Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Contabilidade e legislação trabalhista Profª. Estelamaris Reif Profª. Maike Bauler Theis 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª. Estelamaris Reif Profª. Maike Bauler Theis Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R361c Reif, Estelamaris Contabilidade e legislação trabalhista. / Estelamaris Reif; Maike Bauler Theis. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 243 p.; il. ISBN 978-65-5663-219-3 ISBN Digital 978-65-5663-214-8 1. Legislação trabalhista. – Brasil. I. Theis, Maike Bauler. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 341.6 apresentação Olá, acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Contabilidade e Legislação Trabalhista! Este livro é importantíssimo para sua continuação no processo de formação educacional e profissional. Ele foi elaborado de forma que seu conteúdo conceitual e prático esteja de acordo com a legislação vigente, proporcionando qualidade nos seus estudos. Neste livro, entenderemos os aspectos teóricos da legislação trabalhista, seus cálculos e sua contabilização. Conheceremos a legislação trabalhista (leis), que fará com que você tenha uma base teórica para continuar com o restante do estudo. É importante destacar que a base teórica se torna necessária para fundamentar e dar suporte, pois ela pode ser considerada o conjunto de regras ou leis a serem seguidas. Compreenderemos e trabalharemos as obrigações trabalhistas. Além de estarmos atentos aos documentos necessários para admissão/demissão do funcionário, conheceremos os controles especiais obrigatórios para cada empresa. Veremos que o regime de tributação na qual a empresa está inserida influencia diretamente no cálculo da folha de pagamento e dos seus respectivos encargos. Por fim, a última unidade deste livro é dedicada à prática dos conceitos abordados. Você terá a oportunidade de praticar vários cálculos de folha de pagamento e rescisão trabalhista, bem como efetuar a contabilização destes. Aproveite! Esses assuntos tornarão você um profissional qualificado para atuar no mercado de trabalho. Ótimos estudos! Profª. Estelamaris Reif Profª. Maike Bauler Theis Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO...................................................................................... 1 TÓPICO 1 — DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL .................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 ORIGEM DAS LEIS TRABALHISTAS ........................................................................................... 3 3 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS (CLT) .............................................................. 5 4 NOVA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA .......................................................................................... 6 4.1 LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA ........................................................................................... 8 5 TERCEIRIZAÇÃO DAS ATIVIDADES .......................................................................................... 9 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS ........................... 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 2 PROCEDIMENTOS ADMISSIONAIS ......................................................................................... 15 3 CONTRATO DE TRABALHO ........................................................................................................ 17 3.1 TIPOS DE CONTRATO DE TRABALHO ................................................................................. 21 3.1.1 Contrato por prazo determinado ...................................................................................... 21 3.1.2 Contrato intermitente .......................................................................................................... 26 4 CONTRATOS ESPECIAIS DE TRABALHO ................................................................................ 27 4.1 JOVENS APRENDIZES ................................................................................................................ 27 4.2 ESTAGIÁRIOS ............................................................................................................................... 28 4.3 EMPREGADA DOMÉSTICA ...................................................................................................... 30 4.4 TELETRABALHO ......................................................................................................................... 32 4.5 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................................................................................................. 33 4.6 SERVIÇO VOLUNTÁRIO............................................................................................................ 33 5 JORNADA DE TRABALHO ............................................................................................................ 34 5.1 HORÁRIO NOTURNO ................................................................................................................ 36 5.2 MENSALISTA X HORISTA .........................................................................................................37 5.3 REGISTRO PONTO ...................................................................................................................... 39 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 42 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44 TÓPICO 3 — CONTROLES ESPECIAIS E BENEFÍCIOS TRABALHISTAS ........................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49 2 COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO – CAT .................................................... 49 3 MEDICINA OCUPACIONAL ......................................................................................................... 52 3.1 PCMSO ........................................................................................................................................... 52 3.2 PPRA ............................................................................................................................................... 53 3.3 LTCAT ............................................................................................................................................. 55 3.4 PPP .................................................................................................................................................. 56 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 58 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 64 UNIDADE 2 — OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E EVENTOS DA FOLHA DE PAGAMENTO ........................................................................... 67 TÓPICO 1 — EVENTOS DA FOLHA DE PAGAMENTO ........................................................... 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 TIPOS DE EVENTOS ........................................................................................................................ 69 3 PROVENTOS ...................................................................................................................................... 70 3.1 SALÁRIO........................................................................................................................................ 70 3.2 HORAS EXTRAS ........................................................................................................................... 71 3.3 ADICIONAIS (INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE E NOTURNO) ............................ 72 3.4 SALÁRIO-FAMÍLIA ..................................................................................................................... 