Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Comunicação de Más Notícias: Mentira Piedosa ou Sinceridade Cuidadosa - Janete A. Araujo Elizabeth Maria Pini Leitão. 2012. ● A comunicação, de maneira geral, como um dos pilares dos cuidados paliativos: na forma de relacionar-se com a família, entre a equipe multidisciplinar que assiste o paciente. A comunicação atua como uma ferramenta terapêutica de suma importância na área da saúde. ● A complexidade dos aspectos relacionados à transmissão de más notícias: requer que o profissional tenha treino, desenvolva técnicas e competências ● Definição de comunicação. A comunicação interpessoal como um processo complexo e subjetivo que envolve crenças e valores, experiências, expectativas, percepção e compreensão de cada um dos sujeitos envolvidos no cenário. O objetivo da comunicação, as ferramentas utilizadas pela mesma (linguagem verbal e não verbal). ● Definição de má notícia: qualquer informação que exerça um impacto negativo sobre a vida do paciente, em termos de mudanças ou adaptações ● A comunicação entre pacientes e a equipe de saúde: quando há uma comunicação de qualidade entre profissional de saúde e paciente, este se sente mais motivado e encorajado a fazer perguntas, reduzindo seu sofrimento e ansiedade gerados pelo tratamento. A qualidade da comunicação depende da postura do profissional, tanto na hora de transmitir informações e sanar dúvidas, quanto na hora de transmitir uma má notícia para um paciente ● A comunicação de más notícias: O sofrimento causado por uma má notícia é de algum modo reduzido se o médico/profissional de saúde mostrar consideração pelos sentimentos do doente, se tiver tempo para responder a perguntas e garantir ao doente um apoio contínuo, mesmo quando a cura não for mais possível. A forma como se comunica ao doente o diagnóstico e a terapêutica, mesmo que tecnicamente estes estejam corretos, influencia de uma forma muito importante a maneira como o doente vai reagir, e, por isso, os profissionais devem levar em consideração alguns fatores, como a sinceridade, empatia, confiança, escuta atenta, liberação de emoções, toque, respeito às crenças do paciente. ● O SPIKES: O objetivo é habilitar o médico a preencher os quatro objetivos mais importantes da entrevista de transmissão de más notícias: recolher informações dos pacientes, transmitir as informações médicas, proporcionar suporte ao paciente e induzir a sua colaboração no desenvolvimento de uma estratégia ou plano de tratamento para o futuro. ● É importante que se considere todas as problemáticas que envolvem a comunicação das más notícias, como o histórico familiar de doenças, ou o fato de que após lidar com o recebimento de uma má notícia, o doente/paciente não é capaz de reter todas as informações que lhes foram dadas, aplicando-se a situação também aos familiares e acompanhantes. Nesse caso, é importante que o profissional mostre atenção, empatia e carinho com o comportamento e sinais não verbais. Isso porquê “o paciente precisa sentir que por pior que seja sua situação, ali se encontra alguém que não o irá abandoná-lo à própria sorte ”. ● A atenção aos familiares também é de suma importância, já que eles também fazem parte do círculo de sofrimento do paciente, passando por um grande impacto emocional. “uma das necessidades mais proeminentes da família é o estabelecimento de uma comunicação clara, honesta e frequente com os membros da equipe que cuidam do paciente” ● Considerações finais: a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes (incluindo os familiares) contribui para uma melhor qualidade de vida do mesmo. O profissional capaz de manter uma comunicação consegue identificar as necessidades do paciente mais facilmente e promover a saúde, reduzindo a angústia e o sofrimento de todos os envolvidos no processo. A aquisição dessa habilidade de comunicação: “não se faz por acumulação da experiência, mas pelo treino e aquisição de conhecimento, bem como uma constante reflexão do profissional de saúde sobre seus próprios recursos emocionais para lidar com situações de perdas e frustrações”. Logo, se você não é treinado para tal, não há como se esperar que saiba lidar com estas situações. É preciso que as instituições invistam mais em qualificar seus estudantes nessa área. A comunicação com o paciente em cuidados paliativos: valorizando a alegria e o otimismo - 2006 Monica Martins Trovo de Araújo , Maria Júlia Paes da Silva ● A colocação de que enquanto se existe vida, existe a necessidade do cuidado em enfermagem: a atuação da equipe de enfermagem é primordial e indispensável para proporcionar o máximo de conforto ao paciente sob cuidados paliativos. ● A importância da assistência da