Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE 
INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ivanes da Glória Mattos 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Esta é a disciplina de Contabilidade Internacional, que busca demonstrar 
os principais aspectos e técnicas para padronizar os relatórios contábeis às 
normas internacionais de relatórios financeiros, de modo a proporcionar o 
entendimento e análise destes pelos interessados. 
Nos anos de 1970, nasceram as Normas Internacionais de Contabilidade – 
IAS, para mais tarde, em 2001, passarem a ser chamadas de International 
Financial Reporting Standarts (IFRS) – Normas Internacionais de Relatórios 
Financeiros, que são regras, fundamentos e princípios que unificam os padrões 
contábeis. 
Com o processo da globalização, que tem como objetivo diminuir as 
barreiras existentes entre os países, a contabilidade passou a exercer um novo 
papel, que é o de buscar um consenso sobre as informações financeiras e, para 
tanto, foi necessário adequar as demonstrações para uma linguagem universal 
dos negócios. Dentro desse contexto, a Lei n. 11.638/2007 estabeleceu as bases 
para que as IFRS possam ser aplicadas pelas empresas brasileiras. 
Para as empresas mundiais, a adoção de normas internacionais de 
contabilidade traz vantagens econômicas na forma de atração de maior volume 
de investimentos, uma vez que as informações contábeis passam a ser mais 
confiáveis e comparáveis para resistir à variedade de transações e operações do 
mercado internacional. 
O foco da nossa disciplina será o conhecimento das normas internacionais 
de contabilidade, o processo de sua aplicação e a interação com os 
pronunciamentos técnicos emitidos pelos Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 
Nesta aula, vamos abordar os seguintes assuntos: 
1. Organismos responsáveis pela contabilidade no mundo; 
2. Causas das divergências na contabilidade; 
3. Processo de harmonização no Brasil; 
4. Comitê de pronunciamentos contábeis; 
5. Vantagens e desvantagens da harmonização das normas. 
TEMA 1 – ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELA CONTABILIDADE NO MUNDO 
O avanço da globalização da economia fez com que a interdependência 
dos negócios entre os países se tornasse cada vez maior, de modo a exigir dos 
 
 
3 
envolvidos permanentes atenção às mudanças e à normatização das informações 
contábeis e financeiras. A observância dos princípios, regras e procedimentos 
contábeis ajuda os interessados no processo de tomada de decisões, desde que 
estas sejam transparentes e claras, para evitar diferentes interpretações que 
possam diminuir a credibilidade dos relatórios econômicos e financeiros. 
Muito embora cada país tenha as suas normas e procedimentos contábeis 
que devem ser adotados internamente, são grandes as dificuldades de transpor 
as contas da empresa de um país para outro. Por isso, foi necessário às empresas 
adotar uma harmonização das normas brasileiras às normas dos outros países, 
com a elaboração de demonstrações contábeis com regras uniformes e 
homogêneas para que todos os interessados possam se utilizar de informações 
comparáveis e confiáveis nos seus processos de decisão. 
Para viabilizar essa harmonização global, o International Accounting 
Standards Board – IASB emitiu um conjunto de normas contábeis denominado 
International Financial Reporting Standards – IFRS. 
A adoção das Normas Internacionais de Contabilidade permite solucionar 
vários problemas para os investidores que pretendem realizar transações e 
investimentos externos, uma vez que cada país possui seus princípios e técnicas 
e que causam entraves para o entendimento e adaptação dos relatórios contábeis. 
Dentro do contexto da globalização, a contabilidade é fundamental, pois ela 
traz os elementos necessários para formar um entendimento comum das 
informações de natureza financeira, econômica e patrimonial, ou seja, é um tipo 
de linguagem universal dos negócios. 
Assim, quanto às normas internacionais de contabilidade, é possível 
elencar a participação dos seguintes órgãos: 
• International Accounting Standards Board (IASB); 
• Financial accounting standards board (FASB); 
• The international organization of securities commission (IOSCO); 
• Organization for economic cooperation and development (OECD). 
1.1 International Accounting Standards Board (IASB) 
O IASB é uma organização internacional sem fins lucrativos do setor 
privado que, no âmbito normativo e regulatório, cria, publica, atualiza e dissemina 
 