75 3.5 AJUDA DE CUSTO E DIÁRIAS PARA VIAGEM .................................................................... 76 3.6 AVISO PRÉVIO ............................................................................................................................. 77 3.7 13º SALÁRIO ................................................................................................................................. 83 3.8 FÉRIAS............................................................................................................................................ 86 3.9 OUTROS PROVENTOS PREVISTOS EM LEI .......................................................................... 91 4 DESCONTOS ..................................................................................................................................... 93 4.1 ADIANTAMENTO SALARIAL .................................................................................................. 93 4.2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (INSS) ......................................................................... 93 4.3 IMPOSTO DE RENDA (IRRF) .................................................................................................... 95 4.4 VALE-TRANSPORTE ................................................................................................................... 97 4.5 FALTAS INJUSTIFICADAS E ATRASOS .................................................................................. 97 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 99 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101 TÓPICO 2 — TIPOS DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS ...................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 CONCEITOS ..................................................................................................................................... 105 3 CLASSIFICAÇÃO E ALÍQUOTAS .............................................................................................. 106 3.1 RAT ............................................................................................................................................... 106 3.2 FAP ................................................................................................................................................ 107 3.3 PAT ................................................................................................................................................ 110 3.4 SEFIP ............................................................................................................................................. 112 3.5 RAIS .............................................................................................................................................. 115 3.6 DIRF .............................................................................................................................................. 116 3.7 EFD-REINF .................................................................................................................................. 117 3.8 PRAZOS E MULTAS .................................................................................................................. 118 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 120 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 123 TÓPICO 3 — TRIBUTAÇÃO SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO ...................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 TRIBUTAÇÃO DA EMPRESA (SIMPLES/PRESUMIDA/REAL) .......................................... 126 2.1 INSS ............................................................................................................................................... 128 2.2 FGTS .............................................................................................................................................. 132 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 134 AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 135 TÓPICO 4 — eSOCIAL ...................................................................................................................... 137 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137 2 CONCEITOS .................................................................................................................................... 137 3 BENEFÍCIOS E PENALIDADES .................................................................................................. 145 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 150 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 152 UNIDADE 3 — CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO E RESCISÃO TRABALHISTA ............................................................................ 157 TÓPICO 1 — CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO .............. 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159 2 CÁLCULO DA FOLHA DE PAGAMENTO ............................................................................... 159 2.1 SALÁRIO...................................................................................................................................... 160 2.2 HORAS EXTRAS ......................................................................................................................... 160 2.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ....................................................................................... 164 2.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE ..................................................................................... 165 2.5 ADICIONAL NOTURNO .......................................................................................................... 165 2.6 FGTS – FUNDO DE GARATIA POR TEMPO DE SERVIÇO ............................................... 166 2.7 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (INSS) ....................................................................... 167 2.8 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) ............................................................ 169 2.9 VALE-TRANSPORTE ................................................................................................................. 172 2.10 FALTAS INJUSTIFICADAS ..................................................................................................... 173 2.11 EMISSÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO ........................................................................... 174 3 CONTABILIZAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO ............................................................. 176 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 181 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 182 TÓPICO 2 — CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DO 13º SALÁRIO E FÉRIAS.................... 185 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185 2 13º SALÁRIO .................................................................................................................................... 185 2.1 ADIANTAMENTO DO 13º SALÁRIO (1ª PARCELA) .......................................................... 186 2.2 13º SALÁRIO INTEGRAL (2ª PARCELA) ............................................................................... 193 2.3 CONTABILIZAÇÃO DO 13ºSALÁRIO ................................................................................... 201 3 FÉRIAS ............................................................................................................................................... 204 3.1 ABONO DE FÉRIAS ................................................................................................................... 