Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA CURSO BACHAREL EM DIREITO DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO PROFESSOR: MARCELO FARIAS LARANGEIRA ANÁLISE DA OBRA “O PRÍNCIPE” DE MAQUIAVEL E “O ESPÍRITO DAS LEIS” DE CHARLES DE MONTESQUIEU SÃO GONÇALO – RIO DE JANEIRO MAIO DE 2021. https://www.infoescola.com/livros/o-espirito-das-leis/ GRADUANDOS: Camilla Martins Cabral (600516210) Franciane Victorino Pacheco (600882510) Jefferson Gonçalves Granha (600879411) José Vicente Alves da Silva (600878997) Sabrina de Lima Garuba Alves (600570228) O Príncipe - Maquiavel Análise da obra à luz da Ciência Política e Teoria do Estado icolau Maquiavel é um filósofo que nasceu em 03 de maio de 1469 em Florença, Itália, tendo a obra O Príncipe como a mais importante de sua carreira, publicada em 1532, cinco anos após sua morte. Atualmente Maquiavel é conhecido como um filósofo, mas ele também foi um historiador, poeta, músico do Renascimento, secretário da Segunda Chancelaria e diplomata, ou seja, Maquiavel era um homem versátil, culto e participante ativo da elite e da política de sua época, não à toa, ele é autor de conceitos como a diferenciação e separação entre a moral tradicional relacionada aos indivíduos e a lógica que rege os governos, ou seja, a razão do Estado. Maquiavel desenvolveu uma série de conselhos e recomendações para que o príncipe - hoje em dia poderíamos dizer que “o príncipe” seria os políticos da nossa democracia- pudesse governar da forma mais eficiente possível. Como bem vimos em sala de aula, os clássicos foram escritos para serem lidos, apesar de existir grandes autores contemporâneos, não podemos afirmar que suas obras são isentas de interesses pessoais, como por exemplo o enriquecimento que o capitalismo proporciona aos autores de massa. Os clássicos, por serem os primeiros, tem em si um “selo” de autenticidade e reconhecimento de qualidade, o simples fato de a obra O Príncipe ter quase 500 anos de existência, já é um indício de sua importância para a formação do Estado e do pensamento de um Povo, é notável que Maquiavel continuará sendo lido e relido apesar de já ter se passado tanto tempo de sua existência. Atualmente as palavras maquiavélicas e maquiavelismo são adjetivo e substantivo, tais palavras estão tanto no discurso erudito de autoridades que ocupam cargo no Estado, quanto nos discursos do homem comum, em ambos os espaços, o maquiavelismo está associado à ideia de ações de homens astuciosos, traiçoeiros, que fazem qualquer coisa para chegar ao poder. Mas será que realmente Maquiavel e sua obra merecem todo esse fardo negativista e carregado de senso comum? Outro grande pensador, Rousseau, em sua obra Do Contrato Social, cap. IV diz que; “Maquiavel, fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo”. O principal objetivo desta análise é apontar os tópicos principais da obra O Príncipe no que tange a Ciência Política e a Teoria do Estado, passando longe das ideias concebidas pelo senso comum. O Príncipe apresenta ao leitor conselhos e recomendações sobre modos de ações políticas aos príncipes da época ao qual foi escrito, ou seja, é basicamente um manual de conduta. Os capítulos da obra examinam desde os principados hereditários aos eclesiásticos, apontam erros e acertos de grandes figuras históricas, e guarda também valiosos conselhos aos príncipes. Além de um importante manual de conduta, podemos considerá-lo um guia de sobrevivência aos governantes florentinos modernos. Retomando o termo “Razão de Estado”, termo este atribuído a Maquiavel, podemos delimitar que a Razão de Estado surge da ideia de que é impossível ter uma organização humana sem uma égide centralizadora, e aqui a palavra égide terá o significado de “proteção e segurança”, se faz necessário a manutenção do bem da estrutura estatal, com controle absoluto de monopólios estatais (força física, impostos e leis), justificando assim a repressão os interesses particulares em prol dos interesses do Estado, ou seja, para conservação e a segurança do Estado e dos seus dirigentes