AULA 1 A supervisão pedagógica

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01/08/2022 17:03 A supervisão pedagógica
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A supervisão pedagógica
Prof.ª Rachel Bon�m
Descrição
A história e os principais procedimentos e práticas relativas à supervisão pedagógica.
Propósito
Compreender a dinâmica da supervisão pedagógica no ambiente escolar, reconhecendo sua história e suas
transformações, é fundamental para o pedagogo.
Objetivos
Módulo 1
Uma breve história da supervisão pedagógica
Reconhecer a história da supervisão pedagógica escolar.
Módulo 2
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Supervisão escolar: exercício de uma pesquisa
pedagógica
Identificar os objetos de estudo em supervisão pedagógica escolar.
Módulo 3
Desa�os contemporâneos da supervisão pedagógica
Analisar a atual visão sobre o supervisor pedagógico escolar.
Neste conteúdo, compreenderemos vários aspectos importantes para iniciarmos um estágio
acadêmico em nosso desenvolvimento como supervisores escolares, visando a obter uma formação
democrática e reflexiva, principalmente nos tempos atuais, em que vivemos uma transformação
jamais imaginada na educação mundial.
Para tanto, conheceremos a história do estágio no Brasil, os objetos de estudo do supervisor escolar
e como são a formação e a atuação do supervisor escolar, apontando os vários caminhos da relação
sistêmica entre a teoria e a prática.
Introdução
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1 - Uma breve história da supervisão
pedagógica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a história da
supervisão pedagógica escolar.
O que é supervisão pedagógica?
Trata-se de uma função histórica da escola desde a constituição das primeiras escolas brasileiras com os
jesuítas e, em seguida, com os modelos de aulas régias.
Pintura de Albert Anker, A escola da vila, de 1848, ilustra uma sala de aula habitual do século XIX.
Quando houve a institucionalização dos espaços escolares no Brasil no século XIX, a necessidade de um
corpo administrativo com funções específicas – principalmente, a de manter a disciplina – transformou a
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função dos profissionais que atuam fora da escola como um corpo garantidor. Com isso, eles passaram a
ser um conjunto de inspetores que hierarquicamente responde a um supervisor.
Essa histórica supervisão é temida e tem uma função atrelada à cobrança de forma intensa: pelos alunos,
por causa de seu viés fortemente disciplinador (em um passado não muito distante poderia envolver
inclusive castigos físicos); e pelos docentes, pela exigência de que todos os conteúdos sejam ministrados.
Será que esse supervisor ainda existe? Ou desapareceu da escola?
Resposta: ele continua no organograma escolar. Mas será que, no estágio curricular, o aluno pode
acompanhar e entender esse processo?
Vamos pensar sobre isso, observando os novos papéis que promovem a aquisição de competências
profissionais e desenvolvem habilidades, hábitos e atitudes.
Uma breve história da supervisão
pedagógica
Vamos em busca da história do supervisor, ainda que já houvesse responsáveis pelas regras. Existe um
exemplo de ouro que foge aos documentos oficiais.
Na obra O ateneu, de Raul Pompeia, o ambiente educacional brasileiro é mencionado. O livro descreve as
três funções da escola: diretor, professor e inspetor. O inspetor era uma figura que, apesar de poder ser
carismática ou terrível, se aproximava bastante de um “policial” escolar.
Primeira edição original de O ateneu (1888).
Saiba mais
O romance O ateneu faz parte da literatura do século XIX no Brasil. Publicado na forma de folhetins, recurso
típico daquele momento, ele revela a entrada de Sérgio, que também é o narrador da história, em um
internato onde convive com diversas naturezas humanas. A obra é centrada em certo determinismo,
movimento científico da época, no qual o ambiente podia determinar a forma do ser.
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Usar a literatura fornece materialidade, saindo de um campo sem paredes para uma situação que nos
parece real. A literatura é cheia de exemplos dessas figuras escolares e de seus papéis, como a escola de
padres de Dom Casmurro, de Machado de Assis.
A escola como um mecanismo próprio e com funções diversas só aparece com as reformas do Estado dos
anos 1930.
Reformas do Estado dos anos 1930
Chegada de Getúlio Vargas ao poder com a chamada Revolução de 1930, período marcante no reformismo
do Estado brasileiro.
Dom Casmurro
Bentinho, personagem principal de Machado de Assis, tem um dos seus principais cenários o Seminário,
com forte ambiente escolar e com referência aos padres que faziam e eram duros no papel de supervisores.
Getúlio Vargas com outros líderes da chamada Revolução de 1930, em Itararé, São Paulo, logo após a destituição do então 13º presidente do
Brasil e último presidente da chamada República Velha: Washington Luís.
Naquele momento, a chegada de intelectuais e os movimentos em prol de uma nova educação levaram à
criação de uma estrutura. A figura do supervisor, por exemplo, é regulamentada em 1931. Sua função não
seria mais a de observar os alunos, e sim a de coordenar funções, tomar o cumprimento dos professores,
definir questões disciplinares, receber e concretizar decisões governamentais sobre a educação e garantir
sua implementação na escola.
As escolas criam um setor específico. A figura da supervisora - no feminino - ganha
novos contornos em nosso imaginário. A supervisão escolar passa a ter seu foco
central na garantia do cumprimento com uma figura temida, marcada pela dureza e
a liderança.
Com a criação do Ministério da Educação e a formação de uma nova turma de pedagogos brasileiros, a
educação passou a ser tratada de forma mais profissional e assumiu o desafio de consolidar suas formas e
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métricas.
Gustavo Capanema, ministro da Educação de 1934 até 1945.
Durante a liderança de Capanema (ministro da Educação e do Desporto durante a maior parte do Governo
Vargas), o investimento, a abertura de escolas, o pensar em ambientes alternativos e quem poderia manter
esse foco constituíram itens fundamentais.
Vamos entender como esse processo afetou o supervisor.
Falamos que originalmente a supervisão teria um papel de “garantir a execução de” naquele momento da
história. É como se esses sujeitos fossem verdadeiros garantidores da disciplina e da ordem. A ideia de que
a escola é um local de controle – ainda muito defendida – constitui a imagem histórica do supervisor.
Veja, por exemplo, a imagem construída por Nelson Rodrigues em Os sete gatinhos, obra na qual demonstra
como a ameaça se constitui na temível supervisão escolar, uma inimiga a ser vencida e enganada.
Saiba mais
A peça Os sete gatinhos foi escrita para o teatro em 1958 e adaptada para o cinema pelo diretor Neville
d’Almeida, em 1980, com grande sucesso.
Esse estereótipo não é uma particularidade do Brasil. Veja o supervisor de Marty McFly em De volta para o
futuro ou a supervisão e a disciplina em Perfume de mulher.
Entre a equipe de diretores e a ação da supervisão, se vê pouca ação de cunho pedagógico e muito de
disciplina.
Cena do filme De volta para o futuro, de 1985.
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De volta para o futuro
É um filme muito valorizado na cultura cinematográfica Pop em que o personagem principal tem como um
dos cenários mais recorrentes a escola e a - relação com o supervisor escolar. Original – Back to de Future
– 1985 – Direção Robert Zemeckis.
Perfume de mulherFilme de 1992 que trata de um jovem envolvido em um grave problema disciplinar na escolar, e que conhece
em um trabalho de fim de semana um Coronel Frank Slade, que no fim o defende de um processo liderado
pelo Supervisor e que tinha aspirações a direção.
Saviani (1993) discute a função de supervisor escolar:
[...] quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel
predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência
técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições [...].
(SAVIANI, 1993, p. 26)
Qual é o recado?
Precisamos superar a tradição da prática meramente instrumental da função do supervisor escolar e
superar as velhas formas, ainda que elas sejam tradicionais.
Falamos que originalmente a supervisão teria um papel de “garantir a execução de”
naquele momento da história. É como se esses sujeitos fossem verdadeiros
garantidores da disciplina e da ordem. A ideia de que a escola é um local de
controle – ainda muito defendida – constitui a imagem histórica do supervisor.
