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14/12/2022 13:36 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/20
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA E
DIREITO DO CONSUMIDOR
AULA 5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prof. João Alfredo Lopes Nyegray
CONVERSA INICIAL
Que a tecnologia faz parte de nosso dia a dia você certamente já sabe. Agora, você tem noção
do quão rápida foi a evolução tecnológica nas últimas décadas? Cavusgil et al. (2010) explicam que
quando Cristóvão Colombo – o suposto navegador genovês trabalhando para a Corte Espanhola –
chegou às Américas em 1492, a soberana da Espanha, que havia custeado sua viagem, levou cerca de
30 dias para saber da descoberta das novas terras à leste.
Passados alguns séculos, quando os Estados Unidos já eram uma nação independente, uma
guerra civil quase dividiu o país. Seu presidente, naquela época, Abraham Lincoln, conseguiu manter
o país unido e vencer os estados separatistas do sul. Lincoln foi assassinado em um teatro em
Washington em 1865 e Cavusgil et al. (2010) contam que a Rainha Vitória da Inglaterra – maior
parceira comercial dos EUA da época – levou cerca de 15 dias para saber do assassinato.
Algumas décadas se passam. Ocorre a Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. No decorrer
desse conflito – o primeiro a usar o avião como arma – os EUA produziam para si e para a Europa.
Conforme a Europa se reconstrói, os EUA exportam cada vez menos para lá, o que gera a crise de
superprodução de 1929. Novamente, são Cavusgil et al. (2010) que ensinam que a notícia da quebra
da bolsa de Nova York em 1929 leva cerca de uma semana para chegar em São Paulo. Durante esse
tempo, os produtores paulistas de café, nosso principal produto naquele tempo, comercializaram os
deliciosos grãos com o preço errado.
Mais algumas décadas se passam. Quanto tempo você levou para ficar sabendo dos atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001? Da conquista da copa do mundo de 2002 pelo Brasil? Da
crise econômica de 2008? Das primeiras medalhas olímpicas brasileiras das olimpíadas de 2008, 2012
ou de 2020? Tempo nenhum, pois sabemos das coisas de forma instantânea. O relato de Cavusgil et
al. (2010) sobre o trânsito global de informações nos mostram como ficou mais e mais rápido para
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recebermos dados e notícias. Esse trânsito ágil das informações pelo mundo tem intensas
consequências.
Para as empresas, conseguir informações e dados de forma rápida cria novas oportunidades de
negócio. Pode-se encontrar demanda pelo que eu produzo ou fornecimento daquilo que necessito
de forma muito mais fácil. Com isso, intensificou-se a concorrência. Para os consumidores, gerou-se
uma oferta maior de bens e serviços, mais opções de compra e, conforme alguns autores, uma
padronização de gostos e estilos de vida.
Nem todas as empresas estão preparadas para encarar a competitiva realidade global, no
entanto. E a sua, está?
CONTEXTUALIZANDO
Eis que você vai sair com seu/sua namorado(a), a sua “sopinha de abóbora”, e está esperando
uma mensagem dele/dela ou mesmo o resultado de uma entrevista de emprego. Toca seu telefone e
quando você, na maior animação, vai atender, é uma ligação de São Paulo não identificada (aqueles
números 011 que nem mesmo quem é do estado tem cadastrado). Não era amor, era cilada. Não era
coisa boa, era propaganda.
Você já se perguntou como tanta gente consegue seu número? Empresas com as quais você
nunca teve um relacionamento comercial estão te ligando, mandando mensagens e te perturbando.
Em paralelo a essa situação, é bastante comum vermos as chamadas vendas de dados na internet.
Empresas de telemarketing ou de serviços no geral compram bases de dados inteiras. Ali estão
nossos nomes, telefones, CPF, datas de nascimento e várias outras informações pessoais.
Como lidar com isso? É lícito comprar esses dados? Se no passado não existiam tantos
problemas, a partir de 2018 e de 2020 a coisa muda de figura. Esse é um dos vários temas que
veremos nesta aula. Vamos lá?!
TEMA 1 – DIREITO EMPRESARIAL E LGPD
Um dos maiores motores econômicos das economias dos países são suas empresas. Países
burocráticos, como o Brasil, terão uma quantidade menor de empresas e organizações. Países livres e
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prósperos, como os EUA, a Alemanha, a Coreia do Sul, o Japão e o Canadá terão uma quantidade
maior de empresas e burocracia menor. Quanto mais fácil for a regulamentação empresarial, mais os
empreendedores se dedicarão a realizar suas tarefas diárias, a inovar e a gerar empregos. Quanto
mais burocrática, mais tempo se despenderá para agradar ao Estado.
