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15.1Controle e informações gerenciais 15.1.1Sistema de informações gerenciais No mundo globalizado, sem um sistema de informações gerenciais ágil que produza informações confiáveis, uma empresa perde competitividade. Sistema de informações gerenciais pode ser entendido como um conjunto de subsistemas de informações que processam dados e informações para fornecer subsídios ao processo de gestão de uma empresa. Dados são elementos potencialmente úteis em sua forma bruta, mas não têm valor imediato por si sós, pois não transmitem ideia clara de determinado fato ou situação. Informações são o resultado de dado ou conjunto de dados adequadamente processados para que o usuário final as compreenda e possa tomar decisões com base nelas. EXEMPLO. A quantidade de produção do mês de abril é um dado. Esse dado, analisado e comparado com a quantidade de produção do mês de março (outro dado), produz a informação de que houve aumento ou redução da quantidade de produção. A agilidade e a confiabilidade do sistema de informações gerenciais estão intimamente relacionadas com o nível de informatização da empresa, embora esse não seja o requisito indispensável. Os sistemas eletrônicos de controle mais antigos são projetados para registrar transações. A integração entre os diversos sistemas eletrônicos dá- se por meio de interface, que é a conversão de dados de um sistema para ser utilizado em outro sistema. Os sistemas eletrônicos integrados, de concepção mais moderna, são projetados para suportar as transações e seus efeitos. São modulados por processos de negócios, estruturados de acordo com as mais modernas práticas empresariais e inseridos no processo de gestão de negócios. Enfim, os sistemas de controle integrados são projetados para administrar o negócio. A Figura 15.1 mostra a diferença existente entre os dois conceitos de sistemas. Enquanto nos sistemas mais antigos os dados são transferidos de um sistema para outro por meio de interface, nos sistemas integrados os dados são utilizados simultaneamente pelos vários sistemas (módulos). As principais vantagens de um sistema integrado são a racionalização de processos e a agilização de informações, pois os diversos módulos (Contas a pagar, Tesouraria, Contabilidade etc.) utilizam a mesma base de dados, evitando, assim, retrabalhos e reconciliação de valores. Figura 15.1 Fluxo de dados entre os sistemas de controle. 15.1.2Funções de controladoria A Controladoria é uma atividade relativamente nova no Brasil. Portanto, o papel do controller, que é o executivo responsável pela área de controladoria, ainda não está claramente definido em algumas empresas. A principal função do controller é dar suporte à gestão dos negócios da empresa, para que esta atinja seus objetivos, por meio de informações gerenciais geradas em tempo hábil para tomada de decisões, a um custo razoável. FUNÇÃO TRADICIONAL DO CONTROLLER Tradicionalmente, o controller tem a função de observação e controle da alta administração. Segundo J. B. Heckert e J. D. Wilson (TUNG, 1993, p. 334): Ao controller não compete o comando do navio, tarefa que cabe ao principal executivo; o controller representa na empresa o navegador que cuida dos mapas da navegação. Sua função é manter informado o comandante quanto à distância percorrida pela embarcação, ao local em que se encontra, à sua velocidade, à resistência que encontra, aos desvios da rota, aos recifes perigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para que todos cheguem ao destino final […]. Pela visão tradicional, o controller tem uma atitude passiva, pois consegue visualizar os diversos riscos da operação, mas sua função é somente a de mencioná-los aos tomadores de decisões. MODERNA VISÃO DA FUNÇÃO DO CONTROLLER Pela visão moderna, o controller tem uma atitude mais ativa em relação à visão tradicional, pois ele pode influenciar os resultados da empresa. O controller moderno, além de exercer suas funções tradicionais, está mais envolvido em atividades estratégicas, procurando visualizar o futuro e identificando novas oportunidades de negócios. Além disso, ele passou a apoiar as atividades comerciais e industriais das empresas a partir de uma visão global e abrangente do negócio (aspectos financeiro, tributário, contábil e operacional). 15.1.3Orçamento empresarial As decisões financeiras devem ser tomadas com base em informações geradas por sistema de informações contábeis e financeiras adequadamente estruturado. Um dos instrumentos mais importantes utilizados em tomadas de decisões financeiras é o orçamento empresarial, que é representado pelo orçamento geral, que, por sua vez, é composto pelos orçamentos específicos. ORÇAMENTO GERAL Orçamento geral, segundo Moreira (1989, p. 15), é: um conjunto de planos e políticas que, formalmente estabelecidos e expressos em resultados financeiros, permite à administração conhecer, a priori, os resultados operacionais da empresa e, em seguida, executar os acompanhamentos necessários para que esses resultados sejam alcançados e os possíveis desvios sejam analisados, avaliados e corrigidos. O orçamento geral retrata a estratégia da empresa e evidencia, por meio de um conjunto integrado por orçamentos específicos, subdivididos em quadros auxiliares, onde estão refletidas quantitativamente as ações e políticas da empresa, relativas a determinados períodos futuros. O planejamento estratégico (que é voltado para longo prazo) pode ser traduzido em quantidades e valores, de forma resumida, apresentando-os em quadros elaborados durante a fase de formulação da estratégia, facilitando, dessa forma, a compreensão e a análise dos planos. ORÇAMENTOS ESPECÍFICOS O orçamento geral de uma empresa industrial é formado basicamente pelos seguintes orçamentos específicos: a)orçamento de vendas; b)orçamento de produção; c)orçamento de matérias-primas; d)orçamento de mão de obra direta; e)orçamento de custos indiretos de fabricação; f)orçamento de custo de produção; g)orçamento de despesas gerais, administrativas e de vendas; h)orçamento de investimentos; i)orçamento de aplicações financeiras e financiamentos; j)orçamento de caixa; k)orçamento de resultado. Em algumas empresas, o orçamento de vendas é precedido do orçamento de contratação. É o caso de empresas que executam projetos de médio e longo prazos, tais como as de construção civil e de fabricação e instalação de equipamentos de telecomunicações. 15.2Planejamento de resultados 15.2.1Conceitos de planejamento O planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados. Os objetivos fixados poderão ser atingidos somente com um sistema de planejamento adequadamente estruturado. 15.2.2Princípios de planejamento Os princípios de planejamento podem ser classificados em gerais e específicos. Os princípios gerais de planejamento são os seguintes (OLIVEIRA, 1995, p. 35-36): a)princípio da contribuição aos objetivos: deve-se viabilizar a realização dos objetivos máximos da empresa pela hierarquização dos objetivos estabelecidos, considerando-se a interligação entre eles; b)princípio da precedência: corresponde a uma função administrativa que vem antes das outras (organização, direção e controle); c)princípio da maior penetração e abrangência: o planejamento pode provocar uma série de modificações nas características e atividades da empresa; d)princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade: o planejamento deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Os princípios específicos de planejamento são os seguintes (OLIVEIRA, 1995, p. 37): a)planejamento participativo: o papel do responsável pelo planejamento é o de facilitar o processo de sua elaboração pelas próprias áreas envolvidas nesse processo; b)planejamentocoordenado: deve ser levado em consideração que a maioria dos aspectos envolvidos no planejamento é interdependente; c)planejamento integrado: geralmente, os objetivos são escolhidos pelos escalões superiores e os meios para atingi-los são fornecidos pelos escalões médios e inferiores da organização; d)planejamento permanente: os planos devem ser revisados permanentemente. 15.2.3Filosofias do planejamento A maioria dos processos de planejamento envolve uma mistura dos três tipos de filosofias a seguir descritas, embora possa haver predominância de um deles (OLIVEIRA, 1995, p. 39-41): a)filosofia da satisfação: os objetivos devem ser atingíveis, para proporcionar um nível mínimo de satisfação aos responsáveis pela execução do planejamento; b)filosofia da otimização: com a utilização de técnicas matemáticas e estatísticas e de modelos de simulação, o planejamento deve ser feito para atingir o melhor resultado possível; c)filosofia da adaptação: conhecida também como planejamento inovativo, consiste em responder adequadamente às mudanças externas, pois o planejamento trabalha com diferentes níveis de incerteza. 