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A Influência de Maquiavel na Política

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A INFLUÊNCIA DE MAQUIAVEL NA POLÍTICA
MARCELO BRETAS MARTINS
	
RESUMO 
A política é um sistema determinado de princípios que norteiam decisões e atingem conclusões racionais. A política vem sendo uma declaração de objetivos, e é colocada em prática como um procedimento ou protocolo.  Ela pode ser conceituada como instrumentos políticos, administrativos, financeiros e administrativos organizados para abranger objetivos evidentes. O objetivo da política sempre foi a tomada e manutenção do poder. A política nunca é a lógica racional da justiça e da ética, e sim a lógica da força modificada em lógica do poder e da lei. A lógica política não conjumina com as condutas éticas dos cidadãos em sua vida privada, pois para Maquiavel, tudo tem valor para conservação e alcance do poder. Nicolau Maquiavel defende o poder e atrai as atenções por esse motivo, a honra e a glória são bens que precisam ser seguidos e valorizados, ao contrário da virtude. A moral não deveria limitar as ações políticas. Maquiavel defende a ideia de que a estabilidade da sociedade e do governo tem que ser alcançada a qualquer preço. Entre Maquiavel e os demais cientistas naturais, há uma diferença que está no constrangimento colocados através das suas ideias. Ele destaca-se pelo jeito que tratou a moral na política, apresentando uma forma independente dos conceitos apoiados pela igreja.
Palavras-chave: Moral. Estado. Fortuna. Poder. 
1 INTRODUÇÃO 
Entender a política em nossa sociedade, na visão de Nicolau Maquiavel, e compreender questões históricas da ética e da política. 
A separação quanto ao fazer político e o moralmente correto. Na atualidade, percebe-se um distanciamento entre ética e política.
 Isso pode pôr a prova a organização de um Estado e nação, porque, acaba dando espaço à corrupção e à falta de crédito nos políticos. 
É frequente as denúncias de uso de fontes ilegais de recursos para o financiamento de campanhas eleitorais, desvios de fundos públicos, compra de votos, falha diante denúncias de investigações, desleixo com o bem comum da comunidade (saúde, emprego, segurança...). 
Temos, políticos legislando, usufruindo do termo grego polis, em prol dele mesmo; melhorando seus próprios salários, e discutindo um insignificante aumento do salário mínimo da população. 
São muitas as corrupções que faltam palavras quando nos damos conta da atual conjuntura. As atitudes e ações, nos leva a pensar: Tem como agir moralmente na política? Há uma ligação entre a moral e a política? Ou elas têm lógicas diferentes? E outras perguntas que são pertinentes. 
As indagações nos remetem a um pensador, chamado Nicolau Maquiavel, que se inclinou em reflexão a respeito deste questionamento, no começo da modernidade. Escreveu o livro chamado “O Príncipe”, abordando a questão do agir do príncipe para a vitória e a manutenção do poder. 
Para Maquiavel, na política nota-se a grandiosidade do poder, enquanto ação na qual se escora a vivencia coletiva, vindo em primeiro lugar sobre as dez esferas da vida humana.
 A política mistura-se com a realidade, com a problemática das ligações entre os homens: deixando de ser prescritiva e passando a ser olhada como uma técnica, com leis próprias, relativo ao dia a dia da população. 
Maquiavel entendia que a política deve preocupar-se com as coisas como são, em toda sua crueza, e não se atentar a ela como deveriam ser com todo o moralismo que lhe é velado.
Ele estuda a sociedade de forma fria e calculista e luta ao se tratar de alcançar e garantir o poder. 
Compreender a política exatamente como ela é, complicada para muitos, porém para Maquiavel que conviveu entre o poder e o descaso dos influentes, é mais fácil escrever sobre o assunto deixando um legado para a Ciência Política contemporânea.
As práticas políticas não tiveram uma melhora na essência, não tem nada de especial quanto à falta de caráter no mundo político, sempre houve com suas particularidades, desmedidas e selvagens contrário a ética. As carências de conservação do jogo político são frequentemente tratadas o mesmo jeito. 
