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E-mail para contato libia.renata.o.s@gmail.com IES: UNESA
Autor(es): Líbia Renata Oliveira de Souza
Palavra(s) Chave(s): Sistema Penitenciário; Estado de Coisas Inconstitucional; Políticas Públicas; Omissão Estatal.
Título: POLÍTICAS PÚBLICAS OMISSIVAS E O “ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL” NO SISTEMA PENITENCIÁRIO 
BRASILEIRO: INTERSEÇÕES SEGUNDO A ADPF 347 MC/DF
Curso: DIREITO
Ciências Jurídicas
RESUMO
O Partido Socialismo e Liberdade – PSOL; em maio de 2015; instigou o Supremo Tribunal Federal – STF; por meio de Arguição de Descumprimento 
de Preceito Fundamental – ADPF; com pedido de medida liminar; a reconhecer o “Estado de Coisas Inconstitucional” no Sistema Penitenciário 
Brasileiro e a adotar providências para cessar as lesões de preceitos fundamentais das pessoas privadas de liberdade. no processo; protocolado e 
autuado como ADPF-347; o referido partido alega lesões de preceitos fundamentais no âmbito do Sistema Penitenciário Nacional são 
provenientes de ações; bem como omissões da União; dos Estados e do Distrito Federal. Quatro meses depois; o STF julgou a medida cautelar na 
referida arguição de descumprimento de preceito fundamental. Assim; em setembro de 2015; o Plenário do STF reconheceu o que chamou de 
“quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais”; o qual caracteriza o “Estado de Coisas Inconstitucional”. no julgamento; tal 
estado foi atribuído a “falhas estruturais” e “falência de políticas públicas”. Este é o tema geral deste resumo. Partindo daí; surge um problema: o 
“Estado de Coisas Inconstitucional” no Sistema Penitenciário Brasileiro é fruto de uma política pública omissiva? e caso positivo; existem políticas 
públicas inconstitucionais? em maio de 2021; a questão do “Estado de Coisas Inconstitucional” voltou à tona; com a retomada do julgamento da 
ADPF-347; pelo Plenário Virtual do STF. Atualmente; o julgamento se encontra suspenso com pedido de vista do Ministro Roberto Barroso. Deste 
modo; o assunto se mostra relevante e resta clara a necessidade de sua discussão; também no meio acadêmico. Neste contexto de debate 
acadêmico; objetiva-se descrever e qualificar a tomada de decisão estatal frente aos problemas relatados na ADPF-347 MC/DF. Assim; o estudo 
tem como objeto principal os pontos levantados na ADPF-347; em especial no pedido de medida cautelar. O “Estado de Coisas Inconstitucional” 
do Sistema Penitenciário Nacional é comumente tratado sob um viés jurídico; desta feita; com o intuito de trazer um olhar mais típico da ciência 
política; a pesquisa foi desenvolvida em nível exploratório; a fim de propiciar uma visão geral do tema e situá-lo enquanto um tema pertinente a 
políticas públicas. Os procedimentos adotados para pesquisa foram: o bibliográfico; a partir de materiais já produzidos sobre os temas de políticas 
públicas e “Estado de Coisas Inconstitucional”; e o documental; valendo-se de documentos como o teor inteiro do processo em tela e o relatório 
sobre o Sistema Penitenciário Nacional. Pois bem; antes de se adentrar nos resultados e conclusões; é necessário se esclarecer o quadro 
conceitual no qual se situa a pesquisa. a presente pesquisa trabalha com o conceito e com a possibilidade de existência fática de uma “política 
pública omissiva”; isto é; omissões intencionais direcionadas à abordagem de um problema público. Neste caso; o problema público trazido à 
baila é o “Estado de Coisas Inconstitucional” no Sistema Penitenciário Brasileiro. O “Estado de Coisas Inconstitucional”; por sua vez; consiste em 
uma criação da Corte Constitucional Colombiana; na qual; por meio de decisão; o órgão jurisdicional máximo de um Estado pode reconhecer uma 
situação fática; caracterizada por: violação maciça e generalizada de vários direitos constitucionais; omissão prolongada de autoridades; adoção 
de práticas inconstitucionais; não emissão de medidas legislativas; administrativas ou orçamentárias; existência de um problema social cuja 
solução envolve a intervenção de várias entidades; e/ou possibilidade congestionamento judicial se houver busca por tutela jurisdicional pelos 
afetados para obter a proteção de seus direitos. Segundo o julgamento da ADPF-347; a situação relatada no caso enquadra-se como “Estado de 
Coisas Inconstitucional” não só pela violação massiva de direitos constitucionais das pessoas privadas de liberdade; mas pela omissão contumaz 
do Poder Público (lato sensu); em fazer cessar tais violações. Conclui-se que as violações de direitos fundamentais; no Sistema Penitenciário 
Nacional; apontadas pelo PSOL; açoitam a Constituição Federal e caracterizam o “Estado de Coisas Inconstitucional”; o qual decorre; conforme o 
STF; de “falhas estruturais e falência de políticas públicas” e cujo desfazimento depende da adoção de medidas normativas; administrativas e 
orçamentárias. Embora; nos anos que sucederam a decisão liminar da ADPF-347; tenha havido avanços nas políticas públicas voltadas ao Sistema 
Penitenciário Nacional; é evidente que as medidas tomadas até o presente momento “são insuficientes” para reduzir o abismo entre as 
prescrições constitucionais e a realidade; segundo balanço do próprio Conselho Nacional de Justiça. Rememora-se que as omissões estatais têm o 
mesmo peso valorativo que as ações se tratando de políticas públicas; porque as políticas públicas; quando de responsabilidade de autoridades 
governamentais; compreendem tudo aquilo que se escolher fazer ou não fazer. Mas para se avaliar se uma omissão estatal é uma política 
pública; faz-se necessário levar em consideração um dos elementos essenciais da política pública: a intencionalidade. Portanto; a resposta à 
indagação sobre o “Estado de Coisas Inconstitucional” no Sistema Penitenciário Brasileiro ser ou não fruto de uma política pública omissiva 
demandaria uma análise muito mais complexa que a ora proposta; pois exigiria uma análise retrospectiva das intenções governamentais sobre o 
problema público relacionado ao sistema prisional no Brasil. Todavia; é possível afirmar que o estado de coisas decorre sim de omissões 
voluntárias das autoridades públicas. Fato é que; conforme o exposto na ADPF-347; há legislação que garante os direitos das pessoas privadas de 
liberdade e há recursos para execução de políticas públicas voltadas à melhoria do sistema prisional e à garantia dos direitos das pessoas privadas 
de liberdade; mas não se vê mudanças expressivas; no sistema prisional; mesmo 5 anos após o julgamento da Medida Cautelar na ADPF-347. 
Resta ainda responder à indagação sobre a possibilidade de existência de políticas públicas inconstitucionais. Embora a Constituição deva ser 
matriz de das políticas públicas; é cediço que tais políticas estão sujeitas a controle jurisdicional; desta feita; ao que tudo indica; ao menos 
teoricamente; é possível conceber que existam políticas públicas formuladas e implementadas em desconformidade com paradigmas
constitucionais.
Ciências Jurídicas
DIREITO
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