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No entanto, esse caráter protagonista não é assumido de imediato. A nossa organização surge finalmente
em 1961, mas é seguida de nova virada nacionalista e pouco afeita à democracia. Note, por exemplo, que
isso não foi diferente nos Estados Unidos com a ascensão do partido Republicano no fim da Guerra Fria e
em plena desmontagem do Estado de bem-estar social. O papel da educação como um bem para uns e
controlado com a força das funções de supervisão era constantemente reforçado.
Vamos dar continuidade a essa história?
Pois, no final da década de 1950 e início da década de 1960, em virtude do
acordo firmado entre Brasil e Estado Unidos da América para implantação do
Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE),
o supervisor escolar tem estritamente a função de controlar e inspecionar [...].
O PABAEE tinha por objetivo “treinar” os educadores brasileiros a fim de que
estes garantissem a execução de uma proposta pedagógica voltada para a
educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. Alguns estados
brasileiros, como Minas Gerais, Goiás e São Paulo, foram os principais
“executores” do programa, porém essa tendência influenciou a educação e a
função do supervisor escolar em todo o país.
(ANJOS, 2018, p. 47-48)
Nesse período, a educação brasileira fundamentou-se basicamente no PABAEE. O material elaborado pelos
profissionais que trabalhavam no programa eram fonte para a especialização e o aprimoramento dos
docentes da época. É preciso entender que essa função extrapolava a própria sala de aula e invadia outros
espaços extraescolares.
Início do ano letivo no Colégio Pedro II, 1957.
O que víamos eram os supervisores desempenhando um papel apenas de multiplicadores de regras,
inspecionando a execução das ideias impostas pelo PABAEE; assim, o programa passou a atingir um
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número maior de professores e alunos. Segundo Paiva (2017), concluiu-se com o resultado do programa
que nosso foco deve ser o trabalho com pessoas que formam docentes, e não com professores regentes.
Entretanto, percebemos que as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (primeiramente, a LDB nº
4.024/1961) passam a prever setores especializados para coordenar as atividades pedagógicas nas
escolas como forma de buscar a execução das políticas educacionais desejadas pelos sistemas de ensino.
Com isso, queríamos desde então superar o tradicional, o técnico e o instrumental.
Reiterando essa atuação tradicional, Medina (2015) resgata o texto da Lei Federal nº 5.692, de 11 de agosto
de 1971, em seu capítulo V, artigo 33, que reforça a responsabilidade do supervisor em relação à prática
pedagógica exercida na escola:
Institucionaliza a supervisão, ao referir-se à “formação de administradores, planejadores,
orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas em educação”. A supervisão passa a
introduzir modelos e técnicas pedagógicas atualizadas (para a época); o supervisor, contudo, não
perde o vínculo com o poder administrativo das escolas. Agora o seu papel é o de assegurar o
sucesso no exercício das atividades docentes por parte de seus colegas, professores, regentes de
classe.
(MEDINA, 2015, p. 40)
Vamos analisar as informações anteriores. Repare que, em 1971, a orientação para o supervisor era: fazer a
ponte entre seu vínculo administrativo e a implementação de modelos, assim como assegurar o sucesso no
exercício das atividades docentes.
Mas como era feito isso? Cobrando os clássicos “O conteúdo foi dado?”, “Como está o desempenho dos
alunos?” ou “Trouxe uma nova possibilidade pedagógica, vamos implementar”? Essas são imagens de um
sujeito que articula forças, inspetores e professores que trabalham para garantir a eficiência do processo.
A disciplina é uma função que atravessa todo o ambiente escolar para
além da parte técnica. Trata-se do currículo oculto em essência.
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Sala de aula de escola no Rio de Janeiro, fevereiro de 1970.
Se o aluno não aprendesse a se disciplinar, ele nada levaria da escola. Isso também se aplica ao professor:
quanto mais disciplinado para cumprir o demandado, mais eficiente ele é. Tal visão é uma herança.
Considere que o modelo de 1971 só foi efetivamente alterado na LDB de 1996. Quantos alunos, professores
e orientadores, portanto, foram formados dessa forma?
A supervisão pedagógica tinha a atribuição de coordenar os espaços principais de promoção de ensino-
aprendizagem. Mas o supervisor era escolar ou pedagógico?

Supervisor pedagógico
Quando o profissional de Pedagogia está focado em suas atribuições de cuidar das dinâmicas pedagógicas
independentemente do ambiente, adotamos o termo “supervisor pedagógico”.

Supervisor escolar
Quando o profissional de Pedagogia está na escola. Por conta desse diálogo histórico, ainda que sua função
principal seja a de articulação pedagógica, adotamos o nome de supervisor escolar.
Atenção!
O supervisor deve legalmente possuir um poder instituído que determina suas ações frente ao corpo
docente e à proposta pedagógica da escola. A partir de então, ele é reconhecido como profissional da
educação, passando a ter suas atribuições definidas pelos órgãos superiores.
Identificamos que, no final da década de 1980, inicia-se um movimento aberto de repensar o
desenvolvimento da educação como um todo. Alguns profissionais, insatisfeitos com a educação
disseminada nas escolas brasileiras e os currículos de formação, percebendo que eles eram um
aglomerado de disciplinas isoladas e fora do contexto, passaram a refletir, a discutir e a buscar alternativas
criativas e democráticas para uma nova proposta sobre a função social da escola, o papel do educador e os
resultados que essas práticas pedagógicas levam para os educandos.
Supervisão em uma perspectiva
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contemporânea
A realidade vivenciada pelos professores – provocada pela distância que a escola impôs entre a vida real
dos educandos e o objetivo da educação – passa a incomodar e a promover a problematização e a reflexão
da verdadeira identidade dos supervisores escolares.
Paulo Freire é o patrono da educação brasileira.
Para tanto, temos vários pensadores. Entre eles, destaca-se Paulo Freire (1992), cujas teorias vão ao
encontro dessa realidade e assumem um papel importante quando provocam uma reflexão e uma
mobilização na direção de uma mudança na perspectiva tradicional e propedêutica de ensinar.
Ele propõe que a esperança, a tolerância, o formar-se para poder formar, o respeito aos saberes dos
educandos, a busca de respostase de conhecimentos, o saber-se inacabado, a escuta e o diálogo são
princípios que desestabilizam a prática pedagógica de muitos educadores, fazendo-os buscar novos rumos
e novos caminhos, além de impulsionar os profissionais da educação a repensar suas práticas, suas
identidades e seus saberes.
A LDB de 1996 preconiza uma escola democrática como pressuposto, nesse sentido, desde a liderança dos
processos pedagógicos, como aqueles que atuam na orientação, assim como de todas as novas
colaborações que tiveram como base a necessidade de solucionar problemas, alinhar soluções e buscar as
melhores experiências de ensino-aprendizagem possíveis.
Com esse novo alinhamento, o supervisor escolar passa a ter de refletir sobre sua função: o que fazer?
Como fazer? Por que fazer? Para quem fazer?
Com isso, a função passa a ter uma dimensão política e educativa. O supervisor assume um protagonismo
e é ativo na história de forma reflexiva. Por formação e ação individual daqueles que exercem a função, ele
busca atuar como agente educador.
Percebemos que essas mudanças de posturas e de paradigmas demandavam
outras atribuições, fazendo com que os professores passassem a buscar no
supervisor escolar uma ação renovada, integradora, e de apoio, assim como uma
formação e orientação, a fim de qualificar sua prática pedagógica.
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Trata-se, em suma, daquele profissional que reflete ao longo da ação e após sua conclusão. Em outras
palavras, o supervisor não é necessariamente quem mais lê, e sim o que mais vivência e pensa acerca dos
debates, ainda que sempre busque soluções práticas para suas demandas cotidianas. A escola em uma
nova perspectiva é seu campo de constante pesquisa.
Nesse sentido, concordamos e apoiamos a evolução na atuação do supervisor escolar, caracterizando seu
trabalho como o de um pesquisador da escola, isto é, alguém que se interessa pelas forças diversas. Essa
nova dimensão coloca-o como professor de seus professores, alguém que provoca, desafia, incita e
questiona, fazendo-os pensar e refletir sobre uma ação durante e após as atividades executadas.
