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A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação e regulação até os anos 1980 Apresentação Ao falar sobre fordismo e keynesianismo, vamos estudar sobre a era de ouro do capitalismo, do pleno desenvolvimento dos países desenvolvidos. Além do desenvolvimento econômico, ocorreram também reformulações nos meios e nas relações de produção, o que impulsionou o capitalismo para um nova fase - o capitalismo maduro ou tardio. O auge desse período ocorreu nos anos de 1950 e 1960, principalmente nos Estados Unidos, com a política do pleno emprego e a forte regulação estatal. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará como a política do pleno emprego, a produção e o consumo em massa, entre outras situações, impactaram na expansão do capitalismo, bem como levaram à modificação nos modos de produção, transformando as relações trabalhador-empregador e, por conseguinte, as relações Estado-Sociedade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discorrer sobre como o modelo fordista-keynesiano impactou na expansão do capitalismo.• Analisar como a expansão do capitalismo impactou nas relações Estado-Sociedade.• Reconhecer como a mudança nos modos de produção influenciou a relação trabalhador- empregador. • Desafio Dentre as ações dos governantes, têm-se as atividades estatais que são as diversas políticas públicas adotadas para implementar ações vistas como mais adequadas e oportunas pela administração pública de nível federal, estadual ou municipal. Estas ações são tomadas levando em consideração os recursos econômicos, financeiros, humanos, etc, tendo como finalidade obter resultados coletivos, em benefício da sociedade. Estão permeadas por visões de homem e de sociedade conflitantes, de acordo com interesses presentes nas relações diretas e indiretas entre Estado e sociedade. O Estado de Bem-Estar Social é um modelo de organização em que o Estado é o responsável por fornecer os mínimos sociais à população (saúde, educação, previdência, assistência social, etc.). Nos países desenvolvidos, essa proposta foi plenamente implementada, proporcionando que diminuísse a desigualdade social na população e impulsionando o capital a superar a crise e voltar a se desenvolver. Entretanto, em países subdesenvolvidos como o Brasil não foi possível a sua efetivação. Observando esses elementos, responda ao desafio: Fazendo uma análise das políticas públicas brasileiras, quais elementos contribuíram para o desenvolvimento do país? Como você analisa o papel das políticas públicas no atual cenário brasileiro e como deve ser a atuação do assistente social? Infográfico Para o crescimento do capitalismo maduro, foram necessárias transformações políticas e culturais. Foi preciso fixar compromissos, bem como foram necessários reposicionamentos das classes e seus segmentos, para a divulgação da nova proposta de consumo de massa. Acompanhe, no Infográfico, como foi o reposicionamento das classes. Conteúdo do livro Os anos de ouro do capitalismo foram responsáveis pelo desenvolvimento econômico e social, principalmente nos países desenvolvidos. Com o keynesianismo e o fordismo, uma série de transformações foram realizadas. Através do keynesianismo, o Estado passou a intervir no economia para impulsionar o desenvolvimento capitalista, a partir do investimento em indústrias de matéria-prima e do desenvolvimento de políticas sociais para assegurar o mínimo para a sobrevivência da população. Com o fordismo, um novo modo de produção foi criado, imprimindo outro ritmo de trabalho, sem a exigência de qualificação. Surgia uma nova proposta de sociedade capitalista: a produção e o consumo em massa. Acompanhe a leitura do capítulo A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação e regulação até os anos 1980 e observe como foi o surgimento da era de ouro do capitalismo. O capítulo faz parte da obra Fundamentos históricos e teórico-metodológicos do serviço social l e ll, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. ECONOMIA POLÍTICA Filipe Prado Macedo da Silva A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação e regulação até os anos 1980 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apontar como o modelo fordista-keynesiano impactou na expansão do capitalismo. Analisar como a expansão do capitalismo impactou nas relações Estado-sociedade. Reconhecer como a modi� cação nos modos de produção alterou a relação trabalhador-empregador. Introdução Tendo como foco o fordismo e o keynesianismo, é importante estudar a era de ouro do capitalismo, do pleno desenvolvimento, nos países desenvolvidos. Além do desenvolvimento econômico, ocorreram, também, reformulações nos meios e nas relações de produção, o que impulsionou o capitalismo para uma nova fase – o capitalismo maduro ou tardio. O auge desse período ocorreu entre os anos de 1950 e 1960, C09_A_expansao_capitalismo.indd 1 26/06/2018 08:00:17 principalmente nos Estados Unidos, com a política do pleno emprego e a forte regulação estatal. Neste capítulo, você verá como a política do pleno emprego, a pro- dução em massa, o consumo em massa, entre outras situações, impactou a expansão do capitalismo, bem como levou à modificação nos modos de produção que transformaram as relações trabalhador-empregado e, por consequência, as relações Estado-sociedade. O modelo fordista-keynesiano e a expansão do capitalismo Os anos que se seguiram após a II Guerra Mundial são considerados como um marco na história para o desenvolvimento do capitalismo, período mar- cado pela cultura da produção e pelo consumo em massa, fato que mudaria a estrutura da sociedade, tanto social quanto economicamente – a fase madura do capitalismo ou idade de ouro. A fase madura do capitalismo foi um período de grande expansão (1945- 1973), com taxas de lucro altas, ganhos na produtividade, para os empregadores, e ganhos por meio de políticas sociais, para os trabalhadores. Esse foi o período conhecido como fordista-keynesiano e que, na prática, significou a estreita aliança entre a ação estatal e a gestão dos meios de produção. A “revolução” keynesiana ou liberalismo heterodoxo foi uma teoria proposta por John Maynard Keynes para superar a crise econômica que passou por seu ápice nos anos de 1929 a 1932; Keynes defendia a intervenção estatal para reativar a produção e superar a crise em que o capital se encontrava. Nessa proposta, o Estado e o mercado deveriam se articular para criar políticas sociais e econômicas que proporcionassem à população o pleno emprego e um conjunto de direitos e benefícios que assegurassem um padrão mínimo e digno de sobrevivência, entre eles: leis trabalhistas, salário mínimo, serviços públicos como saúde e educação, seguro social – o chamado Estado de bem-estar. Para Keynes, o Estado teria a responsabilidade pelo equilíbrio econômico nos períodos de crise (déficit sistemático), deveria realizar investimentos, ofere- cer créditos combinados com uma política de juros, estimular as políticas sociais para evitar que as empresas demitissem, entre outros benefícios. Entretanto, nos períodos de prosperidade econômica, deveria ocorrer o superávit, isto é, A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação...2 C09_A_expansao_capitalismo.indd 2 26/06/2018 08:00:17 o Estado propor uma carga tributária alta, que seria usada para pagamento da dívida pública e para gerar um fundo de reserva, uma poupança para os momentos de crise. No que se refere ao fordismo, trata-se de um sistema de produção cuja principal característica está na fabricação em massa. Foi criado pelo norte- -americano Henry Ford, em 1914, na sua indústria de automóveis (Figura 1), com o projeto de um sistema baseado em uma linha de montagem, na qual cada um dos operários tinha uma função única: unseram responsáveis por apertar o parafuso, outros por colocar a roda no carro e assim por diante. A proposta de Ford era a produção em massa: produzir em grandes quantidades, com custo mínimo e, assim, fazer um produto que pudesse ser vendido para um maior número de pessoas. O processo consistia em uma esteira rolante que conduzia as peças dos automóveis, de modo que os funcionários não precisavam sair do seu local de trabalho e cada um ia executando uma pequena parte do