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EBOOK-OS-5-MITOS-NO-AUTISMO-QUE-TODOS-OS-PAIS-E-MÉDICOS-DEVEM-CONHECER-pdf-ultima-versão-1

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uAutismo.com.br 
 
 
 
OS 5 MITOS NO 
AUTISMO QUE TODOS 
OS PAIS E MÉDICOS 
DEVEM CONHECER 
 
Dra. Tielle Machado 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto uAutismo - Educando Pais e Profissionais na Busca da Reversão do Autismo -  
Todos os direitos Reservados 
 Dra. Tielle Machado ​ 1 
 
 
 
 
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Aviso Legal 
O conteúdo neste ebook não se destina a substituir o 
aconselhamento, o diagnóstico ou o tratamento médico profissional. 
Sempre procure a orientação do seu médico ou outro profissional de 
saúde qualificado com quaisquer perguntas que você possa ter sobre uma 
condição médica. Nunca desconsidere o conselho médico profissional. O 
atendimento presencial é insubstituível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Todos os direitos Reservados 
 Dra. Tielle Machado ​ 2 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
No início dos anos 80, a incidência de autismo era de 1 em 10.000 
nascimentos. Em 2005, a incidência saltou para 1 em 250 nascimentos, em 
2008 passou para 1 em 150 nascimentos, em Março de 2014 temos 
estudos mostrando que a relação hoje é de 1 a cada 68 nascimentos. Hoje 
já se fala de 1 a cada 50. 
O autismo já não era uma condição tão rara assim quando eu estava na 
faculdade de medicina, hoje em dia passou a ser uma condição muito 
comum. 
O autismo é um grave transtorno do desenvolvimento que se 
achava ser diagnosticável apenas a partir dos três anos de idade, mas que 
hoje já se sabe que os sinais podem aparecer até mesmo a partir dos 6 
meses. A maioria das crianças autistas se parece com outras crianças, mas 
fazem coisas intrigantes e que são comportamentos marcadamente 
diferentes daqueles de crianças típicas. No autismo, as áreas 
comprometidas do desenvolvimento infantil podem ser: aprendizagem, 
cognição, interação e conexão social, comunicação, comportamental, 
sensorial e empatia. Mas os níveis de comprometimento em cada uma 
dessas áreas e seus respectivos sintomas podem ser tão variados que para 
isso foi criado o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses 
sintomas podem ser leves, severos, ou qualquer outro nível no meio disso. 
Quem trabalha com autismo sabe que cada criança autista é única. 
Você nunca encontra um autista igual a outro 
Os cientistas estão tentando entender até hoje as causas exatas do 
autismo, muito avanço já foi realizado mas muita pouca informação tem 
sido divulgada. Muito pouca. Diversos fatores de risco estão sendo 
estudados, inclusive infecciosos, metabólicos, nutricionais e ambientais, 
mas menos de 12% dos casos têm causas bem específicas que podem ser 
identificadas. 
No meio dessa escassez de informações precisas, novas e 
comprovadas, deu-se espaço a criação de mitos sobre o autismo além de 
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 Dra. Tielle Machado ​ 3 
 
 
 
 
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diversos conceitos antigos que hoje já foram derrubados, mas que 
continuam presentes no entendimento público. 
Se você tem um familiar autista, recebeu o diagnóstico do seu filho 
(a) recentemente ou trabalha com autismo, então você está numa jornada 
de busca por conhecimentos que possam de alguma forma ajudar o 
autista que você conhece e neste livro eu te convido a dar o primeiro 
passo para desvendar alguns desses mistérios derrubando os 5 principais 
mitos sobre o Autismo que atrapalham essa jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MITO 1 
  
AUTISMO TEM SOMENTE CAUSA GENÉTICA 
 
Uma pesquisa da faculdade de medicina da Universidade de 
Stanford, nos Estados Unidos, usou gêmeos idênticos (quando apenas 1 
óvulo é fecundado por 1 espermatozoide) para ajudar a desvendar uma 
parte do quebra-cabeça. Uma vez que gêmeos idênticos compartilham 
quase o mesmo DNA, se houvesse um componente genético importante 
para o autismo, caso um gêmeo idêntico tivesse autismo, o mesmo 
deveria acontecer com seu irmão idêntico na grande maioria dos casos. 
 
No entanto, quando os pesquisadores concluíram as avaliações 
diagnosticadas em 192 pares de gêmeos (N=384), eles descobriram que os 
gêmeos fraternos (2 óvulos diferentes fecundados por diferentes 
espermatozóides) eram mais propensos a compartilhar um diagnóstico de 
autismo do que gêmeos idênticos. Os gêmeos fraternos compartilham 
apenas 50% de seu DNA, o que significa que outro fator provavelmente é 
responsável pelo duplo diagnóstico - e os pesquisadores apontam para os 
fatores ambientais. 
 