enfermagem: consideração do paciente não apenas como um corpo biológico, mas como um ser único e multidimensional, cheio de complexidades. Essa percepção abre espaço para a utilização das diversas formas de comunicação nos cuidados paliativos. ● A falta de habilidade de alguns (maioria) dos profissionais da área da enfermagem no que tange a comunicação de más notícias. ● Ressalta novamente a relevância da comunicação como ferramenta terapêutica para os pacientes em estado de cuidados paliativos. ● Relata a falta de conhecimento e de preparo dos enfermeiros sobre a lida com a morte, o que se torna um problema, visto que estes profissionais são os que mais estão em contato com os pacientes no ambiente hospitalar. “Parece que muitos profissionais mostram desconhecer técnicas de comunicação terapêutica, evitando o contato verbal com os pacientes que vivenciam o processo de morrer, afastando-se dos mesmos, por não saber trabalhar os sentimentos que a situação de morte iminente lhes desperta”. ● As expectativas que os pacientes em cuidados paliativos vivenciam sobre a relação com os enfermeiros: objetivo do artigo. ● RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os pacientes entrevistados destacam nas quatro categorias evidenciadas em seus discursos, 1) o papel de destaque da comunicação e do relacionamento interpessoal no contexto da terminalidade, 2) a relação de confiança estabelecida com os profissionais de saúde e cuidadores a partir da leitura dos sinais não-verbais dos mesmos, reafirmam o desejo de não conversar apenas sobre a doença e valorizam a comunicação verbal otimista e alegre e a presença compassiva que consola e conforta. ● O PAPEL DE DESTAQUE DA COMUNICAÇÃO E DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO CONTEXTO DA TERMINALIDADE: Para os pacientes sob cuidados paliativos, o relacionamento humano é a essência do cuidado que sustenta a fé e a esperança nos momentos mais difíceis. Expressões de compaixão e afeto na relação com o outro trazem a certeza de que somos parte importante de um conjunto, o que traz sensação de consolo e realização, além de paz interior. Destaca a importância da relação com o outro, de saber valorizar a vida da outra pessoa e de se colocar não como uma máquina ou alguém treinado, mas como alguém que possui empatia. Demonstra como a conversa e o diálogo são importantes e valorizadas para quem vivencia o processo de morrer. ● A ATENÇÃO AO NÃO-VERBAL DO PROFISSIONAL: As diversas concepções do cuidado e dos locais e formas de aplicação do mesmo. Aponta que, para ser de fato um cuidado, a pessoa que irá recebê-lo deve consentir em ser alvo dessas ações, pois se ocorrida de maneira distinta, não haverá eficácia do cuidado. O paciente só se permite ser cuidado e se sente seguro quando confia na profissional de saúde que está responsável pelas ações. “A partir da leitura dos sinais não-verbais do profissional, o paciente percebe se pode ou não nele confiar”. A comunicação não-verbal tem papel determinante na confiança que um paciente adquire sobre um profissional de saúde e sobre as ações que este irá promover em seu favor. “Preocupa-se com o pacienteenquanto ser humano, com sentimentos e emoções e não apenas com um sintoma ou um órgão comprometido. Isto pode facilitar o cuidado integral, humanizado, holístico. O sorriso amistoso também foi destacado [...] como importante sinal não-verbal que denota o grau de atenção e disponibilidade do profissional para com o paciente. A mesma paciente destaca o fato de que se apega, ou seja, estabelece mais vínculos com aquele que considera bom, que lhe dá atenção”. ● EVITAM FALAR SOBRE A DOENÇA E A MORTE: Quando os doentes se encontram em condições muito extremas, é comum que não se queira falar sobre a morte. Muitas vezes é influenciado pelo caráter estigmatizado que faz parte inerente de algumas doenças como o câncer, que imediatamente é associado à terminalidade. Isso ocorre pelo desejo de evitar o sofrimento para si ou para as outras pessoas envolvidas. “não é porque estão vivenciando o câncer e a terminalidade é que deixam de gostar do que antes lhes era prazeroso. Infere-se, portanto, que é desejado que a conversa e o relacionamento não sejam focados apenas na doença e morte.” ● A VALORIZAÇÃO DO OTIMISMO, DO BOM HUMOR, DA CONVERSA E DA COMPANHIA: Os pacientes dão pistas sobre como gostariam de ser tratados em seu estado de terminalidade. Valoriza o bom humor como forma de aliviar a tensão. Humanizar a experiência da dor, sofrimento e perda requer um algo mais da equipe de enfermagem. O bom humor entre pacientes, familiares e equipe de enfermagem proporciona a construção de relações terapêuticas que permitem aliviar a tensão inerente à gravidade