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92 Unidade IV Unidade IV 7 PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS - DESENVOLVIMENTO E MONITORAÇÃO “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Albert Einstein 7.1 Desenvolvimento de recursos humanos O subsistema de desenvolvimento de recursos humanos trabalha o treinamento e o desenvolvimento organizacional. O questionamento que o define é: como preparar e desenvolver as pessoas que atuam na organização? Provisão Planejamento de RH Recrutamento e seleção de pessoal Integração Compensação Benefícios socias Higiene e segurança Relações sindicais Desenho de cargos Descrição e análise de cargos Avaliação do desempenho humano Treinamento e desenvolvimento de pessoas Desenvolvimento organizacional Banco de dados e sistema de informação Auditoria de recursos humanos Aplicação Manutenção Gestão de pessoas Desenvolvimento Monitoração Figura 16 Desenvolvimento profissional é a educação que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar a pessoa para seu crescimento profissional em determinada carreira na organização ou para se tornar mais eficiente e produtiva em seu cargo. Seus objetivos perseguem prazos mais longos, visando dar ao homem aqueles conhecimentos que transcendem o que é exigido no cargo atual, preparando‑o para assumir funções mais complexas ou numerosas. É dado nas organizações ou firmas especializadas em desenvolvimento de pessoal. Também obedece a um programa preestabelecido e atende a uma ação sistemática, visando à adaptação da pessoa à filosofia da organização. Pode também ser aplicado a todos os níveis ou setores da organização. É mais conhecido como desenvolvimento de recursos humanos (CHIAVENATO, 2003, p. 29). Hoje, o treinamento e o desenvolvimento possuem uma visão voltada à estratégia organizacional e consideram todos os parâmetros do ambiente corporativo de forma estruturada. Contudo, antes de pontuar o Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 93 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA passo a passo do processo que poucos sabem, mas que é respaldado pela ISO 10015, que enfatiza a importância da estruturação de treinamento adequado, é preciso diferenciar treinamento e desenvolvimento (ABNT, 2001). De forma simples, é possível acentuar que o treinamento é voltado à aquisição de habilidades do funcionário para a execução de tarefas no cargo que ocupa e visa ao imediatismo; o desenvolvimento, por outro lado, busca ampliar o conhecimento integral do indivíduo em nível de saber, habilidade e atitude, sendo mais amplo por envolver os aspectos profissionais e pessoais. Destaca‑se que nem sempre treinamento e desenvolvimento acontecem ao mesmo tempo e nem sempre são foco da organização. O quadro a seguir elenca algumas características que diferenciam treinamento e desenvolvimento: Quadro 33 Características Treinamento Desenvolvimento Alvo Metas imediatas ou de curto prazo Processo que atinge objetivos de longo prazo Objetivo Visa ao desenvolvimento para uma tarefa ou uma função Visa ao desenvolvimento integral da pessoa Foco Melhorias funcionais e operacionais Mudança de mentalidade e cultura Desenvolvimento Habilidades específicas Competências estratégicas Resultados alcançáveis Mudanças de processos organizacionais Mudanças no clima organizacional e na motivação Mensuração Resultados tangíveis Resultados intangíveis Envolvimento Pode ser obrigatório Demanda por iniciativa voluntária Retorno organizacional Produtividade Valor agregado Duração Limitado no tempo e no espaço Educação continuada Recursos envolvidos Procedimento objetivo, envolve mais a cognição Processo subjetivo, envolve tanto a cognição quanto a afetividade Fonte: Giovelli, Calvetti e Bevilacqua (2012, p. 259). Chiavenato (2009) difere formação, desenvolvimento e treinamento: Quadro 34 Título de educação profissional Escopo Objetivos Extensão de tempo Características Formação Prepara e forma a pessoa para o exercício de uma profissão no mercado de trabalho Amplos e mediatos Longo prazo Qualifica para uma futura profissão. Dada nas escolas e nas organizações Desenvolvimento Amplia e aperfeiçoa a pessoa para crescimento profissional na carreira na organização Menos amplos Médio prazo Proporciona conhecimentos e prepara para funções complexas Dado em organizações Treinamento Prepara a pessoa para ocupar determinado cargo na organização Restritos e imediatos Curto prazo Fornece o essencial para o cargo atual. Dado em organizações ou em empresas especializadas Fonte: Chiavenato (2009b, p. 40). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 94 Unidade IV No atual cenário da área de RH, muitos autores que trabalham o tema passaram inclusive a utilizar uma nova sigla para denominar a área de treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E). A educação corporativa consiste em um processo contínuo de ensino e aprendizagem, no qual convergem as necessidades da organização e o desenvolvimento das potencialidades individuais, em que são privilegiados o conhecimento e a aprendizagem coletiva. Busca o aumento da capacidade de pensamento crítico, indo muito além do desenvolvimento de habilidades específicas (MUSSAK, 2003). As empresas que incluem e promovem educação expandem a capacidade de criar, inovar e trabalhar em equipe de seus funcionários. Por ser tratar de um processo mais amplo, complexo e duradouro, outros processos utilizados na formação do colaborador nem sempre atuam dessa forma. A figura seguinte mostra a diferença desses eventos, conforme sua crescente complexidade. Educação Programa ou conjunto de eventos educacionais de média e longa duração que visam à evolução ampla, contínua e sistemática Experiências e oportunidades de aprendizagem apoiadas pela organização voltadas para autodesenvolvimento, gestão de carreira e qualidade de vida Eventos de curta e média duração voltados para pontos específicos que facilitem a aquisição, a retenção e a transferência da aprendizagem para o trabalho Modelos simples de repasse de objetivos e aplicação de procedimentos, em geral, na forma de cartilhas, manuais, roteiro, guias, aulas e similares, podendo ou não ser autoinstrucionais Módulos ou unidades organizadas de informações e conhecimentos, de diferentes fontes, disponibilizados por meios variados (portais on‑line, material impresso, bibliotecas etc.) Desenvolvimento Treinamento Instrução Informação Figura 17 – Eventos de aprendizagem Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 95 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Observação Embora tanto o treinamento quanto o desenvolvimento sejam processos de aprendizagem, o treinamento está voltado para o condicionamento das pessoas, para a execução de tarefas; o foco do desenvolvimento é o crescimento em nível de conhecimento, habilidade e atitude (CHA). 7.2 Processo de treinamento e de desenvolvimento Os processos conduzidos pelo subsistema de desenvolvimento são direcionados pela norma ISO 10015 (Gestão da qualidade – diretrizes de treinamento) (ABNT, 2001). Embora muitas empresas desconheçam essa norma, trata‑se de um padrão para a garantia da qualidade da formação e da educação. Com o objetivo de garantir o impacto e a eficácia dos sistemas de formação e programas de T&D, a norma abrange o desenvolvimento, a implementação, a manutenção e a melhoria de estratégias e sistemas para treinamentos que afetam a qualidade de produtos e/ou serviços da organização. A norma ISO 10015 pode ser aplicada a qualquer tipo de treinamento e desenvolvimento. Um processo de treinamento planejado e sistêmico é uma contribuição vital, melhorando significativamente a capacidade de alavancar os resultados organizacionais. Segundo a ISO 10015, o processo está estruturado conforme o ciclo a seguir: 2. Projeto e planejamento dotreinamento 1. Definição das necessidades de treinamento 3. Execução do treinamento Monitoração 4. Avaliação dos resultados do treinamento Figura 18 – Ciclo de treinamento Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 96 Unidade IV Saiba mais Para mais informações, consulte o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): http://www.abnt.org.br Levantamento de necessidade de treinamento Programação de treinamento Execução do treinamento Avaliação do resultado do treinamento Alcance dos objetivos da organização Determinação de requisitos básicos da força de trabalho Resultados da avaliação do desempenho Análise de problemas de produção (a priori ou a posteriori) Análise de problemas de pessoal Análise de relatórios e outros dados Diagnóstico da situação Quem deve ser treinado Como treinar Em que treinar Onde treinar Quando treinar Quem treinará Decisão quanto à estratégia Aplicação dos programas pela assessoria, pela linha ou combinadamente por ambos Implementação ou ação Acompanhamento Verificação ou medição Comparação da situação atual com a situação anterior Avaliação e controle Retroação Retroação Resultados insatisfatórios Resultados insatisfatórios Figura 19 – Processo de treinamento Definição das necessidades de treinamento (1) O diagnóstico de necessidade de treinamento deve ser executado do seguinte modo: observar e examinar a organização, as operações e as tarefas realizadas, bem como analisar individual e coletivamente os funcionários. Pautando‑se nesse diagnóstico, é possível definir as prioridades e a partir delas iniciar o processo de planejamento de formações para o alcance dos objetivos organizacionais. À área de gestão de pessoas cabe a percepção e a sensibilidade de saber lidar com as solicitações que chegam à área, pois nem sempre a solicitação do gestor é a causa de fato para resolver um problema; na grande maioria das solicitações, temos sintomas isolados, que, se tratados sem um diagnóstico efetivo, não resolverão nada. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 97 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Quadro 35 – Níveis de análise no LNT (levantamento de necessidades de treinamento) Nível de análise Sistema envolvido Informações básicas Análise organizacional Sistema organizacional Objetivos organizacionais e filosofia de treinamento Análise dos recursos humanos Sistema de treinamento Análise da força de trabalho (análise das pessoas) Análise de operações, tarefas ou atividades Sistema de aquisição de habilidades Análise de habilidades, capacidades, atitudes e comportamentos pessoais exigidos pelos cargos (análise dos cargos) Fonte: Chiavenato (2009b, p. 54). Levantamento de necessidades de treinamento Consultor interno: ouve, questiona, desafia e relaciona as necessidades de treinamento do cliente Cliente: descreve suas necessidades de treinamento Providências: Análise preliminar das necessidades Esboço de uma visão geral da situação Desenvolvimento de uma proposta Figura 20 – Esquema de LNT Análise das necessidades de treinamento Consultor interno: ouve, questiona, desafia. Procura compreender o contexto organizacional e as prioridades de aprendizagem Cliente: discute as maneiras pelas quais pode trabalhar melhor Providências: Definição dos objetivos da aprendizagem Definição dos indicadores de sucesso do programa Aprovação do projeto a ser desenvolvido Figura 21 – Análise das necessidades de treinamento Cesar Destacar 98 Unidade IV Por meio da análise de LNT, a área de RH dever ter acesso a informações, como o que deve ser ensinado, quem deve aprender, quando deve ser ensinado, onde ensinar, como ensinar e quem deve ensinar. Com esses registros, inicia‑se a etapa de elaboração e planejamento do treinamento. Projeto e planejamento do treinamento (2) Consiste na elaboração de ações e diretrizes com foco nos objetivos organizacionais. Nesta etapa, são definidos os seguintes aspectos: responsabilidade; tempo; recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos; conteúdos; abordagens; metodologia; avaliação. Segundo Chiavenato (2009b), a programação do treinamento requer um planejamento que envolve a abordagem do treinamento, o objetivo, a divisão do trabalho, a determinação do conteúdo, a escolha dos métodos, a definição dos recursos necessários para a execução, a definição da população‑alvo, o local, a época ou a periodicidade do treinamento, o cálculo da relação custo‑benefício do programa e a avaliação dos resultados do treinamento. Para Davies (1973 apud MARRAS, 2011a), o planejamento de um programa de treinamento envolve oito etapas: Quadro 36 Prescrição do treinamento Dá os detalhes dos objetivos, comportamento inicial e final e teste; faz a análise das tarefas Análise do assunto Desenvolve um conjunto de regras; traz uma lista dos pontos de aprendizagem Planejamento das táticas de ensino Determina as estruturas de ensino e as táticas apropriadas Redação de um rascunho do curso Executa uma cópia barata do rascunho do curso que possa ser facilmente alterada Teste com pessoas Faz um teste do curso com treinandos típicos (o curso está em julgamento) Revisão do curso Continua a revisão e o reteste até que seja alcançado um padrão aceitável Produção e instalação do curso Produz a versão final do curso juntamente com a administração e a manutenção Validação do curso Determina a assimilação conseguida em termos de resultados práticos; diferença entre pré‑teste e pós‑teste Adaptado de: Marras (2011a, p. 144). Execução do treinamento (3) Nesta fase, ocorre a implementação do que foi analisado durante o LNT e o que foi planejado na etapa anterior. Marras (2011a) define a fase de execução como: A execução é a aplicação prática daquilo que foi planejado e programado para suprir as necessidades de aprendizagem detectadas na organização. É a linha de produção do T&D. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 99 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA A área de T&D deve ter, a princípio, duas grandes preocupações com a execução dos módulos de treinamento: – a qualidade da aplicação dos módulos; – a eficiência dos resultados. Na qualidade da aplicação dos módulos, os fatores influentes, entre outros, são os seguintes: Didática dos instrutores: o nível de comunicação e a didática desses agentes são de suma importância para uma fácil e rápida assimilação das informações por parte dos treinandos. Preparo técnico: indubitavelmente de extrema importância, pelos mesmos motivos anteriores. É fundamental que o instrutor tenha convivência constante e prática com a função ou com as responsabilidades de que trata o tema do aprendizado. Quanto mais próximo dos problemas do dia a dia dos treinandos o instrutor estiver, mais identificação haverá entre o discurso e a prática, provocando um ambiente propício para o entendimento rápido. Lógica do módulo: os treinandos devem captar de forma transparente e logo nas primeiras sessões de treinamento a praticidade da proposta. A todo momento, ao longo dessas sessões, devem perceber soluções viáveis aos problemas que enfrentam no seu dia a dia e entender a lógica da abordagem. Dessa forma, a execução do programa garante o comprometimento do treinando nas sessões de treinamento e a manutenção da sua motivação em continuar aprendendo. Qualidade dos recursos: todo módulo de treinamento está sustentado por um planejamento prévio dos recursos a serem aplicados como subsídio às sessões de aprendizado. A escolha desse ou daquele recurso é reflexo da espécie do módulo de treinamento. Certo módulo pode requerer a exibição de um trecho específico de um filme; outro, a prática de certa atividade diretamente na máquina, e assim por diante. Entre os recursos que podem ser utilizados na execução de um módulo de treinamento, podemos citar os seguintes: –slides; – filmes de vídeo; – computador; Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 100 Unidade IV – sistemas de áudio; – televisão etc. Esse e outros recursos são normalmente utilizados para complementar sessões de exposição oral, com o intuito de facilitar o entendimento e oferecer opções de assimilação diferenciadas para os treinandos (cada indivíduo tem mais ou menos facilidade de assimilar informações, dependendo da forma como lhe são colocadas: por escrito, de forma visual, com práticas diretas etc.) (MARRAS, 2011a, p. 145‑146). Avaliação dos resultados do treinamento (4) Esse processo é essencial e deve levar em conta os objetivos do programa e toda a metodologia utilizada. A avaliação deve ser realizada com aqueles que participaram direta e indiretamente do treinamento, pois o foco é permitir a reestruturação, quando necessário, para futura demandas, além de verificar se ocorreram as modificações pretendidas. Marras (2011a) faz as seguintes ponderações sobre o processo de avaliação do treinamento: Essa é a última etapa do processo de treinamento. Tem por finalidade aferir os resultados conseguidos comparativamente àquilo que foi planejado e esperado pela organização. Para que essa etapa consiga suprir a sua finalidade, todo módulo de treinamento deve ser previamente planejado e programado para que, ao seu término, haja a possibilidade de mensurar os resultados conseguidos. Sem essa condição, cria‑se uma dificuldade muito grande que compromete a possibilidade da efetividade do trabalho realizado. Por essa razão – e por existir, de fato, em alguns casos, essa dificuldade – afirma‑se que é um dos grandes problemas enfrentados pela área de T&D: poder mensurar claramente os resultados de certos módulos de treinamento. Assim, em ocasiões em que não há reais possibilidades de realizar uma avaliação objetiva, devem‑se