nada pode ser proibido, o Estado é soberano. Deve o príncipe, então, ser conhecedor da guerra, até porque àquele que não lida com maestria nesse campo, terá sempre o seu poder ameaçado. Segundo Maquiavel; “quando os príncipes pensam mais nas delicadezas do que nas armas, perdem o seu Estado. A primeira causa que te faz perder o governo é negligenciar dessa arte (a guerra), enquanto que a razão que te permite conquistá-lo é o ser professo da mesma.” Mas o que exatamente isso quer dizer? Bem, para o autor de O Príncipe, aquele que está mais preocupado com assuntos corriqueiros e menos com a guerra, está colocando constantemente seu próprio poder em risco. O príncipe deve, portanto, atentar acima de tudo à sua própria segurança e a de seu Estado. Isso parece um tanto lei da selva, não é mesmo? Mas não se esqueça de que devemos ter em mente o pano de fundo em que essas ideias foram concebidas, e aqui faremos uma interrogação: - será que hoje em dia vivemos realmente em um mundo de plena paz? Percebe-se pela sua obra que Maquiavel deixa a mostra seu entendimento e suas características de um homem realista, pragmático e empirista. Há quem diga pelo livro O Príncipe, que Maquiavel defendia a República, outros o Absolutismo, porém, devemos ter a concepção de que este livro é um manual para solucionar um problema que estava ao seu redor e que o afetou diretamente. O viés Renascentista de Maquiavel, como citado anteriormente, trouxe algo novo e diferentemente do que era na época. A Ética Cristã envolvia e interferia na sociedade e no sistema político, Maquiavel sendo um dos grandes Renascentistas resgatou conquistas antigas e anteriores ao pensamento cristão, para que, com essas ideias, resultar na união da Itália. Maquiavel não chegou a ver Itália unida, mas deixou um conjunto valioso de ideias que revolucionou o entendimento político e contribuiu na visão de um novo paradigma no que se tratava do tema política, estas contribuições idealizam um Estado forte por meio de um governante forte que teria a capacidade de conquistar o poder e mantê-lo. Maquiavel propôs olhar ao redor e ver realmente o que aconteceria na sociedade, que de certa forma entrava em contradição com o pensamento antigo. A contribuição do pensamento político de Maquiavel para a constituição da ideia de estado moderno foi de trazer a tona à realidade pelo empirismo e a coerência por meio da prática de governar. Além de valorizar o papel do governante, ele valoriza a participação política da sociedade, que por ser dos elementos essências do Estado interfere diretamente na constituição de um Estado Forte, sendo assim, tira a ideia de que a qualidade de Maquiavel tem correlação com uma má conduta, mas sim a de pensador que estava preocupado em constituir com a formação de um Estado poderoso e unido, com governante que fosse completamente capaz de exercer este poder, pensamento este que apesar de um determinado tempo esquecido, fez com que Maquiavel se tornasse um importante pensador e influenciador de uma nova forma de pensar o Estado. O Legado de O Príncipe, se expressa: “Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens que se pode dizer, de uma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.” De frente com a Itália de sua épocaem que se encontrava corrompida, dividida, sujeita às invasões internas, Maquiavel não tinha dúvidas em relação a unificação e regeneração desta Itália. Era indispensável o surgimento de um homem virtuoso, capaz de fundar um estado, capaz de fazer ressurgir uma nova Itália. Era preciso então, de um príncipe. Charles de Montesquieu e a obra O Espírito das Leis harles de Montesquieu foi um importante filósofo que nasceu em 18 de janeiro de 1689, na cidade de Bordeaux (França) era político e escritor. É considerado um dos grandes filósofos do Iluminismo na Europa do século XVIII. Ele nasceu numa família nobre francesa. Estudou numa escola religiosa de oratória. Após concluir a educação básica, foi estudar na Universidade de Bordeaux e depois em Paris. Nestas instituições teve contato com vários intelectuais