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C arvalho & Lo pe s M or aes , Nogueira LLMN SDF IV 2 0 2 2 .2 M . E d u ar d a N o g u e ir a. 1. Consulta médica – Comunicação clínica efetiva 2. Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) 3. Habilidades de comunicação: Escuta 4. Registro Clínico Orientado por Problemas (SOAP) 5. Clínica Ampliada e Projeto Terapêutico Singular 6. Comunicação de Notícias Difíceis 7. Protocolo SPIKES 8. Família e ferramentas de abordagem 9. Atenção Domiciliar SUMÁRIO Mº Eduarda Nogueira Objetivos: Importância da consulta médica, sua organização e compreender a importância da comunicação clínica efetiva DEFINIÇÕES DE CONSULTA MÉDICA: “A consulta médica compreende a anamnese, o exame físico e a elaboração de hipóteses ou conclusões diagnósticas, solicitação de exames complementares, quando necessários, e prescrição terapêutica como ato médico completo e que pode ser concluído ou não em um único momento." (Resolução CFM Nº 1958/2010) “É um encontro entre duas pessoas, onde uma (o médico) está disposta a ajudar outra (o doente) usando seu conhecimento técnico para coletar informações através de perguntas adequadas, realizar escuta ativa, realizar exame clínico pertinente, utilizando as informações obtidas em parceria para implementar o cuidado à saúde. Ambas têm papéis, expectativas e tarefas.” (LOPES, 2015) FASES 1) Fase inicial da consulta Preparação para a consulta Análise do ambiente Aspectos pessoais Aspectos assistenciais Recepção do paciente Abertura da entrevista Negociação da agenda 2) Fase de exploração Obtenção de informações Técnicas Entrevista focada na pessoa, levando em consideração todos os aspectos psicossociais Valorizar a queixa do paciente (QUEIXA PRINCIPAL – MOTIVO DA CONSULTA) Empatia 3) Fase de compartilhamento de informações e tomada de decisão 4) Fase finalização DIMENSÕES DA CONSULTA: Afetiva – o efeito que o médico gera no paciente e vice-versa Cognoscente – Conhecimento médico Operatória – Habilidade de fazer IMPORTÂNCIA DA CONSULTA MÉDICA “A anamnese pode ser responsável, isolada, pela elucidação de 56 a 82,5% dos diagnósticos” Maioria das queixas dos pacientes fazem referência a problemas de comunicação com o médico, não da competência clínica dele. PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO Não exploração dos medos e ansiedades dos pacientes Tempo médio de consulta ser 9 min (2 min a 24 min) COMUNICAÇÃO CLÍNICA “Procedimento de interação entre o profissional de saúde e outra pessoa, em um contexto de cuidado, no qual as características individuais de ambos são levadas em consideração e a relação entre essas pessoas leva ao acolhimento, ao diálogo e ao entendimento mútuo.” IMPORTANTE: Agenda oculta – Motivo importante para a consulta em que o paciente não quer falar por ansiedade ou medo. Exemplo: » Fazer checkup + diminuição da libido pós menopausa » Fazer checkup + suspeita de gravidez adolescente acompanhada de parente Sumarização de demandas = Programação do cuidado Maior tempo de consulta = Melhor qualidade do atendimento CONSULTA MÉDICA: COMUNICAÇÃO CLÍNICA EFETIVA Mº Eduarda Nogueira As trocas de informações são a base da interação entre os profissionais de saúde e pacientes que procuram um serviço de saúde. Pode ser interprofissional (médicos e enfermeiros), intraprofissional (médicos), escrita (anamnese), à distância (sistema de informação), pela mídia (informação do MS), entre familiares/cuidadores e no consultório (paciente). Quando há problemas nessa comunicação, pode haver consequências negativas em diversos níveis. A comunicação efetiva promove uma melhor relação entre o profissional de saúde e o paciente A COMUNICAÇÃO CLÍNICA EFETIVA PROMOVE: “É um modelo de abordagem que orienta a prática do cuidado com A PESSOA durante a consulta. Essencial para alcançar o melhor resultado clínico entre evidência científica e preferências e particularidades de cada pessoa” O MCCP é um método que usa a relação saúde x estado emocional x circunstância da vida “Os problemas emocionais muitas vezes se manifestam como sintomas físicos e os