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CINPAR-145

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Cinpar 2010 - www.cinpar2010.com.ar - cinpar2010@scdt.frc.utn.edu.ar 
 
TEMA 01 
 
Avaliação das manifestações patológicas da estrutura do 
Estádio Presidente Vargas em Fortaleza - CE 
Alexandre Araújo Bertini, Dr.1,a, Aldo de Almeida Oliveira, Msc2,b e José 
Ramalho Torres, Msc3,c 
1,2Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, Bl. 710, Fortaleza - Ceará – Brasil 
CEP 60455-760 
3Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial – NUTEC, Campus do Pici, Fortaleza - Ceará – 
Brasil – CEP 60451-970 
abertini@ufc.br, baldo@ufc.br, cjramalho@secrel.com.br 
Palavras-chave: estrutura, patologia, ensaios, estádio 
 
Resumo. 
O Estádio Presidente Vargas popularmente conhecido por “PV”, em Fortaleza-
Ceará, foi inaugurado em 14 de setembro de 1941, tendo passado ao longo do 
tempo por várias intervenções. O CREA-Ce, em dezembro de 2007, criou uma 
Comissão de Vistoria Técnica Estrutural, para vistoriar a estrutura e 
diagnosticar suas patologias. O Laudo Técnico emitido por esta instituição 
recomendou a realização de vários ensaios para um diagnóstico mais preciso a 
fim se pronunciar com mais convicção sobre a interdição do estádio. Foi então 
que a Prefeitura Municipal de Fortaleza convidou a Universidade Federal do 
Ceará para inspecionar a estrutura do PV, no intuito de fazer uma vistoria da 
mesma como parte de um diagnóstico técnico a ser consubstanciado com 
estudos teóricos, experimentais e procedimentos. O trabalho foi conduzido 
seguindo as seguintes etapas: inspeção visual, coleta e catalogação de 
informações, caracterização dos materiais, ensaios químicos, verificação da 
segurança estrutural do concreto, ensaio de vibração forçada, ensaio estático e 
simulação dinâmica da estrutura do estádio. Com a realização do conjunto de 
ensaios e avaliações, chegou-se a conclusão de que o estádio deveria ser 
interditado, uma vez que se detectaram, em alguns casos, estágio avançado 
de corrosão e perdas significativas de seção de armadura como também foi 
observados deterioração do concreto em vários pontos da estrutura. Outras 
recomendações foram feitas em função dos estudos realizados. 
1. Introdução 
O Estádio Presidente Vargas (Figura 1.1), popularmente conhecido por 
“PV”, localizado na Rua Marechal Deodoro, bairro da Gentilândia em Fortaleza-
Ceará, foi inaugurado em 14 de setembro de 1941, tendo passado ao longo do 
tempo por várias intervenções. 
No ano de 2008 a prefeitura Municipal de Fortaleza, preocupada com o 
estado da estrutura do estádio, solicitou que fosse realizado um estudo para 
que fosse mostrado a real situação e tomar as providências cabíveis. 
 