15.2.4Níveis de planejamento O planejamento pode ser classificado em três níveis: estratégico, tático e operacional. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento estratégico é um planejamento de longo prazo, de responsabilidade dos níveis mais altos da Administração, que procuram se antecipar a fatores exógenos e internos à empresa, geralmente relacionados com as linhas de produtos ou mercados. Implica tomadas de decisões complexas, pois envolve grande volume de recursos. As decisões estratégicas tomadas são de difícil reversibilidade e geralmente apresentam nível de risco expressivo. Exemplos: compra de uma fábrica, lançamento de novas linhas de produtos etc. 15.1.3Orçamento empresarial As decisões financeiras devem ser tomadas com base em informações geradas por sistema de informações contábeis e financeiras adequadamente estruturado. Um dos instrumentos mais importantes utilizados em tomadas de decisões financeiras é o orçamento empresarial, que é representado pelo orçamento geral, que, por sua vez, é composto pelos orçamentos específicos. ORÇAMENTO GERAL Orçamento geral, segundo Moreira (1989, p. 15), é: um conjunto de planos e políticas que, formalmente estabelecidos e expressos em resultados financeiros, permite à administração conhecer, a priori, os resultados operacionais da empresa e, em seguida, executar os acompanhamentos necessários para que esses resultados sejam alcançados e os possíveis desvios sejam analisados, avaliados e corrigidos. O orçamento geral retrata a estratégia da empresa e evidencia, por meio de um conjunto integrado por orçamentos específicos, subdivididos em quadros auxiliares, onde estão refletidas quantitativamente as ações e políticas da empresa, relativas a determinados períodos futuros. O planejamento estratégico (que é voltado para longo prazo) pode ser traduzido em quantidades e valores, de forma resumida, apresentando-os em quadros elaborados durante a fase de formulação da estratégia, facilitando, dessa forma, a compreensão e a análise dos planos. ORÇAMENTOS ESPECÍFICOS O orçamento geral de uma empresa industrial é formado basicamente pelos seguintes orçamentos específicos: a)orçamento de vendas; b)orçamento de produção; c)orçamento de matérias-primas; d)orçamento de mão de obra direta; e)orçamento de custos indiretos de fabricação; f)orçamento de custo de produção; g)orçamento de despesas gerais, administrativas e de vendas; h)orçamento de investimentos; i)orçamento de aplicações financeiras e financiamentos; j)orçamento de caixa; k)orçamento de resultado. Em algumas empresas, o orçamento de vendas é precedido do orçamento de contratação. É o caso de empresas que executam projetos de médio e longo prazos, tais como as de construção civil e de fabricação e instalação de equipamentos de telecomunicações. 15.2Planejamento de resultados 15.2.1Conceitos de planejamento O planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados. Os objetivos fixados poderão ser atingidos somente com um sistema de planejamento adequadamente estruturado. 15.2.2Princípios de planejamento Os princípios de planejamento podem ser classificados em gerais e específicos. Os princípios gerais de planejamento são os seguintes (OLIVEIRA, 1995, p. 35-36): a)princípio da contribuição aos objetivos: deve-se viabilizar a realização dos objetivos máximos da empresa pela hierarquização dos objetivos estabelecidos, considerando-se a interligação entre eles; b)princípio da precedência: corresponde a uma função administrativa que vem antes das outras (organização, direção e controle); c)princípio da maior penetração e abrangência: o planejamento pode provocar uma série de modificações nas características e atividades da empresa; d)princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade: o planejamento deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Os princípios específicos de planejamento são os seguintes (OLIVEIRA, 1995, p. 37): a)planejamento participativo: o papel do responsável pelo planejamento é o de facilitar o processo de sua elaboração pelas próprias áreas envolvidas nesse processo; b)planejamento coordenado: deve ser levado em consideração que a maioria dos aspectos envolvidos no planejamento é interdependente; c)planejamento integrado: geralmente, os objetivos são escolhidos pelos escalões superiores e os meios para atingi-los são fornecidos pelos escalões médios e inferiores da organização; d)planejamento permanente: os planos devem ser revisados permanentemente. 15.2.3Filosofias do planejamento A maioria dos processos de planejamento envolve uma mistura dos três tipos de filosofias a seguir descritas, embora possa haver predominância de um deles (OLIVEIRA, 1995, p. 39-41): a)filosofia da satisfação: os objetivos devem ser atingíveis, para proporcionar um nível mínimo de satisfação aos responsáveis pela execução do planejamento; b)filosofia da otimização: com a utilização de técnicas matemáticas e estatísticas e de modelos de simulação, o planejamento deve ser feito para atingir o melhor resultado possível; c)filosofia da adaptação: conhecida também como planejamento inovativo, consiste em responder adequadamente às mudanças externas, pois o planejamento trabalha com diferentes níveis de incerteza. 15.2.4Níveis de planejamento O planejamento pode ser classificado em três níveis: estratégico, tático e operacional. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento estratégico é um planejamento de longo prazo, de responsabilidade dos níveis mais altos da Administração, que procuram se antecipar a fatores exógenos e internos à empresa, geralmente relacionados com as linhas de produtos ou mercados. Implica tomadas de decisões complexas, pois envolve grande volume de recursos. As decisões estratégicas tomadas são de difícil reversibilidade e geralmente apresentam nível de risco expressivo. Exemplos: compra de uma fábrica, lançamento de novas linhas de produtos etc. 16.1Planejamento orçamentárioProjeção da Demonstração do Fluxo de Caixa A projeção da Demonstração do Fluxo de Caixa é conhecida também como Orçamento de Caixa ou Orçamento de Disponibilidades. Dentro do processo de planejamento econômico e financeiro, o Orçamento de Caixa é elaborado depois de todos os outros orçamentos específicos, que formam o conjunto do Orçamento Geral. Há uma integração muito profunda, indissociável, entre a Demonstração do Fluxo de Caixa projetado e o Orçamento de Aplicações Financeiras e Financiamentos, pois a disponibilidade ou falta de caixa gera aplicação financeira ou necessidade de captação de empréstimos que, porsua vez, gera receita ou despesa financeira, que impacta a Demonstração de Resultado e o Saldo de Caixa, e assim sucessivamente. A Demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada com os dados apurados nos quadros analíticos de movimentações financeiras, complementada com as movimentações financeiras das atividades de Investimentos e de Financiamentos (exceto novas aplicações financeiras e novos empréstimos em R$). O modelo utilizado permite apurar o superávit ou déficit geral de caixa e determinar o valor da nova aplicação financeira ou da nova captação de empréstimos, que são mutuamente excludentes. O saldo apurado no Quadro 16.11 determina o valor da “Aplicação” ou “Novos empréstimos”, que é transferido para o Quadro 16.9.a ou 16.9.b, conforme o caso. Quadro 16.11Projeções das demonstrações do fluxo de caixa de 20X7. Jan. Fev. Mar. Obs. ATIVIDADES DE OPERAÇÕES RECEBIMENTOS 1. Vendas de produtos 4.148.079 5.244.733 ….. Q16.10.a 2. Vendas de sucatas 40.992 61.945 65.664 Q16.10.a 3. Total 4.189.071 5.306.678 ….. PAGAMENTOS 4. Fornecedores 2.786.162 2.818.746 ….. Q16.10.b 5. ICMS + Tributos Federais (líquidos) 494.395 587.709 751.080 Q16.10.c 6. Salário e Honorários da diretoria 516.377 535.988 519.662 Q16.10.f 7. Contribuições previdenciárias 114.820 218.742 227.862 Q16.10.f 8. Imposto de Renda – Fonte 0 64.299 65.439 Q16.10.f 9. Férias, 13º salário e Rescisões 126.670 52.901 45.002 Q16.10.f 10. Energia elétrica e Comunicações 0 86.691 87.663 Q16.10.g 11. Propaganda 0 57.900 25.000 Q16.10.g 12. Prêmios de seguros 0 6.000 0 Q16.10.h 13. Custos diversos 86.717 88.764 ….. Q16.10.i 14. Despesas diversas 190.665 191.615 192.524 Q16.10.i 15. Total 4.315.806 4.709.355 ….. 