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ZOOLOGIA E PARASITOLOGIA ANIMAL PROF. DR. FLÁVIO HENRIQUE RAGONHA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. CONCEITO .................................................................................................................................................................5 1.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS SERES VIVOS ........................................................................................................6 1.2 CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA ZOOLÓGICA .............................................................................................. 7 1.3 EVOLUÇÃO E CONVERGÊNCIA ADAPTATIVA ...................................................................................................... 10 1.3.1 EVOLUÇÃO ............................................................................................................................................................ 10 1.3.2 PRINCIPAIS ASPECTOS DA TEORIA DA EVOLUÇÃO ....................................................................................... 11 1.3.3 CONVERGÊNCIA ADAPTATIVA .......................................................................................................................... 13 1.4 SISTEMÁTICA ......................................................................................................................................................... 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................20 INTRODUÇÃO À ZOOLOGIA PROF. DR. FLÁVIO HENRIQUE RAGONHA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ZOOLOGIA E PARASITOLOGIA ANIMAL 4WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A Zoologia é a área que visa ao estudo dos animais, tanto invertebrados quanto vertebrados. A interação entre homem e animal se dá desde os homens pré-históricos, quando começou a utilização na alimentação, locomoção e proteção, porém, essas interações vão além, com criações meramente domésticas. Atualmente, inúmeras pesquisas comprovam que a convivência com animais de estimação traz inúmeros benefícios físicos e mentais para as pessoas. Essa relação entre homem e animal envolve troca de carinho, confiança e cuidados, além de auxiliar em recuperações de determinadas doenças, contribuindo ao tratamento de ansiedade, depressão, estresse e baixa autoestima. Trabalhando com cavalos, a equoterapia é uma das alternativas para melhor atender às especificidades das crianças com transtorno espectroautista. Com o desenvolvimento das áreas da genética, a biotecnologia vem auxiliando muito os zootecnistas nas melhorias de novas técnicas de cultivo, reprodução, nutrição e controle de doenças. O conhecimento vai além dessas técnicas, como obter outras formas, por exemplo, de produção de proteínas ou criação de novas vacinas. Em todas essas áreas, é levada em consideração a ética na produção, criação e abate, contribuindo na melhoria da nossa qualidade de vida. Porém, para melhor entendimento do estudo, separamos essa biodiversidade imensa de seres para melhor compreensão, classificando os animais e dando-lhes nomes científicos. Nesta unidade, estudaremos de que forma classificamos os seres vivos invertebrados. 5WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CONCEITO Qual a importância de estudar Zoologia? Um mundo cada vez com mais demanda de recursos naturais devido a maiores demandas tecnológicas provocará uma crise muito séria de escassez desses recursos, à custa da morte de muitos animais que perderam seus habitats e nichos ecológicos para darem lugar a plantações de soja e cana-de-açúcar. Esses problemas incluem aumento populacional, aumento de poluição e diminuição de alimentos para a população humana. Publicação da Revista Science conclui que o planeta Terra está passando pela sexta extinção em massa e, desta vez, o responsável por essa extinção é o homem. Segundo o estudo, o homem acelerou em mais de mil vezes o processo de extinção de 322 espécies de vertebrados nos últimos 500 anos. Até mesmo um pequeno invertebrado, como os besouros (coleópteras), tem um grande impacto, sendo que 75% das lavouras do mundo são polinizadas por insetos, enquanto, nos últimos 30 anos, extinguimos 50% dos insetos em nosso planeta. Nicho ecológico: é o conjunto de condições que permitem a cada espécie, seja animal seja vegetal, sua sobrevivência no ambiente. É o modo de vida dessas populações e inclui variáveis, como umidade, temperatura, disponibilidade de alimentos, predadores, tipo de reprodução, dentre outras. Para maior conhecimento sobre as consequências das extinções das espécies, recomendamos assistir Ao vídeo “A atividade humana na extinção das espécies”. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=PGagAAIeJgk. https://www.youtube.com/watch?v=PGagAAIeJgk 6WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Composição Química dos Seres Vivos A vida que habita nosso planeta apresenta uma diversidade fantástica e, se analisarmos as bases físicas e químicas, veremos que toda essa biodiversidade depende de poucos dos 92 elementos químicos que existem naturalmente. Elementos pequenos em peso atômico compõem a matéria viva, dentre eles, o carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio. Esses quatro elementos, em suas diversas combinações químicas, formam a estrutura essencial do corpo de todos os animais, desde compostos inorgânicos simples, como a água (H2O), passando pelos pequenos aminoácidos, hidratos de carbono e lipídios, até grandes e complexas macromoléculas de proteínas, amino e ácidos nucleicos. A célula animal, assim como todas as células, apresenta membrana plasmática e citoplasma. Por ser uma célula eucarionte, possui núcleo e também organelas celulares (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura1 - Célula eucariótica, com suas organelas. Fonte: Caiusca (2020). Dentre todas essas estruturas, destacamos a H2O, já citada, e os compostos orgânicos, como aminoácido (Figura 2), que, dentre outras inúmeras funções, destaca-se a estrutural, por comporem as estruturas de todos os organismos vivos. Exemplos de proteínas estruturais são o colágeno, que dá elasticidade à nossa pele, e a queratina, presente em cabelos e unhas (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura 2 - Molécula de um aminoácido com suas bases amino e carboxila. Fonte: Cassilei (2021). 7WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Classificação e Nomenclatura Zoológica É provável que o homem primitivo já distribuísse os seres vivos em grupos (os comestíveis e os não comestíveis, perigosos e não perigosos) para melhor entendimento e passar esse conhecimento para seus descendentes. As pinturas rupestres parecem ser registros pré-históricos dessa tentativa de classificação (BRUSCA; BRUSCA, 2007). Figura 3 - Pinturas rupestres encontradas em cavernas. Fonte: Nobuo (2021). Em um supermercado, os produtos geralmente estão dispostos de acordo com seu tipo. Por exemplo, na seção de higiene, podemos encontrar sabonete ou papel higiênico, mas nunca encontraremos pão, bolacha ou biscoitos. Em síntese, CLASSIFICAR é uma característica inerente ao ser humano. O ser humano classifica as coisas, porque isso as torna mais fáceis de serem compreendidas. O primeiro na ciência que tentou classificar os animais foi Aristóteles. Ao descrever os diferentes animais, Aristóteles se preocupa constantemente em compará-los e classificá-los, procurando também indicar algumas generalizações ou regras que relacionem suas características, como os animais com sangue e os sem sangue (Figura 4). Dos animais com chifres, apenas os semelhantes ao alce têm chifres que são duros e sólidos em toda sua extensão. Os chifres dos outros animais são ocos até certa distância e sólidos na ponta. O alce é o único animal que perde os chifres e o faz anualmente; depois de atingir a idade de dois anos, eles se renovam. Todos os outros animais conservam seus chifres permanentemente a menos que sejam danificados por acidente (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). 8WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 - Aristóteles e suas classificações rudimentares entre animais com sangue e sem sangue. Fonte: O Autor. No globo, há 1,5 milhão de espécies de animais descritas, porém, isso não chega a 20% do estimado. Quando nos deparamos com uma grande variedade de objetos ao nosso redor, temos a tendência de reunir em grupos aqueles que consideramos semelhantes, classificando-os. Se notarmos o gráfico (Figura 5), verificamos que os vertebrados já foram quase todos catalogados, porém, sobre os insetos, pouco se sabe sobre sua infinita diversidade. Um terço da produção mundial depende da visita de animais às flores, sendo que as abelhas são responsáveis por 38% da polinização das plantas floríferas. Segundo a Food and Agricultural Organization (FAO), há perda anual de produção agrícola por falta de polinização (BRUSCA; BRUSCA, 2007). Para maiores informações sobre a história dos animais, acessar: ARISTÓTELES. Historia de los animales. Tradução de José Vara Donado. Madrid: Akal Ediciones, 1989. 9WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 - Porcentagem de animais ainda não descritos, em cor verde, e animais já catalogados, em cor azul. Fonte: Primack (1995). A taxonomia é a disciplina biológica que define os grupos de organismos biológicos com base em características comuns e dá nomes a esses grupos. Para cada grupo, é dada uma nota. Os grupos podem ser agregados para formar um supergrupo de maior pontuação, criando uma classificação hierárquica. O profissional que trabalha com taxonomia é o taxonomista (não confundir com taxidermia, termo grego que significa «dar forma à pele», que é a área de embalsamar os animais, o antigo empalhar, tanto para fins científicos quanto para fins educacionais, papel diferente do taxonomista). O trabalho do taxonomista consiste em identificar um organismo já descrito ou, então, descrever uma espécie ainda não catalogada (Figura 6). Figura 6 - Chironomus antonioi. Fonte: O Autor. https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele 10WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Segundo a pesquisadora Karina Fidanza, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a taxonomia na essência é uma ciência. O nome científico traz consigo uma bagagem de informações, que é essencial para a compreensão da história evolutiva, dos aspectos biológicos, químicos, fisiológicos, ecológicos, genéticos e biogeográficos dos táxons. Lembrando que, quando falamos de espécies, não se trata apenas de animais de grande porte, mas, sim, de espécies que incluem toda a gama de organismos na Terra, desde as bactérias e protistas até reinos multicelulares de plantas, animais e fungos. 1.3 Evolução e Convergência Adaptativa 1.3.1 Evolução Os trabalhos sobre evolução surgiram com as teorias propostas pelos pesquisadores Charles Darwin e Alfred Wallace, que também havia percebido muito dos aspectos que Darwin apontara em suas observações guardadas por anos. Pautados em observações de expedições, os autores publicaram a Teoria da Evolução em 1858. Charles ficou mais conhecido anos depois de publicar o livro “A origem das espécies”, o qual obteve enorme rejeição pelos cientistas da época. Figura 7 - Charles Darwin e sua obra “The Origin of Species”. Fonte: Wikipedia (2021). Para maiores informações sobre taxonomia de invertebrados, sugerimos a leitura do artigo: Chironomus antonioi, de Correia & Trivinho-Strixino, 2007. As larvas desta espécie diferenciam-se das outras quatro do grupo pela ausência de qualquer coloração acastanhada na cápsula cefálica. 11WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.2 Principais Aspectos da Teoria da Evolução Um aspecto da teoria da evolução é que, em qualquer grupo de espécies, todos os indivíduos possuem ancestrais em comum, em algum momento da história evolutiva. Assim, são descendentes deles com modificações e resultam da seleção natural. Figura 8 - Irradiação adaptativa. Fonte: Biólogo em Cena (2010). Um segundo aspecto é que indivíduos da mesma espécie, mesmo que parentes próximos, possuem variações entre si, o que é resultado de mutações e/ou reprodução sexuada. Algumas dessas variações são hereditárias, ou seja, podem ser transmitidas para a geração seguinte. Nos estudos de Darwin, ele verificou que quatro, das quatorze espécies encontradas nas Ilhas Galápagos, evoluíram através de irradiação adaptativa, que diversificou o formato dos seus bicos para se adaptarem às diferentes fontes de alimento. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/selecao-natural.htm 12WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 9 - Charles Darwin e os tentilhões de Galápagos. Fonte: Saber Atualizado (2020). Outro aspecto a ser considerado é a limitação na disponibilidade de recursos, que faz com que indivíduos de uma população lutem, direta ou indiretamente, por esses recursos e pela sua sobrevivência. Dessas variações, algumas podem ser vantajosas, permitindo que alguns, nesse cenário, destaquem-se, e outros não. Esses últimos podem não sobreviver, tampouco reproduzirem-se. Disputas por competição, sejam por fêmea sejam por alimento, tanto intraespecíficas (indivíduos da mesma espécie) quanto interespecíficas (indivíduos de espécies diferentes), geram essas variações (RUPPERT et al., 2005). Figura 10 - Competiçãopela fêmea intraespecífica (esquerda) e competição interespecífica (direita). Fonte. O Autor. 13WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Portanto, aqueles que sobrevivem (os mais aptos) podem transmitir à prole a característica que permitiu sua vitória, caso seja hereditária (Figura 11). Esse processo, denominado de seleção natural, resulta na adaptação de determinados indivíduos ao ambiente e também no surgimento de novas espécies. Figura 11 - Competição pelo espaço, interespecífica (esquerda) e intraespecífica (direita) Fonte. O Autor. 1.3.3 Convergência adaptativa Um dos processos explicados por Charles Darwin, em seu livro The Origin of Species, foi a teoria da irradiação ou convergência adaptativa. É a denominação dada ao fenômeno evolutivo pelo qual se formam, em curto período de tempo, várias espécies a partir de uma mesma espécie ancestral da qual diversos grupos se separaram, ocupando simultaneamente vários nichos ecológicos livres, eventualmente dando origem a várias espécies diferentes. Na Figura 12, vemos como animais com ancestrais diferentes (como rã (anfíbio), jacaré (réptil) e hipopótamo (mamífero)) sofreram as mesmas pressões seletivas como olhos e narinas nas mesmas disposições na horizontal (BRUSCA; BRUSCA, 2007). Figura 12 - Convergência adaptativa e as pressões seletivas. Fonte: O autor. https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie 14WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Outros aspectos utilizados na classificação zoológica compreendem os estudos de caracteres homólogos (ou semelhança de origem, portanto, indicam parentescos) e estudo de caracteres análogos (semelhança de uso, porém, não necessariamente de mesma origem). Os órgãos homólogos são aqueles que podem ou não realizar a mesma função, porém, apresentam uma estrutura básica igual e mesmo desenvolvimento embrionário. Isso significa que os indivíduos que apresentam esses órgãos possuem ancestralidade compartilhada ou uma ancestralidade muito próxima. Note que, na Figura 13, temos quatro membros anteriores de mamíferos, portanto, com ancestralidade compartilhada, porém, cada um desenvolve uma função diferente: manusear, andar, nadar e voar (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). Figura 13 - Exemplos de órgãos homólogos de tetrápodes, braço (seres humanos), pata (gato), nadadeira (baleia) e asa (morcego). Fonte: Barnes, Calow e Olive (1995). Para maior conhecimento sobre o tema convergência adapatativa, recomendamos que assista ao vídeo intitulado “Convergência Evolutiva”. Para tanto, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-TL7niJSCls. https://www.youtube.com/watch?v=-TL7niJSCls 15WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os órgãos análogos, ao contrário, não refletem as relações de ancestralidade, porém, apresentam as suas funções semelhantes. Essas semelhanças ocorrem devido à evolução convergente, que leva ao surgimento de características semelhantes mesmo em indivíduos de grupos bastante diferentes. Isso se deve ao fato de que essas características favoreceram a sobrevivência em ambientes similares, representando, portanto, adaptações ao ambiente. Na Figura 14, temos um exemplo entre as asas de um inseto e uma ave, ambos com a mesma função (voo), porém, com ancestralidade muitíssimo distante (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura 14 - Exemplos de órgãos análogos, asas de inseto de uma ave. Fonte: Barnes, Calow e Olive (1995). 1.4 Sistemática Os termos “sistemática” e “taxonomia” são muitas vezes confundidos e usados como sinônimos, não o sendo. A sistemática atribui nomes científicos aos organismos, descreve-os, promove a manutenção de coleções, elabora sistemas de classificação para os organismos, chaves de identificação, investiga as suas histórias evolutivas e considera as suas adaptações ao meio. A taxonomia ocupa-se da atribuição de nomes científicos e elabora sistemas de classificação para os organismos. Para maiores informações sobre órgãos homólogos e análogos, recomendamos a leitura do texto “Órgãos análogos e homólogos”, de Vanessa Sardinha dos Santos, disponível em https://brasilescola. uol.com.br/biologia/Orgaos-analogos-homologos.htm.’ http://rce.casadasciencias.org/art/2015/115/ http://rce.casadasciencias.org/art/2015/212/ https://brasilescola.uol.com.br/biologia/Orgaos-analogos-homologos.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/Orgaos-analogos-homologos.htm 16WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Carl Linnaeus, considerado o pai da Taxonomia (Figura 15), tentou nomear e descrever todos os organismos conhecidos. Em 1753, publicou o Species Plantarum, em que descreveu as espécies de plantas. Nessa obra, Lineu utilizou a descrição pouco prática que, até então, era utilizada, constituída por doze palavras – nomenclatura polinomial – para descrever cada espécie e, simultaneamente, começou a utilizar um sistema mais simples de apenas duas palavras – nomenclatura binomial. A implementação oficial dessa nova nomenclatura binomial se deu em 1758, com a publicação da 10ª edição do Systema Naturae, sendo aplicada a todas as espécies (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). Figura 15 – O pai da Taxonomia, Linnaeus (1707-1778) ou Carl von Linné. Fonte: Nomura (2011). C. Linné classificou os organismos em dois grandes grupos, que designou por reinos (Animalia e Plantae), mas outras categorias taxonômicas foram estabelecidas para criar uma hierarquia entre as espécies e o reino. Os primeiros problemas começaram a surgir quando os grupos microscópicos foram descobertos, assim, novos reinos tiveram que ser propostos, e o primeiro a propor a classificação em cinco grandes reinos foi Robert H. Whittaker (Figura 16). Figura 16 - Robert Whittaker. Fonte: Microbiologia IFRJ (2016). http://rce.casadasciencias.org/art/2015/220/ http://micro-ifrj.blogspot.com/2016/10/ 17WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os organismos são agrupados em categorias taxonômicas (taxon, no singular, e taxa, no plural) hierárquicas, em que o reino é o táxon mais abrangente, com a maior diversidade de organismos, e a espécie, o mais restrito (por muitos, considerado o único taxon verdadeiro, sendo os outros criados pelo homem nos seus sistemas de classificação). Atualmente, o sistema de classificação aceito pela comunidade científica compraz 7 taxa principais: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie – nessa ordem, do mais abrangente para o mais restrito. Figura 17 - Imagem dos cinco reinos propostos por Whittaker. Fonte: Universidade Estácio de Sá (2021). Se você consultar um dicionário, verificará que o fruto conhecido como abóbora também pode ser chamado de jerimum, jerimu, jurumum, zapolo e zapolito-de-tronco. É provável que você não conheça todos esses nomes. Calcule, então, como seria confuso se considerarmos todas as línguas e dialetos que existem no mundo! Para facilitar a comunicação entre pessoas de diferentes nacionalidades, que falam diferentes idiomas, e entre pessoas de diferentes regiões geográficas de um mesmo país, são utilizados nomes científicos para designar as várias espécies de seres vivos (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). São características da nomenclatura binomial de classificação de espécies: A língua utilizada na regra de nomenclatura é o Latim, uma língua morta, que não sofre alterações (ao contrário de, por exemplo, o Português ou o Inglês, que adquirem e/ou perdem termos ao longo do tempo e altera-se a ortografia das palavras) para que cientistas de todas as nacionalidades possam se comunicar sem ocorrerem erros. Toda espécie será composta por duas palavras, sendo a primeira a que identifica o gêneroescrito em maiúsculo e a segunda em minúsculo – o epíteto específico. Exemplo: Homo sapiens – identifica a espécie dentro do gênero. O uso do epíteto específico isolado não tem qualquer significado. Vale ressaltar que sempre deve ser destacado o nome da espécie no texto, normalmente utilizando-se da forma itálica. http://rce.casadasciencias.org/art/2014/316/ http://rce.casadasciencias.org/art/2015/252/ 18WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 18 - Classificação de um cão doméstico em todos os taxa. Fonte: ProfAdnair Blogspot (2010). Exemplo de classificação de espécies - classificação do cão: • Reino: Animalia ou Metazoa (enquadram-se todos os animais existentes); • Filo: Chordata (saíram os invertebrados; ficaram os cordados); • Subfilo: Vertebrata (saiu o anfioxo, protocardo, ficaram somente os vertebrados); • Classe: Mammalia (saíram peixes, anfíbios, répteis e aves; ficaram somente os mamíferos); • Ordem: Carnívora (saíram herbívoros e roedores; ficaram somente os carnívoros); • Família: Canidae (saíram os felídeos e ursídeos; ficaram apenas os canídeos); • Gênero: Canis (saiu a raposa; ficaram o cão e o lobo) • Espécie: Canis familiaris (saiu o lobo; ficou o cão). O veado-mateiro (nome científico: Mazama americana, também conhecido por veado- vermelho, veado-capoeira, guatapará, guaçupita, guaçuetê, suaçupita e suaçuapita) é uma espécie de cervídeo sul-americano do gênero Mazama. A taxonomia do veado-mateiro é confusa, e estudos sugerem que o que é identificado como uma única espécie atualmente, na realidade, é um «complexo específico». Estudos moleculares sugerem que o táxon M. americana é polifilético, portanto, com novos estudos, provavelmente, M. americana será dividido em várias espécies. http://profadnair.blogspot.com/2010/03/classificacao-dos-seres-vivos.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerv%C3%ADdeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Mazama https://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Polifil%C3%A9tico 19WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 19 - Imagens de Mazama americana (esquerda) e Mazama bororo (direita). Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre os sistemas de classificação e sua história, recomendamos assistir ao vídeo “Classificação dos seres vivos”. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=t63pCUzey3E. https://www.youtube.com/watch?v=t63pCUzey3E 20WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS A biodiversidade em nosso globo está sendo dizimada nos últimos anos, e suas perdas nos serviços de ecossistemas para o homem são imensuráveis. Imaginemos quantas plantas e animais são extintos sem ao menos sabermos que essa planta tinha o princípio ativo para a cura da AIDS ou que um inseto principal responsável pelo controle da broca da cana foi extinto. Quanto de avanço científico perdemos anualmente com a perda dessas espécies! Cada vez mais, as diversas áreas buscam alternativas com o menor impacto possível com a existência de sistemas agroflorestais, integração entre plantio e polinizadores ou manutenção de espécies que controlam pragas para muitas espécies de interesse zootécnico. Portanto, deter esse conhecimento será a chave de sucesso futuro para muitos profissionais que trabalham intimamente com animais, como biólogos, médicos veterinários, zootecnistas e, até mesmo, os engenheiros agrônomos. 2121WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................22 1. RELAÇÕES ECOLÓGICAS ........................................................................................................................................23 2. RELAÇÕES HARMÔNICAS E DESARMÔNICAS ....................................................................................................24 3. INTERAÇÕES CONSUMIDOR-RECURSO ..............................................................................................................30 4. COEVOLUÇÃO ENTRE HOSPEDEIRO E MEIO .......................................................................................................34 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................37 CONHECIMENTO BÁSICO SOBRE A BIOLOGIA E INTERAÇÕES COM O HOSPEDEIRO E COM O MEIO AMBIENTE PROF. DR. FLÁVIO HENRIQUE RAGONHA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ZOOLOGIA E PARASITOLOGIA ANIMAL 22WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO As interações entre as espécies estão entre as coisas mais fantásticas e importantes na natureza. Fatores como biodiversidade, densidade e dominância, dentre outros atributos, são diretamente influenciados pelas interações ecológicas entre os seres vivos. Entender a existência e compreender os fatores que regem essas interações podem trazer inúmeras vantagens para um profissional da Zootecnia, porém, a sua não compreensão por completo poderá acarretar perda de animais por morte, diminuição do peso, perda do fitness das populações, não reprodução, dentre outros fatores. Algumas relações entre os animais são interações harmônicas benéficas para um ou ambos os indivíduos, portanto, incentivá-las só irá trazer inúmeros benefícios à produção desse animal. Outras interações são consideradas desarmônicas, como o parasitismo em animais, em que apenas o parasita se beneficia da relação às custas do hospedeiro. As coevoluções nas interações entre os seres vivos na natureza são de milhares de anos, e isolar o animal dessas relações torna muitas vezes a produção inviável. Entender a anatomia, fisiologia e nutrição animais são passos importantes para um bom manejo das espécies, porém, é da mesma importância conhecer as interações que podem existir com esses animais e aprimorá-las ou inibi- las se trouxerem prejuízos. 23WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. RELAÇÕES ECOLÓGICAS É a relação existente entre indivíduos que vivem em uma população ou comunidade. Mais especificamente, é o efeito que uma espécie exerce sobre algum indivíduo da mesma espécie (relações intraespecíficas) ou sobre indivíduos de outras espécies (relações interespecíficas). Figura 1 - Algumas das interações harmônicas e desarmônicas entre as espécies. Fonte: O autor. Essas relações são classificadas como positivas quando há ganho para um dos envolvidos ou para ambos e como negativas quando há prejuízo, pelo menos, para um dos envolvidos. Quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, as relações são denominadas intraespecíficas e, quando são de espécies diferentes, chamamo-las de interespecíficas. Figura 2 - Algumas das interações intraespecíficas (A) e interespecíficas (B) entre as espécies. Fonte: O autor. 24WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. RELAÇÕES HARMÔNICAS E DESARMÔNICAS Num ecossistema, é possível encontrar diversas relações entre os organismos aí presentes, sendo que essas relações bióticas são categorizadas de acordo com o saldo benefício-prejuízo dos organismos envolvidos. Uma das relações interespecíficas mais comuns é a relação de natureza predatória, que inclui a predação sensu stricto, conhecida como parasitismo, que se refere ao processo pelo qual um organismo (predador ou parasita) é beneficiado às custas de outro (presa ou hospedeiro). Figura 3 - Ilustração didática de como classificamos algumas das interações harmônicas e desarmônicas e asintraespecíficas e interespecíficas entre as espécies. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre o tema das interações entre as espécies, recomendamos que assista ao vídeo intitulado “Leões se enfrentam por território”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Z4ozBVip_C4. https://www.youtube.com/watch?v=Z4ozBVip_C4 25WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A relação intraespecífica denominada de sociedade é composta por um grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem juntos de forma permanente e cooperando entre si. Alguns exemplos desse tipo de relação são os cupins, insetos da subordem Isoptera. Outro exemplo são as abelhas, que também são insetos voadores, conhecidos pelo seu importante papel na polinização. As abelhas pertencem à ordem Hymenoptera e são aparentadas das vespas e formigas. Já as formigas são outro exemplo de sociedade: são insetos pertencentes à família Formicidae, da ordem Hymenoptera, particularmente populares por serem muito comuns e tidos como altamente organizados. Figura 4 - Três exemplos de relação intraespecífica harmônica (formigas, cupins e abelhas). Fonte: O autor. Como outra interação intraespecífica e harmônica, temos como exemplos as colônias de bactérias e as famosas caravelas portuguesas. A caravela-portuguesa não se move – flutua à superfície das águas, empurrada pelo vento, com os tentáculos pendentes, com a finalidade de capturar peixes para a sua alimentação. E o que há de mais fantástico é que este “animal” é, na verdade, um quebra-cabeça de animais. Ela é formada por vários pedaços, como um módulo. Essa é uma característica dos sifonóforos, uma classe de águas-vivas que são animais coloniais, isto é, compostos por muitos zooides fisiologicamente integrados (Figura 5). Eles não se juntam para formar uma colônia; surgem por brotamento a partir do primeiro zooide, que se desenvolve a partir de um óvulo fertilizado. E cada parte dessa tem uma função e não faz nada que a outra faria. Há quem seja encarregado da flutuabilidade e da propulsão (pneumatóforos), da alimentação e defesa (dactilozoides) e da reprodução (gonofóros). https://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto https://pt.wikipedia.org/wiki/Poliniza%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Vespa https://pt.wikipedia.org/wiki/Formiga https://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto https://pt.wikipedia.org/wiki/Hymenoptera 26WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 - Intraespecífica harmônica Physalia physalis (caravela portuguesa). Fonte: O autor. A relação denominada de mutualismo é uma interação na qual o crescimento e a sobrevivência das duas populações são beneficiados, e nenhuma das duas consegue sobreviver, em condições naturais, sem a outra. Um belo exemplo dessa fantástica relação são os corais. Os corais são formados por animais cnidários, parentes das águas-vivas, e formam um esqueleto externo de calcário, geralmente branco. O acúmulo de esqueletos antigos, uns sobre os outros, é o que faz com que o coral cresça. O que dá a cor ao coral é o próprio animal, por isso, quando ele morre, o coral sofre o processo de branqueamento (que tanto preocupa ambientalistas). Para se alimentar, além da filtragem de partículas da água, os corais fazem associação com dinoflagelados, organismos unicelulares fotossintetizantes, que, em troca de proteção e ambiente favorável, fornecem parte dos açúcares sintetizados. Os dinoflagelados que participam da simbiose são sensíveis a variações de temperatura de alguns graus apenas e podem morrer tanto em decorrência do aumento da temperatura da água quanto da obstrução da luz solar por poluentes. São eles os mais afetados pelo efeito antrópico (causado pelo ser humano). Para maior conhecimento sobre a caravela portuguesa (Physalia physalis), recomendamos a leitura da reportagem “7 fatos curiosos sobre a caravela portuguesa”, disponível em https:// www.megacurioso.com.br/ciencia/108271-voce-conhece-a- temida-caravela-portuguesa.htm. https://www.megacurioso.com.br/ciencia/108271-voce-conhece-a-temida-caravela-portuguesa.htm https://www.megacurioso.com.br/ciencia/108271-voce-conhece-a-temida-caravela-portuguesa.htm https://www.megacurioso.com.br/ciencia/108271-voce-conhece-a-temida-caravela-portuguesa.htm 27WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 - Intraespecíficas harmônicas: mutualismo e associação entre cnidários e dinoflagelados. Fonte: O autor. Dentre os itens alimentares mais conhecidos do lobo guará (nome científico Chrysocyon brachyurus), destaca-se a lobeira ou fruta do lobo (Figura 7). Esta fruta é a parte mais importante e constante da alimentação natural do lobo durante longos períodos; daí a denominação de lobeira (nome científico Solanum lycocarpum). Chegou-se a verificar nos excrementos do C. brachyurus uma alta frequência de sementes desta fruta. Muitos estudos enfatizam a relação mutualística entre o lobo guará e o fruto, em que a não ingestão dos frutos pelo lobo guará é benéfica, pois substâncias encontradas nos frutos eliminam os nematódeos, evitam complicações renais no lobo, são benéficas para a planta e a ampla dispersão das sementes realizada pelo lobo. Para maior conhecimento sobre o tema interações entre as espécies (mutualismo), recomendamos que assista ao vídeo “Afinal, onde vem as cores dos corais? Zooxantela? Entenda”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=zJRap178AhQ. https://www.youtube.com/watch?v=zJRap178AhQ 28WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 - Intraespecífica harmônica: mutualismo entre a fruta do lobo e o próprio lobo guará. Fonte: O autor. É uma interação na qual uma população é beneficiada, enquanto a outra não é afetada. Em outras palavras, no comensalismo, apenas um indivíduo se beneficia, não gerando nenhum prejuízo para a outra espécie envolvida. Um exemplo muito utilizado para o comensalismo é a interação que as rêmoras têm com os tubarões. As rêmoras se prendem ao corpo dos tubarões através de apreensórios e se alimentam dos restos alimentares do grande peixe, além de serem transportadas sem gasto de energia. Figura 8 - Intraespecífica harmônica: comensalismo entre as rêmoras e raias-manta e tubarões. Fonte: O autor. Outra relação intraespecífica, porém desarmônica, é o canibalismo, relação existente entre espécies que consomem animais inteiros, sendo predadores, porém, consumindo a mesma espécie (Figura 9). Esta relação é desarmônica, pois um dos indivíduos é prejudicado, perdendo sua vida. Na maioria dos casos, o canibalismo é exercido pelas espécies em condições extremas de estresse, como na maioria dos casos de fome durante longos períodos. 29WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 9 - Intraespecífica desarmônica entre indivíduos da mesma espécie. Fonte: O autor. A interação ecológica denominada de competição é uma relação ecológica desarmônica que ocorre quando organismos da mesma espécie ou de espécies diferentes competem por um determinado recurso (alimento, água, parceiro sexual, habitat e/ou nicho) (Figura 10). Por essa razão, essa relação ecológica pode ser intraespecífica (competição entre indivíduos da mesma espécie) ou interespecífica (competição entre indivíduos de espécies diferentes). Em uma competição intraespecífica, todos os organismos que competem por determinado recurso são da mesma espécie. A competição pode ocorrer por diversos motivos, como demarcação de território, aumento exagerado da população e diminuição de alimentos (Figura 10). Nas competições interespecíficas, a luta por um recurso acontece entre indivíduos de espécies diferentes. Essa luta pode ocorrer por território, alimento, luz e água,por exemplo. Diferentemente da competição intraespecífica, não há casos de disputas por parceiros sexuais (Figura 10). Figura 10 - Interespecífica desarmônica denominada competição. Fonte: O autor. https://www.biologianet.com/ecologia/relacoes-ecologicas.htm https://www.biologianet.com/ecologia/populacao-comunidade.htm 30WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. INTERAÇÕES CONSUMIDOR-RECURSO Atualmente, não nos referimos à relação com nomes entre relação-predador-presa e, sim, como consumidor-recurso. Isso abrange relações como parasitismo. Vamos explicar para identificarmos essas pequenas diferenças. Não se pode esperar compreender a estrutura e a dinâmica de populações e de comunidades ecológicas sem, antes, entender as conexões entre os consumidores e suas presas (recursos). Figura 11 - Imagens com as atuais definições sobre predação, tanto para herbívoros quanto para carnívoros. Fonte: O autor. As interações consideradas mais fundamentais da natureza são entre consumidor- recurso, pois todos os seres vivos estão envolvidos nessa interação. Alguns exemplos são: as relações herbívoro-planta, predador-presa e patógeno-hospedeiro. Na relação do herbívoro- planta, os herbívoros consomem partes de plantas. Caso comam plantas inteiras, funcionam como predadores. Na Figura 12, estão as cinco novas classificações de relações entre consumidor- recurso segundo Townsend (2006). Figura 12 - Imagens com as atuais cinco definições: predador verdadeiro, herbívoro, parasita, parasitoide e detritívoro. Fonte: O autor. 31WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Em “predador verdadeiro” nesta classificação, o termo predador (sensu stricto) está reservado para as espécies que matam as presas imediatamente ou logo após a sua captura. Esses predadores normalmente consomem várias e distintas presas, geralmente na sua totalidade, e repetem-no várias vezes durante a sua vida (Figura 13). Capturam indivíduos e os consomem, dessa forma removendo-os da população de presas. Figura 13 - Exemplos de predadores verdadeiros: traíra, coruja de igreja e besouro bombardeiro. Fonte. O autor. Os herbívoros e micropredadores também consomem várias presas ao longo da sua vida, mas se caracterizam por consumirem apenas partes da sua presa (como a parte aérea de uma planta, no caso de um herbívoro, ou o sangue de um hospedeiro, no caso de um micropredador) (Figura 14). Apesar de essa ação causar algum dano às presas, normalmente não conduz à morte dos indivíduos. Herbívoros comem plantas inteiras ou parte de plantas. Herbívoros podem funcionar como predadores quando consomem plantas inteiras ou funcionam como parasitas quando consomem partes de tecidos de plantas e não matam sua vítima. Figura 14 - Exemplos herbívoros, podendo funcionar como predadores verdadeiros e/ou parasitas. Fonte: O autor. 32WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Alguns organismos são classificados como parasitas. Por definição, um parasita “[...] consome parte de uma presa viva ou hospedeiro. Não removendo por si próprio um indivíduo de uma população recurso” (RICKLEFS, 2001). Os parasitas (que incluem agentes que podem ser causadores de doença) se alimentam dos organismos-presa (hospedeiros) enquanto estão vivos e, mesmo sendo prejudiciais, sua atividade alimentar é geralmente não letal a curto prazo. Via de regra, os parasitas estabelecem uma forte associação com o hospedeiro, demonstrando uma relação muito antiga, podendo até vir a se tornar uma coevolução, uma vez que se concentram em poucos ou apenas um indivíduo durante toda a sua vida. Figura 15 - Exemplos de parasitas: piranha e alguns crustáceos parasitas de boca de alguns peixes. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre o tema das interações entre as espécies parasitas, recomendamos que assista ao vídeo intitulado “Parasitas e vermes nos peixes - parasites and worms on fish”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=wlIp8lGHOiE. https://www.youtube.com/watch?v=wlIp8lGHOiE 33WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os parasitoides representam um grupo de organismos que não predam diretamente outros seres, mas os usam como fonte de alimento para o desenvolvimento da sua descendência. Por definição, “O termo aplicado a espécies de vespas e moscas cujas larvas consomem os tecidos de hospedeiros vivos- normalmente os ovos, as larvas ou as pupas de outros insetos” (RICKLEFS, 2001). É o caso de alguns insetos que depositam os ovos noutros organismos, resultando no desenvolvimento da(s) sua(s) larva(s) no interior do corpo da presa (ou hospedeiro) e eventualmente causando a sua morte. Figura 16 - Imagens de parasitoides das vespas sobre algumas espécies de lagartas. Fonte. Scott Bauer (2021). Alguns animais, na maioria dos casos como oportunistas, acabam se alimentando de restos orgânicos, como plantas, fungos e animais em decomposição. Por definição, “[...] consomem material orgânico morto - como serapilheira, fezes e carcaça, e, portanto, não têm efeito direto sobre as populações que produzem estes recursos (+/0)” (RICKLEFS, 2001). Esses animais têm um enorme papel na cadeia trófica, pois reciclam esses restos, retornando-os à cadeia alimentar para serem reaproveitados pelos demais organismos vivos. Dentre os exemplos, temos urubus, abutres, algumas moscas e as hienas (Figura 17). Para maior conhecimento sobre o tema das interações entre as espécies parasitoides, recomendamos que assista ao vídeo intitulado “Vespa Parasita”, em https://www.youtube.com/watch?v=vxuo3f9t2Qw. https://www.youtube.com/watch?v=vxuo3f9t2Qw 34WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 17 - Imagens de animais detritívoros: à esquerda, uma população de hienas; à direita, uma população de urubus. Fonte: O autor. 