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ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - É a rotura espontânea das membranas coriônicas e amniótica antes do início do trabalho de parto, após 20 semanas e antes do início do trabalho de parto, também chamada de amniorrexe e rotura de bolsa. · Se ocorre antes do trabalho de parto é um evento pré-termo, independentemente da idade gestacional - Cerca de 10% de todas as gestações complicam com RPM, sendo mais frequente após 37 semanas (7-8%) situação de menor risco. - A RPM pré-termo (<37 semanas) tem incidência de 2-3%, e é mais preocupante. · É uma intercorrência materna mais comum na maternidade · A maioria vai entrar em trabalho de parto em 7 a 10 dias ETIOFISIOPATOLOGIA - Três causas bases: · Aumento da pressão intrauterina · Hiperdistensão uterina (polidrâmnio e gemelaridade), miomatose uterina, contrações uterinas, malformações müllerianas e excesso de movimentação fetal. · Fraqueza do colo e membranas · Deficiência de alfa-1-antitripsina, síndrome de Ehlers-Danlos, fatores nutricionais, incompetência cervical e cervicodilatação precoce · Processo infeccioso e/ou inflamatório – parece ser o mais importante · Infecção ascendente – Gardnerella, Nisseria, Estreptococo B, E. coli, Bacteriodes sp e outros. · Inflamação – aumento da apoptose, produção de proteases e colagenases que alteram a estrutura tecidual da membrana, fragilizando-a e permitindo sua rotura. - Fatores de risco · Quadro anterior de RPM · Sangramento genital no 2º trimestre · Colo curto · Baixo peso · Baixo nível socioeconômico materno DIAGNÓSTICO - 80-90% dos casos é anamnese e exame físico. · Exame especular – escoamento espontâneo de líquido com cheiro e aspecto peculiares pelo orifício externo do colo uterino e/ou coletado em fundo de saco. · As vezes nem é nem preciso devido a grande quantidade de sangue que escoe · Aspecto de vagina lavada · Se não houver escoamento espontâneo – pede-se que a gestante execute a manobra de valsava ou o médico pode comprimir o fundo uterino. · Não se deve fazer toque vaginal – aumento de infecção - pH vagina > 6-6,5 · Toque de fenol – mudança de coloração (laranja para vermelho) após instilarem algumas gotas do reagente no algodão ou gaze umedecidos com o conteúdo vaginal. · Avaliação direta do pH – fitas específicas encontra um pH>= 7 após umedecer o conteúdo vaginal · Papel de nitrazina (pouco usado) – coloração azul em pH alcalino - Fern teste ou teste da lâmina aquecida (teste da cristalização) – arborização na lâmina, ocorre uma cristalização do liquido amniótica “em samambaia” após aquecimento do conteúdo vaginal disposta em lâmina - Ultrassonografia – exame físico duvidoso, mas nem confirma e nem exclui RPMO · USG com avaliação do índice de líquido amniótico (ILA) – útil na confirmação de RPMO, mas se não tem uma ideia prévia da quantidade de líquido, o método é pouco útil – o oligoâmnio não o confirma. - Culturas de Estreptococco do grupo B, Chlamydia trachomatis e Gonococo, além de um bacterioscópico (Gram) da secreção vaginal - Hemograma (leucócitos) e PCR - Avaliar vitalidade do feto – Cardiotocografo e perfil biofísico fetal - Repetir · Exames de sangue a cada 2 dias (Leucograma a cada 72h no Dom Malan) · Se viabilidade fetal – repetir diariamente · Sinais vitais (FC e Tax) pelo menos 4 vezes ao dia (internado) · Cultura de estreptococo – se negativa deve ser repetida a cada 5 semanas TRATAMENTO - O tratado da FEBRASGO pontua que a conduta diante da RPM depende essencial da IG, e o ponto de corte é 37 (maior ou igual) semanas com a resolução da gravidez, embora a professora tenha dito 34 semanas. - Gravidez com IG abaixo da vitalidade – no Brasil por volta de 25 ou 26 semanas · Conduta de discutir com a gestante e seus familiares a indução nos casos abaixo de 24 semanas, embora a indução de feto vivo sem prognóstico fechado possa configurar aborto terapêutico sem respaldo legal. · A taxa de sobrevida nessas situações é de 46 a 57,6% · A taxa de corioamnionite varia de 20,6 a 71% · Isso torna a conduta um pouco complexa e variável, alguns preconizam uma conduta expectante com maior vigilância, enquanto outros a resolução da gravidez se IG <24 semanas. · A expectante com vigilância acaba sendo a melhor conduta, porque é o que a mãe decide, e nessas situações você tem o respaldo ético e jurídico. · A conduta expectante para o grupo de pacientes prematuras seria aparentemente a melhor, com resultados mais positivos e menores gastos. - Resolução da gestação? · É um ponto de inflexão entre os estudiosos, alguns preconizam com 34, outros com 35 e 36 semanas, e todos serviços de forma unânimes concordam