O Brasil é um país muito mais burocrático do que livre. Nosso primeiro código comercial é de
1850, que foi revogado em partes apenas pelo Código Civil de 2002. Até então, havia o Direito Civil e
o Direito do Comércio. Atualmente, abordamos o tema no chamado Direito Empresarial. Para Ramos
(2020, p. 48), o Direito Empresarial pode ser conceituado como o “conjunto específico de normas
(regras e princípios) que disciplinam a atividade econômica organizada para produção ou circulação
e bens ou serviços (empresa) e aqueles que a exercem profissionalmente (empresários)”.
O Código Civil de 2002 começa a tratar do tema a partir de seu art. 966, no qual diz: “Considera-
se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”. Daqui depreende-se que a atividade empresarial é aquela
exercida não de forma esporádica, mas de forma profissional e contínua. Outras características da
atividade empresarial são explicadas por Negrão (2019, p. 33) como: “1) economicidade: criação ou
circulação de riquezas e de bens ou serviços patrimonialmente valoráveis; 2) organização:
compreende tanto o trabalho, a tecnologia, os insumos e o capital, próprios ou alheios; 3)
profissionalidade: refere-se à atividade não ocasional e à assunção em nome próprio dos riscos da
empresa”.
A essas características somam-se também alguns princípios, como a livre iniciativa – que tem por
fim incentivar e permitir toda a atividade econômica lícita –, a livre concorrência e a preservação da
empresa. Preservar a empresa significa compreendê-la como geradora de emprego e renda e que
merece continuar no tempo para seguir empregando e movimentando recursos.
Embora, como vimos, o Código Civil conceitue o empresário no art. 966, não há uma
conceituação sobre a empresa em si. Nesse caso, compreendemos a empresa como a atividade do
empresário. Ensina Negrão (2019, p. 34) que “toda e qualquer produção ou circulação de serviços
está submetida ao conceito de empresa, desde que não exercida pessoalmente por profissional
intelectual, ou de natureza científica, literária ou artística”.
Significaria isso que as atividades intelectuais não são empresárias? Em uma primeira vista, sim.
Mas, como o próprio Negrão (2019, p. 34) coloca, os “empresários podem ser classificados em
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individuais ou societários. Os primeiros são pessoas naturais que exercem sua atividade
individualmente, sem a colaboração de sócios, e os últimos, sociedades com fins empresariais”. Dessa
forma, um advogado, uma contadora, um dentista ou uma médica são empresários individuais. De
outro lado, uma empresa de contabilidade, um hospital ou um grande escritório de advocacia são
sociedades empresarias.
É também nesse sentido o ensinamento de Ramos (2020, p. 151) que explica que “empresa é
uma atividade econômica organizada, e empresário é a pessoa, física ou jurídica, que exerce uma
empresa profissionalmente. Quando o empresário for pessoa física, nós o chamamos de empresário
individual; quando o empresário for pessoa jurídica, estaremos diante ou de uma sociedade
empresária ou de uma EIRELI”.
Comotoda área jurídica, o Direito Empresarial tem suas fontes. Sua fonte inicial, como não
poderia deixar de ser, é o Código Civil de 2002. Existem também outras leis que tratam de temas
específicos. Ramos (2020, p. 116) menciona algumas como “a Lei 8.934/1994, que trata do registro de
empresas; a Lei 6.404/1976, que trata das sociedades por ações; a Lei Complementar 123/2006, que
trata das microempresas e das empresas de pequeno porte; a Lei 11.101/2005, que trata dos
procedimentos de falência e de recuperação de empresas”.
Outra lei muito importante que tem tutelado e balizado as ações das empresas é a Lei n. 13.709,
de 14 de agosto de 2018, conhecida como Lei Geral da Proteção de Dados ou simplesmente pela
sigla LGPD. A lei entrou em vigor parcialmente em 2018 e totalmente em 2020, e regulamenta a
armazenagem, manutenção e tratamento de dados de pessoas físicas e jurídicas. Um de seus
principais fundamentos é a privacidade, para que acontecimentos como aquele narrado no
“Contextualizando” não sigam ocorrendo.
Uma das regras iniciais da LGPD é que os dados dos clientes só podem ser coletados quando os
clientes concordarem com essa coleta. Ainda que os clientes concordem em ceder seus dados, essa
concordância pode ser retirada a qualquer momento. Devemos destacar aqui os mandamentos do
art. 5 da Lei:
Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável;
II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião
política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado
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referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa
natural;
III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a
utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento;
IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários
locais, em suporte eletrônico ou físico;
V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento;
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as
decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de
dados pessoais em nome do controlador.
Tem-se aqui algumas definições importantes da LGPD. No decorrer da lei, fala-se muito a
respeito do chamado “tratamento dos dados”. E no que consiste essa operação? A própria LGPD
responde no art. 5º, inciso X: “tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, como as que
se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão,
distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da
informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração”.
