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uAutismo.com.br OS 5 MITOS NO AUTISMO QUE TODOS OS PAIS E MÉDICOS DEVEM CONHECER Dra. Tielle Machado Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 1 uAutismo.com.br Aviso Legal O conteúdo neste ebook não se destina a substituir o aconselhamento, o diagnóstico ou o tratamento médico profissional. Sempre procure a orientação do seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com quaisquer perguntas que você possa ter sobre uma condição médica. Nunca desconsidere o conselho médico profissional. O atendimento presencial é insubstituível. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 2 uAutismo.com.br INTRODUÇÃO No início dos anos 80, a incidência de autismo era de 1 em 10.000 nascimentos. Em 2005, a incidência saltou para 1 em 250 nascimentos, em 2008 passou para 1 em 150 nascimentos, em Março de 2014 temos estudos mostrando que a relação hoje é de 1 a cada 68 nascimentos. Hoje já se fala de 1 a cada 50. O autismo já não era uma condição tão rara assim quando eu estava na faculdade de medicina, hoje em dia passou a ser uma condição muito comum. O autismo é um grave transtorno do desenvolvimento que se achava ser diagnosticável apenas a partir dos três anos de idade, mas que hoje já se sabe que os sinais podem aparecer até mesmo a partir dos 6 meses. A maioria das crianças autistas se parece com outras crianças, mas fazem coisas intrigantes e que são comportamentos marcadamente diferentes daqueles de crianças típicas. No autismo, as áreas comprometidas do desenvolvimento infantil podem ser: aprendizagem, cognição, interação e conexão social, comunicação, comportamental, sensorial e empatia. Mas os níveis de comprometimento em cada uma dessas áreas e seus respectivos sintomas podem ser tão variados que para isso foi criado o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses sintomas podem ser leves, severos, ou qualquer outro nível no meio disso. Quem trabalha com autismo sabe que cada criança autista é única. Você nunca encontra um autista igual a outro Os cientistas estão tentando entender até hoje as causas exatas do autismo, muito avanço já foi realizado mas muita pouca informação tem sido divulgada. Muito pouca. Diversos fatores de risco estão sendo estudados, inclusive infecciosos, metabólicos, nutricionais e ambientais, mas menos de 12% dos casos têm causas bem específicas que podem ser identificadas. No meio dessa escassez de informações precisas, novas e comprovadas, deu-se espaço a criação de mitos sobre o autismo além de Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 3 uAutismo.com.br diversos conceitos antigos que hoje já foram derrubados, mas que continuam presentes no entendimento público. Se você tem um familiar autista, recebeu o diagnóstico do seu filho (a) recentemente ou trabalha com autismo, então você está numa jornada de busca por conhecimentos que possam de alguma forma ajudar o autista que você conhece e neste livro eu te convido a dar o primeiro passo para desvendar alguns desses mistérios derrubando os 5 principais mitos sobre o Autismo que atrapalham essa jornada. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 4 uAutismo.com.br MITO 1 AUTISMO TEM SOMENTE CAUSA GENÉTICA Uma pesquisa da faculdade de medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, usou gêmeos idênticos (quando apenas 1 óvulo é fecundado por 1 espermatozoide) para ajudar a desvendar uma parte do quebra-cabeça. Uma vez que gêmeos idênticos compartilham quase o mesmo DNA, se houvesse um componente genético importante para o autismo, caso um gêmeo idêntico tivesse autismo, o mesmo deveria acontecer com seu irmão idêntico na grande maioria dos casos. No entanto, quando os pesquisadores concluíram as avaliações diagnosticadas em 192 pares de gêmeos (N=384), eles descobriram que os gêmeos fraternos (2 óvulos diferentes fecundados por diferentes espermatozóides) eram mais propensos a compartilhar um diagnóstico de autismo do que gêmeos idênticos. Os gêmeos fraternos compartilham apenas 50% de seu DNA, o que significa que outro fator provavelmente é responsável pelo duplo diagnóstico - e os pesquisadores apontam para os fatores ambientais. A suscetibilidade ao TEA (transtorno do espectro do autismo) tem origem genética moderada e um componente ambiental substancialmente compartilhado Estudos com gêmeos idênticos (monozigóticos) têm sido amplamente utilizados para pesquisas de doenças humanas com origens genéticas pois assume-se que eles são geneticamente idênticos. Entretanto estudos recentes demonstraram que os fatores ambientais (marcadores epigenéticos) também são capazes uma discordância fenotípica, o que coloca em questionamento a antiga noção de que gêmeos monozigóticos são essencialmente idênticos em sua genética, abrindo novas perspectivas de estudos. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 5 uAutismo.com.br Este não é um achado inteiramente surpreendente, pois mesmo que os pesquisadores de um estudo realizado em 2008 tenham encontrado uma mutação genética ligada ao autismo, as mutações estão presentes em apenas 1% de todas as crianças com autismo. Além disso, ninguém foi capaz de identificar um único "gene do autismo". E não existe tal coisa como uma epidemia genética. Os mais recentes estudos observam que a maioria dos casos de autismo parece resultar da ativação (ou "expressão") de um número de genes diferentes, múltiplos fatores epigenéticos e ambientais que interagem para definir os traços de autismo. Mas você já ouviu falar em epigenética? A EPIGENÉTICA é o estudo das mudanças na atividade dos genes que não envolvem alterações na sequência do DNA (código genético) e que pode persistir por uma ou mais gerações. Por exemplo, as mudanças do nosso ambiente que geram mudanças na nossa herança celular. O conceito da epigenética se traduz pelas adaptações que animais e plantas podem sofrer em seus genes sem que eles tenham necessariamente uma alteração no DNA, o que dá a receita para o organismo produzir as proteínas reguladoras das funções do corpo. Uma alteração epigenética não altera o gene em si, mas altera a forma como esse gene é lido, ativando ou inativando esse gene, o que vai permitir ou impedir que ele seja lido. Estas alterações na forma comoo nosso organismo é capaz de ler a sua informação genética é uma forma inteligente de permitir que o nosso organismo se adapte ao ambiente, sem ter que “esperar” que o DNA se torne mais “adaptado a novas situações" e “novas necessidades”. Infelizmente, os diferentes químicos presentes no nosso ambiente estão “embaralhando” este fantástico mecanismo aperfeiçoado ao longo de milhares de anos. E só agora os cientistas estão entendendo essa questão. Nos campo dos estudos epigenéticos, esses diferentes químicos são classificados como, por exemplo: toxinas ambientais, agrotóxicos, metais Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 6 uAutismo.com.br pesados, disruptores endócrinos, bisfenol A, PBDE, ftalatos, dentre diversas outras toxinas que lidamos e nos contaminamos no nosso dia-a-dia, seja no ambiente doméstico, seja no ambiente de trabalho. Portanto, há uma inter-relação entre a carga epigenética (desde o ambiente pré-natal) e a carga genética (de variação familiar ) interagindo entre si para comprometer o desenvolvimento neurológico, imunológico, estresse oxidativo e vias mitocondriais identificadas através de estudos da genética, fisiologia, expressão e / ou metilação no autismo. O autismo tem um componente genético, sobre isso não há dúvidas, mas já existe comprovação de que diversos fatores ambientais causam alterações epigenéticas gerando mais comprometimentos neurológicos. Cientistas do King's College de Londres fizeram um outro estudo genético comparativo usando 50 pares (100 indivíduos) de gêmeos monozigóticos (34 pares onde apenas um tinha diagnóstico de autismo, 5 pares onde os dois tinham autismo, e 11 pares de gêmeos sem diagnóstico). Estes cientistas se dedicaram estudar a metilação do DNA (um mecanismo epigenético que silencia a expressão genética) e encontraram várias diferenças epigenéticas. Algumas destas alterações epigenéticas eram em genes com grande impacto e influência em fases críticas do desenvolvimento cerebral. Portanto, as pesquisas mais recentes da atualidade estão evidenciando claramente que os fatores ambientais desempenham um papel igual, senão mais importante, na epidemia de doenças do espectro autista revogando o antigo pensamento de que autismo é apenas genético. O que nos leva ao nosso próximo mito a ser descortinado. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 7 uAutismo.com.br MITO 2 TODO AUTISTA JÁ NASCE AUTISTA Cada vez mais aumenta o número de crianças diagnosticadas com autismo que atingiram seus marcos de desenvolvimento no sentar, rastejar, caminhar e conversar, quase exatamente na mesma idade que as crianças típicas. Um número estatístico altamente significante de pais de autistas, quando questionados em pesquisas para que reflitam suas primeiras preocupações, recordam um período em que seus filhos perderam habilidades sociais e de comunicação no segundo ano de vida. Nesses relatos, os pais informam que seu filho (a) começou a ficar indiferente ao som de seu nome. Começou a falar menos do que antes ou parou completamente. Ele (a) parou de brincar com pessoas para brincar com coisas, parou de explorar variados objetos e atividades e passou a ter obsessão por alguns. Perdeu muitas das habilidades que já havia dominado e começou a balançar, girar, andar nas pontas dos pés ou balançar as mãos. Esse é o chamado Autismo Regressivo. Entretanto, os tipos de habilidades que se perdem, em qual idade eles a perdem e de que forma isso ocorre é extremamente variável, o que mais uma vez confirma a amplitude e diversidade do Espectro Autista. Muitas vezes, neste momento, é quando os pais, assustados, procuram respostas de especialistas. No autismo regressivo, a criança normalmente tem seus marcos de desenvolvimento iguais aos de outra crianças típica, até que começa a regredir e perder habilidades por volta dos 18 aos 24 meses de idade A literatura mostra que 1985, a incidência de autismo regressivo era igual à do nascimento. Em 1997, ambos os tipos aumentaram, embora a forma regressiva já mostrava-se acima de 75% do total de ocorrências. Isso indicava que uma condição adquirida ultrapassa os defeitos congênitos ou condições puramente genéticas. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 8 uAutismo.com.br Diversos estudos vêm sendo realizados sobre as possíveis causas de atrasos no desenvolvimento e Transtornos do Espectro Autista em crianças ao longo dos anos. Alguns desses experimentos com crianças do TEA tiveram resultados positivos, enquanto que outros falharam. Embora não tenhamos todas as respostas e mais pesquisas são necessárias, pelo menos já há comprovações científicas que identificam fatores não genéticos que contribuíram para o autismo regressivo, como a pesquisa da Universidade da Califórnia publicada pelo “The Journal of the American Medical Association”. Neste estudo, os pesquisadores conseguiram evidenciar em crianças autistas a Disfunção Mitocondrial, um distúrbio do metabolismo energético, como uma condição adquirida após o nascimento, mas sem ligações com causas genéticas, o que caracteriza o autismo regressivo nestas crianças. Neste tipo de disfunção há uma perda adquirida da capacidade de produzir energia nas células, danos às mitocôndrias (as fábricas de energia em suas células) e um aumento no estresse oxidativo (a mesma reação química que causa ferrugem nos carros, maçãs se tornem escuras, gorduras se tornem rançosa, etc). Como a função cerebral e o desenvolvimento neurológico são altamente dependentes da energia, o fracasso das mitocôndrias em produzir energia suficiente para alimentar o cérebro pode resultar em atrasos no desenvolvimento identificados no autismo. Outro grande avanço nas pesquisas foi o estudo liderado pelo doutor Paul Ashwood do Instituto de Investigação Médica de Transtornos do Neurodesenvolvimento (M.I.N.D.) na Universidade da Califórnia, publicado em 2013 pela Revista Científica Brain, Behavior and Immunity. Neste estudo, Ashwood e sua equipe encontraram evidências que vincularam o autismo regressivo com a disfunção imunológica, alterações cerebrais e distúrbios gastrointestinais. Estudos revelam que condições adquiridas após o nascimento são capazes de levar ao autismo regressivo Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 9 uAutismo.com.br Os participantes do estudo incluíram 57 crianças, com idades entre 2 e 3, diagnosticadas com TEA. Destes, 26 tiveram sintomas de autismo desde o primeiro ano de vida. Outros 31 foram descritos pelos pais como tendo desenvolvimento inicial típico seguido de regressão no segundo ano.Para comparação, o estudo também incluiu 29 crianças em desenvolvimento típico. Os pesquisadores tomaram amostras de sangue, avaliaram o comportamento e a saúde e realizaram estudos de imagem cerebral usando ressonância magnética. Eles descobriram que as crianças com TEA tinham significativamente mais glóbulos brancos (células imunes) do que as crianças em desenvolvimento típico. A equipe do Dr. Ashwood descobriu que as crianças com mais glóbulos brancos apresentavam comportamentos repetitivos mais severos. Elas também eram mais propensas a sofrer de constipação crônica. No trato digestivo, os glóbulos brancos atuam no sistema imune contra muitos tipos de bactérias, vírus e outros patógenos perigosos. Eles carregam essas bactérias para os gânglios linfáticos para desencadear vários tipos de respostas imunes. Quando essas células imunes reagem inadequadamente às bactérias intestinais, isso torna-se um caminho para a inflamação. Mudanças na função dos glóbulos brancos podem afetar e perturbar muitos processos imunológicos, incluindo a ativação de células T e a produção de auto-anticorpos que demonstraram ter uma forte ligação nos casos de autismo regressivo. A identificação de diferentes tipos de desordens fisiológicas capazes de impactar no sistema nervoso trouxe um novo entendimento para o etiologia do autismo Assim como as descobertas mencionadas nos estudos citados acima (que você pode conferir nas referências bibliográficas), diversas outras pesquisas e estudos científicos vêm cada vez mais evidenciando a presença de diferentes distúrbios e desordens sistêmicas no autismo que geram um forte impacto e comprometimento neurológico. E é exatamente isso que vamos investigar no próximo mito. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 10 uAutismo.com.br MITO 3 AUTISMO É UMA DOENÇA NEUROLÓGICA Originalmente, o estudo do autismo era principalmente restrito aos campos da psicologia e depois à genética. Hoje, grande parte da pesquisa passou para a neurologia. O problema com o modelo de que autismo é uma condição exclusivamente neurológica é que este modelo não consegue explicar porque crianças autistas apresentam tantas outras desordens sistêmicas como disfunção metabólica, disfunção endócrina, disfunção imunológica, inflamações crônicas, intolerâncias e alergias alimentares e principalmente a disfunção gastrointestinal. Isso é, de fato, o que torna o estudo do autismo tão desafiador - o espectro é tão amplo que, por um lado você tem autistas líderes de empresas de vários milhões de dólares e por outro você tem pessoas autistas incapazes de se comunicar ou mesmo vestirem-se sozinhos. Entretanto, os estudos avançam a cada dia e mais e mais pesquisas evidenciam que o Autismo não é uma doença unicamente cerebral mas sim uma desordem sistêmica com distúrbios também neurológicos. E você vai entender agora porquê. As crianças usam todos os seus órgãos sensoriais para coletar informações do seu ambiente, o que é enviado ao o cérebro para processamento. Esta é uma parte fundamental da aprendizagem. No entanto, estudos demonstram que a toxicidade que flui do intestino pode obstruir o seu cérebro, impedindo que ele desempenhe sua função normal e o processamento de informações sensoriais. Autismo é uma doença sistêmica, uma patologia imuno-tóxico-metabólica, com distúrbios também neurológicos. A Dra. Martha Herbert, neuropediatra, pesquisadora e professora de neurologia na Escola de Medicina de Harvard nos Estados Unidos Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 11 uAutismo.com.br (Harvard Medical School) e diretora da TRANSCEND (Treatment, Research and Neuroscience Evaluation of Neurodevelopmental Disorders) é uma dos principais especialistas do mundo em transtornos do espectro autista. Em seu artigo publicado na revista científica Neuropsiquiatria Clínica (Clinical Neuropsychiatry) intitulado "Autismo: Um distúrbio do cérebro ou uma desordem que afeta o cérebro?", ela explica como as conexões cerebrais prejudicadas encontradas em crianças autistas que se mostram incapazes de conversar, conectar-se com outras pessoas, ou que produzem comportamentos repetitivos estranhos, têm sua raiz não no cérebro, mas em problemas com o sistema digestivo e imunológico. Alterações na composição da microbiota intestinal já foram relacionadas a uma ampla variedade de doenças e condições clínicas humanas, incluindo o Transtorno do Espectro Autista. Uma vez que a microbiota intestinal contribui de forma crítica para o metabolismo e a manutenção da homeostase (habilidade de manter o meio interno do nosso corpo em um equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo), além de poder controlar as atividades do sistema nervoso central através de caminhos neuronais, endócrinos e imunes, o papel ativo da microbiota intestinal em casos de Autismo já está mais do que evidenciado. Mas tenha em mente que o autismo não é o único caso potencial do impacto da microbiota-intestinal. Esse impacto também está presente, conforme estudos já publicados, em um amplo conjunto de sintomas que podem se adequar tanto ao diagnóstico de autismo quanto ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de déficit de atenção (TDA), dislexia, dispraxia ou transtorno obsessivo-compulsivo, apenas para citar algumas possibilidades. Problemas digestivos, asma, alergias, problemas de pele e distúrbios auto-imunes também estão ligados ao desequilíbrio da microbiota intestinal. Existe uma ligação muito forte entre a microbiota intestinal e o sistema Nervoso Central através do chamado "eixo intestino-cérebro". Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 12 uAutismo.com.br Por estas razões é que os mais avançados e modernos estudos classificam o Sistema Nervoso do seu Intestino como o seu Segundo Cérebro. Você sabia que o seu intestino contém mais neurotransmissores do que o seu próprio cérebro? Na verdade, o intestino tem um cérebro próprio que é chamado de "Sistema Nervoso Entérico" e é um sistema muito sofisticado do corpo humano que se conecta ao seu cérebro de maneiras emaranhadas e complexas. Incontáveis mensagens viajam constantemente de um lado a outro entre o cérebro na nossa cabeça e o cérebro no nosso intestino e quando essas mensagens são interferidas de forma alguma, a sua saúde neurológica sofre. Cientistas classificam o Intestino como o seu Segundo Cérebro. Mas o avanço das pesquisas não está restrito apenas aos estudo da relação intestino x cérebro no autismo. Diversos outros tipos de desordens fisiológicas capazes de contribuir com agravamentos de sintomas em pessoas autistas têm demonstrado cadavez mais que não podemos ficar presos com a visão ultrapassada e focada somente no cérebro. Por exemplo, estudos publicados sobre desequilíbrios bioquímicos em pessoas autistas revelam que o autismo não pode ficar restrito apenas ao fator “psiquiátrico”. Como é o caso do Cobre e Zinco. Estudos na Rússia identificaram uma severa deficiência de zinco (um mineral essencial para o desenvolvimento do sistema nervoso) em pacientes autistas assim como uma elevada razão entre cobre / zinco. A alta concentração de cobre detectada (um mineral que em níveis tóxicos compromete o desenvolvimento do sistema nervoso) está relacionada ao comprometimento da capacidade de excreção de metais tóxicos dos pacientes autistas o que pode afetar o desenvolvimento do cérebro e do sistema imunológico na fase infantil, assim como