Maquiavel, não inventou maneiras de criar uma nova política, e sim apresentou e interpretou o que existia. Antes de Maquiavel já existia na política um espirito tempestuoso e desalmado, essa frase a seguir é atribuída ao Imperador Nero: “Ao povo pão e circo”. 
É só dar diversão a população e desfrutar exageradamente do poder e de suas riquezas. Assim acontece na nossa atualidade política e nos resultados percebidos pela sociedade que manifestam seu descontentamento sob protestos e manifestações. 
É preciso se atualizar quanto a circunstância atual, sua reiteração cultural e a manutenções dos comportamentos.
2 METODOLOGIA 
A metodologia foi realizada através de vários periódicos, artigos, livros, revistas selecionadas de forma criteriosa, será abordado o tema proposto, a fim de confirmar através da pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (2010) constitui-se como uma revisão sistemática das produções realizadas sobre um determinado tema, a fim de se obter maiores informações sobre o assunto pesquisado.
3 DESENVOLVIMENTO
Conforme Silva e Sousa (2009), a competitividade da economia traz, a dinâmica da modernidade. Afetando não somente as relações econômicas, mas ultrapassando para as relações sociais, inserindo o individualismo na sua dinâmica, e contagiando as relações políticas, por meio dos partidos políticos como uma organização com autenticidade buscando exercer o poder político. 
Os partidos têm sempre uma razão na sua existência e na representação política, na variedade de opinião da sociedade, com a finalidade de que se manifeste civilizadamente.
 O avanço dos partidos políticos marca presença nessa nova equiparação de forças, como uma carência: sendo uma mudança do tradicional para o moderno. 
É uma lógica própria da modernidade afeta a administração do Estado que deseja tornar-se impessoal, republicana e liberal. 
Entendeu Garcia, (2003. p.02) que a democracia, no passo em que possibilita a elevação do povo ao poder e a renovação dos dirigentes máximos de qualquer organização estatal, proporciona um contínuo debate no que diz respeito ao comportamento das pessoas que executam ou venham a executar a expressão popular, assim como os demais episódios de interesse comum. 
Segundo Scheffler Sardi (2007), para Maquiavel, política é atividade humana autônoma e separada de Religião, Moral, Filosofia. Ela tem uma ética própria e um conjunto de forças onde todos os meios de luta são aceitáveis. 
O principal é defender o Estado, porto seguro dos homens protegendo-o da barbárie, defendendo seus bens materiais e espirituais. 
A política tornou-se ciência social, entretanto diferente de Religião, de Moral, de Filosofia e de Ética, ela passa a ser vista como a arte de governar os homens, de buscar a aceitação, de fundar maiores Estados. 
Observando a Política e sua natureza tendo como eixo, o espelho próximo de si e de sua época, com uma atrocidade primária, Maquiavel envolve coligações, deslealdade, artimanhas, orgulhos. Ele como diplomata, conseguiu enxergar como se operava o poder nas cortes europeias, principalmente da França e Espanha. 
Maquiavel em o “Discurso Sobre a Preparação Militar Florentina” (1506,), garante que o Estado e os governantes dependem na maioria das vezes da justiça e das armas. 
Sendo assim, a justiça certifica a existência e instituições sólidas, a convivência e as virtudes cívicas. As armas asseguram a execução do desejo do Príncipe. 
Garantia que os soldados precisavam ter sólida formação religiosa para se tornarem mais flexíveis, ao propor a criação da Milícia Nacional de Florença, 
Abaixo explica-se os conceitos que Maquiavel defende:
· Realismo político: qualquer atitude do príncipe é válida se for para manter e defender o Estado;
· Racionalidade política: todos os meios são justificáveis para se atingir o fim político - manutenção do poder;
· Ideologia ou manipulação do povo: a moral dos governantes é distinta da moral dos governados. (Para melhor compreender o que isso significa, pode-setraçar um paralelo exemplificando com uma ética de vendedor ou comerciante, que jamais falam mal do produto que vendem) Daí afirmar-se que a Política é considerada como possuidora de uma ética própria.