A suscetibilidade ao TEA (transtorno do espectro do autismo) tem 
origem genética moderada e um componente ambiental 
substancialmente compartilhado 
 
Estudos com gêmeos idênticos (monozigóticos) têm sido 
amplamente utilizados para pesquisas de doenças humanas com origens 
genéticas pois assume-se que eles são geneticamente idênticos. 
Entretanto estudos recentes demonstraram que os fatores ambientais 
(marcadores epigenéticos) também são capazes uma discordância 
fenotípica, o que coloca em questionamento a antiga noção de que 
gêmeos monozigóticos são essencialmente idênticos em sua genética, 
abrindo novas perspectivas de estudos. 
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Este não é um achado inteiramente surpreendente, pois mesmo 
que os pesquisadores de um estudo realizado em 2008 tenham 
encontrado uma mutação genética ligada ao autismo, as mutações estão 
presentes em apenas 1% de todas as crianças com autismo. Além disso, 
ninguém foi capaz de identificar um único "gene do autismo". E não existe 
tal coisa como uma epidemia genética. Os mais recentes estudos 
observam que a maioria dos casos de autismo parece resultar da ativação 
(ou "expressão") de um número de genes diferentes, múltiplos fatores 
epigenéticos e ambientais que interagem para definir os traços de 
autismo. Mas você já ouviu falar em epigenética? 
 
A EPIGENÉTICA é o estudo das mudanças na atividade dos genes 
que não envolvem alterações na sequência do DNA (código genético) e 
que pode persistir por uma ou mais gerações. Por exemplo, as mudanças 
do nosso ambiente que geram mudanças na nossa herança celular. 
 
O conceito da epigenética se traduz pelas adaptações que animais e 
plantas podem sofrer em seus genes sem que eles tenham 
necessariamente uma alteração no DNA, o que dá a receita para o 
organismo produzir as proteínas reguladoras das funções do corpo. 
 
Uma alteração epigenética não altera o gene em si, mas altera a 
forma como esse gene é lido, ativando ou inativando esse gene, o que vai 
permitir ou impedir que ele seja lido. Estas alterações na forma comoo 
nosso organismo é capaz de ler a sua informação genética é uma forma 
inteligente de permitir que o nosso organismo se adapte ao ambiente, 
sem ter que “esperar” que o DNA se torne mais “adaptado a novas 
situações" e “novas necessidades”. Infelizmente, os diferentes químicos 
presentes no nosso ambiente estão “embaralhando” este fantástico 
mecanismo aperfeiçoado ao longo de milhares de anos. E só agora os 
cientistas estão entendendo essa questão. 
 
Nos campo dos estudos epigenéticos, esses diferentes químicos são 
classificados como, por exemplo: toxinas ambientais, agrotóxicos, metais 
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pesados, disruptores endócrinos, bisfenol A, PBDE, ftalatos, dentre 
diversas outras toxinas que lidamos e nos contaminamos no nosso 
dia-a-dia, seja no ambiente doméstico, seja no ambiente de trabalho. 
Portanto, há uma inter-relação entre a carga epigenética (desde o 
ambiente pré-natal) e a carga genética (de variação familiar ) interagindo 
entre si para comprometer o desenvolvimento neurológico, imunológico, 
estresse oxidativo e vias mitocondriais identificadas através de estudos da 
genética, fisiologia, expressão e / ou metilação no autismo. 
 
O autismo tem um componente genético, sobre isso não há dúvidas, mas 
já existe comprovação de que diversos fatores ambientais causam 
alterações epigenéticas gerando mais comprometimentos neurológicos. 
 
Cientistas do King's College de Londres fizeram um outro estudo 
genético comparativo usando 50 pares (100 indivíduos) de gêmeos 
monozigóticos (34 pares onde apenas um tinha diagnóstico de autismo, 5 
pares onde os dois tinham autismo, e 11 pares de gêmeos sem 
diagnóstico). Estes cientistas se dedicaram estudar a metilação do DNA 
(um mecanismo epigenético que silencia a expressão genética) e 
encontraram várias diferenças epigenéticas. Algumas destas alterações 
epigenéticas eram em genes com grande impacto e influência em fases 
críticas do desenvolvimento cerebral. 
 
Portanto, as pesquisas mais recentes da atualidade estão 
evidenciando claramente que os fatores ambientais desempenham um 
papel igual, senão mais importante, na epidemia de doenças do espectro 
autista revogando o antigo pensamento de que autismo é apenas 
genético. O que nos leva ao nosso próximo mito a ser descortinado. 
 
 
 