207 3.2 PERDA DO DIREITO DE FÉRIAS............................................................................................ 208 3.3 CÁLCULO DO RECIBO DE FÉRIAS ....................................................................................... 209 3.4 CONTABILIZAÇÃO DAS FÉRIAS .......................................................................................... 214 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 218 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 219 TÓPICO 3 — CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO DA RESCISÃO ........................................... 221 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 221 2 AVISO PRÉVIO ................................................................................................................................ 221 2.1 AVISO PRÉVIO TRABALHADO.............................................................................................. 222 2.2 AVISO PRÉVIO INDENIZADO ................................................................................................ 224 3 RESCISÃO ........................................................................................................................................ 224 3.1 CÁLCULO DA RESCISÃO ........................................................................................................ 226 3.2 CONTABILIZAÇÃO DA RESCISÃO ...................................................................................... 234 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 237 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 240 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 241 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 243 1 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a legislação trabalhista (a origem e a nova legislação trabalhista); • entender os conceitos utilizados na área trabalhista; • aprender quais são os documentos necessários para a admissão; • distinguir os contratos de trabalho permitidos pela legislação; • aprender sobre as jornadas de trabalho existentes; • conhecer as normas de segurança do trabalho; • entender a funcionalidade da medicina ocupacional. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL TÓPICO 2 – CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS TÓPICO 3 – CONTROLES ESPECIAIS E BENEFÍCIOS TRABALHISTAS 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO Conhecer a história e a evolução da legislação trabalhista é tão importante quanto estar ciente das últimas mudanças que vêm ocorrendo no cenário. Entende- se por legislaçãotrabalhista o conjunto de leis e normas que visam regulamentar as atividades trabalhistas. Para tratar desse assunto, é necessário que você leia e releia quantas vezes for necessário algum parágrafo que não tenha ficado claro para você, pois como o próprio nome diz, estamos falando de “Leis Trabalhistas”, e isso envolve, em muitos casos, a boa interpretação do acadêmico sobre o texto exposto. Aproveite ao máximo o conteúdo deste livro, e ao final de cada tópico, pratique as autoatividades disponibilizadas. Bons estudos! 2 ORIGEM DAS LEIS TRABALHISTAS A consolidação das Leis do Trabalho foi aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, pelo presidente Getúlio Vargas. Após um longo período de “Lei Vaga”, que é o período que decorre entre o dia da publicação de uma lei até o dia em que ela entra em vigor, tornando-se então obrigatória, a consolidação das Leis do Trabalho passou a vigorar em 10 de novembro de 1943, e mesmo com muitas críticas e alterações vigora até hoje (MACHADO, 2009). Consequência de um período histórico mundialmente conturbado, a CLT correspondeu a um estágio no desenvolvimento jurídico. Isso porque, diferentemente dos Códigos, uma consolidação é a construção de textos legais, princípios e diretrizes; enfim, uma regulação das regras sociais existentes na relação entre empregador e empregado (MACHADO, 2009). Alcântara (2016) escreve que, para alguns doutrinadores, os princípios doutrinários do direito do trabalho são muito importantes, uma vez que o desrespeito a qualquer um dele pode significar uma afronta ao sistema jurídico. Vejamos no Quadro 1, a seguir, os princípios doutrinários do direito do trabalho. UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO 4 QUADRO 1 – PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípio Conceito Irrenunciabilidade de direitos As normas acordadas inicialmente no contrato laboral são imperativas e não podem ser extintas, modificadas ou alteradas pelos sujeitos da relação contratual, quando esta se caracterizar uma transação de renúncia (prejudicando o empregado). Somente poderá haver alterações nas normas acordadas quando estas forem benéficas ao empregado. Irredutibilidade salarial Aponta a Constituição da República em seu Art. 7º, inciso VI. Nenhum salário poderá ser reduzido. Salvo quando por meio de convenção ou acordo coletivo. Intangibilidade salarial Tangível é tudo aquilo que pode ser tocado ou apalpado. O salário está protegido por lei, não podendo sofrer qualquer bloqueio, devendo estar à disposição do empregado (salvo no caso de pensão alimentícia). Continuidade da relação de emprego O direito do trabalho trabalha com a premissa de que deve haver uma conservação do vínculo empregatício (na qual as duas partes tenham benefícios). Por isso determina que a duração do contrato de trabalho deva ser por tempo indeterminado, salvo exceção daqueles contratos a termo. Primazia da realidade Trata do desvio da função de forma individual, porém reforçando o princípio da irrenunciabilidade. Desvio de função é quando a nova função desempenhada pelo empregado corresponde a uma função cuja remuneração salarial seria maior, porém o empregado continua ganhando pelo que foi contratado inicialmente. Proteção ao trabalhador Este princípio é o mais peculiar quanto à proteção do empregado, pois orienta-o a sempre que seus direitos não forem preservados, procurar auxílio por meio do Estado ou do direito processual do trabalho. Unicidade Sindical Proíbe a criação de mais de uma entidade sindical da mesma categoria em uma mesma base territorial. Desta forma, cria-se um sindicato único. Além disso, este princípio aborda que é livre a associação (profissional ou sindical) dos trabalhadores, tornando-os livres para se associar ou retirar da associação a seu critério. FONTE: Adaptado de Alcântara (2016) TÓPICO 1 — DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 5 Se analisarmos, de forma individual, cada princípio, observa-se que a legislação trabalhista favorece sempre a parte mais frágil da relação trabalhista, ou seja, o empregado. 