16. SUPERÁVIT (DÉFICIT) ANTES DOS JUROS E IR (126.735) 597.323 ….. L3 – L15 17. (+) Recebimentos de juros 40.055 20.982 26.841 Q16.9.a 18. (–) Pagamentos de encargos financeiros 40.599 19.154 52.574 Q16.9.b + Q16.9.f 19. (–) Imposto de Renda sobre o lucro 0 109.101 216.285 Q16.10.c 20. (=) SUPERÁVIT (DÉFICIT) APÓS JUROS E IR (127.279) 490.050 ….. ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS 21. (–) Investimentos em ações 0 0 0 22. (–) Fornecedores de Imobilizado 0 66.100 42.000 Q16.10.b 23. (+) Resgate (aplicações financeiras) 1.845.202 1.183.922 1.442.645 Q16.9.a 24. (=) SUPERÁVIT (DÉFICIT) 1.845.202 1.117.822 ….. ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS 25. (+) Empréstimos em US$ – captação 0 0 212.860 Q16.9.f 26. (–) Empréstimos em US$ – amortização 259.738 165.227 149.002 Q16.9.f 27. (–) Empréstimos em R$ – amortização 188.825 0 0 Q16.9.b 28. (=) SUPERÁVIT (DÉFICIT) (448.563) (165.277) ***** CAIXA 29. Superávit (déficit) geral 1.269.360 1.442.645 ….. L20 + L24 + L28 30. (+) Saldo inicial 14.562 100.000 100.000 31. (–) Saldo mínimo (final) 100.000 100.000 100.000 Política 32. (=) Aplicação (Captação) em R$ 1.183.922 1.442.645 ….. 16.3.3Projeção da Demonstração de Resultado A Demonstração de Resultado é uma das peças mais importantes do Orçamento, pois é nessa demonstração que se reflete o resultado final das operações. As atividades de operações são conduzidas em função da “última linha” da Demonstração de Resultado, que indica o lucro líquido (ou prejuízo) do período. Quadro 16.12Projeção das demonstrações de resultado de 20X7. Jan. Fev. Mar. Obs. RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas de produtos 5.097.254 6.077.128 ….. Q16.1.c (–) DEDUÇÕES IPI, PIS e Cofins (546.134) (651.121) ….. Q16.1.c ICMS (819.202) (976.681) ….. Q16.1.c (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 3.731.918 4.449.326 ….. (–) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (2.538.449) (2.993.659) ….. Q16.6.f (=) LUCRO BRUTO 1.193.469 1.455.667 ….. (–) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas de vendas (617.222) (580.470) ….. Q16.7.a Despesas Administrativas (278.067) (278.370) (293.746) Q16.7.b (=) LUCRO ANTES DOS ENCARGOS FINANCEIROS 298.180 596.827 ….. DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS (+) Receitas de juros 40.055 20.982 26.841 Q16.9.a (–) Despesas de juros (41.376) (30.373) (31.732) Q16.9.h (–) Variação cambial (16.967) (13.248) (12.958) Q16.9.h (=) LUCRO DEPOIS DOS ENCARGOS FINANCEIROS 279.892 574.188 ….. OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS (+) Vendas de sucatas 40.992 61.945 65.664 Q16.10.a (=) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 320.884 636.133 ….. (–) IMPOSTO DE RENDA (34%) (109.101) (216.685) ….. (=) LUCRO (PREJUÍZO) LÍQUIDO 211.783 419.848 ….. 16.3.4Projeção do balanço patrimonial Com base no balanço patrimonial projetado de 31-12-20X6 e orçamentos referentes a janeiro/20X7, projeta-se o balanço patrimonial de 31-1-20X7, que serve de base para projetar o balanço patrimonial de 28-2-20X7, e assim sucessivamente. Caso seja constatada alguma diferença entre o valor total do Ativo e o do Passivo, devem ser verificados primeiramente os Quadros: 16.3.f, 16.6.a, 16.6.b e 16.10.e, que podem gerar diferenças em consequência dos arredondamentos de números. Por meio de simulações, apuram-se o superávit ou déficit de caixa, o lucro do exercício, necessidade de capital de giro etc., e, com esses dados, é possível determinar a capacidade de expansão dos negócios e direcionar os recursos disponíveis para maximizar o resultado operacional. Quadro 16.13.aProjeção dos balanços patrimoniais de 20X7 – Ativo. ATIVO Jan. Fev. Mar. Obs. ATIVO CIRCULANTE 6.309.264 7.264.451 ….. Caixa e Bancos 100.000 100.000 ….. DFC Aplicações financeiras 1.183.922 1.442.645 ….. Q16.9.a Contas a receber 4.441.045 5.273.440 ….. Q16.10.a Provisões para devedores duvidosos (17.764) 4.423.281 (21.094) 5.252.346 ….. ….. Q16.10.a Estoques Produtos acabados 379.299 229.772 ….. Q16.6.f Produtos em elaboração 18.598 19.383 ….. Q16.6.f Matérias-primas 110.789 508.686 89.555 401.710 ….. ….. Q16.3.e Despesas antecipadas – seguros 93.375 67.75035.125 Q16.10.h REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 50.000 50.000 50.000 Depósitos judiciais 50.000 50.000 50.000 ATIVO PERMANENTE 954.976 989.813 1.010.403 Investimentos Empresas controladas 493.671 493.671 493.671 Q16.8.d Imobilizado Valor original corrigido 550.048 592.048 620.523 Q16.8.e Depreciação acumulada (88.743) 461.305 (95.906) 496.142 (103.791) 516.732 Q16.8.f TOTAIS 7.314.240 8.304.264 ….. Quadro 16.13.bProjeção dos balanços patrimoniais de 20X7 – Passivo e Patrimônio Líquido. PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Jan. Fev. Mar. Obs. PASSIVO CIRCULANTE 5.174.268 5.859.718 ….. Empréstimos em moeda nacional 0 – ….. Q16.9.b Empréstimos em moeda estrangeira 1.585.105 1.559.619 ….. Q16.9.i + Q16.9.g Fornecedores 2.267.063 2.513.131 ….. Q16.10.b Obrigações fiscais IPI, PIS e Cofins a recolher 201.731 260.002 ….. Q16.10.c ICMS a recolher 385.978 491.078 ….. Q16.10.c IR-Fonte a recolher 64.299 65.439 66.683 Q16.10.f Provisão para Imposto de Renda 109.101 761.109 216.285 1.032.80 ….. ….. Q16.10.c Salários e Encargos sociais 218.742 227.862 218.848 Q16.10.f Contas a pagar 144.591 112.663 130.662 Q16.10.g Provisão p/ Férias, 13º sal. e Rescisões 197.658 413.639 628.814 Q16.10.f EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 1.145.699 1.030.395 1.131.561 Empréstimos em moeda estrangeira 1.145.699 1.030.395 1.131.561 Q16.9.i PATRIMÔNIO LÍQUIDO 994.303 1.414.151 ….. Capital social 642.800 642.800 642.800 Reservas de capital 33.431 33.431 33.431 Reservas de lucros 34.837 34.837 34.837 Lucros acumulados 71.452 71.452 71.452 Lucros do exercício 211.783 631.631 ….. DRE acumulado TOTAIS 7.314.240 8.304.264 ….. 1 Encontra-se à disposição dos professores, no site do GEN | Atlas, a planilha de simulação, com os dados apresentados neste capítulo. 2 O modelo de orçamento de aplicações financeiras e financiamentos apresentado neste capítulo é simplificado. Um modelo mais completo é apresentado no Capítulo 18. 17.1Ambiente de raciocínio Quando se faz controle financeiro em uma moeda que não seja a moeda corrente nacional, pode ocorrer interpretação equivocada do resultado financeiro. Um investidor estrangeiro, mesmo quando faz um investimento em outro país, controla e calcula o retorno em moeda corrente de seu próprio país. A preocupação com os fatores econômicos do país investido não será relevante, desde que ele tenha certeza de que seu investimento retornará com o ganho adequado. Um investidor brasileiro que fizer o investimento em seu próprio país pode controlar seu investimento em moeda estrangeira como faria um investidor estrangeiro. Se raciocinar somente em moeda estrangeira, pode dificultar a interpretação correta dos fatos econômicos que geram o resultado financeiro em moeda corrente nacional. 17.1.1Aplicação de investidor estrangeiro no Brasil Vamos supor que um investidor norte-americano faça um investimento financeiro no valor de US$ 1.000 no mercado financeiro brasileiro (Figura 17.1). Quando o valor do investimento entra no Brasil, é feita a conversão para a moeda corrente brasileira, à taxa cambial de R$ 1,00/dólar, equivalente a R$ 1.000. O valor de R$ 1.000 é aplicado no mercado financeiro brasileiro e, após algum tempo, o investimento estará valendo R$ 1.210. Ao resgatar o investimento financeiro, será feita a conversão desse valor para o dólar, à taxa cambial de R$ 1,10/dólar, o que resultará em resgate total de US$ 1.100 para o investidor norte- americano. O investidor norte-americano apurará um ganho de US$ 100, conforme o seguinte cálculo: Valor do resgate: US$ 1.100 Valor do investimento: (US$ 1.000) Ganho (perda): US$ 100 Figura 17.1 Aplicação de investidor estrangeiro no Brasil. 