 
4 
as normas internacionais de contabilidade, sempre buscando a convergência dos 
relatórios financeiros com as normas nacionais de cada país. 
Essa organização, inicialmente criada pelo acordo entre 09 países, no ano 
de 1973, ainda com o nome de IASC (International Accounting Standards 
Committee), comissão esta que foi a primeira tentativa de normalização contábil 
internacional e emitia os pronunciamentos sobre as normas internacionais de 
contabilidade – IAS (Internnational Accounting Standards). 
A partir de abril de 2001, a organização passou a se chamar de IASB – 
International Accounting Standards Board (Quadro Internacional de Normas 
Contábeis) e já contava com a adesão de profissionais de outros países, cujo 
objetivo principal é desenvolver, com base em princípios claramente articulados, 
um conjunto único de normas de contabilidade de alta qualidade, de fácil 
compreensão e execução e aceitos mundialmente. 
Atualmente, a sede do IASB está localizada em Londres e conta com a 
experiência de mais de 140 diferentes entidades profissionais da contabilidade, 
originárias do mundo todo, inclusive do Brasil, por meio do IBRACON – Instituto 
dos auditores independentes do Brasil e do CFC – Conselho Federal de 
Contabilidade. 
Segundo Müller (2019), os principais objetivos do IASB são os seguintes: 
1. Elaborar e publicar, notoriamente, normas contábeis internacionais, que 
deverão ser observadas nos relatórios contábeis; 
2. Promover a aceitação e a adoção pra´ticas de tais normas em escala 
mundial. 
Cabe às organizações profissionais membros do IASB colaborar com o fiel 
cumpriemento das suas normas, zelar para que as publicações respeitem tais 
normativas e observar, junto aos órgãos responsáveis em cada país, para que os 
relatórios contábeis sejam publicados e se ajustem de acordo com as normas 
internacionais. 
O conjunto de normas contábeis e criadas pelo IASB é denominado 
International Financial Reporting Standards – IFRS (ou Normas Internacionais de 
Relatório Financeiro) e cada uma delas trata de assuntos específicos, porém em 
algumas situações é harmonizar a situação adotando-se mais de uma norma. 
Até agora, o IASB publicou 41 Normas Internacionais de Contabilidade, 
sendo que algumas já foram revogadas e as que permanecem em vigor em 2020 
são 32, as quais são constantemente revisadas. 
 
 
5 
No Brasil, as principais entidades que participam da convergência contábil 
por meio de suas normatizações são: o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), 
o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Instituto Brasileiro dos 
Auditores Independentes (Ibracon) 
De acordo com Müller, Scherer e Cordeiro (2019), as normas internacionais 
de contabilidade já criadas e que se encontram em vigor no ano de 2020 são as 
seguintes: 
• IAS 1 – Apresentação das demonstrações contábeis; 
• IAS 2 – Estoques – Inventários; 
• IAS 7 – Demonstração dos fluxos de caixa (das mutações na posição 
financeira); 
• IAS 8 – Práticas contábeis, mudanças de estimativas contábeis e erros; 
• IAS 10 – Contingências e eventos ocorridos após a data do balanço; 
• IAS 11 – Contratos de construção; 
• IAS 12 – Contabilização do Imposto de renda; 
• IAS 16 – Ativo imobilizado; 
• IAS 17 – Arrendamentos; 
• IAS 18 – Receitas; 
• IAS 19 – Custos de benefícios de aposentadoria a empregados;• IAS 20 – Subvenções governamentais e divulgação da assistência 
governamental; 
• IAS 21 – Efeitos de mudanças em taxas de câmbio estrangeiras; 
• IAS 23 – Custo de empréstimos – capitalização dos encargos financeiros; 
• IAS 24 – Divulgação de partes relacionadas; 
• IAS 26 – Contabilização e demonstração financeira de planos de benefício 
de aposentadoria; 
• IAS 27 – Demonstrações contábeis consolidadas e contabilização de 
investimentos em subsidiárias; 
• IAS 28 – Contabilização de investimentos em associadas – Sociedades 
coligadas; 
• IAS 29 – Demonstrações contábeis em economias hiperinflacionárias; 
• IAS 30 – Divulgações nas demonstrações contábeis de bancos e 
instituições financeiras similares; 
 