problemas físicos, trazem consequências emocionais” – Doenças psicossomáticas É um método que garante: » Maior satisfação das pessoas e médicos » Melhora da adesão aos tratamentos » Redução das preocupações e da ansiedade » Diminuição da utilização dos serviços de saúde » Diminuição das queixas por má- prática » Melhora da saúde mental e na recuperação de sintomas recorrentes » Redução de sintomas É um método em que o médico é especialista na doença e o paciente é especialista em si mesmo Empatia: “Isso deve estar sendo muito difícil para você” Doença x Enfermidade » Doença: O paciente não necessariamente se enxerga doente – Ex: diabetes » Enfermidade: Como o paciente se enxerga na doença Projeto de tratamento elaborado pelos dois é construído com DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES COMPONENTES DO MCCP: 1. Explorar a saúde, a doença e a experiencia da doença 2. Entender a pessoa como um todo 3. Elaborar um plano conjunto de manejo de problemas 4. Intensificar a relação entre a pessoa e o profissional de saúde 1) Explorar a saúde, a doença e a experiência da doença MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA Mº Eduarda Nogueira Crenças guiam as atitudes SIFE » Sentimentos da pessoa com a doença » Ideias sobre o que está errado » Função de sua rotina que a doença pode estar afetando » Expectativa em relação ao médico 2) Entender a pessoa como um todo Usar a curiosidade para saber quem a pessoa, seu contexto, quais influências tem sobre sua vida, como ela percebe e lida com isso. 3) Elaborar um plano conjunto de manejo dos problemas » Definir qual é o problema » Objetivos de tratamento – Corresponsabilidade no manejo da doença » Papéis e funções para o cuidado 4) Intensificar a relação entre pessoa e profissional de saúde Busca por um relacionamento terapêutico e individualizado, que varia conforme a pessoa e seu ciclo de vida, vivências, necessidades e estado emocional COMO SE PORTAR Recurso da escuta ativa mediante contato visual Expressão de atenção à fala do paciente Expressão facial compatível com a história referida por meio de sorrisos e acenos da cabeça VANTAGENS DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA Atitude orientada para o paciente Consideração incondicionalmente positiva » Aceitação » Respeito » Ouvir sem preconceitos Empatia PASSOS PARA CONSULTA: Traz maior adesão ao tratamento Melhora a efetividade da consulta Melhora a satisfação do paciente Propicia melhor condição global de saúde Propicia autonomia e proatividade do paciente Melhora a relação profissional de saúde-pessoa LEMBRETE: 2 min sem interromper a fala MELHOR DESFECHO DO CASO QUANDO ENVOLVEMOS FAMÍLIA O MAIS CEDO POSSÍVEL RECONHECEMOS A AUTONOMIA ESCLARECEMOS INFORMAÇÕES ACEITAMOS OPINIÕESOUVIMOS FORNECEMOS SUPORTE TÉCNICO MEDIAMOS DIÁLOGOS Lembrar das três dimensões da consulta médica: » Afetiva » Cognoscente » Operatória HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO: ESCUTA Mº Eduarda Nogueira Passo 1: Manter comportamento atento » Contato com olhar » Linguagem não verbal (escuta atenta) e tronco levemente fletido para frente » Acompanhamento atento Passo 2: Encorajamentos mínimos Expressões que está acompanhando: Verbais e não verbais: » “Oh então? E depois?” » “Umm, hum” » “Fale-me mais” » Reafirmar palavras ditas » Silêncio » Expressão facial » Contato visual » Postura corporal » Gestos encorajadores HABILIDADES DE ESCUTA ATIVA Perguntas abertas para iniciar, elaborar informações e melhor entendimento sobrea queixa: Perguntas abertas » “O que?” » “Como?” » “Você poderia?” Perguntas fechadas » “Você já sentiu isso antes?” » “Sua dor é como uma pontada?” Parafraseamento Desenvolvido pela escuta seletiva, no qual o profissional devolve com suas próprias palavras, partes do conteúdo da informação transmitida ao paciente: Transmitir ao paciente ligação com a consulta Foco no conteúdo Direção no conteúdo Direção à entrevista Capturar o significado do diálogo » Paciente: “Essa dor vai e volta” » Médico: “Essa dor é intermitente” Reflexão dos sentimentos O paciente pede uma ajuda pessoal ao médico