 
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MITO 2 
 
TODO AUTISTA JÁ NASCE AUTISTA 
Cada vez mais aumenta o número de crianças diagnosticadas com 
autismo que atingiram seus marcos de desenvolvimento no sentar, 
rastejar, caminhar e conversar, quase exatamente na mesma idade que as 
crianças típicas. Um número estatístico altamente significante de pais de 
autistas, quando questionados em pesquisas para que reflitam suas 
primeiras preocupações, recordam um período em que seus filhos 
perderam habilidades sociais e de comunicação no segundo ano de vida. 
Nesses relatos, os pais informam que seu filho (a) começou a ficar 
indiferente ao som de seu nome. Começou a falar menos do que antes ou 
parou completamente. Ele (a) parou de brincar com pessoas para brincar 
com coisas, parou de explorar variados objetos e atividades e passou a ter 
obsessão por alguns. Perdeu muitas das habilidades que já havia 
dominado e começou a balançar, girar, andar nas pontas dos pés ou 
balançar as mãos. Esse é o chamado Autismo Regressivo. 
Entretanto, os tipos de habilidades que se perdem, em qual idade 
eles a perdem e de que forma isso ocorre é extremamente variável, o que 
mais uma vez confirma a amplitude e diversidade do Espectro Autista. 
Muitas vezes, neste momento, é quando os pais, assustados, procuram 
respostas de especialistas. 
No autismo regressivo, a criança normalmente tem seus marcos de 
desenvolvimento iguais aos de outra crianças típica, até que começa a 
regredir e perder habilidades por volta dos 18 aos 24 meses de idade 
A literatura mostra que 1985, a incidência de autismo regressivo era igual 
à do nascimento. Em 1997, ambos os tipos aumentaram, embora a forma 
regressiva já mostrava-se acima de 75% do total de ocorrências. Isso 
indicava que uma condição adquirida ultrapassa os defeitos congênitos ou 
condições puramente genéticas. 
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Diversos estudos vêm sendo realizados sobre as possíveis causas de 
atrasos no desenvolvimento e Transtornos do Espectro Autista em 
crianças ao longo dos anos. Alguns desses experimentos com crianças do 
TEA tiveram resultados positivos, enquanto que outros falharam. Embora 
não tenhamos todas as respostas e mais pesquisas são necessárias, pelo 
menos já há comprovações científicas que identificam fatores não 
genéticos que contribuíram para o autismo regressivo, como a pesquisa da 
Universidade da Califórnia publicada pelo ​“The Journal of the American 
Medical Association”​. 
Neste estudo, os pesquisadores conseguiram evidenciar em crianças 
autistas a Disfunção Mitocondrial, um distúrbio do metabolismo 
energético, como uma condição adquirida após o nascimento, mas sem 
ligações com causas genéticas, o que caracteriza o autismo regressivo 
nestas crianças. Neste tipo de disfunção há uma perda adquirida da 
capacidade de produzir energia nas células, danos às mitocôndrias (as 
fábricas de energia em suas células) e um aumento no estresse oxidativo 
(a mesma reação química que causa ferrugem nos carros, maçãs se 
tornem escuras, gorduras se tornem rançosa, etc). Como a função cerebral 
e o desenvolvimento neurológico são altamente dependentes da energia, 
o fracasso das mitocôndrias em produzir energia suficiente para alimentar 
o cérebro pode resultar em atrasos no desenvolvimento identificados no 
autismo. 
Outro grande avanço nas pesquisas foi o estudo liderado pelo 
doutor ​Paul Ashwood do Instituto de Investigação Médica de Transtornos 
do Neurodesenvolvimento (M.I.N.D.) na Universidade da Califórnia, 
publicado em 2013 pela Revista Científica ​Brain, Behavior and Immunity​. 
Neste estudo, ​Ashwood e sua equipe encontraram evidências que 
vincularam o autismo regressivo com a disfunção imunológica, alterações 
cerebrais e distúrbios gastrointestinais. 
Estudos revelam que condições adquiridas após o nascimento são 
capazes de levar ao autismo regressivo 
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Os participantes do estudo incluíram 57 crianças, com idades entre 2 e 3, 
diagnosticadas com TEA. Destes, 26 tiveram sintomas de autismo desde o 
primeiro ano de vida. Outros 31 foram descritos pelos pais como tendo 
desenvolvimento inicial típico seguido de regressão no segundo ano.Para 
comparação, o estudo também incluiu 29 crianças em desenvolvimento 
típico. Os pesquisadores tomaram amostras de sangue, avaliaram o 
comportamento e a saúde e realizaram estudos de imagem cerebral 
usando ressonância magnética. Eles descobriram que as crianças com TEA 
tinham significativamente mais glóbulos brancos (células imunes) do que 
as crianças em desenvolvimento típico. A equipe do ​Dr. Ashwood 
descobriu que as crianças com mais glóbulos brancos apresentavam 
comportamentos repetitivos mais severos. Elas também eram mais 
propensas a sofrer de constipação crônica. No trato digestivo, os glóbulos 
brancos atuam no sistema imune contra muitos tipos de bactérias, vírus e 
outros patógenos perigosos. Eles carregam essas bactérias para os 
gânglios linfáticos para desencadear vários tipos de respostas imunes. 
Quando essas células imunes reagem inadequadamente às bactérias 
intestinais, isso torna-se um caminho para a inflamação. Mudanças na 
função dos glóbulos brancos podem afetar e perturbar muitos processos 
imunológicos, incluindo a ativação de células T e a produção de 
auto-anticorpos que demonstraram ter uma forte ligação nos casos de 
autismo regressivo. 
A identificação de diferentes tipos de desordens fisiológicas capazes de 
impactar no sistema nervoso trouxe um novo entendimento para o 
etiologia do autismo 
Assim como as descobertas mencionadas nos estudos citados acima 
(que você pode conferir nas referências bibliográficas), diversas outras 
pesquisas e estudos científicos vêm cada vez mais evidenciando a 
presença de diferentes distúrbios e desordens sistêmicas no autismo que 
geram um forte impacto e comprometimento neurológico. E é 
exatamente isso que vamos investigar no próximo mito. 
 