Cinpar 2010 - www.cinpar2010.com.ar - cinpar2010@scdt.frc.utn.edu.ar 
 
Foram realizados vários estudos, seguindo as seguintes etapas: 
Inspeção visual, Coleta e catalogação de informações, Caracterização dos 
materiais, Ensaios químicos, Verificação da segurança estrutural do concreto, 
Ensaio de vibração forçada, Ensaio estático, Simulação dinâmica da estrutura 
do estádio. 
2. Inspesção visual 
Esta etapa consistiu em uma inspeção preliminar para a identificação 
das manifestações patológicas e suas possíveis causas, na estrutura do 
estádio Presidente Vargas. 
Nesta etapa verificou-se a presença das diversas patologias, a saber: 
A) Infiltrações localizadas nas juntas de concretagem e nas juntas de 
dilatação transversal, com conseqüente deterioração do concreto 
nessas regiões; 
B) Oxidação de armaduras do concreto armado com redução de 
seções, especialmente na parte inferior das arquibancadas e das 
vigas de contraventamento; 
C) Falhas das juntas das arquibancadas bem como dos dentes 
Gerber das vigas de contraventamento; 
D) Falhas em pilares, redução de seção de pilares com exposição de 
armaduras; 
E) Observou-se um acentuado desaprumo em alguns pilares, além 
de indícios de movimentação na junta existente 
A) Crescimento de árvores na estrutura, que é altamente danoso à 
estrutura pela presença de microorganismos. O crescimento 
destas árvores demonstra a baixa porosidade do concreto e a 
existência de vazios macroscópicos. 
3. Coleta e catalogação das infomrações 
A estrutura do PV é em concreto armado aparente, fruto de várias 
etapas construtivas realizadas em datas bem distintas. Isto sugere a presença 
de materiais com características diferenciadas visto tratar-se de um período de 
50 anos desde a conclusão das primeiras arquibancadas. Além disso, 
paralelamente à evolução das normas de projeto, códigos também distintos 
serviram de orientação para a elaboração dos projetos estruturais. Contudo, 
estes projetos não se encontram hoje disponíveis, seja de sua construção, 
quanto das ampliações e reformas que o estádio sofreu. 
Nesta etapa, portanto, caracterizou-se historica e geometricamente a 
estrutura do estádio. A caracterização histórica está relacionada aos materiais, 
normas utilizadas, tecnologias e procedimentos associados às diversas etapas 
construtivas. A caracterização geométrica consistiu na Planta Baixa do estádio, 
detalhando a estrutura quanto a dimensões de vigas, pilares e distâncias entre 
pórticos, bem como outros detalhes importantes (detalhes de juntas 
longitudinais e transversais, detalhes de dentes Gerber). 
 
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3.1. Caracterização Histórica 
O estádio de futebol Presidente Vargas ou PV (Fig. 1), como é 
conhecido, pertence à Prefeitura Municipal de Fortaleza (Coordenadas: 
Latitude = 3º 44 45 S e Longitude = 38º 32 12 W (WIKIPÉDIA – Estádio). Foi 
construído sobre o antigo Campo do Prado, onde ao redor do campo havia 
uma pista de corridas de cavalos (WIKIPÉDIA – História). Em 1939 foi lançada 
a pedra fundamental do que seria o primeiro estádio de futebol da Capital e, 
oficialmente, o estádio foi inaugurado em 14 de setembro de 1941, mas a 
primeira partida de futebol ocorreu somente em 21 de setembro de 1941, uma 
semana depois (WIKIPÉDIA – Estádio). O estádio recebeu o nome de 
Presidente Vargas somente em 1952 (WIKIPÉDIA – Estádio). 
 
 
Figura 1: Entrada atual do estádio. 
 
A Fig. 2 mostra alguns detalhes do PV, cuja estrutura pode ser dividida 
nos seguintes setores (indicados na figura): (1) setor de escadas e rampas de 
acesso às arquibancadas (ERA); (2) primeiro lance de arquibancadas ou 
estrutura antiga (1º LA-EA); (3) segundo lance de arquibancadas ou ampliação 
(2º LA-A); (4) e setor das cadeiras numeradas (CN) e cabines de rádio (CR). 
Os dois lances de arquibancadas contornam quase todo o campo, iniciando e 
finalizando no setor das cadeiras numeradas. Os trechos das arquibancadas 
ao lado das cadeiras numeradas, que ficam à sombra no período da tarde, são 
designados como cimento especial (CE). Separando os dois lances, existe uma 
junta que contorna todo o campo, inclusive no setor das cadeiras, designada 
por longitudinal por ter a direção paralela às arquibancadas (JL). Transversal à 
direção das arquibancadas existem juntas de dilatação transversais. 
 
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Figura 2. Vista geral do PV – estrutura atual (Fonte: Wikipédia - Estádio). 
 