 
6 
• IAS 31 – Participação em empreendimentos em conjunto (joint ventures); 
• IAS 32 – Instrumentos financeiros: divulgação e apresentação; 
• IAS 33 – Lucro por ação; 
• IAS 34 – Relatórios financeiros provisórios (intermediários); 
• IAS 36 – Redução no valor recuperável de ativos (descapitalização de 
ativos); 
• IAS 37 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes; 
• IAS 38 – Ativos intangíveis; 
• IAS 39 – Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração; 
• IAS 40 – Propriedades para investimento (investimentos em imóveis); 
• IAS 41 – Agricultura; 
• IFRS 1 – Adoção de IFRS pela primeira vez; 
• IFRS 2 – Pagamentos baseados em ações; 
• IFRS 3 – Combinação de negócios; 
• IFRS 4 – Contratos de seguro; 
• IFRS 5 – Ativos não correntes mantidos para venda e operações 
descontinuadas; 
• IFRS 6 – Exploração e avaliação de recursos minerais; 
• IFRS 7 – Instrumentos financeiros: evidenciação; 
• IFRS 8 – Informações por segmento; 
• FRS 9 – Instrumentos financeiros; 
• IFRS 10 – Demonstrações consolidadas; 
• IFRS 11 – Negócios em conjunto; 
• IFRS 12 – Divulgação de participações em outras entidades; 
• IFRS 13 – Mensuração do valor justo; 
• IFRS 15 – Receita de contrato com cliente; 
• IFRS for SMES – Contabilidade para pequenas e médias empresas com 
glossário de termos. 
1.2 Financial Accounting Standards Board (FASB) 
FASB é o conselho de padrões de contabilidade financeira que foi criado 
em 1973, e trata-se de uma instituição sem fins lucrativos com a finalidade de 
unificar os procedimentos contábeis financeiros das empresas privadas e não 
 
 
7 
governamentais. Por se tratar de uma entidade independente seus membros não 
podem estar vinculados ao mercado de ações. 
De acordo com Müller, Scherer e Cordeiro (2019, p. 130): 
A missão do FASB é, basicamente, estabelecer e aperfeiçoar padrões 
(práticas) de contabilidade e divulgação financeira. Deve-se observar 
que o estabelecimento desses padrões é tido como fundamental para o 
correto funcionamento dos mercados de capitais norte-americanos. 
O FASB emite os seguintes documentos: 
a. SFAS (Statement of financial accounting standards) é um pronunciamento 
sobre procedimentos de contabilidade financeira, que estabelece métodos 
e procedimentos para questões contábeis específicas, criando 
oficialmente, princípios de contabilidade geralmente aceitos. (GAAP); 
b. FASIS (Fasba Interpretations – Interpretações do FASB), que modificam ou 
ampliam tratados em pronunciamentos do FASB; 
c. Technical bulletins (boletins técnicos), que orientam sobre problemas 
contábeis e demonstrações financeiras 
1.3 The International Organization of Securities Commission (IOSCO) – 
Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários 
O IOSCO tem como objetivos incentivar e promover o desenvolvimento e a 
integridade do mercado de capitais por meio da aplicação das normas de 
contabilidade internacionais. Para Niyama (2010), seus objetivos são: 
a. Auxiliar para a promoção de altos padrões de regulamentação de mercado 
de capitais, refletindo um mercado justo, eficiente e sadio; 
b. Fomentar a troca de informações e experiências visando ao 
desenvolvimento do mercado de capitais domésticos; 
c. Estabelecer padrões e efetivo monitoramento de transações internacionais, 
envolvendo títulos; 
d. Fomentar a integridade do mercado por meio de uma rigorosa aplicação de 
padrões regulatórios. 
 
 
 