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MITO 3 
 
AUTISMO É UMA DOENÇA NEUROLÓGICA 
Originalmente, o estudo do autismo era principalmente restrito aos 
campos da psicologia e depois à genética. Hoje, grande parte da pesquisa 
passou para a neurologia. O problema com o modelo de que autismo é 
uma condição exclusivamente neurológica é que este modelo não 
consegue explicar porque crianças autistas apresentam tantas outras 
desordens sistêmicas como disfunção metabólica, disfunção endócrina, 
disfunção imunológica, inflamações crônicas, intolerâncias e alergias 
alimentares e principalmente a disfunção gastrointestinal. 
Isso é, de fato, o que torna o estudo do autismo tão desafiador - o 
espectro é tão amplo que, por um lado você tem autistas líderes de 
empresas de vários milhões de dólares e por outro você tem pessoas 
autistas incapazes de se comunicar ou mesmo vestirem-se sozinhos. 
Entretanto, os estudos avançam a cada dia e mais e mais pesquisas 
evidenciam que o Autismo não é uma doença unicamente cerebral mas 
sim uma desordem sistêmica com distúrbios também neurológicos. E você 
vai entender agora porquê. 
As crianças usam todos os seus órgãos sensoriais para coletar 
informações do seu ambiente, o que é enviado ao o cérebro para 
processamento. Esta é uma parte fundamental da aprendizagem. No 
entanto, estudos demonstram que a toxicidade que flui do intestino pode 
obstruir o seu cérebro, impedindo que ele desempenhe sua função normal 
e o processamento de informações sensoriais. 
Autismo é uma doença sistêmica, uma patologia 
imuno-tóxico-metabólica, com distúrbios também 
neurológicos. 
A ​Dra. Martha Herbert​, neuropediatra, pesquisadora e professora 
de neurologia na Escola de Medicina de Harvard nos Estados Unidos 
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(​Harvard Medical School​) e diretora da TRANSCEND (​Treatment, Research 
and Neuroscience Evaluation of Neurodevelopmental Disorders​) é uma dos 
principais especialistas do mundo em transtornos do espectro autista. Em 
seu artigo publicado na revista científica Neuropsiquiatria Clínica (​Clinical 
Neuropsychiatry​) intitulado ​"Autismo: Um distúrbio do cérebro ou uma 
desordem que afeta o cérebro?"​, ela explica como as conexões cerebrais 
prejudicadas encontradas em crianças autistas que se mostram incapazes 
de conversar, conectar-se com outras pessoas, ou que produzem 
comportamentos repetitivos estranhos, têm sua raiz não no cérebro, mas 
em problemas com o sistema digestivo e imunológico. 
Alterações na composição da microbiota intestinal já foram 
relacionadas a uma ampla variedade de doenças e condições clínicas 
humanas, incluindo o Transtorno do Espectro Autista. Uma vez que a 
microbiota intestinal contribui de forma crítica para o metabolismo e a 
manutenção da homeostase (habilidade de manter o meio interno do 
nosso corpo em um equilíbrio quase constante, independentemente das 
alterações que ocorram no ambiente externo), além de poder controlar as 
atividades do sistema nervoso central através de caminhos neuronais, 
endócrinos e imunes, o papel ativo da microbiota intestinal em casos de 
Autismo já está mais do que evidenciado. 
Mas tenha em mente que o autismo não é o único caso potencial do 
impacto da microbiota-intestinal. Esse impacto também está presente, 
conforme estudos já publicados, em um amplo conjunto de sintomas que 
podem se adequar tanto ao diagnóstico de autismo quanto ao transtorno 
de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de déficit de 
atenção (TDA), dislexia, dispraxia ou transtorno obsessivo-compulsivo, 
apenas para citar algumas possibilidades. Problemas digestivos, asma, 
alergias, problemas de pele e distúrbios auto-imunes também estão 
ligados ao desequilíbrio da microbiota intestinal. 
Existe uma ligação muito forte entre a microbiota intestinal e o 
sistema Nervoso Central através do chamado "eixo 
intestino-cérebro". 
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Por estas razões é que os mais avançados e modernos estudos 
classificam o Sistema Nervoso do seu Intestino como o seu Segundo 
Cérebro. Você sabia que o seu intestino contém mais neurotransmissores 
do que o seu próprio cérebro? Na verdade, o intestino tem um cérebro 
próprio que é chamado de "Sistema Nervoso Entérico" e é um sistema 
muito sofisticado do corpo humano que se conecta ao seu cérebro de 
maneiras emaranhadas e complexas. Incontáveis mensagens viajam 
constantemente de um lado a outro entre o cérebro na nossa cabeça e o 
cérebro no nosso intestino e quando essas mensagens são interferidas de 
forma alguma, a sua saúde neurológica sofre. 
Cientistas classificam o Intestino como o seu Segundo Cérebro. 
Mas o avanço das pesquisas não está restrito apenas aos estudo da 