3 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS (CLT) A CLT exerce a função de regular as relações individuais e coletivas de traba- lho, além de servir como suporte para as normas de direito processual do trabalho, tornando-se uma eficaz ferramenta jurídica, pois nela são encontradas praticamente todas as normas laborais, seja material ou processual (MACHADO, 2009). As relações de trabalho regulada pela CLT são as de emprego, ou seja, aquelas cujo trabalho seja subordinado ou por conta de outrem. O empregador pode ser do direito privado ou público, desde que a relação seja de emprego e não estatutária (que é própria dos funcionários públicos). Também estão excluídos o trabalho autônomo (eventual), o prestado por razões de humanidade (caridade) e, por fim, os de recuperação (detentos) (CARRION, 2015). Basicamente, os três principais agentes mencionados na CLT são: empregador-empregado-autônomo. Este último é mencionado na CLT apenas para fins de aplicação de certos dispositivos. • Empregador: o Art. 2º da CLT define como empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. No seu parágrafo 1º e 2º, a CLT aborda que se assemelham ao empregador, para fins de relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitam trabalhadores como empregados, e que, sempre que uma ou mais empresas, embora tenham, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. • Empregado: o Art. 3º da CLT define como empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Em seu parágrafo único, escreve que não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Para a caracterização do vínculo empregatício são necessários os seguintes requisitos (MACHADO; SANTOS, 2016, p. 26): a) prestação de serviço de forma não eventual, ou seja, habitual; b) subordinação: o empregador estabelece as regras/ordens ao empregado; c) pessoalidade: somente o empregado pode prestar o serviço; d) pagamento de salário: todo trabalho deve ser remunerado. UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO 6 Para a caracterização do vínculo empregatício, é necessário o preenchimento de todos os requisitos apresentados. IMPORTANT E • Autônomo: trabalhador autônomo é quem exerce atividade por conta própria, com independência e sem subordinação, podendo o trabalhador autônomo adotar livremente procedimentos disponíveis na execução do seu trabalho. Pode ser substituído por outro trabalhador na execução dos seus serviços (MACHADO; SANTOS, 2016). Em uma escala hierárquica, pode-se dizer que o empregador está ao lado do autônomo, ou seja, ele contrata os serviços de um terceiro, porém não cabe a ele ficar dando ordens e instruções de como fazer o serviço. A CLT, em seu Art. 5º e 6º, estabelece também que: ○ Art. 5º. A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. ○ Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. 4 NOVA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislaçãoàs novas relações de trabalho. Como as alterações efetuadas abrangem vários aspectos da relação empregador x empregado, estudaremos ela em todo decorrer do livro didático, introduzindo-a sempre que for mais conveniente o seu entendimento. Inicialmente, aborda-se o Art. 8º em seu parágrafo 1º e 2º: • Parágrafo 1º: o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. • Parágrafo 2º: súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. Além disso, a nova legislação trabalhista introduziu o acordo individual. Basicamente, podem ser negociados mediante acordo individual horas extras (Art. 59 CLT), banco de horas, com compensação em até seis meses (Art. 59, § 5º CLT), compensação de jornada dentro do mês (Art. 59, § 6º CLT), jornada 12×36 TÓPICO 1 — DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 7 (Art. 59-A CLT), parcelamento de férias em até três períodos (Art. 134, §1º CLT), intervalo para lactante (Art. 396, §2º CLT), demissão em comum acordo (Art. 484- A CLT), contrato de trabalho – nível superior (Art. 444 CLT). Observe que agora a Legislação Trabalhista passou a ser amplamente sustentada por mais fontes de informações, além das constantes na CLT. IMPORTANT E • Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do Art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. ○ Parágrafo 1º: especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte. ○ Parágrafo 2º: a infração de que trata o caput deste artigo constitui exceção ao critério da dupla visita. • Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente. • Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I- deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II- alterar a verdade dos fatos; III- usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV- opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V- proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI- provocar incidente manifestamente infundado; VII- interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. • Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. ○ Parágrafo 1º: quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO 8 ○ Parágrafo 2º: quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. ○ Parágrafo 3º: o valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. • Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no Art. 793-C desta Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa. ○ Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos. Diferentemente da consolidação das Leis do Trabalho nº 5.452, de 1º de maio de 1943, aprovada pelo presidente Getúlio Vargas, a Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, conhecida como a “Nova CLT”, não favorece sempre a parte mais frágil da relação trabalhista (empregado), e sim aplica a justiça trabalhista de igual para igual, inclusive punindo os empregados que praticam atitudes de má-fé em relação ao empregador, conforme visto no Art. 793. 4.1 LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA A Lei nº 13.874 da liberdade econômica foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de setembro de 2019. O texto traz medidas de desburocratização e simplificação de processos para empresas e empreendedores. Entre as várias alterações trazidas com a lei da liberdade econômica, destaca-se a flexibilização das regras trabalhistas. Assim, a Lei, em seu Art. 15, determina que a Consolidação das Leis do Trabalho passe a vigorar com as seguintes alterações: • A CTPS será emitida pelo Ministério da Economia preferencialmente em meio eletrônico. Os procedimentos para emissão da CTPS ao interessado serão estabelecidos pelo Ministério da Economia em regulamento próprio, privilegiada a emissão em formato eletrônico. A CTPS terá como identificação única do empregado o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). • O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. • Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso. • Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou eletrônico em seu poder. TÓPICO 1 — DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 9 • Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. • Nos casos em que o empregado possua a CTPS em meio digital, a anotação será feita nos sistemas estabelecidos pelo governo, dispensadas as anotações na CTPS física. • O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) será substituído, em nível federal, por sistema simplifica- do de escrituração digital de obrigações previdenciárias, trabalhistas e fiscais. 5 TERCEIRIZAÇÃO DAS ATIVIDADES A terceirização foi um dos temas que mais sofreu modificações com a Lei nº 13.467, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Primeiro, é importante entendermos o conceito de atividade terceirizada. O Art. 4º-A da referida lei considera a prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução. Antes da alteração, a legislação não permitia que uma empresa contratasse funcionários que atuassem na sua atividade-fim, mas você sabe qual a diferença entre atividades-fim e atividades-meio? Considere o seguinte exemplo: Latika Ltda. é uma empresa que fabrica celulares, logo teremos a seguinte situação: FIGURA 1 – DISTINÇÃO ENTRE ATIVIDADE-FIM E ATIVIDADE-MEIO FONTE: <https://bit.ly/2EH6iCH>. Acesso em: 18 out. 2019. UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO 10 Resumindo, atividades-fim são os postos de trabalho que identificam a área de foco de uma empresa. Já às atividades-meio, nesse exemplo, são os serviços de suporte, cozinha e limpeza (serviços que não são o foco da empresa). A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização dessesserviços. A lei deixa bem claro que nessa situação não se configura vínculo empregatício, seja entre os trabalhadores ou sócios das empresas prestadoras de serviços, independentemente do ramo. Todavia, para que possa haver esse tipo de atividade, são requisitos obrigatórios que a empresa de prestadora dos serviços apresente os seguintes documentos: • Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). • Registro na Junta Comercial. • Capital social compatível com o número de empregados. 