17.1.2Aplicação de investidor brasileiro Vamos supor que um investidor brasileiro faça um investimento no mercado financeiro brasileiro, no mesmo valor e nas mesmas condições do investidor norte-americano (Figura 17.2), e faça o controle do investimento em dólar. No momento da aplicação, a taxa de câmbio é de R$ 1,00/dólar, o que equivale a um investimento inicial de US$ 1.000. Após algum tempo, será resgatado o valor de R$ 1.210, equivalente a US$ 1.100 (taxa cambial de R$ 1,10/dólar). Figura 17.2 Aplicação de investidor brasileiro. O investidor brasileiro apurará um ganho de US$ 100, conforme o seguinte cálculo: Valor do resgate: US$ 1.100 Valor do investimento: (US$ 1.000) Ganho (perda): US$ 100 Até aqui, não existe diferença em relação ao ganho obtido pelo investidor norte-americano. Entretanto, entre os momentos do investimento inicial e do resgate, a inflação brasileira foi de 25%. Para que um valor não perca seu poder de compra, ele deve ser corrigido pela inflação. O resultado financeiro do investimento, em moeda nacional, seria apurado da seguinte forma: Valor do investimento: (R$ 1.000) Fator de correção: 1,25 Valor corrigido: (R$ 1.250) Valor do resgate: R$ 1.210 Ganho (perda): (R$ 40) O mesmo investimento apresentará ganho em US$ e perda em R$. Para o investidor norte- americano, esse fato não será importante, pois sua moeda corrente é o dólar. Entretanto, para o investidor brasileiro, será muito importante acompanhar a evolução da moeda de seu próprio país, mesmo que ele faça o controle em outra moeda, pois a maioria (se não todas) de suas outras atividades está fortemente vinculada à inflação doméstica. 17.2Métodos de conversão em moeda estrangeira Para facilidade de controle, algumas empresas que mantêm o controle dos ativos e passivos em moeda estrangeira (dólar, por exemplo) apuram os “juros” pela diferença entre o valor final e o valor original em dólar, pelo método do efeito líquido dos resultados financeiros. Para melhor compreender os efeitos que a inflação provoca sobre as transações em real controladas em outra moeda, é necessário efetuar a segregação de efeitos financeiros incidentes sobre as transações. O método de segregação de efeitos financeiros fornece importantes subsídios para análise gerencial de resultados financeiros (HOJI, 1995). EXEMPLO. Uma empresa fez aplicação financeira no valor de R$ 100.000, e a controla em US$. As condições da operação e das bases econômicas foram as seguintes: •Taxa de remuneração: inflação do período + 10% de juros •Taxa de câmbio na data da aplicação: US$ 1 = R$ 1,00 •Inflação: 20% no período De acordo com as condições da aplicação financeira, o valor total do resgate foi de R$ 132.000. Vamos simular os resultados pelos dois métodos de controle, primeiramente com a hipótese de que a variação cambial foi igual à inflação do período, de 20% (Hipótese 1). 17.2.1Método do efeito líquido O método do efeito líquido apuraria o seguinte resultado financeiro: Quadro 17.1Método do efeito líquido. Hipótese 1: VC = Inflação (20% no período) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 (+) Inflação 20.000 *** (=)Valor corrigido 120.000 *** (+) Juros 12.000 10.000 (=) Valor final da aplicação 132.000 1,20 110.000 Os juros foram calculados da seguinte forma: Cálculo de juros em R$: Valor corrigido: R$ 120.000 (×) Taxa de juros: 10% (=) Juros: R$ 12.000 Cálculo de juros em US$: Valor final da aplicação (R$ 132.000 / 1,20): US$ 110.000 (–) Valor original da aplicação (R$ 100.000 / 1,00): US$ 100.000 (=) Juros: US$ 10.000 17.2.2Método de segregação de efeitos financeiros Com base nos mesmos dados do exemplo anterior, pelo método de segregação de efeitos financeiros, o resultado financeiro seria o seguinte: Quadro 17.2Método de segregação de efeitos financeiros. Hipótese 1: VC = Inflação (20% no período) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 (+) Inflação 20.000 *** (=) Valor corrigido 120.000 *** (+) Juros 12.000 1,20 10.000 (+) Ganho (perda) na conversão *** 0 (=) Valor final da aplicação 132.000 1,20 110.000 O cálculo do ganho ou perda na conversão é feito somente em dólar. Os efeitos financeiros foram calculados da seguinte forma: Cálculo de juros em US$: Juros em R$ / Taxa de conversão = (R$ 12.000 / 1,20): US$ 10.000 Cálculo de ganho (perda) na conversão: Valor final da aplicação: US$ 110.000 (–) Valor original + Juros: US$ 110.000 (=) Ganho (perda) na conversão: US$ 0 17.2.3Comparação dos métodos Vamos colocar os resultados obtidos pelos dois métodos lado a lado, para comparar as diferenças (ou semelhanças). Quadro 17.3Comparação dos métodos. Hipótese 1: VC = Inflação (20% no período) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Efeito líquido Segregação Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 100.000 (+) Inflação 20.000 *** *** (=) Valor corrigido 120.000 *** *** (+) Juros 12.000 1,20 10.000 10.000 (+) Ganho (perda) na conversão *** *** 0 (=) Valor final da aplicação 132.000 1,20 110.000 110.000 Tanto um como o outro método apresentaram o resultado financeiro no valor de US$ 10.000. Agora, vamos simular mais duas hipóteses, sendo: •Hipótese 2: VC (15%) < Inflação (20%) •Hipótese 3: VC (25%) > Inflação (20%) Quadro 17.4Comparação dos métodos. Hipótese 2: VC (15%) < Inflação (20%) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Efeito líquido Segregação Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 100.000 (+) Inflação 20.000 *** *** (=) Valor corrigido 120.000 *** *** (+) Juros 12.000 1,15 14.783 10.435 (+) Ganho (perda) na conversão *** *** 4.348 (=) Valor final da aplicação 132.000 1,15 114.783 114.783 Quadro 17.5Comparação dos métodos. Hipótese 3: VC (25%) > Inflação (20%) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Efeito líquido Segregação Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 100.000 (+) Inflação 20.000 *** *** (=) Valor corrigido 120.000 *** *** (+) Juros 12.000 1,25 5.600 9.600 (+) Ganho (perda) na conversão *** *** (4.000) (=) Valor final da aplicação 132.000 1,25 105.600 105.600 CÁLCULOS DE GANHO (PERDA) NA CONVERSÃO EM US$: Hipótese 2: Valor final da aplicação: US$ 114.783 (–) Valor original + Juros: US$ 110.435 (=) Ganho (perda) na conversão: US$ 4.348 Hipótese 3: Valor final da aplicação: US$ 105.600 (–) Valor original + Juros: US$ 109.600 (=) Ganho (perda) na conversão: US$ (4.000) Comparando os resultados financeiros das hipóteses 2 e 3, podemos perceber que, pelo método do efeito líquido, o ganho ou perda pela inflação doméstica é acrescido ou deduzido diretamente dos juros, o que não ocorre em caso de se utilizar o método de segregação de efeitos financeiros. A utilização de um ou outro método depende da necessidade de informação para análise gerencial, pois o método do efeito líquido é mais prático, porém o método de segregação de efeitos financeiros fornece subsídios para melhor compreensão desses efeitos. 17.2.4Análise do ganho ou perda na conversão de moeda O ganho ou perda na conversão (GPC) é a diferença entre a taxa de inflação doméstica e a taxa de variação cambial, calculada de acordo com a seguinte fórmula: onde: GPC= Ganho ou perda na conversão; VOR= Valor original em R$; IR= Inflação em R$ do período; VC= Variação cambial do período. Aplicando-se a equação do GPC sobre os dados da hipótese 2, tem-se: GPC = R$ 100.000 × [(1 + 0,2) / (1 + 0,15) – 1] GPC = R$ 100.000 × 0,043478 = US$ 4.348 Juros em US$ = US$ 114.783 – US$ 100.000 – US$ 4.348 = US$ 10.435 Aplicando-se a equação do GPC sobre os dados da hipótese 3, tem-se: GPC = R$ 100.000 × [(1 + 0,2) / (1 + 0,25) – 1] GPC = R$ 100.000 × – 0,04= (US$ 4.000) Juros em US$ = US$ 105.600 – US$ 100.000 + US$ 4.000 = US$ 9.600 17.2.5Casos de ganho ou perda com inflação Se a aplicação financeira tivesse sido feita com taxa prefixada de 32% (equivalente à taxa de juros de 10% + inflação de 20%) e a inflação do período tivesse sido de 35%, não teríamos o recebimento de juro e, muito pelo contrário, teríamos uma perda monetária provocada pela inflação, conforme demonstrado no quadro seguinte. Quadro 17.6Aplicação financeira com perda monetária. Hipótese 4: Taxa de juros prefixada de 32%: VC (20%) < Inflação (35%) Valor em R$ Taxa de Conversão Valor em US$ Efeito líquido Segregação Valor original da aplicação 100.000 1,00 100.000 100.000 Inflação 35.000 *** *** Valor corrigido 135.000 *** *** Ganho (perda) com inflação (3.000) 1,20 *** (2.500) Juros 0 1,20 10.000 0 Ganho (perda) na conversão *** *** 12.500 Valor final da aplicação 132.000 1,20 110.000 110.000 Pelo método do efeito líquido, estaríamos afirmando que houve um recebimento de juro real de US$ 10.000, enquanto, na realidade, ocorreu um juro real “negativo” no valor de R$ 3.000 (equivalente a US$ 2.500). Pode-se perceber claramente que, na moeda da operação (R$), não houve nenhum recebimento de juro.O juro recebido em dólar (apurado pela diferença em dólar entre o valor final e o valor original da aplicação) é ilusório, pois foi apurado em função de o controle estar sendo feito em dólar. Para um investidor brasileiro, os fatos ocorridos em ambiente do R$ não se alterarão, qualquer que seja a taxa de variação cambial do período. 