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1 PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL FUNDAMENTOS EM NEUROCIÊNCIAS E DISCIPLINAS AFINS Profª Dra. Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva Prof. Me. Edna Barberato Genghini 2 SILVA, Lisienne de Morais Navarro Gonçalves GENGHINI, Edna Barberato Fundamentos das Neurociências e Disciplinas Afins (livro- texto) / Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva; Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 236 p. il. 1. Neurociências. 2. Neuropsicologia. 3. Neuroanatomia. 4. Transtornos de Aprendizagem. 5. Sistema Nervoso. Pós- Graduação Lato Sensu UNIP. III. Fundamentos das Neurociências e Disciplinas Afins. 3 FUNDAMENTOS EM NEUROCIÊNCIAS E DISCIPLINAS AFINS Professor Conteudista Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva, Professora Universitária desde 1999, atuando como professora da educação presencial e da distância. Com experiência em todos os níveis da educação – Educação Infantil, Fundamental, Médio (na modalidade Magistério) e Superior. Gestora de escola de Educação Infantil por 15 anos, atualmente coordena o Curso de pedagogia, por 18 anos, da Universidade Paulista- UNIP, Campus Alphaville. Mestre e doutora em Psicologia da Educação com especialização em Psicopedagogia, a qual atua até hoje. Coautora do livro A Escola e o Aluno: Relações entre o sujeito-aluno e o sujeito- professor. Desenvolve projetos para atender as comunidades da microrregião de Osasco que congrega os municípios de Barueri, Cajamar, Carapicuíba’, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba. Coordena os Projetos: Oficinas Pedagógicas de Arte e Expressão - que trabalha com crianças com dificuldade de aprendizagem da região e Menos Um- de alfabetização de jovens e adultos da região. Participa do Grupo de Pesquisa Multiletramento na formação contínua de educadores, Diversidade e inclusão nas práticas sociais e Líder do Grupo de Linguagens Pedagógicas de Educação a Distância: Diversidade em Ação, da Universidade Paulista-UNIP registrados no CNPQ. Realiza pesquisa na área, apresentando trabalhos em congressos nacionais e internacionais. Orienta pesquisas de graduação, de iniciação científica e Pós-Graduação da Universidade Paulista- UNIP. Professora Colaboradora/coordenadora: EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de cinco cursos ao nível de Pós- Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS, PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR, FORMAÇÃO E GESTÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós- graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva - Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a Distância - Formação de Docentes para o Ensino Superior. 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 06 INTRODUÇÃO 08 UNIDADE I INTRODUÇÃO DAS BASES NEUROLÓGICAS FUNCIONAIS E PSICOLÓGICAS E ESTUDOS NEUROLÓGICOS APLICADOS À PSICOPEDAGOGIA 09 1.1. Histórico dos estudos em neurociências 09 1.1.1. A evolução do Sistema Nervoso 26 1.1.2. Características gerais do sistema nervoso 32 1.2 Neurobiologia Celular: células do Sistema Nervoso 37 1.2.1 Neurônios 38 1.2.2 Tipos de Neurônios 44 1.2.3 Células da Glia 47 1.2.4 Astrócitos 49 1.2.5 Oligodendrócitos e Células de Schwann 50 1.2.6 Nódulos de Ranvier 52 1.2.7 Células Não Neuronais 54 1.3 Potencial da membrana 54 1.3.1 Sinapse e Transmissão sináptica 57 1.3.2 Impulso nervoso e sinapse nervosa 60 1.4 Introdução aos conceitos de divisão do sistema nervoso 64 UNIDADE II FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SUAS CORRELAÇÕES COGNITIVAS: ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DOS PROCESSOS DA APRENDIZAGEM E DA NÃO APRENDIZAGEM 68 2.1. Fundamentos de Neuroanotomia e Neurofisiologia 72 2.1.1 Neurotransmissores 75 2.1.1.1. Como os neurotransmissores funcionam 76 2.2. Divisão anatômica e funcional do Sistema Nervoso: áreas corticais, Plasticidade neural 77 2.2.1. Cérebro 84 2.2.1.1 Córtex Cerebral 87 2.2.1.2 Hemisférios Cerebrais 89 2.2.1.3 Diencéfalo 89 2.2.1.4 Tálamo 90 2.2.1.5 Hipotálamo 91 2.2.2. Cerebelo 93 2.2.3. Tronco Encefálico 95 2.2.4. Mesencéfalo 97 2.2.5. Ponte 97 2.2.6. Bulbo 98 2.2.7. Medula Espinhal 99 2.3. Sistema Nervoso Periférico 100 2.3.1 Neurônios Simpáticos Pré e Pós-ganglionares 103 2.3.2 Neurônios Parassimpáticos Pré e Pós-ganglionares 110 2.4. Neuropsicologia das funções cognitivas 111 2.4.1. Funções executivas 113 2.4.2. Atenção, memória e linguagem 114 2.4.3. Visuoconstrução, praxias e cognição social 115 2.5. Introdução Geral à Neuropsicologia 116 2.5.1. Principais casos clínicos da Neuropsicologia 117 2.5.1.1 O Caso Phineas Gage 117 2.5.1.2 O Caso Henry Molaison 118 2.5.1.3 O Caso Donald 119 2.6. O encéfalo e suas estruturas fundamentais relacionadas à motricidade, 5 aos sistemas sensoriais, à linguagem, à memória e aprendizado, ao espaço, às emoções e à inteligência, em um sistema de processamento distribuído 121 2.7. Aspectos do desenvolvimento Psicomotor 125 2.7.1. Sensação e Percepção (tátil, olfativa, gustativa, visual, cinestésica e de equilíbrio) 127 2.7.2. Processos mentais relacionados à aprendizagem 127 2.8. Distúrbios e doenças relacionadas ao Sistema Nervoso 132 2.8.1. Causas das encefalopatias crônicas não evolutivas 132 2.8.2. TID – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento 133 Unidade III ASPECTOS NEURAIS ASSOCIADOS ÀS PRINCIPAIS DESORDENS NEUROPSICOLÓGICAS. DESCRIÇÕES CLÍNICAS DOS PRINCIPAIS TRANSTORNOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM – OCORRÊNCIAS EM IDADE ESCOLAR 140 3.1. Alterações Neuropsicológicas 140 3.1.1. Déficit de Atenção 141 3.1.2. Transtornos específicos de aprendizagem (dislexia e discalculia) 144 3.2. Alterações Neuropsicológicas e comportamentais associadas a quadros neurológicos 150 3.2.1. Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA) 151 3.2.2. Alterações cognitivas do envelhecimento 155 3.2.2.1 Doença de Alzheimer 155 3.2.2.2 Demência Fronto-temporal 156 3.3. Distúrbios do desenvolvimento da linguagem oral e escrita 156 3.4. Distúrbios de Aprendizagem 158 3.5. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) 159 3.6. Transtornos invasivos do Desenvolvimento 162 3.6.1. TID – TEA 162 3.6.2. Síndrome de Down 164 3.6.3. Síndrome do X-frágil 166 3.6.4. Paralisia cerebral 167 3.6.5. Distúrbios convulsivos 168 3.7. Outras alterações sindrômicas mais comuns na população infanto-juvenil, relacionadas à cognição e à aprendizagem 169 3.7.1. Síndrome de Turner 169 3.7.2. Síndrome de Williams 170 3.7.3. Síndrome de La Tourette 172 3.7.4. Síndrome de Rett 174 Unidade IV ASPECTOS NEUROLÓGICOS DAS DESORDENS NEUROQUÍMICAS 176 4.1. Alterações Neuropsicológicas e comportamentais associadas a quadros neurológicos: Epilepsia e Acidente Vascular Encefálico 176 4.2. Avaliação Neuropsicológica e seus Instrumentos 179 4.3. Reabilitação Neuropsicológica 181 4.4. Diretrizes diagnósticas dos principais transtornos e dificuldades de aprendizagem 186 4.4.1 Anamnese 187 4.4.1.1 O que observar na Avaliação de Linguagem 189 4.4.1.2 O que observar na Avaliação do Raciocínio Lógico/Matemático 189 4.4.1.3 O que observar na Avaliação da programação dos movimentos 191 4.4.1.4 Avaliação dos Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na adolescência 192 4.5. Quando e como encaminhar para Avaliações Multidisciplinares 193 4.5.1 Avaliação Neuropsicológica 196 4.5.2 Avaliação do Processamento Auditivo Central (PAC) 198 4.5.3 Avaliação Psicológica 200 4.5.4 Avaliação Fonoaudiológica 200 REFERÊNCIAS 202 ANEXOS 206 6 APRESENTAÇÃO Olá Aluno (a), Seja bem-vindo (a)! A disciplina “Fundamentos em Neurociências” tem como objetivos apresentar os mecanismos fisiológicos de funcionamento do sistema nervoso central, desde uma única célula nervosa até os processos cognitivos, comportamentais e motores que ditam nossas emoções, ações e como este sistema determina nossos movimentos físicos propriamente ditos. A ideia central reflete o fascínio e a curiosidade que todos temos acerca de como percebemos, nos movemos, sentimos e pensamos. A elucidação do genoma humano trouxe a promessa de “mudar tudo o que sabemos” sobre o nosso encéfalo, motivo pelo qual as neurociências avançaram muito então temos, agora, uma visão sobre como os neurônios diferem em nível molecular, e esse conhecimento tem sido aproveitado para desenvolver tecnologias revolucionarias que permitam estabelecer as conexões entre os neurônios e investigar as suas funções. O sistema nervoso humano é examinado em diferentes escalas, desde as moléculas que determinam as propriedades funcionais de neurônios até́ os grandes sistemas no encéfalo que são a base da cognição e do comportamento bem como as alterações deste sistema alteram nosso corpo, mente e interação com o meio ambiente. A disciplina Fundamentos das Neurociências e Disciplinas Afins buscará atender sua expectativa de entender o funcionamento do sistema nervoso central compreendendo o processo cognitivo e motores que impulsionam o aprender que auxilia no desenvolvimento do ser humano permitindo que uma sociedade eclética erija. A complexidade do cérebro humano levou pesquisadores se unirem na busca de desvendar o indesvendável, pois, ele nos surpreende dia após dia. O século passado foi considerado como o marco do cérebro pelas descobertas realizadas e reconduzindo as pesquisas dessa área percebendo o cérebro como o núcleo do desenvolvimento humano. A Neuropsicologia surge com o objetivo de entender a relação existente entre cérebro e o comportamento humano e explicar como comportamentos complexos, sendo um deles a aprendizagem, acontecem. 