que pelo menos 37 semanas é o ideal para resolução. · Outros motivos para resolução seria o sofrimento fetal, a corioamnionite e outras intercorrências como descolamento prematuro da placenta e o prolapso do cordão. - Critérios para corioamnionite · Clínicos · Taquicardia materna (>100bpm) ou fetal (>160bpm); · Febre (>=37,8ºC) – alguns consideram como maior, apenas sua presença já indica o diagnóstico; · Contrações uterinas irregulares (útero irritável); · Saída de secreção purulenta e/ou odor pelo orifício externo. · Laboratoriais · Leucocitose (>15.000 leucócitos/mL ou aumento de 20%); · Aumento do PCR em 20%; · Ausência de movimentos fetais; · Diminuição abrupta do ILA. · Critério preconizado pelo Ministério da Saúde – presença de febre e pelo menos 2 dos seguintes sinais: · Útero doloroso · Secreção vaginal com odor desagradável · Taquicardia materna ou fetal · Leucocitose (>15.000) - E se detectado a corioamnionite, o que fazer? · É indicação para interrupção da gravidez, se possível indução, além da instituição imediata de antibioticoterapia. · Esquema 1 · Clindamicina 900mg IV de 8/8h (ou 600 mg IV de 6/6h) · Gentamicina 1,5 mg/kg IV de 8/8h (ou 3,5-5mg/kg em DU/dia) · Esquema 2 · Ampicilina 2g IV de 6/6h OU Penicilina G cristalina (5 milhões de ataque + 2,5 milhões UI IV de 4/4h) · Gentamicina 1,5mg/kg IV de 8/8h (ou 3,5-5mg/kg em DU/dia) · Metronidazol 500mg IV de 8/8h · Independente do esquema deve-se mantê-lo por 48 horas do parto ou do último pico febril. · Não se pode inibir o parto prematuro com uterolítico, pois há o risco subjacente de um quadro infeccioso não suspeitado, sendo as contrações a primeira manifestação de corioamnionite. - E com relação à profilaxia do Estreptococo do grupo B (EGB)? · Há um risco aumentado de doença estreptocócica neonatal e consequentemente sepse neonatal precoce. Por isso, deve-se pesquisar EGB com culturas vulvar e perianal em todas gestantes com RPM, iniciando já na entrada da paciente a antibioticoprofilaxia com Ampicilina ou Penicilina, por 48 horas. E se o resultado for positivo ou indisponível, deve-se manter a administração do ATB até o parto. Mas se tal for negativo, daí não precisa. - E com relação à maturação pulmonar fetal? · A maioria dos serviços preconizam o uso de um ciclo único de corticoide, preferencial a betametasona, entre 24 e 34 semanas, se afastada a possibilidade de corioamnionite franca, por meio da observação da paciente e solicitação de PCR e leucócito. Há poucas evidências de benefício da corticoterapia pós-34 semanas. O fato é que não faz a corticoterapia imediatamente na chegada da paciente, há um risco real de piorar uma situação de corioamnionite oligossintomática, lembre-se que os corticoesteroides são imunossupressores. Além disso, a corticoterapia nas doses preconizadas leva quase sempre à leucocitose, muitas vezes com desvio à esquerda, que dura por volta de 7 dias, comprometendo a vigilância infecciosa. · Então quando usar? · A corticoterapia antenatal deve ser usada após um período mínimo de observação clínica e laboratorial dos casos, em que se afaste a presença de corioamnionite · Como usar? · Ciclo único de corticoide, com duas doses de betametasona IM de 12mg com intervalo de 24h. CONDUTA RESUMO (aula) – depende da IG e da infecção - Se infecção – antibioticoterapia (genta+clinda) e parto (via vaginal para evitar sepse) · Febre (>=37,8ºC) e pelo menos 2 sinais: · Leucocitose ·Taquicardia materna (>100) – mais específico, é a primeira coisa que altera (não é igual a corio) · Taquicardia fetal (>160) · Sensibilidade uterina – dor à mobilidade uterina · Líquido amniótico fétido – avaliar se o líquido mudou de aspecto - Corioamionite = interrupção da gestação - Sem infecção e mais 34 semanas – Parto induzido e profilaxia para GBS - Sem infecção e gestação entre 24-34 semana – conduta conservadora · Internação hospitalar · Corticoterapia – amadurecimento pulmonar · Antibioticoterapia – segurar · Tocólise – é uma contraindicação relativa, se tiver contração uterina não se pode fazer (e não é uma recomendação típica de se fazer na RPM) - Prematuridade · Antibioticoterapia – Penicilina Cristalina para Estrepto B · Sulfato ferroso para neuroproteção fetal - A conduta não depende da quantidade de líquido amniótico, oligodramio não muda conduta - Rotura de membrana, com prolapso de cordão umbilical, a conduta é ativa. · “Médico vem tocando a cabeça do menino o caminho inteiro para não descer o cordão” - Hidratação (Ringer Lactato) – aumenta diurese da paciente, tem risco de edema agudo de pulmão e não altera a produção de líquido amniótico
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