e o profissional tem que tentar solucionar sem envolver na decisão. » O que eu devo fazer? Fugir? Divorciar? » Parece que você está confusa sobre a melhor saída sobre a situação. Sumarização Recapitular, condensar ou cristalizar a essência do que foi dito Para: » Ajudar o paciente a organizar os pensamentos/queixas » Recapitular problemas discutidos previamente » História longa e difícil » “Então o senhor veio aqui porque estava sentindo ... e tomou remédio ... não melhorou” Empatia: Saber enxergar a alma do outro sem julgar o que está ali ▪ Atenção Primária e Atenção Básica à Saúde são mesmos conceitos (nomenclatura atrelada à pobreza de “primária”) ▪ A consulta → Hierárquica - usual com mesa entre o paciente e o médico REGISTRO CLÍNICO ORIENTADO POR PROBLEMAS – SOAP Mº Eduarda Nogueira → MFC – Mesa encostada na parede e médico próximo ao paciente (encontro de 2 especialistas) ▪ Registro clínico → Código de Ética Médica 2018 - Art. 87 – É vedado ao médico deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente → Tratato de MFC (2019): O registro médico é resultante do encontro do médico com o indivíduo, apresentando uma tradução dos motivos e abstrações que levaram o indivíduo buscar ajuda → Objetivos do registro ● Acessar rapidamente os dados da pessoa ● Fornecer dados contínuos sobre os problemas de saúde ● Acompanhar as consultas de pessoa ● Fornecer dados para organizar medidas preventivas ● Contribuir para educação continuada → Registro: Identificação; QP; HDA; História patológica pregressa; história família; história psicossocial; exame físico; hipótese diagnóstica; conduta ▪ Registro x atributos da APS → Primeiro contato → Integralidade → Longitudinalidade do cuidado → Coordenação do cuidado SOAP: Cirurgião Lawrence Weed ▪ Subjetivo → Capacidade de comunicação → Entrevista ou anamnese ● História relatada – Paciente fala ● História referida - Você faz pergunta abertas → Sempre que possível é mais apropriado descrever com as palavras da pessoa → “O que posso lhe ajudar hoje?” – para direcionar melhor a consulta → No MCCP: ● 1 – Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença ● 2- Entendo a pessoa como um todo ▪ Objetivo → Capacidade do saber (conhecimento), saber fazer (habilidade) e ser (atitudes) → Iniciar raciocino clínico ● Impressões do profissional ● Exame físico ● Sinais vitais ● Resultado de exames complementares → Único item que pode não ser preenchido = “Nada digno de O” → Fase de resgate do que foi dado. Ex: Síndrome da abstinência dos tricíclicos por desmame repentino não indicado por médico. → Sem explanação específica de MCCP ▪ Avaliação → Capacidade de síntese, raciocínio clínico e priorização → Concluir raciocínio: ● Problemas ● Condições ● Diagnósticos → Evitar termos duvidosos → Nascer da lista de problemas → CIAP-2 → MCCP: ● 1 – Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença ● 2- Entendo a pessoa como um todo ● 3- Elaborando um plano conjunto de manejo de problemas (problemas, metas e papéis) Mº Eduarda Nogueira ▪ Plano → Capacidade de ser realista e responsável → Plano diagnóstico • Exames → Plano terapêutico • Medicamentos → Plano de acompanhamento • Tempo para rever - longitudinal → Plano educativo • Proteção e prevenção a saúde → Plano de estudo • Educação médica: diagnóstico diferencial (planilhas) CIAP-2 ▪ Classificação Internacional de Atenção Primária – 2ª edição ▪ Foi desenvolvida para se trabalhar na metodologia SOAP. ▪ Como o objetivo em geral é registrar de forma numérica (resultado de exames complementares, biometria ou exames realizados na consulta), são dados naturalmente estruturados PROCEDIMENTOS SINAIS/SINTOMAS INFECÇÕES NEOPLASIAS TRAUMATISMO ANOMALIAS CONGÊNITAS OUTROS DIAGNÓSTICOS ▪ Médico de sintomas → Usado no PS: Pronto Socorro → Plantonistas e emergencistas → Muitos pacientes saem sem ter explicações sobre o quadro clínico → 45% dos pacientes não recebem explicações → 50% dos pacientes saem insatisfeitos → CE: • 39% dos médicos não explicavam; 58% não entendiam diagnóstico; 53% sem entendimento do tratamento; 91% das consultas dedicadas a investigação