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Patologia - doença inflamatória pélvica

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Catharina Moura Patologia: Caso 11, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
aspectos gerais da DIP 
A doença inflamatória pélvica pode ser causada, 
nas mulheres, pela Chlamydia trachomatis e Neisseria 
gonorrhoeae, que resultam em infertilidade. 
Dentre as infecções bacterianas causadoras desse 
quadro, os agentes mais comuns são os sexualmente 
transmissíveis, gonococo e clamídia. A vigência de 
inflamação mucopurulenta, cultura ou exames 
moleculares estabelecem o diagnóstico. 
A infecção por clamídia, especialmente, pode 
resultar em intensa inflamação linfocitária e formação 
de folículos linfoides – cervicite folicular. Ambos 
patógenos podem causar infecção ascendente do 
endométrio, das tubas uterinas e ovários, constituindo 
a doença inflamatória pélvica, que pode resultar em 
esterilidade. 
 
aspectos gerais da infecção por HPV 
O câncer do colo uterino representa o terceiro 
lugar em frequência na população feminina brasileira, 
vindo logo após o CA de mama e o colorretal. 
O câncer cervical comporta-se como uma doença 
sexualmente transmissível e é mais frequente em 
mulheres de baixa condição socioeconômica - fator 
responsável pelo aumento da incidência em países 
subdesenvolvidos, sexualmente ativas entre 18 e 30 
anos, sendo que o primeiro pico de infecção ocorre em 
jovens com até 25 anos. 
Após 55 anos, há redução expressiva da 
prevalência de infecção por HIV. 
O câncer é mais comum em mulheres com mais de 
35 anos, o que sugere infecção precoce e progressão 
lenta. 
A transmissão do vírus se dá pelo contato direto, 
geralmente por atividade sexual, podendo também 
acontecer pela passagem do feto pelo canal de parto – 
além dessas vias, pode se dá por fômites (material e 
roupas contaminados). 
O risco de contágio aumenta em indivíduos com 
várias parcerias – o uso de preservativos nem sempre 
evita a transmissão, já que ela pode se dar pelo contato 
com os lábios, escroto, mucosa anal e outras 
superfícies contaminadas. 
 
▪ Patogênese: 
Sabe-se que o câncer do colo do útero está 
intimamente associado a infecção persistente por HPV 
de alto risco oncogênico – 16 e 18, que são 
responsáveis por 80% dos carcinomas cervicais. 
O HPV tem tropismo pelo epitélio e causa, dentre 
outras, as verrugas genitais. Os tipos 16, 18, 31, 33 (...) 
conhecidos como HPV de alto risco oncogênico, 
associam-se a lesões precursoras do carcinoma 
escamoso (NIC 2 e NIC 3) e ao adenocarcinoma 
endocervical. 
O vírus é constituído por DNA de fita dupla e o seu 
genoma viral é dividido em três regiões: 
a. Não codificante – região controladora; 
b. Região precoce – que codifica as proteínas E1, 
E2, E3, E4, E5, E6 e E7, envolvidas na replicação 
viral e oncogênese; 
c. Região tardia – que codifica as proteínas 
estruturais L1 e L2 do capsídeo. 
Apesar de ser uma infecção muito prevalente, 
apenas uma pequena parcela dos casos evolui para o 
câncer. 
Na maior parte dos casos, a infecção viral é 
transitória e regride entre 6 meses a 2 anos – nos 
poucos casos de infecção persistente, causadas pelos 
tipos oncogênicos, podem surgir lesões precursoras 
cancerígenas. 
A progressão para o câncer ocorre 10 a 20 anos 
após a infecção, embora alguns casos evoluam em 1 a 
2 anos. 
Alguns fatores podem influenciar nessa 
progressão, sendo eles (1) relacionados aos vírus: tipo 
viral, infecção múltipla (mais de um tipo de vírus), carga 
viral na lesão, taxa de integração do vírus ao genoma 
celular, ou (2) relacionados ao hospedeiro: resposta 
imune, tabagismo, início precoce da atividade sexual, 
uso prolongado de contraceptivos orais, 
multiparidade, multiparcerias, associação com outras 
ISTs. 
No colo do útero, apenas células basais e 
parabasais do epitélio são capazes de se dividir. As 
suprabasais sofrem diferenciação e maturação ao 
longo do epitélio, mas não se dividem! 
O vírus penetra nas células da camada basal 
(constituem o reservatório do vírus) – quando na 
forma epissomal (sem integração do DNA viral ao DNA 
hospedeiro), o número de cópias virais cresce e induz 
alteração morfológica nas células - atipia coilocítica 
(vacuolização perinuclear em células escamosas), 
mantendo a maturação preservada do epitélio, porém 
com maior atividade proliferativa e hiperplasia da 
camada basal. 
Na infecção por HPVs de alto risco oncogênico, 
ocorre integração do DNA viral ao DNA hospedeiro em 
região que bloqueia a transcrição dos genes virais E1 e 
E2 (resultando na não formação de novas partícula 
virais), mas permite a expressão das proteínas virais E6 
e E7 – a integração do DNA do HPV nas células basais 
do epitélio precede a transformação de lesões de baixo 
grau (NIC 1) para alto grau (NIC 2 e 3). 
doença inflamatória pélvica 
Catharina Moura Patologia: Caso 11, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
Como E6 e E7 são oncoproteínas, ocorre 
transformação celular. A partir daí, surgem alterações 
morfológicas no epitélio que podem evoluir para lesões 
precursoras e, finalmente, para o câncer invasor. 
A proteína E6 de HPVs de alto risco liga-se à p53 e 
a torna inativa. Como a p53 atua no reparo do DNA e 
induz apoptose, tais funções ficam abolidas, e a célula 
perde seu controle de qualidade. A proteína E7 de 
HPVs de alto risco liga-se à proteína do retinoblastoma 
(pRB) e impede sua ação no controle do ciclo celular, 
resultando em proliferação celular. Portanto, aumento 
das proteínas virais E6 e E7 bloqueia proteínas 
essenciais no controle da multiplicação celular (p53 e 
pRB), resultando em instabilidade genômica e 
aumento da proliferação celular. Em consequência, a 
célula acumula maior número de danos no DNA e 
mutações que, se não reparados, levam à 
transformação neoplásica. 
 
