Prévia do material em texto
Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 Para haver crime é preciso que tenha: 1. Fato típico: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade; 2. Antijurídico; 3. Culpável. Os quatro elementos do delito são: 1. Ação: vontade humana; 2. Tipicidade: caráter da ação; 3. Antijuridicidade: valoração negativa da ação; 4. Culpabilidade: comprova a existência de um vínculo entre o autor e o fato típico e antijurídico praticado. Observação: a teoria utilizada na legislação brasileira é a bipartida. Ou seja, divide-se em crimes e delitos de contravenções penais. As contravenções são os crimes anões, aquelas condutas que apresentam menor gravidade em relação ao crime e sofrem sanções mais brandas. Classificação das infrações penais 1. Doloso: indivíduo teve a intenção de praticar tal ação, sabendo e querendo o possível resultado; 2. Culposo = sem intenção. deu causa ao resultado por: imprudência, ação que não foi pensada e foi feita sem precauções, fazendo o que a lei proíbe; negligência, falta de cuidado ou desleixo; e imperícia, falta de uma habilidade específica para o desenvolvimento de uma atividade; 3. Preterdoloso = crime cujo resultado total foi mais grave que o pretendido pelo agente. 4. Crime de ação única: contém somente uma modalidade de conduta, expressa pelo verbo núcleo do tipo. Exemplo: matar; 5. Crime de ação múltipla: tipo penal possui várias modalidades de condutas, e ainda que seja praticada mais de uma, haverá somente um único crime; 6. Crime de dupla subjetividade: quando dois indivíduos são vítimas ao mesmo tempo. Observação: o crime plurissubjetivo pode ser, paralelo (quadrilha), convergente (adultério/bigamia) e divergente (rixa). Observação: o crime de perigo pode ser, concreto, precisa ser comprovado que ocorreu uma situação de risco para o bem juridicamente protegido; e abstrato, não precisa ser provado a situação de risco, pois a lei contenta-se com a simples prática da ação que pressupõe perigosa. Classificação dos crimes → Crime Comum - Pode ser cometido por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio, furto, etc. → Crime próprio - Só pode ser cometido por determinada pessoa ou categoria de pessoas, como o infanticídio, em que só a mãe pode ser autora; → Crime de mão própria (de atuação pessoa ou de conduta infungível) Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 - Só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa, como o delito de falso testemunho (art. 342). → Crime de dano - Exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua consumação. Exemplo: homicídio, furto, dano etc. → Crime e perigo - Para a consumação, basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição do bem a perigo de dano. Subdivide-se em: a) Crime de perigo concreto: quando a realização do tipo exige a existência de uma situação de efetivo perigo; b) Crime de perigo abstrato: no qual a situação de perigo é presumida, como no caso da quadrilha ou bando, em que se pune o agente mesmo que não tenha chegado a cometer nenhum crime; c) Crime de perigo individual: que é o que atinge uma pessoa ou um número determinado de pessoas; d) Crime de perigo comum ou coletivo: aquele que só se consuma se o perigo atingir um número indeterminado de pessoas, por exemplo, incêndio (art. 250); e) Crime de perigo atual: que é o que está acontecendo; f) Crime de perigo iminente: que está prestes a acontecer; g) Crime de perigo futuro ou mediato: que é o que pode advir da conduta, por exemplo, porte de arma de fogo. → Crime material - O crime só se consuma com a produção do resultado naturalístico, como a morte, para o homicídio; a subtração, para o furto; a destruição, no caso do dano; a conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso, para o estupro, etc. → Crime formal - O tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência. Assim, o resultado naturalístico, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. É o caso, por exemplo, da ameaça, em que o agente visa intimidar a vítima, mas essa intimidação é irrelevante para a consumação do crime, ou, ainda, da extorsão mediante sequestro, no qual o recebimento do resgate exigido é irrelevante para a plena realização do tipo. → Crime de mera conduta - O resultado naturalístico não é apenas irrelevante, mas impossível. É o caso do crime de desobediência ou da violação