de sintomas ▪ Médico de doenças → Resolutividade → Alto conhecimento técnico → Pouco contato → “Afunilamento do paciente”: Coleta da história voltada para saúde com escuta seletiva, raciocínio dedutivo e hipótese diagnóstica Médico de pessoas → Assume casos complexos → Maior poder de ação → Maior área de atuação → Clínica ampliada • Assumir a responsabilidade sobre os usuários • Compromisso radical com o sujeito, visto de modo singular • Buscar ajuda na intersetorialidade • Reconhecer os limites dos conhecimentos dos profissionais e das tecnologias • Assumir um compromisso ético • Sugestões práticas: » Escuta; » Vínculo e afetos; » Trabalhar com ofertas e não só com restrições » Perguntar se entendeu o que foi prescrito » Não culpabilizar • Vida + Doença CLÍNICA AMPLIADA E PTS Mº Eduarda Nogueira ▪ Clínica tradicional: → Explicação do processo saúde-doença • Sinais e sintomas • Regularidade de fenômenos • Baseado em protocolo clínico • Relações objetivas • Valoriza tecnologia dura • Conhecimento científico é soberano → Ex: Paciente retorna com PA descontrolada = aumentar ou trocar a dose do medicamento → Desculpas para o insucesso → Padronização de terapêuticas ▪ Modelo biomédico → Saúde é a ausência de doença → Protocolos PROJETO TERAPEUTICO SINGULAR - PTS ▪ Conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um indivíduo ou um grupo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário, ou seja, intersetorial ▪ Utilizado para casos complexas ▪ Preferencialmente realizado por profissionais com maior vínculo com o usuário e família ▪ Grande desenvolvimento na área de saúde mental ▪ Composto de 4 momentos: → Diagnóstico: • Avaliação orgânica, psicológica e social para concluir o risco e a vulnerabilidade do usuário • Captar como ele se produz diante de doenças, desejos, interesses, trabalho, cultura, família e redes sociais. → Definição de metas: Propostas a serem negociadas • Curto prazo • Médio prazo • Longo prazo → Divisão de responsabilidades: Definir as tarefas • Trabalhar em equipe • Encaminhamentos devidos • Apoio matricial → Reavaliação: • Evolução • Correções • Estratégias ▪ Fator de dificuldade: Medo do médico (falha terapêutica, problema judicial, de dizer “não sei”) Processo para comunicar notícias difíceis (VICTORINO et al) 1. Estabelecer uma relação médico, equipe de saúde e paciente adequada 2. Conhecer cuidadosamente a história médica 3. Ver o paciente como pessoa 4. Preparar o setting 5. Organizar o tempo 6. Aspectos específicos da comunicação 7. Reconhecer o que e quanto o paciente quer saber 8. Encorajar e validar as emoções 9. Atenção e cuidado com a família 10. Planejar o futuro e o seguimento 11. Trabalhar os próprios sentimentos Associação de linguagem verbal e não verbal COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIASDIFÍCEIS Resumo: 3 fases → Dar a má notícia (fazer pequena introdução e dar a má notícia) → Receber as reações do paciente (dar tempo ao paciente, ouvir, refletir as emoções do paciente, parafrasear a conversa, verificar se o paciente entendeu) → Procurar uma solução Mº Eduarda Nogueira ▪ Postura, olhar e disponibilidade ▪ “Permanecer ao lado de uma pessoa em silêncio, por exemplo, após dizer “sinto muito” pode até substituir o verbal. Implicitamente, a permanência ao lado, a disponibilidade para ficar junto “mais um pouco”, a disposição para ouvir substitui o falar, em um contexto que o mais adequado pode ser o acolher o sofrimento, a dúvida ou as reflexões da outra pessoa” (SILVA,2012) ▪ A maneira de dar uma má notícia varia de acordo com a idade, o sexo, o contexto cultural, social, educacional, da doença que acomete o indivíduo, seu contexto familiar e outros fatores. ▪ A linguagem verbal tem que ser repassada de maneira: » Nítida – Termos de acordo com a escolaridade e contexto sociocultural » Específica – Com detalhes suficientes para que o ser receptor compreenda » Não punitivo -Evitando sermões, raiva, censura e sarcasmo ▪ A linguagem não verbal deve-se levar em conta: » Ambiente – Privacidade, presença de cadeira ou cama para apoio » Cinésica (linguagem