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Comentário do artigo - Prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos_ um estudo na Atenção Primária à Saúde

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Aluna: Kailane L. Araújo
Comentário do artigo: Prescrição de medicamentos potencialmente
inapropriados para idosos: um estudo na Atenção Primária à Saúde
INTRODUÇÃO
No século XX, houve mudanças demográficas e epidemiológicas, a qual houve diminuição da
natalidade e aumento da longevidade devido a transformações sociais e ao desenvolvimento
científico, possibilitou o envelhecimento populacional. Segundo estatísticas, no Brasil, em
2050 os idosos constituirão um terço da população, o que demanda políticas públicas, ações
de proteção, cuidados específicos na assistência à saúde, como um atendimento
especializado. Assim, faz com que a segurança da utilização de medicamentos ganhe
relevância no cuidado à Saúde do Idoso, destacando-se o consumo daqueles inadequados, a
fim de reduzir as reações adversas e problemas relacionados a medicamentos.
A partir do uso dos critérios para identificação de MPI, estudos epidemiológicos confirmam
uma elevada prevalência de MPI e grande variedade na atenção à saúde. No contexto do
Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável pelo
desenvolvimento de ações no âmbito individual e coletivo, que abrangem desde a promoção e
proteção à reabilitação e manutenção da saúde, realizado com uma equipe multiprofissional.
A Saúde do Idoso passou a ser uma das prioridades, sendo a APS a atenção integral e a
Assistência Farmacêutica como uma das ações para a qualificação da dispensação e do acesso
a medicamentos pela população idosa. Assim, diante da importância do uso de medicamentos
pelos idosos e considerando que a APS é importante no cuidado à saúde, o estudo objetiva
avaliar a utilização de Medicamentos Potencialmente Inapropriados para idosos na Atenção
Primária à Saúde e seus fatores associados.
MÉTODOS
Para isso, foi feita uma pesquisa de corte transversal e analítica, entre março a dezembro de
2019, APS no município de Campina Grande - PB. A população alvo do estudo foram
pessoas com 60 anos ou mais, atendidos nas UBS tanto da zona urbana quanto da zona rural
do município. Os participantes da pesquisa foram escolhidos por conveniência no momento
da dispensação dos medicamentos prescritos na farmácia da UBS, onde sorteou-se os dias da
https://www.scielosp.org/article/csc/2021.v26n5/1781-1792/pt/
https://www.scielosp.org/article/csc/2021.v26n5/1781-1792/pt/
semana a serem visitados nas unidades e cada uma era visitada pelo entrevistador até atingir a
quantidade de idosos necessária para cada UBS na amostragem. Foi aplicado um questionário
com idosos ou seus responsáveis que buscavam o serviço de saúde e, que na entrevista,
levaram o documento com registro dos medicamentos utilizados pelo idoso. Foram
questionados, o sexo, faixa etária, cor, situação conjugal, renda mensal, anos de estudo,
condições de saúde e utilização de medicamentos. Os fármacos foram classificados em MPI,
também de acordo com a ATC, nos níveis 1 (grupo anatômico) e 2 (subgrupo terapêutico) e
foram selecionados na RENAME.
RESULTADOS
Na amostra composta por 458 idosos, na média de 70,3 anos de idade. 61% não apresentaram
nenhuma comorbidade ou apenas uma sendo, HAS, Diabetes Mellitus e Artrite. Foram
prescritos 1.449 medicamentos, em média 3 por idoso. Analisou-se que 44% apresentava ao
menos 1 medicamento inapropriado. Quando questionado onde pegavam esses medicamentos
a maioria relata ser na UBS. A classe de medicamento mais prescrita foi as que atuam no
Sistema Cardiovascular, como Hidroclorotiazida e Losartana. Para Diabetes a Metformina e
Insulina NPH. Sistema Nervoso Central, o Clonazepam. Dos 1.449, 279 foram considerados
MIPS, onde é relatado os fatores associados ao uso deles com outras medicações.
DISCUSSÃO
Na discussão foi evidenciado que quase a metade dos participantes fazem uso de
medicamentos além dos prescritos, evidenciando uma prática de automedicação e/ou
fragmentação do cuidado ao idoso. Exemplificando, que por apresentarem diversas
comorbidades, os idosos buscam por vários especialistas e que estes vão prescrevendo alguns
medicamentos, dessa forma os idosos acabam adquirindo todos esses medicamentos, podendo
ocasionar uma duplicidade medicamentosa, interações medicamentosas prejudiciais e
também efeitos adversos, possibilitando uma dificuldade na adesão para o tratamento. Diante
disso, podemos afirmar que um fator associado ao uso de MPI está relacionado com a
polifarmácia, como foi citado pode gerar maior índice de eventos adversos, diminuição na
capacidade funcional como também, vai aumentar os custos com medicamentos. Também,
mostrou que pode estar associado ao uso de MPI, o diagnóstico da depressão, na qual devem
ter cuidado na escolha dos medicamentos, justamente devido a fragilidade dos idosos e das
suas outras comorbidades e assim, podendo potencializar os efeitos. Assim, um exemplo do
medicamento que o artigo trouxe foi da classe dos antidepressivos tricíclicos, a amitriptilina,
que é de primeira escolha e alternativa terapêutica. Os benzodiazepínicos foram considerados
como prescrições inadequadas, visto que tem seu efeito potencializado nos idosos, reduzindo
o metabolismo e sensibilidade, aumentando os riscos de déficit cognitivo, quedas e fraturas
em idosos. Assim, evidenciou a importância do profissional farmacêutico no cuidado à saúde
do idoso.
A RENAME é um importante instrumento para a assistência farmacêutica no Brasil, assim a
OMS recomenda que 70% dos medicamentos prescritos a sigam, principalmente para evitar
judicialização. Destarte, os principais medicamentos prescritos para idosos são os diuréticos
tiazídicos, metformina, omeprazol (até 8 semanas), contudo por essa parte da população não
estarem em muitos estudos clínicos tem-se uma problemática na avaliação da efetividade e
segurança dos MIPs para eles, uma vez que é muito comum que a cada consulta seja um
médico diferente, favorecendo o uso de vários medicamentos. Desse modo, é indubitável a
formação e a atuação dos profissionais de saúde voltada para o uso de MPI por idosos na
APS, pois há uma escassez de equipes multiprofissionais com conhecimento necessário em
envelhecimento e saúde da pessoa idosa, o que corrobora o fato do uso de MIPs por idosos se
tornar um grave problema para saúde pública. Por conseguinte, é imprescindível que sejam
realizadas intervenções que contribuam para uma maior racionalidade e segurança na
prescrição de medicamentos para idosos, entre as quais podemos citar a capacitação dos
profissionais das equipes de saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim sendo, foi observado a partir do estudo que há uma ampla ocorrência de utilização de
medicamentos inapropriados pelos idosos, sobretudo aqueles que são atendidos na atenção
primária. Desse modo, faz-se necessário a necessidade de uma implantação de ações voltadas
para esses quesitos importantes, como por exemplo o uso dos benzodiazepínicos. Por fim, foi
proposto um estudo que avaliasse os riscos de eventos adversos a partir de outros
medicamentos também, como por exemplo os MIPs, somado a capacitação dos prescritores,
com a finalidade de diminuir prescrições que sejam sejam seguras para os idosos e o
acompanhamento dos mesmos.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Andrezza Duarte et al. Prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados
para idosos: um estudo na Atenção Primária à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p.
1781-1792, 2021.

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