7 Entender questões do nosso cotidiano, tendo como exemplo: falar, andar, diferenciar, pensar, planejar, organizar são desafiadores e necessários para quem pretende caminhar pela seara da educação. Somos uma máquina divina que requer pesquisa, ciência e amor para compreender e desvendar o indesvendável. Esse caminho requer uma disposição para o estudo sobre o funcionamento do sistema nervoso, o seu processo de desenvolvimento e como ele se desenvolve ao longo da vida humana. Sua importância no aprender e no se tornar agente participativo na sociedade. O foco desse estudo será o cérebro, sistema complexo e desafiador para nós que buscamos adentrar nesse mundo labiríntico. O convite é para não apenas ler, mas adentrar nessa magia humana. Vamos começar? Bom estudo! 8 INTRODUÇÃO O que exatamente entendemos como neurociências e qual a importância de conhecer os mecanismos físicos que nos torna o que realmente somos? Estas são perguntas que frequentemente nos fazemos e o que mais ouvimos como resposta é que o sistema nervoso é um “mar desconhecido”. De fato, o sistema nervoso vem se mostrando com o passar do tempo um verdadeiro desafio para os estudiosos que se dedicam a isso, mas por outro lado, quanto mais conhecemos como o sistema funciona, mais somos capazes de relacionar o que nos parece invisível, com o que somos, como nos portamos e como as doenças que afetam tal sistema possuem sintomas muitas vezes, comportamentais diferentes de uma gripe, a qual conhecemos os sintomas como febre e dor de garganta. Os males que afetam o encéfalo e o sistema nervoso são em sua maioria de caráter subjetivo, ficando a critério dos cientistas a correlação entre os mecanismos normais, anormais, sintomas, prevenção e tratamento. A próxima vez que você se perguntar o que é neurociência lembre-se que é união de conhecimentos de várias áreas; tais como biologia molecular, anatomia, neurofisiologia, biologia do desenvolvimento, genética, fisiologia e psicologia; para entender melhor porque nos comportamos de determinada forma. Por que se dedicar ao estudo de uma ciência tão complexa e subjetiva então? Para entender o quanto do comportamento pode ser creditado a uma herança genética e o quanto é derivado do ambiente, sim o ambiente! Apesar de cada um de nós possuir anatomicamente o sistema nervoso igual, somos indivíduos completamente únicos em nossas diferenças e isso se dá ao processo adaptativo que o sistema nervoso sofre ao longo de nossas vidas sendo moldado por nossas experiências e aprendizados. Então, seja muito bem-vindo ao mundo do conhecimento de uma característica do ser humano ao mesmo tempo intrigante e fascinante: a Neurociência! 9 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO DAS BASES NEUROLÓGICAS FUNCIONAIS E PSICOLÓGICAS E ESTUDOS NEUROLÓGICOS APLICADOS À PSICOPEDAGOGIA Dentro da história nos deparamos com diferentes áreas preocupadas em estudar o sistema nervoso em um diálogo interdisciplinar na busca de conhecer o cérebro. Nesse caminhar dialógico surge uma nova área de pesquisa, a neurociência, revolucionando a ciência. Os estudos sobre o sistema nervoso percorrem as áreas da biologia, da física, da matemática, da medicina, da psicologia, da química e agora da educação, que percebe a importância do cérebro para o entendimento do desenvolvimento humano. De acordo com Bear (2002) isso aconteceu no momento que a interdisciplinaridade passa a ser valorizada para o entendimento das funções cerebrais. Com esses estudos que se entrecruzam e se auxiliam, foi possível perceber que os caminhos para desvendar o cérebro começam no diálogo entre as diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, pois nenhuma ciência é forte o bastante, para desvelar o cérebro humano sozinha. Desta maneira, as ciências juntam-se, por volta da década de 1980, formando a neurociência. Para Barros (2004) essa intercomunicação só tem a contribuir no conhecimento das propriedades cerebrais e auxiliar os profissionais entenderem sobre o funcionamento desse órgão importante para o ser e agir humano. Os estudos sobre o cérebro são recentes (em termos históricos), por isso, vamos introduzir nosso Livro texto com o contexto histórico para que você possa situar em todo conteúdo acerca dos Fundamentos em Neurociências e Disciplinas Afins. Vamos lá? 1.1 Histórico dos estudos em neurociências Começaremos nosso estudo com um breve passeio pela história da neurociência. O que tem pensado os cientistas acerca do sistema nervoso ao longo dos anos? Quem são os neurocientistas de hoje e como eles abordam o estudo do sistema nervoso? O termo “neurociência” é relativamente novo, a Society for Neurosciense (Sociedade para as Neurociências, sediada em Washington) a associação que 10 qualifica os neurocientistas profissionais foi fundada apenas em 1970, jovem não acha? Porém o estudo do encéfalo é tão antigo quanto a própria ciência. A forma como o encéfalo e suas funções eram vistos teve início em meados do século XX com a junção de cinco linhas experimentais: anatomia, fisiologia, farmacologia e psicologia. O médico grego Galeno no início do século II supôs que os nervos (ainda não conhecido com profundidade), levavam um fluido produzido pelo encéfalo através da medula espinhal até todas as regiões periféricas do corpo. O que Galeno propôs foi utilizado como único conhecimento aceito até a invenção do microscópio que mostrou alguns detalhes desconhecidos até então sobre as células do sistema nervoso. Acredita-se que os homens primitivos, tinham esse conhecimento, pois muitos hominídeos encontrados tinham seus crânios perfurados, levando os cientistas a acreditarem que o cérebro já ocupava espaço de curiosidade e percebiam que era uma região que guardava certa importância. Pesquisas revelam que além de tentarem acertar o cérebro ou o coração nas caças ou embates, acreditavam que retirando um aparte do cérebro muitas doenças poderiam ser curadas. Documentos datados de 8.000 anos atrás, por arqueólogos, mostram que a trepanação, perfuração craniana, era uma técnica comum na busca da cura de doenças, tendo como exemplo a loucura ou a retirada do demônio (exorcismo) das pessoas. Figura.1 Trepanação e o crânio trepanado 11 Fonte: < https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2015/06/solucao-para-problemas- mentais-na-antiguidade-furar-cabeca-dos-pacientes.html>acessado 20/05/19. A princípio, não havia nenhum cuidado ou preparo para esse tipo de cirurgia, usava-se pedra, vidro, perfurador rústico, aparecendo o bisturi depois, de aprenderem a fabricar materiais mais complexos. Algumas evidências apontam que nossos ancestrais pré-históricos já tinham noção da importância vital do que havia dentro do que hoje chamamos de caixa craniana, o encéfalo. Alguns registros arqueológicos possuem crânios com lesões semelhantes a traumatismos cranianos fatais. Figura 2: Evidência de cirurgia encefálica pré́-histórica. Este crânio, de um homem datando de mais de 7 mil anos atrás, foi aberto para cirurgia enquanto ele ainda estava vivo. As setas indicam dois locais da trepanação. Fonte: ALT et al., 1997, Fig. 1a. apud BEAR, CONNORS e PARADISO, 2017. p.5. https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2015/06/solucao-para-problemas-mentais-na-antiguidade-furar-cabeca-dos-pacientes.html%3eacessado https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2015/06/solucao-para-problemas-mentais-na-antiguidade-furar-cabeca-dos-pacientes.html%3eacessado 12 Vale ressaltar que embora acreditasse que o cérebro era importante, considerava-se o coração a casa do pensar e do criar, haja visa que, quando as pessoas morriam removiam o cérebro pelo nariz e preservavam os demais órgãos, por serem mais importantes que o cérebro, o que passou a ser questionado por Hipócrates- 420 e 350 A.C., considerado o pai da medicina. Hipócrates mudou a forma de pensar e agir dessa disciplina, executada por sacerdotes, e a transformou em ciência médica, escrevendo o tratado sobre o cérebro e mudando o olhar sobre a medicina. Hipócrates de Cós (460-370 a.C.), filho de médico, aluno de Heródico de Selímbria, nascido de uma família de sacerdotes-médicos - diziam ser descendente de Asclépio -, rompeu com o culto estabelecido, não visitou o Oriente nem o Egito (os estágios no exterior da época), praticou e ensinou sua medicina em Larissa, Tasos, Delos, Abdera, Perinto, Crotona e outras cidades, acompanhado de assistentes e auxiliares, conforme o costume da época. Quando Péricles morreu vitimado pela peste em Altina, em 481 a.C., Hipócrates lá se encontrava. Mostrando que quem é bom nasce feito, foi cognominado o “Pai da Medicina”, sendo a personalidade central do que é chamada a “Escola Hipocrática”, que refugou a visão templista do curandeirismo mágico e, além dos postulados éticos, começou a dar à Medicina uma conotação de corpo integrado por disciplinas, indo do diagnóstico ao tratamento e prognóstico. É importante ressaltar que, embora o Hipócrates histórico - figura totalmente humana, tenha sido famoso como médico e professor, nenhum tratado isolado pode ser seguramente identificado como sendo dele e muitos dos detalhes tradicionais de sua vida são invenções posteriores a ela. Contemporâneo de Sócrates, Platão, Heródoto, Tucidides, Fídias, Polignoto e Péricles em Atenas, vivendo numa época áurea e numa cidade que liderava intelectualmente o mundo e para este mostrava os caminhos da inteligência, da razão, da beleza, da harmonia e da grandeza, deixando um sombrio passado para trás, Hipócrates representou para a Medicina o que as maiores contribuições de seus iluminados contemporâneos representaram para a filosofia, as artes e a política. 