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Crédito Tributário Profª. Ma. Clarissa Mortari Simões Crédito Tributário Art. 139 do CTN - O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O crédito tributário nada mais é do que às prestações devidas às Fazendas Públicas quando o sujeito passivo realiza os fatos geradores de tributos ou comete penalidades tributárias. Por isso, podemos dizer que o crédito tributário decorre da obrigação principal. Art. 140 do CTN - As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Art. 141 do CTN - O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Lançamento Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. O crédito tributário (art. 139 do CTN) torna-se exigível a partir do lançamento tributário, que é o ato administrativo que formaliza a obrigação tributária, quantificando-a (quantum debeatur) e qualificando-a. Ou seja, no art. 142 fica demonstrado que a opção do legislador foi separar o momento do surgimento da obrigação tributária daquele do crédito tributário (que só ocorre após o lançamento). O lançamento constitui o crédito tributário e declara existência de uma obrigação tributária anterior. O lançamento tem o papel de formalizar a ocorrência das obrigações tributárias, que já ocorreram no mundo real. Neste momento, a relação jurídico-tributária passa a ser vista pelo contribuinte como obrigação tributária e pelo Fisco como crédito tributário. Imagem retirada do livro D. Tributário Facilitado, pag. 364 Procedimento de lançamento: -Procedimento administrativo: é um ato administrativo que visa a verificação do fato gerador, cálculo do valor supostamente devido, identificação do contribuinte, dentre outras análises que são feitas apenas pelos agentes do fisco. -Verificar a ocorrência do fato gerador: a autoridade administrativa deverá descrever com precisão o fato gerador praticado pelo sujeito passivo, desde o início do ato. Sob pena de ter um ato com alguma nulidade. -Determinar a matéria tributável e calcular o montante do tributo devido: a autoridade fiscal deve verificar a lei e os aspectos aplicáveis ao sujeito passivo (hipótese de incidência, fato gerador, alíquotas, base de cálculo), e gerar o cálculo do tributo devido. -Identificar o sujeito passivo: determinar quem é o sujeito passivo – o contribuinte ou o responsável. -Propor a aplicação de penalidade cabível: se a autoridade administrativa verificar alguma ilicitude praticada, e multa aplicada, deverá lançar também a cobrança da penalidade pecuniária. Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. Quando a tributação ocorre sobre valores em moeda estrangeira, no momento do lançamento deverá ser realizada a conversão em moeda nacional utilizando-se o câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Aqui estamos diante do P. da Irretroatividade. Ou seja, se ocorre um fato gerador, ele será cobrado pela lei vigente na data do fato, mesmo quando o lançamento ocorre em outro momento, já sob a vigência de nova lei. Ex. Um imposto tem seu fato gerador ocorrido em 20 de janeiro de 2019, onde a cobrança do imposto era de 5% sob o valor do serviço/mercadoria. Ele só é efetivamente lançado em maio de 2020, e nesse momento a lei já havia sido alterada, majorando a alíquota para 10%. Mesmo assim o lançamento vai ocorrer com o valor anterior. Impostos como IPTU e IPVA se repetem no tempo. Normalmente eles são cobrados a partir de 1º de janeiro. O fato gerador desses tributos se renova nessa data. Por isso, o §2º determina a não aplicação da regra geral, e sim a aplicação da lei que se renova a cada ano. §1º seria aquela “exceção” ao P. da irretroatividade, que determina a possibilidade de lei nova retroagir quando for para aclarar entendimento ou fazer uma fiscalização de forma diferenciada. Não altera a cobrança do valor do tributo. Após a constituição do crédito tributário, através do lançamento, o sujeito passivo será notificado do valor a ser pago. Porém o CTN, no art. 145, permite a alteração do lançamento nas seguintes situações: I -Impugnação do sujeito passivo: o sujeito passivo tem o direito de impugnar o lançamento na própria administração. Se for verificado erro, o lançamento será modificado ou anulado. II - recurso de ofício: quando o fisco tem uma decisão desfavorável (no PAT – Processo Administrativo Tributário), ou seja, favorável ao contribuinte, ele obrigatoriamente ira enviar a decisão para um órgão de 2º grau para verificar novamente. III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149: quando a própria autoridade administrativa verifica um erro no lançamento, e voluntariamente (de ofício) o corrige. Tipos de lançamento: De acordo com o CTN, temos 3 espécies de lançamento, em virtude da intensidade da participação do contribuinte no ato de formalização da obrigação tributária: a)Lançamento direto, de ofício ou ex officio (art. 149, I) - É aquele lançamento realizado pela autoridade fiscal que, dispondo de dados suficientes em seus registros para efetuar a cobrança da exação, constitui o crédito tributário dispensando o auxílio do contribuinte. Exemplos: IPTU, IPVA, taxas e contribuição de melhoria. b)Lançamento misto ou por declaração (art. 147) - Nessa espécie, o Fisco constitui o crédito tributário a partir de informações fornecidas pelo contribuinte por meio de declaração, sem as quais o lançamento ficaria prejudicado. Exemplos: o imposto de importação e o imposto de exportação. c)Lançamento por homologação ou autolançamento (art. 150) - No lançamento por homologação, o contribuinte participa direta e ativamente de sua formatação (cálculo e pagamento do tributo), cabendo ao Fisco tão somente o procedimento homologatório. Exemplos: ICMS, IR, IPI, PIS, COFINS entre outros. O CTN, em seu art. 151, enumera os seguintes casos de suspensão da exigibilidade do crédito tributário: I – Moratória - é a dilatação legal do prazo de pagamento e é regulada pelo CTN em seus arts. 152 a 155. O art. 152 do CTN confere à moratória duas formas de concessão: a moratória geral e a moratória individual. Na forma geral, a moratória é concedida por lei, sem anecessidade da participação da autoridade administrativa. Na forma individual, a autoridade administrativa concederá o benefício por despacho administrativo, se assim for autorizado o benefício pela lei. No primeiro caso abrange todos os sujeitos passivos, sem distinção, ou àqueles pertencentes a um certo grupo, região, perfil etc. Quando concedida individualmente, por razões óbvias, limita-se ao beneficiado tão somente. O art. 153 do CTN, nos seus incs. I, II e III, trata dos requisitos obrigatórios e facultativos a serem cumpridos pelo beneficiário da moratória, o prazo e as condições em que se dará a concessão do favor. II – Depósito do montante integral – é o depósito feito para garantir uma discussão administrativa ou judicial. o STF, em sua Súmula n.º 373, tornou ilegítima a exigência de depósito prévio como requisito para a impetração de recurso administrativo, por entender que sua exigência seria obstáculo ao direito de petição e ao direito de recorrer, em especial para grande parcela da população brasileira. No mesmo sentido súmula vinculante 21 e 28! O depósito integral é um direito do contribuinte, que o utiliza visando à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Caso venha a perder a demanda, não incidirá juros.Entende-se por “integral” o depósito realizado em dinheiro, que engloba o tributo acrescido de juros e multas. Ressalte-se que seu valor será aquele exigido pelo Fisco, e não o pretendido pelo contribuinte. III – Reclamações e recursos administrativos - A suspensão da exigibilidade do crédito tributário pode se dar pela via administrativa. As reclamações e os recursos administrativos representam, em geral, o primeiro passo antes da via judicial, trazendo a vantagem de não imporem ao litigante a incidência das custas judiciais. Como é sabido, enquanto perdurar a lide no âmbito administrativo, a exigibilidade do crédito tributário permanecerá suspensa, e o contribuinte poderá obter uma certidão positiva com efeito de certidão negativa, conforme o art. 206 do CTN. IV – Concessão de liminar em mandado de segurança ou em cautelar - O mandado de segurança designa ação judicial própria à defesa de direito líquido e certo (provado de plano), e violado – ou na iminência de o ser – por ato abusivo de uma autoridade que age com coação (autoridade coatora). Trata-se de ação com possibilidade de conferir ao impetrante da ordem uma decisão que suspende a exigibilidade do crédito tributário, ou seja, a liminar. O magistrado deverá verificar se estão presentes os pressupostos autorizativos dessa medida de logo no início da ação (inciso III do art. 7º da Lei n. 12.016/2009) quais sejam: 1) relevante fundamento do pedido, também conhecido pela expressão latina fumus boni juris; e 2) ineficácia da medida, caso não seja deferida de imediato, também intitulada periculum in mora. V – Concessão de tutela antecipada em outras ações – A