara harmonia e o sucesso escolar, em particular e daa sociedade, em geral. 
A forma de comunicar-se com os estudantes; a forma de apresentar-se, no que as vestes dizem 
respeito, no seu dia-a-dia, influi em grande medida no convívio e ambiente escolar. E, pode ser uma 
fonte de atracção e inspiração de muitos. O contrário do que dissemos causaria uma desarmonia no 
ambiente e convívio escolar. Por isso, impera-se unir o útil ao agradável, para que o processo de 
ensino e aprendizagem seja, de facto, um processo completo e se completa com a 
complementaridade de todos os intervenientes do processo em si e produza os resultados desejáveis. 
Isso exige de todos harmonia, reciprocidade de esforços. Numa palavra, isso exige a chamada 
cooperação social. 
E, neste sentido, o professor é chamado a ter vocação e ser um profissional que saiba ser, para que 
saiba fazer, para “atrair, formar e manter professores de qualidade”, como refere o Comité da 
Educação da OCDE que, em 2002, na sequência da orientação dos Ministros da Educação dos 
Estados Membros da Organização, lançou uma actividade intitulada «Atrair, formar e manter 
professores de qualidade», citado por Monteiro (2005: 121-122): 
(...) recusar a banalização social da profissão, colocando-a a resolutamente no terreno dos valores e 
propondo aos jovens diplomados, de maneira explícita, um quadro ético claramente mais 
entusiasmante do que a procura do lucro, as leis do mercado e a competição entre os indivíduos: por 
exemplo, através de uma carta profissional definindo o sentido de uma profissão voltada para o futuro, 
a construção da paz e a transmissão às crianças do verdadeiro, do Belo e do Bem. 
Por isso, o professor deve ter uma visão de conjunto dos fenómenos sociais, para que não fique 
limitado ao programa e aos princípios didácticos. Impera-se, estar dentro dos novos ventos e 
mudanças, para saber adequar os programas aos problemas de facto do nosso mundo globalizado, 
proporcionando aos educandos um conhecimento científico que responde e dê soluções 
circunstanciais da sociedade. 
Portanto, num mundo tão globalizado quanto o nosso, e, por isso, mais exigente, em função a 
variedade de informação e a facilidade de direito a informação e informar, impera-se mais 
compromisso com a profissão. Por exemplo, “num título dedicado a Deontologia numa obra 
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publicada em meados dos anos 1960, Dottrens perguntava, depois de citar o juramento de 
Hipócrates actualizado pela Associação Média Mundial em 1948: 
Quando é que os educadores farão um juramento análogo? 
Exercerei as minhas funções com consciência e dignidade. 
Verei nos meus alunos, não alunos mas crianças, e nuca esquecerei que, no que me diz respeito, sou 
responsável pelo seu destino. 
Manterei, em toda a medida dos meios ao meio alcance, a honra da profissão docente. 
Os meus colegas serão meus amigos. 
Em colaboração com eles, esforçar-me-ei por procurar o melhoramento constante dos meios que a 
escola põe em prática para assegurar o reconhecimento efectivo do direito à educação e da justiça 
social na educação. 
Faço estas promessas solenemente, livremente, pela minha honra (Dottrens, 1966, p. 228). 
 
Por tudo isso, concordamos com Monteiro (2005, p. 123) ao afirmar que, “mais do que funcionário 
do saber, um professor é profissional do ser. Ser ou não ser profissional da educação é uma questão 
de ciência, consciência e excelência. 
 
Para a consciência e excelência do profissional da educação exige-se a prática da prudência e da 
justiça, sabendo gerir os conflitos e resolver os diferendos. E, gerir conflitos implica servir-se da 
prudência como mecanismo de solução, para que se tomem decisões equilibradas, sendo o justo 
meio aristotélico, imprescindível (virtus in medium est). A virtude está no meio, entre o defeito e o 
excesso. Assim, sendo, a medida deve ser o melhor limite para o profissional da educação, para 
enfrentar as injustiças e combater toda a espécie de corrupção no seio escolar e, por arrasto, na 
comunidade. 
Por isso, 
As estruturas económicas frequentemente adoecem da falta de justiça (...). A exigência severa da 
justiça é impedir a entrada da corrupção nas esferas governativas. E se já la existe, importa acabar 
com ela (...). A Comadre da corrupção vem a ser a negligência no cumprimento do próprio dever 
profissional, mormente quando este visa o serviço da comunidade. Assumir um compromisso deste 
género e não lhe ser fiel significa uma injúria a si mesmo e ao próximo (MOURISCA, 2007, p. 93)4. 
 
 
4 Itálico nosso. 
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