Há informações sobre reformas e ampliações a partir de 1958, quando 
foi feita a primeira reforma. De fato, os dados podem não ser muito confiáveis, 
pois não foram localizados registros oficiais sobre eles, mas também não são 
relevantes do ponto de vista da avaliação estrutural aqui proposta. 
Em 1963 foi feita a ampliação da sua capacidade para 35 mil lugares. 
Em 1993, foram realizados restaurações e reforço da estrutura de 
concreto armado do estádio (MOTA, 1993). 
Em 1997, uma reforma foi feita com a colocação de assentos, o que 
reduziu a capacidade do estádio para 19.800 lugares. 
Em 2005, o PV ficou interditado de setembro a novembro para a 
realização de várias melhorias (PINTO, 2007). As atuais escadas e rampas de 
acesso, substituindo antigos e precários degraus de acesso, foram então 
construídas, além da recuperaçãodas arquibancadas, banheiros, vestiários e 
instalação contra incêndio. 
O maior público já registrado no PV foi de 41.311 pagantes, no jogo 
Fortaleza 1 x 1 Ceará, no dia 7 de maio de 1973. 
Atualmente, devido a reformas no estádio e às normas de segurança 
mais rígidas, a capacidade do PV foi reduzida para aproximadamente 22.000 
espectadores (FUTEBOLNORDESTE). 
3.2. Caracterização Geométrica 
Sem as plantas originais do estádio, foi necessário caracterizar 
geometricamente a estrutura do estádio. Portanto, nesta etapa foram obtidas 
as dimensões de vigas, pilares e distâncias entre pórticos, bem como outros 
detalhes importantes, tais como detalhes de juntas longitudinais e transversais, 
e detalhes de dentes Gerber. 
 
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Esta caracterização foi realizada por uma equipe de topógrafos, usando 
uma estação total. O resultado final desta etapa é a planta de situação e a 
planta baixa do estádio (Fig. 3 e Fig. 4). 
 
Figura 3. Pórtico típico do estádio Presidente Vargas. 
 
 
Figura 4. Planta baixa do Estádio Presidente Vargas com indicação dos setores 
analisados. 
 
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O estádio Presidente Vargas é constituído atualmente por 18 setores 
estruturais separados por juntas de dilatação. A ligação entre setores vizinhos 
é feita por meio de dentes gerber na região das juntas e em prolongamentos 
das vigas que conectam os pilares na direção tangencial (Figura 2.3b). 
O formato em planta do estádio é retangular, com formas arredondadas 
nos quatro cantos. Por este motivo, quatro desses setores estruturais 
apresentam formato curvo em planta. Os setores são constituídos por degraus 
que se apóiam em pórticos de concreto armado, afastados em média de 5 m 
entre si. A altura máxima da construção, na extremidade superior da 
arquibancada, é de aproximadamente 13 m no setor central. Nos demais 
setores a altura máxima aproximada é de 8 m. 
4. Ensaios realizados 
Com o objetivo de identificar as características físicas, mecânicas e 
químicas dos materiais presentes na estrutura de concreto armado (concreto e 
aço) do Estádio Presidente Vargas e diagnosticar as manifestações patológicas 
presentes na referida estrutura, foram realizados os ensaios descriminados 
abaixo: 
Ensaios no Aço: 
• Ensaio de tração; 
• Medição do potencial de corrosão. 
• Ensaios no Concreto: 
• Resistência à compressão através de esclerometria; 
• Resistência à compressão em testemunhos; 
• Módulo de elasticidade; 
• Profundidade de carbonatação; 
• Determinação do pH; 
• Teor de cloretos. 
5. Resultados obtidos dos ensaios 
5.1. Resistência à compressão por esclerometria 
A avaliação da dureza superficial do concreto, com esclerômetro de 
reflexão (esclerometria), é prescrita pela NBR 7584:1995. Obteve-se 
resistências que variaram de 22,3 MPa a 34,4 MPa. 
 
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Figura 5. Esclerômetro de Schmidt 
5.2. Resistência à compressão de testemunhos de concreto 
Com o objetivo de se obter um referencial para os resultados das 
esclerometrias, foram extraídos testemunhos de concreto (Fig. 6) das vigas 
dos pórticos e das arquibancadas, tanto da estrutura executada em 1941 como 
da de 1969. Todos os resultados deste ensaio serviram para calibrar os 
ensaios de esclerometria, pois ao lado de cada extração de testemunho foi 
realizado esse último ensaio. Os procedimentos adotados foram de acordo 
com a NBR 7680:2007. 
 
 
Figura 5. Testemunhos de concreto extraídos da estrutura do PV.
 