Em pesquisa realizada com supervisoras, Medina (2015, p. 88) destaca o que os profissionais apontam
como “ação supervisora tradicional”, fazendo ainda um paralelo com a “ação supervisora renovada”:
Ter como objetivo a harmonia e a homogenização do grupo;
Buscar sempre a igualdade a fim de mascarar a realidade;
Trabalhar a partir do próprio desejo;
Produzir modelos de conhecimento;
Enfatizar procedimentos linearizados;
Ser um facilitador;
Ter o conhecimento como um dado absoluto;
Possuir comportamento de neutralidade;
Trabalhar tendo em vista um tipo ideal de homem.
Tradicional 
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Explicitar as contradições e trabalhar os conflitos do grupo;
Trabalhar o respeito às diferenças;
Trabalhar a partir das demandas da comunidade escolar;
Criar formas próprias de saber;
Enfatizar a produção do professor no interior da escola em um movimento de ensinar e aprender;
Ser um problematizador;
Ter o conhecimento como um dado relativo;
Possuir comportamento expresso com clareza;
Trabalhar tendo em vista o sentido da vida humana.
De acordo com a autora, os dados levantados não apontam um modelo, e sim o resultado de uma pesquisa
sobre a realidade vivida por um grupo de supervisoras. Essa pesquisa revela a necessidade de um repensar
da prática supervisora que já começa a ocorrer.
O supervisor pedagógico escolar faz parte do corpo de professores e tem a especificidade do seu trabalho
caracterizado tanto pela coordenação – organização em comum – das atividades didáticas e curriculares
quanto pela promoção e pelo estímulo de oportunidades coletivas de estudo.
Quem pode ser supervisor pedagógico
escolar?
Falamos um pouco da história. Mas como isso funciona hoje em dia?
O campo da Pedagogia passa por transformações grandes com a mudança dos paradigmas atuais da
educação. Inicialmente, houve o embate entre a formação do professor de educação infantil e do primeiro
segmento da educação básica oriundo da Escola Normal e os demais profissionais da Pedagogia, cuja
formação superior separaria o pedagogo do professor.
Renovada 
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Escola Normal
Trata-se da nomenclatura da formação de professores. As escolas normais foram criadas como ensino
profissional médio com o propósito de formar docentes para atuar no segmento.
Darcy Ribeiro foi um antropólogo, político e escritor brasileiro.
A forte crítica a esse modelo feita por Darcy Ribeiro causou um processo de pareceres e mudanças que se
iniciou em 1996 e ganhou nova forma dez anos depois com a publicação de outra diretriz nacional dos
cursos de Pedagogia: a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006.
Com essa resolução, chega ao fim um conjunto de movimentos que provoca um novo olhar ao pedagogo.
A primeira crítica – a ideia de o professor de primeiro segmento ter uma formação de nível médio x demais
docentes, que tinham formação superior - tenta ser resolvida com a construção de cursos “pós-médios” ou
com a transformação de cursos normais em superiores. Em seguida, a profissionalização do profissional de
Pedagogia acarreta a criação de habilitações. Lembramos que as habilitações foram definidas por um
parecer de 1969 (Parecer CFE 252/1969) com foco na divisão do trabalho da escola, embora elas já
estivessem sendo organizadas e atualizadas.
Assim, até antes da nova DCN, tínhamos o curso de Pedagogia dividido em habilitações: educação infantil e
séries iniciais (eram séries). Aliás, houve uma enorme confusão entre os anos de 1996 e 1999, chegando a
ser proibido que o pedagogo pudesse atuar como professor da educação básica. As habilitações mais
recorrentes eram: gestão educacional; supervisão e orientação; e, no fim do processo, educação
profissional.
Por fim, os debates dos acadêmicos venceram a crítica histórica da escola fatiada. A formação do
pedagogo, em 2006, passou a ser entendida como plena (ou simplesmente Pedagogia). Com uma
identidade bem definida e um papel fundamental na educação, ele deve entender o funcionamento da
escola como um todo.
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Mas então surgem as corriqueiras perguntas:
Quem pode atuar pro�ssionalmente como supervisor
pedagógico?
Graduados em Pedagogia. Afinal, trata-se de uma atividade essencialmente político-
pedagógica em consequência das necessidades e das demandas sociais que interferem nos
modelos de escola que se deseja. Ela impulsiona os profissionais em supervisão escolar para
um repensar de sua prática, dos seus saberes e da própria identidade.
Muitas vezes, o meu curso não constava em concursos públicos
para o cargo de supervisão pedagógica. O que eu faço?
Até 2006, quando é regulamentado o exercício da profissão de supervisor, essas exigências
não eram claras. Os concursos ainda remetem a esse período; no entanto, para quem tem
diploma de datação posterior, isso não costuma ser um problema.
Já vi em vários lugares a exigência de uma pós-graduação para
exercer a função. Ela é realmente necessária?
Como as redes têm autonomia, a secretaria de um estado pode exigir, por critérios internos, a
formação em pós-graduação. No entanto, isso não é obrigatório, e sim específico.
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A supervisão de estágio em perspectiva
contemporânea
Entendendo os debates sobre supervisão fica uma questão: quando chegamos na escola para o estágio
quem pode nos ajudar a vivenciar esses novos papeis? Para compreender os desafios do estagiário no
cotidianoda supervisão escolar e quem deve direcioná-lo a professora Nathália Serenado entrevista o
professor Rodrigo Rainha.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
O que é supervisão pedagógica?
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A supervisão em uma perspectiva contemporânea
Todos


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Módulo 1 - Video
A supervisão de estágio em perspectiva contemporânea
Módulo 2 - Video
A relação entre a teoria e a prática da supervisão de estágio
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
Leia o trecho e, em seguida, marque a alternativa que corresponde ao papel do supervisor pedagógico:
“Compete à supervisão escolar influir para que todos os funcionários da escola se comprometam com o
atendimento das reais necessidades dos alunos.”
Fonte: Proposta Curricular de Santa Catarina, 1991, p.72.
A
Motivar os demais profissionais, em especial por ser o detentor do saber pedagógico e
demonstrar os limites para o aprender das crianças e dos adolescentes.
B
Coordenar o projeto político-pedagógico, maximizando a participação de toda a
comunidade escolar como agente da equipe gestora.
C
Ao fazer o diagnóstico para o rojeto político-pedagógico, escrutinar os dados qualitativos
que permitam a todos dominar os saberes demandados por pais e alunos.
D
Explicitar aos demais profissionais que as diversidades no contexto escolar implicam que
alguns estudantes têm melhores condições para a aprendizagem.
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E Organizar a diretriz política da escola e lutar pelo direito dos alunos.
Parabéns! A alternativa D está correta.
As funções são vitais, mas, fora a opção correta, todas as demais são complexas e devem ter a
manifestação de grande número de entes, e não somente os supervisores. Note que muitas
funções apresentam fragilidades, como o foco no limite e na atuação política, assim como o
domínio de saberes, aproximando a supervisão de um defensor de direitos - algo importante, mas
que não pode funcionar de forma isolada.
Questão 2
Analise as intenções que se seguem, considerando aquelas que integram a discriminação das funções do
supervisor escolar ao longo do tempo:
I. Compromisso com uma escola cidadã e democrática é algo que emerge da LDB 1996.
II. Permanência do aluno na escola com sucesso, evitando excessos e garantindo a disciplina, é algo típico
das diretrizes de 1971 para o supervisor.
III. Diálogo entre a equipe pedagógica e a gestão para uma efetiva construção de uma escola plural e crítica
dialoga com o exercício da dimensão política da função de supervisor educacional na atualidade.
IV. Alfabetização do aluno no 1º ano do ensino fundamental é um exemplo de averiguação que cabe ao
supervisor pedagógico desde a elaboração da função.
V. Em 1931, quando foi criada a função, existia um foco na garantia do aprender do aluno, ainda que ligado
à transmissão do professor, e não às concepções mais contemporâneas.
Assinale a alternativa correta.
A Somente III e IV estão corretas.
B Somente I e II estão corretas.
C Somente I e III estão corretas.
D Somente I e V são verdadeiras.