relação intestino x cérebro no autismo. Diversos outros tipos de desordens 
fisiológicas capazes de contribuir com agravamentos de sintomas em 
pessoas autistas têm demonstrado cadavez mais que não podemos ficar 
presos com a visão ultrapassada e focada somente no cérebro. 
Por exemplo, estudos publicados sobre desequilíbrios bioquímicos 
em pessoas autistas revelam que o autismo não pode ficar restrito apenas 
ao fator “psiquiátrico”. Como é o caso do Cobre e Zinco. 
Estudos na Rússia identificaram uma severa deficiência de zinco (um 
mineral essencial para o desenvolvimento do sistema nervoso) em 
pacientes autistas assim como uma elevada razão entre cobre / zinco. A 
alta concentração de cobre detectada (um mineral que em níveis tóxicos 
compromete o desenvolvimento do sistema nervoso) está relacionada ao 
comprometimento da capacidade de excreção de metais tóxicos dos 
pacientes autistas o que pode afetar o desenvolvimento do cérebro e do 
sistema imunológico na fase infantil, assim como resultar em problemas 
gastrointestinais. 
Outro recente estudo nos EUA mostrou que 85% dos 503 pacientes 
autistas participantes apresentavam deficiência metabólica de 
metalotioneínas (proteínas que se agarram aos metais tóxicos permitindo 
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ao corpo se desfazer deles). Quando essa proteína quelante não funciona 
adequadamente, ou seus números estão baixos, níveis altos de metais 
tóxicos começam a surgir. Lembra o que eu expliquei lá no MITO 1 sobre 
epigenética e toxinas? A presença excessiva de toxinas é capaz de alterar a 
nossa expressão genética, principalmente em pessoas com comprovadas 
deficiências de excreção de toxinas, como no caso dos autistas. 
Deficiência de minerais essenciais para o desenvolvimento do 
sistema nervoso e desordens metabólicas na excreção de toxinas do 
organismo são fatores marcantes para o comprometimento 
da saúde neurológica 
Você está começando a entender o raciocínio? Nada fisiológico no 
autismo pode ser visto de forma isolada simplesmente porque um tipo de 
desordem é a chave de partida de outra, e de outra, e de mais outra, e 
volta para a primeira. O ciclo vai se fechando e se você não tiver uma visão 
ampla e sistêmica desse quadro que vai se formando, você não conseguirá 
identificar os biomarcadores que irão te direcionar para o caminho certo. 
E o biomarcador mais comum no autismo não é o Cérebro, mas sim 
a Inflamação. 
A má digestão contribui para as deficiências nutricionais e para o 
desenvolvimento de sensibilidades alimentares que levam a novos 
problemas de inflamação e digestão, gerando mais toxinas de bactérias da 
disbiose que afetam o cérebro e a produção de opiáceos de alimentos que 
afetam a função cerebral. A deficiência da desintoxicação sobrecarrega 
todo o sistema o que aumenta a carga tóxica e contribuem diretamente 
para danos e inflamação no cérebro, danificam a digestão, prejudicam os 
caminhos bioquímicos e podem influenciar a expressão genética conforme 
já observado. Problemas no sistema imunológico podem causar 
dependência de antibióticos que danificam o intestino, a flora intestinal e 
a digestão, enfraquecendo a capacidade de combater vírus e fungos 
causando mais inflamação. 
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A inflamação está envolvida na maioria desses sistemas. As toxinas 
aumentam a inflamação. A função imunológica desregulada faz com que a 
inflamação ocorra. A permeabilidade intestinal e o aumento das reações 
alimentares criam inflamação intestinal sistêmica. O crescimento 
excessivo de fungos e leveduras, resultado de uma má função imune, cria 
inflamação e contribui para uma maior insuficiência digestiva. O processo 
defeituoso de sulfatação e a produção reduzida de glutationa, ambos 
componentes importantes do nosso sistema de desintoxicação, 
aumentam a inflamação. 
Inflamações crônicas geradas desde uma deficiência digestiva, 
imunológica ou metabólica estão associadas a distúrbios neurológicos e 
apresentam variados tipos de sintomas psiquiátricos 
Richard Lathe​, autor de mais de 100 artigos científicos descreve 
detalhadamente em seu livro ​Autismo, Cérebro e Meio-Ambiente como a 
inflamação no organismo afeta o cérebro. O autor afirma: "A inflamação 
do trato intestinal envia um sinal diretamente para cérebro límbico, 
estimulando a produção de citocinas tóxicas anti-inflamatórias locais (com 
o objetivo de regular a inflamação) causando danos neuronais" 
Agora que você começou a entender um indivíduo autista possui 
diversas alterações em seus sistemas fisiológicos e não só no neurológico; 
e que cada um desses sistemas contribuem imensamente para o 
agravamento dos sintomas autistas, então está na hora de seguirmos em 
frente para desvendar o próximo mito. 
 