13 Hipócrates, mesmo não tendo feito uma trepanação, pode observar sendo feita e entender o procedimento realizado. Pesquisas mostram que era comum utilizar esse procedimento para cura de dores de cabeça em pessoas que se voluntariavam, no intuito de saná-las, para aliviar sofrimentos de pacientes lesionados por quedas, pancadas ou algum traumatismo. Não se sabe ao certo, quando que o homem começou a utilizar essa técnica e pelo qual motivo o levou a acreditar que solucionaria o problema apresentado. A vida do homem primitivo era dão difícil, sujeita a constantes perigos que a subsistência fazia com que ele buscasse soluções para acontecimentos, na tentativa de sobreviver. Nos estudos arqueológicos, muitos corpos estranhos foram encontrados indicando procedimentos cirúrgicos, devido lesões e fraturas. Interessante lembrar que a trepanação como se usava antigamente, felizmente não se utiliza mais, porém, ainda ela está presente em alguns casos emergenciais, como na contenção da hemorragia craniana, chamada hoje de craniectomia. Historiadores da área médica, na busca de entender essa dinâmica de cura, tiveram acesso a escritos de 5.000 anos que mostram que os egípcios tinham conhecimento das consequências de uma lesão cerebral, mas acreditavam que era o coração a casa da memória e do espírito. Compreender as diferentes funções do corpo é aprender a observar a formação de cada parte, pois elas se formam e preparam para uma determinada função. Observe o nariz, boca, olhos, mãos, pernas e pés e tente entender por que elas têm esse formato, para qual função elas servem e porque não poderiam servir para outra função (sem levar em consideração as possíveis adaptações que podem ser feitas). Assim, você conseguira entender o que significa quando dizemos cada estrutura tem uma função, pois, elas se organizam para atender uma determinada necessidade humana. Foi nesse processo que Hipócrates entendeu que o encéfalo era um órgão importante e responsável pela sensação. Feche seus olhos, experimente uma fruta e perceba como essa informação chega ao cérebro e depois toca seu coração. Figura 3. Hipócrates 14 Fonte: https://medium.com/@milenacarvalho_67013/hip%C3%B3 socrates-e-as-alegrias-e- tristezas-do-c%C3%A9rebro-f6f7b11d1640 Acessado em 20/05/2019 Nesse caminho histórico, deparamos com Aristóteles (384-322 A.C), não abandonou a ideia de que o coração era o que propiciava a inteligência e o encéfalo era responsável em esfriar o coração que, com a intensidade das emoções, fervia. Para ele, quanto mais potente um cérebro mais inteligente e racional é um ser humano, pois o coração poderá agir e contar com o cérebro para esfriar o sangue quando ferver. Descarte, em seus estudos, em meados do século XVII, por volta de 1630 – 1650, elabora sua tese sobre o corpo humano, sendo uma máquina. Em sua teoria Você sabia que usamos o termo cérebro erroneamente? Na realidade o sistema nervoso central é formado pela medula espinhal e o encéfalo, e o encéfalo estão localizados dentro do crânio, ou caixa craniana. O cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo, são as dobrinhas, conhecidas como circunvoluções. Portanto, encéfalo e cérebro não são sinônimos. https://medium.com/@milenacarvalho_67013/hip%C3%B3%20socrates-e-as-alegrias-e-tristezas-do-c%C3%A9rebro-f6f7b11d1640 https://medium.com/@milenacarvalho_67013/hip%C3%B3%20socrates-e-as-alegrias-e-tristezas-do-c%C3%A9rebro-f6f7b11d1640 15 mecanicista, compara o corpo com uma engrenagem de uma máquina, a qual cada parte tem uma função, separando o corpo da alma. Para Murta (2017, p.04), ao citar Descartes: [...] quão diversos autômatos, ou máquinas móveis, a indústria dos homens pode produzir, em empregar nisso senão pouquíssimas peças, em comparação à grande multidão de ossos, músculos, nervos, artérias, veias, e todas as outras partes existentes no corpo de cada animal, considerará esse corpo como uma máquina que, tendo sido feita pelas mãos de Deus, é incomparavelmente melhor ordenada e contém movimentos mais admiráveis do que qualquer das que possam ser inventadas pelos homens. Ao fazer analogia à uma máquina explica todo o funcionamento. Para Descartes o corpo humano: Nada mais seja do que uma estátua, ou máquina de terra que Deus forma deliberadamente, para torná-la o mais possível semelhante a nós: de modo que ele lhe dá não só a cor e a forma de todos os nossos membros, como também insere todas as peças que são necessárias para fazer que ela caminhe, coma, respire, enfim, imite todas as nossas funções, que se imagina proceder da matéria e só depender da disposição dos órgãos. (MURTA, 2017, p.04). Segundo o filósofo a mente e o cérebro eram separados, afirmando que o ser humano além do corpo possuía uma mente. O corpo era uma máquina que se movimentava, o coração bombas e os pulmões o ar que sopra, tendo ainda a alma, ou mente. Conheça Descartes: Fig. 4 René Descartes Fonte:<https://universoracional ista.org/o-que-significa-penso- logo-sou/>acessado em 20/05/2019 16 A biologia nasce no século XIX, com a revolucionária teoria de seleção natural de Darwin (1809-1882), a mente como algo divino do ser humano. Charles Robert Darwin veio de uma família de gênios, estudiosos, que contribuíram para a história e para algumas teorias estudadas na contemporaneidade. Darwin afirmou que o homem é mais uma espécie da Terra, não sendo único ser que têm ancestrais influenciando, assim, vários estudos em diferentes áreas. Ele atribuiu a mente uma posição marcante nos futuros estudos e descobriu que a anatomia do córtex era definida e, portanto, possível de ser estudada. Figura 5- Charles Robert Darwin Fonte: < https://pgl.gal/charles-darwin-teoria-evolucionismo/> acessado 20/05/2019 Seu conceito sobre a evolução das espécies pela seleção natural contribuiu e mexeu com todas as áreas, inclusive a política e a economia, dentre outras. Quanto se estudou para chegarmos à discussão do século XXI sobre a mente humana e seu funcionamento? https://pgl.gal/charles-darwin-teoria- 17 Mesmo assim, esse tema não se mostrou tão interessante para a comunidade cientifica até que o italiano Camillo Golgi e o espanhol Santiago Ramón y Cajal mostraram detalhes mais específicos e que despertaram interesse no final do século XIX. Golgi desenvolveu uma técnica pioneira para corar as células nervosas baseada em sais de prata que permitiu a visualização precisa em microscópio da estrutura da célula nervosa. Baseado na técnica de Golgi, Ramón y Cajal observou e determinou que o sistema nervoso não era composto de uma única célula multinucleada originada por fusão de células uninucleadas ou por muitas divisões celulares incompletas de células, foi então que ele desenvolveu alguns conceitos que hoje são conhecidos como doutrina neuronal o princípio de que “os neurônios individuais são os blocos construtivos elementares e os elementos sinalizadores do sistema nervoso”. Em meados do ano 1800 Franz Joseph Gall, um médico especialista em anatomia de Viena, deu início as tentativas de integrar conceitos biológicos e psicológicos propondo suas ideias novas: a primeira foi a rejeição a ideia de que corpo e mente são entidades separadas e a segunda foi que o córtex encefálico não funcionava como um órgão único, mas que possuía regiões especificas relacionadas a atividades diferentes. Em 1808, Dr. Franz J. Gall estudou a anatomia do cérebro e fundou a frenologia, a ciência que estuda cada parte, determinando que o cérebro é o ponto de partida das manifestações morais e intelectuais humanas e o de chegada das sensações. Proclamou que as características físicas determinavam as características mentais das pessoas. Para ele, há uma área para cada processo mental do ser humano e acreditava que poderia reconhecer as habilidades das pessoas pelo tamanho da cabeça delas. Figura 6. Dr. Franz J. Gall, Fonte: <http://blog.buko.net/gbu/professor- gall/prof-franz/>Acessado: 20/05/2019 18 Considerado o pai da frenologia Gall entrou em atrito com a igreja, por afirmar que a mente tinha um lugar dentro do corpo e com os cientistas que alegaram que ele não tinha provas concretas de sua teoria. Na época, Gall não teve muita sorte com sua teoria, deixando Viena e tendo sua teoria considerada inválida na França por Bonaparte. Gall enumerou aproximadamente 27 regiões diferentes no encéfalo cada uma relacionada a uma função específica. Figura 7: Um dos primeiros mapas para localização das funções do encéfalo. Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenwhy_port.htm (acesso em 21.01.2019) Outro cientista revolucionário no contexto histórico da neurociência foi Paul Broca (1824 – 1880) que aos 20 anos se forma em medicina e estudou a cartilagem, ossos, patologia do câncer, tratamento do aneurisma, mortalidade infantil, a relação anatômica do cérebro e crânio, a relação com a inteligência e a capacidade mental. Dentre vários estudos sua contribuição para a neurociência foi o que hoje leva o seu nome, o centro da fala denominada como área de Broca, devido a um paciente, Leborgne, que perdeu a fala, mas não a compreensão, começa a se firmar a relação entre cérebro e a linguagem. Assim, ao receber que Leborgne, como um paciente que não apresentava dificuldades em relação à compreensão de linguagem, mas não era capaz de falar, logo após a sua morte em 1861, o Dr. Broca examinou seu encéfalo e detectou uma 19 lesão na região do lobo frontal esquerdo, levando-o a concluir que aquela região estava diretamente ligada a produção da fala. Esse transtorno foi denominado Afasia1 de Broca. No córtex cerebral a área de Broca se situa no lobo frontal. Quando ela é atingida, ocorre a afasia motora ou a afasia2 de Broca. Afeta principalmente a expressão da fala: estilo telegráfico, baixa fluidez, problemas de sintaxe e gramática, vocabulário reduzido, dificuldade em encontrar as palavras certas, problemas de articulação. Figura 8 - Paul Pierre Broca 1 A afasia é a perda total ou parcial da capacidade de comunicar-se (falar e compreender). Geralmente é causada por uma má irrigação do cérebro. Os especialistas em linguagem distinguem os distúrbios da fala, que incluem dificuldades de pronunciação e de articulação, dos distúrbios da linguagem, que se manifestam pela dificuldade em encontrar palavras e formular frases. A afasia reúne esses dois distúrbios. 2 Classificação das Afasias: Segundo a neuropsicologia, distinguem-se dois grandes grupos de afasias, cada uma das suas variedades referindo-se a lesões cerebrais de localização precisa: o grupo das afasias de expressão/condução e o grupo das afasias sensoriais ou de recepção. As afasias de expressão compreendem essencialmente: Afasia de Broca: descoberta por Paul Broca (1861), que se caracteriza por uma perturbação da expressão oral e escrita (dificuldade ou incapacidade de articular um discurso, de produzir linguagem eficientemente) e por uma alteração ligeira a moderada da compreensão que tende a melhorar. A característica marcante dessa afasia é discurso hesitante, tendência a repetir frases ou palavras, sintaxe e gramática desordenadas e estrutura desordenada de palavras individuais. Afasia de Condução: Grande espectro de lesões que acometem as áreas subcorticais, principalmente o fascículo arqueado, que conecta as áreas de Broca (áreas 44 e 45 de Brodmann) e de Wernicke (Área 22). Causa dificuldade de propor respostas adequadas, embora a compreensão esteja pouco alterada. O sintoma principal é uma alteração do sistema fonológico que se exprime com prejuízo da repetição, da escrita quando ditada e da leitura em voz alta, da reprodução de ritmos e pela presença de parafasias na linguagem espontânea. Afasia sensorial (receptiva) e Afasia de Wernicke: são afasias fluentes, caracterizam-se por uma perturbação da compreensão do discurso, embora a fala esteja fluente, com poucas repetições espontâneas havendo, porém, um uso não adequado das palavras. Fonte: http://www.cerebroment e. org.br/n02/historia/broc a_p.htm Acessado: 20/05/2019 https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Broca https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_de_Brodmann https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Parafonia&action=edit&redlink=1 20 Figura 9: O encéfalo que convenceu Broca da localização de funções no cérebro. Esse é o encéfalo preservado de um paciente que perdeu a capacidade de falar antes de morrer, em 1861. A lesão que produziu esse déficit está indicada no círculo. Fonte: Corsi, 1991, Fig. III, 4. Gall, realizou uma autópsia em Leborgne, em 1861 (fig. 9), paciente citado acima, que não falava, mas compreendia e não tinha nenhuma sequela física e detectou o local lesionado que se localizava no lobo frontal esquerdo. Treze anos depois, 1874, Wernicke descreveu pacientes que conseguiam falar, mas não compreender, dando uma nova perspectiva para o estudo do cérebro humano, denominado a fala normal e a falta de compreensão como um tipo de afasia sensorial, quando a fala está preservada e a compreensão da linguagem está prejudicada. A afasia de Wernicke é causada por danos na área de Wernicke, perto do córtex auditivo primário. A pessoa afetada não tem dificuldade em falar, mas utiliza palavras inadequadas e sem construção lógica com uma alta fluidez, o que torna a sua fala seja incompreensível. Sua compreensão oral e escrita também é perturbada. No entanto, ela não tem consciência da sua doença. Observe as duas áreas citadas: Fig. 10 - área de Broca e Wernicke. 21 A área de Broca, como se pode ver, localizada no lobo frontal esquerdo, é responsável pela expressão da linguagem e programas motores da fala e os nervos faciais. A área de Wernicke está localizada no lobo temporal esquerdo, responsável pela compreensão da linguagem, reconhecimento da linguagem, interpretação e processamento semântico, portanto, uma pessoa lesionada nessa área, escuta e reconhece as palavras soltas, mas não consegue agrupá-las para compreender o contexto de uma frase. Em 1885, Hermann Ebbinghaus traz a possibilidade de testar o cognitivo do ser humano e descreve a dinâmica da aprendizagem e do esquecimento, com um método de memorização que consistia palavras aleatórias que deveriam ser escutadas, em um determinado ritmo (metrônomo) e repetidas. Depois criou o teste lacunar, que consistia em dois momentos. O primeiro a leitura de frases e no segundo, essas frases teriam palavras faltando (lacunas), as quais teriam que ser preenchidas. Com seus estudos, traça a velocidade em que apendemos e a curva do esquecimento. O SISTEMA LÍMBICO E O CIRCUITO EMOCIONAL DE PAPEZ Acesse o Anexo I, ao final deste Livro-texto para entender a complexidade da estrutura cerebral. Figura 11. Hermann Ebbinghaus Fonte:<http://imensoamor01.bl ogspot.com/2015/10/area-de- broca-e-area-de- wernicke.html>Acessado em 20/-5/2019 http://imensoamor01.blogspot.com/2015/ http://imensoamor01.blogspot.com/2015/ 22 Ebbinghaus, muito conhecido entre os psicologos, pois foi o primeiro a estudar a memória e abriu as portas para outros pesquisadores. Se interessou pela percepção das cores- senso percepção, trazendo estudos da ilusão ótica, a qual o objeto é percebido de acordo com o tamanho dos objetos que estão ao seu redor. Em 1891. Santiago Ramón Y Cajal, médico- historiador Espanhol, formula a teoria neuronal explicando a composição e a função do sistema nervoso e como ele se conecta com os demais elementos. Assim, foi considerado o fundador da teoria neuronal. Cajal teve a contribuição de Golgi, que juntos ganharam o Prêmio Nobel, em 1906. Conheça mais sobre a história da neurociência e como podemos relacioná-la a educação em: RIVEIRO, S. Tempo de cérebro. Estudos avançados. 27, (77).2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v27n77/v27n77a02.pdf Figura.12 - Santiago Ramón y Cajal e Camillo Golgi Fonte: www.ib.usp.br/.../008%20Rodrigo%2 0Pavão%20- %20APRENDIZAGEM%20E%20...A cessado em :20/05/2019 http://www.ib.usp.br/.../008%20Rodrigo%20Pavão%20-%20APRENDIZAGEM%20E%20... http://www.ib.usp.br/.../008%20Rodrigo%20Pavão%20-%20APRENDIZAGEM%20E%20... http://www.ib.usp.br/.../008%20Rodrigo%20Pavão%20-%20APRENDIZAGEM%20E%20... 23 Fonte: https://edukavita.blogspot.com/2015/ Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf 06/biografia-de-santiago-ramon-y-cajal.html acessado 20/05/2019 Acessado:20/05/2019 Cajal e Golgi conseguiram colorir os neurônios com sais de prata, conseguindo enxergar as estruturas celulares e suas ramificações. Evidenciando que os neurônios individuais são fundamentais para o funcionamento do sistema nervoso. O conhecimento que temos sobre as estruturas dos neurônios se deve aos estudos desses dois médicos- historiadores. Uma investigação com abordagem voltada para o funcionamento (fisiologia) do sistema nervoso teve início no final do século XVIII quando Luigi Galvani (médico e físico) quando descobriu que as células nervosas e os músculos produziam algum tipo de descarga elétrica. Os fisiologistas alemães Johannes Müller, Emil Du Bois- Heimmond e Hermann von Helmholtz no século XIX, através de estudos de eletrofisiologia conseguiram medir com precisão a velocidade de condução da atividade elétrica ao longo das células nervosas e como essa descarga elétrica interage com as células adjacentes. Figura 13. Células piramidais coloridas Golgi e Cajal https://edukavita.blogspot.com/2015/ http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf 24 Fonte:< http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf> acessado 20/05/2019 Os estudos de Cajal possibilitaram conhecer as sinapses mentais e entender os mecanismos da aprendizagem e da memória. O Século XX encontramos vários estudiosos da mente e do cérebro, principalmente porque as guerras (primeira e segunda) deixaram muitos feridos, com sequelas e alavancaram as pesquisas de reabilitação neurológicas. Vygotsky e Luria se dedicaram a neurociência cognitiva com seus estudos sobre as estruturas anatômicas cerebrais e as vias que compõem os sistemas dos Processos Psicológicos Superiores-PPS que estão relacionados à aprendizagem, cognição e linguagem, trazendo o meio como componente importante nesse processo. Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) e Alexander Romanovich Luria (1902-1977) contribuíram muito para que a aprendizagem e seu processo sejam entendidos. Ressaltam a importância da atenção, memória, reconhecimento dos objetos (gnosia / percepção), pensamento e comportam http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf 25 Eletrofisiologia é a ciência que estuda as propriedades elétricas presentes nas células e tecidos do corpo. São realizadas aferições do potencial elétrico em proteínas de canais (presentes nas membranas das células). Os antigos filósofos gregos desde o início da ciência ocidental, tentaram estabelecer conexões entre a mente humana e o comportamento. No século XVII René Descartes conseguiu distinguir o corpo da mente, na sua percepção era atribuído ao encéfalo apenas as funções como percepção, atividade motora, memória, apetite e outras funções atribuídas a animais inferiores. Entretanto as funções superiores como consciência, não representava uma das funções do sistema nervoso, mas sim da alma. Interessante essa visão não acha? Hoje com a informação que temos, fica difícil acreditarmos que um dia alguém pensou assim, porém sabemos também que o conhecimento que temos hoje nos parece obvio que a evolução da ciência faz com que nós olhemos de uma forma diferente para a visão de Descartes. Para conhecer mais sobre o olhar de René Descartes sobre um olhar filosófico da neurociência, leia: DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. Editora Edipro. Figura 14 - Leontiev, Vygotsky e Luria 26 Fonte:< http://itca.org.br/web/especializacao-em-teoria-historico- cultural-turma-x/ > acessado: 20/05/209 Vygotsky, com seus colaboradores Leontiev e Luria, deixaram marcas na educação com as pesquisas voltadas para a área que envolve o pensar, se comunicar, agir e aprender. 1.1.1 A evolução do Sistema Nervoso Neurocientistas, profissionais de várias disciplinas se uniram para um trabalho incansável do desvelar esse segredo, portanto, a curiosidade de entender o cérebro ou o encéfalo não é tão jovem, arriscaria dizer que é velho em demasia, pois como já dito anteriormente, o homem gosta de desenredar mistérios. Um conhecimento que perpassa por disciplinas e de aprofundamento que requer muito estudo e dedicação. O sistema nervoso do corpo humano é composto pelo encéfalo, medula espinhal e nervos do corpo, essenciais para o pensar, sentir mover-se e aprender. Nossa trajetória, de maneira rápida, pela história possibilitou que você caminhasse um pouco pela evolução da neurociência. Deparamos, em 1962, com uma organização que conecta todas as universidades do mundo que queiram discutir sobre a neurociência - Neuroscience Research Program. Esperamos que você tenha entendido o processo do estudo do cérebro que tem como base a medicina, caminhando para os psicólogos e ampliando para um 27 diálogo interdisciplinar da neurociência, que busca estudar as estruturas cerebrais que possibilitam o desenvolvimento do ser humano. A neurociência se ocupa em entender e investigar o sistema nervoso no intuito de compreender esse principal órgão dos animais vertebrados e da maioria dos invertebrados e, nos humanos, o sistema nervoso está protegido pelo crânio. A cabeça, uma parte do corpo humano que guarda o órgão essencial para nós seres racionais e emocionais, é responsável por todas as ações do corpo humano, as voluntárias, que desejamos e percebemos e as involuntárias que independente de desejarmos acontecerá, como o batimento do coração, o respirar, o piscar e outras atividades vitais. O cérebro comanda todos os movimentos e processos do desenvolvimento do ser humano, fazendo com que o corpo ande e funcione de maneira sincronizada. É interessante saber que, diferente das demais células do corpo que ao morrerem são substituídas, a morte de um neurônio não acarreta o aparecimento de outro e sim a ausência dele, trazendo a importância do estímulo e de um ambiente aprendente adequado e organizado. Entendamos o cérebro e sua divisão. Figura15. Cérebro humano Você nunca se perguntou como funciona nossa mente? O que nos faz tristes, alegres, chorosos, pensativos? O que é loucura, desatenção, raiva? O mesmo órgão que nos deixa triste, nos deixa alegres e loucos. Que loucura!!! 28 Fonte:<https://realidadesimulada.com/por-que-nosso-cerebro-possui-um- forma-enrugada/>acessado: 20/05/19 A anatomia cerebral tem um propósito e se diferencia entre as espécies, mesmo perceptivelmente sendo maior o cérebro de animais maiores, tendo como exemplo baleia e elefante, proporcionalmente o cérebro humano é grande quando comparado ao nosso corpo ocupando 2% do peso. Mas não é isso que nos diferencia dos demais animais, pois o cérebro do rato também equivale a 2% do peso. A magia desse órgão é sua complexidade, suas dobras, rugas que contemplam as sinapses realizadas, a inteligência que o ser humano possui. O tamanho, portanto, não é algo que se diferencie e decisivo para a nossa inteligência, mas as pregas, sinal de inteligência e explicação de muitos acontecimentos do desenvolvimento humanos. Observe imagem abaixo e brinque com a imaginação e se desafie a pensar o quanto inteligente somos. Figura 16. Cérebro de diferentes animais comparados ao cérebro humano https://realidadesimulada.com/por-que-nosso-cerebro-possui-um-forma-enrugada/ https://realidadesimulada.com/por-que-nosso-cerebro-possui-um-forma-enrugada/ 29 Fonte:< https://hypescience.com/veja-o-tamanho-e-peso-do-cerebro-humano- em-comparacao-com-outros-animais/> Acessado em 20/05/19 Figura 17- divisão dos Lobos https://hypescience.com/veja-o-tamanho-e-peso-do-cerebro-humano-em-comparacao-com-outros-animais/ https://hypescience.com/veja-o-tamanho-e-peso-do-cerebro-humano-em-comparacao-com-outros-animais/ https://hypescience.com/wp-content/uploads/2012/12/14451_519579334727496_424223017_n.jpg 30 Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/lobo-temporal-afetividade-memoria/ acessado 20-05-19 Observe seu tamanho em relação aos demais Lobos e ainda é subdividido em córtex motor, responsável pelo movimento dos olhos, da escrita e da linguagem e o córtex pré-frontal que cuida da habilidade de conhecer, de comportar-se e de emocionar-se. Assim, temos um cérebro que se organiza para que o indivíduo se desenvolva em harmonia. O corpo humano parece uma orquestra comandada pelo cérebro. É interessante saber que o funcionamento do cérebro é cruzado, ou seja. Lado esquerdo do cérebro comanda o lado direito do corpo e o direito do cérebro o esquerdo do corpo. https://amenteemaravilhosa.com.br/lobo-temporal-afetividade-memoria/ 31 Já vimos que o Lobo Frontal é muito importante por ser responsável pelas funções do processo de informações com caráter executivo. O maior lobo e o último a ser formado. Vejamos agora as funções do parietal, temporal e occipital. Lobo Parietal é responsável pelo cálculo, reconhecimento de determinadas situações e nos possibilita tarefas rotineiras como voltar para casa, se vestir, escovar dentes, dançar, sensação de felicidade, o calor de um abraço, a força de um aperto de mão, lembranças de momentos ao comer uma comida ou olhar um objeto (ligado a sensação) e serviços diários. O Lobo Temporal fica responsável pela memória auditiva, visual e compreensão da fala. Perceba que o Parietal é a área da relação objeto com o passado e o temporal guardar o que ouve, vê e escuta, reconhecendo formas, texturas e peso. O Lobo Occipital, localizado na parte traseira da cabeça tem a função de controlar a visão, e os estímulos trazidos pela visão, um pequeno lóbulo que processa o que vemos e leva para o lóbulo frontal. Vimos um pouco de cada Lobo cerebral, mas iremos mais para frente nos aprofundar. Continuemos nessa caminhada de descoberta e imersão no desconhecido mundo cerebral. Vamos entender um pouco de cada Lobo? 32 A neurociência se ocupa em investigar o sistema nervoso, um estudo complexo e trabalhoso dividido em campos como: Neurofisiologia- estuda o funcionamento do sistema nervoso; Neuroanotomia - busca compreender a estrutura do sistema nervoso para nomeá-los. Neuropsicologia -estuda a área psíquica e as relações entre as ações dos nervos e suas funções; Neurociência comportamental - busca compreender o sistema nervoso que controla o comportamento voluntário ou não, está ligada a relação do organismo com o pensamento e emoções. Neurociência e a neurociência cognitiva estudam pensamento, aprendizagem e memória. A Psicopedagogia para contribuir de maneira efetiva no processo de ensino e aprendizagem precisa se apoderar do funcionamento do cérebro e compreender o que acontece com as crianças quando apresentam dificuldade de aprender e executar tarefas. 1.1.2 Características gerais do sistema nervoso O sistema nervoso é um dos diversos sistemas no corpo humano responsável por transmitir sinais de todas as partes do corpo e coordenar as respostas sejam elas voluntárias ou involuntárias. Em nós humanos e na maioria dos vertebrados o sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico Você consegue entender a magia da neurociência? 