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2 - Supervisão escolar: exercício de uma
pesquisa pedagógica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os objetos de estudo
em supervisão pedagógica escolar.
E Somente a III é correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
É importante não transformar a função de supervisão como um “faz tudo” na escola: sua métrica
fundamental está relacionada ao que é central ao longo do tempo, na sua variação de uma função
de controle para a atual de liderança.

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Objetos de estudo em supervisão
Neste módulo, vamos ter uma ideia mais técnica sobre as linhas de objeto de estudo e formação em
supervisão pedagógica escolar. O exercício de qualquer profissional é prático, no sentido de que se trata de
aprender algo ou ação. A profissão do supervisor escolar também é prática.
Trouxemos para nossa reflexão a justificação do deputado federal Cezar Schirmer para a aprovação do
projeto de lei nº 4.412, de 2001 (anexo A), a LDB 9.394/1996: fazer a escola ser reconhecida como
instituição que precisa se ajustar à realidade a fim de cumprir seu papel social. Contudo, inúmeras
dificuldades limitam as renovações em termos de ação educativa.
Concordamos com o projeto de lei, já que, para reverter essa situação, precisamos revisar e redefinir os
papéis dos profissionais envolvidos, visando às novas demandas da sociedade.
Dessa maneira, a educação torna-se um instrumento de desenvolvimento para a construção da própria
cidadania. O pressuposto dessa concepção é que a educação está em constante mudança, principalmente
no mundo atual em que vivemos, isto é, pós-pandemia de covid-19.
Dando continuidade a essa justificação, Schirmer coloca que, além de estabelecer as responsabilidades dos
sistemas de ensino e dos docentes, é importante reconhecer o âmbito de atuação dos profissionais em
educação - entre eles, o do supervisor escolar.
O deputado propôs a regulamentação do exercício da profissão de supervisor escolar, tornando-se parte da
legislação com a publicação do projeto de lei nº 4.412, de 2001, do qual destacaremos o seguinte trecho:
Art. 2º – O supervisor educacional tem como objetivo de trabalho articular crítica e
construtivamente o processo educacional, motivando a discussão coletiva a fim de garantir o
ingresso, a permanência e o sucesso dos alunos por meio de currículos que atendam às reais
necessidades da clientela escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais federal, estadual
e municipal em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições públicas ou
privadas.
(PROJETO de LEI nº 4.412, 2001)
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Coordenar e executar a proposta pedagógica curricular
Profissional responsável pela coordenação e pela articulação do processo de construção
coletiva e execução da proposta pedagógica, dos planos de estudo e dos regimentos
escolares.
Planejar e avaliar a implementação do currículo na comunidade
escolar
Profissional encarregado de investigar, diagnosticar, planejar, implementar e avaliar o
currículo escolar em integração com outros profissionais da educação e demais integrantes
da comunidade.
Promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional
Profissional que promove atividades de estudo e pesquisa na área educacional, estimulando
o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da educação.
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O texto anteriormente citado coloca o supervisor escolar como profissional protagonista ao lado do docente
na qualidade da educação escolar e na responsabilidade pela articulação do processo educacional, ou seja,
alguém que possibilita o atendimento das necessidades dos alunos, além de seu ingresso e de sua
permanência e continuidade na escola.
No projeto de lei nº 283/2000, o supervisor educacional tem várias atribuições. Elas remetem a uma prática
mais democrática, mais reflexiva e dimensionada para além da inspeção e da supervisão, colocando o
supervisor como alguém que coordena um trabalho coletivo, sendo um líder que viabiliza o planejamento, a
formação continuada e a investigação acerca da prática pedagógica.
Não podemos deixar que a prática desprovida de baseteórica e o emprego de
técnicas sem a devida reflexão reforcem a ilusão de que exista uma prática sem
Propiciar, planejar e coordenar atividades de educação
continuada
Profissional responsável por propiciar condições para a formação permanente dos
educadores em serviço por meio do planejamento e da coordenação de atividades de
atualização no campo educacional.
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teoria ou de uma teoria desvinculada da prática.
As linhas de pesquisa daquele que se pretende supervisor pedagógico são a base do seu exercício
profissional. A escola deve ser compreendida como um campo de produção de saber constante e ele, como
um condutor entre o produzido, as demandas e a busca de hipóteses para solução. Sua função de ação
precisa ser constantemente mediada pela de pesquisar.
Durante a sua prática, o supervisor tem de conviver com os professores formados na reflexão, com os que
já ouviram falar dela e com aqueles conformados com os problemas, ou seja, que acham que tudo isso é
menos importante. Portanto, cabe a esse profissional não só refletir, discutir e analisar os impactos, mas
também pensar atividades e possíveis soluções.
Quando uma nova proposta de direcionamento de currículo (ou uma base) é coletivamente construída,
muda-se também a maneira de lidar com o conhecimento. Afinal. a Base Nacional Curricular Comum
(BNCC) é baseada em preceitos de habilidades e competências para a educação.
Explicitar as competências passa ser um exercício cotidiano, forte e desafiador no qual o processo de
implementar e manter a base curricular deve ser entendido como um exercício constante de reflexão e
pesquisa por parte do supervisor.
Vamos falar dos pressupostos dessa pesquisa que compõem aquilo que deve ser investigado:
Não é só o PPP, mas também qualquer ação. Por que isso é um objeto? Ter uma ideia a partir do que
viu na TV no dia anterior é um caminho inadequado. O adequado inclui estudar quais são as
demandas, as dores e as alegrias dos alunos, verificando o que está no entorno e precisa ser
debatido. Trata-se, enfim, de organizar, pesquisar e disponibilizar informações.
Coordenar projetos pedagógicos 
Promover atividades de pesquisa 
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Escola é um espaço de pesquisa sobre educação. Estudos de caso, diálogo com universidades, troca
com estagiários, debates, participação em congressos e publicação de textos são necessários: o
professor ser visto como um intelectual é algo importante.
Para o professor, a famosa formação continuada, às vezes, parece que caiu do céu. Ela, porém, tem
de ser investigada. Novas demandas, fragilidades docentes, mudanças de carreira e perspectivas
financeiras precisam ser discutidas e pensadas.
O que há de novo? O que tem sido debatido, tentado e testado em termos pedagógicos e de
tecnologia educacional. O supervisor precisa estar imerso na BNCC, permanecendo atento aos
apontamentos contidos nela a respeito da tecnologia educacional.
Um desafio é a relação discente-docente-pais. Cabe ao coordenador estar atento à sua equipe,
perceber como pode ajudar e até buscar ajuda. Casos famosos de salvamento de crianças do abuso
ou da violência doméstica foram detectados por estudos e trocas. Sem a organização de dados e
uma construção de relações e investigações sobre o assunto, o supervisor perde a capacidade de
intervir.
Quando a escola vai receber um aluno com necessidades educacionais especiais, é preciso haver
articulação e determinar quais são as métricas, as regras e as formas. Isso deve ser objeto de
debate e investigação.
Planejar atividades de atualização 
Fomentar ferramentas pedagógicas 
Identificar intervenções de ensino e aprendizagem 
Suscitar a inclusão por meio de ações pedagógicas 
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Percebemos que as leis estabelecem os parâmetros e as regras gerais, embora a ação cotidiana se dê a
partir das atitudes, das relações, do convívio e da diversidade, não bastando haver a regulamentação ou
uma lista de atribuições para que o trabalho seja efetivo ou tenha um resultado positivo.
Nesse sentido, podemos refletir sobre a atuação do educador necessária ao supervisor que deseje romper
com o paradigma tradicional:
Não podemos reduzir a atividade do profissional supervisor escolar apenas ao preenchimento de
fichas de observações, diagramas e fluxogramas, ou planos de aulas entregues pelos docentes, e
também somente às correções dos diários escolares dos docentes. Precisamos estabelecer uma
nova concepção de supervisor-educador, que, ao comprometer-se com a democratização da
escola, opõe-se às características restritivas da supervisão tradicional, propondo que se supere: a
neutralidade pelo posicionamento crítico; o controle pelo comprometimento; as relações
hierárquicas pela responsabilidade partilhada; o individualismo pela solidariedade; a separação do
fazer e do pensar pela reflexão coletiva; a ajuda pela problematização; a receita pela criação.
