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Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 1 Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 Aspectos gerais ➢ Leucemia → doença maligna na medula óssea com crescimento desordenado de determinada linhagem celular, com perda da função original daquela célula; ➢ Corresponde a 7% dos distúrbios hematológicos e 9ª causa de CA; • Classificação: ▪ Linfoide x mieloide; ▪ Aguda (células imaturas) x crônica (células maduras, curso indolente); • Epidemiologia: ▪ Incidência anual de 5 casos/100.000; ▪ LLA é o câncer mais comum na infância (< 5 e > 50 anos); ▪ LLC = doença de idosos (> 70 anos); ▪ LMA (> 45 anos); ▪ LMC (30-50 anos); ▪ Taxa de cura de 40-80%; • Fatores de risco: ▪ Tabagismo (LMA), RT e radiação (LMA e LLA); ▪ Síndrome de Down, anemia de Fanconi, neurofibromatose, etc; ▪ Benzeno (LMC, LMA, LLA); ▪ QT, síndrome mielodisplásica, fármacos alquilantes (Clorambucil, melfalam); ▪ Infecções – bactérias e vírus (EBV, herpes, HIV); ▪ Hereditários; • Quadro clínico: ▪ Síndrome anêmica – palidez, dispneia, astenia, fraqueza, descompensação cardíaca; ▪ Infecções de graus variáveis; ▪ Plaquetopenia – epistaxe, gengivorragia, petéquias, equimoses, metrorragia; ▪ Febre, sudorese, emagrecimento, hiporexia; ▪ Dor óssea, desconforto esternal, poliartrite migratória; ▪ Sintomas de leucostase e infiltração de órgãos; • Avaliação inicial: ▪ Anamnese + exame físico; ▪ Hemograma completo + hematoscopia, bioquímica completa e sorologias (HCV, HBV, HIV, VDRL, CMV, EBV); ▪ Beta-HCG, TAP, TTPA, fibrinogênio; ▪ ECO, ECG, Rx de tórax; ▪ Exames complementares relacionados aos sintomas – TC de crânio, punção lombar, USG abdominal; • Exames de diagnóstico: ▪ Mielograma, Imunofenotipagem; ▪ Citogenética (cariótipo), biologia molecular; ▪ Biópsia de medula – se aspirado seco; ▪ HLA (pacientes, pais e irmãos), FISH, PCR, MicroRNA; Particularidades da leucemia aguda 1. Proliferação → acúmulo de blastos na medula, de modo a impedir que haja proliferação de outras células; ▪ Pancitopenia; ▪ Dor óssea; Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 2 ▪ Febre → pensar em infecção; 2. Leucemização → blastos no sangue periférico; ▪ Leucocitose às custas de blastos; ▪ Leucostase – sangue viscoso que pode causar sintomas sistêmicos, como dispneia, hipóxia; 3. Infiltração → acometimento de órgãos; ▪ Hepatoesplenomegalia; ▪ Pele, hiperplasia gengival; ▪ SNC, órbita, linfonodo, testículo; Leucemia mieloide aguda • Epidemiologia: ▪ Mais comum em homens e brancos > 45 anos, sendo que a incidência aumenta com a idade, com começo mediano aos 65 anos; ▪ 10 a 15% das leucemias em crianças; ▪ As alterações citogenéticas e a reposta ao tratamento inicial têm grande influência no prognóstico; ▪ Resposta com a idade < 60 anos (30%) e > 60 anos (10%); • Quadro clínico: ➢ Geral → Astenia (anemia normo-normo), febre (leucopenia), petéquias/equimoses (plaquetopenia), leucostase e infiltração; ▪ M2 → cloroma – infiltração da órbita, causando protusão ocular; ▪ M3 → CIVD – consumo de fatores de coagulação (cariótipo t(15;17)); ▪ M4/ M5 → hiperplasia gengival; • Diagnóstico → ≥ 20% de blastos mieloides; ▪ Morfologia → bastonetes de Auer – patognomônico, mas nem sempre presente; ▪ Imunofenotipagem → CD-13, CD-14, CD-33, CD-34; ▪ Citogenética → t (8,21); t (15,17); inv (16); • Tratamento: 1. Específico: ▪ Quimioterapia (esquema 7 + 3) – Aracitin, daunoblastina e idarrubicina; ▪ Ácido transretinoico (ATRA) no subtipo M3 – evita CIVD; 2. Suporte (serve para todos os tipos de leucemia): a) Concentrado de hemácias: ▪ Hb ≥ 6-7 g/dl; ▪ Hb ≥ 8-9 g/dl em cardiopatas e em idosos; ▪ Exceto na hemólise crônica; b) Concentrado de plaquetas (1U/10 kg): ▪ Plaquetas < 10.000/mm3 → sempre; ▪ Plaquetas < 20.000/mm3 → febre/infecção; ▪ Plaquetas < 50.000/mm3 → sangramento; Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 3 c) Neutropenia febril: ▪ Infecção não se torna visível porque não há reação imunológica do organismo pela ausência de neutrófilos. Logo, ao apresentar febre, um neutropênicos está infectado; ▪ Neutrófilos < 500/mm3 e febre ≥ 38,3ºC; ▪ Conduta hospitalar → hemocultura + ATB: ✓ Cefepime, Piperacilina-tazobactam – cobrir pseudomonas; ✓ Vancomicina – associar para cobrir G (+) se infecção de cateter, acometimento cutâneo e instabilidade; ✓ Anfoterecina B, caspofungina – associar se não houver melhora em 4-7 dias; ▪ Domiciliar – baixo risco (Clavulin + Ciprofloxacino); d) Outros: ▪ Suporte nutricional, psicológico e equipe multiprofissional; 3. Síndrome de lise tumoral (serve para todos os tipos de leucemia): ▪ A lise da célula tumoral libera potássio, fosfato, ácido úrico (metabolização das purinas); ▪ HIPERcalemia, HIPERfosfatemia e HIPERuricemia + HIPOcalcemia e disfunção renal; ✓ O fosfato atua como quelante do cálcio, de modo a formar cristais, assim como o ácido úrico. Isso, por sua vez, se acumula nos rins, causando disfunção renal; ▪ Prevenção: ✓ Hidratação vigorosa → “lavar” os cristais nos túbulos renais; ✓ Agentes hipouricemiantes → Alopurinol, rasburicase; OBS – Fatores prognósticos: idade, número de leucócitos no exame inicial , alteração genética da célula leucêmica; Leucemia linfoide aguda • Epidemiologia: ▪ Neoplasia mais comum da infância – 30% dos canceres infantis; ▪ Meninos 1,2:1 meninas, com incidência máxima entre os 5 anos (75%) e antes dos 6 anos. Outro pico > 50 anos; ▪ 85% LLA-B e 15% LLA-T; • Quadro clínico: ➢ Geral → anemia, neutropenia, plaquetopenia; ▪ Dor óssea, síndrome meníngea, febre, hepatoesplenomegalia; ▪ Infiltração de SNC e testículo; ▪ Linfadenopatia; • Diagnóstico → ≥ 20% de blastos linfoides – geralmente leucócitos > 200.000; ▪ Linhagem B → CD-10, CD-19 e CD-20; ▪ Linhagem T → CD-3 e CD-7/ t (12,21) e hiperploidia (melhor prognóstico) / t (9,22) – Philadelphia (pior prognóstico); OBS – Mandatório fazer punção lombar; • Tratamento: ▪ Mesmo padrão da LMA; ▪ QT por 2 anos (remissão 80-90%), RT; ▪ Profilaxia SNC – quimioterapia intratecal*; ▪ Cura: criança (80%) e adulto (20-30%); Particularidades da leucemia crônica 1. Proliferação de células maduras → não permanecem muito tempo na medula (pancitopenia não é comum); 2. Leucemização → leucocitose (com ou sem desvio à esquerda) e leucostase; 3. Infiltração → baço, fígado, linfonodo; Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 4 Leucemia mieloide crônica • Características: ▪ Distúrbio clonal de uma célula pluripotente, representando 15% das leucemias; ▪ Incidência média aos 55 anos, sendo insidioso e em 50% um achado incidental; ▪ Translocação (9,22) → cromossomo Philadelphia. Isso gera genes híbridos (BCR, ABL) que codificam uma proteína, a tirosina quinase, a qual ordena o amadurecimento e a multiplicação da linhagem mieloide; • Quadro clínico: ▪ Esplenomegalia de grande monta; ▪ Hipermetabolismo (anorexia, sudorese noturna, perda de peso); ▪ Síndrome de leucostase (distúrbios visuais, insuficiência respiratória e alterações neurológicas); ▪ Não há infecção; • Laboratório – leucocitose > 50.000 (geralmente): ▪ Neutrofilia com desvio à esquerda (desvio não escalonado); ▪ Basofilia e eosinofilia; ▪ Trombocitose e anemia normo-normo; ▪ Ácido úrico aumentado; ▪ Fosfatase leucocitária baixa – enzima ativada quando os neutrófilos são recrutados para “trabalhar”. No caso da leucemia, eles estão aumentados pelo processo cancerígeno; OBS – Leucemia x reação leucemoides (qualquer leucocitose intensa, que lembre leucemia; ex: hepatopatia crônica, pancreatite crônica, grandes queimados); • Diagnóstico: ▪ Pesquisa do gene BCR-ABL/ cromossomo Philadelphia t(9:22) no sangue periférico ou mielograma (mais invasivo); • Tratamento: ▪ Imatinibe (Gleevec®) – inibidor da tirosina quinase; ▪ Hidroxiureia e Citarabina;▪ Transplante de medula óssea; OBS – Todos os pacientes devem receber o tratamento, pois pode ocorrer crise blástica devido ao acúmulo de alterações citogenéticas; Leucemia linfocítica crônica • Características: ▪ Mais presente em idosos, sendo comum no ocidente e rara no extremo oriente; ▪ Predomínio no sexo masculino (2:1), indolentes (2-10 anos); ▪ Há alguma sobreposição com os linfomas indolentes; ▪ LLC de células B – pico entre 60-80 anos, etiologia desconhecida, mas com risco predisposição genética; • Quadro clínico: ▪ Linfadenopatia; ▪ Linfocitose; ▪ Hipogamaglobulinemia; Leucemias agudas e crônicas Acd. Paulo Roberto T30 5 ▪ Anemia e plaquetopenia pouco frequentes; ▪ Pode haver hemólise autoimune; • Diagnóstico: ▪ Linfocitose > 5.000 persistente + CD-5 (citometria) no sangue periférico; ▪ Mielograma – substituição de granulócitos por linfócitos maduros de tamanho menor; ▪ Imunofenotipagem – células B (CD-19) em sangue periférico; • Estadiamento: • Tratamento: ▪ Curas são raras, preferindo tratamentos conservadores com objetivo de controlar os sintomas, e não de normalizar o hemograma; ▪ Muitos não requerem tratamento, indicando-se quando organomegalias incomodativas, complicações autoimunes e supressão da medula óssea pela infiltração linfoide; ▪ QT – Rituximabe (anti-CD20) + quimioterápicos, como fludarabina, ciclofosfamida, Clorambucil; ▪ Corticoterapia; Acd. Paulo Roberto T30 Aspectos gerais Particularidades da leucemia aguda Leucemia mieloide aguda Leucemia linfoide aguda Particularidades da leucemia crônica Leucemia mieloide crônica Leucemia linfocítica crônica
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