4. COEVOLUÇÃO ENTRE HOSPEDEIRO E MEIO Dentre as interações biológicas, o que se destaca são os parasitas. Os parasitas, direta ou indiretamente, regulam a dinâmica ecológica das populações do hospedeiro, podendo gerar coevolução. Por definição, coevolução ocorre quando as respostas desenvolvidas são recíprocas, isto é, quando as adaptações numa população promovem a evolução de adaptações na outra. Os fatores biológicos estimulam respostas evolutivas mútuas nos atributos (densidade, dominância, riqueza) das populações, interagindo. Os agentes biológicos promovem a diversidade das adaptações (e não a similaridade) e tendem a especializar. Porém, muitos organismos desenvolvem adaptações semelhantes devido ao estresse físico semelhante (agentes abióticos). A seguir, colocamos um estudo de caso para analisarmos a coevolução entre parasitas e hospedeiros. Os coelhos eram pragas incontroláveis na Austrália em 1859 (Figura 18). Figura 18 - Imagens de animais detritívoros: à esquerda, uma população de hienas, e à direita, uma população de urubus. Fonte: O autor. 35WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para resolver o problema, já que esses animais estavam acabando com as lavouras da época, foi introduzido um controle através de um vírus para diminuir essa espécie a níveis controlados. Na primeira introdução desse vírus cancerígeno, 90% dos animais foram exterminados (Figura 19). Figura 19 - Imagens de animais detritívoros: à esquerda, uma população de hienas, e à direita, uma população de urubus. Fonte: O autor. Porém, você há de concordar que os 10% que restaram provavelmente foram coelhos resistentes ao vírus e/ou desenvolveram uma resposta imunológica. Note na Figura 20 que, posteriormente, a mortalidade para esse mesmo vírus deixou de ser letal, e os coelhos voltaram a se proliferarrapidamente, já que a competição intraespecífica diminuiu; porém, agora essa nova população é resistente ao vírus mixoma. Figura 20 - Imagens de animais detritívoros: à esquerda, uma população de hienas, e à direita, uma população de urubus. Fonte: O autor. 36WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A coevolução entre hospedeiro e parasita mostra que, em muitos casos, essa relação tende a se tornar uma relação harmônica, como o exemplo do inseto cochonilha e plantas hospedeiras. No caso da Figura 21, as cochonilhas e as plantas demonstram evoluírem para esse cenário de coevolução. Note que, quando se transferem as cochonilhas para outros galhos da mesma árvore da mesma espécie, ocorre uma grande sobrevivência, o que não observamos quando esses mesmos animais são transferidos para outras árvores da mesma espécie. Isso se deve ao fato de estarem mantendo uma relação específica entre o genótipo daquele indivíduo (árvore) e os insetos cochonilhas. Figura 21 - Imagens de animais detritívoros: à esquerda, uma população de hienas, e à direita, uma população de urubus. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre o tema das relações entre parasitas e hospedeiro, recomendamos que assista ao vídeo intitulado “Viver Ciência - Interação entre parasita e hospedeiro - Completo”. Acesse-o em https://www.youtube.com/watch?v=PVAejFXTLYw. https://www.youtube.com/watch?v=PVAejFXTLYw 37WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre os cenários impostos pela natureza, é essencial, em todas as áreas da ciência, o profundo conhecimento das interações entre os seres vivos. Muitos estudos científicos têm os seus resultados alterados pela falta de conhecimento dos profissionais quanto às interações, principalmente as que podem ser desarmônicas com os animais de seu interesse de produção. Um exemplo clássico com que você, profissional da Zootecnia, pode vir a se deparar é quando sua produção de leite começa a diminuir drasticamente. Note que vários fatores podem estar levando a esse resultado. Dentre eles, temos a nutrição, o descanso e o estresse. Mas, cuidado, você pode estar negligenciando as interações desse animal com outros seres. Esses animais podem estar sendo parasitados, fazendo com que diminua a produção de leite, portanto, estude todas as possibilidades antes de realizar o manejo apropriado. 3838WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................40 1. PROTOZOÁRIOS ....................................................................................................................................................... 41 1.1 ETIOLOGIA ............................................................................................................................................................... 41 1.2 MORFOLOGIA ......................................................................................................................................................... 41 1.3 CICLO REPRODUTIVO ...........................................................................................................................................43 1.4 EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................................................................................44 1.5 DIAGNÓSTICO ........................................................................................................................................................45 1.6 PROFILAXIA E CONTROLE ....................................................................................................................................46 2. HELMINTOS .............................................................................................................................................................47 2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................................................................................................................48 ESTUDO DOS PROTOZOÁRIOS, HELMINTOS E ARTRÓPODES DE OCORRÊNCIA NOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO PROF. DR. FLÁVIO HENRIQUE RAGONHA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ZOOLOGIA E PARASITOLOGIA ANIMAL 3939WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.1 ETIOLOGIA ............................................................................................................................................................49 2.1.2 MORFOLOGIA ......................................................................................................................................................50 2.1.3 CICLO REPRODUTIVO ........................................................................................................................................ 51 2.1.4 EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................................................................52 2.1.5 DIAGNÓSTICO .....................................................................................................................................................52 2.1.6 PROFILAXIA E CONTROLE .................................................................................................................................53 3. ARTRÓPODES ..........................................................................................................................................................56 3.1 ETIOLOGIA ..............................................................................................................................................................56 3.2 MORFOLOGIA ........................................................................................................................................................57 3.3 CICLO REPRODUTIVO ..........................................................................................................................................58 3.4 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CAUSADAS POR ARTHROPODES ................................................................58 3.5 PROFILAXIA E CONTROLE ...................................................................................................................................59 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................... 62 40WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Muitos fatores podem interferir no desenvolvimento pleno das atividades de produção animal e, em muitos casos, as doenças causadas por animais parasitas são as principais causas. Os prejuízos estão relacionados ao retardo na produção, aos custos com tratamentos profilático e curativo e, em casos extremos, à morte dos animais. Enquanto nos países desenvolvidos os gastos devidos aos custos com controle são significativos, nos países em desenvolvimento, as doenças parasitárias causam prejuízos pela diminuição na produção e na restrição à criação de animais, com reduzida suscetibilidade às parasitoses, porém, com baixas performances produtivas. As variedades de animais com melhores índices produtivos, quase sempre criadas nos países desenvolvidos, raramente se sobressaem em condições ambientais nas quais há grande disponibilidade de parasitos durante todo o ano, principalmente em ambientes tropicais, onde as densidades de parasitos refletem o clima quente e úmido – situações ótimas para o desenvolvimento da maioria dos parasitos. Portanto, na área de produção animal, o conhecimento sobre a epidemiologia dos parasitos e suas interações com os hospedeiros em um determinado ambiente e sistema produtivo são requisitos muito importantes no estabelecimentode um sistema de controle efetivo e maior produção animal. Profissionais zootécnicos que não possuem tais informações podem levar à utilização inadequada de tratamentos antiparasitários, podendo ocasionar um rápido desenvolvimento de resistência e, consequentemente, aumento de casos clínicos e de perdas produtivas. Para obtermos sucesso nesse tema, devemos estabelecer métodos de controle parasitário eficientes, baseados em informações sobre a disponibilidade de larvas no ambiente, detecção de fontes de infecção, conhecimento sobre as exigências climáticas para eclosão de ovos e viabilidade larvar. Medidas preventivas baseadas nessas informações podem diminuir a frequência de tratamentos químicos e, quando associadas a outras formas de controle, podem reduzir a dependência dos antiparasitos. 41WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PROTOZOÁRIOS Antigamente, os protozoários eram classificados como um filo do Reino Animal, descritos como micro-organismos unicelulares heterotróficos, semelhantes a animais. Era o antigo Reino Protozoa, do grego proto (que significa “primeiro”) e zoa ouzoo (que significa “animal(is)”), traduzido então como “primeiros animais”. No entanto, com a nova classificação baseada na locomoção e pela semelhança com as algas unicelulares, eles passaram a apresentar características mistas, semelhantes a animais e vegetais; por isso, foram incluídos no Reino Protista. Figura 1 - Protozoários ciliados e flagelados de vida livre, em ambientes aquáticos. Fonte: Conceitos (2021). 1.1 Etiologia Os protozoários fazem parte do Reino Protista, assim como as algas. Esses micro- organismos são unicelulares (de uma só célula), eucariontes (com um núcleo) e, geralmente, são heterotróficos (sem capacidade de produzirem seu próprio alimento, portanto, alimentam-se de outros seres vivos). Eles costumam ter um tipo de vida livre e são encontrados em ambientes aquáticos, geralmente na água doce, salobra ou água salgada, ou em lugares úmidos, rastejando pelo solo ou sobre matéria orgânica em decomposição. Algumas espécies acabam se associando a outros organismos para viver, como os parasitas. 1.2 Morfologia Os protozoários são divididos em classes que seguem como critério o modo de locomoção que utilizam: pseudópodes, flagelo, cílios ou estrutura de locomoção ausente. Confira na Figura 2 as quatro classes mais importantes. https://conceitos.com/protozoarios/ 42WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 - Classificação de protozoários conforme suas estruturas de locomoção: pseudópodes, flagelo e cílios. Fonte: Mimsay (2018). • Filo Sarcodina – Rizópodos Os rizópodos utilizam pseudópodos (“falsos pés”) para se locomover. O mais famoso representante deste grupo é a ameba, que obtém seu alimento com o processo chamado fagocitose e faz a digestão em seus vacúolos digestivos. • Filo Mastigophora – Flagelados Os flagelados utilizam o movimento de um único e longo flagelo para se locomover, são de vida livre e muitos deles são parasitas de seres humanos. É o caso do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. • Filo Ciliophora – Ciliados O meio que os ciliados usam para se locomover é através do batimento de cílios, que são filamentos menores e mais numerosos do que os flagelos. Geralmente, aparecem na água doce ou salgada, com matéria vegetal em decomposição. A forma de reprodução é sexuada, em que uma célula transmite material genético para outra célula. Depois da conjugação, as células realizam a reprodução assexuada. Exemplos de protozoário ciliado são os do gênero Paramecium, que costumam habitar poças de água suja. Para maior conhecimento sobre o mundo dos protozoários, recomendamos assistir ao vídeo “Os Protozoários”, em https://www.youtube.com/watch?v=BUuDvXITlAg. http://mimsayboraestudar.blogspot.com/2018/08/filo-protozoa.html https://www.youtube.com/watch?v=BUuDvXITlAg 43WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Filo Sporozoa – Esporozoários Os esporozoários, por sua vez, não apresentam organelas locomotoras nem vacúolos contráteis. Eles são levados pelo ambiente, que pode ser o ar, a água ou algum animal. Um exemplo desse tipo de protozoário é o Plasmodium vivax, responsável por provocar a malária. 