(FREITAS, 2011, p. 203-204)
Sob essa perspectiva, Alonso (2003) também compreende que a ressignificação do trabalho do supervisor
escolar reside no modo como a relação anteriormente citada se estabelece. Dessa maneira, é no espaço de
proximidade, colaboração e respeito mútuo que o professor é assistido e orientado para enfrentar os
desafios do cotidiano escolar.
Por isso, precisamos que a teia de relações tecidas por professores e especialistas em educação - e com
todos os envolvidos no processo pedagógico da escola - constitua uma efetiva ação do supervisor escolar,
não sendo possível uma receita ou um método a ser seguido, e sim atitudes e comportamentos necessários
àquele que tem como objetivo a qualificação do trabalho docente.
A atuação do supervisor escolar pode ser ampliada para além das instituições de
ensino desde que haja a necessidade de organizar espaços de formação.
O projeto de lei nº 4412/2001 apenas propõe a regulamentação da profissão do supervisor escolar ou
supervisor educacional e sugere de forma ampla suas atribuições, ficando a cargo dos sistemas de ensino o
detalhamento de suas funções conforme suas necessidades e peculiaridades.
Precisamos saber que o voto da relatora, a deputada Kelly Moraes, ao afirmar que a Comissão de Educação,
Cultura e Desporto não apresenta emendas e concorda com a proposta em sua íntegra, incorpora três
dimensões às atribuições do profissional de supervisão educacional:
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O interior da escola
Inclui a atuação com professores e alunos.
A comunidade escolar
Envolve as famílias dos alunos.
O sistema educacional
Integra outros setores da comunidade.
Essas dimensões reafirmam a abrangência da ação supervisora, que passa a se responsabilizar por um
conjunto de ações que não se restringe à prática pedagógica. Um equívoco na construção de uma escola é
imaginar que tudo se resume a docentes e alunos.
Uma escola deve ser inteiramente direcionada ao processo de formação. Por isso, ela precisa de agentes
centrais que cumpram esse papel, possibilitando, de forma viva, o cumprimento deste verbo: ação.
O termo e o foco são esse. Afinal, todos, em uma escola, se movimentam pelo e para o aluno. Ele é a razão
de ser de uma escola, sendo sua essência e sua força. Um grande time de professores precisa se tornar um
coletivo e saber aonde estão indo e qual ação é necessária.
Sem o processo de consolidação de uma ação pedagógica, não existe escola. O docente não faz o trabalho
pedagógico: ele dialoga com o trabalho pedagógico. Sua ação, portanto, dialoga com uma ação pedagógica
definida, orquestrada e viva em busca do pleno desenvolvimento dos saberes, das habilidades, das atitudese dos valores de cada aluno.
Devemos nos lembrar de que a própria ação pedagógica transcende a simples transmissão de
conhecimento, pois ela envolve pessoas, valores, saberes, culturas, concepções e experiências diversas
daqueles que as realizam.
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Mas aí surge a questão: de quantas vivências e de quantas experiências estamos tratando? De quantos
valores enumerados, sentidos processados? A supervisão escolar lidera os processos relacionados à
coordenação, à orientação, à inspetoria, aos docentes e aos alunos no sentido de consolidar e fortalecer
uma direção.
Será que, na teoria, a prática é outra?
Nesse ponto, depois de conhecer tantos autores, você pode pensar: falar é fácil! Sim, você está certo. Dizer
que a supervisão pedagógica escolar, após 1996, tornou-se democrática e vinculada à transformação do
ambiente escolar é um equívoco.
Observe diversos trabalhos sobre o campo: você verá supervisores caracterizados por meio de esteriótipos,
como, por exemplo, “fiscais”, “bruxas”, “um terror” ou até mesmo com frases depreciativas, como “Era até
legal, mas não sei nem o que fazia”, “Não serve para nada” e “Isso é para dar trabalho ao pedagogo”.
Palavras duras - e muito equivocadas. A supervisão é uma função histórica na escola. Existe algo que ela
sempre fez: pensar como pode melhorar as condições de aprendizado do aluno.
Influenciados pelo tempo, supervisores já cobraram – e cobram – professores. Eles conversam com
inúmeros pais sobre como enfrentar problemas que eles não querem ver e lidam com a indisciplina não só
de alunos, mas também de professores.
Afinal, não raramente, diante das orientações pedagógicas, as reações de alguns professores são, por
exemplo, as seguintes: “Eu sei o que estou fazendo”, “São muitos anos de sala de aula”, “Não sabe resolver
uma equação” e “Não faz a classificação correta de uma oração”.
Vamos sair da escola para explicar isso de forma mais satisfatória. Você já assistiu a uma corrida com
canoas a remo em que há um tambozeiro? Fique com esta imagem:
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Imagine que você esteja em uma canoa a remo na qual todos são capazes de remar bem. Algumas vezes,
aproxima-se uma tempestade, e é hora de acelerar; outras vezes, a maré está baixa e há pedras no fundo,
sendo melhor levantar ou guardar os remos.
Na proa das canoas, fica o tambozeiro, incentivando os remadores. Algumas pessoas podem pensar: “Quero
ver remar!”. Outras podem imaginar que tocar o tambor é mais fácil, mas é ele quem, de alguma maneira,
precisa ajudar a equipe, ditando o ritmo.
O supervisor é o sujeito que bate esse tambor.
O supervisor tem vivido desafios, como, por exemplo, os itinerários formativos, que precisam: trabalhar
habilidades e competências; explicitar o que representam os códigos; valorizar a formação docente e
detectar as necessidades de formação continuada; dialogar com as secretarias; ajudar e ser liderança na
implementação do PPP da escola.
Itinerários formativos
Segundo o novo ensino médio, as escolas devem ofertar até cinco itinerários formativos, o que permite aos
estudantes escolher em qual área do conhecimento eles querem se aprofundar ao longo desse período
escolar. O objetivo é prepará-los da melhor forma para que consigam entrar no mercado de trabalho.
A supervisão escolar é uma formação que busca contribuir com seus pares, enquanto a universidade
constitui, por excelência, o espaço formativo da docência. Uma vez que não é simples formar para o
exercício da docência de qualidade, a pesquisa e a reflexão são os caminhos para responsabilizar-se por
uma educação democrática e de qualidade.
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Percebemos que são inúmeras as questões que abrangem a ação do supervisor escolar nos espaços
institucionais de educação. Trata-se de demandas que acabam por constantemente exigir a superação de
desafios por parte desse profissional.
Elaborando uma pesquisa
Como se faz uma pesquisa? Perguntamos a muitas pessoas? A quais?
A pesquisa deve ter um caráter científico investigativo. Desse modo, tudo começa com a detecção de um
problema.
O problema não configura uma crise. Trata-se, na verdade, de tentar entender determinado processo, erro e
padrão, assim como a repetição de um comportamento ou de uma fragilidade.
Uma vez detectado o problema, é necessária uma revisão bibliográfica sobre o que tem sido produzido pela
questão e como paralelos têm sido tratados e observados. Definido isso, reforçam-se a coleta de dados, a
construção de informações e o comparativo dos dados, além da devida organização e do mergulho de sua
análise. Com essa observação, uma hipótese será elaborada.
Pela natureza da função, a implementação é prática; então, se ela é de alto impacto, precisa ter modelos,
elaboração de projeto, função definida, modelos de apreensão dos resultados e correção de rumos. Definida
a implementação, seu processo precisa ser igualmente acompanhado e contar com a ação ativa.
Por fim, verificam-se sucessos e fragilidades, expondo-os à comunidade para gerar novas ações. É
importante, por isso, trazer os debates da área de gestão de projetos. Como ocorre aqui, a mediação entre a
teoria e a prática é uma constante nessa área.
A relação entre a teoria e a prática da
supervisão de estágio

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Nesta entrevista, responderemos às seguintes perguntas:
O campo de estudo de supervisão de estágio, como qualquer área de pesquisa, possui objetos de estudo.