resultar em problemas gastrointestinais. Outro recente estudo nos EUA mostrou que 85% dos 503 pacientes autistas participantes apresentavam deficiência metabólica de metalotioneínas (proteínas que se agarram aos metais tóxicos permitindo Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 13 uAutismo.com.br ao corpo se desfazer deles). Quando essa proteína quelante não funciona adequadamente, ou seus números estão baixos, níveis altos de metais tóxicos começam a surgir. Lembra o que eu expliquei lá no MITO 1 sobre epigenética e toxinas? A presença excessiva de toxinas é capaz de alterar a nossa expressão genética, principalmente em pessoas com comprovadas deficiências de excreção de toxinas, como no caso dos autistas. Deficiência de minerais essenciais para o desenvolvimento do sistema nervoso e desordens metabólicas na excreção de toxinas do organismo são fatores marcantes para o comprometimento da saúde neurológica Você está começando a entender o raciocínio? Nada fisiológico no autismo pode ser visto de forma isolada simplesmente porque um tipo de desordem é a chave de partida de outra, e de outra, e de mais outra, e volta para a primeira. O ciclo vai se fechando e se você não tiver uma visão ampla e sistêmica desse quadro que vai se formando, você não conseguirá identificar os biomarcadores que irão te direcionar para o caminho certo. E o biomarcador mais comum no autismo não é o Cérebro, mas sim a Inflamação. A má digestão contribui para as deficiências nutricionais e para o desenvolvimento de sensibilidades alimentares que levam a novos problemas de inflamação e digestão, gerando mais toxinas de bactérias da disbiose que afetam o cérebro e a produção de opiáceos de alimentos que afetam a função cerebral. A deficiência da desintoxicação sobrecarrega todo o sistema o que aumenta a carga tóxica e contribuem diretamente para danos e inflamação no cérebro, danificam a digestão, prejudicam os caminhos bioquímicos e podem influenciar a expressão genética conforme já observado. Problemas no sistema imunológico podem causar dependência de antibióticos que danificam o intestino, a flora intestinal e a digestão, enfraquecendo a capacidade de combater vírus e fungos causando mais inflamação. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 14 uAutismo.com.br A inflamação está envolvida na maioria desses sistemas. As toxinas aumentam a inflamação. A função imunológica desregulada faz com que a inflamação ocorra. A permeabilidade intestinal e o aumento das reações alimentares criam inflamação intestinal sistêmica. O crescimento excessivo de fungos e leveduras, resultado de uma má função imune, cria inflamação e contribui para uma maior insuficiência digestiva. O processo defeituoso de sulfatação e a produção reduzida de glutationa, ambos componentes importantes do nosso sistema de desintoxicação, aumentam a inflamação. Inflamações crônicas geradas desde uma deficiência digestiva, imunológica ou metabólica estão associadas a distúrbios neurológicos e apresentam variados tipos de sintomas psiquiátricos Richard Lathe, autor de mais de 100 artigos científicos descreve detalhadamente em seu livro Autismo, Cérebro e Meio-Ambiente como a inflamação no organismo afeta o cérebro. O autor afirma: "A inflamação do trato intestinal envia um sinal diretamente para cérebro límbico, estimulando a produção de citocinas tóxicas anti-inflamatórias locais (com o objetivo de regular a inflamação) causando danos neuronais" Agora que você começou a entender um indivíduo autista possui diversas alterações em seus sistemas fisiológicos e não só no neurológico; e que cada um desses sistemas contribuem imensamente para o agravamento dos sintomas autistas, então está na hora de seguirmos em frente para desvendar o próximo mito. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 15 uAutismo.com.br MITO 4 PLANEJAMENTO ALIMENTAR NÃO FUNCIONA NO AUTISMO A esta altura da leitura, com a derrubada dos mitos anteriores, você já começou a compreender que há uma forte interação entre o intestino e o cérebro e já possui conhecimento suficiente para entender que o que comemos, de alguma forma, é capaz de gerar impactos significativos no autismo, tanto para o bem, quanto para o mal. Já está bem documentado que pessoas autistas têm um nível mais alto de citocinas inflamatórias no organismo. Só isso já deveria ser o suficiente para considerar a eficácia da redução de todas as interações anticorpos-antígenos no corpo que são originadas diretamente pelo tipo de planejamento alimentar. Nos mitos anteriores eu expliquei como o comprometimento do sistema digestivo e o desequilíbrio da microflora intestinal possui uma conexão direta com o sistema nervoso o que faz com que o nosso intestino, no meio acadêmico, seja chamado de “nosso segundo cérebro”. Que tal entendermos melhor esse processo agora? Qualquer alimento que não é digerido corretamente provoca crescimento excessivo de bactérias e leveduras. Um exemplo clássico é muito comum com os autistas é o caso dos carboidratos complexos (dissacarídeo ou polissacarídeo) que não são facilmente digeridos e alimentam as bactérias nocivas em nossos intestinos, fazendo com que elas cresçam de forma desequilibrada causando inflamação e excesso de toxinas. Os autistas sofrem em especial neste caso devido as suas deficiências de enzimas digestivas já tão amplamente observadas em diversos estudos. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 16 uAutismo.com.br Quando os carboidratos não são totalmente digeridos e absorvidos, eles permanecem em nosso intestino e se tornam nutrientes para os micróbios que hospedamos. Esses micróbios digerem os carboidratos não utilizados através do processo de fermentação. Os resíduos defermentação são classificados em: toxinas, gases (como metano, dióxido de carbono e hidrogênio) e ácidos lático e acético. Todos servem para irritar e danificar o intestino. O aumento da acidez no intestino devido à má absorção e fermentação de carboidratos, além de causar um aumento excessivo de bactérias nocivas, também permite um fenômeno interessante onde as bactérias intestinais comuns e inofensivas se transformam em bactérias nocivas. Além disso, o ácido lático produzido durante o processo de fermentação tem sido implicado na função anormal cerebral e comportamental, associado a distúrbios intestinais. Com esse crescimento descontrolado das bactérias nocivas, as enzimas na superfície do intestino delgado são destruídas pelas bactérias agora presentes; e isso vem a piorar ainda mais a digestão e a absorção de carboidratos, levando a uma maior sobrecarga bacteriana. Esta nova flora microbiana nociva e seus subprodutos danificam a camada mucosa do intestino delgado, provocando a produção de muco protetor excessivo, o que adere à parede intestinal inibindo ainda mais a digestão e a absorção. Agora o ciclo vicioso está fechado. A deficiência enzimática associada ao crescimento descontrolado das bactérias nocivas causam uma digestão incompleta de gorduras, proteínas e carboidratos e suas moléculas passam a atuar como agentes alérgenos. E sabe você sabe qual é o resultado disso? A inflamação sistêmica. Lembra que no mito anterior eu expliquei para você como que os estudos atuais demonstram que a inflamação é o elemento central no agravamento dos sintomas autistas? O processo inflamatório gerado no sistema gastrointestinal (o seu segundo cérebro, lembra?) está diretamente relacionado com problemas e inflamações no cérebro. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 17 uAutismo.com.br Mas a correlação entre os processos inflamatórios, desordens gastrointestinais e os problemas cerebrais, embora já tenha sido amplamente descrita na literatura científica, por algum motivo parece difícil de ser aceita e continua praticamente desconhecida. Um dos motivos para as pessoas (leigos ou profissionais de saúde) não conseguirem visualizar as “inflamações cerebrais” como algo envolvido com todo tipo de problema (não só no autismo, mas também em casos de Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, Alzheimer, depressão, dentre outros) é o fato de o cérebro não ter receptores para a dor, ao contrário do resto do corpo. Não conseguimos sentir uma inflamação no cérebro. Já os sinais da inflamação do intestino são muitas vezes fáceis de serem identificados e estão descritos em diversos estudos publicados com crianças autistas: diarréia ou constipação crônica, disbiose, alergias e sensibilidades alimentares, dores abdominais, refluxo, fezes com sangue, vômitos, inchaço do abdômen... Com toda essa informação que eu entreguei à você até agora, eu te convido a fazer uma reflexão sobre aquilo que eu considero uma das mais monumentais descobertas deste nosso século, que é esta: A origem dos problemas cerebrais é, em muitos casos, predominantemente alimentar. No fim das contas, o principal efeito do estrago causado na inflamação do eixo intestino-cérebro é a ativação de processos químicos que aumentam a produção de radicais livres (não se preocupe, você saberá o que é um “radical livre” mais na frente). No centro do processo inflamatório crônico é onde encontramos o “estresse oxidativo”, e é sobre isso que iremos falar na derrubada do próximo mito. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 18 uAutismo.com.br MITO 5 AUTISMO NÃO TEM TRATAMENTO Com muita tristeza eu vejo crianças do passado que hoje são adultos com um transtorno autista severo, e que tinham todas as alterações fisiológicas, metabólicas, bioquímicas e digestivas, mas das quais não tínhamos conhecimento da sua relação com os transtornos do espectro autista e portanto não puderam receber o tratamento médico apropriado, precoce e específico para melhorar a sua saúde física. Hoje, já temos muitos mais estudos publicados e já houve uma grande evolução no entendimento fisiológico do Autismo através da luz que a epigenética trouxe para uma melhor compreensão da expressão dos genes. Hoje temos registros publicados de resultados fantásticos na redução dos sintomas autistas mudando milhares de diagnósticos de autismo severo para autismo leve e até mesmo resumindo