processo. Esse método acabava gerando um processo mais rápido de trabalho e não exigia mão de obra capacitada para execução do serviço. Diversas empresas acabaram por adotar esse modo de produção. Fordismo e keynesianismo associados foram a fórmula para a acumulação acelerada do capitalismo no pós-1945, tanto que nesse período o PIB mundial cresceu 4,9% ao ano. Uma série de fatores contribuiu para o desenvolvimento dessa época, tais como: 1. mudança nos modos de produção: poucos fornecedores detendo uma grande parcela do mercado (oligopólio), ganhos em larga escala, preços rígidos à baixa rentabilidade e produtividade crescente nos setores líderes, aumento das vendas (consumo em massa); 2. fatores políticos: salários reais crescentes, definidos no âmbito das negociações coletivas entre capital e trabalho; 3. fatores sociais: estado intervindo no mercado de trabalho e na área social; 4. fatores institucionais. A era de ouro se baseava em uma fórmula: produção em massa + aumento reais dos salários e geração de emprego = consumo em massa que aumenta o PIB mundial. 3A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação ... C09_A_expansao_capitalismo.indd 3 26/06/2018 08:00:17 Figura 1. Primeiro carro produzido por Henry Ford, o Ford T, em 1908, nos Estados Unidos. Fonte: Everett Historical/Shutterstock.com Immanuel Wallerstein (1999) dividiu em duas fases a “era de ouro”: a pri- meira fase compreendia de 1945 a 1973 e foi chamada de “Fase A”; a segunda, de 1973 a 1980, foi considerada a “Fase B”, com base no ciclo do Kondratieff. Fase A (1945-1973): considerada os “30 anos gloriosos”, ápice de desen- volvimento dos Estados Unidos. O apogeu das Nações Unidas decorreu do fato de os Estados Unidos serem o único país a terminar a guerra sem grandes perdas (tanto de soldados quanto economicamente), da formação de acordos com instituições internacionais e da criação de diversos planos como forma de ajudar os países amigos – Plano Marshall (1947), para a Europa Ocidental, e Plano Colombo (1951), para o Japão. Eles ainda se aproveitaram da Guerra Fria (1945-1991) para criar e/ou estreitar vínculos econômicos com base em aliança militares, principalmente com os países de Terceiro Mundo. O nome “Anos Dourados” foi criado devido ao grande crescimento eco- nômico das indústrias em países como Estados Unidos, União da República Socialista Soviética (URSS) e na Europa Ocidental. O crescimento econômico estimulou o desenvolvimento tecnológico nos mais diversos ramos e contribuiu para a mudança de hábitos no consumo da população (consumo de massa). Por exemplo, nesse período, chegaram à casa das pessoas a geladeira, o freezer, a lavadora de roupas automática, a televisão, discos de vinil, relógios digitais, calculadoras de bolso a bateria, telefone e equipamentos de foto e vídeo. Nessa primeira fase, ocorreu a ampliação da atuação do Estado, o cha- mado pacto de “divisão” da produtividade e também o avanço tecnológico em decorrência das guerras. No entanto, destaca-se que a “era de ouro” só A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação...4 C09_A_expansao_capitalismo.indd 4 26/06/2018 08:00:18 foi de ouro para os países desenvolvidos; em países subdesenvolvidos, o que ocorreu foi a fome, o alto índice de natalidade e doenças causadas pela falta de infraestrutura nas cidades. Fase B (1973 até 1980): esse segundo período é marcado pelo aumento do preço do petróleo pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo (OPEP, criada em 1960), com formação de cartel pelos principais exportadores, Arábia Saudita e Irã, o que impulsionou o aumento de todos os outros produtos. Esse processo gerou um desgaste nos anos dourados do capitalismo; ao final da década de 1960, houve desaceleração econômica e os modelos fordistas e do chamado bem-estar social começaram a ser questionados pelas grandes potências mundiais. Plano Marshall (1947): foi uma forma de fortalecer e consolidar a hegemonia eco- nômica e bélica do Estados Unidos. Esse plano tinha como propostas: (1) reconstruir os países capitalistas destruídos pela II Guerra Mundial; (2) por meio das relações comerciais, da