Quais são eles?
Como esses objetos de estudo se relacionam com o dia a dia do supervisor de estágio?
É comum falarmos a respeito das diferenças entre a teoria e prática. Como se dá essa relação no campo de
supervisão de estágio?
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Objetos de estudo em supervisão
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Será que, na teoria, a prática é outra?
Todos
Módulo 1 - Video

 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
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A supervisão de estágio em perspectiva contemporânea
Módulo 2 - Video
A relação entre a teoria e a prática da supervisão de estágio
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Podemos afirmar que a supervisão pedagógica escolar seja um campo de constante investigação em uma
escola. Não como alguém que caça uma irregularidade, e sim para buscar novas formas, pesquisando para
o bem e a melhoria constante dos hábitos educativos.
Nesse sentido, pode ser considerada uma ação positiva da supervisão:
A
o desenvolvimento e a recepção de estagiários da educação básica, percebendo a teoria e
a prática como parte de sua formação e, nessa figura, um meio de reforçar isso.
B o atendimento exclusivo aos alunos considerados problemáticos na escola.
C
a investigação sobre o desenvolvimento da aprendizagem do aluno com a emissão de
laudo e o encaminhamento para os profissionais adequados.
D a adequação e o enquadramento do aluno ao sistema educacional vigente.
E
o atendimento aos professores com orientações sobre os alunos com problemas de
aprendizagem.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A formação de um aluno imerso na equipe pedagógica, algo típico do estágio (e que não é nosso
objeto), gera a possibilidade de reforçar o cunho investigativo da supervisão e de seu ofício de
associar os conhecimentos teóricos experimentadose suas aplicações no cotidiano,
permanecendo atento e registrando os processos.
Questão 2
Ao realizar uma abordagem do papel da supervisão educacional e sua relação com os professores, é
necessário considerar formações, desafios, escolhas e diálogos com a comunidade como um todo.
Nesse sentido, cabe, no plano da supervisão educacional, direcionar para:
A
que suas vozes sejam ouvidas pela gestão escolar, garantindo a representação dos
professores.
B dialogar com a resistência docente, impondo as regras.
C mediar conflitos entre alunos e fazer o atendimento diário como forma de suporte.
D
realizar e acompanhar o corpo de avaliação institucional, produzindo a implementação de
seus resultados.
E
estabelecer o diálogo na busca de soluções entre as demandas institucionais de políticas
públicas, auxiliando os professores na busca de soluções.
Parabéns! A alternativa E está correta.
De maneira simples, poderíamos falar da importância da supervisão na chegada de qualquer
agente educacional na escola, seja uma pessoa, uma nova legislação ou uma demanda
educacional desafiadora. Desse modo, tal agente não impõe regras nem se concentra em
conflitos pontuais e diários. Ele, na verdade, avalia e estuda, mas não é o responsável por uma
análise institucional: seu papel é auxiliar na resolução de problemas, inclusive de demandas
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3 - Desa�os contemporâneos da supervisão
pedagógica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a atual visão sobre o
supervisor pedagógico escolar.
Formação do supervisor pedagógico:
caminhos
A formação do supervisor pedagógico precisa ressignificar suas ações, passando pela transformação da
sua práxis, a qual, aliás, deve ter a intenção de orientar no aprofundamento desse conceito, pois ele
expressa seus caminhos e seus descaminhos.
educacionais. De modo constante, teoria e prática são apoiadas pelo supervisor, fazendo um
processo de constante de reflexão.

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Para Paulo Freire, destaca Freitas (2011), a ação pedagógica, em qualquer instância, apresenta três
dimensões: epistemológica, política e estética. Essas dimensões estão presentes em todas as práticas
educativas, mesmo que inconscientemente, muitas vezes, nem percebamos tais caminhos e descaminhos
em nossa jornada pedagógica.
Ao educar, ensinar, a prática está baseada em uma ou mais teorias. O trabalho, por sua vez, é voltado para a
manutenção do sistema ou por sua transformação, enquanto os sentimentos estão envolvidos nessa ação,
sejam eles positivos ou negativos. Percebemos que se desvela, assim, a complexidade da ação educativa.
Seja tal relação entre professor e aluno ou entre supervisor escolar e professor, sempre que houver sujeitos
envolvidos em processos de ensino e aprendizagem, essas dimensões estarão presentes.
Vamos analisar a seguir essas dimensões, segundo Freitas (2011), apontadas por Freire.
Observamos a perspectiva interacionista da educação em que o professor e o aluno são sujeitos no
ato de aprender, assim como protagonistas no palco da sala de aula. Ambos ocupam os dois papéis,
o que fica claro a partir desta afirmação: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina
ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 25).
Com base nessa afirmação, alunos, professores e supervisores ocupam o lugar de ensinantes e
aprendentes; portanto, a todos esses sujeitos, a condição de inacabamento é inata.
A dimensão epistemológica naturalmente se fundamenta na curiosidade epistemológica que, para
Freire (1996), é uma necessidade ontológica do ser humano, característica que possibilita a busca
Dimensão epistemológica 
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constante de saberes que remetem à criação e recriação de sua própria identidade. O autor afirma
ainda que essa curiosidade, ao ir além dos “limites que lhe são peculiares do domínio vital, torna-se
fundante da produção do conhecimento” (FREIRE, 1996, p.61).
Entretanto, vemos a importância da curiosidade epistemológica, e que a intencionalidade, a atitude
de incitar a busca de estimular ao aprender, deve fazer parte do nosso presente, na prática educativa
em todas as instâncias. Prática séria e comprometida precisa embasar-se em teorias, concepções,
justificar-se com rigor.
De acordo com Freitas (2011, p. 77), a dimensão política “diz respeito ao exercício da opção, inerente
à prática educativa, que, não sendo neutra, assume um posicionamento político-ideológico a serviço
do qual coloca suas dimensões epistemológica e estética”.
Nesse sentido, a prática pedagógica nunca é neutra, pois, mesmo que se diga neutra, está a serviço
de uma ideia, de uma concepção de sociedade, de uma política, de valores e de mundo. Quando
falamos em educação progressista, está implícita a necessidade de um posicionamento político: não
uma política partidária, e sim de uma política que tenha como utopia um tipo desejado de sociedade
ou a manutenção da sociedade desigual na qual vivemos.
Não há educação progressista sem esperança, e esse sentimento é indispensável à prática
educativa pautada na possibilidade de transformação. Freire (1996, p. 161-162), coloca que essa
educação progressista é: “aquela que se opõe ao caráter desesperançoso, fatalista, antiutópico, de
uma tal ideologia em que se forja uma educação friamente técnica e se requer um educador exímio
na tarefa de acomodação ao mundo e não na de sua transformação”.
A escola, a educação, a sociedade desejada dependem de uma conscientização, de um despertar
para a possibilidade, da manutenção da esperança, da utopia, sem os quais não realizaremos nossos
sonhos de transformação. O trabalho nessa perspectiva da esperança, portanto, “é uma maneira de
contribuir para superar a acomodação e o conformismo” (FREITAS, 2011, p. 81), princípio
indispensável à prática transformadora.
Dimensão política 
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Referindo-se à dimensão estética da prática educativa, Freitas (2011, p. 125) cita oportunamente
Freire em relação ao ato de conhecer impregnado de subjetividade: “O que eu sei, sei com meu corpo
inteiro: com minha mente crítica, mas também com meus sentimentos, com minhas intuições, com
minhas emoções”.
Na dimensão estética, transcende o saber técnico, as teorias, as posições políticas, ela atinge a
subjetividade, envolve o amor, o prazer, a esperança, a tolerância, a humildade, o respeito, o carinho,
sem as quais não se concretiza a construção do conhecimento de forma plena. O vínculo afetivo, o
comprometimento existente entre os sujeitos que ensinam e aprendem, é o que possibilita a
aprendizagem (FREIRE, 1996).
Conclui-se, assim, que a ação do supervisor escolar abrange uma complexidade de princípios, valores,
atitudes, hábitos e comportamento, sendo construída basicamente na relação que ele estabelece com os
professores coletiva e individualmente.