· Segurança política: é concebida como um exército moderno que protege contra inimigos internos (conspiradores) e externos (outros principados).
Maquiavel elaborou uma teoria política combinando a experiência pessoal concreta de lidar com a res pública e um espírito de aguda observação do processo político, especialmente quanto ao modo como as decisões eram tomadas. É o que diz o Capítulo XV:
É meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas. Do que pelo que delas se possa imaginar. E muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz, aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; e um homem que quisesse fazer profissão de bondade, é natural que se arruíne entre tantos que são maus. (MAQUIAVEL, 2010, p.97).
Concepção de Política Segundo Maquiavel: (2010, p.79).
· Política: pela primeira vez é mostrada como esfera autônoma da vida social;
· Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe com os antigos e com os cristãos;
· Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudo independente;
· Vida política: têm regras e dinâmica independentes de considerações privadas, morais, filosóficas ou religiosas; 
· Política: é a esfera do poder por excelência;
· Política: é a atividade constitutiva da existência coletiva: tem prioridade sobre todas as demais esferas. Política é a forma de conciliar a natureza humana com a marcha inevitável da história: envolve fortuna e virtude;
· Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação de Deus ou Providência Divina. Há no mundo, a todo o momento, igual massa de bem e de mal: do seu jogo resultam os eventos (e a sorte);
· Virtude: qualidades como a força de caráter, a coragem militar, a habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversários. Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história.
O conceito de política entende o costume de relacionamento que conecta os cidadãos centralizados na disputa por diferentes posições, desde influencia (valores) ou de riqueza material (desigual e insuficientemente distribuída), quanto a ordem social. 
A ordem social funda-se em um conjunto de relações particulares orientado segundo normas ou regras de conduta, que esperam assegurar a convivência tranquila e sem violência.
 A transcendência principal dessa conceituação está na regeneração de um entendimento generalizado para análise dos acontecimentos políticos: qualquer ordem social envolta em um processo de disputas pelos recursos econômicos ou por posições de prestígio podem desenvolver guerras políticas. 
Maquiavel, “digo que se ascender de tal principado ou com o apoio popular, ou com o dos poderosos”.
Porque em toda a cidade se encontram essas duas tendências opostas: de uma parte, o povo não quer ser comandado nem oprimido pelos poderosos; desses dois desejos querem comandar e oprimir o povo; desses dois desejos antagônicos advém nas cidades das consequências: principados, liberdade ou desordem” (MAQUIAVEL, 2010, 77).
 CONTEXTO HISTÓRICO
Se quisermos entender o pensamento de Maquiavel, precisamos saber o que aconteceu em seu período histórico. Maquiavel viveu ao longo da Renascença italiana, o que demonstra suas ideias. Nedel ajudou para que entendamos ainda melhor o pensamento de Maquiavel:
Maquiavel formou seu pensamento primordialmente na escola da vida e na lição da história. A experiência que teve durante o exercício do cargo de Segundo Chanceler, em sua pátria e no exterior, se reflete a cada passo em sua obra. O retrato disso grandes líderes que conheceu, e suas lições, aparecem nos seus escritos. (1996, p. 19).
O Estado feudal, notado pela descentralização política, em que cada nobre tinha parcela de soberania que se declarava no direito de possuir o seu exército, sua justiça, sua moeda e seu sistema tributário, dava lugar ao Estado moderno, centralizado e unificado. 
A ideia de governo absoluto, diferentes dos padrões medievais, era no momento a palavra de ordem. Viroli nos faz a entender este aspecto, ao dizer:
Enquanto nos palácios nutriam a arrogância das grandes famílias e a corrupção dos costumes, a inexistência de um exército bem disciplinado colocava a liberdade de Florença em perigo constante. Para defender e manter o domínio sobre outras cidades da Toscana, os Florentinos recorriam aos chefes mercenários e às milícias, que, se tivessem a oportunidade de lucrar mais passando ao campo inimigo, faziam-no sem vacilar. (2002, p. 27).
Na Idade Média o poder era limitado, O do rei, pelos nobres; os destes pela exigência do costume, da tradição ou da “vontade de Deus” que integravam uma constituição oculta, afiançando garantias contra o poder dos influentes até ao mais simples servo de gleba. 