17.3Projeção e controle em moeda estrangeira Em um ambiente econômico em que a inflação anual se situa abaixo de 10% ao ano, existe a necessidade de se elaborar a projeção financeira em uma moeda tradicionalmente forte? Sem uma análise profunda do impacto da inflação sobre o planejamento e controle financeiro, a resposta poderia ser não, pois muitos administradores acham que a inflação anual nesse nível não prejudica significativamente as projeções financeiras elaboradas em moeda local. Demonstrações financeiras elaboradas somente em moeda local podem não ser interpretadas corretamente pelos administradores das matrizes de empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil. O mesmo pode ocorrer com relação aos investidores estrangeiros. Portanto, é necessário que as filiais de empresas estrangeiras e empresas brasileiras com interesses em investimentos estrangeiros elaborem relatórios financeiros em uma moeda forte aceita internacionalmente. A moeda forte poderia ser o dólar e, dependendo do caso, são aplicados os princípios contábeis diferentes dos nossos para a elaboração de relatórios financeiros. Para que o resultado planejado pudesse ser adequadamente controlado, o planejamento e o controle orçamentário eram feitos em uma moeda expurgada dos efeitos inflacionários. Era prática comum, no Brasil, a utilização do dólar como moeda para planejamento e controle orçamentário, até os últimos anos da década de 1990. Após a adoção do sistema de câmbio flutuante no Brasil, a taxa de câmbio passou a sofrer fortes oscilações e sua utilização para controle de operações em moeda nacional provoca significativas distorções. 17.3.1Projeção em moedas de períodos correntes Os valores correntes, tanto em R$ como em US$, representam os valores efetivos em moedas dos respectivos períodos. Para atualizar os valores do período-base em valores correntes, utilizam-se os números- índices. Inicialmente, vamos projetar as variações periódicas dos diversos preços e variação cambial até o período 2 (p2) e, em seguida, calcular os respectivos índices. Tabela 17.1Projeção de índices. Índices Períodos (p) 0 1 2 1. Inflação geral Variação do período Índice 1,000000 1,200000 1,260000 3. Variação cambial Variação do período – 7,86% 9,31% Índice 1,000000 1,078600 1,179018 Taxa de câmbio 1,2000 1,2943 1,4148 O número-índice é calculado com a equação 3.1. A taxa de câmbio (ou outro preço qualquer) do mês de referência é calculada de acordo com a equação 16.1: Pn = P0 × In, sempre com base na taxa de câmbio do período-base. EXEMPLOS: Índice da variação cambial de p2 = (1 + 9,31%) × 1,078600 = 1,179018 Taxa de câmbio de p2 = R$ 1,2000 × 1,179018 = R$ 1,4148 Para atualizar os preços, deve ser utilizado o índice mais adequado para cada caso. Por exemplo: para atualizar os valores de recebimentos de vendas, utiliza-se a inflação geral e, para atualizar os valores de custos em moeda nacional, utiliza-se a variação do preço do atacado, pois esses custos são compostos principalmente por itens medidos pelo IPA, e assim por diante. Vamos utilizar os seguintes índices no exemplo desenvolvido: Itens das atividades de operação Índice •Vendas Inflação geral •Custos e despesas: Impostos Inflação geral Custos em moeda nacional Variação do preço do atacado Custos em moeda estrangeira Variação cambial Despesas operacionais Variação dos preços ao consumidor Com base em dados do Quadro 17.7 e da Tabela 17.1, projetam-se os valores correntes e os resultados de p1 e p2. Quadro 17.7Projeção do resultado acumulado de p2, em R$ de p0. Apuração do resultado p1 p2 Acumulado Receita bruta 142.000 168.000 310.000 (–) Impostos (35.000) (45.000) (80.000) (–) Custos em moeda nacional (46.000) (54.000) (100.000) (–) Custos em moeda estrangeira (46.000) (54.000) (100.000) (–) Despesas operacionais (6.000) (6.000) (12.000) (=) Lucro 9.000 9.000 18.000 Quadro 17.8Projeção do resultado acumulado de p2, em US$ correntes. Apuração do resultado p1 p2 Saldo Acumulado Valores em US$ Índices Valores em US$ Índices Receita bruta 120.464 1,098000 145.376 1,224270 265.840 (–) Impostos (29.692) 1,098000 (38.940) 1,224270 (68.632) (–) Custos em moeda nacional (38.526) 1,084000 (45.594) 1,194568 (84.120) (–) Custos em moeda estrangeira (38.333) 1,078600 (45.000) 1,179018 (83.333) (–) Despesas operacionais (5.563) 1,200000 (5.344) 1,260000 (10.907) (=) Lucro 8.350 10.498 18.848 Taxas de conversão 1,2943 1,4148 Cada item do Quadro 17.7 é atualizado até o momento de sua realização pelos respectivos índices, gerando os valores que efetivamente serão realizados nos respectivos períodos. Os valores em R$ correntes de cada item são, então, convertidos em US$ com a taxa de câmbio dos respectivos períodos, gerando os valores do Quadro 17.8. Por exemplo, para determinar o valor em US$ corrente dos custos em moeda nacional de p1, foram feitos os seguintes cálculos: Valor em R$ corrente = R$ 46.000 × 1,08400 = R$ 49.864 Valor em US$ corrente = R$ 49.864 / 1,2943 = US$ 38.526 17.3.2Controle financeiro em moeda estrangeira Um planejamento financeiro sem controle adequado não produz resultado eficaz. Fazer um controle que não seja comparável com o resultado planejado, também, não faz sentido. O sistema orçamentário requer revisões periódicas, para ajustar constantemente os orçamentos de acordo com as alterações das condições e premissas básicas, pois os valores realizados (efetivos), fatalmente, não serão os mesmos assumidos na época da projeção, por diversas razões: variação no nível de atividade, variação dos preços projetados etc. O controle orçamentário deve ser realizado com base no orçamento originalmente elaborado, mas a análise das variações e a explicação delas devem levar em consideração os desvios gerados pelos diversos índices utilizados. AJUSTE DOS ÍNDICES PROJETADOS Continuando com o exemplo já apresentado, vamos analisar alguns aspectos do controle financeiro. Inicialmente, é necessário fazer os ajustes dos índices, pois, devido ao grande número de índices de preços utilizados e à impossibilidade de “adivinhar” o número exato da variação de preços, será inevitável a ocorrência de distorções dos valores projetados. Suponha-se que as taxas de variações reais (efetivas) tenham sido as seguintes: Variação de preço e variação cambial p1 p2 •Inflação geral 10,20% 11,00% •Variação do preço do atacado 9,60% 10,20% •Variação dos preços ao consumidor 18,00% 5,00% •Variação cambial 9,17% 8,86% Com base em variações de preços e variações cambiais efetivamente ocorridas, ajustam-se os índices originalmente projetados. Tabela 17.2 Ajuste dos índices projetados. Índices Período (p) 0 1 2 1. Inflação geral Variaçãoefetiva do período – 10,20% 11,00% Índice 1,000000 1,102000 1,223220 2. Variações de preços 2.1 Variação do preço do atacado Variação efetiva do período – 9,60% 10,20% Índice 1,000000 1,096000 1,207792 2.2 Variação dos preços ao consumidor Variação efetiva do período – 18,00% 5,00% Índice 1,000000 1,180000 1,239000 3. Variação cambial Variação efetiva do período – 9,17% 8,86% Índice 1,000000 1,091700 1,188425 Taxa de câmbio 1,2000 1,3100 1,4261 AJUSTE DOS RESULTADOS PROJETADOS Com base nos índices efetivos de cada período, vamos fazer o ajuste da projeção do resultado acumulado de p2. A projeção do resultado acumulado de p2, em US$ correntes, após os ajustes, passa a apresentar os valores do Quadro 17.9. Quadro 17.9Projeção ajustada do resultado acumulado de p2, em US$ correntes. Apuração do resultado p1 p2 Saldo Acumulado Valores em US$ Índices Valores em US$ Índices Receita bruta 119.453 1,102000 144.100 1,223220 263.553 (–) Impostos (29.443) 1,102000 (38.598) 1,223220 (68.041) (–) Custos em moeda nacional (38.486) 1,096000 (45.734) 1,207792 (84.220) (–) Custos em moeda estrangeira (38.333) 1,091700 (45.000) 1,188425 (83.333) (–) Despesas operacionais (5.405) 1,180000 (5.213) 1,239000 (10.618) (=) Lucro 7.786 9.555 17.341 Taxas de conversão 1,3100 1,4261 Os valores do Quadro 17.9 são calculados com base no Quadro 17.7, de forma semelhante aos do Quadro 17.8. RESULTADOS EM MOEDAS DO PERÍODO FINAL Os resultados em US$ correntes de dois períodos diferentes podem ser comparados ou somados, pois transmitem a noção do poder de compra da moeda em que estão expressos, a qualquer tempo, independentemente da época da apuração dos valores. Entretanto, o resultado acumulado dos dois períodos (p1 e p2), para ser comparado ou somado em R$, deve ser convertido em uma moeda com o mesmo poder aquisitivo. Os valores em R$ de p1 podem ser atualizados até o p2 pelo índice geral (Quadro 17.10) e, então, convertidos para o US$, com a taxa de câmbio