da condição e proteger a dignidade e os valores do paciente que vivencia a terminalidade. O bom humor em sua essência está ligado aos princípios dos cuidados paliativos, de pregar pela manutenção da qualidade de vida e da importância dos relacionamentos, além de ser caracterizado como uma dimensão do cuidado emocional. Além disso, o otimismo é um fator também super relevante e desejado em uma equipe de enfermagem relacionada com cuidados paliativos, pois o otimismo aparece como uma forma de tentar manter a normalidade dentro do ambiente que concerne a doença. Esse otimismo, no entanto, deve ser moldado, para que não haja fingimentos e mentiras para os pacientes e seus familiares. Dadas as incertezas da morte e do processo de morrer, é importante que existam pessoas que estejam acompanhando os pacientes em seus estados terminais, para que eles não tenham que lidar sozinhos com o processo. Assim, acaba ocorrendo de maneira mais tranquila. ● CONSIDERAÇÕES FINAIS: o relacionamento interpessoal desenvolvido positivamente é extremamente relevante para os pacientes em estados terminais, assim como o desenvolvimento de uma comunicação positiva. PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS SOBRE COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS AO PACIENTE (Texto 5) Simone Solange Lech* Amanda dos Santos Destefani** Elcio Luiz Bonamigo*** Introdução ● Pacientes que recebem más notícias de forma inadequada, durante a assistência médica, nunca mais esquecem esse momento infeliz. A informação a ser oferecida pelo médico tem o potencial de causar mudanças drásticas na vida deles e comprometer definitivamente sua perspectiva de futuro, suscitando angústia e sofrimento. Nesse contexto, a transmissão de más notícias constitui uma tarefa que requer habilidades, compaixão e empatia dos profissionais. ● Durante a revelação de notícias difíceis, além do discurso, a postura não verbal, por meio dos gestos, das mímicas e do semblante, constitui parte integrante do ato da comunicação. As atitudes como olhar nos olhos do paciente, tocar em suas mãos ou, simplesmente, sorrir e manifestar silêncio empático, mostra a ele com quem poderá contar em seu período de sofrimento ● Assim, para que o médico possa transmitir adequadamente uma notícia ruim, deverá ser capaz de prestar suporte emocional ao paciente, uma vez que seria desumano não fazê-lo. No entanto, é possível que o preparo para a comunicação de más notícias ao paciente possa não estar sendo adequadamente oferecido durante a formação médica e os cursos de educação permanente. Por isso, os profissionais atingem com mais facilidade as situações-limite nas quais são desafiados em suas competências, experimentando a sensação de fracasso e impotência. ● Para criar e desenvolver habilidades nos profissionais de saúde, muitos estudos buscaram revelar estratégias a serem utilizadas no momento de transmitir a má notícia. O Protocolo Spikes, um dos mais didáticos e utilizados como base para a transmissão da má notícia, delineia seis passos para orientar o profissional da saúde no momento da comunicação: setting (preparando o ambiente), perception (percepção), invitation (convite), knowledge (conhecimento), empathy (empatia), strategy e summary (estratégia e resumo). Resultados e discussões ● A habilidade na revelação de má notícia pode ser adquirida progressivamente por meio da experiência pessoal e observação da conduta de outros profissionais ● Ademais, competência, honestidade, atenção, uso de um linguajar simples e claro, disponibilidade de tempo para responder a perguntas e processamento da informação podem ser desenvolvidas com a prática profissional e são virtudes que os pacientes esperam encontrar em seu cuidador (VICTORINO et al., 2007). ● Para que o médico possa transmitir adequadamente a notícia ruim, precisa contar com formação apropriada. Nesse contexto de relação verbal e não verbal, é recomendável que a comunicação da má notícia seja acompanhada de suporte emocional ao paciente. Para tanto, o médico precisará trazer em sua formação a habilidade necessária a esse atendimento (OLIVEIRA et al., 2009). ● A falta de formação em contraste com a elevada frequência de comunicação de más notícias pelo médico em sua profissão, revelada neste estudo, apontam para a necessidade da inclusão desse tema para alunos durante a formação médica e nos cursos de aperfeiçoamento aos profissionais em atividade. ● No âmbito profissional, com o intuito de ajudar no desenvolvimento da habilidade na comunicação de más notícias, foi criado no Brasil o Projeto de Humanização do SUS, idealizado pelo Instituto Nacional do Câncer que, em 2005, desenvolveu oficinas para o treinamento de residentes e outros