traçar previamente metas que conduzam a resultados ao menos observáveis ou com respostas indiretas que subsidiem a decisão de saber se a relação custo‑benefício foi conseguida ou não. Há ocasiões em que o treinamento é um investimento de longo prazo, sem nenhuma possibilidade imediata de computar resultados diretos sobre o trabalho. Isso acontece principalmente quando se resolve trabalhar questões ligadas ao comportamento humano, com respostas que envolvem mudanças a médio e longo prazos. Essas práticas são utilizadas por organizações habituadas a essa forma de investimento, pois, historicamente, conseguiram comprovar a eficácia Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 101 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA do método. É o que devem fazer todas as empresas ao planejar ações de treinamento e desenvolvimento, resguardando seus investimentos com planejamentos e programas rigorosamente bem elaborados. Como podemos observar no fluxograma a seguir, a avaliação situa‑se normalmente em dois pontos no sistema de treinamento: no primeiro, a avaliação é realizada após a aplicação do pré‑teste (entenda‑se como pré‑teste o momento em que se conhece o conjunto de CHA do treinando, antes do treinamento); no segundo, uma nova avaliação deve ser feita, após a aplicação do módulo de treinamento (pós‑teste), possibilitando uma análise comparativa entre os resultados “antes” e “depois” do evento. O fluxograma a seguir nos indica ainda que, caso o treinamento não tenha conseguido os resultados esperados na avaliação final, deverá ser realizada uma revisão na metodologia, conteúdo programático etc., reajustando o programa – se necessário – e reaplicando o módulo. Esse looping é necessário até que os objetivos tenham sido alcançados (MARRAS, 2011a, p. 149‑150). Pré‑teste Avaliação inicial Treinamento Pós‑teste Meta Avaliação final Revisão Figura 22 – Fluxo da avaliação no treinamento Para Chiavenato (2010), existem inúmeras formas de realizar a avaliação da eficácia de treinamento e desenvolvimento e o autor sugere cinco níveis: • Avaliação de reação: o objetivo é medir a satisfação dos participantes em relação ao processo de treinamento, verificando se o facilitador conseguiu atrair a atenção para o tema, se houve atividades práticas e se estas foram satisfatórias, se o espaço atendeu as expectativas e, por fim, se recomendaria o treinamento a outras pessoas. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 102 Unidade IV • Aprendizado: avalia‑se o processo de aprendizagem, verificando se o nível do conteúdo foi pertinente e suficiente, levando os participantes a adquirir novos conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes (comportamento). • Desempenho: analisa o impacto no treinamento no desempenho do trabalho realizado pelo participante por meio de novos conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes (comportamento) empregadas em sua rotina. É uma ferramenta vital nesse momento. • Resultado: o objetivo é medir o impacto do processo de treinamento nos resultados para a organização, visto que o treinamento pode reduzir custos, rotatividade e outros aspectos que levem a melhores processos e, consequentemente, aumentem o lucro. • Retorno do investimento: denominado ROI (return on investment), seu foco é verificar o quanto o processo de treinamento agregou à organização através do investimento feito. O cálculo do retorno sobre o investimento (ROI) proposto pela Axialent A Axialent (www.axialent.com) oferece algumas dicas para o cálculo do retorno do investimento em treinamento. Em primeiro lugar, é preciso definir um método para avaliar o benefício monetário do treinamento. • Custo da rotatividade de pessoal antes do treinamento: 1.500 funcionários x 40% x R$ 3.333,00 por funcionário = R$ 2.000.000,00 • Custo da rotatividade após o treinamento: 1.500 colaboradores x 28% x R$ 3.333,00 por colaborador = R$ 980.000,00 • Melhoria percentual atribuída à intervenção do treinamento: 90% • Economias atribuídas à intervenção do treinamento: R$ 2.000.000,00 – R$ 980.000,00 x 90% = R$ 918.000,00 • Investimento em treinamento: R$ 100.000,00 • Assim, o cálculo do ROI será obtido através da seguinte equação: O cálculo do ROI = (R$ 918.000,00 – R$ 100.000,00) = 818% R$ 100.000,00 Uma vez estabelecido o método para avaliar o benefício monetário do treinamento, podemos utilizar termos financeiros padronizados para definir a razão entre custo e benefício. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Máquina de escrever R$1.999.800,00 Cesar Máquina de escrever R$ 1.399.860,00 Cesar Máquina de escrever 42% Cesar Máquina de escrever R$ 251.974,80 Cesar Máquina de escrever R$251.974,80 Cesar Máquina de escrever 152% Cesar Destacar 103 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Existem três alternativas disponíveis: 1. Relação custo‑benefício: calcula o benefício monetizado dividido pelos custos do treinamento. Os custos típicos de treinamento incluem itens como: despesas com instrutores; materiais de ensino; programação; supervisão; avaliação dos resultados; tempo de afastamento do trabalho pelos participantes; despesas de locomoção; estadia e viagem etc. 2. Porcentagem do ROI: além da fórmula custo‑benefício, outra razão financeira é a porcentagem do ROI que representa o benefício menos o custo, dividido pelo custo, expresso em porcentagem. A razão custo‑benefício é a medida mais frequente do uso do treinamento porque é de fácil interpretação. 3. Tempo de retorno do investimento: outro indicador do ROI é o período de pagamento dos gastos em treinamento versus o período de retorno dos benefícios de treinamento; trata‑se de uma métrica financeira baseada no tempo. Ela conta quantos meses de desempenho são requeridos para alcançar o ponto de equilíbrio doinvestimento, após o qual há um retorno positivo. É um meio para proporcionar uma métrica baseada no tempo. Fonte: Chiavenato (2009b, p. 113‑114). 7.3 Métodos de treinamento de desenvolvimento Há diversos métodos para conduzir um processo de treinamento e desenvolvimento. Para tal, é preciso analisar o método adequado, o que é feito conforme os objetivos a serem alcançados e o conhecimento do público participante. A seguir, serão elencados alguns métodos possíveis e suas definições: • Aulas expositivas: são muito frequentes. O instrutor, especialista no assunto, expõe o tema aos componentes do grupo, que são ouvintes passivos, e esclarece suas dúvidas. Estas aulas devem ser complementadas com outras técnicas, garantindo mais envolvimento dos ouvintes. • Palestras e conferências: são realizadas por profissionais com grande conhecimento nas áreas cobertas pelo evento. A técnica é usada para atualização e busca novos conhecimentos, sendo recomendada para a necessidade de conteúdos específicos. • Estudos de caso: o aprendizado ocorre por meio de análise e discussão de estudos concretos, possibilitando o alinhamento de conhecimento à prática organizacional. • Dramatização (role‑playing): técnica cujos participantes assumem papéis em situações reais de trabalho, promovendo vivências diferenciadas, análises e mudanças. • Simulação: geralmente, é aplicada para treinamento de funcionários que operam equipamentos; há empresas que usam jogos como ferramenta de simulação de atividades voltadas ao ambiente corporativo. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 104 Unidade IV • Reuniões técnicas: conduzidas por pessoas experientes para repassar conhecimentos técnicos para aplicação profissional prática. • Ensino a distância: também conhecido como e‑Learning, ensino on‑line ou treinamento baseado na web. Nesse método, a internet e a tecnologia da informação contribuem para o ensino a distância, tornando o processo de instrução mais acessível e disponível a todo instante e em qualquer lugar. • Brainstorming (tempestade de ideias): técnica usada para provocar a criatividade e a rapidez de raciocínio; a informalidade é seu ponto‑chave e não há nenhum pré‑requisito ou formatação que limite as ideias. • Coaching: processo de planejamento para atingir determinado resultado, levando ao desenvolvimento profissional e pessoal. O coach (profissional) orienta, guia, treina, desenvolve, estimula, impulsiona o coachee (cliente) para que este eleve seus conhecimentos, aprimore os já existentes, aumente seu desempenho e alcance as metas definidas. • Mentoring: neste processo, um profissional experiente (mentor) oferece orientação e suporte e partilha sua experiência, apoiando o desenvolvimento profissional de uma pessoa (o orientado ou o protegido). 