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Citomegalovírus - O CMV é um herpes-vírus onipresente que constitui causas comuns de doença humana. - É a causa mais comum de infecção congênita, que pode levar a anormalidades graves. - Infecção inaparente é comum durante a infância e a adolescência - Com frequência, são observadas infecções graves por CMV em adultos imunossuprimidos - As infecções por CMV podem se manifestar como doença de inclusão citomegálica, cujo nome deriva da propensão ao aumento maciço de células infectadas por CMV com corpos de inclusão intranucleares. Propriedades do vírus - Apresenta o maior conteúdo genético dos herpes-vírus humaos - Apresenta uma glicoproteína de superfície celular que atua como receptor de Fc, capaz de se ligar de modo inespecífico à porção Fc das imunoglobulinas. Isso pode ajudar as células infectadas a escapar de processos imunológicos de eliminação ao proporcionar um revestimento protetor de imunoglobulinas irrelevantes do hospedeiro. - Muitas cepas geneticamente diferentes do CMV circulam na população humana. As diferenças entre elas provavelmente não são determinantes importantes na doença humana. - São muito espécie-específicos - Apresentam forte tropismo por determinados tipos celulares - Produz efeito citopático específico Patogênese e patologia ➔ Hospedeiros normais O CMV pode ser transmitido de pessoa para pessoa de várias maneiras diferentes, exigindo, em todos os casos, um estreito contato com material que contenha o vírus. O período de incubação é de 4 a 8 semanas em crianças de mais idade e adultos normais após exposição ao vírus. Causa uma infecção sistêmica, tendo sido isolado dos pulmões, fígado, esôfago, colo, rins, monócitos e linfócitos T e B. Estabelece infecções latentes durante toda a vida do hospedeiro. O vírus pode ser eliminado intermitentemente a partir da faringe e na urina durante meses a anos após a infecção primária. A infecção renal prolongada por CMV não parece prejudicial em indivíduos normais. O comprometimento das glândulas salivares é comum e provavelmente crônico. A imunidade celular apresenta-se diminuída nas infecções primárias. Podem ser necessários alguns meses para recuperação das respostas celulares. Manifestações clínicas A infecção primária por CMV em crianças de maior idade e adultos geralmente é assintomática. Ocasionalmente provoca uma síndrome espontânea de mononucleose infecciosa. Estima- se que o CMV seja responsável por 20 a 50% dos casos de mononucleose heterofilo-negativa. A mononucleose por CMV é uma doença leve, e as complicações são raras. É comum a ocorrência de hepatite subclínica. Em crianças com menos de 7 anos, frequentemente se observa a presença de hepatoesplenomegalia. ➔ Hospedeiros imunossuprimidos As infecções primárias por CMV em hospedeiros imunossuprimidos são muito mais graves do que as observadas em hospedeiros normais. Indivíduos com maior risco de desenvolver doença por CMV -> transplantados de células-tronco hematopoiéticas e de órgãos sólidos, pacientes com tumores malignos tratados com quimioterapia e indivíduos com AIDS. A excreção viral é aumentada e prolongada, e a infecção apresenta maior tendencia a se tornar disseminada. Pneumonia e colite são as complicações mais comuns. A resposta imunológica do hospedeiro provavelmente mantém o CMV em estado de latência em indivíduos soropositivos. As infecções reativadas estão associadas a doença muito mais frequentemente nos pacientes imunocomprometidos do que nos hospedeiros normais. A pesar de serem geralmente menos graves, as infecções reativadas podem ser tão virulentas quanto as infecções primárias. Manifestações clínicas Tanto a taxa de morbidade quanto a de mortalidade mostram-se aumentadas nas infecções primárias e recorrentes por CMV em indivíduos imunocomprometidos. O vírus pode se encontrar restrito a um único órgão, causando pneumonia, colite, retinite ou hepatite ou provocando infecções disseminadas. A reativação viral geralmente ocorre em transplantados de medula óssea. A leucopenia associada ao vírus é comum em pacientes que receberam transplantes de órgãos sólidos, observando-se também bronquiolite obstrutiva em pacientes com transplante de pulmão, coração e rejeição a transplante renal relacionada com o CMV. Frequentemente causa doença disseminada em pacientes com Aids. ➔ Infecções congênitas e perinatais As infecções do feto e do recém-nascido por CMV podem ser graves, e cerca de 5 a 10% desses casos desenvolverão doença de inclusão citomegálica. Uma porcentagem alta de lactentes com essa doença apresentará defeitos do desenvolvimento e deficiência intelectual. O vírus pode ser transmitido in útero com infecções maternas tanto