suspensão do crédito tributário, por meio de tutela concedida em ação judicial, consta expressamente no rol dos incisos do art. 151 do CTN. Para tanto, o contribuinte deverá pleitear a concessão de medida, que poderá ser declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária ou anulatória de débito fiscal. VI – Parcelamento - O parcelamento se caracteriza pelo ato do contribuinte, após requerimento à autoridade administrativa, de conduzir recursos de forma não integral ao Fisco. A providência gera a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Segundo entendimento do STF, o parcelamento constitui-se em ato discricionário da esfera administrativa, e, após sua concessão, passa a se revestir de direito líquido e certo para o contribuinte. art. 155-A do CTN dispõe que o parcelamento será concedido na forma e na condição estabelecidas em lei específica. Por isso, não se pode tolerar a autorização estatal para que atos infralegais, como portarias, tratem de condições não previstas na lei do parcelamento. Só a lei define como será o parcelamento. Ex: Refis - Programa de Recuperação Fiscal é um programa que propõe facilitar a regularização de tributos em atraso de pessoas jurídicas ou físicas. O Refis é organizado por órgãos públicos federais, como: • Receita Federal do Brasil (RFB); • Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN); • Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS). O Refis funciona como um programa de renegociação de dívidas de contribuintes com a União. Com ele, é possível reduzir multas e juros, e até mesmo efetuar um parcelamento dos valores devidos. Para facilitar a renegociação, existem diferentes modalidades e vantagens, principalmente para empresas que efetuam o pagamento à vista e o valor pode ser o mais reduzido possível. No caso dos parcelamentos, os prazos podem chegar aos 180 meses. (Lei 9964/2000 – lei que instituiu o Refis). Causas de exclusão do Crédito Tributário: 1)Isenção - inciso I do art. 175 do CTN. É “o próprio poder de tributar visto ao inverso”, ou seja, a norma isentiva incidirá para que a norma da tributação não incida. Não se confunde com a imunidade: esta tem respaldo constitucional; a isenção, legal. Seus efeitos desonerativos atingem a obrigação tributária principal, mantendo os deveres instrumentais do contribuinte, ou seja, as chamadas obrigações tributárias acessórias (art. 175, parágrafo único, do CTN). O contribuinte isento continuará obrigado às prestações positivas ou negativas que não correspondam ao pagamento de tributo (art. 113, § 2.º, do CTN). Em regra, a isenção se relaciona apenas a impostos! Os principais exemplos são a isenção de IPI e IOF concedida aos deficientes físicos que compram automóveis adaptados às suas necessidades. Alguns indivíduos podem requerer a dispensa do pagamento do IR. Estão incluídas nessa hipótese as pessoas que apresentam quadro clínico de cegueira, cardiopatia, AIDS, alienação mental, mal de Parkinson, esclerose múltipla, fibrose cística, hanseníase, tuberculose, neoplasia maligna e outras doenças. As isenções poderão ser revogadas a qualquer tempo, com exceção das isenções onerosas, uma vez que estas proporcionam direito adquirido, conforme entendimento do STF (Súmula n.º 544 e RE 169.880/SP-1996). 2) Anistia - A anistia é uma causa de exclusão do crédito tributário, consoante o inciso II do art. 175 do CTN. É o perdão das penalidades pecuniárias, concedido por lei, antes da constituição do crédito tributário. Não é possível a isenção ou anistia para tributo ou multa já lançados. Somente pode ser aplicada a infrações cometidas antes da vigência da lei que a tiver concedido, operando efeito retrospectivo. É o que se depreende do caput do art. 180 do CTN. Seus efeitos desonerativos atingem a obrigação tributária principal, mantendo as chamadas obrigações tributárias acessórias (art. 175, parágrafo único, do CTN). A anistia não gera direito adquirido. Poderá ser anulada se não houver a satisfação das condições, não se computando, para efeitos de prescrição, o tempo decorrido entre a concessão da anistia e a sua revogação, caso tenha havido dolo, fraude ou simulação. Ex. a Prefeitura permite o pagamento de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU sem a incidência de multas e juros. Também é anistia quando o Governo Federal concede um parcelamento especial perdoando total ou parcialmente as multas e juros incidentes sobre os tributos em atraso.
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