Ou seja: toda vez que uma empresa coleta e armazena os dados dos seus clientes, essa empresa
está tratando os dados. A partir da LGPD, é necessário guardar em sigilo os dados dos consumidores.
Caso haja algum vazamento de dados – seja esse vazamento acidental ou proposital –, a empresa
pode ser multada e condenada a indenizar os clientes.
Nesse caso, dados como endereço, renda, ou afins, quando vazados, podem gerar a necessidade
de reparação. É o que manda o art. 42 da LGPD: “O controlador ou o operador que, em razão do
exercício de atividade de tratamento de dados pessoais, causar a outrem dano patrimonial, moral,
individual ou coletivo, em violação à legislação de proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-
lo”.
É por conta da LGPD e de suas disposições que muitas empresas têm investido fortemente em
segurança de dados e em servidores cada vez mais protegidos. E sua empresa, já está fazendo isso?
TEMA 2 – SOCIEDADES
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Ao ouvir ou ler o termo “sociedade”, você pode pensar inicialmente na sociedade brasileira, com
toda sua riqueza. No entanto, para o Direito Empresarial, sociedade tem um significado diferente.
Como você certamente sabe, toda atividade empresarial possui riscos. Alguns empreendimentos são
mais arriscados, outros um pouco menos. Dependendo da área de atuação, a pessoa não consegue
fazer tudo o que precisa sozinha. Por exemplo: se você abrir um restaurante, você dá conta de
cozinhar, atender, gerenciar, cobrar os clientes e sair para fazer as entregas? Possivelmente, não, e
para algumas dessas tarefas você contratará funcionários. Normalmente aqueles que têm interesse
em iniciar alguma atividade empresarial o fazem dividindo os riscos e os custos do início do negócio.
É aqui que nascem as sociedades para o Direito Empresarial.
Mas o que é uma sociedade? Negrão (2019, p. 36) parte do conceito do art. 981 do CC para
afirmar que uma sociedade é um “contrato em que pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”.
Trata-se de um acordo de vontades entre uma ou mais pessoas para realizar alguma coisa,
organizando patrimônio e ações para criar uma empresa.
E será que todos podem ser empresários? Será que qualquer pessoa está habilitada a exercer
atividade empresária e ser sócio(a)? Não, e aqui entra a questão da capacidade, como afirma o
Código Civil: “Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de
exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas”.
Dessa forma, a capacidade é condição fundamental. Impedidos ou incapazes responderão pelo
que fizerem. Pode ser o caso de um empresário falido e impedido de atuar empresarialmente que
capta recursos de terceiros para abrir uma nova empresa. Nesse caso, a pessoa responderá pelas
obrigações que contraiu. Da mesma forma que os negócios jurídicos, as sociedades e empresas
devem ter objeto lícito e possível, e forma prescrita e não proibida por lei. Um outro ponto é que,
como o próprio termo “sociedade” permite supor, toda sociedade deve ser composta por mais de
uma pessoa.
Dentre as sociedades, há várias formas distintas de organização de pessoas e seus patrimônios.
Podemos dizer que as sociedades surgem para separar o patrimônio pessoal dos sócios do
patrimônio das empresas que estão criando. Uma coisa é o que a pessoa compra e tem vinculada a
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seu CPF, outra coisa é o que a pessoa compra e tem vinculada ao CNPJ pelo qual responde. Há uma
separação patrimonial e de atividades realizadas.
Aqui é importante resgatarmos o ensinamento de Ramos (2019, p. 151) a respeito das questões
de empresa e empresário, essenciais para a compreensão das sociedades:
Empresa é, portanto, uma atividade, algo abstrato. Empresário, por sua vez, é quem exerce empresa
de modo profissional. Assim, deve-se atentar para o uso correto da expressão empresa, não a
confundindo com a sociedade empresária (pessoa jurídica cujo objeto social é o exercício de uma
empresa, isto é, de uma atividade econômica organizada), por exemplo. É errado, pois, dizer que
‘João e Maria constituíram uma empresa’, pois nesse caso o que eles constituíram foi uma
sociedade empresária. Nesse sentido, destaca Luiz Tzirulnik que ‘a condição de sujeito de direito é
atribuída ao empresário, seja pessoa física ou jurídica, e não à empresa, que, além de não ser
absolutamente detentora de personalidade jurídica, não pode ser confundida com a sociedade’.
Ou seja, uma coisa é a sociedade e outra coisa é a empresa. As sociedades são criadas para
explorar as atividades empresariais.Para esse fim, há diversos tipos de sociedade. O mais comum é a
chamada sociedade limitada. Nesse tipo de sociedade, os sócios definem um valor a título de capital
social e o percentual de responsabilidade de cada um. Por exemplo: o sócio A tem 50%, o sócio B
tem 30% e o sócio C tem 20%. Se o capital social da empresa for de R$ 10.000,00 (dez mil reais), cada
sócio responderá em dívidas ou processos apenas com o seu percentual: R$ 5.000,00 para o sócio A,
R$ 3.000,00 para o sócio B e R$ 2.000,00 para o sócio C. O patrimônio pessoal de cada um dos sócios
permanece protegido sem relação com a sociedade.