 
 
 
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MITO 4 
 
PLANEJAMENTO ALIMENTAR NÃO FUNCIONA NO 
AUTISMO 
A esta altura da leitura, com a derrubada dos mitos anteriores, você 
já começou a compreender que há uma forte interação entre o intestino e 
o cérebro e já possui conhecimento suficiente para entender que o que 
comemos, de alguma forma, é capaz de gerar impactos significativos no 
autismo, tanto para o bem, quanto para o mal. 
Já está bem documentado que pessoas autistas têm um nível mais 
alto de citocinas inflamatórias no organismo. Só isso já deveria ser o 
suficiente para considerar a eficácia da redução de todas as interações 
anticorpos-antígenos no corpo que são originadas diretamente pelo tipo 
de planejamento alimentar. 
Nos mitos anteriores eu expliquei como o comprometimento do 
sistema digestivo e o desequilíbrio da microflora intestinal possui uma 
conexão direta com o sistema nervoso o que faz com que o nosso 
intestino, no meio acadêmico, seja chamado de “nosso segundo cérebro”. 
Que tal entendermos melhor esse processo agora? 
Qualquer alimento que não é digerido corretamente provoca 
crescimento excessivo de bactérias e leveduras. Um exemplo clássico é 
muito comum com os autistas é o caso dos carboidratos complexos 
(dissacarídeo ou polissacarídeo) que não são facilmente digeridos e 
alimentam as bactérias nocivas em nossos intestinos, fazendo com que 
elas cresçam de forma desequilibrada causando inflamação e excesso de 
toxinas. Os autistas sofrem em especial neste caso devido as suas 
deficiências de enzimas digestivas já tão amplamente observadas em 
diversos estudos. 
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Quando os carboidratos não são totalmente digeridos e absorvidos, 
eles permanecem em nosso intestino e se tornam nutrientes para os 
micróbios que hospedamos. Esses micróbios digerem os carboidratos não 
utilizados através do processo de fermentação. Os resíduos defermentação são classificados em: toxinas, gases (como metano, dióxido 
de carbono e hidrogênio) e ácidos lático e acético. Todos servem para 
irritar e danificar o intestino. O aumento da acidez no intestino devido à 
má absorção e fermentação de carboidratos, além de causar um aumento 
excessivo de bactérias nocivas, também permite um fenômeno 
interessante onde as bactérias intestinais comuns e inofensivas se 
transformam em bactérias nocivas. Além disso, o ácido lático produzido 
durante o processo de fermentação tem sido implicado na função anormal 
cerebral e comportamental, associado a distúrbios intestinais. 
Com esse crescimento descontrolado das bactérias nocivas, as 
enzimas na superfície do intestino delgado são destruídas pelas bactérias 
agora presentes; e isso vem a piorar ainda mais a digestão e a absorção de 
carboidratos, levando a uma maior sobrecarga bacteriana. Esta nova flora 
microbiana nociva e seus subprodutos danificam a camada mucosa do 
intestino delgado, provocando a produção de muco protetor excessivo, o 
que adere à parede intestinal inibindo ainda mais a digestão e a absorção. 
Agora o ciclo vicioso está fechado. 
A deficiência enzimática associada ao crescimento descontrolado das 
bactérias nocivas causam uma digestão incompleta de gorduras, 
proteínas e carboidratos e suas moléculas passam a atuar como agentes 
alérgenos. 
E sabe você sabe qual é o resultado disso? A inflamação sistêmica. 
Lembra que no mito anterior eu expliquei para você como que os 
estudos atuais demonstram que a inflamação é o elemento central no 
agravamento dos sintomas autistas? O processo inflamatório gerado no 
sistema gastrointestinal (o seu segundo cérebro, lembra?) está 
diretamente relacionado com problemas e inflamações no cérebro. 
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Mas a correlação entre os processos inflamatórios, desordens 
gastrointestinais e os problemas cerebrais, embora já tenha sido 
amplamente descrita na literatura científica, por algum motivo parece 
difícil de ser aceita e continua praticamente desconhecida. Um dos 
motivos para as pessoas (leigos ou profissionais de saúde) não 
conseguirem visualizar as “inflamações cerebrais” como algo envolvido 
com todo tipo de problema (não só no autismo, mas também em casos de 
Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, Alzheimer, depressão, dentre 
outros) é o fato de o cérebro não ter receptores para a dor, ao contrário 
do resto do corpo. Não conseguimos ​sentir ​uma inflamação no cérebro. 
Já os sinais da inflamação do intestino são muitas vezes fáceis de 
serem identificados e estão descritos em diversos estudos publicados com 
crianças autistas: diarréia ou constipação crônica, disbiose, alergias e 
sensibilidades alimentares, dores abdominais, refluxo, fezes com sangue, 
vômitos, inchaço do abdômen... 
Com toda essa informação que eu entreguei à você até agora, eu te 
convido a fazer uma reflexão sobre aquilo que eu considero uma das mais 
monumentais descobertas deste nosso século, que é esta: 
A origem dos problemas cerebrais é, em muitos casos, 
predominantemente alimentar. 
No fim das contas, o principal efeito do estrago causado na 
inflamação do eixo intestino-cérebro é a ativação de processos químicos 
que aumentam a produção de radicais livres (não se preocupe, você 
saberá o que é um “radical livre” mais na frente). No centro do processo 
inflamatório crônico é onde encontramos o “estresse oxidativo”, e é sobre 
isso que iremos falar na derrubada do próximo mito. 
 