profissionais da área da saúde. O resultado foi positivo e o programa obteve o reconhecimento necessário para justificar sua continuidade (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2010). ● O estudo da Ética Médica e Bioética durante a graduação, ao promover a visão da totalidade do ser humano, contribui na aquisição de fundamentos e habilidades para a revelação de má notícia (VIEIRA et al., 2009). No entanto, observa-se que o ensino dessas disciplinas nos Cursos de Medicina se encontra um tanto atrasado, pois os conteúdos ainda são fragmentados, inviabilizando a ideia de integralidade do ser humano (SIQUEIRA, 2009). Como a formação do médico vai além da ciência médica e o estudante precisa desenvolver virtudes como altruísmo, atenção e empatia para ser um bom profissional, há sugestões da inclusão de Filosofia, Literatura e Sociologia na grade curricular das escolas de Medicina (BENEDETTO, 2010) ● Entretanto, a revelação da verdade por meio de alguns passos padronizados, como preconiza o Protocolo Spikes, não é uma metodologia inquestionável. Quando o assunto envolve má notícia, a comunicação pressupõe algo tão terrível e nocivo que suscita dúvidas sobre a existência de um método padronizado garantidamente eficiente para a transmissão adequada (IGNACIO et al., 2010). ● A introdução do estudo da comunicação no contexto da prática médica, com objetivo voltado para a relação médico-paciente, apresenta-se como uma alternativa para o desenvolvimento de habilidades na revelação (TURINI et al., 2008; GROSSEMAN; STOLL, 2008) Consideraçõesfinais: A maioria dos médicos entrevistados informou que transmite más notícias aos pacientes com frequência, mas seu aprendizado foi ruim durante a graduação. Os médicos mais jovens e com menor tempo de formação revelaram maior dificuldade de comunicá-las do que os médicos mais antigos, mas a dificuldade em responder a perguntas difíceis foi considerada pouco frequente. O Protocolo Spikes começou a ser conhecido pelos médicos com menor tempo de formação, mas é desconhecido pela maioria que, após ter sido esclarecida sobre o significado, apoiou a sua utilização. Esses resultados permitem inferir que o ensino da comunicação de más notícias ao paciente, tanto na graduação médica quanto no processo de educação permanente, precisa ser incentivado. Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado para o paciente em fase terminal (TEXTO 3) ANDRADE, Cristiani Garrido de; COSTA, Solange Fátima Geraldo da; LOPES, Maria Emília Limeira. Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado para o paciente em fase terminal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 2523-2530, 2013. INTRODUÇÃO ● A filosofia dos cuidados paliativos iniciou-se na Inglaterra, em 1967, sendo o objetivo cuidar dos pacientes que vivenciam a terminalidade e a proximidade com a morte. Tais cuidados visam a compreender todas as necessidades do paciente (dentro dos limites possíveis), contemplando-o como um ser integra. ● Os cuidados paliativos constituem um campo interdisciplinar de cuidados totais, ativos e integrais, destinados a melhorar a qualidade de vida do paciente sem possibilidades de cura e dos seus familiares. Além disso, irá proporcionar suporte psicossocial e espiritual, em todos os estágios, desde o diagnóstico de uma doença incurável até o período de luto da família. ● Existem diversas estratégias de cuidar utilizadas nos cuidados paliativos, dentre as quais destaca-se a comunicação. A comunicação é intrínseca ao comportamento humano e permeia todas as suas ações no desempenho de suas funções. ● A comunicação pode ser compreendida como uma técnica de trocas e de compreensão de mensagens, emitidas e recebidas, mediante as quais as pessoas se percebem e partilham o significado de ideias, pensamentos e propósitos. É um instrumento muito importante, impulsionador da relação entre o enfermeiro e o paciente em fase terminal. Vale salientar que a comunicação vai muito além das palavras e do conteúdo, contempla a escuta atenta, o olhar e a postura. ● A partir da comunicação é possível um cuidado integral e humanizado porque, por meio dela, é possível reconhecer e acolher, empaticamente, as necessidades do paciente, bem como de seus familiares. MÉTODOS ● Qual a importância da comunicação na prática dos cuidados paliativos no que concerne à assistência de enfermagem direcionada ao paciente em fase terminal? ● Como você utiliza a comunicação na prática dos cuidados paliativos para assistir o paciente em fase terminal? RESULTADOS E DISCUSSÕES ● O artigo desvela como os enfermeiros utilizam a comunicação para humanizar o cuidar em enfermagem para o paciente em fase terminal e sua família, com ênfase na