É justamente essa característica que faz com que a sociedade limitada seja o tipo mais buscado.
É por isso que Ramos (2019, p. 579) ensina que:
A sociedade limitada representa, com certeza, o tipo societário mais utilizado na praxe comercial
brasileira, correspondendo a aproximadamente mais de 90% dos registros de sociedade no Brasil. A
grande presença de sociedades limitadas no meio empresarial se deve basicamente ao fato de ela
ostentar duas características específicas que a tornam um tipo societário bastante atrativo para os
pequenos e médios empreendimentos: a contratualidade e a limitação de responsabilidade dos
sócios.
A contratualidade significa que os deveres dos sócios estarão dispostos no Contrato Social.
Assim, pode-se adaptar as cláusulas conforme o acerto dos envolvidos e a necessidade do
empreendimento. O Código Civil trata das sociedades limitadas a partir do art. 1.052, que diz: “Na
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sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social”.
Esse tipo societário necessita de um contrato social. Mas o que deve ter esse contrato? O próprio
Código Civil responde:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma
ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de
bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto
no instrumento do contrato.”
Além de um contrato social, é necessário efetuar registro na Junta Comercial de cada estado
antes do início das atividades empresariais. Além do contrato social, o art. 968 do CC aponta outras
necessidades para o requerimento de abertura de sociedade.
O segundo tipo de sociedade mais comum no ambiente empresarial brasileiro é a chamada
sociedade anônima. Enquanto na sociedade limitada importa quem é o sócio e quais habilidades e
aptidões ele/ela traz ao negócio, na sociedade anônima a pessoa não importa, sendo relevante a
quantidade de recursos que se aporta na sociedade. As sociedades anônimas são aquelas em que o
capital não se encontra atribuído a uma só pessoa, mas a um conjunto de acionistas. Essas
sociedades ofertam suas ações em bolsa de valores e o preço desses papéis oscila conforme o
mercado e conforme o desempenho da organização.
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Em nosso país, as sociedades anônimas são regidas pela Lei n. 6.404/1976, que já passou por
uma série de atualizações. As sociedades anônimas podem ser abertas (como é a maioria) ou
fechadas. Ensina Negrão (2019, p. 123) que
Sociedades abertas são as que têm – e as fechadas as que não têm – seus valores mobiliários
admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de valores imobiliários. O acesso ao mercado
aberto é precedido de autorização da Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica
vinculada ao Ministério da Fazenda. A negociação dos valores mobiliários de uma sociedade aberta
pode ser realizada junto ao público em geral. Bolsa de Valores é uma entidade privada que mantém
um local para negociação de valores mobiliários, em mercado livre e aberto, organizado e
fiscalizado pelos próprios corretores e pelas autoridades monetárias.
Além da sociedade limitada e da sociedade anônima, existe a sociedade em comandita simples,
a sociedade em nome coletivo e a sociedade em conta de participação que, por serem bem menos
usuais, não serão tratadas aqui.
TEMA 3 – EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E MEI
Será que é toda pessoa que desempenha uma atividade por conta própria e sem patrão é uma
pessoa empresária? Não. Vimos anteriormente que a atividade empresária está ligada à produção e
circulação de bens e serviços. Aqui precisamos falar do empresário individual. Ensina Ramos (2019, p.
178) que o empresário individual é a “pessoa física que exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”, nos termos do art.
966 do Código Civil.
Como aprendemos anteriormente, toda sociedade precisa de – pelo menos – duas pessoas. Mas
isso não deve impedir que as pessoas que não querem se agrupar a outras empreendam. Por isso, é
possível que pessoas em pleno gozo de sua capacidade possam exercer atividade empresarial de
forma individual. É o que comenta Teixeira (2018, p. 88): “empresário individual é aquele que,
independentemente do motivo, opta por desenvolver sua atividade econômica isolado, sem a
participação de sócios”.
De acordo com a lei, aplica-se ao empresário individual – no que couber – as mesmas regras
aplicáveis às sociedades limitadas. Dentre os mandamentos legais, é necessário que o empresário
individual se registre como tal. Ensina Teixeira (2018, p. 89) que ao empresário individual asseguram-
se os direitos de:
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inscrição (a lei considera isso um dever), à recuperação de empresas (judicial e extrajudicial), à
autofalência, a requerer a falência de outro empresário sendo credor de título extrajudicial (sem
precisar de sentença transitada em julgado, como é exigível para os demais credores que não sejam
empresários regulares); à utilização dos seus livros como prova em processo judicial, à proteção da
sua identificação (nome empresarial).
