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7 Classificação dos crimes - 2 semestre

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Classificação dos Crimes: 
Disciplina: Direito Penal 1 
 Para haver crime é preciso que tenha: 
1. Fato típico: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade; 
2. Antijurídico; 
3. Culpável. 
 Os quatro elementos do delito são: 
1. Ação: vontade humana; 
2. Tipicidade: caráter da ação; 
3. Antijuridicidade: valoração negativa da ação; 
4. Culpabilidade: comprova a existência de um vínculo entre o autor e o fato 
típico e antijurídico praticado. 
 Observação: a teoria utilizada na legislação brasileira é a bipartida. Ou 
seja, divide-se em crimes e delitos de contravenções penais. As 
contravenções são os crimes anões, aquelas condutas que apresentam menor 
gravidade em relação ao crime e sofrem sanções mais brandas. 
 Classificação das infrações penais 
1. Doloso: indivíduo teve a intenção de praticar tal ação, sabendo e querendo o 
possível resultado; 
2. Culposo = sem intenção. deu causa ao resultado por: imprudência, ação que 
não foi pensada e foi feita sem precauções, fazendo o que a lei proíbe; 
negligência, falta de cuidado ou desleixo; e imperícia, falta de uma 
habilidade específica para o desenvolvimento de uma atividade; 
3. Preterdoloso = crime cujo resultado total foi mais grave que o pretendido 
pelo agente. 
4. Crime de ação única: contém somente uma modalidade de conduta, expressa 
pelo verbo núcleo do tipo. Exemplo: matar; 
5. Crime de ação múltipla: tipo penal possui várias modalidades de condutas, 
e ainda que seja praticada mais de uma, haverá somente um único crime; 
6. Crime de dupla subjetividade: quando dois indivíduos são vítimas ao mesmo 
tempo. 
 Observação: o crime plurissubjetivo pode ser, paralelo (quadrilha), 
convergente (adultério/bigamia) e divergente (rixa). 
 Observação: o crime de perigo pode ser, concreto, precisa ser comprovado 
que ocorreu uma situação de risco para o bem juridicamente protegido; e 
abstrato, não precisa ser provado a situação de risco, pois a lei contenta-se 
com a simples prática da ação que pressupõe perigosa. 
 Classificação dos crimes 
→ Crime Comum 
- Pode ser cometido por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio, furto, etc. 
→ Crime próprio 
- Só pode ser cometido por determinada pessoa ou categoria de pessoas, 
como o infanticídio, em que só a mãe pode ser autora; 
→ Crime de mão própria (de atuação pessoa ou de conduta infungível) 
Classificação dos Crimes: 
Disciplina: Direito Penal 1 
- Só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa, como o delito de falso 
testemunho (art. 342). 
→ Crime de dano 
- Exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua consumação. 
Exemplo: homicídio, furto, dano etc. 
→ Crime e perigo 
- Para a consumação, basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição 
do bem a perigo de dano. Subdivide-se em: 
a) Crime de perigo concreto: quando a realização do tipo exige a existência 
de uma situação de efetivo perigo; 
b) Crime de perigo abstrato: no qual a situação de perigo é presumida, 
como no caso da quadrilha ou bando, em que se pune o agente mesmo 
que não tenha chegado a cometer nenhum crime; 
c) Crime de perigo individual: que é o que atinge uma pessoa ou um número 
determinado de pessoas; 
d) Crime de perigo comum ou coletivo: aquele que só se consuma se o perigo 
atingir um número indeterminado de pessoas, por exemplo, incêndio 
(art. 250); 
e) Crime de perigo atual: que é o que está acontecendo; 
f) Crime de perigo iminente: que está prestes a acontecer; 
g) Crime de perigo futuro ou mediato: que é o que pode advir da conduta, 
por exemplo, porte de arma de fogo. 
→ Crime material 
- O crime só se consuma com a produção do resultado naturalístico, como 
a morte, para o homicídio; a subtração, para o furto; a destruição, no caso 
do dano; a conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso, para o estupro, 
etc. 
→ Crime formal 
- O tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime, 
embora seja possível a sua ocorrência. Assim, o resultado naturalístico, 
embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. É o 
caso, por exemplo, da ameaça, em que o agente visa intimidar a vítima, mas 
essa intimidação é irrelevante para a consumação do crime, ou, ainda, da 
extorsão mediante sequestro, no qual o recebimento do resgate exigido é 
irrelevante para a plena realização do tipo. 
→ Crime de mera conduta 
- O resultado naturalístico não é apenas irrelevante, mas impossível. É o 
caso do crime de desobediência ou da violação de domicílio, em que não existe 
absolutamente nenhum resultado que provoque modificação no mundo 
concreto. 