 
 
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MITO 5 
 
AUTISMO NÃO TEM TRATAMENTO 
Com muita tristeza eu vejo crianças do passado que hoje são 
adultos com um transtorno autista severo, e que tinham todas as 
alterações fisiológicas, metabólicas, bioquímicas e digestivas, mas das 
quais não tínhamos conhecimento da sua relação com os transtornos do 
espectro autista e portanto não puderam receber o tratamento médico 
apropriado, precoce e específico para melhorar a sua saúde física. 
Hoje, já temos muitos mais estudos publicados e já houve uma 
grande evolução no entendimento fisiológico do Autismo através da luz 
que a epigenética trouxe para uma melhor compreensão da expressão dos 
genes. Hoje temos registros publicados de resultados fantásticos na 
redução dos sintomas autistas mudando milhares de diagnósticos de 
autismo severo para autismo leve e até mesmo resumindo em atraso do 
desenvolvimento através de abordagem médicas que focam na redução 
da inflamação e no combate ao estresse oxidativo. Mas ainda assim a 
velha e ultrapassada visão de que o autismo não tem tratamento 
infelizmente continua sendo propagada, seja por puro desconhecimento e 
falta de informação, seja pela desinformação manipulada, ou seja por 
outros motivos obscuros. 
As pessoas ainda fazem uma grande confusão sobre tratamentos e 
causas do Autismo. Quando se fala em dieta sem glúten e sem caseína não 
significa que glúten ou caseína foram a causa do autismo, mas sim que 
muitas crianças autistas (na verdade a maioria) tem uma maior 
sensibilidade ao glúten e caseína, sem necessariamente serem celíacas, e 
isso se reverte em agravamento dos sintomas. Crianças autistas 
comumente apresentam uma baixa imunidade associada ao desequilíbrio 
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da flora intestinal e isso é um quadro perfeito para surgimento de agentes 
oportunistas como fungos, leveduras e parasitas. Quando se fala em 
tratamento de fungos e parasitas não se está falando em momento algum 
que esses agentes foram os “causadores” do autismo, mas sim que a 
presença deles afeta e compromete o sistema nervoso (como já foi 
devidamente comprovado cientificamente) e o devido tratamento vem 
mostrando grandes reduções dos sintomas autistas. 
Tente entender a seguinte analogia: Para certos acontecimentos na 
vida ninguém pode “se curar”. O máximo que alguém pode é “se 
recuperar” disso. Existem vários “níveis” nessa recuperação. Alguns 
acontecimentos podem causar sequelas físicas que te acompanham para 
sempre, algumas sequelas serão visíveis aos outros, algumas se tornarão 
imperceptíveis, mas algo sempre vai ficar ali, presente, em níveis 
diferentes. Alguns sintomas em crianças autistas poderão melhorar de tal 
forma que elas irão parecer crianças neurotípicas, com uma melhor 
qualidade de vida, independentes. Elas continuam e continuarão sendo 
autistas, mas estão tendo um grande avanço. Isso se chama 
“recuperação”. 
Durante os tratamentos alguns sintomas autistas podem diminuir 
de tal forma que a criança não se enquadra mais no diagnóstico autista, 
mas ainda carrega alguns sintomas residuais de interaçãosocial, fala, 
aprendizado ou sintomas de hiperatividade para o resto da vida que 
podem chamar a atenção apenas do olhar de um especialista. E eu repito, 
elas estão tendo um grande avanço. 
O Instituto de Pesquisas do Autismo, nos Estados Unidos, (​The 
Autism Research Institute – ​www.autism.com​) possui documentado mais 
de 1.000 casos de reduções drásticas dos sintomas severos do autismo 
(que eles classificam como “recuperação de autismo”) através de 
abordagens que incluem tratamentos gastrointestinais, nutricionais e 
imunológicos com foco nas infecções e gerenciamento de toxinas. 
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Todos esses tratamentos têm um ponto em comum: A redução da 
inflamação crônica e do estresse oxidativo descontrolado que acomete 
todo e qualquer autista. 
Para falar em estresse oxidativo primeiro você precisa entender o 
que é um radical livre. Radicais livres são moléculas que perderam um 
elétron. Normalmente os elétrons giram em pares, mas forças como o 
estresse, a poluição, produtos químicos, uma dieta tóxica, raios 
ultravioletas e a atividade normal do corpo (até mesmo a respiração) 
podem fazer um desses elétrons se separar. Quando isso acontece, a 
molécula abandona seu comportamento apropriado e começa a 
ricochetear por toda parte, tentando roubar elétrons de outras moléculas. 
Esse movimento é o processo de oxidação propriamente dito, uma cadeia 
de eventos que atacam as células e provocam a inflamação, que cria novos 
radicais livres. 
O estresse oxidativo é parte da inevitável entropia, é o princípio 
básico da vida, como uma casa organizada que inevitavelmente se torna 