de p2 (Quadro 17.11). Os valores correntes de p2 já estão expressos em moeda do próprio p2. Quadro 17.10Projeção ajustada do resultado acumulado de p2, em R$ de p2. Apuração do resultado p1 p2 Acumulado Receita bruta 173.697 205.501 379.198 (–) Impostos (42.813) (55.045) (97.858) (–) Custos em moeda nacional (55.962) (65.221) (121.183) (–) Custos em moeda estrangeira (55.742) (64.175) (119.917) (–) Despesas operacionais (7.859) (7.434) (15.293) (=) Lucro 11.321 13.626 24.947 Índices gerais 1,110000 1,000000 Quadro 17.11Projeção ajustada do resultado acumulado de p2, em US$ de p2. Apuração do resultado p1 p2 Acumulado Receita bruta 121.799 144.100 265.899 (–) Impostos (30.021) (38.598) (68.619) (–) Custos em moeda nacional (39.241) (45.734) (84.975) (–) Custos em moeda estrangeira (39.087) (45.000) (84.087) (–) Despesas operacionais (5.511) (5.213) (10.724) (=) Lucro 7.939 9.555 17.494 Taxa de conversão 1,4261 1,4261 17.3.3Ajuste de conversão Conforme já foi constatado, pela praticidade, o planejamento orçamentário (e, portanto, também o controle), se for feito em dólar, deve ser em US$ corrente. Pelo método de conversão em US$ corrente, o lucro líquido acumulado dos dois períodos é de US$ 17.341 (Quadro 17.9), e, pelo método de conversão em US$ do período final, o lucro líquido acumulado é de US$ 17.494 (Quadro 17.11). A diferença de US$ 153 é gerada pelo resultado de p1, pois o resultado de p2 é idêntico pelos dois métodos. Efetivamente, se raciocinarmos em R$ de poder aquisitivo constante, o lucro líquido de US$ 7.786 (Quadro 17.9) apurado em p1 estará valendo US$ 7.939 (Quadro 17.11) em p2, em decorrência da diferença entre a variação cambial e a variação da inflação geral, de 1,9651%, apurada de acordo com a seguinte equação: V% = (1 + ∆Gp2) / (1 + ∆Cp2) – 1, onde V% = diferença entre os indexadores em percentual, G = inflação geral e C = variação cambial. Assim, uma vez que o lucro líquido de p1, no valor de US$ 7.786, foi apurado em US$ corrente, não podemos dizer que o resultado de p1 alterou-se, em p2, para US$ 7.939. Essa diferença pode ser explicada por meio da seguinte demonstração: Valores em US$ Lucro líquido de p1, em US$ corrente: 7.786 (+) Lucro líquido de p2, em US$ corrente: 9.555 (=) Lucro líquido acumulado, em US$ corrente: 17.341 (+) Ajuste de conversão em US$ (US$ 7.786 × 1,9651%): 153 (=) Lucro líquido acumulado, em US$ de p2: 17.494 17.3.4Variação orçamentária Uma das dificuldades geralmente presentes na análise da variação orçamentária é a distorção provocada pela diferença existente entre a inflação projetada e a inflação efetivamente ocorrida. A análise da variação orçamentária deve ser feita dentro de certos critérios. O item do orçamento que apresentar a variação acima de determinado valor ou percentual deve ser analisado, e a variação, explicada, para que haja efetivo controle orçamentário. Vamos supor que as variações acima de 5% ou US$ 200, por item de atividade, necessitem ser explicadas. VARIAÇÕES SEM AJUSTE DOS ÍNDICES A variação entre o resultado realizado e o projetado originalmente, de p1, é apresentada no Quadro 17.12. Os “Valores projetados originais” foram extraídos do Quadro 17.8, e estão sendo comparados com os “Valores realizados”. Quadro 17.12Variação do resultado projetado × resultado realizado, de p1, em US$ corrente, sem o ajuste dos valores projetados. Apuração do resultado Valores projetados originais Valores realizados Variações Valor % Receita bruta 120.464 120.464 0 0% (–) Impostos (29.692) (29.692) 0 0% (–) Custos em moeda nacional (38.526) (38.486) 40 (0,10%) (–) Custos em moeda estrangeira (38.333) (38.333) 0 0% (–) Despesas operacionais (5.563) (5.311) 252 (4,54%) (=) Lucro 8.350 8.642 292 3,50% Dentro dos critérios de análise estabelecidos, as variações ocorridas entre o resultado realizado e o resultado projetado estão dentro da margem de variações consideradas normais e aceitáveis pela empresa, exceto o item Despesas operacionais. Portanto, somente esse item precisaria ser analisado em maior profundidade. VARIAÇÕES COM AJUSTE DOS ÍNDICES Sabemos que o resultado projetado em p0 e os valores dos itens do orçamento foram distorcidos pela diferença existente entre a variação de preços projetada e a variação real ocorrida em p1. Já vimos que é possível eliminar essas distorções, pormeio do ajuste dos índices. Os “Valores projetados ajustados” do Quadro 17.13 foram extraídos do Quadro 17.9. Quadro 17.13Variação do resultado projetado × resultado realizado, de p1, em US$ corrente, com os valores projetados ajustados. Apuração do resultado Valores projetados ajustados Valores realizados Variações Valor % Receita bruta 119.453 120.464 1.010 0,85 (–) Impostos (29.443) (29.692) (249) 0,85 (–) Custos em moeda nacional (38.486) (38.486) 0 0 (–) Custos em moeda estrangeira (38.333) (38.333) 0 0 (–) Despesas operacionais (5.405) (5.311) 94 (1,74) (=) Lucro 7.786 8.642 855 10,98 Após o ajuste do resultado projetado, conforme o Quadro 17.13, pode-se observar que, na realidade, o item Despesas operacionais estava dentro da margem de desvio aceitável. Os itens Receita bruta e Impostos são os que precisam ser analisados em maior profundidade para justificar a variação ocorrida além dos limites estabelecidos. 18.1Planejamento de despesas financeiras O planejamento financeiro consiste em adequar o volume de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimentos da empresa, avaliando as possíveis fontes de recursos. Nesse contexto, torna-se necessária, entre outras providências, a análise da estrutura de capital, bem como a avaliação da capacidade de obtenção de financiamento da empresa. O nível de atividades operacionais planejado deve ficar limitado à capacidade máxima de obtenção de financiamento. As despesas financeiras podem exercer forte impacto sobre o lucro das empresas. A administração eficaz das despesas financeiras consiste em planejar, controlar e analisar adequadamente, compreendendo perfeitamente sua natureza e seu mecanismo, para maximizar os recursos financeiros colocados à disposição da empresa. Os requisitos essenciais para a análise da variação entre as despesas planejadas e realizadas são dois: o volume e o preço. As despesas financeiras líquidas, bem como os saldos das operações financeiras que as geram, devem ser segregadas adequadamente, para que seja possível a análise da variação orçamentária, mediante a aplicação de técnicas tradicionais. O Orçamento de caixa e o Orçamento de despesas financeiras, adequadamente elaborados e analisados, fornecem importantes subsídios para a tomada de decisões financeiras. 18.1.1Planejamento de operações financeiras O planejamento de operações financeiras, que consiste em planejar as despesas e receitas financeiras, bem como as fontes e as condições gerais dos financiamentos, exige um profundo conhecimento do mercado financeiro e da economia brasileira e internacional. A informação básica para o administrador financeiro iniciar a elaboração do Orçamento de despesas financeiras é o volume de “geração de caixa antes das despesas financeiras”, que é parte do Orçamento de caixa. A elaboração do Orçamento de despesas financeiras exige a definição clara e objetiva de premissas e critérios básicos, considerando os possíveis cenários econômicos do período orçamentário. Para simplificar os termos, os empréstimos e aplicações financeiras serão denominados, simplesmente, operações financeiras. Para distinguir os saldos iniciais dos empréstimos existentes e empréstimos que serão captados durante o período do orçamento, os primeiros serão designados “antigos” e os segundos, “novos”. REGRAS E CRITÉRIOS GERAIS PARA CÁLCULOS DE JUROS a)Operações financeiras existentes no início do período orçamentário Sobre os empréstimos e aplicações financeiras existentes no início do período orçamentário (antigos) devem ser aplicadas as taxas de juros contratadas, pro rata die. Se as taxas de juros forem variáveis (indexadas a Libor semestral ou trimestral, por exemplo), devem ser estimadas. b)Novas operações financeiras contratadas durante o período orçamentário Geralmente, é difícil prever com exatidão em qual período do mês (início, meio ou fim) ocorre a concentração de captação de empréstimos, pois isso depende de vários fatores, como os recebimentos de clientes, pagamentos diversos e amortizações de empréstimos. Portanto, é razoável considerar que as captações de novos empréstimos ocorram no meado do mês. Assim, os juros são calculados sobre a metade do número de dias existentes nos meses de captação e de vencimento. No