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Composição do sistema urinário: • Rins • Ureteres • Bexiga • Uretra Introdução A semiologia urológica na infância exige dedicação e sensibilidade próprias das especialidades pediátricas e a pesquisa de sinais e sintomas e está diretamente relacionada à idade da criança. Informações pelos próprios pacientes maiores ou acompanhantes dos menores, sofrem uma variabilidade extrema na sua precisão e qualidade → a anamnese deve ser necessariamente complementada por um exame físico minucioso, que também tem suas peculiaridades. Anamnese Sintomas gerais: • Dor - Um dos principais responsáveis pela visita médica. - Há o risco de representar doenças graves. - Dentre as mais frequentes destacam-se: Dor abdominal - geralmente inespecífica e difusa; Dor genital, miccional (disúria) e testicular. • Inapetência, astenia, ganho ponderal inadequado/perda de peso Neonatos e lactentes que não conseguem mamar correm risco de hipoglicemia e crianças maiores de desidratação e desnutrição. Tais situações podem ser vistas em doenças urológicas, especialmente em quadros infecciosos, quando a febre inexiste por imaturidade do sistema imunológico e necessitam de pronta intervenção. Curvas de crescimento em platô ou mesmo descendentes podem estar presentes em crianças com antecedentes de infecções urinárias de repetição e devem ser investigadas quanto a possíveis causas subjacentes. Sintomas específicos • Frequência miccional Sofre variação da idade e ingesta hídrica. Amentada (polaciúria): ≥ 8 vezes/dia. Diminuída: ≤ 3 vezes/dia. Geralmente, se associa a situações que comprometem o armazenamento urinário vesical. • Incontinência É a saída involuntária de urina em qualquer situação. Deve ser caracterizada quando ocorre após o controle miccional plenamente adquirido ou quando este já deveria ter sido obtido. Pode ser contínua ou intermitente. - Acordado: diurna. - Dormindo: enurese noturna – condição clínica a partir de 5 anos de idade. • Urgência Desejo súbito e de difícil contenção para urinar após a aquisição do controle miccional completo ou quando este já deveria ter sido obtido. Pode estar associado a perdas urinárias. • Noctúria É o desejo de despertar para urinar. • Hesitância É a dificuldade para iniciar o jato urinário quando existe o desejo miccional. Não reflete a necessidade de esforço, mas de desencadear a contração vesical para iniciar a micção. • Esforço miccional Semiologia do Aparelho Urinário Refere-se à necessidade de impor um aumento da pressão abdominal (Valsalva) para iniciar e/ou manter o jato urinário. • Jato urinário Denota um jato urinário com pressão diminuída, podendo ser evidenciado como mais afilado e com alcance menor. • Intermitência Diz respeito a um jato urinário que não se completa de forma contínua, mas apresenta intervalos com interrupção ou importante redução de seu fluxo. • Disúria Dor ou queimor ao urinar. Deve ser caracterizada quanto ao momento do jato urinário: - Inicial: sugere doenças uretrais. - Terminal: mais frequente em doenças vesicais. Manobras de retenção - São atitudes corporais praticadas pelas crianças para retardar ou impedir a micção. • Cruzamento das pernas; • Apertar ou tracionar a genitália; • Acocorar-se pressionando o períneo contra um dos calcanhares - reverência de Vincent. • Gotejamento pós-miccional É a presença de saída de conteúdo urinário em gotas ao término do fluxo miccional. • Jato em spray ou duplo Representa a saída do jato urinário de forma espalhada ou dividido em dois fluxos de direção distintas. • Retenção urinária É a incapacidade absoluta de promover a micção → não ocorre o esvaziamento vesical voluntário. Retenção urinária aguda: manifesta-se em litíase coloureteral, ulcerações do meato uretral, cistite e uso de opióide. É resolvido com cateterismo vesical. Retenção urinária crônica: a bexiga é distendida pelo esvaziamento incompleto e seu volume ultrapassa o limite da elasticidade vesical, havendo um transbordamento de urina. Pode ocorrer em casos obstrutivos funcionais ou anatômicos da uretra posterior (VUP), síndrome da deficiência dos músculos abdominais e síndrome da bexiga preguiçosa. • Outros sinais e sintomas Edema: divididos em nefróticos e nefrítico, ele pode ser localizado ou generalizado, dependendo do grau de retenção de água. Febre: febre alta acompanhada de arrepios, calafrios, urina turva e com odor fétido, dor lombar e hipogástrica são sintomas de infecções do trato urinário alto ou pielonefrite aguda. Em outros casos, a ITU se manifesta apenas com febre Hipertensão arterial. Massas palpáveis: rins policísticos, rim multicístico, grandes hidronefroses e tumores malignos ou benignos. Apesar de raros, os tumores