corporal) – gestos, postura do profissional e do receptor da informação » Proxêmica – Compreender a distância que o outro quer manter – Fechar os olhos, olhar para parede, cobrir-se com lençol » Tacêsica – Frequência do toque » Paraverbal – Como utilizar a entonação nas palavras – “Eu não faria isso”, “Eu não faria isso” ▪ Os fatores mais importantes para pacientes quando recebem más notícias são a competência do médico, sua honestidade e atenção, o tempo para permitir as perguntas, um diagnóstico direto e compreensível e o uso de um linguajar claro. ▪ Conhecer bem o médico e o uso do toque pelo médico (por exemplo, segurar a mão do paciente) são fatores que impactam menos. Já os familiares buscam privacidade, uma atitude positiva do médico, sua competência, clareza e tempo para perguntas (Muller, 2002) ▪ Não interromper a fala do outro ▪ Empatia Mnemônico de seis passos de um modelo de comunicação de notícias difíceis Objetivos: ▪ Saber o que o paciente e seus familiares estão entendendo da situação como um todo (ajuda o médico a saber por onde começar); ▪ Fornecer as informações de acordo com o que o paciente e sua família suportam ouvir; ▪ Acolher qualquer reação que pode vir a acontecer ▪ Ter um plano PASSOS S – Setting up = preparar para o encontro ▪ Manter a calma ▪ Procurar um local tranquilo ▪ Procurar um acompanhante para manter o paciente tranquilo ▪ Não ter objetos entre o profissional e o paciente ▪ Escuta atenta P – Perception = perceber o paciente ▪ Fazer perguntas abertas para saber se o paciente já sabe o que está acontecendo I – Invitation = convidar para o diálogo ▪ Identificar até onde o paciente quer saber ▪ Se o paciente não quiser saber, manter-se disponível para conversar sobre em qualquer outro momento PROTOCOLO SPIKES Mº Eduarda Nogueira K – Knowledge = Transmitir informações ▪ “Infelizmente não trago boas notícias” ou “As notícias hoje podem ser um pouco difíceis” ▪ Usar vocabulário adequado ao do paciente ▪ Usar frases curtas e sempre perguntar se o paciente está entendendo ▪ Evite termos como “Não há mais nada que podemos fazer” ▪ Sempre deve existir um plano E – Emotions = abordar as emoções Demonstrar compaixão e acolher as emoções do paciente Ficar em silêncio; pegar na mão; sentar-se ao lado do paciente; entregar um lenço S – Strategy and Summary = resumindo e organizando estratégias ▪ Informar ao paciente que ele não será abandonado, que existe um plano ou tratamento, curativo ou não Vídeos sobre SPIKES: https://www.youtube.com/watch?v=gmUnXM7IKRM – vídeo Protocolo SPIKES https://www.youtube.com/watch?v=Ok44DVLT75w vídeo má notícia simulação Constitui um sistema aberto, dinâmico e complexo, cujos membros pertencem a um mesmo contexto social e dele compartilham. (Fernandes e Curra) Funções da família (Ackerman, 1996): ▪ União e individuação ▪ Cuidado com crianças ▪ Desenvolvimento da afetividade e identidade ▪ Satisfação das necessidades ▪ Treinamento para tarefas de participação social ▪ Desenvolvimento e realização criativa Quando se deve abordar famílias: ▪ Pouca ou sem autonomia (crianças, idosos e pacientes dependentes para o cuidado) ▪ Ambivalência de afeto (crianças com necessidades especiais ou desvios importantes de conduta) ▪ De acordo com o papel do indivíduo na coletividade da família ▪ Quando a família tem influência normativa positiva ou negativa ▪ Doenças crônicas, genéticas, agudas, sérias, terminais, psiquiátricas maiores ▪ Nos casos de crises do ciclo de vida Ferramentas: ▪ Genograma ▪ Ecomapa ▪ APGAR familiar ▪ PRACTICE ▪ FIRO CICLO VITAL A análise das fases da vida em que as famílias se encontram permite que o profissional da AD perceba os entraves pelos quais a família está atravessando, seja por uma crise previsível ou não (CERVENY, 2009). 