mês de 31 dias, serão considerados “15,5 dias”; no mês de 30 dias, “15 dias”; no mês de 29 dias, “14,5 dias”; e no mês de 28 dias, “14 dias”. Sobre os empréstimos novos contratados durante o período orçamentário pode ser aplicada uma taxa de juros única pormodalidade de empréstimo. Dentro de um mesmo período orçamentário, se as variações nas taxas de juros forem significativas, podem ocorrer desvios que comprometem o resultado do orçamento. Situações extremas podem ocorrer, como, por exemplo, quando o período em questão seja o semestre e se inicie com a taxa de juros de 15% a.a. e finalize com 10% a.a. Nesse caso, é recomendável utilizar as taxas de juros diferentes em períodos menores (trimestre, por exemplo), em vez de utilizar uma única taxa de juros para todo o semestre. Serão aplicadas as seguintes taxas de juros sobre as novas operações financeiras: •Operações financeiras em moeda local (R$) Empréstimos: 18,00% ao ano Aplicações financeiras: 14,00% ao ano •Operações financeiras em moeda estrangeira (US$) Empréstimos: 10,00% ao ano + variação cambial c)Agrupamento por modalidade e moeda de indexação Os empréstimos devem ser agrupados por moeda em que estão indexados, isto é, em moeda local ou em moeda estrangeira, pois sobre os empréstimos do segundo grupo incide, além de juros, a variação cambial, o que exige cálculos adicionais. Os empréstimos em moeda estrangeira, ou, simplesmente, empréstimos externos, são controlados na moeda original e convertidos em moeda local, na ocasião da complementação do Orçamento de caixa. REGRAS E CRITÉRIOS GERAIS PARA O CÁLCULO DE VARIAÇÃO CAMBIAL A despesa ou receita de variação cambial é calculada sobre os empréstimos em moeda estrangeira e outros ativos e passivos indexados em moeda estrangeira, tais como importação a pagar e saques de exportação. Neste exemplo, considerou-se o dólar norte-americano (US$) como a moeda estrangeira. Foram projetadas as seguintes taxas de câmbio, válidas para todo o mês: Mês Taxa de câmbio Dezembro-X0 Janeiro-X1 Fevereiro-X1 Março-X1 Abril-X1 Maio-X1 Junho-X1 2,0000 2,0164 2,0329 2,0496 2,0664 2,0833 2,1000 18.1.2Estratégias financeiras As estratégias financeiras devem ser flexíveis, pois o mercado financeiro é bastante dinâmico. Para que sejam eficazes, devem ser estabelecidas mediante a visão geral da possível (e provável) situação econômico-financeira do período orçamentário. ESTRATÉGIA DE FINANCIAMENTO A eficácia da estratégia de financiamento exige que se observe o comportamento da necessidade de caixa de todo o período orçamentário, considerando diversos fatores, como as possíveis condições dos mercados financeiros brasileiro e internacional e a capacidade de obtenção de financiamento da empresa. São estabelecidas as seguintes estratégias de financiamento: •Empréstimos em moeda estrangeira 80% do valor amortizado do empréstimo externo serão renovados pelo prazo de três meses. •Empréstimos em moeda local Toda a necessidade de caixa será coberta com empréstimo em moeda local com prazo de dois meses. Prevê-se que os saldos iniciais de 20X1 (saldos finais de 31-12-X0)1 dos empréstimos serão conforme os demonstradosa seguir. Note que os valores dos empréstimos em moeda local estão expressos em R$ e os valores dos empréstimos em moeda estrangeira, em US$. Tabela 18.1Saldos iniciais de empréstimos em moeda local (valores em R$). Data de captação Data de vencimento Taxa de juros (% a.a.) Valor original (R$) Montante em 31-12-X0 (R$) 12-11-X0 22-11-X0 16-10-X0 21-12-X0 Total 12-1-X1 22-1-X1 16-2-X1 25-6-X1 21,50% 21,00% 22,00% 20,00% 10.000 18.000 12.000 20.000 60.000 10.269 18.376 12.514 20.102 61.261 Tabela 18.2Saldos iniciais de empréstimos em moeda estrangeira (valores em US$). Data de captação Data de vencimento Taxa de juros (% a.a.) Valor original (US$) Montante em 31-12-X0 (US$) 25-7-X0 12-7-X0 13-10-X0 3-4-X0 16-10-X0 8-12-X0 20-11-X0 25-7-X0 8-12-X0 16-10-X0 14-11-X0 11-12-X0 11-12-X0 Total 5-1-X1 12-1-X1 15-1-X1 26-1-X1 15-2-X1 23-2-X1 20-3-X1 30-3-X1 9-4-X1 16-4-X1 15-5-X1 11-6-X1 10-12-X1 14,00% 13,50% 11,95% 16,00% 12,60% 10,80% 11,20% 14,00% 10,95% 11,75% 11,40% 10,50% 10,05% 6.400 9.000 2.500 12.000 7.500 5.000 7.400 8.200 4.600 7.600 6.900 5.800 18.000 100.900 6.796 9.581 2.566 13.451 7.700 5.035 7.494 8.707 4.632 7.789 7.003 5.834 18.101 104.686 ESTRATÉGIA DE APLICAÇÃO FINANCEIRA E SALDO MÍNIMO DE CAIXA O saldo de caixa será aplicado em moeda local, com exceção do saldo mínimo de segurança, no valor de R$ 5.000. O valor aplicado será resgatado integralmente no mês sequinte, juntamente com o juro do período. O saldo inicial previsto de aplicação financeira é R$ 38.000. Prevê-se que será aplicado no dia 31-12-X0, com resgate no dia 31-1-X1. 18.1.3Orçamento de caixa O administrador financeiro inicia a elaboração, ou melhor, completa o Orçamento de caixa, com as atividades sob sua responsabilidade. O Orçamento de caixa deve ser elaborado mês a mês, pois o fluxo de caixa e o resultado final de um mês influem no fluxo de caixa e no resultado dos meses seguintes. Por exemplo, apurou-se que o fluxo de caixa das atividades operacionais e financeiras do mês de janeiro-X1 resultará em necessidade de caixa no valor de R$ 29.126 (Quadro 18.2). Essa necessidade de caixa irá gerar operações financeiras, que, por sua vez, gerarão outras operações financeiras em meses subsequentes. APURAÇÃO DA SOBRA OU NECESSIDADE DE CAIXA Suponha que seja apresentado ao administrador financeiro um Orçamento de caixa antes das despesas financeiras líquidas relativo ao primeiro semestre de 20X1, conforme o Quadro 18.1. Esse orçamento (incompleto) mostra que se espera uma geração de caixa antes das despesas financeiras líquidas, no valor de R$ 67.136, no semestre. O administrador financeiro deverá completar o Orçamento de caixa com os dados relativos a operações financeiras, ou seja, com os juros a pagar e a receber e amortização de empréstimos e financiamentos, para apurar a efetiva sobra ou necessidade de caixa em cada mês. Quadro 18.1Orçamento de caixa antes das despesas financeiras líquidas. (Valores em R$) MÊS Jan.-X1 Fev.-X1 Mar.-X1 Abr.-X1 Maio-X1 Jun.-X1 TOTAL TAXA DE CÂMBIO 2,0164 2,0329 2,0496 2,0664 2,0833 2,1000 RECEBIMENTOS Vendas no mercado doméstico 68.500 83.000 118.600 99.500 106.900 124.500 601.000 Vendas no mercado externo 8.066 10.165 10.248 10.332 10.417 10.500 59.727 Total (A) 76.566 93.165 128.848 109.832 117.317 135.000 660.727 PAGAMENTOS Compras no mercado 44.500 38.000 34.800 59.400 58.000 56.800 291.500 doméstico 12.098 12.197 12.298 16.531 16.666 16.800 85.591 Compras no mercado externo 38.000 37.500 31.500 38.000 31.500 33.000 209.500 Outros custos e despesas 94.598 87.697 78.598 113.931 106.166 106.600 587.591 Total (B) GERAÇÃO DE CAIXA OPERACIONAL (C = A – B) (18.033) 5.467 50.250 (4.099) 11.150 28.400 73.136 INVESTIMENTOS Aplicação (venda) de ações 0 1.000 0 0 (1.000) 1.500 1.500 Compra (venda) de 1.500 500 0 1.000 500 1.000 4.500 imobilizado 1.500 1.500 0 1.000 (500) 2.500 6.000 Total (D) GERAÇÃO DE CAIXA ANTES DAS DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS (E = C – D) (19.533) 3.967 50.250 (5.099) 11.650 25.900 67.136 De acordo com o Orçamento de caixa completado com operações financeiras (Quadro 18.2), haverá necessidade de captação de empréstimo para suprir o caixa nos meses de janeiro, fevereiro, abril e junho. Nos meses de março e maio, haverá sobra de caixa e, portanto, a empresa poderá aplicá-la no mercado financeiro. Nesta altura dos acontecimentos, o leitor deverá estar se perguntando: “Afinal de contas, como foram apurados esses valores?”. Para entender a lógica dos números apresentados no Quadro 18.2, há necessidade de voltar um pouco no tempo e acompanhar as fases da apuração dos dados relativos às operações financeiras (as origens dos dados e os cálculos estão demonstrados no Quadro 18.9). Quadro 18.2Orçamento de caixa completado com operações financeiras. (Valores em R$) MÊS Jan.-X1 Fev.-X1 Mar.-X1 Abr.-X1 Maio-X1 Jun.