7.4 Fatores que contribuem para o sucesso de treinamento e desenvolvimento O sucesso das ações de T&D está diretamente vinculado à forma como o conhecimento é construído. Sabe‑se que aprender a aprender é um longo caminho a ser percorrido e envolve o ato de interação social. Isso significa que, para construir sua própria existência, o indivíduo precisa da socialização, portanto, no planejamento do treinamento, é necessário que haja um vínculo de interação social com as novas habilidades aprendidas e a forma como o treinamento é conduzido (REICHEL, 2008, p. 141). É essencial ter um olhar crítico para o responsável (instrutor de treinamento) pelo treinamento e desenvolvimento no processo de aprendizagem. Deve‑se adotar material didático adequado, trabalhando num ambiente com todos os equipamentos necessários. Todavia, sem uma relação instrutor‑aprendizagem e indivíduo‑grupo assertiva, todo o processo de desenvolvimento perde sentido e fica prejudicado. O instrutor que estará à frente do processo deve criar situações que estimulem o desenvolvimento dos participantes, respeitando as características do aprendiz. Reichel (2008) pontua algumas formas de agir do aprendiz e do treinando: Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 105 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Quadro 37 Aprendiz Instrutor Possuir pré‑requisitos necessários à assimilação dos novos conhecimentos Diagnosticar o potencial do aprendiz e dosar a profundidade da informação a partir desse potencial Revelar as dúvidas em uma forma de comunicação clara e objetiva Manter‑se fiel à realidade do aprendiz, dar e solicitar feedback Examinar, cultivar e memorizar as mensagens recebidas Apontar objetivos realistas, sempre passíveis de reformulação, para serem analisados pelo aprendiz ou mesmo formulados mediante atuação conjunta entre instrutor e treinando; conferência final das sessões, se tais objetivos foram efetivamente atingidos; apontar, solicitar e registrar relações entre as tarefas; dar e pedir exemplos; testar e comprovar aptidões Tomar parte ativa no processo, dando respostas operativas Fazer perguntas, pedir reorganização de condutas em situações novas e tarefas desafiadoras, variar os treinos Alternar períodos de estudo com períodos de descanso – prática distribuída Considerar o problema da fadiga e da monotonia, priorizando mais o seu papel na aprendizagem do que a necessidade de cumprir programas, horários e cronogramas Transferir conhecimentos de uma situação para outra Quebrar rotinas e comportamentos habituais, provocando a aplicação de conhecimentos Adaptado de: Reichel (2008, p. 142‑143). O sucesso do processo está diretamente ligado a aspectos que devem ser pensados na programação. A figura a seguir acentua esses aspectos: Época da aplicação Metodologia de aplicação Objetivos Escolha do instrutor Local de aplicação do módulo Escolha dos treinandos Duração do módulo Momento, data e horário adequados à aplicação do módulo Métodos / Conteúdos / Recursos Resultados (mensuráveis) esperados ao final do programa Especialização / Interno ou externo Interno ou externo / On‑the‑job Peças‑chave que deverão receber os conhecimentos Tempo necessário (em horas) para a transmissão dos conhecimentos Figura 23 Cesar Destacar 106 Unidade IV Cabe finalizar o subsistema de treinamento e desenvolvimento com as tendências da área: A American Society for Training and Development (ASTD) salienta que as principais tendências para T&D são as seguintes: Aprendizagem como estratégia empresarial: as organizações que aprendem bem e rápido e que posicionam o RH em um nível realmente estratégico conseguem desempenho de negócios muito melhores do que as organizações que não o fazem. E‑Learning: a TI está derrubando tradicionais barreiras, custos, horários e limites de sala de aula, influenciando e expandindo fortemente as ações de treinamento. Treinamento como consultoria de desempenho: em vez de focar nas atividades – aquilo que as pessoas fazem – o treinamento está focando nos problemas de desempenho das pessoas, equipes e empresa e os resultados que alcançam. O treinamento é um dos poderosos meios de aumentar as competências e os resultados do negócio. A liderança está valorizando o estilo coaching: a transição dos estilos técnicos e fechados para uma atuação mais humana e participativa está exigindo dos gerentes forte investimento em autoconhecimento e disponibilização de liderança e coaching para suas equipes. Aspectos como diálogo face a face, convergência, o exercício de dar e receber retroação, discussão de fatores que prejudicam a carreira das pessoas, relacionamento interpessoal e melhora do desempenho estão em alta. O papel do especialista em T&D estáse modificando: em vez de apenas oferecer cursos e workshops, ele está agora no centro do processo de aprendizagem e inovação da empresa para ajudar a organização e as pessoas a crescer e alcançar o sucesso em alinhamento com a estratégia organizacional. Essas são as boas notícias. A má notícia é que não se conseguiu transformar essas tendências em práticas do dia a dia em muitas empresas. Além do mais, as organizações estão requerendo mais do que o simples treinamento. Os tempos atuais exigem novas soluções, como: – foco em identificar e explorar capacidades distintas; – desenvolver sistemas multiplicadores de talentos; Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 107 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA – desenvolver uma cultura de inovação, aprendizado e excelência; – aumentar a densidade dos relacionamentos internos (CHIAVENATO, 2014, p. 330‑331). Saiba mais Para fixar o conteúdo abordado, sugerimos a leitura a seguir: ESTUDO aponta tendências e perspectivas para treinamento profissional em 2019. Acrítica, 10 jan. 2019. Disponível em: https://www.acritica.com/ channels/cotidiano/news/estudo‑aponta‑tendencias‑e‑perspectivas ‑para‑treinamento‑profissional‑em‑2019. Acesso em: 29 out. 2019. 7.5 Monitoração de recursos humanos Este subsistema trabalha o banco de dados e controles, como frequência, produtividade e o processo de auditoria de RH. O questionamento que define esse subsistema é: como saber o que são e o que fazem as pessoas na organização? Provisão Planejamento de RH Recrutamento e seleção de pessoal Integração Compensação Benefícios socias Higiene e segurança Relações sindicais Desenho de cargos Descrição e análise de cargos Avaliação do desempenho humano Treinamento e desenvolvimento de pessoas Desenvolvimento organizacional Banco de dados e sistema de informação Auditoria de recursos humanos Aplicação Manutenção Gestão de pessoas Desenvolvimento Monitoração Figura 24 No subsistema de monitoração, estão as atividades relacionadas ao DP, que são gerenciadas através de sistemas de operações usados para coletar, registrar, armazenar, analisar e recuperar dados a respeito dos recursos humanos da empresa, e hoje a maioria dos sistemas de informação de RH são informatizados. Nesse contexto, o objetivo do DP é fornecer subsídios à tomada de decisões gerenciais, sendo fonte de dados aos demais subsistemas em suas inúmeras atividades, como: recrutamento e seleção; treinamento e desenvolvimento; avaliação de desempenho; administração de salários; registro e controle de pessoal; estatística de pessoal; higiene e segurança do trabalho. Todos os dados e indicadores são armazenados. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 108 Unidade IV As atividades da área estão dividias em três setores, os quais estão interligados. • Admissão de pessoal: responsável por todo o processo de integração do funcionário na empresa, com base em critérios administrativos e jurídicos. As atividades do setor têm início com o recrutamento e a seleção, e a efetivação do vínculo entre indivíduo e empresa é feita através do registro, conforme a legislação trabalhista; por fim, efetiva‑se o processo de integração do funcionário à empresa. • Compensação de pessoal: cuida de todo o processo de controle de frequência, pagamento da remuneração (salários e benefícios), pagamentos de taxas, impostos e contribuições. Com a integração do funcionário, instaura‑se o processo de controle de frequência, elaboração da folha de pagamento, controle de benefícios e cálculos de tributos. • Desligamento de pessoal: trata do processo de desligamento e quitação do contrato de trabalho, estendendo‑se na representação da organização com os órgãos oficiais, como Delegacia Regional do Trabalho (DRT), sindicato e Justiça do Trabalho. As atividades do setor têm início com o desligamento e são finalizadas somente quando houver a efetiva quitação do contrato de trabalho. Quadro 38 – Setores que compõem o DP Admissão Compensação Desligamento Recrutamento e seleção Registro (contratação) Integração Controle de jornada de trabalho Folha de pagamento Remuneração (salário e benefícios) Tributação Rescisão Justiça do Trabalho Fiscalização 7.6 Legislação Em 1º de maio de 1943, foi promulgado o Decreto‑lei n. 5.452, que aprovou a CLT, criada pelo presidente Getúlio Vargas durante a fase historicamente conhecida como legal, garantindo aos trabalhadores inúmeros direitos trabalhistas. No ano de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, alguns direitos dos trabalhadores foram confirmados (salário mínimo, décimo terceiro), outros foram alterados (jornada de 44 horas semanais, 1/3 a mais nas férias) e outros foram criados (salário‑maternidade e licença‑paternidade). Em 2017, foi aprovada e sancionada a Reforma Trabalhista, alterando a legislação e causando impacto no Judiciário e na rotina de empresas e funcionários. Tais mudanças trouxeram uma necessária modernização das relações de trabalho vigentes no Brasil e não diminuíram a importância dos direitos dos trabalhadores. Embora tenha causado muitas polêmicas e especulações equivocadas, a Reforma buscou manter o diálogo entre as partes, a fim de facilitar as relações de trabalho, e não extinguir direitos. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 109 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Saiba mais Leia as referências a seguir para entender melhor a Reforma Trabalhista de 2017: BRASIL. Senado Federal. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto‑lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, as Leis n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, 2017. Disponível em: http://www.trtsp.jus. br/geral/tribunal2/LEGIS/Leis/13467_17.html. Acesso em: 29 out. 2019. CARLA, J. Reforma Trabalhista: o que muda no seu dia a dia. Serasa Ensina, [s.d.]. Disponível em: https://www.serasaconsumidor.com.br/ensina/ dicas/reforma‑trabalhista/. Acesso em: 4 nov. 2019. As leis trabalhistas estão inseridas em uma hierarquia, a qual deve ser observada e respeitada. • Constituição Federal: é o conjunto de leis fundamentais; é considerada a lei máxima e obrigatória entre todos os cidadãos do país, servindo como garantia dos seus direitos e deveres. • CLT: é a lei trabalhista do Brasil, na qual constam as normas que regulam as relações de trabalho entre empregador e empregados. • Jurisprudência, súmulas e enunciados: conjunto de sentenças proferidas por juízes. • Norma coletiva de trabalho: conhecida como Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), é o acordo de caráter normativo entre os trabalhadores e os empregadores da classe sindicalizada. • Regulamento interno da empresa: documento formal que estabelece o que é permitido ou não dentro da empresa e pode abranger regras tanto para os empregados quanto para o próprio empregador. • Contrato individual de trabalho: acordo entre empregador e empregado no qual este subordina‑se profissionalmente ao empregador, oferecendo serviços contínuos em troca de um salário. A CLT define nos arts. 442 e 443 as regras do contrato. 8 CONTRATO DE TRABALHO São inúmeros os tipos de contrato de trabalho existentes no Brasil. Com a Reforma Trabalhista de 2017, alguns modelos foram regulamentados e outros foram criados. A seguir, destacaremos sua definição, seus direitos e seus deveres. Cesar Destacar Cesar Destacar CesarDestacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 110 Unidade IV Contrato por tempo determinado Regulado pela Lei n. 9.601/98, neste modelo ocorre a definição da data inicial e final do contrato, pois não se deve ultrapassar dois anos trabalhando dessa forma; caso prorrogado mais de uma vez, excedendo os dois anos, o contrato deve ser alterado para contrato indeterminado. Vale ressaltar que o contrato por tempo determinado não garante ao trabalhador aviso‑prévio, multa de 40% do FGTS e seguro‑desemprego. No fim de seu contrato de dois anos, caso o trabalhador queira voltar a trabalhar na organização ou esta queira recontratá‑lo, será necessário esperar seis meses para fazer um novo contrato. A validade do contrato por tempo determinado é baseada em três hipóteses estipuladas na CLT: • Contratação de serviço cuja natureza justifique a predeterminação do prazo do contrato. • Contratação de atividades empresariais de caráter transitório. • Contratação de colaborador em caráter de experiência. O contrato de experiência de trabalho é considerado um contrato por tempo determinado, o qual não poderá ultrapassar noventa dias nem sofrer mais de uma prorrogação; o objetivo é permitir conhecimento mútuo às partes contratantes. Tabela 1 – Exemplos de possibilidades de contrato de experiência Exemplo 1 Exemplo 2 Contrato de experiência = 45 dias Prorrogação = 45 dias Total = 90 dias Contrato de experiência = 30 dias Prorrogação = 30 dias Total = 60 dias Contrato por tempo indeterminado É o mais utilizado pelas empresas e é considerado como regra da CLT. Não há data para término do vínculo entre as partes (empresa e empregado). Nesse modelo, há cumprimento do aviso‑prévio, seja por meio de pagamento na rescisão, seja por meio de trabalho, conforme período definido pela legislação (Lei n. 12.506, de 13 de outubro de 2011). Na rescisão de contrato por parte da empresa, caso o colaborador não tenha falha na conduta, ele poderá usufruir o direito de receber os 40% de multa sobre o valor do FGTS, seguro‑desemprego e aviso‑prévio. Com a Reforma Trabalhista atual, poderá ser feito acordo entre empresa e trabalhador para finalizar o contrato. Se essa for a decisão, então a organização deverá pagar ao funcionário a metade do aviso‑prévio e a metade da multa dos 40% sobre o saldo do FGTS. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 111 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Contrato de trabalho temporário Neste contrato, o funcionário é contratado para cumprir o trabalho em prazo previamente determinado. O prazo deve ser de três meses, podendo ser prorrogado por mais seis meses. O objetivo deste modelo é atender a uma necessidade transitória de substituição de quadro ou ainda pelo aumento de serviços. Um exemplo comum é no caso de substituição na licença‑maternidade. Assim, o colaborador tem direito a horas extras, descanso semanal remunerado, 13º salário proporcional ao tempo de serviço e férias. No fim do contrato, o funcionário terá os mesmos direitos daqueles que foram contratados por prazo indeterminado. Contrato de trabalho eventual Destinado aos trabalhadores que prestam serviços esporádicos, tal contrato não gera vínculo empregatício, por isso é diferente do trabalho temporário. O trabalhador eventual é chamado para exercer uma atividade esporadicamente e não pode ser considerado empregado da empresa, pois o período de atividade é muito curto. Como o trabalho é esporádico e não há vínculo trabalhista algum, não existe direito a nenhum benefício, o trabalhador recebe apenas pelo serviço prestado. Contrato de trabalho home office Nesta modalidade, o colaborador presta serviços fora das dependências da organização e suas tarefas são desenvolvidas por meio de tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Apesar de se tratar de uma atividade home office, o funcionário precisa ir até a empresa para realizar alguma atividade específica. Como a atividade é exercida fora da empresa e, em alguns casos, na residência do funcionário, é essencial um acordo entre empresa e funcionário sobre os custos com equipamento, insumos e despesas variáveis, por exemplo, energia. Tudo o que for acordado deve estar presente no contrato de trabalho, para que haja clareza nas informações. Vale ainda pontuar que no contrato home office não se perde nenhum direito trabalhista, cabendo à empresa negociar alguns benefícios. Contrato de trabalho intermitente Nesta modalidade, a atividade ocorre com alternância de período de prestação de serviços e de inatividade, isto é, o período em que o trabalhador estiver inativo não quer dizer que ele estará à disposição da empresa, inclusive o funcionário pode até prestar serviço para outras empresas. Caso a empresa anterior queira contratá‑lo novamente para realizar serviços, deverá informá‑lo com três dias de antecedência. O trabalho deve ser determinado em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador. O contrato deve ser feito por escrito, com todas as informações pertinentes, por exemplo, como será executado o pagamento do funcionário. No contrato intermitente, o funcionário tem acesso aos direitos trabalhistas, como férias, FGTS, previdência e 13º salário proporcional. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 112 Unidade IV Contrato de trabalho parcial Conhecido também como trabalho part‑time, no contrato parcial é definido e formalizado um acordo com período inferior ao praticado ao trabalho semanal, cujo número de dias de trabalho deve ser estipulado no contrato, assinado entre as partes; caso não fixado em contrato, entende‑se que o trabalhador estará prestando serviço no horário normal. Com a mudança na CLT, este modelo de contrato permite ao funcionário o direito às férias, igual aos demais trabalhadores celetistas. Contrato de trabalho doméstico É aplicado ao empregado doméstico, considerado aquele que presta serviços de forma contínua e subordinada à pessoa ou à família no âmbito residencial por mais de dois dias por semana, conforme Lei Complementar n. 150/15. Contrato de trabalho terceirizado O processo deve passar por uma prestadora de serviço, que será responsável pela contratação do profissional de acordo com as necessidades fixadas e solicitadas pela empresa. A empresa terceirizada é responsável pelos pagamentos aos funcionários, que não são subordinados a ela, portanto, o vínculo e a subordinação estão relacionados à empresa que presta serviços. É essencial que as empresas que buscam esse modelo de contratação tenham conhecimento dessas regras, pois qualquer irregularidade pode gerar problemas trabalhistas. Nesse modelo, a empresa não realiza o processo de desligamento do funcionário, ela o solicita à terceirizada, que deve recolher o funcionário e definir uma nova alocação em outra empresa ou fazer o desligamento. Contrato de trabalho autônomo Não há vínculo empregatício com a empresa, ou seja, o profissional é apenas um prestador de serviço. O trabalhador autônomo pode prestar serviço de qualquer natureza para o tomador de serviços, não há subordinação jurídica e no contrato não pode constar exclusividade. Esse profissional não possui empresa aberta, sendo seu pagamento realizado por RPA (recibo de pagamento a autônomo), um documento simples elaborado no ato do pagamento. O profissional autônomo não tem direitos trabalhistas, mas pode e deve contribuir de forma individual com o INSS, o que lhe dará o direito a auxílio‑doença, a auxílio‑reclusão,a salário‑maternidade, à pensão em caso de morte e à aposentadoria por idade, invalidez ou tempo de contribuição. Contrato de trabalho estagiário Segundo a Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, por meio do estágio, o aluno tem o objetivo de aprimorar o que está sendo aplicado em sala de aula, auxiliando sua formação como futuro profissional, pois terá vivência prática no mercado. De acordo com o art. 1º da lei, estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de Ensino Médio, da educação Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 113 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA especial e dos anos finais do Ensino Fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. O estágio não caracteriza vínculo de emprego de qualquer natureza, desde que observados os requisitos legais, não sendo devidos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários (BRASIL, 2008, art. 3º e 15). No termo de compromisso de estágio assinado pela instituição de ensino, empresa e aluno, devem constar informações como: os dados de identificação das partes, inclusive cargo e função do supervisor do estágio da parte concedente e do orientador da instituição de ensino; as responsabilidades de cada uma das partes; o objetivo do estágio; a definição da área do estágio; o plano de atividades com vigência; a jornada de atividades do estagiário; a definição do intervalo na jornada diária; a vigência do termo; os motivos de rescisão; a concessão do recesso dentro do período de vigência do termo; o valor da bolsa, nos termos do art. 12; o valor do auxílio‑transporte, nos termos do art. 12; a concessão de benefícios, nos termos do § 1º do art. 12; e o número da apólice e a companhia de seguros (BRASIL, 2008). No tocante a informações como jornada diária, prazo de duração de estágio, bolsa e recesso, a empresa deve seguir orientações definidas na legislação, evitando penalidades em caso de irregularidades. Contrato de trabalho trainee Destina‑se ao recém‑formado, que deve passar por um período de experiência em uma empresa que o admitiu, e o contrato pode ter ou não um tempo determinado. O contrato de trainee é entendido como outro qualquer, oferecendo todos os direitos decorrentes de uma relação de trabalho, e a carga horária do trabalho deve obedecer às quarenta e quatro horas semanais e oito horas diárias, conforme legislação. Contrato de trabalho do menor aprendiz Conforme a Lei n. 10.097/2000, ampliada pelo Decreto Federal n. 5.598/2005, o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, no qual a empresa se compromete a assegurar ao aprendiz de idade entre 14 a 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico‑profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. Para tanto, a jornada de trabalho do aprendiz deve ser de, no máximo, seis horas diárias (art. 432 da CLT), ficando vedada a prorrogação e a compensação de jornada, podendo chegar ao limite de oito horas diárias, desde que o aprendiz tenha completado o Ensino Fundamental e se nelas forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. O prazo não poderá exceder dois anos, exceto quando o aprendiz tiver alguma deficiência, e pressupõe anotação na CTPS, matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso não haja conclusão do Ensino Fundamental. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 114 Unidade IV Saiba mais Para saber mais, consulte os seguintes documentos: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÁGIOS (ABRES). Cartilha do Estágio. Abres, 2017. Disponível em: http://abres.org.br/wp‑content/ uploads/2019/11/cartilha_abres.pdf. Acesso em: 29 out. 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual da Aprendizagem. Brasília, 2014. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/ Documentos/Aprendizagem/Manual_da_Aprendizagem2017.pdf. Acesso em: 29 out. 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. Trabalhadores domésticos: direitos e deveres. Brasília, 2015. Disponível em: http://portal. esocial.gov.br/manuais/cartilha‑trabalhadores‑domesticos‑direitos‑e‑ deveres. Acesso em: 29 out. 2019. 8.1 Rotinas de admissão Finalizado o processo de recrutamento e seleção, inicia‑se o procedimento de admissão, com a entrega dos documentos para regularização do vínculo do novo funcionário, procedimento que diferencia o trabalhador informal do trabalhador formal, que atua com carteira assinada. Cabe ao empregador a solicitação de todos os documentos para que a empresa realize o processo de admissão do empregado. Observação Conforme o art. 13 da CLT, a CTPS é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada (BRASIL, 1943). A seguir, destaca‑se a lista de documentos necessários para registro: • CTPS. • Certidão de nascimento, casamento, declaração de união estável etc. • Cédula de identidade (RG). • Número do Cadastro Pessoas Física (CPF). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 115 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA • Registro profissional expedido pelo órgão da classe (CRP, CRM, OAB, Crea). • Certificado de reservista ou alistamento militar para os empregados brasileiros do sexo masculino como prova de quitação com o serviço militar (para os maiores de 18 anos). • Título de eleitor e comprovante da última votação para maiores de 18 anos. • Cópia de certidão de nascimento dos filhos menores de 14 anos. • Carteira de vacinação original dos filhos menores de 5 anos. • Atestado de invalidez de filhos de qualquer idade. • Declaração de dependentes para fins de imposto de renda na fonte. • Comprovante de residência. • Atestado médico admissional ou atestado de saúde ocupacional (ASO), conforme NR‑7. • Comprovante de escolaridade exigido para o cargo. • Carteira Nacional de Habilitação (CNH): para os empregados que exercerão o cargo de motorista ou qualquer outra função que envolva a condução de veículos. • Foto (tamanho e quantidade a critério da empresa). • Carteira de identidade de estrangeiro (caso seja estrangeiro). • Cartão do PIS (caso não seja o primeiro emprego). Saiba mais Para ler o conteúdo do PCMSO na íntegra, acesse: BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. Norma Regulamentadora n. 7. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Brasília, 1978b. Disponível em: http://www.trtsp.jus.br/geral/ tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_7.html. Acesso em: 29 out. 2019. Feita a entrega da documentação, a empresa tem o prazo de 48 horas para realizar as anotações na CTPS, na qual serão anotadas a data de admissão, a remuneração, seja qual for a forma de pagamento, Cesar Destacar Cesar Destacar 116 Unidade IV e as circunstâncias especiais, quando houver. A empresa que não realizar a devolução no prazo previsto pela legislação estará sujeita ao pagamento de indenização de um dia de salário para cada dia de atraso. “Será devida ao empregado a indenização correspondente a 1 (um) dia de salário, por dia de atraso, pela retenção de sua carteira profissional após o prazo de 48 horas” (BRASIL, 2017). Vale ressaltar ainda que a anotação desabonadora, a falta de anotação, o extravio ou a inutilização da CTPS submeterá o empregadorao pagamento de multa prevista nos arts. 49 a 56 da CLT. As organizações devem adotar como procedimento o uso de recibo de recolhimento de CTPS, assim como sua devolução ao empregado, a fim de formalizar sua correta atuação e para se resguardar em caso de fiscalização. Assim, como registro inicial, a atualização da CTPS deverá ser efetuada na data base da categoria, assim como férias, afastamento por motivo de doença, acidente de trabalho, a qualquer tempo solicitado pelo empregado, rescisão contratual e fins previdenciários. 8.1.1 Sequência de rotina do processo de admissão Exame médico admissional Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) Registro em ficha/livro Contrato de trabalho escrito Caged — envio obrigatório Salário‑família Declaração de dependente – IR Cadastramento no PIS Declaração de vale‑transporte Recibo do regulamento interno Figura 25 – Esquema de rotina do processo de admissão Segundo Costa (2016), na contratação são necessários os seguintes procedimentos por parte da empresa: a) Obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do empregado, entregando‑lhe recibo desta obtenção para efetuar as anotações e devolvê‑la no prazo máximo de 48 horas. Cesar Destacar Cesar Destacar 117 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA b) Preencher o livro ou ficha de registro de empregados com os dados necessários do trabalhador. c) Formalizar o contrato de trabalho e, caso haja cláusulas específicas que rejam o vínculo empregatício, registrá‑las na CTPS. d) Preencher a ficha de salário‑família, usada para lançar os dados extraídos das certidões de nascimento dos filhos menores de 14 anos. e) Preencher o termo de responsabilidade, que deverá ser atualizado sempre que acontecer uma das ocorrências mencionadas no referido termo. f) Preencher o acordo de prorrogação de horas, caso a jornada de trabalho seja prorrogada. g) Celebrar acordo individual ou coletivo com o sindicato da categoria, para regime de compensação de horas de trabalho (banco de horas), se for o caso. h) Preencher a declaração de dependentes para fins de imposto de renda, quando os rendimentos do empregado estiverem sujeitos à retenção na fonte. i) Preencher o cartão de ponto ou incluir o nome do empregado no livro de ponto, para sua assinalação, caso a empresa seja obrigada a manter o registro de trabalho e o empregado esteja sujeito a horário controlado pela empresa. j) Preencher a ficha ou papeleta de ponto externo, além do cartão de ponto normal, para os empregados cuja jornada for executada integralmente fora do estabelecimento. k) Preencher a ficha referente ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), cujas anotações serão feitas por médicos do trabalho, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do trabalhador (COSTA, 2016, p. 25). Os tópicos a seguir abordarão as rotinas de compensação. 8.1.2 Livro de Inspeção do Trabalho A Portaria n. 3.158, de 18/05/71, fixa a obrigatoriedade de a empresa manter o Livro de Inspeção do Trabalho em seu estabelecimento, e as que possuem outras unidades/filiais deverão manter um livro de inspeção em cada uma delas para apresentação em caso de visita do fiscal do trabalho. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 118 Unidade IV Considerando que os §§ 1º e 2º do art. 628 da Consolidação das Leis do Trabalho, com a redação dada pelo Decreto‑lei n. 229, de 28 de fevereiro de 1967, preveem a existência de um livro denominado “Inspeção do Trabalho” para o registro das inspeções efetuadas; Considerando que os mesmos dispositivos estabelecem que o referido livro deverá ter seu modelo aprovado por portaria ministerial, resolve: Art. 1º. Ficam as empresas ou empregadores, sujeitos à inspeção do trabalho, obrigados a manter um livro de “Inspeção do Trabalho”, de acordo com as seguintes especificações: a) o livro deverá ser encadernado, em cor escura, tamanho 22 x 33 cm; b) conterá o livro 100 (cem) folhas numeradas tipograficamente, em papel branco acetinado, encorpado e pautado, conforme modelo n. 1, que acompanha esta portaria; c) as folhas 1 (um) e 100 (cem) conterão, respectivamente, os termos de abertura e encerramento, efetuados pela empresa ou empregador, conforme modelos n. 2 e 3. Art. 2º. Os Agentes da Inspeção do Trabalho relacionados nas alíneas de a à d do inciso II do art. 2º do Decreto n. 55.841, de 15 de março de 1965, quando de sua visita ao estabelecimento empregador, autenticarão o Livro de Inspeção do Trabalho que ainda não tiver sido autenticado, sendo desnecessária a autenticação pela unidade regional do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao art. pela Portaria MTb n. 402, de 28.04.1995, DOU 02.05.1995) Art. 3º. As empresas ou empregadores que mantiverem mais de um estabelecimento, filial ou sucursal, deverão possuir tantos livros “Inspeção do Trabalho” quantos forem seus estabelecimentos (BRASIL, 1971). O Livro de Inspeção do Trabalho serve para que o auditor fiscal realize as anotações de irregularidades encontradas, os prazos para regularização e demais informações, como data, hora de início e encerramento da visita a empresa. Vale ainda pontuar que micro e pequenas empresas, conforme art. 51 da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, estão desobrigadas a ter o Livro de Inspeção do Trabalho. 8.1.3 Jornada de trabalho A Constituição Federal dispõe que a duração normal do trabalho não deverá ser superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação de horários e redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. O período que exceder essa determinação será Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 119 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA considerado de hora extra. O legislador, contudo, não fixa a carga horária mensal, apenas limita a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais. Para Costa (2016), o horário de trabalho é o espaço em que o funcionário presta serviço à empresa, contando do momento que inicia até seu término, não se computando o intervalo para alimentação e repouso. Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º. Não excedendo 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3º. O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. § 4º. A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) (BRASIL, 2017). 8.1.3.1 Controle de jornada de trabalho Conforme o caput do art. 74 da CLT, o horário do trabalho deverá constar de um quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, e deve ser fixado em lugar bem visível. Por ou lado, o § 2º do art. 74 da CLT determina que os estabelecimentos com mais de dez trabalhadores realizem a anotação de hora de entrada e de saída em registro manual, mecânico ou eletrônico,conforme instruções do MTE, devendo haver pré‑assinalação do período de repouso. Conclui‑se, portanto, que a marcação do horário de trabalho é procedimento obrigatório em todas as empresas com mais de dez empregados, não podendo a empresa dispensá‑los de tal prática. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 120 Unidade IV Observação A Portaria n. 1.510, de 21/08/09, disciplina o registro eletrônico de ponto (REP) e a utilização do sistema de registro eletrônico de ponto (SREP). 8.1.4 Dispensa da marcação de horário Segundo o art. 62 da CLT, com as alterações introduzidas pela Lei n. 8.966, de 27/12/74, estipula‑se o seguinte a respeito da duração do trabalho: Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: (Redação dada pela Lei n. 8.966, de 27.12.1994) I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei n. 8.966, de 27.12.1994) II – os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, aos diretores e chefes de departamento ou filial; (Incluído pela Lei n. 8.966, de 27.12.1994) III – os empregados em regime de teletrabalho. (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) (Vigência) Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Incluído pela Lei n. 8.966, de 27.12.1994) (BRASIL, 2017). 8.2 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi criado como registro permanente de admissões e dispensa de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). É utilizado pelo Programa de Seguro‑Desemprego, para conferir os dados referentes aos vínculos trabalhistas, além de outros programas sociais. Este cadastro serve, ainda, como base para a elaboração de estudos, pesquisas, projetos e programas ligados ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que subsidia a tomada de decisões para ações governamentais (BRASIL, 2015a). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 121 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA O Caged (Lei n. 4.923, de 23/12/1965) funciona como instrumento de acompanhamento e de fiscalização do processo de admissão, transferência e de dispensa de trabalhadores regidos pela CLT, sendo seu prazo de entrega até o dia 7 do mês subsequente ao mês de referência das informações. Observação Entende‑se como transferência a entrada de funcionários em outros estabelecimentos da mesma empresa ou de um mesmo grupo de empresas. Ainda envolve os casos de fusão, incorporação ou desmembramento de empresas. Destacam‑se a seguir os principais objetivos do Caged: • Acompanhar e fiscalizar o processo de admissão, transferência e dispensa do empregado. • Estabelecer medidas contra o desemprego e dar assistência aos desempregados. • Subsidiar a fiscalização do trabalho. • Viabilizar o pagamento do seguro‑desemprego. • Atender à atualização profissional e à recolocação no mercado de trabalho (intermediação). • Compor o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais). • Gerar estatísticas conjunturais sobre o mercado de trabalho celetista. 8.3 Descanso Semanal Remunerado (DSR) Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização (BRASIL, 1943). As empresas que funcionam aos domingos e feriados de forma legalizada precisam adaptar as regras de escala para seus funcionários, garantindo o descanso semanal de vinte e quatro horas seguidas e preferencialmente aos domingos; para tanto, é necessário que a empresa realize um revezamento nos serviços exercidos aos domingos, conforme a CLT. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 122 Unidade IV Observação Para a CLT, domingo é o dia ideal para o descanso, pois é quando é possível aproveitar a companhia da família e dos amigos, além de revigorar as energias empregadas durante a semana. Assim, o DSR é visto como um objetivo social, promovendo tempo para o lazer e a recreação. Ainda é importante ressaltar dois pontos: • Para que o funcionário tenha direito ao benefício do DSR, é fundamental que seu horário de trabalho seja realizado completamente, isto é, não exista justificativa de ausência, punições disciplinares, atrasos ou saídas durante o expediente. • A Reforma Trabalhista determinou que contrato de trabalho do tipo 12x36 (no qual funcionário trabalha por doze horas seguidas e repousa por trinta e seis horas) excluiu a possibilidade de descanso semanal remunerado, por entender que essas horas disponibilizadas são suficientes para assegurar um descanso adequado ao empregado. 8.3.1 Período de descanso entre jornadas Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. [...] Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º. Não excedendo 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3º. O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 123 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. (Art. 71 CLT – Decreto‑lei n. 5452/43) (BRASIL, 2017). 8.3.2 Prorrogação de horas (horas extras) A carga horária de trabalho pode ser acrescida de horas adicionais (horas extras), em número não excedente de duas, com a remuneração de, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. Destaca‑se que isso deve ser registrado no acordo escrito entre as partes ou na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), e a utilização de banco de horas deve ser pactuada por acordo individual escrito. Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) § 1º. A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) § 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondentediminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, a soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada pela Medida Provisória n. 2.164‑41, de 2001) § 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017) [...] § 5º. O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) § 6º. É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. (Incluído pela Lei n. 13.467, de 2017) (BRASIL, 1943). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 124 Unidade IV Acentua‑se a seguir um exemplo de cálculo de hora extra: Tabela 2 Horista Mensalista Salário – hora normal = 7,00 x 50% = 3,50 7,00 + 3,50 = 10,50 Hora extra = 10,50 Salário = 1.540,00 1.540,00 / 220 = 7,00 7,00 x 50% = 3,50 7,00 + 3,50 = 10,50 Hora extra = 10,50 Fonte: Silva (2009, p. 87). 8.4 Adicional noturno Considera‑se noturno o trabalho executado entre 22h de um dia e 5h do dia seguinte. Nesse período, a remuneração terá acréscimo de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna, e irá integrar o salário enquanto durar a situação, ou seja, enquanto o trabalhador realizar total ou parcialmente o seu trabalho no período noturno. A hora noturna é computada do seguinte modo: cinquenta e dois minutos e trinta segundos, ou seja, sete horas noturnas equivalem a oito horas diurnas. Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. (Redação dada pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) § 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. (Redação dada pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) § 2º. Considera‑se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. (Redação dada pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) § 3º. O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito, tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder esse limite, já acrescido da percentagem. (Redação dada pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) § 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica‑se às horas de trabalho noturno o disposto Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 125 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA neste artigo e seus parágrafos. (Redação dada pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) § 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica‑se o disposto neste capítulo. (Incluído pelo Decreto‑lei n. 9.666, de 1946) (BRASIL, 1943). 8.4.1 Adicional de periculosidade Deve ser pago ao funcionário exposto a atividades periculosas, na forma da regulamentação aprovada pelo MTE, sendo consideradas atividades ou operações perigosas as que, por sua natureza ou seus métodos de trabalho, implicarem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a produtos inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, além de roubos ou qualquer outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. É importante notar que o adicional de periculosidade é de 30% sobre o salário‑base, e não sobre este, acrescido de outros adicionais. Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei n. 12.740, de 2012) I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei n. 12.740, de 2012) II – roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. (Incluído pela Lei n. 12.740, de 2012) § 1º. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei n. 6.514, de 22.12.1977) § 2º. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. (Incluído pela Lei n. 6.514, de 22.12.1977) § 3º. Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei n. 12.740, de 2012) § 4º. São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei n. 12.997, de 2014) (Art. 193 CLT – Decreto‑lei 5452/43) (BRASIL, 2017). Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 126 Unidade IV 8.4.2 Adicional de insalubridade Atividades ou operações insalubres são aquelas que expõem o funcionário a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância previstos na NR‑15. Atuando com atividade insalubre no grau mínimo, o funcionário recebe 10% de adicional de insalubridade; para o grau médio, 20%; grau máximo, 40%. O art. 191 da CLT acentua duas atitudes que podem ser adotadas pelas empresas para eliminar ou neutralizar os agentes nocivos: a aplicação de medidas para que a atividade ou o local fique no nível de tolerância previsto e a disponibilização de equipamentos e proteção que diminuam a intensidade do agente nocivo. Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, suas condições ou seus métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, os meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único. As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersoides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I – com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II – com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional, respectivamente, de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo da região, conforme sua classificação, em graus máximo, médio
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