▪ Exame citopatológico: 
É também conhecido como teste Papanicolau, 
utilizado como método de triagem populacional mais 
empregado, pelo baixo custo e comprovada eficácia – 
método de triagem de neoplasia maligna mais bem 
sucedido. 
De acordo com o Ministério da Saúde, deve ser 
oferecido a mulheres de 25 a 64 anos com vida 
sexualmente ativa. 
A classificação proposta por Papanicolau não é 
mais utilizada como rotina diagnóstica, utilizando-se 
atualmente a classificação de Bethesda: 
▪ NIC 1 = lesão intraepitelial escamosa de baixo 
grau (LSIL); 
▪ NIC 2 e NIC 3 = lesão intraepitelial escamosa de 
alto grau (HSIL) – nesses casos, há maior 
chance de progressão para lesão invasiva. 
 
A maior parte das lesões de baixo grau regride 
espontaneamente! Além disso, o tratamento da lesão 
precursora resulta em 100% de cura, por isso o 
diagnóstico precoce é importante! 
Todas as pacientes com alterações citológicas 
devem ser investigadas por colposcopia e biópsia das 
lesões! O diagnóstico da biópsia é o padrão ouro para 
definir conduta e tratamento! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
▪ Carcinoma x Adenocarcinoma: 
Carcinoma Adenocarcinoma in situ 
Carcinoma de 
células 
escamosas, tipo 
mais frequente 
de CA cervical. 
É constituído por glândulas 
lobuladas que substituem o 
epitélio endocervical normal por 
epitélio atípico, com núcleos 
estratificados e hipercorados, 
sem invasão do estroma; 
encontram-se ainda mitoses e 
corpos apoptóticos. 
 
▪ Prevenção: 
A vacina contra o HPV é disponibilizada pelo SUS 
desde 2014, para meninas de 9 a 14 e meninos de 11 a 
14. A vacina pode ser bivalente (16 e 18), quadrivalente 
(6, 11, 16 e 18); e nonavalente (...). 
O esquema é constituído por duas doses: 0 – 6m, e 
previne as lesões precursoras e reduz a demanda de 
tratamento para CA invasivo. 
A associação do rastreamento + vacina é a melhor 
estratégia para reduzir a incidência do CA de colo de 
útero.

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