valorização da comunicação verbal e não verbal, pautadas nos cuidados paliativos. Cuidados paliativos e comunicação: relação interpessoal do enfermeiro com o paciente terminal ● A comunicação com o paciente que vivencia o processo de terminalidade é considerada o alicerce para um bom relacionamento interpessoal. A comunicação é uma ferramenta extremamente relevante no processo de cuidar, principalmente quando se trata de paciente terminal, no sentido de fortalecer o vínculo entre paciente/profissional, estimular o paciente a verbalizar anseios, preocupações e dúvidas acerca da situação clínica, dar oportunidade ao paciente/familiar de verbalizar preferências no atendimento e ajudá-los na tomada de decisões. (Enf.3) [...] a comunicação traz tranquilidade e confiança com a equipe que o está acompanhando, fazendo com que o paciente se sinta a vontade em falar e expressar suas angústias, medos e ansiedades, ajudando no fortalecimento do vínculo. (Enf.8) A comunicação é um elemento essencial na relação humana, através dela podemos detectar problemas, facilitar o alívio dos sintomas, estimular e melhorar a autoestima do paciente, conhecer valores, favorecer o bem-estar e detectar as necessidades dos pacientes. (Enf.17) ● A comunicação é uma das habilidades que devem ser empregadas pelo enfermeiro, para que ele possa expandir a habilidade de apreender as mensagens – implícitas ou explícitas – [...] é um pilar fundamental para a implementação de tal prática. Comunicação em cuidados paliativos como estratégia para fortalecimento do vínculo entre enfermeiro e paciente terminal ● A comunicação trata-se de um processo ativo, de atenção e de escuta ativa. ● Há uma grande importância do olhar, do toque, do carinho e do conforto, inseridos no universo do modo não verbal de se comunicar, na relação direta com o paciente terminal. ● Assim, independentemente da capacidade de comunicação verbal do paciente, é dever do enfermeiro ouvi-lo e percebê-lo, identificando qual o estágio do processo de morrer em que se encontra e quais são suas necessidades, para orientar e capacitar sua equipe a suprir as demandas, possibilitando-lhes uma interação terapêutica, por meio da empatia e da criação de um ambiente saudável, humanizado e sistematizado. ● Outro ponto importante é o tom de voz, que deve ser firme e seguro quando necessário, como, por exemplo, para dar um diagnóstico, e doce o suficiente para se expressar numa situação de apoio psicológico ou um gesto de afeto. ● Algumas vezes o uso dessas práticas no cuidado é difícil e pouco aplicadas, devido a rotina corriqueira da maioria dos profissionais enfermeiros. Importância da comunicação entre enfermeiro e família do paciente terminal sob cuidados paliativos ● Segundo os enfermeiros a família é o elo fundamental no processo de cuidado com o paciente e que, para se adquirir a confiança destes, é imprescindível uma boa interação entre os profissionais, pacientes e familiares. ● Somente através de uma comunicação efetiva com todos os membros é que ele estará apto a incluí-la adequadamente na terapêutica dos cuidados paliativos. Por isso, o estabelecimento de uma comunicação efetiva entre a tríade enfermeiro-paciente-família é sobremaneira relevante. ● O carinho e o amor com os pacientes também fazem parte desse processo de terminalidade. ● A comunicação com os pacientes faz com que eles confiem no trabalho do profissional, e a boa relação com eles é fundamental. Considerações Finais ● Importância de um cuidar centrado no paciente em sua totalidade, e não, apenas, em sua doença. Ficou evidente, por meio dos depoimentos dos enfermeiros participantes do estudo, que estes consideram o relacionamento interpessoal com o paciente em fase terminal e com seus familiares como uma ferramenta imprescindível para a promoção dos cuidados paliativos. Comunicação de más notícias: dilemas éticos frente à situação de morte encefálica (TEXTO 10) DOS SANTOS, Marcelo José; DE MORAES, Edvaldo Leal; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga. Comunicação de más notícias: dilemas éticos frente à situação de morte encefálica. 