Existem ao menos três formas de empresa individual. A primeira delas é como MEI
(Microempreendedor Individual). Trata-se de uma figura legal relativamente recente a partir da qual
uma pessoa que trabalhe por conta própria e fature até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) por ano
possa se legalizar como pequeno empresário. Há uma lista de ocupações dentre as permitidas para o
MEI, que vão desde abatedor de aves independente até viveirista independente. Essa lista é
atualizada anualmente e consta no Portal do Empreendedor do governo.
Para inscrição como MEI e respectiva obtenção de CNPJ, o empresário individual – além de ter a
ocupação listada como possível – não pode ser sócio de outra empresa e só pode contratar um
colaborador que receba até um salário-mínimo. Aquele que se inscreve como MEI está isento dos
tributos federais (Imposto de Renda, PIS, COFINS, IPI e CSLL), devendo pagar apenas 5% do salário-
mínimo ao INSS por mês, mais R$ 5,00 (para prestadores de Serviço) ou R$ 1,00 (para comerciantes
ou industriais) em carnê emitido pelo Portal do Empreendedor.
O MEI tem direito à emissão de nota fiscal e a benefícios previdenciários (desde que efetue o
correto pagamento dos carnês).A cada ano, o MEI deve informar o seu faturamento por meio de
uma declaração anual simplificada. E o que ocorre se um MEI faturar mais de R$ 81.000,00 (oitenta e
um mil reais) num determinado ano? Nesse caso, o MEI passa a ser enquadrado como ME, ou seja,
Microempresa. A Microempresa é regida pela Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006,
e seu limite é de “receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais)”, nos
termos do art. 3º. Nesse caso já não existe mais a isenção dos tributos federais, que devem ser
recolhidos em um só documento de arrecadação (Simples Nacional).
Por fim, existe a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, chamada muitas vezes pela
sua sigla (EIRELI). Os legisladores perceberam que muitas vezes nas sociedades limitadas havia um
sócio com 99% do capital social e outro com apenas 1%. Esse sócio(a) com 1% normalmente era o
chamado “sócio fantasma”, um amigo ou familiar que cedia seu nome e CPF para que o empresário
pudesse ter a pluralidade de sócios exigida pela lei para a sociedade limitada.
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Sabendo disso, a Lei n. 12.441/2011 passou a permitir que uma só pessoa tivesse os benefícios
da modalidade societária limitada. A Lei n. 12.441/2011 incluiu alguns dispositivos no Código Civil,
dentre os quais o art. 980-A:
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única
pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100
(cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente
poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade
[...]
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras
previstas para as sociedades limitadas.”
Como manda o artigo, para que uma pessoa se inscreva como EIRELI precisará de um capital
social que seja de, no mínimo, 100 salários-mínimos já no ato do registro. Além disso, tal qual ocorre
com o MEI, uma mesma pessoa só pode ter uma EIRELI. No mais, as regras das sociedades limitadas
repetem-se aqui.
TEMA 4 – RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Como vimos, o instrumento essencial das sociedades é o Contrato Social. Na sociedade limitada,
a responsabilidade dos sócios se limita ao percentual pelo qual cada um é responsável do capital
social. Caso os sócios não tenham integralizado o capital social, podem necessitar de seu patrimônio
para quitar com as obrigações da sociedade. A esse respeito, ensina Ramos (2019, p. 614) que:
Em regra, os sócios não devem responder, com seu patrimônio pessoal, pelas dívidas da sociedade.
Esta, por ser pessoa jurídica a quem o ordenamento jurídico confere existência própria, possui, em
consequência, responsabilidade patrimonial própria. Trata-se do chamado princípio da autonomia
patrimonial das pessoas jurídicas, ao qual já nos referimos, previsto no art. 1.024 do Código Civil:
‘os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois
de executados os bens sociais’.
Se existe uma sociedade limitada, isso significa que existe uma sociedade ilimitada? Sim! Esse
modelo societário era bastante usado no passado para os sócios mostrarem sua idoneidade. Na
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sociedade ilimitada os sócios dispõem-se a usar o próprio patrimônio para quitar eventuais dívidas
da sociedade. Hoje em dia, como existem dezenas de maneiras de consultar a idoneidade de uma
sociedade empresária, esse tipo está em desuso.
Precisamos debater, agora, uma outra particularidade. Anteriormente não tratamos da chamada
sociedade simples. Esse tipo societário, como ensina Ramos (2019, p. 560) “tem por objeto o exercício
de atividade econômica não empresarial. [...] são sociedades formadas por profissionais intelectuais
(médicos, engenheiros, músicos etc.) cujo objeto social é o exercício da própria atividade intelectual
de seus sócios”. Trata-se de sociedade em que os profissionais se agrupam para, por exemplo, dividir
os custos da locação de um escritório.