1.3 Ciclo Reprodutivo A reprodução assexuada dos protozoários pode ocorrer de duas formas: • Divisão binária → também chamada por alguns autores de cissiparidade, a divisão binária é o tipo de reprodução assexuada em que uma célula se divide ao meio, originando duas células idênticas. Ela ocorre em protozoários do filo Sarcodina, filo Cilliophora, filo Zoomastigophora e filo Apicomplexa. Figura 3 - Representação de um dos tipos de reprodução assexuada, observada nos seres vivos: a divisão binária. Fonte: O autor. • Divisão múltipla → nesse tipo de reprodução assexuada, o núcleo de uma célula se multiplica várias vezes, originando várias células-filhas. Muitos autores não consideram a conjugação realizada por alguns protozoários como reprodução sexuada pelo fato de esse processo não resultar em aumento de indivíduos, enquanto que outros consideram esse processo como sendo um tipo de reprodução sexuada por haver troca de material genético. Figura 4 - Representação de um dos tipos de reprodução assexuada, observada nos seres vivos: a divisão múltipla. Fonte: O autor. A conjugação é um processo que consiste na união parcial de dois indivíduos que se emparelham e, através de uma ponte citoplasmática, trocam material genético. Após a troca, esses indivíduos, que passam a ter novas combinações genéticas, separam-se e dividem-se por divisão binária. Esse processo ocorre nos protozoários ciliados. 44WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 - Representação de um dos tipos de reprodução sexuada, observada nos seres vivos: a conjugação. Fonte: O autor. 1.4 Epidemiologia Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, algumas espécies são benéficas ao organismo, como as existentes na flora natural de ruminantes, auxiliando na digestão da celulose. Porém, a maioria e mais conhecidas são os causadores de doenças, sendo alguns de seus principais representantes, hoje, na medicina veterinária. Seguem: • Entamoeba histolytica – conhecida como Amebíase, a doença provoca diarreia ou disenteria intermitente e acomete principalmente cães e gatos; • Babesia canis – conhecida como Babesiose canina, a doença provoca uma anemia severa, pois ataca diretamente as hemáceas, causando também hemoglobinúria, mucosas amareladas e fadiga. Ela é transmitida pela picada do carrapato infectado; • Babesia caballi – conhecida como Nutaliose, a doença acomete equinos e tem os mesmos sinais e sintomas da babesiose canina, sendo também transmitida pela picada de carrapatos; • Giardia lambria – conhecida como Giardíase, a doença provoca diarreia com coloração esbranquiçada e forte odor, além de dores abdominais. Acomete principalmente animais de pequeno porte, jovens, e é transmitida pela ingestão de água contaminada; • Trypanossoma evansi – conhecida como Mal das cadeiras, a doença é quase que excluviva de equinos, porém, já foram relatados casos em cães, lobos e raposas e apresenta anemia progressiva, aumento de linfonodos, baço e, em alguns casos, fígado; • Leishmania – conhecida como Leishmaniose, é uma perigosa zoonose que acomete cães, transmitida pela picada de um mosquito infectado. Ela apresenta sintomas específicos com suas duas formas, a Visceral e Calazar; • Elimeria – conhecida como Eimeriose ou Diarreia vermelha, a doença acomete o epitélio digestivo de aves e ruminantes; 45WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA• Crytosporidium parvum – conhecida como Criptosporidiose, a doença apresenta diarreia severa em cães, podendo levar à morte e acomete também gatos, geralmente de forma assintomática. Devido a tantas formas de doenças que podem acometer animais de diversas espécies é que se faz crucial o controle com medicamentos antiparasitários, além de uma observação diária do comportamento dos mesmos para diagnósticos e tratamentos mais específicos. 1.5 Diagnóstico Na maioria dos casos, o diagnóstico vem devido à desnutrição animal, seguida por diarreias, como os casos da Eimeriose ou Diarreia vermelha. A multiplicação dos coccídios causa alterações e provoca a destruição das células do hospedeiro. As alterações funcionais causadas pela coccidiose dependem da localização, das espécies envolvidas e do grau de destruição dos tecidos e podem ser locais ou sistêmicas. A intensidade e abrangência das lesões dependem do grau de agressão tecidual de cada espécie e, principalmente, da quantidade de oocistos esporulados ingerida. Quando a infecção é muito intensa, ocorre destruição de áreas muito extensas do intestino, com consequente desprendimento de fragmentos de mucosa e hemorragias, que pode ser observado nas fezes. Figura 6 – Diarreias, como os casos da Eimeriose ou Diarreia vermelha. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre as doenças causadas por protozoários, recomendamos assistir ao vídeo “Trypanosoma evansi”, em https://www.youtube.com/watch?v=yzFKGCyMUj0. https://www.youtube.com/watch?v=yzFKGCyMUj0 46WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As células diferenciadas das vilosidades são responsáveis pela absorção, e as células indiferenciadas das criptas, pela secreção. Um aumento de secreção causado pela hiperplasia das criptas leva a um desbalanceamento da proporção absorção/secreção e pode causar diarreia. Nas infecções por coccídios, pode haver separação das junções entre essas células e ocorrer a passagem de proteínas para a luz intestinal e, assim, afetar o funcionamento do tubo intestinal. 1.6 Profilaxia e Controle A infecção dos ruminantes ocorre pela ingestão de oocistos esporulados, junto com água e alimentos contaminados com fezes. Os oocistos são estruturas muito resistentes, que, em condições favoráveis, podem permanecer infectantes no meio ambiente por vários meses. Eles resistem à ação da maioria dos desinfetantes comerciais nas concentrações usuais, mas são destruídos pela dessecação, luz solar direta e calor. O oocisto, por se encontrar no meio ambiente, fora do hospedeiro, representa a fase do ciclo dos coccídios que é vulnerável e suscetível às medidas de controle da coccidiose. Após a infecção do animal, os oocistos liberam formas infectantes, os esporozoítos, que penetram nas células do trato gastrintestinal. Nessas células, multiplicam-se e, consequentemente, causam lesões que interferem nos processos digestivos. Figura 7 - Ingestão de oocistos que liberam formas infectantes, os esporozoítos, que penetram nas células do trato gastrintestinal. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre diarreias causadas em bovinos, recomendamos assistir ao vídeo “Diarreia em bovinos”, em https://www.youtube.com/watch?v=-oI4nsmQI9Y. https://www.youtube.com/watch?v=-oI4nsmQI9Y 47WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. HELMINTOS Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo espécies de vida livre e também de vida parasitária, sendo classificados em dois grandes filos: Platyhelminthes (Gr. platy = achatado + helminthes= verme) e Nemathelminthes (Gr. Nema = fio; toda = forma). Os Platyhelminthes e os Nemathelminthes são metazoários (animais pluricelulares), triblásticos (designação para os animais que apresentam um terceiro folheto embrionário, denominado mesoderme, que se forma na gastrulação, originando os tecidos dos sistemas muscular e circulatório, das glândulas endócrinas e gônadas, em contraposição aos diblásticos, que só apresentam ectoderme e endoderme) e prostostômios (o nome deriva do fato de que, no desenvolvimento embrionário, a boca é formada antes do ânus), sendo que a única diferença evolutiva é que Platyhelminthes são acelomados (subdivisão de animais bilatérios sem cavidade no corpo e cujos espaços entre as paredes do corpo e os órgãos internos são preenchidos por parênquima), e os Nemathelminthes são pseudocelomados. Figura 8 - Cladrograma dos grupos de animais e suas derivações evolutivas. Fonte: O autor. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesoderme https://pt.wikipedia.org/wiki/Gastrula%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndulas_end%C3%B3crinas https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%B4nadas https://pt.wikipedia.org/wiki/Diplobl%C3%A1stico 48WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Características Gerais Os platelmintos são achatados dorsoventralmente, característica que surge como consequência da ausência de um sistema sanguíneo. Já os nematoides distinguem-se dos demais animais por apresentarem o corpo cilíndrico, cutícula flexível não viva e ausência de cílios ou flagelos, músculos longitudinais. O Filo Nematoda (Gr. Nema = fio; toda = forma) é conhecido por causar doenças em humanos ou em outros animais. Há 2.500 sp. descritas, sendo um dos maiores grupos zoológicos. Os nematoides podem viver no mar, na água doce e no solo. São parasitos de praticamente todos os tipos de animais e plantas. As espécies de vida livre alimentam-se de bácterias, fungos e suas hifas e algas. Podem ser saprófagos (cadáveres) ou coprófagos (fezes). Existem predadores de rotíferos, anelídeos e outros nematoides. E muitos se alimentam de seiva de plantas superiores. Figura 9 - Cladrograma dos grupos de animais e suas derivações evolutivas. Fonte: O autor. Para maior conhecimento sobre as consequências das extinções das espécies, recomendamos assistir aos vídeos “Zoologia de Platelmintos” e “Ascaridíase: tossindo lombrigas - Parasitas Assassinos l”, disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=jTX2dz_pWsE e https://www.youtube.com/ watch?v=wTbMCVLB0Yc. https://www.youtube.com/watch?v=jTX2dz_pWsE https://www.youtube.com/watch?v=wTbMCVLB0Yc https://www.youtube.com/watch?v=wTbMCVLB0Yc 49WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os helmintos gastrointestinais constituem-se em agentes etiológicos de significativa importância para a diminuição da produtividade na pecuária bovina. Dentre os fatores que interferem no desenvolvimento da bovinocultura, as helmintoses gastrintestinais e pulmonares ocupam grande destaque por ocasionarem perdas econômicas relacionadas à baixa produtividade do rebanho, retardamento do desenvolvimento dos animais, aumento na taxa de mortalidade de bovinos jovens e gastos excessivos com manejo e medicamentos. 2.1.1 Etiologia No Filo Platyhelminthes (Gr. platy = achatado + helminthes = verme), as classes pertencentes são a Classe Turbellaria (maioria de vida livre), a Classe Trematoda (parasitas), a Classe Monogenea (parasitas) e a Classe Cestoda (parasitas). Figura 10 - As classes representantes dos platelmintos Turbellaria, Trematoda, Monogenea e Cestoda. Fonte: O autor. Há inúmeras doenças causadas por Nemathelminthes (Gr. Nema = fio; toda = forma). Os nematoides são patogênicos ao homem e aos animais domésticos, com ampla distribuição munidal, porém, mais abundantes em regiões tropicais. Para maior conhecimento sobre os platelmintos, recomendamos assistir ao vídeo “Kingdom Animalia: Phylum Platyhelminthes”, em https://www.youtube.com/watch?v=fWVMKLsRE6s. https://www.youtube.com/watch?v=fWVMKLsRE6s 50WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.2 Morfologia Os animais acelomados(acelomados são animais que não apresentam celoma, sendo o celoma central uma cavidade totalmente revestida pela mesoderme), como os platelmintes, não possuem celoma. Os animais pseudocelomados (possuem uma cavidade nos nematoides, onde há um sistema digestivo completo, um sistema excretor composto por um canal longitudinal e um sistema nervoso parcialmente centralizado), como os nematoides, possuem um pseudoceloma. Os animais celomados (são, portanto, animais que apresentam cavidade revestida completamente pela mesoderme; dentre os celomados, podemos citar os cordados, moluscos, anelídeos e equinodermos). Figura 11 - Tipos corporais dos animais acelomados, pseudocelomados e celomados. Fonte: O autor. Como já citado anteriormente, os platelmintos são animais invertebrados, com corpo achatado dorsoventralmente, triblásticos, acelomados e apresentam simetria bilateral. Podem ter vida livre ou parasitária. Note a presença ventral da boca e os folhetos embrionários: ectoderma, mesoderma e endoderma (Figura 12). Figura 12 - Morfologia externa básica de um representante do Filo Plathelmintos. Fonte: O autor. 51WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Já os nematelmintos possuem corpo cilíndrico, recoberto por uma cutícula resistente, com simetria bilateral. Numerosas espécies apresentam vida livre, porém, muitas são parasitas de plantas e animais. Os nematoideos possuem dois nervos (dorsal e ventral) longitudinais, que correm o corpo do animal. Figura 13 - Morfologia externa básica de um representante do Filo Nematelmintos. Fonte: O autor. 