franceses, principalmente, com aqueles que criticavam a monarquia absolutista. Com a morte do pai em 1714, retornou para a cidade de Bordeaux, tornando-se conselheiro do Parlamento da cidade. Nesta fase, viveu sob a proteção de seu tio, o barão de Montesquieu. Com a morte do tio, Montesquieu assume o título de barão, a fortuna e o cargo de presidente do Parlamento de Bordeaux. Em 1715, Montesquieu casou-se com Jeanne Lartigue. Tornou-se membro da Academia de Ciências de Bordeaux e, nesta fase, desenvolveu vários estudos sobre ciências. Porém, após alguns anos nesta vida, cansou-se, vendeu seu título e resolveu viajar pela Europa. Nas viagens, começou a observar o funcionamento da sociedade, os costumes e as relações sociais e políticas. Entre as décadas de 1720 e 1740, desenvolveu seus grandes trabalhos sobre política, principalmente, criticando o governo absolutista e propondo um novo modelo de governo. Montesquieu veio a falecer em 10 de fevereiro de 1755, na cidade de Paris. A obra mais importante escrita por Montesquieu foi o tratado político O Espírito das Leis, de 1748. Nesta obra ele defende um sistema de governo constitucional, a separação dos poderes, a preservação das liberdades civis, manutenção da lei e o fim da escravidão, apresentou ainda a ideia de que as instituições políticas representam aspectos geográficos e sociais de cada comunidade, um conceito inovador para a época. Em sua teoria constitucional, Montesquieu definiu três principais formas de governo: republicano, monárquico e despótico. Governos republicanos poderiam variar de acordo com a extensão dos direitos de seus cidadãos, sendo dois os tipos mais característicos, as republicas democráticas, nas quais cidadania é mais ampla, e as republicas aristocráticas, nas quais a cidadania é restringida em alguma medida. Em diferentes épocas, regiões e estruturas sociais, as republicas variam entre estes dois pólos. Os regimes monárquicos por outro lado são como o nome estabelece, regidas por um monarca. Se existe um conjunto de leis que restringe a autoridade do governante, o regime é considerado uma monarquia. Se não existe um conjunto de leis restringindo a autoridade do governante, o regime é considerado despótico. https://www.infoescola.com/livros/o-espirito-das-leis/ Por trás de cada sistema político existe um princípio que direciona o comportamento dos indivíduos que vivem sob aquele regime. Estes princípios podem nos auxiliar a entender sob qual regime uma sociedade vive. Para os regimes despóticos, o princípio é o medo do governante, na ausência deste um regime despótico não perdurará, pois sem medo os indivíduos se levantarão contra o governante. No caso das monarquias o amor pela honra é o princípio que dirige o comportamento da sociedade. E no caso das republicas democráticas este princípio é o amor à virtude. Uma sociedade na qual não exista amor à virtude nunca será capaz de estabelecer uma república democrática, da mesma forma que um regime monárquico não persistirá se não houver amor à honra. Montesquieu rejeitou a ideia de liberdade como autogoverno coletivo. Rejeitou também a ideia de que liberdade significaria ausência de restrições. Para o pensador, estas duas posições são hostis à liberdade política. Ainda, a liberdade seria possível, embora não garantida, apenas em sistemas monárquicos e repúblicas, nunca em sistemas despóticos. O modelo de liberdade política apresentada por Montesquieu dependeria de dois elementos: 1. A separação dos poderes Mesmo em uma república, se não há separação de poderes, a liberdade não pode ser garantida, pois a separação de poderes em diferentes esferas independentes permite que um poder restrinja tentativas de outros poderes de infringir a liberdade dos indivíduos. 