11 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • Entende-se por legislação trabalhista o conjunto de leis e normas que visam regulamentar as atividades trabalhistas. • A 1ª Consolidação das Leis do Trabalho foi aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, pelo presidente Getúlio Vargas. • Uma Consolidação é a construção de textos legais, princípios e diretrizes; enfim, uma regulação das regras sociais existentes na relação entre empregador e empregado. • Os princípios doutrinários do direito do trabalho fazem parte da construção das regras da legislação trabalhista e são de extrema importância, uma vez que o desrespeito a qualquer um dele pode significar uma afronta ao sistema jurídico. Os princípios doutrinários do direito do trabalho são: ○ Irrenunciabilidade de direitos. ○ Irredutibilidade salarial. ○ Intangibilidade salarial. ○ Continuidade da relação de emprego. ○ Primazia da realidade. ○ Proteção ao trabalhador. ○ Unicidade sindical. • A CLT exerce a função de regular as relações individuais e coletivas de trabalho, além de servir como suporte para as normas de direito processual do trabalho. • As relações de trabalho regulada pela CLT são as de emprego, ou seja, aquelas cujo trabalho seja subordinado ou por conta de outrem. O empregador pode ser do direito privado ou público, desde que a relação seja de emprego e não estatutária. • A Lei nº 13.874 da liberdade econômica foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de setembro de 2019. O texto traz medidas de desburocratização e simplificação de processos para empresas e empreendedores. Entre as várias alterações trazidas com a lei da liberdade econômica, destaca-se a flexibilização das regras trabalhistas. • Basicamente, os três principais agentes mencionados na CLT são: empregador- empregado-autônomo. 12 • A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, passando a vigorar então novas regras. • A terceirização foi um dos temas que mais sofreu modificações com a Lei nº 13.467, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Antes da alteração, a legislação não permitia que uma empresa contratasse funcionários que atuassem na sua atividade-fim. 13 1 É fato que quando falamos de legislação trabalhista surgem inúmeros nos de Leis, Portarias e Decretos. Ter consciência de qual Lei/Portaria/ Regulamento ou Decreto criou determinada obrigação torna-se então fundamental. Assinale o nº da Lei/Portaria/Regulamento/Decreto de acordo com sua função: 1) Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. ( ) Dispõe da obrigatoriedade do Livro de "Inspeção do Trabalho. 2) Portaria nº 3.158, de 18 de maio de 1971. ( ) Criação da Nova CLT. 3) Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. ( ) Criação da 1ª CLT. 2 Os princípios doutrinários do direito do trabalho são muito importantes, uma vez que o desrespeito a qualquer um deles pode significar uma afronta ao sistema jurídico. Cite três princípios estudados nesta unidade. 3 Basicamente, os três principais agentes mencionados na CLT são: empregador-empregado-autônomo. Este último é mencionado na CLT apenas para fins de aplicação de certos dispositivos. Assinale cada agente de acordo com seu conceito: 1) EMPREGADOR ( ) Exerce atividade por conta própria, com independência e sem subordinação. 2) EMPREGADO ( ) Empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço 3) AUTÔNOMO ( ) Toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. AUTOATIVIDADE 14 4 Para a caracterização do vínculo empregatício, é necessário que alguns requisitos sejam cumpridos, a fim de se fazer a Lei. Descreva quais seriam esses requisitos. 5 De acordo com as alterações ocorridas na CLT, o empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do Art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa de qual valor? 6 A terceirização foi um dos temas que mais sofreu modificações com a Lei nº 13.467, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Disserte sobre a principal alteração. 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos os principais conceitos da rotina trabalhista no que tange às informações necessárias para a admissão do empregado. Serão abordados conceitos sobre: procedimentos admissionais, contratos de trabalho, jornada de trabalho etc. Acadêmico, é importante destacar que mesmo que você não venha a trabalhar no departamento pessoal de algum escritório ou empresa, conhecer as rotinas trabalhistas é essencial, pois trará uma visão da empresa como um todo. Leia todo conteúdo, aproveite ao máximo, pois todos os tópicos estão de certa forma interligados entre si. Bons estudos! 2 PROCEDIMENTOS ADMISSIONAIS “A admissão, como empregado, só é possível a partir dos 16 anos de idade, exceto nos casos dos jovens aprendizes, que poderão contar com 14 anos no ato da contratação, nesta modalidade” (MOTA, 2015). Para a admissão do empregado, é necessário que ele apresente a seguinte documentação obrigatória, conforme exigência da CLT: • Foto 3×4 colorida. • Carteira de Trabalho (Física ou Digital). • Cópia da Cédula de Identidade (RG). • Cópia do Título de Eleitor (obrigatório para candidatos a partir de 18 anos). • Cópia do Certificado de Reservista (para indivíduos do sexo masculino com ou mais de 18 anos). • Cópia do Cadastro de Pessoa Física (CPF). • Cópia da Certidão de Casamento (se houver). • Cópia da Carteira de Habilitação (se houver). • Cópia da Certidão de Nascimento (nos casos de União Estável ou Convívio Marital). 16 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO • Cópia da Certidão de Nascimento dos filhos de até 21 anos ou inválidos de qualquer idade (necessário para o pagamento do salário-família e dedução do Imposto de renda). • Cópia do Comprovante do endereço com CEP. • Cópia do Comprovante de inscrição no PIS/PASEP. • Cópia do Comprovante de Escolaridade (informar o grau de instrução ou certificado de conclusão). • Atestado de Saúde Ocupacional (Exame Médico Admissional). Para direito ao salário-família, o empregado deverá apresentar ainda: • Carteira de vacinação para filhos menores de 7 (sete) anos. • Comprovante de frequência escolar para filhos maiores de 7 (sete) anos. A Carteira de Trabalho Digital pode ser baixada em qualquer smartphone com sistema operacional Android ou IOS e pela Web através do portal Emprega Brasil, pelo endereço eletrônico https://empregabrasil.mte.gov.br, funcionando como uma extensão do documento físico. DICAS Quanto aos documentos exigidos anteriormente, vejamos alguns detalhes: • Cópia do Comprovante de inscrição no PIS/PASEP. PIS: significa Programa de Integração Social. É o programa responsável por pagar o abono e renda dos trabalhadores privados. Instituições privadas são todas aquelas que não possuem ligação direta com serviços prestados ao Governo Federal e não é intitulada como ONG. Seu pagamento é feito pelo banco Caixa Econômica e unidades autorizadas pelo ele. Também é conhecido como 14º Salário (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2019). • Atestado de Saúde Ocupacional (Exame Médico Admissional): o exame médico na admissão é indispensável e deve ser feito por conta do empregador. Por meio dele é que se verifica a capacidadefísica ou outra específica, dependendo da atividade e do ambiente em que o empregado exercerá as suas funções, conforme Art. 168 da CLT (MOTA, 2015). De acordo com a NR 7 (Norma Regulamentadora), que trata sobre o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional - ASO, em 2 (duas) vias. Sendo que a primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho e a segunda via do ASO será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via. Vejamos um modelo: TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 