1. Adulto jovem independentes (jovens e solteiros) 2. Casamento 3. Nascimento do primeiro filho 4. Famílias com filhos pequenos 5. Famílias com filhos adolescentes 6. Lançando os filhos e seguindo em frente 7. Aposentadoria FAMILÍA Tipos de família: ▪ Nuclear ▪ Extensiva ▪ Unitária ▪ Monoparental ▪ Homoafetiva ▪ Reconstituída Mº Eduarda Nogueira Segue em anexo nas próximas páginas as tabelas segundo McGoldric: Mº Eduarda Nogueira Em famílias de classe social vulnerável pode ocorrer encurtamento de fases da vida, devido à: gravidez precoce, que muda a estrutura do jovem/adolescente assim como a dos avós: Mº Eduarda Nogueira GENOGRAMA Representação gráfica de uma família que identifica a estrutura familiar e o padrão de relação, auxiliando a demonstrar problemas biomédicos, genéticos, comportamentais e sociais da família em estudo. Utilizado para avaliação de risco, prevenção, problemas diferenciados e avaliação de problema familiar. Possui dois elementos principais: ▪ O estrutural (nome, idade, profissão, trabalho, mortes na família com datas e causa, cuidador principal e informante) ▪ O funcional (interação entre os membros da família) O genograma deve conter: ▪ 3 ou mais gerações ▪ Pessoa índice ▪ Nome dos membros ▪ Idade e sexo dos familiares ▪ Óbitos (idade ou data e causa) ▪ Doenças ou problemas significativos ▪ Indicação de quem mora na mesma casa ▪ Data de casamentos e divórcios ▪ Ordem de nascimento (esquerda quem nasceu primeiro, seguidos dos irmãos a direita) ▪ Código explicando os símbolos utilizados ▪ Símbolos selecionados por simplicidade e visibilidade máxima ▪ Relações familiares COMO EXEMPLO: O Sr Alberto é um paciente de 52 anos muito resistente ao tratamento, está em fase de negação de sua condição de saúde, apesar dos diagnósticos de obesidade, HAS, dislipidemia e tabagismo. Como um método de vínculo e alerta você optou por fazer um genograma da família e o paciente conta a seguinte história: Alberto (1956) é filho de Maria e José, tem 2 irmãs, é divorciado de Magali e casado com Ana, com quem tem 3 filhos. Conta que: a mãe (nascida em 1930) é portadora de demência e HAS casou-se com seu pai em 1950; o pai (1915- 1965) era diabético e hipertenso e faleceu por IAM; A irmã mais velha Neuza (1952) é obesa, dislipidêmica e viúva de Manuel (1950-1999) falecido em acidente de carro; a segunda irmã Tânia (1954) é solteira e hipertensa, tem uma péssima relação com a mãe. Alberto casou-se com Magali(1957) em 1976 e divorciou-se em 1980 (nunca mais se falaram), casou-se com Ana (1966) em 1981 e com ela teve 3 filhos: Roberta (1982), Cristiana (1984) e Miguel (1988). Atualmente todos os filhos e a esposa também estão obesos e Miguel começou a fumar. ECOMAPA Diagrama que relaciona família e comunidade, ajudando a avaliar os apoios e suportes disponíveis e sua utilização. O ecomapa é um instrumento que facilita o entendimento da situação familiar de uma forma quase imediata. Para identificar os problemas, diagnósticos, discussão de estratégias de intervenção, objetivos a serem atingidos, implementação e avaliação de resultados. Pode ser complementar ao genograma. Geralmente utilizada para famílias com poucas conexões com a comunidade e necessita de maior investimento da equipe de Saúde. Informações a seres utilizadas: ▪ A vizinhança ▪ Serviços da comunidade (médicos, toxicodependência, saúde mental, violência doméstica, comissão de menores) ▪ Grupos sociais ▪ Educação ▪ Relações pessoais significativas (amigos, vizinhos e família distante) ▪ Trabalho Mº Eduarda Nogueira COMO É FEITO: O ecomapa é feito por círculos. Sendo o central com os membros da família e os círculos externos são os contatos da família com a comunidade. As linhas indicam o tipo de conexão: linhas contínuas representam ligações fortes; linhas pontilhadas, ligações frágeis; ziguezague, aspectos estressantes. As setas significam energia e fluxo de recursos. Ausência de linhas significa ausência de conexão. Como exemplo, podemos visualizar a família de Maria (40 anos), paciente acompanhada pela equipe por HAS que vêm queixando muita preocupação com sua filha Ana, de 7 anos que é asmática e nos últimos meses teve uma piora da doença e do desempenho escolar. Também fazem parte da família o marido João (42 anos), o filho Lucas de 12 anos e a caçula Rita de 1 ano. Percebe-se que essa família: ▪ Tem relação distante com a igreja ▪ Relações próximas com trabalho e serviços de saúde, assim