33 (SNP) ambos conectados entre si e que se comunicam em uma via de mão dupla onde o SNP leva informações para o SNC, este processa a informação e encaminha uma resposta ao SNP. A Neurociência como já abordado anteriormente surge em meados de 1960, com uma visão interdisciplinar, abarcando várias áreas de pesquisa e estudo. Ela foi pegando força e trazendo pesquisadores de todo o mundo interessados na área do conhecimento e aprendizagem, desmistificando a ideia de que as células gliais deixavam de ser produzidas com o tempo e idade. O sistema nervoso surge na 3ª ou 4ª semana de gestação. Vamos tentar entrar no mundo secreto da construção do cérebro. Após a concepção temos um aglomerado de células que irão se transformar do embrião para um feto e uma criança. As placas neurais irão tomar forma, ao longo do dorso embrionário, um tecido desdobrando dentro da sua estrutura - invaginação dos neurônios Figura 18- desenvolvimento sistema neural Fonte:adaptado<https://www.famema.br/ensino/embriologia/img/sistema- nervoso/desenvolvimento-do-encefalo/sistemanervoso29.jpg >acessado:20/05/2019. https://www.famema.br/ensino/embriologia/img/sistema-nervoso/desenvolvimento-do-encefalo/sistemanervoso29.jpg https://www.famema.br/ensino/embriologia/img/sistema-nervoso/desenvolvimento-do-encefalo/sistemanervoso29.jpg 34 Observe que no começo ele é liso e aos poucos vão se formando os sulcos originando o tubo neural, que dentro tem o líquido amniótico que, em um processo mágico aparecerão o encéfalo e a medula espinhal que crescerá e se contorcerá tornando-se as vísceras encefálicas primitivas. Lent (2001) explica que o líquido originará os ventrículos cerebrais e o canal o qual eles se comunicarão. A construção do sistema nervoso central (SNC) - Morfogênese-acontece junto com o sistema nervoso periférico (SNP). Figura 19 - Sistema nervoso central Fonte<https://www.coc.com.br/blog/soualuno/ biologia/como-funciona-o- sistema- nervoso-do-corpo-humano> A partir da medula, surgirão as cristas neurais dos dois lados da medula que conectarão todas as partes do organismo. Serão os nervos condutores de informação e ligação do encéfalo com todo o nosso corpo. Como você pode observar, todo o sistema nervoso do corpo humano deriva das células primitivas do embrião, sendo essas denominadas tronco, ou células tronco. Lent (2001) ressalta que essas células guardam a capacidade de renovação e de se dividirem milhares de vezes, gerando a mãe que dará origem aos demais neurônios e as glias, que alimentarão e sustentarão os neurônios. Foi no final do século passado, por volta doa anos 90, que pesquisas revelaram que as células- https://www.coc.com.br/blog/soualuno/ 35 tronco continuam a alimentarem e sustentarem os neurônios, como também a fabricá- los. Portanto, sendo capazes de regeneração. Figura 20- sistema nervoso central e periférico Fonte: adaptado <http://www.anatomiaemfoco.com.br/wp- content/uploads/2018/11/sistema-nervoso-perif%C3%A9rico.jpg acessado essado:20/05/2019 Assim, podemos entender que o desenvolvimento, tanto físico quanto mental requer tempo, estímulo, passando por fases a serem respeitadas e observadas. O sistema nervoso tem uma função muito importante, pois coordena todas as atividades do corpo humano, formado por órgãos que captam estímulos, interpretam e respondem, comandando todo o organismo humano. http://www.anatomiaemfoco.com.br/wp-content/uploads/2018/11/sistema-nervoso-perif%C3%A9rico.jpg http://www.anatomiaemfoco.com.br/wp-content/uploads/2018/11/sistema-nervoso-perif%C3%A9rico.jpg 36 Como dissemos já na Introdução, na Unidade II iremos estudar, especificamente, os principais distúrbios e doenças relacionados ao Sistema Nervoso. Mas, antes de avançarmos, julgamos por bem mostrar aqui uma das mais comuns das doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central, crônica e progressiva, ou seja: a Doença (Mal) de Parkinson. A Doença de Parkinson é causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas). A dopamina ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos, que veremos adiante. Com o envelhecimento, todos os indivíduos saudáveis apresentam morte progressiva das células nervosas que produzem dopamina. Algumas pessoas, entretanto, perdem essas células (e consequentemente diminuem muito mais seus níveis de dopamina) num ritmo muito acelerado e, assim, acabam por manifestar os sintomas da doença. Não se sabe exatamente quais os motivos que levam a essa perda progressiva e exagerada de células nervosas (degeneração), muito embora o empenho de estudiosos deste assunto seja muito grande. Admitimos que mais de um fator deve estar envolvido no desencadeamento da doença. Esses fatores podem ser genéticos ou ambientais. Os principais sintomas da doença de Parkinson são a lentidão motora (bradicinesia), a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo, os tremores de repouso notadamente nos membros superiores e geralmente predominantes em um lado do corpo quando comparado com o outro e, finalmente, o desequilíbrio. Estes são os chamados “sintomas motores” da doença, mas podem ocorrer também “sintomas não-motores” como diminuição do olfato, alterações intestinais e do sono. Bem, visto acima, o sistema nervoso central SNC (e uma das suas principais doenças – O Mal de Parkinson) e o sistema nervoso periférico (SNP) vamos, agora, conhecer um pouquinho sobre o sistema nervoso autônomo, responsável pelo piscar, inibição saliva, estimulo contração estomacal e intestinal, relaxamento do reto e outros. Vejamos na figura abaixo. O SNA (Sistema Nervoso Autônomo) se divide em duas partes (simpática e parassimpática) que exercem funções antagônicas, enquanto uma dilata a pupila outra contrai. Em órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático, os efeitos fisiológicos geralmente são antagônicos, ou seja, se o 37 simpático excita o órgão, o parassimpático inibe-o. Vale a pena entender, pois não depende de um desejo nosso e sim um trabalho para auxiliar no funcionamento harmonioso do corpo e organismo. Figura 21- dois esquemas para entender o funcionamento Sistema Nervoso Autônomo-SNA Fonte: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso.htm> acessado 25/05/19 1.2 Neurobiologia Celular: células do Sistema Nervoso Se pensarmos no corpo humano sob o ponto de vista microscópico, podemos dividi-lo em partes indo do macro para o micro da seguinte forma: Figura 22: demonstração esquemática da “ordem” das estruturas do corpo humano. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso.htm 38 Fonte: elaboração própria Todos os tecidos e células do corpo humano são especializados e suas funções são analisadas sob o ponto de vista da interação entre célula – tecido – órgão funcional. Sobre o sistema nervoso assim como os outros sistemas, é representado por um grupo de diferentes tipos celulares com funções diferentes, porém quando olhamos para cada uma delas, podemos ver que todas mesmo diferentes, trabalham em conjunto para que o sistema nervoso desempenhe suas funções. Vamos começar os estudos funcionais deste sistema aprendendo quais são e como funcionam as células do sistema nervoso. As células básicas que compõem o sistema nervoso são os neurônios e as células da glia 1.2.1 Neurônios Um neurônio típico é composto por quatro partes básicas: (1) corpo celular; (2) dendritos; (3) axônios e (4) terminais pré-sinápticos (Figura 6) Figura 23: Representação da estrutura básica de um neurônio. 39 Fonte: KANDEL, E. R. et al. Princípios de Neurociências. 5ª edição. Editora Artmed. p. 20. 2014 a) Corpo Celular ou Soma: é considerado o “centro de comando” da célula nervosa, pois é nesta região que são encontradas organelas (pequenas estruturas presentes em todas as células que “respiram” - mitocôndrias, “digerem” – lisossomos por exemplo). São tais estas estruturas que são de fato quem mantem a célula funcionando e vivendo. Figura 24: Estrutura interna de um neurônio típico. 40 Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 30. 2017 Além das organelas, é no soma que se localiza o núcleo da célula, onde está inserido o material genético (DNA). O DNA em cada neurônio é igual entre eles e em comparação as outras células do organismo, como assim? Dizemos que em todas as células, de todos os sistemas e em todos os órgãos o DNA é o mesmo, não apresentando diferenças estruturais por serem de diferentes órgãos, o que muda é a informação gerada em cada tecido. Tais informações são diferenciadas em cada tecido devido a uma peculiaridade característica do DNA que recebe o nome de expressão gênica (Figura 8). O papel da expressão genica é de extrema importância, pois o resíduo final deste processo é a formação ou síntese de proteínas, e no contexto nervoso essas proteínas podem 41 ser por exemplo, um neurotransmissor (nós os estudaremos detalhadamente mais adiante). Figura 25: Transcrição gênica. (a) Moléculas de RNA são sintetizadas pela RNA-polimerase e, então, processadas, produzindo o RNAm, que leva as instruções genéticas do núcleo ao citoplasma para a síntese proteica. (b) A transcrição inicia na região promotora do gene e termina na região de término. O RNA precursor deve ser cortado e reunido para remover os íntrons que não codificam proteína. Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 31. 