17 FIGURA 2 – MODELO DE ASO - ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL FONTE: <https://bit.ly/2G8tN8v>. Acesso em: 18 out. 2019. Ainda de acordo com a NR 7, o ASO deverá conter no mínimo: a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função; b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho-SSST; c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados; d) o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM; e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu; f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato; g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina. 3 CONTRATO DE TRABALHO O Art. 442 da CLT apresenta o conceito de contrato de trabalho como sendo um contrato individual de trabalho, é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Em outras palavras, pode-se afirmar que é um ato jurídico firmado entre duas partes, que pode ser escrito ou verbal. O contrato de trabalho do empregado é efetuado em fases, como veremos a seguir: 18 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO • Registro no sistema contábil: cada empresa ou cada organização contábil trabalha com um sistema diferente, porém as informações essenciais para o seu funcionamento serão basicamente sempre as mesmas. O que irá alterar são as telas de cadastro, tornando-se inviável abordarmos este tipo de registro no curso, visto a diversidade de sistemas que existem. • Registro na CTPS – Carteira de Trabalho: o registro na CTPS pode ser feito de forma manual (escrito), por meio de carimbo, ou ainda utilizando uma etiqueta. Deverá conter as seguintes informações: ○ Dados da Empresa: Razão Social, CNPJ, Endereço Esp. do Estabelecimento (Comercial, Industrial, Serviço). ○ Dados do Empregado: Data de Admissão, Função e CBO e Salário. CBO é a Classificação Brasileira de Ocupação, que classifica cada função com um código. Você pode encontrar o CBO e sua respectiva função acessando o site do Ministério do Trabalho no link: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/ BuscaPorTituloA-Z.jsf. DICAS Vejamos o exemplo de um registro na CTPS. FIGURA 3 – PREENCHIMENTO DA CTPS FONTE: <https://bit.ly/3bajYSP>. Acesso em: 18 out. 2019. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 19 Com o advindo da carteira de trabalho digital, essas informações serão automaticamente preenchidas pelo eSocial, uma vez que a empresa deve registrar no seu sistema e posteriormente enviar via sistema eletrônico ao Ministério da Economia. Mais informações sobre a Carteira de Trabalho digital estão disponíveis em: https://empregabrasil. mte.gov.br/carteira-de-trabalho-digital/. DICAS Além da página do contrato de trabalho, você também deve efetuar o registro do contrato de experiência na página de anotações gerais. O contrato de experiência pode ser feito de três formas: 30 + 60 = 90 dias, 45 + 45 = 90 dias ou ainda 30 + 30 = 60 dias. A opção da forma de contrato de experiência fica a critério da empresa que deverá lhe informar no ato da admissão qual a forma escolhida. Veremos mais sobre contrato de experiência no item que trata sobre os tipos de contrato. FIGURA 4 – ANOTAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO EM ANOTAÇÕES GERAIS FONTE: <https://bit.ly/3bajYSP>. Acesso em: 18 out. 2019. FIGURA 5 – ANOTAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO EM ANOTAÇÕES GERAIS FONTE: <https://bit.ly/3bajYSP>. Acesso em: 18 out. 2019. 20 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO • Registro na ficha registro: a Lei nº 10.243/2001 desobrigou a autenticação dos livros/ficha de registro dos funcionários pelos órgãos competentes, o que facilitou e agilizou muito o setor pessoal. Assim, grande parte das organizações contábeis não preenchem mais a ficha registro do funcionário de forma manual, pois uma vez inserido o registro no sistema ele gera a ficha e basta imprimi-la. Todavia, ainda existem os que preenchem a ficha de forma manual. Vejamos o exemplo: FIGURA 6 – EXEMPLO DE FICHA REGISTRO DE EMPREGADO FONTE: <https://bit.ly/2EJabXW>. Acesso em: 18 out. 2019. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 21 3.1 TIPOS DE CONTRATO DE TRABALHO Acadêmico, lembra que estudamos que o contrato é um ato jurídico firmado entre duas partes, que pode ser escrito ou verbal? Chamaremos, agora, a atenção para o acordo verbal! Apesar de as novas regras da CLT, em seu Art. 443, mencionarem que contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente, recomenda-se que todo contrato de trabalho tenha seu registro expresso de forma escrita. Vamos entender agora a diferença entre contrato por prazo determinado e indeterminado. 3.1.1 Contrato por prazo determinado O parágrafo 1º do Art. 443 da CLT considera como de prazo determinado “o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada”. O parágrafo 2º complementa que esse tipo de contrato só será válido em se tratando das seguintes situações: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo. b) de atividades empresariais de caráter transitório. c) de contrato de experiência. Machado e Santos (2016) mencionam em seu livro alguns exemplos para as situações descritas anteriormente: 22 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO QUADRO 2 – EXEMPLOS DE CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo b) de atividades empresariais de caráter transitório c) de contrato de experiência Exemplos: Indústria de fogos de artifício contrata trabalhadores para vender os mencionados fogos por ocasião dos festejos juninos. Fábricas de panetones contratam vendedores para vender o mencionado produto no final do ano. Exemplos: Contratação de intérpretes para a realização anual de feira internacional. Contratação de demonstradoras para apresentação de produtos novos em supermercados. Exemplos: A finalidade do contrato de experiência é permitir mútuo conhecimento entre os contratantes. A empresa observa o desempenho do empregado e o empregado analisa as condições de trabalho oferecidas, bem como sua adaptação ao ambiente. FONTE: Adaptado de Machado e Santos (2016) Nas situações em que o contrato por prazo determinado for do tipo “a” ou “b” é permitido uma prorrogação, desde que a soma dos dois não ultrapasse dois anos (MACHADO; SANTOS, 2016). Exemplo: Contrato inicial = ...............................................120 dias. Prorrogação = ..................................................... 90 dias. Total = ................................................................. 210 dias. Quanto ao contrato de experiência abordado no item“c”, admite-se também uma única prorrogação, porém neste caso a soma dos dois não poderá ultrapassar 90 dias (MACHADO; SANTOS, 2016). Exemplo 1: Contrato de experiência = .................................. 45 dias. Prorrogação = ...................................................... 45 dias. Total = ................................................................... 90 dias. Exemplo 2: Contrato de experiência = ................................. 30 dias. Prorrogação = ..................................................... 30 dias. Total = .................................................................. 60 dias. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 23 No primeiro exemplo, atingiu-se o máximo de vigência de contrato de experiência 90 (noventa) dias, com uma prorrogação. Já no segundo exemplo, não se atingiu o máximo de vigência de contrato de experiência, porém como é permitida somente uma prorrogação, o prazo máximo, neste caso, será de 60 (sessenta) dias (ROKEMBACH, 2009). Vejamos agora o exemplo de um contrato de trabalho por prazo determinado. FIGURA 7 – EXEMPLO DE CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO FONTE: <http://www.afinco.org.br/indios-flash/secao1/anexoIX.htm>. Acesso em: 18 out. 2019. Observe que no modelo da Figura 7 o termo de prorrogação do contrato encontra-se logo abaixo do contrato e no mesmo documento. Essa forma é permitida por lei, desde que o empregado assine a prorrogação somente quando ela realmente ocorrer e não no ato da admissão. Existe também a opção de fazer o Termo de Prorrogação em um documento separado, isto vai depender do sistema que é utilizado e da necessidade da empresa. http://www.afinco.org.br/indios-flash/secao1/anexoIX.htm 24 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO • Contrato por prazo Indeterminado: Rokembach (2009) define como sendo um contrato normal, em que não existe período de vigência preestabelecido. O contrato por prazo indeterminado possui as mesmas características que o contrato por prazo determinado, bem como as mesmas obrigações por parte do empregado e do empregador. No entanto, como já destacado ela não possui data final para término, vejamos um exemplo de contrato por prazo indeterminado. FIGURA 8 – EXEMPLO DE CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO INDETERMINADO FONTE: <https://bit.ly/3hEFTnK>. Acesso em: 18 out. 2019. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 25 Observe na Figura 8 que é no 4º parágrafo que está se acordando o prazo “indeterminado” do contrato. • Contrato Temporário: a Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017, que dispõe sobre: trabalho temporário nas empresas urbanas e dá outras providências; e dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros, define em seu Art. 2º trabalho temporário como: ○ Aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. ○ Parágrafo 2º: considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal. QUADRO 3 – DEFINIÇÃO EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO E EMPRESA TOMADORA DE SERVIÇOS Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa de trabalho temporário. FONTE: Brasil (2017, s.p.) Quanto às características do contrato temporário, o Art. 9º da Lei 13.429 escreve: O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços será por escrito, ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de serviços e conterá: • qualificação das partes; • motivo justificador da demanda de trabalho temporário; • prazo da prestação de serviços; • valor da prestação de serviços; • disposições sobre a segurança e a saúde do trabalhador, independentemente do local de realização do trabalho. O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços, qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços. O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não. Podendo ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não. 26 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei (Lei n° 13.429, de 31 de março de 2017). NOTA 3.1.2 Contrato intermitente Este tipo de contrato só foi possível com as novas regras da CLT, pois antes ele não era previsto em Lei. Vejamos as características dele de acordo com a legislação. • Art. 452-A: o contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. ○ Parágrafo 1º: o empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. ○ Parágrafo 2º: recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-se, no silêncio, a recusa. ○ Parágrafo 3º: a recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente. ○ Parágrafo 4º: aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida, permitida a compensação em igual prazo. ○ Parágrafo 5º: o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes. ○ Parágrafo 6º: ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das seguintes parcelas: I- remuneração; II- férias proporcionais com acréscimo de um terço; III- décimo terceiro salário proporcional; IV- repouso semanal remunerado; e V- adicionais legais. ○ Parágrafo 7º: o recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas referidas no parágrafo anterior. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 27 ○ Parágrafo 8º: o empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. ○ Parágrafo 9º: a cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. 4 CONTRATOS ESPECIAIS DE TRABALHO Vejamos, agora, assuntos relacionados sobre contratos especiais, como: Jovens Aprendizes, Estagiários, Empregada Doméstica, Teletrabalho, Deficientes e Serviço Voluntário. 4.1 JOVENS APRENDIZES Os jovens aprendizes são regulamentados pelo Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005, que estipula: Aprendiz é o maior de quatorze anos e menor de vinte e quatro anos que celebra contrato de aprendizagem, nos termos do art. 428 da CLT. • Parágrafo único. A idade máxima prevista no parágrafo anterior não se aplica a aprendizes portadores de deficiência.O Art. 428 da CLT apresenta que contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação. Quanto às características do contrato de aprendizagem, o Decreto-Lei nº 5.598/2005 aponta: • Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado não superior a dois anos, em que o empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz se compromete a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. • Para fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade de aprendiz portador de deficiência mental deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização. 28 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO • A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o Ensino Fundamental, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. • O descumprimento das disposições legais e regulamentares importará a nulidade do contrato de aprendizagem, estabelecendo-se o vínculo empregatício diretamente com o empregador responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem. • Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora. • A duração do trabalho do aprendiz não excederá seis horas diárias para os jovens que ainda não concluíram o Ensino Fundamental e 8 horas diárias, no máximo, para os jovens que já concluíram o Ensino Fundamental. Os contratos de aprendizagem têm alíquota de 2% (dois por cento) para o FGTS (Fundo de Garantia por tempo de Serviço) (Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005). NOTA 4.2 ESTAGIÁRIOS Os estagiários são regulamentados pela Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Quanto à definição de estágio, o 1º parágrafo aborda as seguintes questões: Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de Educação Superior, de Educação Profissional, de Ensino Médio, da Educação Especial e dos anos finais do Ensino Fundamental, na modalidade profissional da Educação de Jovens e Adultos. O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso que o jovem estiver cursando, além de integrar o itinerário formativo do educando. Ele visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. O Art. 2º escreve que o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso. Vamos entender a diferença entre cada um: TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 29 • Estágio obrigatório: é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. • Estágio não obrigatório: é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. O estágio, conforme as características descritas, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que observados os seguintes requisitos: I- matrícula e frequência regular do educando em curso de Educação Superior, de Educação Profissional, de Ensino Médio, da Educação Especial e nos anos finais do Ensino Fundamental, na modalidade profissional da Educação de Jovens e Adultos e atestados pela instituição de ensino; II- celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III- compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. A Lei nº 11.788/2008 também trata sobre a jornada de trabalho e demais informações relativas ao estágio. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar de o termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: I- 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de Educação Especial e dos anos finais do Ensino Fundamental, na modalidade profissional de Educação de Jovens e Adultos; II- 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do Ensino Superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. O estágio poderá ser remunerado ou não remunerado. No caso de remunerado, o estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. Conforme escrito anteriormente, a eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. Todavia, é assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares, e nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano, será concedido recesso de maneira proporcional, será aplicado ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio. 30 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO Os estagiários são informados no eSocial pela parte concedente do estágio, por isso, também são obrigados a efetuarem o exame admissional. NOTA 4.3 EMPREGADA DOMÉSTICA A Lei que trata sobre o contrato de trabalho doméstico é a Lei Comple- mentar 150/2015, e estabelece as seguintes situações: • É considerado empregado doméstico aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana. • É proibido a contratação de menor de 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico. Quanto ao horário e remuneração: • A duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais. • A remuneração da hora extra será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior ao valor da hora normal. • No caso de: salário-hora, para empregadas mensalistas, o cálculo será obtido dividindo-se o salário mensal por 220 (duzentas e vinte) horas, salvo se o contrato estipular jornada mensal inferior que resulte em divisor diverso. • No caso de: salário-dia, para empregadas mensalistas, o cálculo será obtido dividindo-se o salário mensal por 30 (trinta) e servirá de base para pagamento do repouso remunerado e dos feriados trabalhados. • A legislação permite que nesse tipo de contrato também haja um banco de horas. Nesse caso será dispensado o acréscimo de salário e instituído regime de compensação de horas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, se o excesso de horas de um dia for compensado em outro dia. Quanto ao registro na CTPS, deve seguir os mesmos critérios queos demais contratos regidos pela CLT. Quanto aos direitos trabalhistas, destacamos as principais conquistas do trabalhador doméstico: • Indenização em caso de despedida sem justa causa. • Seguro-desemprego. • FGTS. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 31 • Adicional noturno. • Salário-família. • Auxílio-creche e pré-escola. • Seguro contra acidentes de trabalho. • Salário mínimo. • Décimo terceiro salário. • Jornada de trabalho de oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais. • Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. • Hora extra de, no mínimo, 50% superior ao valor da hora normal. • Férias anuais com acréscimo de, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal*. • Licença-maternidade de 120 dias. • Licença-paternidade, nos termos da lei. • Aviso prévio. • Aposentadoria e integração à Previdência Social. • Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho. • Proibição de contratação de menores de 18 anos. *As férias serão estipuladas da seguinte forma: 30 dias para jornadas iguais ou superiores a 25 horas semanais e de acordo com o Quadro 4 para jornadas semanais em regime de tempo parcial: QUADRO 4 – DURAÇÃO DA JORNADA SEMANAL E QUANTIDADE DE DIAS DE FÉRIAS ANUAIS FONTE: Brasil (2015, s.p.) Para facilitar o cumprimento das novas obrigações criadas, a Lei Complementar nº 150/2015 determinou a implantação do Simples Doméstico, que define um regime unificado para pagamento de todos os tributos e demais encargos, inclusive FGTS. Foi prevista também a criação de um sistema eletrônico, em que o empregador doméstico deverá informar as obrigações trabalhistas, previdenciárias, fiscais, de apuração de tributos e do FGTS. Esse sistema está disponível dentro do portal do eSocial – que possui um módulo específico para os empregadores domésticos – e pode ser acessado pelo endereço eletrônico http:// www.esocial.gov.br. http://www.esocial.gov.br http://www.esocial.gov.br 32 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO O valor de FGTS recolhido para o empregado doméstico por meio da DAE é de 8% sobre a remuneração do empregado. ATENCAO 4.4 TELETRABALHO O teletrabalho está previsto no Art. 75 da CLT, vejamos suas características: Considera-se teletrabalho a prestação de serviços que acontece fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente em contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. Pode ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual (Parágrafo 1º, Art. 75 da CLT). ATENCAO Com relação à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Por fim: • O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho. • O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 33 4.5 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA A Lei nº 8.213/1991 dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências. A contratação de portadores de necessidades especiais, em seu Art. 93, trata das cotas para Deficientes e Pessoas com Deficiência. A empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção: QUADRO 5 – PROPORÇÃO PARA INCLUSÃO DE COTAS Até 200 funcionários 2% De 201 a 500 funcionários 3% De 501 a 1000 funcionários 4% De 1001 em diante funcionários 5% FONTE: Brasil (1991, s.p.) Quanto à fiscalização, a Lei nº 13.146/2015 afirma que: Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados (BRASIL, 2015, s.p.). ATENCAO 4.6 SERVIÇO VOLUNTÁRIO A Lei que dispõe sobre o serviço voluntário é a nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que teve algumas alterações dada pela Lei nº 13.297/2016. O Art. 1º da referida lei conceitua como serviço voluntário, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Em seu parágrafo único, deixa bem claro que o serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou a fim. 34 UNIDADE 1 — DIREITO DO TRABALHO O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, devendo constar o objeto e as condições em que serão exercidas o voluntariado (Art. 2º, Lei nº 13.297/2016). Por fim, destaca que o prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias, desde que essas estejam expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário (Art. 3º, Lei nº 13.297/2016). 5 JORNADA DE TRABALHO A CLT em sua seção II - Art. 58 escreve que a duração normal do trabalho, para os empregados de qualquer atividade privada, não deverá ultrapassar o limite de 8 (oito) horas diárias, desde que não se tenha expressamente fixado outro limite. O parágrafo 1º e 2º do Art. 58 da CLT mencionam duas informações extremamente relevantes: Parágrafo 1º: “Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários”, ou seja, até cinco minutos antes do horário de entrada e até cinco minutos após o horário de saída do funcionário, totalizando 10 minutos, a empresa não é obrigada a computar como horas extraordinárias. O Parágrafo 2º teve alteração com a “Nova CLT” e aborda que: “O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador”. A legislação prevê ainda outra forma de jornada de trabalho, conhecida como regime de tempo parcial, que de acordo com as novas regras trabalhistas, em seu Art. 58-A aborda que se considera trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. TÓPICO 2 — CONCEITOS PRINCIPAIS DE ROTINAS TRABALHISTAS 35 O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial é proporcional a sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral (MP 2.164-41/2001). NOTA Com relação ao período
Compartilhar