de domicílio, em que não existe absolutamente nenhum resultado que provoque modificação no mundo concreto. → Crime comissivo - É o praticado por meio de ação, por exemplo, homicídio. → Crime omissivo Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 - É o praticado por meio de uma omissão (abstenção de comportamento), por exemplo, art. 135 do CP (deixar de prestar assistência). → Crime omissivo próprio - Não existe o dever jurídico de agir, e o omitente não responde pelo resultado, mas apenas por sua conduta omissiva. → Crime omissivo impróprio ou espúrio ou comissivo por omissão - O omitente tinha o dever jurídico de evitar o resultado e, portanto, por este responderá, é o caso da mãe que descumpre o dever legal de amamentar o filho, fazendo com que ele morra de inanição. → Crime instantâneo - Consuma-se em um dado instante, sem continuidade no tempo, como, por exemplo, o homicídio. → Crime permanente - O momento consumativo se protrai no tempo, e o bem jurídico é continuamente agredido. Assim, a sua característica reside em que a cessação da situação ilícita depende apenas da vontade do agente, por exemplo, o sequestro. → Crime instantâneo de efeitos permanentes - Consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no tempo. Exemplo: homicídio. - A diferença entre o crime permanente e o instantâneo de efeitos permanentes reside em que, no primeiro há a manutenção da conduta criminosa, por vontade do próprio agente; ao passo que no segundo perduram, independentemente da sua vontade, apenas as consequências produzidas por um delito já acabado, por exemplo, o homicídio e a lesão corporal. → Crime a prazo - A consumação depende de um determinado lapso de tempo. Exemplo: apropriação de coisa achada. → Crime principal - Existe independentemente de outros. Exemplo: furto. → Crime acessório - Depende de outro crime para existir. Exemplo: lavagem de dinheiro. → Crime simples - Apresenta um tipo penal único Exemplo: homicídio, lesões corporais etc. → Crime complexo - Resulta da fusão entre dois ou mais tipos penais. Exemplo: latrocínio = roubo + homicídio. → Crime progressivo - É o que para ser cometido necessariamente viola outra norma penal menos grave. Assim, o agente, visando desde o início a produção de um resultado mais grave, pratica sucessivas e crescentes violações ao bem jurídico até atingir a meta optada. Exemplo: um sujeito, desejando matar Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 vagarosamente seu inimigo, vai lesionando-o (crime de lesões corporais) de modo cada vez mais grave até a morte. → Progressão criminosa - Inicialmente, o agente deseja produzir um resultado, mas, após consegui- lo, resolve prosseguir na violação do bem jurídico, produzindo um outro crime mais grave. Exemplo: o indivíduo quer ferir e, depois, decide matar. → Delito putativo, imaginário ou erroneamente suposto - O agente pensa que cometeu um crime, mas, na verdade, realizou um irrelevante penal. Pode ser: a) Delito putativo por erro de tipo: que é o crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto, como no caso da mulher que ingere substância abortiva, pensando estar grávida; b) Delito putativo por erro de proibição: quando o agente pensa estar cometendo algo injusto, mas pratica uma conduta perfeitamente normal. Como é o caso do boxeador que, após nocautear seu oponente, pensa ter cometido algo ilícito; → Crime falho - É o nome que se dá à tentativa perfeita ou acabada em que se esgotaa atividade executória sem que se tenha produzido o resultado. Exemplo: atirador que descarrega sua arma de fogo sem atingir a vítima ou sem conseguir matá-la, como pretendia. → Crime unissubsistente - É o que se perfaz com um único ato, como a injúria verbal. → Crime plurissubsistente - É aquele que exige mais de um ato para sua realização. Exemplo: estelionato. → Crime de dupla subjetividade passiva - É aquele que tem, necessariamente, mais de um sujeito passivo, como é o caso do crime de violação de correspondência, no qual o remetente e o destinatário são ofendidos. → Crime monoofensivo e pluriofensivo -Monoofensivo é o que atinge apenas um bem jurídico, por exemplo, no homicídio, lesa apenas a vida; e o pluriofensivo é o que ofende mais de um bem jurídico, como o latrocínio, que lesa a vida e o patrimônio. → Crime exaurido - É aquele em que o agente, mesmo