8 
1.4 Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) – 
Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica 
O OECD (Organização Econômica Intergovernamental) foi fundada em 
1961 com o objetivo de incentivar o progresso econômico e o comércio mundial, 
bem como atuar como mediador para que os países membros possam se 
consultar a respeito de problemas econômicos preocupantes, por exemplo, 
balança de pagamentos (Niyama, 2010). 
As suas publicações, voltadas à harmonização contábil, são feitas por um 
grupo de trabalho e tratam de padrões contábeis, questões econômicas e sociais, 
tais como macroeconômicas, comércio, educação e ciência. 
TEMA 2 – CAUSAS DAS DIVERGÊNCIAS NA CONTABILIDADE ENTRE AS 
NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 
Cada país é influenciado pelos seus valores culturais e pelas suas 
estruturas políticas e econômicas, o que se reflete em todas as áreas da gestão 
dos negócios, inclusive na contabilidade. É nela que os principais agentes 
econômicos, financeiros e fiscais se baseiam para avaliar as informações sobre 
os resultados dos negócios, os riscos para realizar investimentos, a arrecadação 
de tributos e o cumprimento das obrigações legais. 
Porém, a linguagem da contabilidade não é igual para todos os países, uma 
vez que cada um tem suas técnicas e práticas contábeis próprias e segue sua 
legislação interna. Mas com o processo da globalização a contabilidade passou a 
exercer um novo papel que é o de buscar um consenso sobre as informações 
financeiras e a harmonização contábil internacional, cujo processo tem como 
objetivos a compreensão de uma linguagem única e a comparabilidade das 
demonstrações financeiras. 
Apesar das divergências, para Niyama (2010), é possível um agrupamento 
de técnicas e práticas contábeis que permitam compreender melhor as causas 
dessas diferenças internacionais em busca de harmonização. 
Mas quais são as principais causas das divergências internacionais nos 
procedimentos utilizados para preparação e apresentação das demonstrações 
financeiras das empresas (financial reporting)? Vários autores já escreveram 
sobre estas causas e selecionamos a opinião de Niyama (2005), que resumiu as 
várias opiniões da seguinte forma: 
 
 
9 
• Características, natureza e tipo de sistema legal vigente; 
• Forma de captação de recursos pelas empresas, se vinculadas ao mercado 
de capitais ou ao mercado de crédito bancário com fonte governamental; 
• Nível de influência, credibilidade e status (amadurecimento) da profissão 
contábil; 
• Acidentes de percurso, invasões, localização geográfica, herança de ser 
colônia, linguagem etc.; 
• Nível de inflação, que pode ser alta ou baixa 
TEMA 3 – PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO NO BRASIL 
Com a globalização e o ingresso dos países no mercado de negócios 
mundial, surgiu a necessidade de eles adequarem suas normas e técnicas 
contábeis para um sistema padronizado e unificado, possibilitando uma melhor 
compreensão das demonstrações financeiras e a comparabilidade destas entre 
os diversos interessados que prezam por uma boa gestão empresarial. 
Conforme já visto anteriormente nesta aula, a grande dificuldade para uma 
perfeita padronização das informações contábeis reside no fato de que cada país 
adota as suas regras e procedimentos contábeis, de acordo com os movimentos 
sociais, políticos, econômicos e fiscais locais, o que dificulta a transposição das 
contas das empresas de um país para outro, tanto no aspecto da entrada em 
novos mercados quanto para efeitos de consolidação das informações. 
No Brasil, o primeiro passo para a harmonização das normas internas aos 
padrões internacionais de contabilidade ocorreu com a publicação da Lei n. 
11.638/07, que estabeleceu as bases para a padronização dosdemonstrativos contábeis ao padrão internacional. 
Essa lei trouxe disposições para as sociedades de grande porte relativas à 
elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, inclusive na 
harmonização com as normas e padrões contábeis internacionais. 
O termo harmonização contábil é utilizado para denominar o processo de 
conformidade das normas brasileiras às normas internacionais, para tornar a 
contabilidade mais compreensível e útil no processo de tomada de decisões dos 
países signatários das normas, o que não significa que não haverá mais 
diferenças. Portanto, a harmonização busca diminuir as divergências entre as 
práticas contábeis dos países, mas sem ignorar as diferenças existentes entre 
eles. 
 