2017 Como estamos até agora? Compreendendo os conceitos básicos? Afinal qual a importância destes conhecimentos dentro das neurociências? Você vai compreendendo ao longo da leitura que para compreender como aprendemos, memorizamos e nos desenvolvemos, depende necessariamente da compreensão do funcionamento básico das células nervosas. Então, anime-se e vamos estimular nossas mentes para novos aprendizados! Do corpo celular se originam dois tipos básicos de ramificações, os dendritos e um axônio longo e tubular. Os dendritos se ramificam ainda mais parecendo uma arvore e são responsáveis em sua maioria pela recepção dos sinais e estímulos vindos das periferias de todo o corpo (chamamos este processo de vias aferentes – vias que 42 conduzem o sinal da periferia para o centro que irá processar a informação). O axônio por sua vez, se distancia do corpo celular até outros neurônios ou diretamente no seu órgão efetor este “caminho” de informação é chamado de vias eferentes – aquelas que levam a informação do centro de processamento até a periferia. Figura 26: Representação esquemática da direção das vias aferentes e eferentes. Fonte: elaboração própria Ainda em relação ao corpo celular, consideramos esta região como um “centro de controle” por que é de onde são gerados os impulsos nervosos que caracterizam a função desta célula. Os impulsos elétricos agora serão chamados de potenciais de ação, são gerados em uma região chamada de zona de gatilho próxima ao início do axônio e se propagam ao longo de toda sua extensão até o seu terminal axonial. Guarde esta informação que iremos precisar dela mais adiante. b) Terminação Axonial: Independente do tipo de neurônio, todos os axônios possuem regiões em comum, são elas: (1) cone de implantação – região inicial logo após o corpo celular; (2) região intermediaria e (3) região final chamada de botão terminal ou terminação axonial. 43 Figura 27: (A) O axônio e os colaterais axonais. O axônio funciona como um fio de telégrafo que envia impulsos elétricos a locais distantes no sistema nervoso. As setas indicam o sentido do fluxo de informação. (B) A terminação axonal e a sinapse. As terminações axonais formam sinapses com os dendritos ou com a soma de outros neurônios. Quando um chega à terminação axonal pré-sináptica, são liberadas moléculas de neurotransmissores das vesículas sinápticas na fenda sináptica. Os neurotransmissores ligam-se, então, às proteínas receptoras específicas, desencadeando a geração de sinalização elétrica ou química na célula pós-sináptica A B Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 42. 2017 Para conhecer mais sobre o funcionamento dos neurônios leia: MOREIRA, C. Neurônio. Ciência Complementar. Volume 1. 2013. Disponível em: https://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/pdf/vol_1_num_1_06_art_neuronio.pdf 44 c) Dendritos: são as terminações aferentes, eles se ramificam e vão ficando mais finos quanto mais distantes do soma e possuem pequenas expansões bulbosas (espículas dendríticas) onde fazem contato com outros neurônios (Figura 11). Figura 28: Espículas dendríticas. Método de Golgi. Microscopia confocal de neurônio piramidal do córtex motor de rato, onde são indicados dendritos (D), axônio (A), espículas dendríticas e botões sinápticos. A B Fonte: MONTANARI, T. Tecido Nervoso. Capitulo 4, p. 88. 2014. Disponível em: http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/4Nervoso.pdf 1.2.2 Tipos de Neurônios Através das metodologias utilizadas por Golgi para a coloração e visualização dos neurônios, foi desenvolvido um sistema de diferenciação dos tipos de neurônios de acordo com a morfologia (forma dos dendritos e axônios) e nas estruturas que esses neurônios enervam. Um dos critérios de classificação dos neurônios, é o número de neuritos (dendritos e axônios) que se prolongam a partir da soma, onde quando houver um único neurito dá-se o nome de unipolar, se houver dois neuritos é do tipo bipolar ou 45 pseudounipolar, quando o neurônio apresentar mais de dois neuritos é chamado de multipolar. A grande maioria dos 85 milhões de neurônios que possuímos em nosso sistema nervoso é do tipo multipolar. Figura 29: Representação morfológica dos diferentes tipos de neurônios. Fonte: http://www.lapa.ufscar.br/graduacao/AULA%209%20- Tecido%20Nervoso.pdf (acesso em 24.01.2019) 46 Existem comprovadamente relações entre doenças como deficiência intelectual e a morfologia dos dendritos. Para saber mais leia: BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências Desvendado o Sistema Nervoso. 4ª edição. Porto Alegre. RS. Editora Artmed. Outra classificação utilizada para diferenciar os tipos de neurônios é em relação a suas funções propriamente ditas, são elas: Neurônios Sensoriais: conduzem a informação dos tecidos mais periféricos até o sistema nervoso central (SNC) e são responsáveis pela percepção e atividade motora. Neurônios Motores: transmitem informações do SNC e medula espinhal para os músculos (voluntários e involuntários) e glândulas (que possuem musculatura lisa – do tipo involuntário) Interneurônios: garantem a condução do impulso nervoso através de axônios longos em áreas distantes do SNC. 47 Figura 30: Representação dos diferentes tipos de neurônios de acordo com suas funções. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/12771510/ (acesso em 24/01/2019) 1.2.3 Células da Glia Para iniciarmos os estudos sobre as células do sistema nervoso convidamos você a ler o Anexo I sobre as células glia. Glia: dos velhos conceitos às novas funções de hoje e as que ainda virão Flávia Carvalho Alcântara Gomes, Vanessa Pereira Tortelli e Luan Diniz (vide texto completo ao final deste Livro-texto – anexo II) 48 Percebe-se com o texto do Anexo 1 que os estudos os gliócitos passaram a ser vistos como elemento importante no desenvolvimento do ser humano, que orientam tanto o crescimento dos neurônios como a migração deles, além de nutrir, sustentar regenerar o metabolismo neural. O avanço da ciência vem mostrando ao longo do tempo que este tipo de célula é de extrema importância no contexto encefálico, tanto no seu funcionamento quanto na atividade destas células isoladamente. As células da glia oferecem suporte nutricional e imunológico tanto aos neurônios quanto ao sistema nervoso de uma maneira mais ampla. A glia se diferencia dos neurônios morfologicamente, pois não possuem dendritos nem axônios, porém em relação a sua fisiologia (funcionamento) são muito semelhantes aos neurônios uma vez que também são células excitáveis (podem sofrer alteração na carga elétrica) mesmo não estando diretamente ligadas a condução elétrica neuronal. Figura 31: Organização dos diferentes tipos de células da glia. A B 49 Fontes: (A) elaboração própria e (B) KANDEL, E. R. et al. Princípios de Neurociências. 5ª edição. Editora Artmed. p. 24. 2014 Atividade de Aplicação Leia o texto indicado para leitura obrigatória (Anexo 1) e elabore um texto o qual você dicuta, com embasamento, o caminho percorrido pela neurociência. Qual a importância de se estudar as celulas neuronais para a educação? Qual a importância de saber que a as celulas gliais continuam sendo produzidas? 1.2.4 Astrócitos Os astrócitos, conforme o próprio nome sugere possuem esse nome porque têm uma morfologia semelhante a estrelas; são as mais numerosas células do sistema nervoso e costumam preencher espaços entre os neurônios. Uma das funções essenciais dos astrócitos é manter o fluido extracelular em equilíbrio iônico e balanceando a quantidade de neurotransmissores presente na região ao redor dos neurônios através de proteínas mobilizadoras que degradam as moléculas que podem (porém não devem) excitar outros neurônios. 50 Figura 32: Demonstração morfológica dos astrócitos, em (A) astrócito marcado com GFAP e (B) astrócito marcado com vimentina. A B Fontes: http://anatpat.unicamp.br/xnptradionecrose2c.html e https://pt.wikipedia.org/wiki/Astr%C3%B3cito [acesso em 24/01/2019] 1.2.5 Oligodendrócitos e Células de Schwann Estes tipos de células da glia possuem uma função muito importante que é a manutenção da camada lipídica (gordurosa) que envolve os axônios da maioria dos neurônios. Essas membranas são conhecidas como bainha de mielina. Qual é a sua importância, você deve estar se perguntando? Então vamos conhece-la! A condução do impulso elétrico pelos neurônios funciona de maneira parecida como os cabos de eletricidade caseiros que todos nós conhecemos, ou seja, um cabo elétrico doméstico é revestido por uma camada de borracha ou plástico, certo? Se em algum momento essa camada se rompe, a eletricidade se perde ou é dissipada de forma que se tocarmos em um fio desencapado, poderemos sentir a eletricidade na forma de um choque. Este ponto de ruptura do isolamento elétrico faz com que a corrente não chegue ao seu final. Pois então, um neurônio pode ser comparado e um cabo elétrico onde a bainha de mielina faz o papel do revestimento de borracha, só que neste caso é um isolamento de lipídeos (gordura) que impede a perda do sinal elétrico, garantindo 51 assim que a eletricidade chegue até seu ponto final de forma integra que com a mesma amplitude do local onde foi gerada, entendeu? Neste contexto, os Oligodendrócitos e as células de Schwann mantêm a bainha de mielina sempre integra garantindo que o sinal elétrico não perca sua intensidade. Figura 33: Demonstração das células da glia. (A) posicionamento morfológico das células da glia; (B) enfoque para os oligodendrócitos e células de Schwann na formação da bainha de mielina. A B 52 Fontes: (A) https://www.infoescola.com/citologia/celulas-da-glia/ (B) http://distoniasaude.com/dyt6-dystonia-protein-regula-o-processo-critico-para- maturacao-neuronio/ [acesso em 25.01.2019] A membrana plasmática da bainha de mielina é constituída por 70% de lipídeos e 30% de proteínas, enquanto outras membranas possuem 35% de lipídeos e 65% de proteínas. Os lipídeos constituem em fosfolipídios, glicolipideos e colesterol. Fonte: MONTANARI, T. Tecido Nervoso. Capitulo 4, p. 88, 2014. Disponível em: http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/4Nervoso.pdf 1.2.6 Nódulos de Ranvier Ao longo dos axônios a bainha de mielina é descontinua e estes intervalos na bainha são de aproximadamente 1 a 2 mm deixando expostos pequenos fragmentos 53 de axônios. Tais intervalos são chamados de nódulos de Ranvier onde há uma grande concentração de íons do tipo: Na+. Deve estar se perguntando novamente, por que há intervalos na bainha de mielina, uma vez que ela tem como função isolar a eletricidade conduzida ao longo do neurônio? A resposta é simples, imagine que um neurônio motor possui um axônio que vai do encéfalo até seu braço, é um caminho longo, não acha? Então para que o impulso nervoso chegue com a mesma intensidade do ponto onde foi gerado até seu braço é preciso “reforços” iônicos (veremos esse mecanismo com mais detalhes em potencial de membrana) renovando o impulso e mantendo sua amplitude. É exatamente esta a função dos nódulos de Ranvier (Figura 17). Figura 34: A bainha de mielina de um axônio é interrompida periodicamente nos nódulos de Ranvier. Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 52. 2017 54 1.2.7 Células não neuronais São tipos celulares específicos que não possuem atividade neural propriamente dita, mas apresentam atividade importante paralelamente as células neurais. As células ependimárias são epiteliais que revestem os ventrículos encefálicos e o canal central da medula espinhal, em alguns locais essas células possuem cílios que auxiliam na movimentação do liquido cefalorraquidiano (LCR). O outro tipo de célula não neuronal é a micróglia que morfologicamente são alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares (Figura 18). Em relação a sua função, basicamente é imunológica, são células fagocitárias e participam de processos inflamatórios e de reparação do tecido nervoso. Figura 35: Fotomicrografia de preparado realizado com o método de impregnação metálica de Golgi. Fonte: JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª edição. Ed. Guanabara Koogan. p. 164.2004 1.3 Potencial da Membrana O encéfalo e a medula espinhal ficam envolvidos por membranas denominadas meninges, as quais têm a função de proteger sistema nervoso central. 55 As Meninges são constituídas por tecido conjuntivo e são formadas por três camadas as quais, de fora para dentro, são assim denominadas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. Figura 36: As camadas da meninge Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/meninges.jpg, acesso em 13/05/2019. a) Dura-máter A dura-máter é a meninge localizada mais externamente, formada por um tecido conjuntivo denso, contínuo com o periósteo dos ossos da caixa craniana. Já a dura-máter que envolve a medula espinhal, é separada do periósteo das vértebras, originando entre ambos, o chamado espaço epidural, onde são encontradas algumas estruturas como: veias, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. A parte da dura- máter que está em contato com a aracnoide é um local de fácil clivagem, onde em algumas situações patológicas, pode haver o acúmulo de sangue externamente à aracnoide, no chamado espaço subdural e pode ser preenchido por sangue em algumas doenças. Este, por sua vez, não existe em condições normais. https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/meninges.jpg https://alunosonline.uol.com.br/biologia/sangue.html 56 b) Aracnoide A aracnoide é uma membrana sem vascularização que se divide em duas partes: uma em contato com a dura-máter e sob a forma de membrana, e a outra formada por traves que conecta a aracnoide com a pia-máter. Os espaços entre as traves dão origem ao espaço subaracnóideo, onde está presente o líquido cefalorraquidiano, protegendo o sistema nervoso central contra traumatismos. Nesta membrana, existem saliências formadas devido à expansão da aracnoide que perfuram a dura-máter, recebendo o nome de vilosidades. Estas estruturas possuem a função de transferir o líquido cefalorraquidiano para o sangue. Este líquido atravessa a parede da vilosidade e a do seio venoso, até chegar à corrente sanguínea. c) Pia-máter A pia-máter é extremamente vascularizada e encontra-se aderida ao tecido nervoso, contudo não está em contato com as células ou fibras nervosas. Entre esta membrana e os elementos nervosos encontram-se prolongamentos dos astrócitos, que formando uma camada muito fina, unem-se à face interna da pia-máter. Os vasos sanguíneos entram no tecido nervoso através de túneis revestidos por esta membrana, chamados de espaços perivasculares. Antes destes vasos se transformarem em capilares, a pia-máter desaparece. Como já vimos, os neurônios, principais células do sistema nervoso, recebe e conduz os impulsos porque tem as membranas, uma barreira que impossibilita que o conteúdo celular saia e que entre partículas. Reforçando: tanto os neurônios quanto as células gliais são células nervosas, lembrando que as células gliais dão suporte para que o sistema nervoso central trabalhe. Acredita-se que haja 10 Glias para cada neurônio sendo elas astrócitos, células ependimárias, micróglia, oligodendrócitos e células de Schwann. Figura 37 Células Gliais 57 Fonte: https://www.todamateria.com.br/celulas-gliais/ > acessado: 20/05/2019 As células nervosas são conduzidas pelos impulsos elétricos, chamados de potência de ação (PA), equivalendo a um circuito elétrico, se movimentando o tempo todo pelo corpo, sem nunca descansar podendo ser medido pelos diferentes aparelhos, tendo como exemplo a eletrocardiografia e o eletroencefalografia. A potência de ação (P.A) responde aos estímulos, portanto, um estímulo lento fará com que ele tenha uma potência menor, uma redução de sua frequência, um estímulo prolongado ele se adaptará e ao acabar o estímulo ele se desadaptará. Acreditamos que você está começando a fazer as relações com algumas teorias que utilizam os termos adaptação, acomodação, desadaptação. Mas quando ocorrem as sinapses acontece a fixação. As membranas além de serem uma parede protetora elas conduzem informações e substancias. Elas protegem criando uma barreira entre o meio externo e interno, selecionando os resíduos que devem ser excretados e os que devem ser absorvidos pelo organismo. Muitas pessoas não dão o devido valor a ela, porém, há estudos que mostram que a membrana pode ter sido o primeiro elemento celular que possibilitou o metabolismo. 1.3.1 Sinapse e transmissão sináptica Para entendermos o que é sinapse pense em um plug de uma televisão que ao entrar em contato com a tomada faz com que o aparelho funcione. https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=2ahUKEwjI5fag_rrjAhV4D7kGHVR7Cc8QjRx6BAgBEAU&url=https://www.todamateria.com.br/celulas-gliais/&psig=AOvVaw1SWVx7_6PWl4dTQeKusE8w&ust=1563419567654917 58 Sinapse é a conexão por proximidade (contiguidade) entre neurônios e estruturas, tendo como exemplo músculo, que fará com que ele entender o que tem que ser feito. A comunicação entre os neurônios acontece pela pré-sinapse (como se fosse o fio e a sinapse o plug que ao entrar em contato com a tomada, rede elétrica faz a comunicação entre o aparelho e a rede elétrica, envia do a informação). É a região entre neurônio e a célula que transmite o impulso nervoso. Para que o ser humano responda à um estímulo essa informação deve chegar ao local desejado e esse caminho e a conexão entre informação e local denominam pré sinapse e sinapse. Esses impulsos nervosos, ao serem conectados com o terminal receptor, passam a ser chamados por impulsos químicos. Existem duas maneiras em que as conexões entre os neurônios podem acontecer: sinapses química e elétrica. A maioria das sinapses é química que os neurônios inibem ou excitam substancias. Essa sinapse é mais complicada e começaremos a explicação por ela. As sinapses ficam entre as estruturas do neurônio transmissor (terminal axônio) e o receptor, entendendo que um axônio pode ter ramificações e cada ramificação poderá fazer sinapse. O terminal axônio tem vesículas sinápticas com neurotransmissores. Figura 38- sinapse Fonte:<https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron- nervous-system/a/the-synapse> acessado em 23/05/19 https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/a/the-synapse https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/a/the-synapse 59 Esse espaço entre pré e pós-sinapse chamado de fenda sináptica são interligadas por potencial de ação ou impulso permitindo a conexão entre as vesículas sinápticas e terminal e ative uma energia. O sinal de entrada da sinapse química é dado quando o neurônio libera, através da fenda, um neurotransmissor que é percebido pelo outro neurônio que transmitirão sinais. Os neurotransmissores São substâncias químicas produzidas pelos próprios neurônios para que possam se comunicar com o outro neurônio. O neurotransmissor liberado pelo primeiro neurônio é chamado de pré-sinapse resultado de reações intracelulares (de dentro da célula). Nos mamíferos as sinapses que prevalecem é a química, mas as sinapses elétricas acontecem em lugares específicos, nas junções, formando canais que conduzem os íons de um citoplasma de uma célula para o citoplasma de outra célula, sendo a transmissão muito rápida, sendo basicamente instantâneo o PA- potencial de ação no neurônio pós-sináptico. Assim, a sinapse elétrica
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