recuperação e organização dos países capitalistas, aumentar a de- pendência desses países em relação aos Estados Unidos; (3) com a recuperação dos países capitalistas, impedir que o socialismo avançasse sob o comando da União da República Socialista Soviética. Plano Colombo (1951): equivalente ao Plano Marshall no continente asiático. O propósito do plano era a realização de acordos de cooperação entre os países do continente asiático, principalmente entre o Japão e os Estados Unidos. O papel do Estado na era fordista-keynesiana Com a Grande Depressão (1929) em seu ápice, foi necessário reformular os paradigmas existentes para que houvesse a possibilidade de que o capitalismo se transformasse; a resposta encontrada foi a revolução keynesiana. Keynes desenvolveu a teoria de que o sistema capitalista tinha dois grandes proble- mas, o desemprego e a concentração de renda; afi rmava, ainda, que para equilibrar essa situação era necessária a ação estatal como uma ferramenta para restabelecer a economia. Desse modo, o Estado passa a ter um papel central na teoria keynesiana, como meio para equilibrar as crises do capital. Dentro dessa proposta, caberia ao Estado intervir para diminuir o desemprego involuntário e proporcionar o 5A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação ... C09_A_expansao_capitalismo.indd 5 26/06/2018 08:00:18 aumento da produção, o que seria alcançado mediante duas medidas: interven- ção estatal na política econômica/monetária e no desenvolvimento do pleno emprego, com políticas que assegurassem o mínimo social para a população. Dentre as propostas, estariam as seguintes medidas: Redução dos impostos sobre a renda ou produtos, o que estimularia o consumo e aumentaria a demanda efetiva. Desenvolvimento do pleno emprego com cargos públicos. Para Keynes, um dos meios de estabelecer o pleno emprego seria por meio de obras públicas. Desenvolvimento de políticas sociais para criar o Estado de bem-estar social. Uma das ações do Estado foi investir na indústria de base, isto é, investir em indústrias que geravam pouco lucro (mineração, transporte, siderurgia, petróleo, hidroelétricas, etc.) e que poderiam fornecer matéria-prima a baixo custo, para potencializar o desenvolvimento de empresas de outros ramos que teriam mais lucro e incentivariam o crescimento do capital. Portanto, essas empresas se beneficiavam duplamente: com os incentivos fiscais e com os materiais fornecidos a baixo preço. Welfare State ou política de bem-estar social O Welfare State ou política de bem-estar social tem por fundamento que todos os homens têm direitos enquanto cidadãos. Na prática, signifi ca que todas as pessoas, desde antes do seu nascimento, têm direitos, que são alcançados com bens e serviços que devem ser oferecidos pelo Estado. Em maior ou menor grau, todos os país passaram por um período de intervenção estatal. Entretanto, os países industrializados construíram políticas com mais benefícios que os países subdesenvolvidos. A pesar disso, mesmo entre os países desenvolvidos não ocorreu uma uniformidade dos serviços oferecidos à população – França e Inglaterra foram os países nos quais o Estado mais investiu em políticas públicas. O primeiro país a documentar os princípios do Welfare Statefoi a Inglaterra, com o Plano Beveridge, em 1942, que foi utilizado como base em diversos países. Entre suas principais características, destacam-se: Sistema que deveria abranger toda a população, independentemente de sua condição social. Sistema simples, unificado e contributivo para a criação de um serviço público único. A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação...6 C09_A_expansao_capitalismo.indd 6 26/06/2018 08:00:18 Tratava-se de um sistema que deveria amparar o trabalhador quando de- sempregado, mas, para além disso, proporcionar: acesso à saúde, à educação, à habitação, a condições dignas de trabalho, previdência social, entre outras necessidades. O investimento nessas áreas, segundo Keynes, retornaria para o capitalismo, pois o trabalhador estaria em melhores condições para o consumo. Vianna (1998) define o Welfare State como: uma forma particular de