 
10 
TEMA 4 – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado pela Resolução 
CFC n. 1.055/2005, de 7 de outubro de 2005, cujo objetivo está previsto no art. 3º 
da norma: 
Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo 
o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre 
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa 
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora 
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de 
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade 
Brasileira aos padrões internacionais. (Brasil, 2005) 
Segundo Rios e Marion (2020): 
Por meio de pronunciamentos e outras orientações técnicas, cabe ao 
CPC produzir e divulgar princípios, normas e padrões de contabilidade 
que caminhem na mesma direção do padrão internacional, representado 
pelas normas IFRS (International Financial Reporting Standard), 
emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). em suas 
respectivas áreas de atuação, a CVM, o BACEN e demais órgãos e 
agências reguladoras podem adotar, no todo ou em parte, essas 
orientações técnicas. 
Ainda, de acordo com a Resolução n. 1.055/2005, os principais objetivos 
da harmonização das normas contábeis são: 
a. A redução de riscos nos investimentos internacionais (quer os sob a 
forma de empréstimo financeiro quer os sob a forma de participação 
societária), bem como os créditos de natureza comercial, redução de 
riscos essa derivada de um melhor entendimento das demonstrações 
contábeis elaboradas pelos diversos países por parte dos investidores, 
financiadores e fornecedores de crédito; 
b. A maior facilidade de comunicação internacional no mundo dos 
negócios com o uso de uma linguagem contábil bem mais homogênea; 
c. A redução do custo do capital que deriva dessa harmonização, o que 
no caso é de interesse, particularmente, vital para o Brasil. (Brasil, 2005) 
Até o final do ano de 2020, o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 
já emitiu 51 pronunciamentos técnicos, com as orientações e padrões exigíveis 
para o alinhamento da contabilidade do Brasil às normas internacionais de 
relatórios financeiros. 
TEMA 5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO DAS 
NORMAS 
Já vimos que a adoção das normas internacionais de contabilidade traz 
para as empresas maior transparência da contabilidade, melhor gestão e poder 
 
 
11 
de decisão, uniformização dos relatórios econômicos e financeiros, além de uma 
realidade econômica mais eficiente. 
Há, entretanto, segundo autores, vantagens e desvantagens na adoção da 
harmonização contábil. Dentre as vantagens, citam-se: 
a. A apresentação de relatórios contábeis em padrões internacionais dá aos 
investidores maior segurança e transparência na avaliação dos riscos do 
investimento, eis que facilita a leitura das informações presentes das 
demonstrações financeiras; 
b. Com a adoção das normas internacionais de contabilidade a empresa 
mostra melhor ampliação e consistência da realidade financeira da 
empresa; 
c. A convergência das normas contábeis aos padrões internacionais melhora 
o processo de comunicação internacional no mundo dos negócios e pode 
gerar um aumento na atração de recursos externos; 
d. A harmonização das normas facilita as negociações internacionais, tanto 
em relação à fixação de preços como na decisão de obtenção de recursos 
econômicos nos mercados financeiros internacionais; 
e. A padronização dos relatórios financeiros reduz os custos de elaboração 
das demonstrações financeiras e de gerenciamento dos sistemas 
contábeis, para aqueles países que buscam financiamentos; 
f. Comparabilidade na avaliação do desempenho e da situação competitiva 
das empresas em nível mundial. 
Como desvantagens na adoção da harmonização contábil, citam-se: 
a. A adoção de um único padrão reduz as opções de escolha de práticas 
contábeis apropriadas de cada país signatário e implica o afastamento de 
práticas contábeis bem fundamentadas; 
b. As práticas contábeis, os estudos e as pesquisas da área são deixadas de 
lado pelos países, o que prejudica às discussões da academia contábil e 
as técnicas utilizadas podem ser esquecidas; 
c. Não se aplicam as normas específicas de cada país, de acordo às suas 
especificidades culturais, legais, políticas, econômicas e financeiras; 
d. Pode ser considerado como um meio de imposição da vontade dos países 
economicamente desenvolvidos sobre aqueles em desenvolvimento. 
 
 
12 
Como visto, entre as vantagens e desvantagens prevalece a ideia principal 
de que a adoção das normas internacionais de contabilidade traz benefícios 
econômicos e financeiros para os negócios, bem como a abertura de novas 
possibilidades de investimentos por grupos estrangeiros, pois as demonstrações 
financeiras harmonizadas dão maior transparência, credibilidade e confiabilidade 
das transações e operações realizadas pela empresa e reduz os riscos para os 
investidores. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
MÜLLER, A. N.; SCHERER, L. M.; CORDEIRO, C. M. R. Contabilidade 
avançada e Internacional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
NIYAMA, J. K.; COSTA, P. S.; AQUINO, D. R. B. A. Principais causas das 
diferenças internacionais no financial reporting: uma pesquisa empírica em 
instituições de ensino superior do Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. ConTexto, 
Porto Alegre, v. 5, n. 8, 2. sem. 2005. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.055/2005 de 7 
de outubro de 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 
out. 2005. 
RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada de acordo com as 
Normas Brasileiras de Contabilidade e as Normas Internacionais (NBC) e 
Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2020.

Mais conteúdos dessa disciplina