Isso acontecia com o aval e a fiscalização da Igreja Católica. No que diz respeito ao quadro de parcelamento de poder do feudalismo, a Igreja compunha um autêntico super estado, territorialmente sustentado nas possessões pontifícias, existentes no centro da Itália e com domínios territoriais pela a Europa ocidental.
A Igreja medieval tinha seu poder compelido por um grande conjunto ideológico, um código rígido de leis canônicas, e de tribunais eclesiásticos que algumas vezes antecipavam o julgamento e as penas que as pessoas sofreriam apenas depois da morte. 
A atuação contraria a Idade Média, chamada pelos humanistas do Renascimento de “Idade das Trevas”, atingia os valores e instituições, especialmente o da Igreja.
 A burguesia implorava novos valores cosmopolitas; caçoavam da nobreza e seus atributos e colocavam a Igreja sob fervorosas críticas, as críticas eram uma atividade do dia a dia, que se contrapunha à ação indiferentes de verdades plenas, que ao longo dos séculos a Igreja vinha patrocinando. 
Os homens sábios guiavam-se para padrões clássicos, buscando inspiração e modelos na Grécia e na Roma antiga. Na Itália do Renascimento reinava imensa baderna. 
A tirania imperava em minúsculos principados, governados arbitrariamente por casas reinantes sem nenhuma tradição dinástica ou de direitos suspeitos. A ilegitimidade do poder criava situações de crise e inconsistência, o cálculo político, a astúcia e a ação imediata contra os opositores conseguiam manter os príncipes.
 Aniquilar ou diminuir à debilidade a oposição interna, intimidar os súditos para driblar a prevaricação e produzir alianças com alguns principados concebiam o eixo da administração. 
Ao passo que o poder se fundava somente em atos de força, era de se esperar que pela força fosse transposto, deste para aquele Senhor.
 A religião, a tradição e a vontade popular não legitimavam e ele havia de contar tão somente com sua energia instituidora. 
O sumiço de um Estado central e a excessiva multipolarização do poder geravam um vazio, onde as mais fortes singularidades tinham para ocupar.
Partindo dos fatos que foram questionados, e de toda circunstancia histórica, facilita o entendimento sobre o que foi feito por Maquiavel, ele atendou-se à realidade efetivamente como tudo acontece, não deixando se perder na procura de como as coisas poderiam acontecer. São coisas diferentes, no sentido, “deve ser” do “ser”. Sendo sobre estes aspectos que Maquiavel expande seus escritos e pensamento.
O NOVO MODELO DE ESTADO
Começa a ser usado no Renascimento o termo Estado. Maquiavel é considerado ser o pensador que começou a delinear os contornos da doutrina. 
Segundo Aranha, a palavra Estado substitui a polis dos gregos e a civitas romana (ou república, como conjunto das instituições políticas). Para Maquiavel os acontecimentos da política não eramdo âmbito da Igreja, que necessitava estabelecer limites aos assuntos da República dos Céus e sim, do príncipe. 
Quem deveria assumir o controle do Estado era o Príncipe. Ele carece reunir, para assumir, algumas condições, como concentrar em si a astúcia da raposa e a coragem do leão, assim cita Maquiavel em O Príncipe. Até mesmo ser hipócrita e desleal se a segurança do Estado o exigir. 
Devendo eliminar, sem hesitar, aquilo que venha a ameaçá-lo, querendo ser temido e não ser amado, porque ele sempre leva em conta a instabilidade humana. 
Nivaldo Júnior faz a seguinte afirmação Referente ao sentido de Estado, defendido por Maquiavel em O Príncipe. 
Com Maquiavel, o Estado é espaço de poder puramente humano, onde não há lugar para fantasias, para discursos bonitos ou palavras empolgadas o fim visado por ele, em última análise, é o fortalecimento do Estado. Considera que os homens, por si mesmos são maus. Se os homens são maus por natureza, a única salvação para a sociedade é um Estado centralizado, simbolizado, por um governo forte, capaz de tudo pela glória. (2004, p. 32).