em atraso do desenvolvimento através de abordagem médicas que focam na redução da inflamação e no combate ao estresse oxidativo. Mas ainda assim a velha e ultrapassada visão de que o autismo não tem tratamento infelizmente continua sendo propagada, seja por puro desconhecimento e falta de informação, seja pela desinformação manipulada, ou seja por outros motivos obscuros. As pessoas ainda fazem uma grande confusão sobre tratamentos e causas do Autismo. Quando se fala em dieta sem glúten e sem caseína não significa que glúten ou caseína foram a causa do autismo, mas sim que muitas crianças autistas (na verdade a maioria) tem uma maior sensibilidade ao glúten e caseína, sem necessariamente serem celíacas, e isso se reverte em agravamento dos sintomas. Crianças autistas comumente apresentam uma baixa imunidade associada ao desequilíbrio Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 19 uAutismo.com.br da flora intestinal e isso é um quadro perfeito para surgimento de agentes oportunistas como fungos, leveduras e parasitas. Quando se fala em tratamento de fungos e parasitas não se está falando em momento algum que esses agentes foram os “causadores” do autismo, mas sim que a presença deles afeta e compromete o sistema nervoso (como já foi devidamente comprovado cientificamente) e o devido tratamento vem mostrando grandes reduções dos sintomas autistas. Tente entender a seguinte analogia: Para certos acontecimentos na vida ninguém pode “se curar”. O máximo que alguém pode é “se recuperar” disso. Existem vários “níveis” nessa recuperação. Alguns acontecimentos podem causar sequelas físicas que te acompanham para sempre, algumas sequelas serão visíveis aos outros, algumas se tornarão imperceptíveis, mas algo sempre vai ficar ali, presente, em níveis diferentes. Alguns sintomas em crianças autistas poderão melhorar de tal forma que elas irão parecer crianças neurotípicas, com uma melhor qualidade de vida, independentes. Elas continuam e continuarão sendo autistas, mas estão tendo um grande avanço. Isso se chama “recuperação”. Durante os tratamentos alguns sintomas autistas podem diminuir de tal forma que a criança não se enquadra mais no diagnóstico autista, mas ainda carrega alguns sintomas residuais de interaçãosocial, fala, aprendizado ou sintomas de hiperatividade para o resto da vida que podem chamar a atenção apenas do olhar de um especialista. E eu repito, elas estão tendo um grande avanço. O Instituto de Pesquisas do Autismo, nos Estados Unidos, (The Autism Research Institute – www.autism.com) possui documentado mais de 1.000 casos de reduções drásticas dos sintomas severos do autismo (que eles classificam como “recuperação de autismo”) através de abordagens que incluem tratamentos gastrointestinais, nutricionais e imunológicos com foco nas infecções e gerenciamento de toxinas. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 20 uAutismo.com.br Todos esses tratamentos têm um ponto em comum: A redução da inflamação crônica e do estresse oxidativo descontrolado que acomete todo e qualquer autista. Para falar em estresse oxidativo primeiro você precisa entender o que é um radical livre. Radicais livres são moléculas que perderam um elétron. Normalmente os elétrons giram em pares, mas forças como o estresse, a poluição, produtos químicos, uma dieta tóxica, raios ultravioletas e a atividade normal do corpo (até mesmo a respiração) podem fazer um desses elétrons se separar. Quando isso acontece, a molécula abandona seu comportamento apropriado e começa a ricochetear por toda parte, tentando roubar elétrons de outras moléculas. Esse movimento é o processo de oxidação propriamente dito, uma cadeia de eventos que atacam as células e provocam a inflamação, que cria novos radicais livres. O estresse oxidativo é parte da inevitável entropia, é o princípio básico da vida, como uma casa organizada que inevitavelmente se torna desorganizada, exigindo atenção regular do morador. Ele ocorre no processo metabólico natural, que é nada mais nada menos que a maneira como o corpo transforma calorias a partir da alimentação e do oxigênio no ar em energia utilizável. Você já viu e conhece esse processo ocorrer fora do seu corpo - é a ferrugem no nosso carro, a cor marrom que aparece em uma maçã quando aberta e exposta ao ar, o óleo vegetal que fica rançoso no armário, até mesmo as rugas que se formam na nossa pele e queimaduras solares. Dentro do nosso corpo ele pode endurecer os vasos sanguíneos, danificando as membranas celulares e a parede intestinal causando danos significativos a tecidos e órgãos. Tecidos e células oxidadas não funcionam normalmente, todo esse processo destrutivo o predispõe a um emaranhado de problemas de saúde. O corpo se coloca num estado de constante esforço para curar a si mesmo e consertar o dano ao DNA. Quando a oxidação sai de controle, sem o equilíbrio de uma ação antioxidante, ela pode se tornar nociva. A palavra “oxidação”, obviamente, vem de oxigênio, mas não aquele que Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 21 uAutismo.com.br