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Os resultados obtidos dos ensaios à compressão dos testemunhos permitiram 
a calibração dos resultados obtidos dos ensaios de esclerometria. O fator de 
correção dos ensaios de esclerometria foi 0,6, sendo determinado a partir da 
relação dos valores da resistência dos testemunhos e os valores da resistência 
da esclerometria. 
A resistência característica, em ambas as situações, foi determinada 
através da expressão: 
fck = fc +1,65s 
onde fck é a resistência característica do concreto da estrutura; fc é a resistência 
média dos valores obtidos no ensaio; e s é o desvio padrão desses valores. 
A resistência característica do concreto (fck) da estrutura construída em 
1941 é de 19,5 MPa. 
A resistência característica do concreto (fck) da estrutura construída em 
1969 é de 17,2 MPa. 
5.3. Módulo de elasticidade 
O módulo de deformação tangente inicial é obtido segundo ensaio 
descrito na NBR 8522:2008. Os ensaios do módulo de elasticidade do concreto 
foram realizados a partir de amostras extraídas da estrutura e utilizou-se uma 
máquina universal de ensaios, marca EMIC,capacidade de 100 tf. 
Os resultados obtidos para o módulo de elasticidade variaram entre 15,3 
GPa e 19,8 GPa, para a parte antiga do estádio, e de 15,0 GPa a 23,2 GPa 
para a parte mais recente. A média obtida do módulo de elasticidade para a 
parte antiga é de 17,5 GPa e para a parte mais recente é de 20,5 GPa. 
5.4. Penetração da frente de carbonatação 
A profundidade de carbonatação do concreto foi obtida por meio do 
emprego do indicador químico fenolftaleína. Para análise da profundidade de 
carbonatação, utilizou-se o método CPC-18 da RILEM (1994). Primeiramente, 
procede-se a quebra de um pequeno pedaço do elemento de concreto a ser 
avaliado. A seguir, faz-se aspersão do indicador químico que possui a 
propriedade de mudar de cor conforme o pH da superfície, averiguando a 
alcalinidade da solução de poros do concreto. 
 
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Figura 6. Utilização de fenoftaleína no ensaio de frente de carbonatação. 
Pode-se observar que o processo corrosivo já está instalado nas lajes, 
vigas e pilares. Foram encontradas penetrações da frente de carbonatação 
significativas, atingindo as armaduras e despassivando-as. 
Esse fenômeno é ligado à permeabilidade do concreto aos gases, e 
tendo em vista que os concretos adotados, quando da execução de obras nos 
períodos de construção e ampliação do PV, terem historicamente resistência à 
compressão em torno de 15 a 18 MPa, portanto concretos mais porosos, o que 
facilitou o avanço da frente de carbonatação e a instalação do processo de 
corrosão. 
5.5. pH do concreto 
Foram realizados testes para determinação do pH para diversos pilares 
de sustentação do estádio Presidente Vargas. 
Na maioria dos pontos avaliados, os valores de pH na profundidade de 
20 mm são maiores que os apresentados para a profundidade de 5 mm, 
indicando um menor grau de carbonatação do concreto. Já em alguns pontos, 
não se observa diferença significativa nos valores de pH medidos nas 
profundidades de 5 e 20 mm. Os resultados mostram que os valores de pH´s 
do concreto dos pilares do PV, estão abaixo do valor crítico (11,5), indicando 
possibilidade de corrosão do aço presente na armadura de sustentação. 
5.6. Teor de cloretos 
A NBR 6118:2003, estipula um teor máximo de cloretos de 500 mg/l, em 
relação ao peso de água de amassamento. 
Para os traços de concreto normalmente utilizados no Brasil, este limite 
passa a ser da ordem de 0,02% do peso de cimento. 
 
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Com base nos resultados obtidos, o teor de cloretos encontrado no concreto 
variou entre 0,09 a 3,63%, verificou-se que 35% das amostras analisadas 
apresentaram maiores concentrações de cloretos na profundidade de 20 mm, 
indicativo de contaminação durante a execução do concreto; 30% 
apresentaram maior concentração a profundidade de 5 mm, indicativo de 
continuidade de penetração de cloretos. Não se pode chegar a conclusões 
sobre os 35% restantes, cujos valores, nas duas profundidades, são 
praticamente semelhantes. 
Por outro lado constatou-se que 75% das amostras retiradas do concreto, àsprofundidades de 5 e 20 mm, apresentaram teores de cloretos não aceitáveis 
aos padrões estabelecidos. 
5.7. Potencial de corrosão 
A utilização da medida do Potencial de Corrosão tem a vantagem de ser 
uma técnica não destrutiva e de fácil aplicação, não sendo necessário o 
mprego de aparelhos caros e sofisticados; porém, apresenta a desvantagem 
de apenas fornecer uma idéia relativa e aproximada do processo de corrosão 
instalado sobre a armadura, ou seja, do seu registro não se obtém nenhum 
dado quantitativo da cinética da corrosão. 
Para a realização das medidas do potencial de corrosão, foram 
escolhidos pontos aleatoriamente dentre os diversos pilares de sustentação da 
arquibancada e pontos com armadura exposta também da arquibancada. As 
análises levaram em consideração a avaliação da corrosão tanto na parte mais 
antiga quanto da parte mais nova do PV. 
 