2.1.3 Ciclo Reprodutivo Uma etapa da fase do ciclo destes parasitas ocorre no meio ambiente, e vários fatores estão diretamente envolvidos no desenvolvimento e na sobrevivência das larvas nas pastagens e na manutenção das infecções nos animais, como: fatores climáticos, genéticos e características das pastagens. Os turbelários são hermafroditas, podendo se reproduzir assexuadamente. Ocorre por regeneração ou brotamento (zooides). Na reprodução sexuada, ocorre a fertilização dos ovos através de fecundação interna e cruzada. O desenvolvimento é direto na sua maioria, e cada planária produz várias cápsulas ovígeras. Figura 14 - Tipos corporais dos animais acelomados, pseudocelomados e celomados. Fonte: O autor. 52WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Já todos os trematódeos são vermes parasitos, e quase todas as formas adultas são endoparasitas de vertebrados. Em sua vida parasitária, os indivíduos não possuem cílios no tegumento, possuem glândulas de penetração, ocorre a produção de cistos (resistência ao meio externo), alta reprodução juntamente com órgão de adesão. Os trematódeos da subclasse dos digenéticos são endoparasitos de ciclo de vida heteroxênico, necessitando de, pelo menos, dois hospedeiros para completar seu ciclo, sendo intermediário (molusco) e definitivo (vertebrados). Seu grande representante é a Fasciola hepatica. • Ciclo reprodutivo da Fasciola hepatica Sua fase sexuada ocorre no hospedeiro definitivo, porém, ao serem eliminados nas fezes, os ovos têm que encontrar água para eclodir (miracídio). Os miracídios penetram no hospedeiro intermediário e reproduzem-se assexuadamente (esporocisto), desenvolvendo-se em cercárias, ou penetram no hospedeiro ou encistam na vegetação. Quanto a todos os monogenéticos, seu ciclo de vida se assemelha muito aos digenéticos, porém, os monogenéticos são ecoparasitos, ocorrendo principalmente na superfície corpórea, brânquias e bexiga natatória de peixes, répteis e anfíbios. Seu ciclo acontece em um só hospedeiro, a maioria é ectoparasita de peixes, seu corpo é coberto por tegumento, possuem uma ventosa oral reduzida ou ausente e possuem haptor, que porta ganchos e ventosas. 2.1.4 Epidemiologia Parasitas são organismos que vivem em associação com seus hospedeiros, dos quais retiram os recursos necessários à sua sobrevivência, relação que prejudica o organismo hospedeiro. Os ciclos de vida dos parasitas envolvem diversas interações com seus hospedeiros, as quais envolvem diferentes conjuntos de fatores, tais como o tipo de recurso ofertado e o sistema imune do hospedeiro. Todos esses fatores afetam cada estágio de vida do parasita. Assim, o equilíbrio entre as populações de parasitas e de hospedeiros é influenciado tanto pela patogenicidade do parasita quanto pela imuno-resposta e outras defesas do hospedeiro. 2.1.5 Diagnóstico O parasitismo gastrintestinal em bovinos está frequentemente associado à alta densidade populacional animal e a sistemas intensivos de manejo, principalmente à bovinocultura leiteira. Entretanto, nos ruminantes, o estado nutricional e, particularmente, a disponibilidade de proteínas e minerais são fatores importantes na otimização da produtividade animal, interferindo na patogenia e nos mecanismos de resposta imune dos hospedeiros às infecções por nematódeos gastrointestinais. Para maior conhecimento sobre os monogenéticos, recomendamos assistir ao vídeo “Monogenea Fish”, em https://www.youtube.com/ watch?v=4GxzRJ_E0o4. https://www.youtube.com/watch?v=4GxzRJ_E0o4 https://www.youtube.com/watch?v=4GxzRJ_E0o4 53WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1.6 Profilaxia e Controle Classe Trematoda Subclasse Digenea Fasciola hepática A fasciolose, também chamada de fasciolíase, é uma parasitose causada pelo parasita Fasciola hepatica e, mais raramente, pelo Fasciola gigantica, que pode ser encontrado nos canais biliares de mamíferos, como ovinos, bovinos e suínos, por exemplo. A infeção pela Fasciola hepatica é rara, no entanto, pode acontecer através da ingestão de água e verduras contaminadas pela forma infectante desse parasita. Isso porque os ovos liberados no ambiente eclodem quando em contato com a água. O miracídio liberado desenvolve-se no caramujo até a forma infectante, a qual é liberada e depois desenvolve-se até a forma infectante, chamada metacercária, deixando não só a água contaminada, mas também as plantas aquáticas, como o agrião. A Fasciola hepatica é transmitida ao homem a partir do consumo de água ou vegetais crus, que contenham metacercárias desse parasita. Outra forma possível, porém mais rara, é através do consumo de carne de fígado crua de animais infectados e contato com o caramujo ou suas secreções. Esse parasita possui um ciclo de vida que envolve a infecção de hospedeiros intermediários e definitivos e acontece conforme as seguintes etapas: 1. Os ovos dos vermes são liberados pelas fezes do hospedeiro, que podem ser pessoas ou animais como bovinos, caprinos e suínos. 2. Os ovos liberados, ao entrarem em contato com a água, eclodem e liberam o miracídio. 3. O miracídio presente na água vai ao encontro de um hospedeiro intermediário, que é o caramujo de água doce do gênero Lymnaea sp. 4. No interior do caramujo, o miracídio desenvolve-se em esporocisto, rédias e em rédias contendo cercárias. 5. As cercárias são liberadas na água, fixam-se à superfície de folhas e plantas ribeirinhas ou chegam à superfície da água, perdem a cauda, encistam-se e ficam aderidas à vegetação ou vão para o fundo da água, sendo denominadas metacercárias. 6. Os animais e as pessoas, ao ingerirem a água ou plantas ribeiras contaminadas, são infectados pelas metacercárias, que se desencistam no intestino, perfuram a parede intestinal e chegam às vias hepáticas, caracterizando a fase aguda da doença. 54WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 15 - Ciclo da Fasciola hepatica e todos os seus hospedeiros. Fonte: O autor. Classe Trematoda Subclasse Digenea Em algumas espécies de Clinostomidae, as metacercárias ficam nos olhos, provocando cataratas, ou por baixo do tegumento do peixe, provocando proeminênciasamareladas (Doença dos pontos amarelos). Também são encontradas nas nadadeiras de algumas espécies ornamentais. Figura 16 - Tipos corporais dos animais acelomados, pseudocelomados e celomados. Fonte: O autor. 55WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Classe Trematoda Subclasse Monogenea Monogenea é uma classe de vermes do filo Platyhelminthes, majoritariamente ectoparasitas de organismos aquáticos, que atacam principalmente peixes e anfíbios. São comuns na pele, barbatanas, guelras e brânquias dos peixes e menos comuns na bexiga e no reto de alguns vertebrados ectotérmicos. Figura 17 - Tipos corporais dos animais acelomados, pseudocelomados e celomados. Fonte: O autor. Figura 18 - Tipos corporais dos animais acelomados, pseudocelomados e celomados. Fonte: O autor. 56WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. ARTRÓPODES 3.1 Etiologia Os artrópodes formam um grupo extremamente diversificado, com mais de um milhão de espécies descritas e catalogadas em todo o mundo. Esses animais podem ser encontrados em todas as regiões do planeta. Uma das principais características desse grupo é o exoesqueleto dos artrópodes, que envolve todo o seu corpo (Figura 19). O exoesqueleto de todos os artrópodes é composto por quitina, mas, nos crustáceos, além da quitina, há também fosfato e carbonato de cálcio, substâncias que conferem alta resistência à carapaça desses animais. Os artrópodes terrestres são revestidos por uma cobertura de cera impermeável, que impede a desidratação. Figura 19 – Exoesqueleto dos artrópodes. Fonte: Melo (2014). 57WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2 Morfologia Os animais pertencentes ao filo Arthropoda são invertebrados, triblásticos e celomados. Possuem simetria bilateral, exoesqueleto, corpo segmentado (metameria) e apêndices articulados, o que justifica o nome do filo (artro = articulação; podos = patas). O fato de esses animais apresentarem metameria leva à suposição de que os artrópodes têm parentesco evolutivo com os anelídeos. Essa metameria é mais nítida apenas nas formas larvais. Os principais grupos são os insetos, aracnídeos, crustáceos, quilópodes e diplópodes. Algumas diferenças em suas morfologias estão expressas no Quadro 1. Quadro 1 – Comparativo entre os principais grupos de artrópodes. Fonte: Academia (2021). 58WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Ciclo Reprodutivo Na maioria dos artrópodes, os sexos são separados, e a fecundação é interna, isto é, o macho lança os gametas masculinos dentro do corpo da fêmea. O desenvolvimento pode ser direto: os filhotes já nascem semelhantes aos pais, como é o caso de muitos aracnídeos e, portanto, esses animais não passam por metamorfose. Figura 20 - Desenvolvimento dos carrapatos, com estágios de ninfa. Fonte: Toda Matéria (2021). 3.4 Epidemiologia das Doenças Causadas por Arthropodes • Febre maculosa A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato. No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da Febre Maculosa: Rickettsia rickettsii, que produz a doença grave registrada no norte do estado do Paraná e nos estados da Região Sudeste Figura 21 - Desenvolvimento da febre maculosa e seus hospedeiros. Fonte: Retirado: G1 (2019). https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2019/06/04/febre-maculosa-entenda-o-ciclo-de-transmissao-e-os-sintomas-da-doenca.ghtml 59WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O período de incubação varia de 2 a 14 dias após a picada (média de 7 dias), e os sintomas têm início súbito, com febre de moderada à alta, que dura geralmente de 2 a 3 semanas, acompanhada de dor de cabeça, calafrios, congestão das conjuntivas (olhos vermelhos). Causada pela picada de carrapatos-estrela infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii, seu quadro inicial é caracterizado por febre alta, dor de cabeça, no corpo e perto dos olhos, enjoo, vômito, diarreia e falta de apetite. Tudo isso seguido do aparecimento de manchas no corpo. 3.5 Profilaxia e Controle • Babesiose bovina O carrapato bovino tem o ciclo de vida dividido em duas fases: a fase de vida livre, quando se encontra no ambiente ou em cães, e vida parasitária, encontrado no bovino. Esse ciclo tem início com a fêmea (teleógina) colocando seus ovos (ovipostura) no ambiente (1 e 2) e, após a eclosão, as larvas se direcionam para a ponta das vegetações em dias quentes para se fixarem no bovino (3 e 4). Essa larva atinge, então, a vida adulta no bovino, alimentando-se do sangue deste até acasalar (6). As fêmeas permanecem no bovino, alimentando-se, até engurgitarem, quando atingem seu tamanho máximo, caem ao solo, recomeçando o ciclo, sendo que os machos permanecem no bovino por, aproximadamente, 21 dias em busca de novas fêmeas. Figura 22 - Gado sendo parasitado por ectoparasita (carrapato). Fonte: O autor. Nesse ciclo, os carrapatos podem conter protozoários que causam a Tristeza Parasitária em Bovinos (TPB), ou Babesiose, que é uma doença muito severa. É causada por protozoários e afeta principalmente os bezerros. Responsável por uma taxa de mortalidade muito alta, a doença assusta os proprietários e tem um grande efeito econômico para os produtores. O nome dado popularmente é referente ao seu principal sintoma, que deixa os animais apáticos e tristes. 60WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os principais agentes causadores da TPB são os protozoários das espécies Babesia bovis e Babesia Bigemina. Também pode ser causada pela rickettsia Anaplasma marginale. O principal vetor da doença é o carrapato. A transmissão acontece através da picada, por meio da alimentação das larvas, ninfas ou carrapatos adultos. O período de incubação varia de 7 a 14 dias. Acompanhe na Figura 23 o ciclo de vida de Babesia bovis (A): um esporozoíto B. bovis invade um eritrócito e se transforma em um trofozoíto (B). O trofozoíto é em forma de anel (C). Dois merozoítos são gerados de cada trofozoíto por fissão binária (D). Merozoítos são inicialmente unidos, lembrando duas peras em um ângulo agudo (E). Os merozoítos maduros separam-se antes de escaparem do eritrócito (F). Merozoítos são liberados do eritrócito. Alguns deles invadirão novos eritrócitos e se desenvolverão em trofozoítos, enquanto outros serão apanhados por carrapatos adultos para continuar seu ciclo no hospedeiro invertebrado (G). Os estágios sexuais são liberados dos glóbulos vermelhos no lúmen intestinal do carrapato e se desenvolvem em gametócitos (H). Os gametócitos se transformam em gametas masculinos e femininos, que formam um zigoto após a fusão (I). O zigoto se desenvolve em um estágio de infecção e penetra nas células intestinais do carrapato (J). Formam-se corpos de fissão e, deles, desenvolvem-se cinetes móveis (K). Os cinetes destroem as células intestinais, escapam para a hemolinfa e se distribuem nos diferentes tipos de células e tecidos, incluindo os ovários (L). No ovário, as células embrionárias são infectadas por cinetes (transmissão transovariana) (M). Quando o carrapato fêmea põe seus ovos, os embriões já estão infectados (N). Larvas infectadas eclodidas se fixam em um bovino, e os cinetes migram para as glândulas salivares do carrapato, onde formam um esporoblasto (O). Milhares de esporozoítos se desenvolvem a partir de cada esporoblasto (P). As larvas do carrapato se alimentam do sangue bovino, e os esporozoítos são liberados com saliva no sistema circulatório do animal. 61WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 23 - Ciclo de vida de Babesia bovis no gado e no carrapato. Fonte: Independente (2021). https://independente.com.br/carrapato-nao-tem-pai/ciclo-do-carapato-2/ 62WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, vimos os principais grupos de parasitas em produções animais, como protozoários, helmintos e artrópodes. Se listarmos todos os animais que podem parasitar animais de produção, “perderíamos” todas as unidades apenas com essa listagem. Portanto, identificar a qual grande grupo pertence e como o ciclo e proliferação ocorrem é de extrema importância para melhor controle zootécnico e menor perda na nutrição animal. Note que algumas doenças estão intimamente ligadas a parasitas e hospedeiros, podendo ser o animal de produção ou o vetor um artrópode, por exemplo. Em muitos casos, as medidas de decisões para o controle serão fáceis desde que o profissional da Zootecnia tiver o entendimento holístico da doença na sua prole. 6363WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................65 1. ASPECTOS ECONÔMICOS ......................................................................................................................................66 2. CONTROLE DE ENDOPARASITAS ..........................................................................................................................68 2.1 PEIXES ....................................................................................................................................................................70 3. PRINCIPAIS CAUSAS ..............................................................................................................................................70 3.1 BACTÉRIAS .............................................................................................................................................................70 3.1.1 FLEXIBACTER COLUMNARIS .............................................................................................................................. 71 3.1.2 STREPTOCOCCUS SP. ......................................................................................................................................... 72 3.2 FUNGOS ................................................................................................................................................................. 72 3.3 PROTOZOÁRIOS .................................................................................................................................................... 73 IMPORTÂNCIA DOS PARASITAS PARA A SAÚDE ANIMAL E PREJUÍZOS À PRODUÇÃO ANIMAL PROF. DR. FLÁVIO HENRIQUE RAGONHA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ZOOLOGIA E PARASITOLOGIA ANIMAL 6464WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3.1 ICHTHYOPHTHIRIUS MUTIFILIS ..................................................................................................................... 73 3.4 TREMATODOS ........................................................................................................................................................ 74 3.5 CRUSTÁCEOS ........................................................................................................................................................ 74 3.6 VERMES .................................................................................................................................................................75 4.CONTROLE DE ECTOPARASITAS ............................................................................................................................76 4.1 CARRAPATOS DE BOI ............................................................................................................................................76 4.2 BERNE .................................................................................................................................................................... 77 5. TÉCNICAS DE COLETA DE PARASITAS .................................................................................................................78 6. CONSERVAÇÃO DE MATERIAL BIOLÓGICO ..........................................................................................................78 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................80 65WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, você, um(a) futuro(a) zootecnista, aprenderá os impactos econômicos em produções devido ao parasitismo. Claro que, atualmente, as inúmeras culturas, o número de parasitas e o aumento de espécies invasoras em produções trazem muitas vezes consigo seus parasitas. Apresentaremos alguns dos principais endoparasitas e ectoparasitas que acometem bovinos e peixes, e as espécies de muitos em equinos, caprinos e aves variam, porém, os processos de disseminação são muito similares. Durante sua carreira, não é apenas importante os químicos que muitas vezes você utilizará no manejo, mas, sim, como é o ciclo dos parasitas e os períodos com maiores densidades de parasitas. Em épocas de climas extremos, deparamo-nos com essas doenças parasitárias enquanto que, no verão, as temperaturas mais altas aumentam a proliferação dos parasitas, como moscas, bernes, carrapatos, dentre outros. No inverno, os animais estão com imunidade mais baixa e propícios a desenvolverem doenças por fungos, bactérias e helmintos. Muitas vezes, o controle se dará com aumento da imunidade da prole, com aumento da oferta de alimento, com maiores valores nutricionais e com vitaminas, dentre elas, destacamos a vitamina C. Portanto, antes de sairmos aplicando produtos químicos em tratamentos mais invasivos, devemos compreender as doenças, pois, em muitos casos, a solução será de fácil aplicação. 66WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ASPECTOS ECONÔMICOS As estimativas com o prejuízo anual com parasitas em rebanhos são de mais de três bilhões de dólares. Sempre que falamos em parasitas de rebanhos em geral, vem-nos prejuízo à cabeça, principalmente com a dificuldade na engorda ou, até mesmo, com a perda da prole. Pode parecer exagero, porém, quando extrapolamos as porcentagens de animais em média parasitados tanto por endoparasitas quanto por ectoparasitas, temos de levar em conta que o Brasil possui mais de 220 milhões de cabeças, distribuídas por oito milhões de hectares quadrados. O rebanho bovino brasileiro é um dos mais afetados pelas verminoses já que os climas tropicais e subtropicais que prevalecem no País favorecem a ocorrência de parasitas internos e externos. De acordo com artigo da Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, as perdas econômicas totais com o parasitismo chegam à casa dos 14 bilhões de dólares por ano. O gado, quando acometido por um parasita, tem seu desempenho comprometido e apresenta menor ganho de peso. As doenças causadas pelos vermes podem levar desde ao não ganho de 30 a 60 quilos por animal por ano até ao abate, e suas consequências atingem diretamente a rentabilidade da produção. Acompanhe a seguir como os endo e ectoparasitas afetam a produtividade e confira dicas importantes para prevenção. Figura 1 – Piolhos, carrapatos (ectoparasitas), taenia e nematoides (endoparasitas) em animais de produção. Fonte: O autor. 67WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Um exemplo claro desse prejuízo é do parasitismo causado pelos nematoides gastrintestinais que se alojam no interiordo animal. Em vacas leiteiras e de corte, as perdas são estimadas em 7 bilhões de dólares, representando, assim, o problema econômico mais importante do setor no Brasil. Figura 2 - Nematoide encontrado no trato digestivo. Fonte: Augusto (2012). Quando relacionados aos carrapatos – chamados de ectoparasitas, pois se instalam na parte de fora do corpo do hospedeiro –, os estudos apontam que, para cada carrapato presente no bovino, é perdido, diariamente, de 1,18 a 1,37 grama. Os prejuízos incluem ainda diminuição da qualidade do couro, lesões na pele e anemia (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). Figura 3 - Carrapatos parasitando as orelhas de bovinos. Fonte: Antonini (2019). https://onorte.net/minas-do-norte/prolifera%C3%A7%C3%A3o-de-carrapatos-pode-comprometer-rebanho-1.744145 68WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O berne, outro ectoparasita que perfura a pele do animal e se hospeda nele por cerca de 35 dias, provoca grande irritação no animal e gera uma perda de leite, carne e couro estimada em 200 milhões de dólares na América Latina. Figura 4 - Larvas de insetos (mosca varejeira) na epiderme de animais. Fonte: Castanheira (2018). 2. CONTROLE DE ENDOPARASITAS O controle de endoparasitas pode ser realizado por intermédio de um conjunto de práticas, tais como: o monitoramento da carga parasitária de endoparasitos, através de contagem de Ovos por Grama (OPG) e coprocultura (Figura 5), a fim de determinar a necessidade de tratamento e eficácia do mesmo; a realização de tratamento seletivo e/ou o descarte de animais mais suscetíveis aos endoparasitos, com base em OPG, ganho de peso, FAMACHA, número de dosificações/ano, escore corporal, dentre outros; a administração dos anti-helmínticos de forma correta (via de administração, dose, espécie animal, época adequada); a utilização do medicamento (produto químico) pelo menor número de vezes durante o ano para evitar estabelecimento da resistência parasitária na propriedade; a manutenção do desenvolvimento zootécnico adequado dos animais do rebanho. Para determinar o número de ovos por grama de fezes, some a contagem de ambas as câmaras. Multiplique o número de ovos encontrados por 50 para bovinos e por 100 para ovinos. O resultado será expresso em Ovos Por Grama de Fezes (OPG). 69WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 – Demonstração de contagem de Ovos por Grama (OPG) e coprocultura a fim de determinar a necessidade de tratamento de endoparasitas. Fonte: O autor. Também é importante não promover a troca do lote de animais para potreiro “limpo” após o tratamento (também conhecido como tratar e mudar), mas, sim, manter os animais tratados na mesma pastagem por, pelo menos, de cinco a sete dias após o tratamento. Deve-se tentar adequar um controle estratégico anual, trabalhar para a manutenção da refúgia, ou seja, manter os parasitos suscetíveis à droga na propriedade para manter a eficácia do produto químico por mais tempo. Ademais, deve-se: realizar acompanhamento anual da eficácia de produtos anti- helmínticos por meio de teste de redução de OPG; promover a troca de anti-helmíntico (princípio ativo) quando ele começar a perder a eficácia ou a rotação anual de medicamentos (ovinos); fazer pastejo consorciado ou alternado entre diferentes espécies (bovinos e ovinos); utilizar o método FAMACHA (ovinos com haemoncose); diminuir a dependência de utilização de produtos químicos (rotação, manejo, tratamentos alternativos); fazer uso da integração lavoura-pecuária para descontaminação do ambiente (pastagens); promover a manutenção da imunidade por meio do fornecimento de dieta com boa qualidade nutricional (teor de proteína), do manejo dos cordeiros (colostro); e proporcionar instalações adequadas (bem-estar animal) (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). 70WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Peixes Já os peixes coexistem com parasitas e patógenos na natureza, em equilíbrio. Alterações ambientais (como queda dos teores de oxigênio dissolvido (OD), aumento de gás carbônico (CO2), amônia (NH3) e nitrito (NO2), altas estocagens e níveis de arraçoamento, remoção e reestocagem) podem causar estresse, redução da resistência, ferimentos e facilitar o desenvolvimento de enfermidades. O ambiente aquático pode ser contaminado também via água de abastecimento, introdução de peixes, cobras, tartarugas, caramujos, sapos e rãs, aves piscívoras, rações, equipamentos contaminados etc. 3. PRINCIPAIS CAUSAS 3.1 Bactérias Encontradas no solo e em águas naturais, sua incidência pode aumentar e causar problemas a peixes mal nutridos e com injúrias físicas decorrentes de despesca e transporte. Tanques com alta carga de material orgânico e com água de má qualidade facilitam sua ocorrência, que pode aumentar nos períodos de primavera e outono. O peixe perde o apetite, reduz a atividade, apresenta natação vagarosa e tende a se posicionar nas áreas mais rasas do tanque. Ademais, apresenta erosão nas nadadeiras, lesões circulares ou irregulares do tipo úlceras pelo corpo, hemorragia nas bordas das lesões e na base das nadadeiras, olhos saltados de aspecto opaco e hemorrágico, abdômen distendido e presença de fluido opaco ou ligeiramente sanguinolento na cavidade abdominal, fluido amarelado ou sanguinolento no intestino, hemorragia nos órgãos internos (como o fígado), hiperplasia (aumento do tamanho) de órgãos (como o fígado, baço e rins), fígado de coloração pálida ou ligeiramente esverdeada e pontos hemorrágicos na parede interna da cavidade abdominal (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura 6 - Aeromonas hydrophila (A) e Pseudomonas fluorescens (B). Fonte: O autor. 71WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1.1 Flexibacter columnaris Causadora da Columnariose (ou doença da boca de algodão ou da cauda comida, como é popularmente conhecida), esta bactéria coabita os sistemas aquáticos, normalmente em equilíbrio, até o momento em que, seja por má nutrição seja por má qualidade da água ou mau manuseio, ela se manifesta instalando-se em lesões causadas por ferimentos ou por parasitas. Lesões nas brânquias, causadas por parasitas ou por turbidez mineral da água, por entrada de enxurrada nos tanques, são causa desta doença. A transmissão ocorre de peixe para peixe, facilitada com o aumento da densidade de estocagem, da temperatura e das injúrias físicas. Figura 7 - Doença causada por Flexibacter columnaris. Fonte: Marcos (2018). 72WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1.2 Streptococcus sp. Várias espécies deste gênero foram identificadas como causadoras de septicemia (infecção generalizada, acompanhada de quadro hemorrágico) em diversos peixes. Estes passam a apresentar uma pigmentação bastante escura e corpo levemente curvado. Os movimentos ficam letárgicos e, geralmente, nadam num padrão espiralado. Os olhos podem apresentar cataratas e hemorragias, estando invariavelmente saltados (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura 8 - Representantes de Streptococcus sp. Fonte: O autor. 3.2 Fungos Saprolegnia parasítica é um dos fungos causadores da infecção. Pode ser identificado por seu crescimento micelial branco ou cinza claro, com aspecto de algodão. Fungos podem também ocorre em ovos, larvas e alevinos, além de peixes adultos. Nutrição inadequada e injúrias físicas propiciam a infestação. Transporte e manejo de espécies tropicais (como as tilápias, pacus, tambaquis e tucunarés, dentre outras), sob condições de baixa temperatura de inverno e de início de primavera, podem favorecer as infestações. A doença se manifesta inicialmente com despigmentação de áreas na pele dos peixes, seguida da multiplicação e elongação das hifas(filamentos), formando os típicos “tufos de algodão”. Peixes mortos devem ser retirados dos tanques. Figura 9 - Doença causada pelo fungo Saprolegnia parasítica. Fonte: Kühnis e Kugler (2015). 73WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Protozoários 3.3.1 Ichthyophthirius mutifilis Doença conhecida como “Doença dos Pontos Brancos”, ou Ictio, se caracteriza pela presença de pontos brancos visíveis a olho nu, espalhados pelo corpo, principalmente sobre as nadadeiras. A irritação e o prurido causados pela instalação do protozoário sob a pele fazem com que o peixe apresente excessiva produção de muco e fique se raspando no substrato, em plantas e outros objetos presentes nos tanques (SANTOS et al., 2002). O parasita normalmente se instala nas brânquias, dificultando a respiração, a excreção nitrogenada e a osmorregulação dos peixes. Seu ciclo de vida é dependente das condições de temperatura da água: se a 10° C, completa seu ciclo de vida em 35 dias; se entre 20 e 23° C, requer 3 a 4 dias; e se a 27° C, em 2 dias. Outros protozoários parasitas (como o Epistylis, a Ambiphtya, a Trichodinas e o Trichophrya) também se fixam ao peixe na pele, nadadeiras e brânquias e se alimentam filtrando o material orgânico na água. Quanto maior o acúmulo de resíduos orgânicos nos tanques de produção, maior a população desses parasitos, que, embora não causem sérios danos aos peixes, abrem caminho para infecções secundárias por bactérias e fungos. Figura 10 - Doença causada por Ichthyophthirius mutifilis. Fonte: Stoskopf (2015). 74WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Trematodos Os trematodos monogênicos fixam-se ao hospedeiro através de aparelhos de fixação (haptores) com ganchos ou ventosas. O Gyrodactylus é normalmente encontrado no corpo e nadadeiras, não possui olhos, prende-se por um par de ganchos longos rodeados por 16 menores e apresenta um embrião em desenvolvimento dentro do indivíduo adulto. O Dactiylogylus apresenta 4 manchas oculares, um par de ganchos pequenos, 14 menores marginais e liberam ovos. É encontrado nas brânquias de carpas e peixe dourado, principalmente. O Cleidodiscus, outro membro da família, é encontrado em brânquias de inúmeros peixes, e ovos podem ser vistos dentro de indivíduos adultos (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Os Trematodos Digêneos formam um grupo de parasitos com aspecto similar a pequenos vermes, normalmente encontrados na forma de cistos na pele, órgãos internos, como o fígado, e nos olhos dos peixes. Raramente prejudicam o crescimento e a reprodução ou causam mortandade de peixes. Seu ciclo de vida está relacionado a 2 ou mais hospedeiros, sendo peixes e moluscos hospedeiros intermediários, enquanto as aves servem como hospedeiros definitivos, onde o parasita completa seu ciclo reprodutivo. Fezes com os ovos desse parasita são excretadas pelas aves na água, reinfestando o ambiente. Figura 11 - Doença causada por Gyrodactylus sp. Fonte: Boll (2019). 3.5 Crustáceos O Argulus é um dos parasitas mais encontrados em todo o mundo e comumente conhecido como “Piolho de Peixe”. Cerca de 100 espécies foram identificadas e parecem ser importantes vetores de doenças virais e bacterianas. Apresentam corpo achatado e oval, fixam-se na pele e nas nadadeiras através de ventosas e se alimentam dos fluidos dos peixes. O Ergasilus sp. é outro microcrustáceo frequentemente encontrado nas brânquias dos peixes, sendo denominado, por isso, de “larvas das brânquias”. Ocasionalmente, podem aparecer no epitélio bucal dos peixes. Os peixes podem apresentar sintomas de asfixia mesmo sob condições de oxigênio dissolvido adequadas. https://naturezaterraquea.wordpress.com/tag/parasitas-de-peixes/ 75WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 12 - Argulus sp. e Ergasilus sp. parasitando peixes. Fonte: Kamis (2011). 3.6 Vermes Os vermes parasitos incluem inúmeros representantes das classes Cestoda (lombrigas), Nematoda (vermes arredondados) e Acantocephala (vermes de cabeça espinhosa), bem como da classe Hirundinea (sanguessugas). Normalmente, esses vermes usam os peixes como hospedeiros intermediários e estes, se ingeridos crus, podem representar risco à saúde humana. As sanguessugas proliferam rapidamente em águas e sedimentos com material orgânico (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). Figura 13 - Acantocephala (vermes de cabeça espinhosa). Fonte: CECIERJ (2011). https://canal.cecierj.edu.br/busca?busca=filo%20Nematomorpha,Acanthocephala 76WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.CONTROLE DE ECTOPARASITAS 4.1 Carrapatos de Boi O método mais indicado para evitar a proliferação é fazendo controle alternativo, como utilizar carrapaticidas de controle. Tem-se um tratamento por 20 dias e outro por 30 dias. Ainda, o produtor não pode erradicar o carrapato da propriedade, pois ele evita outras doenças, que podem ser até piores para os animais. O carrapato de boi não pega em cães e cavalos, assim como em humanos. O fato de o animal ter o carrapato não interfere na qualidade da carne e do leite. O que acontece nas vacas leiteiras é a redução na produção de leite em até 9 ml. O couro do animal também fica danificado. A técnica de banho por aspersão por meio de pulverizador estacionário motorizado foi considerada a mais eficaz. “O equipamento de aspersão e um reservatório para a calda carrapaticida ficam juntos ao corredor de cordoalha, onde os animais são mantidos para serem banhados” (FURLONG, 2005). Figura 14 - Banho por aspersão por meio de pulverizador estacionário motorizado. Fonte: O autor. O método utilizado é simples e de baixo custo, podendo estar ao alcance de qualquer criador de gado. Nos testes, foi identificado que a média da carga parasitária caiu de 66 para 15, e o número de tratamentos carrapaticidas foi reduzido de 18, realizados ao longo do ano, para entre 6 e 8, feitos de forma concentrada, em um período de quatro meses. O banho dura por volta de dois minutos e são consumidos cerca de quatro a seis litros de medicamento por animal, gerando um custo de R$ 200 para um rebanho de 100 vacas (FURLONG, 2005). 77WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.2 Berne O berne é a larva da mosca Dermatobia, também conhecida como mosca berneira. O contágio se dá de forma direta ou indireta. Por ter um tempo de vida muito curto, a mosca berneira coloca seus ovos no abdômen de outras moscas. Isso faz com que a possibilidade de contágio seja muito ampliada. Quando a mosca que carrega os ovos pousa sobre a pelagem do animal, os ovos da mosca berneira são transferidos para ele e penetram na pele. Figura 15 - Ciclo reprodutivo da mosca berneira. Fonte: Pet Total Neem (2019). As moscas que parasitam bovinos podem ser hematófagas (alimentam-se de sangue) ou causadoras de miíases (berne/bicheiras). As moscas hematófagas são parasitas quando adultas, já as moscas de bicheiras fazem o parasitismo quando ainda são larvas. Os prejuízos causados pelas moscas hematófagas são decorrentes da perda de sangue, dos danos causados ao couro, da perda de produtividade pelo estresse causado pelas picadas, assim como das doenças que elas podem transmitir. As principais moscas hematófagas de bovinos são a mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) e a mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans). https://pet.totalneem.com/neem-serie-bovinos-bioparasiticida-bernes/ 78WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A mosca-dos-chifres passa quase todo o tempo alimentando-se sobre os bovinos, saindo apenas para colocar seus ovos, que são depositados em fezes frescas de bovinos. Ao contrário damosca- dos-chifres, a mosca-dos-estábulos passa a maior parte do tempo fora do hospedeiro. Ela só vai até os animais para se alimentar, fica alguns minutos e, depois, procura um local protegido para repousar. Essa espécie utiliza matéria orgânica preferencialmente em estado de fermentação para se reproduzir (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2004). 5. TÉCNICAS DE COLETA DE PARASITAS Quanto às técnicas de coleta, depende se elas irão ocorrer com endoparasitos. Nesse caso, muitas vezes deve-se coletar o material, como fezes ou regurgitameto do animal, sendo isso muito invasivo. Já no caso de ectoparasitas, trata-se da coleta do animal da estrutura (epiderme, orelha, casco) e conservação em álcool 80% ou em formol 10%. Quando trabalhamos com agentes etiológicos pequenos, sua detecção é efetuada através da observação microscópica de raspados de brânquias e tegumento ou de pequenos fragmentos de brânquias colocados entre lâmina e lamínula. A fixação pode ser feita diretamente em lâmina ou após remoção dos arcos branquiais raspados do tegumento usando formol 1 a 5% (RIBEIRO- COSTA; ROCHA, 2002). 6. CONSERVAÇÃO DE MATERIAL BIOLÓGICO A fixação ou preparação é o processo que permite que um determinado material zoológico seja guardado, sem estragar, conservando ao máximo as características necessárias para seu estudo (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002). Basicamente, os processos de fixação são destinados para dois fins: 1. o científico, em que os materiais são guardados em museus ou instituições de pesquisas zoológicas, com a devida identificação do animal, contendo a sigla do museu (acrônimo) e o número de registro. 2. o didático, em que os materiais são destinados a aulas para manuseio. Os animais também contêm identificação com o número correspondente ao registro, com informações sobre o animal. Temos, na Figura 16, um dos maiores museus de ictiologia do Brasil, situado na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná. Para maior conhecimento sobre coletas de parasitos em peixes, recomendamos a leitura de “Coleta de parasitos em peixes de cultivo”, disponível em https://www.embrapa.br/busca-de- publicacoes/-/publicacao/935222/coleta-de-parasitos-em- peixes-de-cultivo. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/935222/coleta-de-parasitos-em-peixes-de-cultivo https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/935222/coleta-de-parasitos-em-peixes-de-cultivo https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/935222/coleta-de-parasitos-em-peixes-de-cultivo 79WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 16 – Museu de Ictiologia, na UEM-PR. Fonte: Sambio (2013). Existem dois métodos de fixação: via seca (taxadermia) e via úmida. Na via seca, ou taxadermia, ocorre o dessecamento do animal, retirando-se as vísceras e preenchendo o corpo com palha, arame, madeira etc. A taxadermia é popularmente chamada “empalhamento” (RIBEIRO-COSTA; ROCHA, 2002). Na via úmida, utilizam-se líquidos fixadores e conservadores. O principal fixador é o formol, um composto líquido claro, tóxico quando ingerido, inalado ou quando entra em contato com a pele. O formol utilizado no método úmido de fixação deve ser diluído a 10%, ou seja, compõe-se de nove partes de água e uma de formol (aldeído fórmico). Figura 17 - Conservação em formol de animais para estudos zoológicos. Fonte: Fogaça (2021). https://www.preparaenem.com/quimica/metanal.htm 80WWW.UNINGA.BR ZO OL OG IA E P AR AS IT OL OG IA A NI M AL | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, aprendemos os principais agentes patológicos de doenças, principalmente em pecuária e piscicultura. Saber classificar em bactérias, protozoários, helmintos será um grande passo para tomada de decisão para o controle e manejo nas produções. É de grande valia nesse momento entendermos que, por ora, a ciência não possui controles químicos e físicos para todos os parasitas existentes. Por isso, muitos métodos ainda são generalistas e alguns ainda sem controle por fármacos. Portanto, conhecer, identificar, controlar e evitar os processos que aumentam o parasitismo é de extrema importância para tentar evitar quadros graves e perdas na nutrição e bem-estar animais. 81WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ACADEMIA. Comparativo entre os principais grupos de artrópodes. 2021. 1 imagem. Disponível em: https://www.academia.edu/7843145/Tabela_Comparativa_dos_Principais_ Grupos_de_Artr%C3%B3podes. Acesso em: 5 ago. 2021. ANTONINI, C. Proliferação de carrapatos pode comprometer rebanho. In: O Norte de Minas. 2019. 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