Nesse caso, como fica a responsabilidade dos sócios? Aqui, em caso de dívidas ou problemas, os
bens da sociedade (computador da secretária, mesas, cadeiras, ar-condicionado e outros) são
primeiramente vendidos para quitar as dívidas. É o que ensina Ramos (2019, p. 575):
Por ser a sociedade simples pura uma pessoa jurídica, isto é, ente ao qual o ordenamento jurídico
atribui personalidade, ela responde pelas suas obrigações, com seus bens sociais. Isso decorre da
consagração em nosso ordenamento do princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas,
previsto no art. 1.024 do Código Civil: “os bens particulares dos sócios não podem ser executados
por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”.
Por outro lado, por se tratar de uma sociedade contratual, a responsabilidade dos sócios da
sociedade simples pura, quanto às obrigações sociais, é ilimitada, ou seja, caso os bens sociais não
sejam suficientes para saldar o passivo da sociedade, os credores poderão executar o restante das
dívidas no patrimônio dos sócios.
Esse ensinamento é confirmado pelo art. 1.023 do Código Civil, que afirma: “Se os bens da
sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que
participem das perdas sociais [...]”. Aqui o questionamento que muitos fazem é: seria essa – além da
sociedade ilimitada – a única maneira pela qual os sócios podem responder com seu patrimônio
particular por questões da sociedade? A resposta é um sonoro não.
É possível que a personalidade jurídica da empresa seja desconsiderada para que o patrimônio
dos sócios seja atingido. A primeira vez que essa possibilidade encontrou respaldo legal no Brasil foi
a partir de 1990 com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) que diz:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento
do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
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violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados
por má administração.
Posteriormente ao CDC outras leis trataram do assunto até que, em 2002, o Código Civil ocupou-se
do tema:
Art. 50.  Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da
pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Como se pode perceber, não é qualquer caso que enseja a desconsideração da personalidade
jurídica e a responsabilização dos sócios. Dívidas comuns por razões econômicas ou má-gestão pura
e simples não são o suficiente para desconsiderar a personalidade jurídica. É necessária a existência
de algum tipo de abuso.
TEMA 5 – ENCERRAMENTO DAS SOCIEDADES E FALÊNCIA
Como você sabe, impera no Direito Civil a autonomia da vontade. Ninguém é obrigado a
contratar quem não quer, ninguém é obrigado a ficar junto de quem não gosta. Se até mesmo os
casamentos podem ser desfeitos, imagine as sociedades. Infelizmente, é comum que os sócios
acabem desgastando sua relação por divergências variadas. Nesse caso, as sociedades podem ser
encerradas. A esse respeito, diz o Código Civil:
Art. 1.033.Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a
sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV - (Revogado pela Lei nº 14.195, de 2021)
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
Ou seja: o consenso dos sócios – o que mais ocorre, seguido da deliberação da maioria absoluta
– é o que basta para dissolver a sociedade. Quando um dos sócios quer encerrar o acordo e o outro
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deseja continuar com a atividade, esse último pode comprar a parte daquele que não quer continuar.
Em alguns casos, nos mais graves, os sócios em desacordo buscam o Poder Judiciário para resolver
suas desavenças. Ramos (2019, p. 776) afirma que
Ocorrido o ato de dissolução da sociedade, cumpre destacar que ela não perde automaticamente a
sua personalidade jurídica. O ato de dissolução – um distrato ou uma decisão judicial, por exemplo
– deverá ser registrado na Junta Comercial, e a sociedade então inicia sua fase de liquidação,
devendo acrescer ao seu nome empresarial, para a proteção de terceiros que com ela contratem, a
expressão ‘em liquidação’, bem como designar o respectivo liquidante.
De acordo com o art. 1.036 do Código Civil, ‘ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores
providenciar imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios
inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente’.
Complementando a regra, prevê seu parágrafo único que, ‘dissolvida de pleno direito a sociedade,
pode o sócio requerer, desde logo, a liquidação judicial’. Vê-se, pois, que embora a sociedade
dissolvida – ‘em liquidação’ – não perca imediatamente a sua personalidade jurídica, ela continua a
existir apenas para ultimar suas obrigações.
Existem outras situações em que um sócio pode não estar cumprindo com suas obrigações,
enquanto os demais seguem trabalhando e seguem interessados no andamento da sociedade. Nesse
caso, é necessário excluir a sociedade e criar outra? Não, pode-se excluir o sócio problemático como
diz o CC:
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais
da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade
da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante
alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.
Obviamente, esse é um tema que acaba trazendo dezenas de casos e ações ao Judiciário.