primárias quanto reativadas. A doença de inclusão citomegálica generalizada resulta mais frequentemente de infecção materna primária. A transmissão intrauterina ocorre em cerca de 1% das mulheres soropositivas. A lesão do feto raramente resulta de infecções maternas reativadas A infecção do lactente permanece subclínica, embora seja crônica. O CMV também pode ser adquirido pelo lactente em consequência de exposição ao vírus no trato genital da mãe durante o parto ou a partir do leite materno. Nesses casos, os lactentes geralmente receberam alguns anticorpos maternos, e as infecções por CMV adquiridos no período perinatal tendem a ser subclínicas. As infecções por CMV adquiridas por transfusão em recém-nascidos variam conforme a quantidade de vírus recebida e o estado sorológico do doador. Independentemente de o CMV ser adquirido in útero ou no período perinatal, ocorre uma infecção mais crônica (em termos de excreção do vírus) do que quando o vírus é adquirido em uma fase posterior da vida. Manifestações clínicas A infecção congênita pode resultar em morte do feto in útero. A doença de inclusão citomegálica de recém-nascidos caracteriza-se por comprometimento do SNC e do sistema reticuloendotelial. As características clínicas consistem em atraso do crescimento intrauterino, icterícia, hepatoesplenomegalia, trombocitopenia, microcefalia e retinite. A taxa de mortalidade é de cerca de 20%. A maioria dos sobreviventes desenvolvem anomalias significativas do SNC em 2 anos, e é comum a ocorrência de perda auditiva grave, anormalidades oculares e deficiência intelectual. Os lactentes começam a eliminar o vírus com cerca de 8 a 12 semanas de vida e continuam a excretá-lo por vários anos, mas permanecem saudáveis. A infecção adquirida por CMV é comum e geralmente inaparente. O vírus é eliminado na saliva e na urina dos indivíduos infectados durante semanas ou meses. O CMV pode constituir uma causa de pneumonia isolada em lactentes com menos de 6 meses de vida. Os anticorpos maternos protegem mais o lactente contra o desenvolvimento de doença grave do que contra a transmissão do vírus. Diagnóstico laboratorial - Cultura, PCR e testes de detecção de antígenos - Isolamento do vírus - Sorologia - Teste de resistência Epidemiologia O CMV é endêmico em todas as partes do mundo, sendo desconhecida a ocorrência de epidemias. O vírus é observado durante todo o ano, não havendo variação sazonal nas taxas de infecção. A prevalência da infecção varia de acordo com a condição socioeconômica, as condições de vida e as práticas de higiene do indivíduo. As novas infecções são quase sempre assintomáticas. Após a infecção, o vírus é eliminado a partir de vários locais. A eliminação viral pode prosseguir por vários anos, frequentemente de modo intermitente, quando o vírus latente sofre reativação. Logo, exposições ao CMV são comuns e disseminadas. Os seres humanos são os únicos hospedeiros conhecidos do CMV. A transmissãoexige estreito contato entre pessoas. O vírus pode ser eliminado na urina, na saliva, no sêmen, no leite materno e nas secreções cervicais, sendo transportado pelos leucócitos circulantes. A propagação oral e respiratória provavelmente constitui as vias predominantes de transmissão do CMV. Muito mais lactantes tornam-se infectados pelo CMV nos primeiros meses de vida, frequentemente a partir do leite materno infectado ou da transmissão no berçário. Muitas mulheres em idade fértil formam um grupo de risco para infecções primárias pelo CMV durante a gestação. A transmissão intrauterina ocorre em cerca de 40% das infecções primárias nas mães. As infecções por CMV mostram-se acentuadamente aumentadas na população imunossuprimida. Tratamento e controle O tratamento farmacológico para o CMV apresenta alguns resultados animadores. - Ganciclovir: Utilizado com sucesso no tratamento de infecções potencialmente fatais por CMV em pacientes imunossuprimidos. Reduz a gravidade da retinite, esofagite e colite causadas por CMV. Além disso, o tratamento precoce com ganciclovir diminui a incidência de pneumonia por CMV em receptores de aloenxerto de medula óssea. Controla a surdez progressiva em neonatos com infecções congênitas. - Cidofovir e foscarnete podem ser usados para o tratamento da retinite por CMV e para cepas de CMV resistentes ao ganciclovir. O aciclovir e o valaciclovir mostram alguns benefícios em pacientes que receberam transplante de medula e rins. É aconselhável o isolamento dos recém-nascidos com doença generalizada de inclusão citomegálica. O rastreamento de doadores e receptores de órgãos quanto à presença de anticorpos contra o CMV pode evitar algumas transmissões primárias.
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