2. Um conjunto apropriado de leis civis e criminais para garantir a segurança pessoal Liberdade de pensamento, expressão e associação, além da eliminação da escravidão, seriam os elementos fundamentais deste conjunto. Montesquieu incluía ainda, o direito a um julgamento justo, a presunção da inocência e a proporcionalidade na severidade das penas. Na obra de Montesquieu, percebe-se que ele está fundamentalmente preocupado com a estabilidade dos governos, ou seja, a estabilidade do funcionamento do funcionamento das instituições políticas, neste sentindo, ele retoma a problemática apontada por Maquiavel no que tange as condições de manutenção do poder. Os pensadores que antecederam Montesquieu, são teóricos do Contrato Social e estão preocupados com a natureza do poder político, além de tenderem a reduzir a questão da estabilidade do poder à sua própria natureza. No rompimento do estado de natureza em que a ameaça de guerra de todos contra todos coloca em risco a sobrevivência do homem, o Contrato Social, que também podemos entender como um “pacto”, ao instituir o estado de sociedade em que garanta a estabilidade contra o risco de anarquia ou de depotismo. As ideias de Montesquieu afirma que o estado de sociedade deve comportar variáveis formas de realização, além de elas se acomodarem bem ou mal a uma grande variedade de povos, com culturas diferentes, formas de organizar a sociedade, além de comércio e o governo. Tal diversidade não deve ser explicada pela natureza do poder, então, o que devemos investigar não é a existência de instituições políticas, mas sim a maneira como elas funcionam e se comportam em uma sociedade tão diversa. Segundo J. A. Guilhon Albuquerque, Doutor em Sociologia do Desenvolvimento pela Université Catholique de Louvan: “Dentro da história do pensamento, Montesquieu também ocupa posição paradoxal. Sua obra trata da questão do funcionamento dos regimes políticos, questão que ele encara dentro da ótica liberal, ambas problemáticas consideradas típicas de um período posterior. Além disso, Montesquieu é um membro da nobreza que, no entanto, não tem como objeto de reflexão política a restauração do poder de sua classe, mas sim como tirar partido de certas características do poder nos regimes monárquicos, para dotar de maior estabilidade os regimes que viriam a resultar das revoluções democráticas.” CONCLUSÃO A Obra de Montesquieu que demorou vinte longos anos para ser redigida e é composta de 31 livros. Sem sombras de dúvidas “O Espírito das Leis”, é considerada sua obra-prima, demonstra a relação que os governantes ter com a Constituição de cada Governo, com os costumes, clima, religião, comércio e demais fatores constantes do meio. Pode-se dizer que O Espírito das Leis não foi seguido à risca pelos governantes em seu tempo, mas serviu de guia para muitos governos, em muitos lugares do mundo, sendo trazido como base fundamental do poder até os dias atuais. Destaca-se e analisa-se em separado o aspecto propriamente político e social do homem. “Não se deve de modo algum estatuir pelas leis divinas o que deve sê-lo pelas leis humanas, nem regulamentar pelas leis humanas o que deve ser feito pelas leis divinas”, escreve Montesquieu, estabelecendo a divisão entre religião e política.Quer assim demarcar o domínio próprio da política e de sua ciência, que não se confunde com o da religião ou o da moral. Para muitos, ele inaugura a sociologia política, a qual vivemos em nossos dias atuais. Prega a ideia de que qualquer Estado contém três tipos de poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Se cada poder agir por sua própria conta, não há como impedir as arbitrariedades, é o mínimo de liberdade. No oposto, onde cada um interfere no outro, uma combinação entre ambos, forma-se um equilíbrio. E esse era o modelo almejado e proposto para este grande sabedor do espírito das leis. Segundo suas próprias narrativas: “Quando se faz uma estátua, não se deve estar sempre sentado no mesmo lugar, é preciso vê-la de todos os lados, de longe, de perto, de cima, de baixo, em todos os sentidos.” A sua obra representa uma grande reflexão sobre o homem, as religiões, os valores morais e os costumes, estes que devem ser analisados em si mesmos, para o pensador, o que importa não é julgar os governos existentes, mas compreender a natureza e o princípio de cada espécie de governo.
Compartilhar