2012. INTRODUÇÃO ● Comunicar a morte de um paciente é uma das tarefas mais difíceis que os profissionais de saúde têm de enfrentar, pois implica um forte impacto psicológico aos familiares. ● quando nos referimos à morte encefálica, a comunicação é ainda mais difícil, pois envolve a compreensão de um conceito de morte bastante recente e nem sempre compreendido. ● A maneira,como os familiares de doadores falecidos são informados sobre a morte é essencial para a discussão e tomada de decisão sobredoação de órgãos e tecidos para transplante. No caso da morte encefálica, a entrevista para à doação ocorre enquanto o doador ainda apresenta batimentos cardíacos e permanece ligado aos aparelhos, tornando um momento muito dificil para a familia. ● A morte encefálica equivale à morte? O que fazer quando o diagnóstico de morte encefálica é confirmado: doar ou não doar órgãos e tecidos para transplante? De quem é a decisão quanto à doação? Perspectiva histórica da morte encefálica ● 1959 - neurocirurgiões franceses descreveram uma condição que denominaram de “morte do sistema nervoso central” -- características desse estado: coma apneico persistente, reflexos tendinosos e os associados ao tronco encefálico ausentes, e ausência de atividade elétrica cerebral; ● 1968 - definiu o coma irreversível como um novo critério para a morte. Os critérios estabelecidos foram: ausência de responsividade cerebral, ausência de movimentos induzidos ou espontâneos, ausência de respiração espontânea, ausência de reflexos tendinosos profundos e aqueles associados ao tronco encefálico; ● 1976 - no Reino Unido,introduziu o teste de apneia e a opção da utilização de outros exames complementares além do eletroencefalograma para a confirmação da morte encefálica. Pela primeira vez, a morte encefálica foi considerada equivalente à morte humana. ● 1981-o diagnóstico de morte encefálica foram delineadas com critérios mais seguros, como identificação adequada do paciente e da causa do coma, sua irreversibilidade, e outros. ● No Brasil, o conceito de morte encefálica foi referido pela primeira vez em 1968,“conceito e comprovação de morte real” a partir de estudo da atividade elétrica cerebral. sou a ser aceito e utilizado por todo o País . Em 1991, o Conselho Federal de Medicina regulamentou o diagnóstico de morte encefálica para pessoas com idade superior a 2 anos. Epidemiologia da Morte Encefálica ● Principais causas de morte encefálica são: Acidente Vascular Encefálico, Trauma Cranioencefálico, Tumor de Sistema Nervoso Central, Encefalopatia Anóxica. Considerações éticas e legais frente à comunicação da morte encefálica aos familiares de doadores de órgãos e tecidos para transplante - Quando o diagnóstico de morte encefálica deve ser realizado? Como informar e esclarecer a família sobre essa condição? ● Dois exames clínicos deve ser feito para confirmar o diagnóstico de morte encefálica, e pode ser realizado por qualquer especialidade médica. Além disso, há também o exame complementar que só pode ser feito por um médico neurologista reconhecido no Brasil; ● Para o processo de adoção a família é responsável pela doação ou não dos órgãos, independente da vontade dos pacientes em vida. O processo de entrevistas para a doação só ocorre depois que a família é informada sobre a gravidade do paciente e sua morte. ● A equipe interdisciplinar deve oferecer auxílios necessários para a família independente da escolha de doação ou não de órgãos e tecidos para transplante. ● Como postura ética e respeito é dever do profissional entender a dor, o sofrimento do momento. ● A comunicação de más notícias encaminha as famílias dos pacientes à um estado de crise emocional, mas ainda assim, deve ser explicado as informações sobre os procedimentos para a confirmação da morte encefálica. ● Após a confirmação e diagnóstico da morte, a família deve ser chamada para uma entrevista para saber quanto a possibilidade de doação, sempre respeitando a dor. - Quem decide sobre a doação de órgãos e tecidos para transplante? O que fazer quando não existe consenso entre os familiares sobre a tomada de decisão? ● A autorização da família é realizada pelo cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida à linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. ● A entrevista é um dos piores momentos para os profissionais, pois os familiares acabaram de perder um ente querido, e deve responder se doará os órgãos desse ente ou não. (Respeito da dor da família x Necessidade de falar sobre a doação -> conflito interno) ● O objetivo da entrevista é a família entender o que é a morte encefálica, e que esclareçam as dúvidas, e que seja conversado sobre a possível doação. - Quando a família não autoriza a doação, o que fazer? É ético e legal desconectar o ventilador mecânico do não doador de órgãos com diagnóstico de morte encefálica? ● Após a avaliação dos pacientes e confirmação de óbito, é direito da família saber todas as informações, sobre a suspensão de todo o suporte terapêutico do paciente, sendo essa medida protegida por lei. ● Em alguns casos os médicos sentem-se incomodados (pelo sofrimento do familiar) com o desligamento dos aparelhos e suspende apenas uma parcela do suporte do paciente como antibióticos, alimentação, etc, sem desligar o ventilador mecânico. No entanto isso acaba