respiramos. O tipo de oxigênio que culpamos aqui é o “O” simples, que não vem combinado com outra molécula de oxigênio (o O2). Como você pode supor, tudo que reduz a oxidação reduz os processos inflamatórios, e tudo que reduz esses processos reduz a oxidação. Isso explica em parte por que os antioxidantes são tão importantes. Esses nutrientes generosos (entre eles as vitaminas A, C e E) doam elétrons aos radicais livres, o que interrompe a reação em cadeia e ajuda a prevenir os danos provocados por estes últimos. Ao longo da história, o ser humano ingere alimentos ricos em antioxidantes, como plantas, frutas e castanhas. A indústria alimentícia atual tira de nossas dietas muitos desses nutrientes, extremamente necessários para um metabolismo saudável. Diversos estudos descrevem com precisão como o estresse oxidativo em crianças autistas pode levar à variados tipos de disfunções fisiológicas e seus respectivos agravamento de sintomas. Uma das disfunções mais comum, que tem sido foco de muitas pesquisas recentes, é a disfunção mitocondrial. As mitocôndrias são "as organelas produtoras de energia" e geram essa energia na forma de ATP, combinando nutrientes e oxigênio através de uma reação química. O cérebro possui a maior demanda de energia mitocondrial, mais do que qualquer outro órgão. Portanto, alterações sutis na produção de energia mitocondrial afetam preferencialmente o cérebro. Já existem estudos duplo-cegos randomizados de peso suficiente onde foram acumuladas evidências bioquímicas consideráveis que revelam defeitos mitocondriais associados a doenças neuropsiquiátricas. A disfunção mitocondrial é a anormalidade metabólica mais comum associada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ao longo da última década, diversas evidências vêm mostrando que a disfunção mitocondrial é um marcador importante no autismo e outras desordens psiquiátricas e neurológicas. O tratamento desta disfunção pode se dar através da dieta (mais uma confirmação sobre os benefícios da dieta no autismo) onde as proteínas são priorizadas, os carboidratos são reduzidos (principalmente Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 22 uAutismo.com.br os carboidratos processados e industrializados) e uma suplementação específica e bem personalizada deve ser introduzida. O exposto acima já é suficiente para entendermos que assim como o espectro é amplo e diversificado no Autismo também são os tratamentos. Cada criança autista necessitará de um exame diferente, de um tratamento diferente, de uma dosagem diferente, de uma dieta diferente. É exatamente essa dificuldade de identificar os biomarcadores que individualizam o tratamento de cada autista que gera margens para o surgimento de vários outros mitos em relação ao autismo. Meu objetivo ao disponibilizar de forma grátis esse ebook é de fornecer informações sólidas e baseadas em perspectivas científicas e psicológicas modernas para quebrar paradigmas antigos sobre o autismo. A minha abordagem foge das idéias preconcebidas e dos antigos paradigmas estabelecidos. Eu trago para você uma nova forma de compreender os fatores por trás dos sintomas autistas e os tratamentos que além de estarem melhorando a qualidade de vida de autistas no mundo inteiro, oferecem também uma promissora mensagem de esperança: de que o diagnóstico de autismo não é uma sentença, existe um potencial imenso dentro dos autistas e é possível tratar as causas e reduzir os sintomas. Isso já está acontecendo. Se você chegou até aqui na sua leitura entendendo tudo que lhe foi exposto, parabéns. Você está prestes a entrar num caminho transformador. Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. Tielle Machado 23 uAutismo.com.brReferências Bibliográficas http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21727249) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4440679/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23608919 https://www.nature.com/articles/mp201341 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26826339 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4440679/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20643313 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23608919 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26074864 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21839838 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25483344/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25738232/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3174969/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5536672/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18031821/ Referências Bibliográficas https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/186999 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4229011/ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29226600 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11694332 Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo - Todos os direitos Reservados Dra. 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