após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico. → Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo - É o que exige pluralidade de sujeitos ativos. Exemplo: quadrilha. → Crime de concurso eventual ou monossubjetivo - Pode ser cometido por um ou mais agentes. Exemplo: homicídio. → Crime subsidiário Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 - É aquele cujo tipo penal tem aplicação subsidiária, isto é, só se aplica se não for o caso de crime mais grave. → Crime vago - É aquele que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como a coletividade em seu pudor. Exemplo: crime obsceno. → Crime de mera suspeita - o autor é punido pela mera suspeita despertada. → Crime multitudinário - Cometido por influência de multidão, em tumulto Exemplo: linchamento. → Crime de opinião - É o abuso da liberdade de expressão, do pensamento. Exemplo: injúria. → Crime de ação múltipla ou conteúdo variado - É aquele em que o tipo penal descreve várias modalidades de realização do crime. Exemplo: tráfico de drogas. → Crime de forma livre - É o praticado por qualquer meio de execução. Exemplo: o crime de homicídio, que pode ser cometido de diferentes maneiras, não prevendo a lei um modo específico de realizá-lo. → Crime de forma vinculada - O tipo já descreve a maneira pela qual o crime é cometido. Exemplo: o curandeirismo é um crime que só pode ser realizado de uma das maneiras previstas no tipo penal. → Crime habitual - É o composto pela reiteração de atos que revelam um estilo de vida do agente. Assim, só se consuma com a habitualidade na conduta. → Crime profissional - É o habitual, quando cometido com o intuito de lucro. → Crime de ímpeto - É o cometido em um momento de impulsividade, sem premeditação, por exemplo, homicídio praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. - Geralmente são delitos passionais. → Crime funcional - É o cometido pelo funcionário público. - Pode ser: crime funcional próprio, só pode ser praticado pelo funcionário público; crime funcional impróprio, pode ser cometido também pelo particular. → Crime a distância, de espaço máximo ou de trânsito - É aquele em que a execução do crime se dá em um país e o resultado em outro. → Crime plurilocal - É aquele em que a conduta se dá em um local e o resultado em outro, mas dentro do mesmo país. Classificação dos Crimes: Disciplina: Direito Penal 1 - Aplica-se a teoria do resultado, e o foro competente é o do local da consumação. → Delito de intenção - É aquele em que o agente quer e persegue um resultado que não necessita ser alcançado para a consumação do crime. → Delito mutilado de dois atos - É aquele em que o sujeito pratica o delito, com a finalidade de obter um benefício posterior. Exemplo: o sujeito comete uma falsidade, para com o objeto falsificado conseguir uma vantagem posterior. → Delito de tendência - A existência do crime depende de uma vontade íntima do agente. Exemplo: o que diferencia o ato libidinoso configurador do crime de estupro, de um exame ginecológico regular é o intuito libidinoso do sujeito. → Delito de fato permanente (“delicta facti permanentis”) - É o que deixa vestígios. Exemplo: lesão corporal, exige o exame de corpo de delito. → Delito de fato transeunte (“delicta facti transeuntis”) - É a infração penal que não deixa vestígios. Exemplo: os delitos cometidos verbalmente (calúnia, injúria, desacato). → Crime de ação violenta - Aquele em que o agente emprega força física ou grave ameaça. → Crime de ação astuciosa - É o praticado com emprego de astúcia ou estratagema, como o estelionato e o furto mediante fraude. → Delito de circulação - É o cometido por meio de automóvel. → Delito de atentado ou de empreendimento - Ocorre nos tipos legais que preveem a punição da tentativa com a mesma pena do crime consumado. Exemplo: votar ou tentar votar duas vezes (art. 309 do Código Eleitoral); → Crime internacional ou mundial - É o que, por tratado ou convenção, o Brasil obrigou-se a reprimir, por exemplo, tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual (art. 231, CP). → Crime remetido - Ocorre quando a sua definição se reporta a outros delitos, que passam a integrá-lo. → Crime militar - Pode ser próprio e impróprio. O primeiro é o tipificado apenas no Código Penal Militar, por exemplo, dormir em serviço. O segundo também está descrito na legislação penal comum, por exemplo, homicídio, furto, roubo, estupro.