como os vigilantes de peso (Maria) e os Alcoólicos Anônimos (João) ▪ A ligação de Ana com a escola é estressante, já Lucas tem uma relação adequada. Maria tem relações frágeis com a escola dos filhos, embora tente intensificá-las ▪ A família de Maria tem relação intensa com ela e estressante com João ▪ A família de João tem as relações rompidas ▪ A relação com os vizinhos é frágil ▪ Tem relação adequada com a creche e o clube de recreação. Problemas e possibilidades diagnósticas a serem levantadas e debatidas no caso utilizado: ▪ Inter-relação entre a piora da asma e do desempenho escolar de Ana (em um ciclo vicioso), influenciada por: » Fase de ciclo de vida: ciúmes da irmã de 1 ano (foi caçula por muitos anos) » Distanciamento de Maria em relação à escola dos filhos (apesar da » escola a procurar), associado à relação adequada com a creche da Rita. » Não participação de João na vida escolar dos filhos. ▪ Relações familiares extra-nucleares de João: rompimento com a própria família de origem e relações estressantes com a família de Maria. Relacionadas ao alcoolismo? APGAR Reflete a satisfação de cada membro familiar, por meio de questionário de 5 perguntas relacionadas aos aspectos: ▪ Adaptation = Adaptação ▪ Partnership = Participação ▪ Growth = Crescimento ▪ Affection = Afeição ▪ Resolução Sendo o questionário A.P.G.A.R. 1) “Estou satisfeito com a atenção que recebo da minha família quando algo está me incomodando?” 2) “Estou satisfeito com a maneira que a minha família discute as questões de interesse comum e compartilha comigo a resolução dos problemas?” 3) “Sinto que minha família aceita meus desejos de iniciar novas atividades ou de realizar mudanças em meu estilo de vida?” 4) “Estou satisfeito com a maneira com que a minha família expressa afeição e reage em relação aos meus sentimentos de raiva, tristeza e amor?” 5) “Estou satisfeito com a maneira com que eu e a minha família passamos o tempo juntos?” As perguntas podem ser respondidas com as opções: ▪ Quase sempre - Valendo 2 pontos ▪ Às vezes – Valendo 1 ponto ▪ Raramente – Valendo 0 pontos Mº Eduarda Nogueira A soma dos pontos da questão determina o resultado da pesquisa: ▪ Se a família tiver resultado entre 7 e 10 – Família altamente funcional ▪ Se tiver entre 4 e 6 – Família moderadamente disfuncional ▪ Se tiver ente 0 e 3 – Família severamente disfuncional PRACTICE ▪ Avalia o funcionamento das famílias. ▪ Facilita coleta de informação, entendimento do problema, a elaboração de avaliação e a construção de intervenção ▪ Utilizado em situações mais complexas ▪ Deve ser aplicado em múltiplas reuniões familiares – Para construção de laços ▪ P – Problema familiar ▪ R – (roles) – Papéis e estrutura (como os membros desempenham e quais são seus papéis) ▪ A – Afeto – Como é a troca de afeto (positiva ou negativa) ▪ C– omunicação – Verbal e não verbal na família ▪ T – Tempo – Papel de acordo com ciclo vital ▪ I – Illness – Doenças familiares no passado e presente ▪ C – Coping with stress – lidar com o estresse ▪ E– Ecologia – Suportes externos, a rede de apoio (vizinhos, igreja) e estruturação (renda, moradia) FIRO ▪ Do inglês: Orientações Fundamentais nas Relações Interpessoais ▪ Avalia os sentimentos de membros da família, na vivência das relações do cotidiano ▪ Útil quando há mudança de papéis na família ▪ Baseia-se em 3 dimensões de interações familiares: inclusão, controle e intimidade → Inclusão: Conhecer a dinâmica de relacionamento na família (papéis, organização, interações e participações) → Controle: Como o poder é exercido na família (dominante, reativo, colaborativo) → Intimidade: Como a família se une para compartilhar os sentimentos ▪ Modalidade de atenção à saúde integrada às RAS, que trata de prevenção, tratamento, reabilitação, paliação e promoção à saúde prestados em domicílio. ▪ Cuidador: pessoa com ou sem vínculo familiar com o usuário, apta para auxiliar em suas necessidades e atividades cotidianas, que deve estar presente no atendimento domiciliar ▪ Necessita de participação ativa do usuário e familiares e exige termo de consentimento da