No contexto das relações interpessoais do supervisor com os professores, para Lemus (1975 apud ANJOS,
2018), deve-se sentir a supervisão pedagógica na amabilidade e na agradabilidade daquele que se preocupa
com causas e situações, prestando ajuda moral, científica e profissional ao professor.
Essa ideia aproxima-se da dimensão estética da educação, reforçando a importância da relação que se
estabelece entre o supervisor escolar e o professor. As dimensões apontadas anteriormente remetem a
uma ação repensada, a qual, para Anjos (2018, p. 25), precisa “apresentar razoável equilíbrio entre essas
duas dimensões [tarefas e relações humanas], conforme exigência das circunstâncias”.
Atuação do supervisor pedagógico
(conceitual/teórico)
Dimensão estética 
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Percebemos historicamente que o trabalho do supervisor pedagógico era o de fiscalizar e vigiar os docentes
e os discentes. Outro agravante se devia ao fato de tal profissão ser exercida, na maioria das vezes, pelo
sexo feminino. Por causa das discriminações sexistas, quase não se via homens no curso de Pedagogia.
Os raros profissionais homens que estavam nas escolas ocupavam cargos de supervisor escolar ou eram
inspetores com regras a serem executadas. Esse profissional muitas vezes não tinha nem uma formação
pedagógica ou acadêmica.
Essa ressignificação na formação e no desenvolvimento do trabalho do supervisor escolar que vem
ocorrendo com o passar do tempo, porém, aponta uma mudança de paradigma:
[...] uma vez que a supervisão perde o seu caráter normativo, prescritivo, para
tornar-se uma ação crítico-reflexiva junto ao professor. O papel do supervisor
ganha novas dimensões, passando de controlador e direcionador para
estimulador e sustentador do trabalho docente.
(ALONSO, 2003, p. 178)
Isso passou a ocorrer principalmente no período pós-pandemia de covid-19. Mudando nossas funções,
modificamos nossas ações e nossa forma de interagir, de criar condições de trabalho, Tivemos de mudar,
afinal, a própria forma de perceber a relação a ser estabelecida com os professores e os alunos.
Com o objetivo de efetivar uma nova prática supervisora na qual, além de criar condições para que ocorra a
ação-reflexão-ação dos professores, sejam revistas as concepções que embasam as práticas pedagógicas,
Alonso (2013, p. 179-180) nos propõe algo que completaremos com as seguintes proposições afeitas ao
período pós-pandemia:
Estimular a pesquisa e o trabalho coletivo entre educadores
O trabalho coletivo entre professores, visando a novos caminhos e alternativas para os processos de
ensino-aprendizagem no contexto pós-pandêmico, sejam eles remotos, presenciais ou híbridos, tem de
ser estimulado pelas lideranças;
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Estimular o aprofundamento teórico sobre temas atuais e promover encontros com especialistas das
respectivas áreas, principalmente após a pandemia de covid-19;
Sempre observar com empatia e cordialidade as dificuldades dos professores para, assim, oportunizar a
discussão do assunto, porque só assim será possível solucioná-lo efetivamente.
Possibilitar novas experiências para toda comunidade escolar
Criar espaços democráticos é indispensável para a realização de novas experiências escolares e
extraescolares com a socialização delas com o grupo. Tais experiências só podem ocorrer por
intermédio da criação de espaços democráticos.
Desenvolver laços com a comunidade estudantil local e conhecer profundamente suas necessidades
psicossociais e econômicas, além de dominar a legislação a fim de beneficiar-se dela;
Viabilizar intercâmbios entre professores dos vários sistemas de ensino para compartilhar
conhecimentos e experiências.
Fica caracterizada a necessidade da mudança de paradigma, tendo em vista as novas demandas da
atualidade. Na crise da covid-19, por exemplo, trabalhando de casa, tivemos de nos adaptar a uma nova
realidade.
Precisamos (re)aprender a ministrar aulas, a fazer reuniões on-line, a nos adaptar ao ensino remoto e híbrido
e a mexer nas plataformas digitais. A visão de supervisão, assim, deve estar norteada pelos objetivos para
os quais esse profissional foi instituído no Brasil, no início do século XXI, mesmo que ela responda a
demandas atuais.
Tornando-se um líder
Se você estudou em uma pequena escola (em especial, uma privada), deve estar pensando: eu acho que
nunca vi um supervisor. Ao menos havia o inspetor, responsável por acompanhar a entrada, e o diretor, que
chefiava.
No caso de ter estudado em uma grande escola, provavelmente você se lembra de um setor, o serviço de
orientação educacional (SOE), que tinha pedagogos e um supervisor. Eles eram conhecidos por chamar os
pais e responsáveis para conversar sobre o desempenho e/ou o comportamento dos alunos.
Certamente você se lembra também da sala dos professores, onde todos os educadores da instituição se
reuniam. Nessa sala, quando um profissional de supervisão escolar chegava e chamava um colega para
uma conversa, muitos tremiam. O objetivo é justamente superar essa perspectiva equivocada acerca da
supervisão.
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A supervisão é uma função viva: seu papel é assegurar um conjunto de práticas e
ações que permitam a fomentação de um ambiente pedagógico saudável.
Afinal, se a escola tem um problema de rixa de violência entre os alunos, a supervisão entra, buscando
mediar soluções. Se os professores têm de passar por processos de novos aprendizados, por exemplo, na
implementação da BNCC, é fundamental que o supervisor atue nesse suporte, liderando o processo e
trazendo referências.
Acompanhe agora um relato sobre a supervisão escolar na prática.
A professora de matemática de uma escola pública era muito respeitada, amada mesmo. Marli,
afinal, lecionava nessa escola há quase 20 anos no 2º segmento do ensino fundamental e estava em
vias de se aposentar: faltavam mais dois anos somente. Veio então a novidade: na reunião de
abertura do ano, a supervisora disse que eles deveriam implementar a BNCC.
Constrangida, a professora Marli ficou tensa. Ela não sabia nem o que significava BNCC. Marli ouviu
uns professores falando, mas achou que não era para ela. Desesperada com a novidade, no fim
pediu ajuda.
A supervisora entendeu que ela teve coragem de falar, mas quantos não têm? Desse modo, ela
resolveu começar do zero: montou um grupo de mensagens com informações rápidas da BNCC e
criou uma pasta virtual para cada professor com as competências e as habilidades previstas
daquele ano.
A supervisora explicou que essa forma de mapear as habilidades adquiridas, saindo de uma métrica
de “passou ou não passou na prova”, acaba por mapear e apontar com mais eficácia o que pode ser
melhorado. E, ao lado da professora Marli, viram o primeiro exemplo:
Conhecimento – sistema de numeração decimal: características, leitura, escrita e comparação de
números naturais e de números racionais representados na forma decimal.
Marli disse que aquilo ela sabia explicar bem, frisando que não seria um problema. Mesmo assim, a
supervisora provocou:
– Mas para que precisam saber disso? Por que você dá essa aula?
A professora, com os olhos brilhando, respondeu:
– É uma forma de ler o mundo, de mostrar nossa capacidade como humanos de representar e
controlar o que vemos.
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E a supervisora fechou:
– Viu? Você não ensinou por tantos anos apenas esses conteúdos. Na verdade, orientou o aluno
para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias no uso dessa linguagem.
Rindo, a supervisora apontou para as habilidades EF06MA02 – reconhecer o sistema de numeração
decimal. Marli logo entendeu. Após ter estudado a BNCC, percebeu que a supervisão não está lá para
ser uma “cobradora”, como ela tinha aprendido ao longo de uma vida toda. Afinal, os tempos mudam,
e algumas coisas sempre mudam para melhor.
Os caminhos para a supervisão de estágio
Neste vídeo, a professora Rachel vai responder às seguintes perguntas:
A supervisão de estágio é o caminho que muitos pedagogos e docentes buscam para suas carreiras. Qual é
a formação que o profissional precisa ter para alcançar essa posição?
Se você pudesse dar alguma dica para quem deseja seguir esse futuro, qual seria?
Minha última pergunta diz respeito ao perfil de liderança que o supervisor de estágio precisa ter: você acha
que essa é uma característica que pode ser aprendida, desenvolvida, ou é inata aoprofissional?