regulação social que se expressa pela transformação das relações entre o Estado e a economia, entre o Estado e a sociedade, a um dado momento do desenvolvimento econômico. Tais transformações se manifestam na emergência de sistemas nacionais públicos ou estatalmente regulados de educação, saúde, previdência social, integração e substituição de renda, assistência social e habitação que, a par das políticas de salário e emprego, regulam direta ou indiretamente o volume, as taxas e os comporta- mentos do emprego e do salário da economia, afetando, portanto, o nível de vida da população trabalhadora (DRAIBE; AURELIANO, apud VIANNA, 1998, p. 37). Para além das necessidades básicas da população, o Estado deve pro- porcionar formas para que todos tenham um trabalho; para isso, institui leis trabalhistas, fixa a jornada de trabalho e o salário mínimo, oferece seguro- -desemprego, entre outras proteções. O Welfare State foi utilizado por diversos países durante várias décadas, mas, na década de 1970, ele entra em crise e se torna economicamente inviável. No início dos anos 1980, primeiramente a Inglaterra, seguida por Estados Unidos e depois por outros países, começaram a troca deste modelo, de modo que os direitos da população passaram a ser revistos, sendo instituído o Estado neoliberal. O Estado de bem-estar, no Brasil, não ocorreu de forma plena, mas sim como uma tentativa de implantação. Nos países desenvolvidos, a proposta do Welfare State era a de realizar um investimento na população, e seu retorno viria do consumo em massa e dos trabalhadores cordiais. Já no Brasil, a proposta foi assistencialista, devido, entre outros fatores, à grande desigualdade social que existia no país, o que resultou em ínfimos investimentos em políticas públicas se comparado aos outros países. 7A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação ... C09_A_expansao_capitalismo.indd 7 26/06/2018 08:00:18 Características do mundo do trabalho na era de ouro do capitalismo A era de ouro do capitalismo é marcada pela mudança nos modos de produção capitalista, com mudanças propostas por Henry Ford em sua fábrica. Ford introduziu a linha de montagem, na qual um trabalhador não precisava sair do lugar para desenvolver o seu trabalho. Para a produção do carro, as atividades eram divididas em partes bem pequenas, de modo que o produto a ser fabricado ficava em uma esteira rolante que passava na frente dos trabalhadores, que iam executando a tarefa que lhes cabia, como apertar um parafuso específico. Nesse processo de trabalho, a velocidade da esteira ditava a agilidade do trabalho na fábrica. O trabalhador ficava especializado em apenas uma etapa do processo de produção, repetindo a mesma atividade durante todo o período do trabalho. Esse novo modelo de trabalho fragmentado gerou novas oportunidades de trabalho. Outra inovação foi em relação aos salários, que eram mais do que o dobro pago na época. Nesse período, iniciou-se, também, o controle moral dos trabalhadores, que deveriam relatar o que faziam nas horas vagas, quais eram seus hábitos alimentares, como gastavam seu dinheiro, como era sua vida sexual. Assim, Ford conseguia controlar como os trabalhadores gastavam o salário recebido, pois se a produção era em massa, o consumo também deveria ser em massa. No entanto, a rigidez desse sistema de trabalho fez com que muitos trabalhadores não se adaptassem e, mesmo com os altos salários, ocorreu uma grande rotatividade de empregados. A partir do Estado de bem-estar social, as indústrias buscaram ajuda junto ao movimento sindical dos trabalhadores e criaram políticas de proteção ao proletariado, em uma tentativa de resolver os diversos conflitos existentes entre patrões e empregados. Entre as propostas, estava o aumento dos salários, o que era, no entanto, insuficiente para conter as manifestações contrárias ao sistema. Nesse cenário, os trabalhadores se fortaleceram coletivamente e os sindicatos realizaram negociações sobre as demandas trabalhistas, o que resultou em contratação de novos empregados, estabelecimento de jornada de trabalho, introdução de novas tecnologias, alteração no processo de