família e do usuário (se consciente) ▪ Cada membro deve ter o plano de cuidado/terapêutico contendo informações dos serviços de assistência, visitações e papel da equipe ▪ Deve sempre promover a saúde e prevenir que os pacientes necessitam de níveis mais altos de atenção para não sobrecarregar os serviços ▪ Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) – Serviço complementar aos cuidados da atenção básica e serviços de urgência, substitutivo ou complementar a internação hospitalar Objetivos da SAD → Redução da demanda por atendimento hospitalar → Redução do período de permanência de usuários internados → Humanização da atenção à saúde, com ampliação da autonomia dos usuários ATENÇÃO DOMICILIAR Mº Eduarda Nogueira → Desinstitucionalização e a otimização dos recursos financeiros e estruturais da RAS 1) ( Prefeitura de Fortaleza - CE 2019) A partir da segunda metade do século XX, foi se tornando base em registros clínicos na atenção primária em saúde (APS) em diversos países a forma de registro clínico orientado a problemas, composto por duas partes: SOAP e lista de problemas. Sobre SOAP que é acrônimo de Subjetivo - Objetivo Avaliação - Plano, a parte relativa ao Objetivo registra: a) história clínica/anamnese. b) impressão diagnóstica. c) lista de problemas. d) exame físico e exames complementares. 2) ( Prefeitura de Marilena - PR 2016) O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas terapêuticas articuladas. Sobre o PTS, assinale a alternativa correta. a) A partir do diagnóstico, o médico elabora o PTS, concluindo suas consideraçõessobre a condição física do paciente e encaminhando-o aos profissionais responsáveis. b) Projeto terapêutico singular ou individual pode ser feito para indivíduos, grupos ou famílias, buscando a singularidade como elemento principal de articulação. c) As metas são definidas por uma equipe interdisciplinar, visando melhorias ao paciente a curto ou médio prazo. d) Após o estabelecimento do que será feito, o PTS não pode ser modificado. e) O PTS tem tempo determinado para iniciar e terminar a abordagem integral ao paciente. 3) (FUNRIO 2017) O conceito de clínica ampliada está melhor definido na seguinte opção: a) Esquema padrão no qual um médico prescreve um remédio ou solicita um exame para comprovar ou não a hipótese de determinada doença; o medicamento é fornecido por um farmacêutico e o tratamento é aplicado por uma enfermeira. b) Busca da integração de várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da complexidade do trabalho em saúde, que é necessariamente transdisciplinar e, portanto, multiprofissional, de forma a ajudar o paciente a enfrentar ou perceber este processo de construção social em que todos influenciam e são influenciados. c) Rede de unidades de atendimento de alta capacidade, localizadas em locais centrais onde há grande densidade demográfica, principalmente de populações com pouco acesso aos tradicionais centros urbanos. d) Estratégia que busca a conexão por via informatizada entre a equipe de saúde localizada em uma ponta da Rede de Saúde com equipes altamente especializadas de Hospitais de Alta Complexidade visando elucidação diagnóstica. e) A valorização do conhecimento do processo fisiopatológico de adoecimento em relação a processos menos associados a ele, tais como processos de luto, desemprego e situações de dificuldade psicossomática, de modo a que o foco seja mantido e o processo de cura acelerado. ________________________________________ Referências: Slides das aulas Abordagem Familiar. Ruth Borges Dias; Fabiano Gonçalves Guimarães Caderno de Atenção Domiciliar. Vol 2. Ministério da Saúde. Brasília-DF 2013 Cartilha da PNH: Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. Acesso em 12 nov 2022. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes /clinica_ampliada_2ed.pdf PORTARIA Nº 825, DE 25 DE ABRIL DE 2016. Ministério de Estado da Saúde. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti Lopes, Lêda Chaves Dias; 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019 QUESTÕES:
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