 (a) Viga do pórtico (b) Laje da arquibancada com exposição do aço 
Figura 7. Realização do potencial de corrosão na estrutura do estádio. 
Os valores de potencial de corrosão estão distribuídos aleatoriamente 
não sendo observada diferença entre a corrosão dos aços da parte da 
estrutura antiga e nova do PV. Na arquibancada, observou-se um valor médio 
de potencial de corrosão mais elevado em relação ao apresentado pelos 
pilares indicando um maior grau de deterioração destes. 
De acordo com os resultados obtidos, o potencial variou de -120,0 a -
335 mV vs. Cu/CuSO4 com valor médio de -244,3 mV vs. Cu/CuSO4 para os 
pilares e de -295,5 mV vs. Cu/CuSO4 para o aço exposto da arquibancada. 
 
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Portanto, os pilares e a arquibancada avaliados apresentam um grau de 
risco à corrosão de 50% de acordo com o potencial de corrosão, segundo a 
norma ASTM C 876:1999. 
6. Verificação da segurança estrutural 
O Sistema Estrutural que compõe o estádio é o tradicionalmente 
utilizado em obras dessa natureza. Ou seja: Pórticos Transversais apoiando 
vigas Longitudinais que já servem de espelho para os degraus da 
Arquibancada. Apoiados nas vigas Longitudinais estão os pisos da 
arquibancada. 
Como já citado, o estádio Presidente Vargas foi construído em 2 etapas 
de modo que, em cada secção transversal, observa-se um conjunto de dois 
pórticos separados por junta, caracterizando as duas etapas de construção. Os 
pórticos relacionados à 1ª Etapa da Construção foram designados pela letra A, 
deste modo foram analisados pórticos 1A, 2A, etc. Os pórticos relacionados a 
2ª Etapa da Construção foram designados pela letra B pórticos 1B, 2B, etc. Os 
pórticos com o mesmo número de ordem são pórticos contíguos, portanto 
localizados no mesmo corte transversal. A Figura 8 indicação de um corte 
mostrando um pórtico típico. 
 
Figura 8. Corte entre pilares. 
 
O objetivo desta verificação foi observar, em inspeção por amostragem, 
se a armadura dos pórticos nas regiões de momento máximo é satisfatória. 
Como não se dispunha dos Projetos Estruturais da época, a conduta foi 
escolher pontos estratégicos nos quais as armaduras existentes foram 
inspecionadas através de demolição localizada da estrutura. 
Foi utilizado programa computacional para cálculo de estruturas, onde 
pode-se realizar as várias verificações, observando em que locais da estrutura 
a armadura se encontra insuficiente. 
 
 
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7. Simulação e ensaios dinâmicos de vibração forçada 
Para a avaliação do comportamento da estrutura das arquibancadas do 
estádio, foram desenvolvidos dois modelos numéricos dos setores estruturais 
ensaiados considerando a curvatura especificada em projeto, para o setor 
curvo (Figo 9 e Figo 10). Estes modelos foram denominados modelos de 
referência – baseados no método dos elementos finitos. Para tal, foram 
utilizados elementos de barra e de casca, no programa SAP2000 v. 11.0, 
buscando a melhor simulação dinâmica possível. 
Nos estudos preliminares, foram considerados engastes nas fundações 
no nível do solo, para representar a interação solo-estrutura. 
Devido a observações no local, foi considerada a continuidade entre o 
módulo mais antigo (da década de 40) e o módulo mais recente (década de 
60), desprezando-se, portanto, a junta apresentada nos desenhos do 
levantamento topográfico. 
 
Figura 9. Modelo numérico de um setor estrutural – vista isométrica. 
 
Figura 10. Modelo numérico de um setor estrutural – vista isométrica. 
 