de Wiilms, neuroblastoma e nefroma mesoblástico também podem apresentar massas abdominais palpáveis. Alterações do aspecto macroscópico da urina • Hematúria Apresentação de sangue na urina, transformando sua cor em vermelha. A origem do sangramento deve ser investigada com exames complementares e pelos aspectos da própria urina. • Piúria Apresentação turva, embaçada e malcheirosa da urina. Comum em infecção urinária, irritação da mucosa em litíase renal e desidratação intensa. • Quilúria Apresentação branco-leitosa da urina. Comum em filariose, bem como em tumores malignos quando há bloqueio linfático. • Cristalúria Apresentação branca como giz da urina, resultante da precipitação de fosfato ou carbonato em urinas alcalinas. • Urina espumosa Apresentação comum em casos de proteinúria. Alterações do débito urinário • Oligúria Diminuição do débito urinário abaixo de 1 ml/kg/hora. Pode se manifestar em necrose tubular aguda, necrose cortical, glomerulonefrite aguda, nefrite intersticial, trombose dos vasos renais e rejeição de transplantes e por baixa ingesta hídrica. • Anúria Ausência de eliminação de urina ou eliminação de volume inferior a 100 ml em 24 horas no paciente adulto. É sinal de insuficiência renal aguda, mas pode ser obstrução urinária. Poliúria Eliminação persistente de volumes urinários aumentados. Assim como pode ser simples manifestação de grande ingesta de água e bebidas alcoólicas, pode ser diabetes insipidus hipofisário ou nefrogênico, polidipsia compulsiva, descompensação diabética e hipercalcemia. Antecedentes Na população pediátrica os antecedentes se revestem de grande importância, podendo ser determinantes na investigação, diagnóstico ou mesmo tratamento da doença em questão. Nenhuma criança deve ter negligenciada este aspecto de sua anamnese, salvo na impossibilidade de obtê-lo. Destacam-se: • História familiar de doença. • Gravidez e parto. • Primeiros dias de vida. • Vacinação. • Cirurgias e outros tratamentos. • Doenças associadas. • Desenvolvimento neuropsicomotor e crescimento. • Ambiente: familiar, domiciliar e escolar. • Alimentação. Exame físico • Inspeção - Apesar da localização inteiramente abdominal e pélvica do sistema urogenital, a inspeção em urologia infantil deverá incluir desde a região craniofacial até os membros inferiores. 1. A face poderá revelar doenças genéticas. 2. Anormalidades torácicas podem estar associadas a malformações congênitas como válvulas de uretra posterior graves. 3. A parede abdominal pode revelar massas abdominais visíveis → sendo a hidronefrose uma de suas principais causas. 4. Deformidades em membros associadasa estigmas dorsais de defeitos do fechamento do tubo neural → pilificação anormal, cicatrizes, tumorações. 5. Perdas urinárias podem ser desencadedas durante o choro. 6. Abaulamento da região inguinoescrotal, presente em quadros de hérnias inguinais. 7. Flagrar um jato urinário pode também trazer muitas informações objetivas ou corroborar o relato da anamnese. 8. Doenças congênitas genitais ou com repercussão nesta região dependem de diagnóstico visual imediato, como as hipospádias e a genitália ambígua. 9. Escala de Tanner deve ser caracterizada neste momento. - A mama e os pelos pubianos não estão sempre no mesmo grau. Ou seja, a mama pode ser grau III, enquanto os pelos pubianos são grau II. • Palpação e percussão A principal causa não-oncológica de aumento do volume abdominal em crianças é a hidronefrose e a segunda oncológica é o Tumor de Wilms. Palpação bimanual de Guyon Manobras na tentativa de alcançar o órgão Se a criança puder colaborar, a inspiração projetará o rim mais abaixo, facilitando o exame. Os ureteres, em geral, são inacessíveis ao exame palpatório. A punho-percussão das lojas renais na pesquisa da dor (sinal de Giordano) é de pouca serventia em crianças, devido à limitação no fornecimento das informações própria da idade e deve ser evitada por causar desconforto desnecessário. Em escolares e, principalmente, adolescentes, deve ser pesquisada. A bexiga poderá ser palpável em casos de retenção urinária, projetando-se as mãos em garra no sentido crânio-caudal em todas as direções que permitam limitar o globo vesical. Nos meninos, o testículo e epidídimo devem ser palpados em toda sua extensão. Com uma das mãos apreende-se o órgão projetando-o contra a pele da bolsa escrotal e com a outra mão palpa-se toda sua superfície e contorno. Os cordões também devem ser palpados. O reflexo cremastérico pode ser pesquisado passando- se o indicador pela face interna da coxa e observando- se a ascensão testicular. O prepúcio deve ser completamente retraído se possível. Doenças urológicas mais comuns
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