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Formação do supervisor pedagógico: caminhos

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Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Atuação do supervisor pedagógico
Todos
Módulo 1 - Video
A supervisão de estágio em perspectiva contemporânea
Módulo 2 - Video
A relação entre a teoria e a prática da supervisão de estágio
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
O campo de trabalho de um supervisor pedagógico escolar abrange atualmente a participação e a liderança
em processos. Nesse sentido, ele rompeu com a estrutura do cargo tradicional, ainda presente na
organização de muitas escolas, para assumir, independentemente de um cargo, a função de orientação em
múltiplas dimensões. Sobre a dimensão pedagógica e a liderança exercida pelo supervisor, podemos
afirmar que:
A
a dinâmica da equipe pedagógica passa pela necessidade de lideranças identificadas
com a função de supervisão pedagógica escolar, participando com planejamentos,
adaptações, hábitos e desafios pedagógicos.
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B
a troca e o atendimento de alunos ofertam ao aluno o campo de prática de forma
estruturada.
C
a pesquisa científica é seu exercício de mera observação para que possa ser aplicada em
suas pesquisas, que devem ser públicas, enquanto a função se aproxima de representante
institucional.
D
o campo de gestão pedagógica, assim como o acompanhamento da coordenação
pedagógica, é típico do pedagogo e de sua saída da sala de aula, sendo, por isso, vital.
E
as disputas políticas entre a gestão e a equipe pedagógica servem para o aluno perceber
o que o espera no mundo real.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A supervisão é o campo em que a teoria e a prática são postas em contato no ambiente escolar.
Lá, a teoria é inserida nos espaços de imprevisibilidade, adaptação, recriação e fundamentação;
dessa forma, o campo é como um ambiente em que o aluno pesquisa e transforma os debates
sobre o campo. Por isso, ele é vital para o planejamento. Seu papel não faz relação direta com o
atendimento ao aluno nem é algo só teórico. Seu olhar não está na equipe gestora, e sim na
pedagógica.
Questão 2
Os desafios contemporâneos da supervisão pressupõem como função de uma supervisão pedagógica
observar as dimensões diversas que envolvem seu cotidiano. Em qual das dimensões dispostas a seguir o
supervisor reflete sobre sua atuação, deixando de ser neutro para desafiar e questionar a prática educativa?
Lembre-se de que essa atuação está alinhada a uma educação progressista, a qual, aliás, visa à
transformação da sociedade e de suas desigualdades.
A Dimensão formativa.
B Dimensão estética.
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Considerações �nais
A supervisão pedagógica é uma função ainda viva e importante na escola. Ela tem uma relação direta com o
passado educacional brasileiro, apesar de só ter sido regulamentada na segunda metade do século XX.
A função mudou e amadureceu com a escola, tendo sido marcada pela força de supervisoras ao controle e
às normas. Com isso, ela passou a ser peça fundamental da escola democrática, prevista, aliás, tanto pela
Constituição quanto pela LDB.
Quando a formação do pedagogo foi reestruturada, houve duas fases distintas: em uma, o supervisor se
tornou uma habilitação; na outra, o curso começou a centralizar uma formação integral, passando a ser uma
das funções possíveis de um profissional que percebe a educação como um todo no século XXI.
A supervisão teve intensos desafios com a chegada da pandemia. Suas funções de formação e o próprio
comprometimento com a formação docente passaram a gerar um caminho que, mesmo neboluso, já
constitui algo certo. Devemos salientar, porém, que, sem a atuação pedagógica desse núcleo, trilhá-lo será
impossível.
C Dimensão política.
D Dimensão epistemológica.
E Dimensão técnico-pedagógico.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A prática pedagógica está sempre vinculada a uma concepção de sociedade e de mundo. A
educação progressista envolve posicionamento político, que possui como utopia uma sociedade
específica sem desigualdades ou a manutenção da sociedade desigual em que se vive.

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Podcast
Ouça este podcast. Nele, o professor Rodrigo Rainha desenvolve um resumo sobre a supervisão
pedagógica.
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Referências
ALARCÃO, I. Do olhar supervisivo ao olhar sobre supervisão. In: Supervisão pedagógica: princípios e
práticas. 4. ed. Campinas: Papirus, 2004. p. 11-55.
ALARCÃO, I. (org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto editora,
1996.
ALONSO, M. A Supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: FERREIRA, N. C. (org).
Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2013. p. 167-182.
ANJOS, A. dos. Relação entre a função de liderança do Supervisor Escolar e a satisfação de professores:
estudo de caso na 1ª D. E. de Porto Alegre. Dissertação (Mestrado em Educação). Porto Alegre: PUCRS,
2018.
BENNIS, W. et al:. Estratégias para assumir a verdadeira liderança. São Paulo: Harbra, 2018.
BLANCHARD, K. O coração de um líder: reflexões sobre a arte de influenciar pessoas. Tradução de Maria
Emília de Oliveira. Campinas: United Press, 2019.
FERREIRA, A. B. de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1993.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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FREITAS, A. L. de S. Pedagogia da conscientização: um legado de Paulo Freire à formação de professores.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011.
FREITAS, K. S. de et al:. Liderança educacional. Gerir. v. 9. n. 33. set./out. 2013. p. 13-43.
LIBÂNEO, J. C.; PIMENTA, S. G. Formação dos profissionais da educação: visão crítica e perspectivas de
mudança. In: PIMENTA, S. G. (Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez,
2002. p. 11-58.
MEDINA, A. da S. Supervisão escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015.
PAIVA, E. V. de; PAIXÃO, L. P. O PABAEE e a supervisão escolar. In: RANGEL, M.; SILVA JUNIOR, C. A.da. Nove
olhares sobre a supervisão. 4. ed. Campinas: Papirus, 2017, p. 37-58.
POMPÉIA, R. O ateneu. Ateliê Editorial, 1999.
RANGEL, M. O estudo como prática de supervisão. In: Supervisão pedagógica: princípios e práticas. 4. ed.
Campinas: Papirus, 2015. p. 57-58.
RANGEL, M. Supervisão pedagógica: um modelo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1988.
RODRIGUES, N. Os sete gatinhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
SAVIANI, D. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 1993.
SILVA JUNIOR, C. A.da. Supervisão da educação: do autoritarismo ingênuo à vontade coletiva. São Paulo:
Loyola, 1984.
Explore +
Um clássico sobre a supervisão escolar é o livro Supervisão da prática pedagógica. Uma perspectiva de
desenvolvimento e aprendizagem, de Isabel Alarcão e José Tavares, da editora Almedina, publicado em
2003. Apesar de ser um clássico português, ele oferece um grande valor comparativo.
Sobre o Brasil, uma boa indicação é o livro Supervisão pedagógica: princípios e práticas, de Mary Rangel, da
Papirus Editora, publicado em 2005. Nele, você encontra boas discussões sobre a história e suas funções.
No livro Prática supervisionada e construção do conhecimento profissional, de Maria do Céu Roldão,Joaquim Machado e Elza Mesquita, da Fundação Manuel Leão, de 2019, Angelina Sanchez atualiza algumas
questões e traz boas provocações. Leia o texto de sua autoria, A supervisão pedagógica enquanto processo
colaborativo de formação profissional, nas páginas 147 a 163.
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Existe um debate que não pode faltar: a supervisão no contexto da pandemia da covid-19. O verdadeiro
trauma de uma geração, afinal, também muda a supervisão pedagógica. Leia o texto A relevância e os
cenários da supervisão pedagógica frente ao ensino híbrido no contexto pandêmico da covid-19 no
Tocantins, de Edineide Paslandim Neto de Carvalho, Philipe Lira de Carvalho e Lêda Lira Costa Barbosa,
publicado na Research, society and development, v. 10, n. 12, de 1º de outubro de 2021.
Assista aos filmes Perfume de mulher (1992) e Sociedade dos poetas mortos (1989) e tente identificar o
papel dos supervisores e como eles podem ter um caráter de antagonista, de adversário. Esse
comportamento muda, por exemplo, em filmes como Mudança de hábito (1992).
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