trabalho e regularização das demissões. Outra característica desse período foi a política do pleno emprego, que ocorre devido ao consumo em massa, que gerava demanda de produção em massa nas fábricas. Esse período foi o único ao longo da história no qual os A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação...8 C09_A_expansao_capitalismo.indd 8 26/06/2018 08:00:18 trabalhadores tiveram poder e legitimidade para negociar com o empregador, pois sua força de trabalho era extremamente necessária nas fábricas. Acesse o link ou o código a seguir e veja algumas imagens que mostram uma parte de como foi a era de ouro do capitalismo (BARBOSA, 2014). https://goo.gl/8TiR1Y Essa era foi organizada pelo chamado programa social, normalmente estabelecido por meio de acordos coletivos. Os sindicatos eram a voz dos trabalhadores e negociavam com os patrões, enquanto o Estado teria um papel neutro. O acordo, além de trazer ganhos para os trabalhadores, deveria fazer a manutenção do estado burguês e viabilizar o consumo de massas. Em muitos momentos, os sindicatos reproduziam a lógica do capital para continuar exercendo poder sobre o proletariado. O Estado de bem-estar social era visto, até esse momento, como um es- tabilizador das relações trabalhador-empregado. Entretanto, na década de 1970, esse cenário começa a mudar devido ao endividamento do Estado e ao declínio da economia, associados à legislação social onerosa. Nos países desenvolvidos, essas políticas passaram por uma forte diminuição, adequando- -se às metas neoliberais. Em 1916, Ford contratou assistentes sociais para auxiliar os trabalhadores na fábrica, realizando seu ajustamento moral e determinando os padrões nos modos de vida e de consumo dos trabalhadores. 9A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação ... C09_A_expansao_capitalismo.indd 9 26/06/2018 08:00:18 1. Quais são as características do capitalismo maduro? a) Altas taxas de lucros; intervenção do Estado para o equilíbrio financeiro; produção artesanal das mercadorias. b) Altas taxas de lucros; intervenção das empresas para o desenvolvimento capitalista; produção em massa; consumo individual. c) Altas taxas de lucros; intervenção das empresas para o desenvolvimento capitalista produção; consumo em massa. d) Baixas taxas de lucros; não intervenção do Estado; produção e consumo em massa. e) Altas taxas de lucros; intervenção do Estado para o equilíbrio financeiro; produção e consumo em massa. 2. O que foi a Revolução Keynesiana? a) Foi uma teoria econômica que rejeitou a intervenção do Estado para manter o equilíbrio do capitalismo. b) Era uma teoria econômica que defendia a intervenção do Estado para proporcionar que o capitalismo seguisse lucrando. c) Era uma teoria econômica que defendia a intervenção do Estado paramanter o equilíbrio do capitalismo. d) Era uma teoria econômica de acordo com a qual, para que seguisse crescendo, o capitalismo deveria explorar o trabalhador. e) Era uma teoria econômica que defendia o equilíbrio do capitalismo através do pleno emprego e dos benefícios sociais que somente as empresas iriam proporcionar. 3. O que é o fordismo? a) Produção em massa para contribuir com a saúde do trabalhador. b) É um sistema de produção em massa que utiliza uma linha de montagem, em que cada trabalhador realiza sempre a mesma função. Tem por objetivo a produção em massa a um custo mínimo. c) Tem por objetivo a produção em massa a um custo mínimo. Cada trabalhador monta todo o produto, do início ao fim. d) É um sistema de produção especializada que utiliza uma única sala, onde cada trabalhador realiza diversas funções. e) Trata-se de produção em massa para que o Estado obtenha lucro. 