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Para a determinação das deformadas modais do estádio, foram 
instrumentados dois setores de arquibancada, um trecho em formato retilíneo, 
localizado entre os pórticos e outro em formato curvo. 
A estrutura foi instrumentada para a determinação das deformadas 
modais dos dois setores. A deformada modal da arquibancada foi determinada 
com uma instrumentação de 7 acelerômetros distribuídos no setor estrutural, 
posicionados nos degraus das arquibancadas, e extensômetros elétricos 
colados nas armaduras dos pilares dos setores. 
As respostas do ensaio foram medidas e gravadas no sistema ADS 
2000-LYNX. Esse sistema de aquisição dados é baseado em condicionadores 
de sinais, controlados por um microcomputador tipo notebook. O sistema foi 
instalado na região de circulação do estádio, localizada abaixo da 
arquibancada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11. Arranjo geral da instrumentação 
 
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Figura 12. Arranjo da instrumentação 
A excitação da estrutura foi realizada por um servo-sistema com 
capacidade até 500 kN, controlado por microcomputador. O conjunto é 
composto por um atuador hidráulico, uma bomba hidráulica e um controlador 
digital. 
A estrutura foi excitada durante os ensaios por senóide de amplitude 
variável dentro das bandas de 0,5 a 15 Hz, cujas intensidades mostraram-se 
suficiente para excitar a estrutura em seus modos naturais de vibração 
principais. 
 
 
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Figura 13. Sistema servo-controle empregado nos ensaios dinâmicos da 
estrutura do Estádio Presidente Vargas, atuador e controlador. 
 A partir da análise dos resultados da simulação e dos testes realizados, 
pode-se apontar algumas considerações em relação a estrutura e recomendar 
reforços em alguns pontos do estádio 
8. Conclusões 
Com base nas observações visuais e nos resultados dos ensaios 
descritos neste relatório, pode-se afirmar que a corrosão encontrada nas 
estruturas do Estádio Presidente Vargas é oriunda da redução da alcalinidade 
do meio e, conseqüentemente, da perda da película passivadora (protetora). A 
despassivação das armaduras deve-se essencialmente a elevada temperatura, 
exposição das armaduras a ação do dióxido de carbono – CO2 e de íons 
cloreto presentes na atmosfera, visto que a cidade de Fortaleza está inserida 
em atmosfera marinha de alta agressividade. Esta frente de carbonatação 
avançada, porém, normal para a idade do estádio, atinge as armaduras 
despassivando-as e dando início ao processo corrosivo instalado nas 
estruturas. 
Esse fenômeno, ligado a permeabilidade aos gases, e tendo em vista 
que os concretos adotados, quando da execução da construção do estádio, 
terem historicamente resistência à compressão em torno de 15 a 18 MPa 
(concretos mais porosos), facilita o avanço da frente de carbonatação e a 
instalação do processo de corrosão. Contudo, o concreto, tanto da estrutura 
antiga, como da estrutura mais recente, apresenta resistência mecânica 
satisfatória e compatível com os valores normalmente estipulados. 
A todos esses fatos citados adicionam-se os seguintes elementos como 
agravantes do processo corrosivo: 
 
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• Baixa espessura de recobrimento das armaduras;• Porosidade do concreto; 
• Elevada umidade relativa do ar (média de 70 %); 
• Temperatura média em torno de 27°C; 
• Atmosfera marinha, onde há presença de cloretos; 
• Infiltrações oriundas de acúmulo de água pluvial durante o período de 
inverno; 
• Infiltrações por ausência de impermeabilização das juntas de dilatação; 
• Concreto com adensamento precário; 
• Ausência, ao longo dos anos, de um sistema de inspeção e manutenção 
apropriado. 
 