prolongando o tempo do paciente na UTI sem necessidade já que está morto. ● Assim, é possível notar que até entre os médicos a morte encefálica não é tratada como a parada cardiorespiratória. ● Crenças, religiões, influenciam também na dificuldade de desligamento das máquinas, tanto por parte da família quanto do médico, pois é difícil aceitar a morte já que o coração do paciente ainda está batendo. ● Do ponto de vista legal e ético, é dever do médico o desligamento do ventilador mecânico uma vez que a família recusar a doação de órgãos. PERGUNTAS Qual a importância de haver a comunicação entre o enfermeiro e a família do paciente terminal? - É extremamente importante para que haja um respeito mútuo, para promover uma relação positiva entre ambas para com o paciente, tornando menos doloroso o processo de luto das família. De que forma e a partir de quando o enfermeiro deve utilizar-se da comunicação com a família do paciente terminal ? - A comunicação deve haver desde os primeiros cuidados paliativos com o paciente, sempre de maneira gradativa. A comunicação tanto com o doente como com a família deve ser realizada de maneira humanizada, com empatia diante do sofrimento do paciente e também da família(principalmente no momento de luto), deve ser feita de maneira cuidadosa para não causar mais dor a família. A comunicação da morte encefálica é uma notícia ainda mais difícil de ser aceita pelos familiares do paciente, de que forma os profissionais podem aliviar essa notícia? De que forma os profissionais podem informar e esclarecer, de maneira menos agressiva, sobre a morte encefálica? O artigo “Receios de quem transmite e mudanças nos que recebem”: FERREIRA, Mafalda Alexandra Monteiro. Transmissão e gestão de más notícias à pessoa com doença oncológica e família. 2017. Tese de Doutorado. ➔ Aborda a temática da comunicação de más notícias; embasado por estudos científicos acerca desse tema, o divide em dois tópicos para melhor discussão. O primeiro está centrado no profissional de saúde, este é o protagonista das más notícias, uma vez que: “... para além de planejar e gerir esses momentos tem também de gerir os próprios medos e estar preparados para aceitar a fragilidade do doente e da família...”. Eles são constantemente confrontados com essa situação e muitos não se sentem preparados para essa comunicação, principalmente, pelo fato de não terem tido certa instrução acerca disso durante sua formação profissional; há um grande questionamento dos mesmos sobre a melhor forma e quando devem informar a família e ao paciente más notícias, além de estarem a todo tempo, tentando identificar e saber lidar com suas próprias emoções. “... Loff, ao salientar que o enfermeiro terá de deter técnicas de comunicação que lhe permitam ensinar, de fato, o doente e sua família a mobilizar recursos para melhor lidar com asvárias situações, reduzindo a sensação de que a doença é uma ameaça permanente...” Ou seja, o enfermeiro deve buscar uma forma de informar as notícias sem causar ao paciente desconforto e ansiedade, visando tranquilizá-lo e instruí-lo da melhor forma possível. “...Uma comunicação eficaz reduz as incertezas, os medos e constitui uma ajuda fundamental na aceitação da doença e na participação ativa em todo o processo de tratar/ cuidar, minimizando os efeitos no processo de luto do doente e família. No entanto, é importante avaliar se o paciente está pronto para ouvir a notícia, o quanto deseja saber, e só então seguir em doses pequenas de informação, respeitando e acompanhando-lhe o ritmo...” “Dessa forma, é importante encontrar um ponto de equilíbrio entre o dever de dizer a verdade e o de evitar causar mal ao doente. Isso exige por parte dos profissionais de saúde uma avaliação adequada de cada paciente em particular, no sentido de saber se este quer ou não saber a verdade, procurando respeitar-lhe sempre a vontade” Diante disto, percebe-se que o processo de comunicação precisa ser estruturado da maneira que traga mais segurança possível ao profissional e conforto ao paciente que irá receber a notícia. Ele irá variar de paciente para paciente, pois, há diversos fatores que influenciam na forma como este aceitara ou não este adoecimento/ más notícias. É importante salientar que muitas vezes o profissional de saúde é confrontado, seja pela família e/ou paciente, a respeito de mais informação sobre a doença/ quadro e este precisa responder de forma clara e coerente e que não causem mais dúvidas e ansiedade ao mesmo. O ato da comunicação precisa ser o mais verdadeiro possível. O profissional deve criar um clima de confiança, estar atento com a comunicação verbal e principalmente, da comunicação não verbal tanto dele quanto do paciente, para