-X1 TOTAL TAXA DE CÂMBIO 2,0164 2,0329 2,0496 2,0664 2,0833 2,1000 GERAÇÃO DE CAIXA ANTES DAS DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS (E = C – D) (19.533) 3.967 50.250 (5.099) 11.650 25.900 67.136 PAGAMENTOS DE DESPESAS FINANCEIRAS Juros sobre empréstimos antigos em moeda local Juros sobre empréstimos novos em moeda local Juros sobre empréstimos externos antigos Juros sobre empréstimos externos novos Outras despesas financeiras (–) Juros sobre aplicação financeira Líquido (F) 926 0 5.440 0 100 (431) 6.035 844 0 888 0 120 0 1.852 0 801 2.185 0 100 0 3.086 0 418 1.285 1.230 150 (130) 2.953 0 0 831 523 80 0 1.434 1.976 748 645 666 100 (36) 4.099 3.746 1.967 11.275 2.418 650 (597) 19.459 FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO (G = E – F) (25.568) 2.115 47.165 (8.052) 10.216 21.801 47.677 AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS Empréstimos antigos em moeda local Empréstimos novos em moeda local Empréstimos externos antigos Empréstimos externos novos Total (H) NOVAS CAPTAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA (I) 28.000 0 60.290 0 88.290 48.232 12.000 0 25.411 0 37.411 20.329 0 29.126 31.974 0 61.100 25.579 0 14.968 25.210 49.428 89.606 58.711 0 0 14.375 20.833 35.208 28.166 20.000 26.303 12.180 26.208 84.691 30.710 60.000 70.397 169.440 96.469 396.306 212.728 SUPERÁVIT (DÉFICIT) DE CAIXA (J = G – H + I) (65.626) (14.968) 11.644 (37.947) 3.174 (32.180) (135.902) SALDO DE DISPONIBILIDADE (*) Caixa e Bancos (k 1) Aplicação financeira (k 2) Total (k = k 1 + k 2) 5.000 0 5.000 5.0000 5.000 5.000 11.644 16.644 5.000 0 5.000 5.000 3.174 8.174 5.000 0 5.000 SOBRA (NECESSIDADE) DE CAIXA (L = J + kanterior – k 1) (29.126) (14.968) 11.644 (26.303) 3.174 (29.005) (*) Saldo de disponibilidade em 31-12-X0: R$ 41.500 (Caixa: R$ 3.500; Aplicação financeira: R$ 38.000). CÁLCULOS DE JUROS SOBRE OS EMPRÉSTIMOS EM MOEDA LOCAL Os juros dos empréstimos em moeda local são atualizados com juros compostos sobre o montante intermediário calculado até o mês anterior (ou sobre o valor original, se captado durante o mês corrente). Caso os juros sejam calculados mensalmente sobre o valor original do empréstimo, considerando somente o número de dias do “mês focal” (mês em que o empréstimo está sendo atualizado), eles poderão apresentar significativas distorções à medida que o “mês focal” vá-se distanciando da data original de captação. Os juros poderiam ser calculados diretamente com a equação 18.1, sempre sobre o montante anterior (ou saldo atualizado), mas será utilizada a equação 18.2, para facilitar a apuração de juros mensais. J = P [(1+i) n/360 – 1] (equação 18.1) onde: J = juro; P = principal ou valor original (ou montante anterior, conforme o caso); i = taxa de juros expressa em ano de 360 dias; n = número de dias decorridos dentro do mês. M = P (1+i) n/360 (equação 18.2) onde: M = montante; P = principal ou valor original; n = número de dias decorridos desde a data da captação até a data da atualização. Para apurar os juros a pagar, por meio da equação 18.2, calculam-se os juros incorridos pro rata die, mês a mês, até o vencimento, com base nas condições de cada empréstimo. a)Cálculos de juros sobre os empréstimos antigos em moeda local Uma vez calculados os montantes, que representam a soma do principal e juros decorridos, conforme o Quadro 18.3, a apuração das despesas de juros torna-se bastante simples: basta subtrair do valor do montante atual o montante anterior de cada empréstimo. Os valores totalizados na última linha do Quadro 18.4 são as despesas de juros dos respectivos meses, e os valores totalizados na última coluna são os juros a pagar nos respectivos vencimentos. Independentemente da sobra ou necessidade de caixa do período orçamentário, as condições gerais dos empréstimos antigos já estão definidas. Por exemplo, o montante final do empréstimo que vence em 12-1-X1 foi calculado como segue: R$ 10.000 (1 + 0,2150)61/360 = R$ 10.335. O juro do mês de janeiro-X1 desse empréstimo foi calculado como segue: R$ 10.335 – R$ 10.269 = R$ 66. Quadro 18.3Montantes dos empréstimos antigos em moeda local. b)Cálculos de juros sobre os empréstimos novos em moeda local Nos meses em que forem apuradas as necessidades de caixa, captam-se novos empréstimos, que gerarão novos encargos. As formas de cálculo dos montantes e dos juros dos empréstimos novos são as mesmas utilizadas para cálculo dos juros dos empréstimos antigos. Sobre os valores mensais das novas captações de empréstimos, aplica-se uma taxa média de juros compostos estimada de 18,00% a.a. No Quadro 18.5, estão demonstrados simultaneamente os juros incorridos de todo o período orçamentário, mas, na prática, o cálculo de juro de um mês deve ser feito somente após a elaboração completa do Orçamento de caixa do mês anterior. De acordo com os critérios adotados, os juros incorridos sobre o valor total do empréstimo novo captado no mês de janeiro-X1 são calculados como segue: 1.Juro incorrido no mês de janeiro-X1 M = R$ 29.126 (1,18 15,5/360) = R$ 29.334 J = R$ 29.334 – R$ 29.126 = R$ 208 2.Juro incorrido no mês de fevereiro-X1 M = R$ 29.126 (1,18 (15,5+28)/360) = R$ 29.714 J = R$ 29.714 – R$ 29.334 = R$ 380 3.Juro incorrido no mês de março-X1 M = R$ 29.126 (1,18(15,5+28+15,5)/360) = R$ 29.927 J = R$ 29.927 – R$ 29.714 = R$ 213 4.Valor total de juros a pagar Total = R$ 208 + R$ 380 + R$ 213 = R$ 801 Quadro 18.5Montantes e juros incorridos sobre empréstimos novos em moeda local. CÁLCULOS DE JUROS SOBRE OS EMPRÉSTIMOS EM MOEDA ESTRANGEIRA Por praxe do mercado financeiro brasileiro e em conformidade com as práticas internacionais, os empréstimos denominados em US$ são calculados com juros simples. Esse procedimento, certamente, pode dificultar a comparação dos juros assim calculados com os juros sobre empréstimos locais calculados com juros compostos (taxas efetivas). Nas tomadas de decisão financeira, os juros simples devem ser recalculados com juros compostos. Por utilizar o método de juros simples, os juros mensais dos empréstimos externos podem ser calculados diretamente sobre o valor original em US$, mediante a equação 18.3, onde n = número de dias existentes no mês atual. J = P (i/360) n (equação 18.3) Os juros sobre empréstimos externos são calculados inicialmente em moeda estrangeira (US$, em nosso exemplo) e, posteriormente, convertidos para R$, na ocasião da complementação do Orçamento de caixa e elaboração do Orçamento de despesas financeiras. O controle do saldo e da movimentação em US$ dos empréstimos externos será útil para apuração da despesa ou receita de variação cambial. O período de juros considerado no cálculo do montante atual (valor no final do mês atual ou no vencimento) está definido pelas “Regras e critérios gerais para cálculos de juros”, na fase de planejamento de operações financeiras. a)Cálculos de juros sobre os empréstimos antigos em moeda estrangeira Na última linha do Quadro 18.6 estão demonstrados os valores mensais dos juros incorridos e, na última coluna, os valores a pagar (relativos aos empréstimos que vencem até o final do período orçamentário). Quadro 18.6Juros incorridos sobre empréstimos antigos em moeda estrangeira. b)Cálculos de juros sobre os empréstimos novos em moeda estrangeira Os juros dos empréstimos novos são calculados da mesma forma que os dos empréstimos antigos. Sobre os valores mensais dos novos empréstimos, aplica-se taxa de juros simples estimada de 10,00% a.a. Quadro 18.7Juros incorridos sobre empréstimos novos em moeda estrangeira. CÁLCULO DE JUROS SOBRE APLICAÇÃO FINANCEIRA Para calcular o juro da aplicação financeira, pode ser utilizada a equação 18.2 para atualizar o saldo e deduzir o montante anterior. Os juros apropriados e recebidos durante o período orçamentário são calculados no Quadro 18.8. Quadro 18.8Juros apropriados sobre aplicação financeira. ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA Uma vez calculados os juros a pagar, é possível completar o Orçamento de caixa. O Quadro 18.9 mostra como são calculados e de onde são extraídos os dados que completam o Orçamento de caixa, com base no orçamento do mês de janeiro de 20X1. Quadro 18.9Orçamento de caixa completado com operações financeiras do mês de janeiro de 20X1. (Valores em R$) GERAÇÃO DE CAIXA ANTES DAS DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS (E = C – D) (19.533) ORIGENS DOS DADOS E CÁLCULOS PAGAMENTOS DE DESPESAS FINANCEIRAS Juros sobre empréstimos antigos em moeda local 926 Quadro 18.4 Juros sobre empréstimos novos em moeda local 0 Quadro 18.5 Juros sobre empréstimos externos antigos 5.440 Quadro 18.6 (US$ 2.698 x R$ 2,0164) Juros sobre empréstimos externos novos 0 Quadro 18.7 (valor em US$ x taxa de câmbio) Outras despesas financeiras 100 Valor estimado (–) Juros sobre aplicação financeira (431) Quadro 18.8 Líquido (F) 6.035 FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO (G = E – F) (25.568) AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS Empréstimos antigos em moeda local 28.000 Quadro 18.4 Empréstimos novos em moeda local 0 Quadro 18.5 Empréstimos externos
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