→ Crime comissivo 
- É o praticado por meio de ação, por exemplo, homicídio. 
→ Crime omissivo 
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- É o praticado por meio de uma omissão (abstenção de comportamento), por 
exemplo, art. 135 do CP (deixar de prestar assistência). 
→ Crime omissivo próprio 
- Não existe o dever jurídico de agir, e o omitente não responde pelo 
resultado, mas apenas por sua conduta omissiva. 
→ Crime omissivo impróprio ou espúrio ou comissivo por omissão 
- O omitente tinha o dever jurídico de evitar o resultado e, portanto, por este 
responderá, é o caso da mãe que descumpre o dever legal de amamentar o 
filho, fazendo com que ele morra de inanição. 
→ Crime instantâneo 
- Consuma-se em um dado instante, sem continuidade no tempo, como, por 
exemplo, o homicídio. 
→ Crime permanente 
- O momento consumativo se protrai no tempo, e o bem jurídico é 
continuamente agredido. Assim, a sua característica reside em que a 
cessação da situação ilícita depende apenas da vontade do agente, por 
exemplo, o sequestro. 
→ Crime instantâneo de efeitos permanentes 
- Consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no 
tempo. Exemplo: homicídio. 
- A diferença entre o crime permanente e o instantâneo de efeitos 
permanentes reside em que, no primeiro há a manutenção da conduta 
criminosa, por vontade do próprio agente; ao passo que no segundo 
perduram, independentemente da sua vontade, apenas as consequências 
produzidas por um delito já acabado, por exemplo, o homicídio e a lesão 
corporal. 
→ Crime a prazo 
- A consumação depende de um determinado lapso de tempo. Exemplo: 
apropriação de coisa achada. 
→ Crime principal 
- Existe independentemente de outros. Exemplo: furto. 
→ Crime acessório 
- Depende de outro crime para existir. Exemplo: lavagem de dinheiro. 
→ Crime simples 
- Apresenta um tipo penal único Exemplo: homicídio, lesões corporais etc. 
→ Crime complexo 
- Resulta da fusão entre dois ou mais tipos penais. Exemplo: latrocínio = 
roubo + homicídio. 
→ Crime progressivo 
- É o que para ser cometido necessariamente viola outra norma penal menos 
grave. Assim, o agente, visando desde o início a produção de um resultado 
mais grave, pratica sucessivas e crescentes violações ao bem jurídico até 
atingir a meta optada. Exemplo: um sujeito, desejando matar 
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Disciplina: Direito Penal 1 
vagarosamente seu inimigo, vai lesionando-o (crime de lesões corporais) de 
modo cada vez mais grave até a morte. 
→ Progressão criminosa 
- Inicialmente, o agente deseja produzir um resultado, mas, após consegui-
lo, resolve prosseguir na violação do bem jurídico, produzindo um outro 
crime mais grave. Exemplo: o indivíduo quer ferir e, depois, decide matar. 
→ Delito putativo, imaginário ou erroneamente suposto 
- O agente pensa que cometeu um crime, mas, na verdade, realizou um 
irrelevante penal. Pode ser: 
a) Delito putativo por erro de tipo: que é o crime impossível pela 
impropriedade absoluta do objeto, como no caso da mulher que ingere 
substância abortiva, pensando estar grávida; 
b) Delito putativo por erro de proibição: quando o agente pensa estar 
cometendo algo injusto, mas pratica uma conduta perfeitamente normal. 
Como é o caso do boxeador que, após nocautear seu oponente, pensa ter 
cometido algo ilícito; 
→ Crime falho 
- É o nome que se dá à tentativa perfeita ou acabada em que se esgotaa 
atividade executória sem que se tenha produzido o resultado. Exemplo: 
atirador que descarrega sua arma de fogo sem atingir a vítima ou sem 
conseguir matá-la, como pretendia. 
 
→ Crime unissubsistente 
- É o que se perfaz com um único ato, como a injúria verbal. 
→ Crime plurissubsistente 
- É aquele que exige mais de um ato para sua realização. Exemplo: 
estelionato. 
→ Crime de dupla subjetividade passiva 
- É aquele que tem, necessariamente, mais de um sujeito passivo, como é o 
caso do crime de violação de correspondência, no qual o remetente e o 
destinatário são ofendidos. 
→ Crime monoofensivo e pluriofensivo 
-Monoofensivo é o que atinge apenas um bem jurídico, por exemplo, no 
homicídio, lesa apenas a vida; e o pluriofensivo é o que ofende mais de um 
bem jurídico, como o latrocínio, que lesa a vida e o patrimônio. 
→ Crime exaurido 
- É aquele em que o agente, mesmo após atingir o resultado consumativo, 
continua a agredir o bem jurídico. 
→ Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo 
- É o que exige pluralidade de sujeitos ativos. Exemplo: quadrilha. 
→ Crime de concurso eventual ou monossubjetivo 
- Pode ser cometido por um ou mais agentes. Exemplo: homicídio. 
→ Crime subsidiário 
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- É aquele cujo tipo penal tem aplicação subsidiária, isto é, só se aplica se 
não for o caso de crime mais grave. 
→ Crime vago 
- É aquele que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, 
como a coletividade em seu pudor. Exemplo: crime obsceno. 
→ Crime de mera suspeita 
- o autor é punido pela mera suspeita despertada. 
→ Crime multitudinário 
- Cometido por influência de multidão, em tumulto Exemplo: linchamento. 
→ Crime de opinião 
- É o abuso da liberdade de expressão, do pensamento. Exemplo: injúria. 
→ Crime de ação múltipla ou conteúdo variado 
- É aquele em que o tipo penal descreve várias modalidades de realização 
do crime. Exemplo: tráfico de drogas. 
→ Crime de forma livre 
- É o praticado por qualquer meio de execução. Exemplo: o crime de 
homicídio, que pode ser cometido de diferentes maneiras, não prevendo a lei 
um modo específico de realizá-lo. 
→ Crime de forma vinculada 
- O tipo já descreve a maneira pela qual o crime é cometido. Exemplo: o 
curandeirismo é um crime que só pode ser realizado de uma das maneiras 
previstas no tipo penal. 
→ Crime habitual 
- É o composto pela reiteração de atos que revelam um estilo de vida do 
agente. Assim, só se consuma com a habitualidade na conduta. 
→ Crime profissional 
- É o habitual, quando cometido com o intuito de lucro. 
→ Crime de ímpeto 
- É o cometido em um momento de impulsividade, sem premeditação, por 
exemplo, homicídio praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima. 
- Geralmente são delitos passionais. 
→ Crime funcional 
- É o cometido pelo funcionário público. 
- Pode ser: crime funcional próprio, só pode ser praticado pelo funcionário 
público; crime funcional impróprio, pode ser cometido também pelo 
particular. 
→ Crime a distância, de espaço máximo ou de trânsito 
- É aquele em que a execução do crime se dá em um país e o resultado em 
outro. 
→ Crime plurilocal 
- É aquele em que a conduta se dá em um local e o resultado em outro, mas 
dentro do mesmo país. 
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- Aplica-se a teoria do resultado, e o foro competente é o do local da 
consumação. 
→ Delito de intenção 
- É aquele em que o agente quer e persegue um resultado que não necessita 
ser alcançado para a consumação do crime. 
→ Delito mutilado de dois atos 
- É aquele em que o sujeito pratica o delito, com a finalidade de obter um 
benefício posterior. Exemplo: o sujeito comete uma falsidade, para com o 
objeto falsificado conseguir uma vantagem posterior. 
→ Delito de tendência 
- A existência do crime depende de uma vontade íntima do agente. Exemplo: 
o que diferencia o ato libidinoso configurador do crime de estupro, de um 
exame ginecológico regular é o intuito libidinoso do sujeito. 
→ Delito de fato permanente (“delicta facti permanentis”) 
- É o que deixa vestígios. Exemplo: lesão corporal, exige o exame de corpo 
de delito. 
→ Delito de fato transeunte (“delicta facti transeuntis”) 
- É a infração penal que não deixa vestígios. Exemplo: os delitos cometidos 
verbalmente (calúnia, injúria, desacato). 
→ Crime de ação violenta 
- Aquele em que o agente emprega força física ou grave ameaça. 
 
→ Crime de ação astuciosa 
- É o praticado com emprego de astúcia ou estratagema, como o estelionato 
e o furto mediante fraude. 
→ Delito de circulação 
- É o cometido por meio de automóvel. 
→ Delito de atentado ou de empreendimento 
- Ocorre nos tipos legais que preveem a punição da tentativa com a mesma 
pena do crime consumado. Exemplo: votar ou tentar votar duas vezes (art. 
309 do Código Eleitoral); 
→ Crime internacional ou mundial 
- É o que, por tratado ou convenção, o Brasil obrigou-se a reprimir, por 
exemplo, tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual 
(art. 231, CP). 
→ Crime remetido 
- Ocorre quando a sua definição se reporta a outros delitos, que passam a 
integrá-lo. 
→ Crime militar 
- Pode ser próprio e impróprio. O primeiro é o tipificado apenas no Código 
Penal Militar, por exemplo, dormir em serviço. O segundo também está 
descrito na legislação penal comum, por exemplo, homicídio, furto, roubo, 
estupro.

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