que possa oferecer um ambiente tranquilo e um suporte emocional ao mesmo. Para finalizar esse tópico, o texto traz o protocolo de Buckman: “Não existem palavras certas para dar más notícias, contudo existem vários princípios que permitem que as más notícias possam ser dadas de forma sensível e de modo que o destinatário as compreenda. Nesse sentido, é pertinente realçar o protocolo de Buckman, que pretende ser um apoio para profissional de saúde nos seu contato com os doentes e familiares para a transmissão de informação sensível, nomeadamente transmissão de más notícias. O protocolo de Buckman é constituído por seis etapas: – A primeira etapa consiste na preparação e na escolha do local adequado. O local deve ser privado e é importante planejar a informação a transmitir ao doente. – A segunda permite perceber o que o doente já sabe e que outra informação lhe foi transmitida no contato com outros profissionais de saúde. – Na terceira etapa, questiona-se o doente para saber sobre o que ele deseja ser informado. – Na quarta etapa, dá-se a notícia. Deve-se começar com frases de preparação e verificar a reação imediata do paciente e, em seguida, fornecer-lhe a informação em pequenas parcelas. – Na quinta etapa, deve-se responder às emoções e às perguntas do doente, respondendo direta e honestamente às perguntas, mesmo as mais difíceis. O silêncio e o choro devem ser respeitados, e não inibidos. Um toque na mão ou no ombro demonstra apoio e pode tranquilizar o doente. Para que o paciente consiga abarcar grande parte da informação que lhe é prestada, deve-se falar com ele de forma simples e clara, evitando ao máximo os termos técnicos. É importante rever a situação e verificar se o doente percebeu a informação que lhe foi dada. – A sexta etapa corresponde à fase em que se propõe um plano de acompanhamento e se encerra a entrevista. Para isso, deve-se fornecer um plano de ação futuro que aborde a próxima fase de cuidados. Juntamente com o paciente, deve-se procurar resolver os principais problemas, dar- lhe a oportunidade de fazer perguntas e esclarecer as dúvidas e medos e adotar um plano consensual. Por fim, deixa-se sempre um próximo contato marcado.” O segundo tópico do texto está focado na relação entre a família e as más notícias; segundo Melo família é: “...entendida como unidade, com base no parentesco biológico, mas pode, também, ser vista em sentido mais amplo, isto é, incluindo os amigos que lhe são queridos, é uma unidade de suporte para o doente...” Sendo assim, a família é, na maior parte dos casos, a fonte de apoio que o indivíduo procura para ultrapassar situações de crise. Quando focamos na família, o adoecimento de um ente causa diversas reações e consequências a esta: O impacto da doença na família altera os planos de futuro, o papel que cada um representa, e todos acabam ficando sobrecarregados, agravando-se por vezes os problemas.” É o paciente que decide se a família deve saber ou não da doença; todavia, a maior parte dos casos a família é a primeira a perceber o processo de adoecimento do seu ente. “A doença de um membro da família é também uma doença familiar. Todos sentem os efeitos do sofrimento e da dor, por isso, para a equipe terapêutica, o doente e a família constituem a unidade a tratar. Os profissionais de saúde devem ter presente que a família conhece o doente, suas preferências, seus interesses, suas preocupações e seus hábitos. É fundamental o envolvimento da família.” REFERÊNCIAS: ANDRADE, Cristiani Garrido de; COSTA, Solange Fátima Geraldo da; LOPES, Maria Emília Limeira. Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado para o paciente em fase terminal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 2523-2530, 2013. ARAÚJO, Monica Martins Trovo de; SILVA, Maria Júlia Paes da. A comunicação com o paciente em cuidados paliativos: valorizando a alegria e o otimismo. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 41, p. 668-674, 2007. ARAÚJO, Janete; LEITÃO, Elizabeth Maria. A comunicação de más notícias: mentira piedosa ou sinceridade cuidadosa. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto (TÍTULO NÃO- CORRENTE), v. 11, n. 2, 2012. DOS SANTOS, Marcelo José; DE MORAES, Edvaldo Leal; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga. Comunicação de más notícias: dilemas éticos frente à situação de morte encefálica. 2012. FERREIRA, Mafalda Alexandra Monteiro. Transmissão e gestão de más notícias à pessoa com doença oncológica e família. 2017. Tese de Doutorado. LECH, Simone Solange; DESTEFANI, Amanda dos Santos; BONAMIGO, Elcio Luiz. Percepção dos médicos sobre comunicação de más notícias ao paciente. Unoesc & Ciência ACBS [Internet], v. 4, n. 1, p. 69-78, 2013.
Compartilhar