Aqueles que estão colocando a continuidade do negócio em risco dificilmente percebem a
nocividade das próprias ações – a não ser que estejam agindo de forma proposital. Em todos os
casos, aquele que sai da sociedade, seja por vontade própria, exclusão ou decisão judicial, segue
podendo responder pelos seus atos por até dois anos após a alteração do contrato social. Isso ocorre
para garantir que os sócios remanescentes tenham tempo o suficiente de organizar a empresa. Caso
descubram posteriormente a saída do sócio algum problema na empresa, esse sócio pode ser
responsabilizado.
Uma outra causa que encerra as sociedades é a falência. Imagine a seguinte situação: uma
empresa em dificuldades financeiras deixa de pagar seus fornecedores. Seus fornecedores, sem
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recursos, atrasam o salário dos funcionários. Os funcionários, sem receber salário, endividam-se. Para
pagar os salários em atraso, a empresa faz um empréstimo no banco. Os altos juros bancários se
acumulam, enquanto o pagamento do devedor original não chega. Os salários voltam a atrasar. As
dívidas dessa empresa e de seus funcionários aumentam até que todos – além da empresa inicial –
fiquem em grandes apuros financeiros. O que podemos concluir dessa situação?
Bem, em primeiro lugar, esse breve relato já ocorreu dezenas de dezenas de vezes, embora de
maneiras muito mais complexas, envolvendo muito mais empresas, pessoas e situações. É por conta
de situações desse tipo que se afirma que alguns problemas financeiros são contagiosos. Por isso, há
aspectos jurídicos que devem ser entendidos.
Um desses aspectos é a insolvência. Nosso Código Civil aponta, em seu art. 955, que “Procede-se
à declaração de insolvência toda vez que as dívidas excedam à importância dos bens do devedor”.
Isso significa que o estado de insolvência de uma pessoa ocorre quando, mesmo somando todos os
seus bens, ainda não se chega ao valor da dívida.
O insolvente é inadimplente, ou seja, não consegue cumprir com seus pagamentos, deixando
vários credores sem receber. Há duas formas de insolvência: a real e a presumida. Insolvência real é
aquela na qual todos sabem que os bens do devedor não são suficientes para arcar com suas dívidas.
Insolvência presumida é aquela quando há a suspeita, por parte dos credores, de que o devedor
possui matrimônio menor do que deve.
Quando alguém está em estado de insolvência, seus credores podem entrar na justiça e requerer
que a insolvência da pessoa seja declarada por um juiz. O juiz, por sua vez, permite que o devedor se
manifeste, e prove que tem condições de pagar o que deve, e que tem patrimônio para colocar em
garantia. Caso o devedor não consiga provar que o patrimônio é superior à dívida, o juiz declara o
estado de insolvência. Uma vez declarado o estado de insolvência, o devedor perde o direito de
administrar seu patrimônio, que passa a ficar a cargo de um terceiro nomeado pelo juiz.
Quando uma empresa não está conseguindo pagar suas dívidas, seus credores podem buscar –
cada um de forma individual – seus direitos na justiça. Se isso ocorrer, aqueles que processaram a
empresa primeiro tem mais chances de receber do que aqueles que processaram a empresa
devedora por último. Para evitar esse tipo de desigualdade, e pulverizar as chances de recebimento
entre todos os credores, é que existe a falência. A falência é um processo judicial, e uma empresa só
entra em falência quando um juiz a declarar. No processo falimentar, unificam-se as dívidas de todos
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os credores da empresa em processo de falência em uma só cobrança. Por isso, a lei e a
regulamentação da falência e de seus procedimentos são tão importantes.
Outro ponto que merece destaque é o fato de que, muitas vezes, uma empresa está em
dificuldades financeiras momentâneas, que não justificam o início de um processo falimentar. Mesmo
assim, muitos credores ansiosos, iniciavam processos de falência contra seus devedores na
expectativa de receber logo o que lhe era devido, muitas vezes, poucos dias após o vencimento das
obrigações. Para evitar situações assim é que a falência tem alguns princípios e pressupostos
importantes.
Um desses pressupostos é a insolvência, comentada anteriormente. A regulamentação falimentar
está na Lei n. 11.101, de 2005. Em seu art. 75, a lei afirma: “A falência, ao promover o afastamento do
devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e
recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa”. Temos aqui não apenas um princípio, mas
também um objetivo: otimizar os bens da empresa para pagar seus credores.
E quem pode pedir falência? Novamente, a Lei n. 11.101 nos responde:
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;
IV – qualquer credor.