desorganizada, exigindo atenção regular do morador. Ele ocorre no 
processo metabólico natural, que é nada mais nada menos que a maneira 
como o corpo transforma calorias a partir da alimentação e do oxigênio no 
ar em energia utilizável. Você já viu e conhece esse processo ocorrer fora 
do seu corpo - é a ferrugem no nosso carro, a cor marrom que aparece em 
uma maçã quando aberta e exposta ao ar, o óleo vegetal que fica rançoso 
no armário, até mesmo as rugas que se formam na nossa pele e 
queimaduras solares. Dentro do nosso corpo ele pode endurecer os vasos 
sanguíneos, danificando as membranas celulares e a parede intestinal 
causando danos significativos a tecidos e órgãos. 
Tecidos e células oxidadas não funcionam normalmente, todo esse 
processo destrutivo o predispõe a um emaranhado de problemas de 
saúde. O corpo se coloca num estado de constante esforço para curar a si 
mesmo e consertar o dano ao DNA. Quando a oxidação sai de controle, 
sem o equilíbrio de uma ação antioxidante, ela pode se tornar nociva. A 
palavra “oxidação”, obviamente, vem de oxigênio, mas não aquele que 
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respiramos. O tipo de oxigênio que culpamos aqui é o “O” simples, que 
não vem combinado com outra molécula de oxigênio (o O2). 
Como você pode supor, tudo que reduz a oxidação reduz os 
processos inflamatórios, e tudo que reduz esses processos reduz a 
oxidação. Isso explica em parte por que os antioxidantes são tão 
importantes. Esses nutrientes generosos (entre eles as vitaminas A, C e E) 
doam elétrons aos radicais livres, o que interrompe a reação em cadeia e 
ajuda a prevenir os danos provocados por estes últimos. Ao longo da 
história, o ser humano ingere alimentos ricos em antioxidantes, como 
plantas, frutas e castanhas. A indústria alimentícia atual tira de nossas 
dietas muitos desses nutrientes, extremamente necessários para um 
metabolismo saudável. 
Diversos estudos descrevem com precisão como o estresse 
oxidativo em crianças autistas pode levar à variados tipos de disfunções 
fisiológicas e seus respectivos agravamento de sintomas. Uma das 
disfunções mais comum, que tem sido foco de muitas pesquisas recentes, 
é a disfunção mitocondrial. 
As mitocôndrias são "as organelas produtoras de energia" e geram 
essa energia na forma de ATP, combinando nutrientes e oxigênio através 
de uma reação química. O cérebro possui a maior demanda de energia 
mitocondrial, mais do que qualquer outro órgão. Portanto, alterações 
sutis na produção de energia mitocondrial afetam preferencialmente o 
cérebro. Já existem estudos duplo-cegos randomizados de peso suficiente 
onde foram acumuladas evidências bioquímicas consideráveis ​​que 
revelam defeitos mitocondriais associados a doenças neuropsiquiátricas. 
A disfunção mitocondrial é a anormalidade metabólica mais comum 
associada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ao longo da última 
década, diversas evidências vêm mostrando que a disfunção mitocondrial 
é um marcador importante no autismo e outras desordens psiquiátricas e 
neurológicas. O tratamento desta disfunção pode se dar através da dieta 
(mais uma confirmação sobre os benefícios da dieta no autismo) onde as 
proteínas são priorizadas, os carboidratos são reduzidos (principalmente 
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os carboidratos processados e industrializados) e uma suplementação 
específica e bem personalizada deve ser introduzida. 
O exposto acima já é suficiente para entendermos que assim como 
o espectro é amplo e diversificado no Autismo também são os 
tratamentos. Cada criança autista necessitará de um exame diferente, de 
um tratamento diferente, de uma dosagem diferente, de uma dieta 
diferente. É exatamente essa dificuldade de identificar os biomarcadores 
que individualizam o tratamento de cada autista que gera margens para o 
surgimento de vários outros mitos em relação ao autismo. 
Meu objetivo ao disponibilizar de forma grátis esse ebook é de 
fornecer informações sólidas e baseadas em perspectivas científicas e 
psicológicas modernas para quebrar paradigmas antigos sobre o autismo. 
A minha abordagem foge das idéias preconcebidas e dos antigos 
paradigmas estabelecidos. Eu trago para você uma nova forma de 
compreender os fatores por trás dos sintomas autistas e os tratamentos 
que além de estarem melhorando a qualidade de vida de autistas no 
mundo inteiro, oferecem também uma promissora mensagem de 
esperança: de que o diagnóstico de autismo não é uma sentença, existe 
um potencial imenso dentro dos autistas e é possível tratar as causas e 
reduzir os sintomas. Isso já está acontecendo. 
Se você chegou até aqui na sua leitura entendendo tudo que lhe foi 
exposto, parabéns. Você está prestes a entrar num caminho 
transformador. 
 
 
 
 
 
 
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