Ao examinar a realidade de sua época, Maquiavel formulou não uma teoria de Estado moderno, e sim, uma teoria de como os Estados são formados, de como na realidade de como o Estado moderno é constituído. 
Alguns pensadores, achavam que era o começo da ciência política, sabida como algo autônomo, distinto da moral e da religião. Maquiavel, considerava necessária a intolerância religiosa como condição na formação deste Estado forte. 
Ele considerava que desta forma, acabariam as invasões estrangeiras que feriam os assuntos internos da Itália.
O Estado para Maquiavel, não deve depender do povo, devendo ser independente, autossuficiente; desse modo, alcançara o êxito. O desenvolvimento do Estado passa a ser necessário.
 Para Maquiavel, quando o Estado tem poder concentrado propicia segurança, principalmente para seu dirigente. Assim, a concepção de independência do homem é colocada de lado, estabelecendo espaço para a capacidade deste homem conviver em sociedade, em desvantagem do poder centralizado.
MAQUIAVEL E A CORRUPÇÃO
Considera-se que sempre houve a corrupção. De modos autoritários, porém, somente alguns se arriscavam retirando o véu que a encobria, deixando à mostra a face.
 Todos conheciam o motivo. Por esse lado, não podemos confundir inexistência de corrupção com desconhecimento da corrupção. A via mais rápida de acesso ao poder é a corrupção. 
Desse modo, traz consigo a maléfica consequência de propiciar a inconstância política, já que as instituições não mais estarão baseadas em concepções ideológicas, e sim, nas cifras que as patrocinam. Assim, é inevitável a certificação de que a imoralidade seja percebida no financiamento da campanha aceita projetar, a disseminação do domínio e da corrupção. 
Ela está filiada à vulnerabilidade dos padrões éticos de determinada sociedade, que reproduzem acima da ética do agente público. Sendo ele, apenas um "modelo" do meio em que vive, um contexto social onde a aquisição de vantagens injusta é tida como prática comum pelo povo, com certeza fará com que idêntica convicção seja preservada pelo agente nas relações que venha a aternar com o Poder Público.
 Um povo que dá valor a honestidade terá governantes honestos. Um povo que, em seu cotidiano, tolera a desonestidade e, não raras vezes a enaltece, por certo terá governantes com pensamento similar. (GARCIA. 2003.04) 
Como expressou Maquiavel tão bem, na Primeira Década de Tito Lívio, "Como os bons costumes, para manter-se exigem leis, assim também as leis, para serem obedecidas, exigem bons costumes.” (Niccoló Machiavelli, Discorsi Sopra La Prima Deca de Tito Livio, in Opere Milano: RicardoRicciardi, 1963, p. 140).
 Aqui no nosso país, as leis sem boas condutas, ajudam a propiciar a corrupção entre os homens e os poderosos. Mesmo com novos mecanismos os hábitos de corrupção, os lapsos comportamentais atuais espelham situações passadas, as quais estabelecem simples continuação. 
No Brasil o sistema brasileiro, não é diferente. Os indecorosos índices de corrupção atualmente verificados em todas as esferas do poder são meras ampliações de práticas que aludem a séculos, começando pela colonização e seguindo pelos longos períodos ditatoriais. 
A democracia, nunca foi elaborada pela norma, é o espelho da vagarosa evolução cultural, requerendo uma consecutiva maturidade da consciência do povo. O Brasil, no decorrer dos séculos ante ao seu descobrimento pelo "velho mundo", quase não conviveu com práticas democráticas. 
Percebemos uma suave semelhança entre a época de Maquiavel com a época atual.
 Como podemos ver em seu texto abaixo citado:
“Outro remédio eficiente é organizar colônias, em alguns lugares, as quais virão a ser como grilhões impostos à província, porque isto é necessário que se faça ou deve-se lá ter muita força de armas. Não é muito que se gasta com as colônias, e sem despesa excessiva podem ser organizadas e mantidas. (“Maquiavel, Nicolau, O Príncipe- pagina 51, Capitulo III - edição 2010”.)