Aquele que pede a falência de uma determinadaempresa deve ser dela credor. Para que o
pedido de falência feito por credor seja aceito por um juiz, esse credor deve demonstrar a
impontualidade injustificada do devedor ao pagar suas dívidas. Para isso, deve-se apresentar
certidões de protesto judicial como ensina Ramos (2019, p. 710):
fica claro que a única forma de demonstrar a impontualidade injustificada (sem relevante razão de
direito, no dizer da lei) é o protesto do título. Não se admite nenhum outro meio de prova –
documental, testemunhal ou pericial – para a comprovação do inadimplemento do devedor: apenas
o protesto serve a essa finalidade. Sendo assim, qualquer título executivo que o credor possua
contra o devedor deve ser levado a protesto, para só depois servir de base ao pedido de falência.
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Assim, ao exigir o protesto, a lei diminui as chances de que credores peçam a falência de
devedores inadimplentes como forma de pressioná-los ao pronto pagamento de suas dívidas.
TROCANDO IDEIAS
Pense por um instante na quantidade de empresas que encerraram as atividades em virtude da
pandemia da Covid-19 entre 2020 e 2021. Considere também quantas pessoas acabaram perdendo
seus empregos. Em uma situação assim, qual a sua opinião sobre aqueles credores que pedem a
falência dos devedores para pressioná-los a pagar as dívidas? Isso é correto e moral? Comente a
respeito e discuta com os colegas se alguém já trabalhou em uma empresa que faliu ou cujos sócios
se separaram.
NA PRÁTICA
Você já sabe que o nome das pessoas é protegido por lei. Essa proteção se refere não só a
questões de intimidade e dos dados pessoais – recentemente protegidos pela LGPD – mas também
em relação a questões morais. Da mesma forma que não se pode caluniar uma pessoa, não se pode
caluniar uma empresa acusando-a de coisas mentirosas. O nome empresarial recebe a mesma
proteção dada ao nome da pessoa física.
A esse respeito, muitos empresários são bem criativos na hora de criar os nomes de suas
empresas. Com sucessos cinematográficos e televisivos surgiram “La Casa de Pastel” e “Senhor dos
Pastéis”. E qual a diferença entre o nome empresarial e a razão social? O nome empresarial e a marca
são a maneira pela qual a empresa se apresenta ao mercado. No ensinamento de Ramos (2020, p.
214), o nome é “atributo de personalidade, por meio do qual o empresário exerce a empresa”. A
marca, segundo o autor (Ramos, 2020, p. 214) é um “sinal distintivo visualmente perceptível usado
para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa, bem
como para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou
especificação técnicas e, ainda, para identificar produtos ou serviços provindos de determinada
entidade”.
A razão social, por outro lado, é o nome da empresa que consta no Contrato Social. Enquanto é
possível, na mesma praça, haver várias empresas com nomes empresariais semelhantes, mas só é
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possível uma razão social por local. Isso serve para facilitar a identificação da organização nos órgãos
de registro.
FINALIZANDO
No decorrer desta aula você aprendeu que a tecnologia, que faz parte diária de nossas vidas, fez
com que nossos dados estivessem mais expostos. Por conta disso, a Lei n. 13.709, de 14 de agosto de
2018, conhecida como Lei Geral da Proteção de Dados ou simplesmente pela sigla LGPD, entrou em
vigor completamente no ano de 2020.
Vimos que toda atividade empresarial é regulada pelo chamado Direito Empresarial, outrora
conhecido como Direito Comercial. Para Ramos (2020, p. 48), o Direito Empresarial pode ser
conceituado como o “conjunto específico de normas (regras e princípios) que disciplinam a atividade
econômica organizada para produção ou circulação e bens ou serviços (empresa) e aqueles que a
exercem profissionalmente (empresários)”.
O Código Civil é a fonte por excelência desse ramo do Direito, e começa a tratar do tema a partir
de seu art. 966, no qual diz: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Muitas vezes a
atividade empresária é realizada a partir de sociedades constituídas exatamente para esse fim. Podem
ser sociedades simples, sociedades limitadas ou sociedades anônimas. Aprendemos que os
profissionais que não querem se associar podem realizar suas atividades como MEI, Microempresário
ou EIRELI; e que cada tipo societário tem desafios e particularidades. Da mesma forma, em cada tipo
societário a responsabilidade dos sócios varia.
Por fim, você aprendeu que as sociedades podem ser encerradas por decisão dos sócios, dentro
outros motivos. Um sócio pode ser retirado da sociedade por consenso dos demais; e um sócio que
não quer mais seguir com sua atividade pode vender suas cotas para outro. A forma mais drástica de
encerramento da sociedade empresarial é a falência, na qual todos os bens da empresa são vendidos
para quitar suas dívidas. Nesses casos, é necessária uma sentença declaratória e uma empresa
insolvente.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 2002.
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais – estratégia, gestão e
novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010.
NEGRÃO, R. Manual de direito empresarial. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
RAMOS, A. L. S. C. Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2020.
TEIXEIRA, T. Direito Empresarial Sistematizado – doutrina, jurisprudência e prática. São Paulo:
Saraiva, 2019.

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