Sob a ótica da NBR 6118:2003, ora vigente, as armaduras existentes 
nas vigas dos pórticos são insuficientes. Contudo, com o tempo de uso intenso 
do estádio, admite-se uma certa plastificação nos nós dos pórticos. Levando 
isso em consideração, as armaduras são consideradas suficientes, para a 
carga considerada. 
Quanto ao ensaio de vibração forçada, as principais conclusões são as 
seguintes: 
• As freqüências naturais de vibração medidas para o setor 1.600-2.200 
são: 3,77 Hz, 4,36 Hz, 5,27 Hz e 5,49 Hz; e para o setor 3.300-3.700 
são: 3,08 Hz e 6,11 Hz; 
• Após a reanálise do modelo numérico, verificou-se que a camada de 
solo superficial sob os pilares dos setores encontra-se levemente 
desconfinada; 
• Durante as simulações numéricas, não foram identificadas mobilidades 
na estrutura que possam ser atribuídas a patologias na zona de 
interação solo-estrutura, ou seja, considerou-se que os pilares estão 
engastados nas sapatas; 
• Com a reanálise do modelo numérico, pôde-se verificar que os 
aparelhos de apoio posicionados no dente gerber entre setores 
apresentaram uma transferência de esforços horizontais, interferindo na 
rigidez global dos setores estruturais investigados; 
• Em se tratando de comportamento global, verificou-se 
experimentalmente que o módulo de 19 GPa é o valor que melhor 
representa o módulo do concreto dos setores investigados, valor esse 
que corresponde à média determinada em ensaios à compressão em 
amostras extraídas das arquibancadas do estádio; 
• Em função do comportamento global observado durante os ensaios, 
pode-se considerar que ocorre uma continuidade na junta existente 
entre anel “mais antigo” (da década de 40) e o anel “mais recente” (da 
década de 60), situação essa observada nos sinais de aceleração 
medidos nas 2 partes dos setores e corroborada na reanálise do modelo 
numérico; 
 
 
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9. Recomendações 
Fez-se ainda as seguintes recomendações: 
• Nas peças onde forem observadas fissuras, recomenda-se a injeção 
com resina 
• A fim de evitar a sintonia do movimento da torcida com os do 1º. Modo 
do setor 3.300-3.700, recomenda-se que seja aumentada a 1ª. 
freqüência natural do setor curvo. Isso pode ser feito, por exemplo, 
executando-se paredes a meia altura dos pilares externos, conforme se 
pode ver na Figura 10.1, o que elevaria essa freqüência natural para 
pelo menos 3,30 Hz. 
 
 
Figura 1. Parede a ser executada no setor 3.300-3.700 para aumentar 
freqüência natural do setor. 
 
• Recuperação imediata dos pilares com falta de prumo identificados. 
Recomendou-se na época da entrega do relatório final para a prefeitura, 
a interdição total do estádio. 
Além disso, recomendou-se a recuperação imediata dos pilares 
danificados, além do dente Gerber. 
Sugeriu-se ainda que, após a reabilitação total do estádio, seja realizada 
uma monitoração dinâmica da estrutura do mesmo em dia em que haja uma 
previsão de público significativo. 
 
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Referências 
[1] ____. NBR 7584:1995 – Concreto endurecido – Avaliação da dureza 
superficial peloesclerômetro de reflexão. Rio de Janeiro. 
[2] ____. NBR 7680:2007 – Concreto – Extração, preparo e ensaio de 
testemunhos de concreto. Rio de Janeiro. 
[3] ____. NBR 8522:2008 – Concreto – Determinação dos módulos 
estáticos de elasticidade e de deformação e da curva tensão-
deformação. Rio de Janeiro, 9p. 
[4] FUTEBOLNORDESTE. Estádios – Ceará – Presidente Vargas. 
<http://www.futebolnordeste.com/verestadio.asp?est=34> Acessado em: 
11/08/08. 
[5] MOTA, H. A. (1993) Restauração e Reforço da Estrutura de Concreto 
Armado do Estádio Presidente Vargas. Vol. 2. 
[6] PINTO, R. M. S. (2007) Do Passeio Público à Ferrovia: O Futebol 
Proletário em Fortaleza (1904 – 1945). Dissertação de Mestrado, 
Departamento de História da Universidade Federal do Ceará. 
[7] RILEM TC (1994) Measurement of hardened concrete carbonation 
depth, 1988. RILEM Recommendations for the Testing and Use of 
Constructions Materials. London, p. 56-58. 
[8] WIKIPÉDIA. Estádio Presidente Vargas (Fortaleza). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Presidente_Vargas_%28Fort
aleza%29 Acessado em: 11/08/08. 
[9] WIKIPÉDIA. História do Futebol de Ceará. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_futebol_de_Cear%C3%A
1#A_evolu.C3.A7.C3.A3o_das_pra.C3.A7as_futebol.C3.ADsticas 
Acessado em: 11/08/08.

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