4. Qual o papel do Estado na teoria keynesiana-fordista? a) Papel central para fornecer empréstimos às indústrias. b) Papel central, pois o Estado deve sempre perdoar as dívidas das indústrias. c) Secundário, pois o Estado não interfere na esfera privada. d) Papel central com a responsabilidade de reequilibrar o capitalismo. e) Sem importância; somente o capitalismo importa. A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação...10 C09_A_expansao_capitalismo.indd 10 26/06/2018 08:00:19 5. Como se estabeleceu a relação entre trabalhador e empregado a partir da Política de Bem-estar Social? a) O diálogo entre patrão e empregado era realizado por meio dos sindicatos. b) As indústrias buscaram ajuda do Estado para fornecer benefícios sociais. c) As indústrias ignoraram os trabalhadores. d) As indústrias se uniram para conversar diretamente com os trabalhadores. e) Por meio do Estado, para mediar as assembleias dos trabalhadores. BARBOSA, D. S. A história do século XX contada por imagens: era de ouro. Projeto História, 2014. Disponível em: <http://historianointerior.blogspot.com.br/2014/06/a- -historia-do-seculo-xx-contada-por_26.html>. Acesso em: 08 nov. 2017. VIANNA, M. L. T. W. A Americanização (Perversa) - da Seguridade Social no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1998. WALLERSTEIN, I. Analise dos sistemas mundiais. In: GIDDENS, A.; TURNER, J. (Org.). Teoria Social Hoje. São Paulo: Ed. UNESP, 1999. Disponível em: <https://edisciplinas. usp.br/pluginfile.php/3001959/mod_resource/content/0/WALLERSTEIN%2C_I._ An%C3%A1lise_dos_sistemas_mundiais%20%281%29.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2017. Leituras recomendadas ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamoforses e a centralidade do Mundo do Trabalho. 11 ed. São Paulo: Cortes, 2006. ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2000. BEHRING, E. R. Política Social: fundamentos e história. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção Biblioteca Básica do Serviço Social). NOGUEIRA, V. M. R. Estado de Bem-estar social: origens e desenvolvimento. Revista Katálysis, Florianópolis, n. 5, jul./dez. 2001. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/ index.php/katalysis/article/viewFile/5738/5260>. Acesso em: 08 nov. 2017. SANTOS, J. S. “Questão Social” particularidade no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012. (Coleção Biblioteca Básica do Serviço Social). SANTOS, L. S.; ARAÚJO, R. B. Aula 6: a Era de Ouro do Capitalismo. Aracaju: CESAD, 2013. Disponível em:<http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/11123718 032013Historia_economica_geral_e_do_brasil_aula_6.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2017. 11A expansão do capitalismo sob o padrão fordista-keynesiano de acumulação ... C09_A_expansao_capitalismo.indd 11 26/06/2018 08:00:20 Conteúdo: Dica do professor O fordismo foi utilizado ao redor do mundo com um novo modo de produção que não somente revolucionou a produção industrial, como também modificou a cultura de uma época. Entretanto, cada país implantou o fordismo de acordo com as suas particularidades, e no Brasil não foi diferente. Assista ao vídeo para saber mais sobre o fordismo no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/fe13f37264af5ad506d6ff8be4289de4 Na prática 'A Era de Ouro do Capitalismo foi um período marcado pela eclosão de vários movimentos. Além dos modos de produção, também modificavam-se os modos de ver e pensar sobre o mundo: movimentos que reivindicavam a liberdade feminina, os que lutavam a favor dos negros e movimentos culturais. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Neste link, você terá acesso ao artigo Fundamentos de política social, que discorre sobre como o serviço social brasileiro passou a ter uma grande influência no tema política social a partir dos anos de 1980. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. No vídeo As principais escolas de pensamento econômico: keynesianismo, você saberá mais sobre uma das principais teorias econômicas: o keynesianismo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Estado de Bem-Estar Social - Welfare State Nesse vídeo, você saberá mais sobre as origens do Estado de Bem-Estar Social e a sua base teórica a partir de John Maynard Keynes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. http://files.centro-de-educacao-superior.webnode.com/200000259-00a99029b7/POL%C3%8DTICA%20SOCIAL.pdf https://www.youtube.com/embed/U9Fk6yjCSO0?rel=0 https://www.youtube.com/embed/2bW8MlXRgWQ?rel=0
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