Desse modo, a corrupção poderá ser amenizada, porque abolida jamais. Essa arguição é necessária na medida em que a maior participação popular, com o crescimento do acesso aos meios de comunicação, pode levar à enganosa conclusão de que, apesar dos ventos democráticos que na atualidade refrescam o país, a corrupção tem crescido. 
Ainda para (GARCIA 2003 p.04), "é importante ressaltar que o próprio regime democrático possui vertentes que propiciam, ou mesmo estimulam a prática de atos de corrupção”. 
Em que pese à pureza de seus ideais, a democracia, muitas vezes, tende a ser deturpada por agentes que pretendem se perpetuar no poder. 
Um dos instrumentos comumente utilizados para esse fim é o ilegítimo repasse de recursos financeiros aos partidos políticos ou àqueles que prestigiem a postura ideológica sustentada por tais agentes, o que pode dar-se de múltiplas formas: repasse de verbas às vésperas da eleição, realização de obras com a nítida intenção de promoção política partidária e admissão de correligionários do partido em cargos em comissão, com a ilegítima permissão de que busquem sua promoção pessoal no exercício da função etc. (GARCIA, 2003, p.04).
A corrupção, eleva o custo social, as suas desvantagens superiores aos benefícios individuais que venha a conceber.
 Com meios de comunicação ao alcance do povo pode modificar esse cenário, o acesso à internet em redes sociais favorece a participação social.
Apesar de estarmos na era da política digital, culturalmente ainda estamos no tempo do clientelismo, temos muito que aprimorar para conscientização política sem que a manipulação dos gestores públicos desse país, venham a interferir nesse processo.
		
5 CONCLUSÃO 
A ciência desses fatos históricos e sua interpretação levaram a convicção de Maquiavel a uma renovada convicção da sociedade e da política. 
Maquiavel, não tem seu pensamento consolidado na cultura política, isso tem a ver com às interpretações diferentes que sua obra ocasionou. 
Atualmente, interpretam seus escritos não somente como ideologia, mas sim por seu referencial que a extrema direita, retratada pelo autoritarismo de Mussolini, já à esquerda, pelo julgamento marxista de Antônio Gramsci, preservam algumas ideias de Maquiavel. 
Assim, a partir de suas práticas na política, Maquiavel edificou uma teoria política que se acha acima dos termos maquiavelismo e maquiavélico. Seu resgate, ainda que no século XVIII, feito através dos pensadores iluministas, que resguardavam a existência de uma unidade em sua obra, exibiam a existência de um Maquiavel que adorava a liberdade e além de ser o mestre dos regimes absolutistas.
Nesse sentido ele se torna diferente dos outros pensadores que levantam o assunto da moral e política. 
Para Maquiavel a história é a “mola mestra” dos conflitos. Através dela compreendemos como lidar com situações que venham a acontecer na tomada e manutenção do poder. Ele é uma referência na elaboração da inovação da ideia de política. 
A políticaantiga e a medieval descreviam um bom governo, impondo as regras do governante ideal, Maquiavel investigava como os governantes se comportavam e agiam. 
O método utilizado para engendrar seu pensamento era o método empírico, uma parte da realidade como é e não como deveria ser. Sua consideração divide da tradição, pois esta ficava mais em conceitos e ideais de sociedade, Maquiavel refletia está em termos práticos, realistas e científicos. 
Maquiavel tinha a convicção que o Estado com poder centralizado emana confiança ao povo e ao seu dirigente. 
 A desaprovação da dominância dos valores morais na ação política mostra um novo conceito de ordem, inesperado na filosofia política medieval. Para ele a política suplica a lógica da força e é impraticável governar sem que haja violência. 
Maquiavel considerava que a política não tinha a mesma finalidade que falavam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, e sim como sempre disseram os políticos, a tomada e manutenção do poder.
 Sendo assim sabe-se que ele é o maior responsável pela autonomia do campo da ciência política, que se desapega das aflições filosóficas e da política normativa dos gregos, desprendendo-se da moral cristã.
	
6 REFERÊNCIAS
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