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POLIPOSE E NEOPLASIA INTESTINAL REFERÊNCIAS Medcurso 2020 + aula UFR + banco de questões medvideos OS PÓLIPOS INTESTINAIS Um pólipo é uma lesão que surge na superficie interna do tgi, protejando-se para a sua luz. Pode ocorrer de forma isolada (esporádica), ou como manifestação de determinadas síndromes hereditárias. Os pólipos são classificados em neoplásicos e não neoplásicos. Os pólipos neoplásicos podem ser malignos (adenocarcinoma) ou benignos (adenomatosos). Mesmo considerado benigno, observe que os pólipos adenomatosos são classificados como neoplásicos por que são lesões pré-malignas que antecedem em cerca de 7-10 anos o adenocarcinoma colorretal. Os pólipos não neoplásicos são de três tipos: hiperplásicos, inflamatórios e hamartomas (pólipos juvenis e pólipos Peutz-Jeghers). O pólipo serrilhado contem tecido hiperplásico e adenomatoso. Pólipos podem ser pedunculados ou sésseis, solitários ou múltiplos, achados isolados ou parte de síndromes hereditárias. PÓLIPOS ADENOMATOSOS – OS ADENOMAS Incidência aumenta com idade; são os mais frequentes no intestino grosso. É definido pela presença de epitélio displásico, o que é um processo precursor do câncer, embora nem sempre evolua para tal. O pólipo adenomatoso pode ser classificado em: 1) Tubular – mais comum e melhor prognóstico 2) Viloso – pior prognóstico 3) Tubuloviloso – prognóstico intermediário A propensão para a transformação maligna sempre existe, sendo de 2,5% nos próximos 5 anos e de 10% nos dez anos seguintes. Apenas uma minoria se transforma em câncer. Os principais fatores de risco para a malignização são: tamanho, tipo histológico (tubular, viloso), grau de displasia. A conclusão é que pólipos vilosos grandes (>2cm) e com displasia de alto grau, tem tendência bastante alta de se malignizarem. A maioria dos pólipos adenomatosos é assintomática, quando tem algum sintoma, é o sangramento retal (hematoquezia). Por isso, geralmente o adenoma é um achado acidental. Em alguns casos, apenas, pode haver um pólipo viloso grande fazendo diarreia mucoide profusa, ou ainda um pólipo de pedículo grande que sofre prolapso através do ânus. Os pólipos retais podem ser palpáveis pelo toque, mas precisa ser evidenciado pela colono ou sigmoidoscopia flexível ou clister opaco. Como os pólipos adenomatosos podem ser múltiplos (sincrônicos) e podem coexistir com câncer, a colonoscopia é obrigatória, mesmo que uma lesão seja diagnosticada por sigmoidoscopia flexível. *Pólipo viloso é o vilão, já que tem a maior chance de transformar em câncer. PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS Tendem a ser diminutos e assintomáticos. Segundos pólipos colorretais em frequência, encontrados em geral no reto e no sigmoide. Não há displasia, apenas hiperplasia. O encontro de um pólipo diminuto na sigmoidoscopia flexível, cuja biópsia revelou pólipo hiperplásico, não indica a colonoscopia (ao contrário do pólipo adenomatoso). O pólipo serrilhado contém uma mistura de tecido hiperplásico com áreas de displasia (adenomatosas) e por isso sempre indica colonoscopia quando encontrado na sigmoidoscopia. POLIPOS HAMARTOSOS JUVENIS São pedunculados e grandes (1-3cm). Predominam em crianças com menos de 5 anos, sendo ainda encontrado até os 20 anos. Podem estar associados à síndrome da polipose hereditária juvenil. O principal problema desses pólipos é a tendência ao sangramento, à intussuscepção e ao prolapso do pólipo pelo reto. Podem ser definidos como estruturas que resultam de crescimento celular focal excessivo, composto por células maduras normais, que, apesar de serem idêntica às do tecido sadio, não reproduzem a arquitetura normal dos tecidos vizinhos. Uma espécie de ligação entre as malformações e as neoplasias. PÓLIPOS HAMARTOSOS DE PEUTZ-JEGUERS Possui as mesmas características dos pólipos juvenis, porém o tecido é composto de ilhas de células colunares circundadas por músculo liso. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS Associados as doenças inflamatórias intestinais. Como as doenças intestinais inflamatórias estão associadas ao aparecimento de câncer de cólon, a presença desse tipo associa-se indiretamente ao risco de câncer. ABORDAGEM AO PACIENTE COM PÓLIPO CORORRETAL Todos os pólipos colorretais devem ser removidos para estudo histopatológico através da colono ou após sigmoidoscopia flexível. Pólipos encontrados no exame baritado e pólipos adenomatosos encontrados na sigmoidoscopia indicam a realização de uma colonoscopia, pela necessidade de ressecção e pela possibilidade de pólipos sincrônicos mais proximais. A excisão (polipectomia) ao mesmo tempo é diagnóstica e terapêutica e, no caso do pólipo adenomatoso, reduz comprovadamente a incidência de adenocarcinoma colorretal no futuro. Após a remoção, os pólipos adenomatosos devem ser exaustivamente examinados para malignidade. A presença de carcinoma in situ (ou displasia de alto grau) não oferece risco de recidiva. O carcinoma invasivo (que penetra na submucosa) é encontrado em 3% dos pólipos ressecados (especialmente os maiores e sésseis), o chamado pólipo maligno. Considera-se que a polipectomia foi CURATIVA para um pólipo maligno quando os seguintes critérios forem preenchidos: (1) todo o pólipo foi ressecado; (2) as margens estão livres (sem evidências microscópicas de tecido neoplásico); (3) histologia bem diferenciada; (4) ausência de invasão vascular ou linfática... Em casos de pólipos sésseis, a colonoscopia sempre deve ser repetida após três meses, a fim de confirmar a ausência de lesões residuais! Em pacientes cujo pólipo maligno não preenche estes critérios (bem como naqueles em que o exame de controle demonstra lesões residuais) a cirurgia para ressecção do câncer colorretal está indicada. *O acompanhamento dos pacientes submetidos a uma polipectomia é importante. A colono deve ser feita após 3 anos, para flagrar possíveis recidivas. Na ausência de novos pólipos, o rastreamento pode ser marcado a cada 5 anos. Caso o paciente tenha um parente de primeiro grau que foi identificado com câncer colorretal avançado antes dos 60 anos, ou em caso de ser irmão ou irmã de alguém que teve câncer colorretal em qualquer idade, precisa de colonoscopia. SÍNDROMES HEREDITÁRIAS DE POLIPOSE POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR Autossômico dominante. Começa na adolescência com o aparecimento de pólipos, com o passar dos anos, surgem centenas ou milhares a luz do intestino grosso, causando sintomas como diarreia e sangramento retal. Também encontra-se pólipos adenomatosos gástricos e duodenais. Em 90% dos casos, a doença está relacionada com a ocorrência de mutações no gene APC (braço longo do cromossomo 5). A probabilidade de ocorrência de câncer colorretal é de 100% por volta dos 40 anos, por isso é indicado colectomia profilática. Existem três alternativas cirúrgicas: 1. Colectomia total (proctocolectomia) + ileostomia; 2. Colectomia total + anastomose ileoanal, com bolsa ileal; 3. Colectomia subtotal + anastomose ileorretal. "Colectomia total" = retirada do cólon e do reto "Colectomia subtotal ou colectomia total abdominal" = retirada do cólon, preservando todo o reto. Quando factível, a maioria dos médicos e pacientes prefere o procedimento 2: colectomia total + anastomose ileoanal com a bolsa ileal. A escolha do procedimento 3 (preservação do reto) implica um cuidadoso acompanhamento por sigmoidoscopia a cada 3-6 meses, para remoção de todos os possíveis pólipos que se desenvolvam no reto. Os pólipos retais, após colectomia subtotal, podem regredir espontaneamente ou serem prevenidos com o uso de AINE – sulindaco e celecoxibe. Recomendável cirurgia antes dos 20 anos de idade, para evitar sua realização na infância. Pacientes com múltiplos pólipos > 1 cm, com displasia de alto grau ou com histologia vilosa na maioria dos adenomas devem ser operados imediatamente.Portador de PAF faz endoscopia a cada 1-3 anos, a partir de 25-30 anos, por que precisa de fazer screening de tumores gástricos/dudodenais. Pólipos > 2cm nessas regiões sempre devem ser ressecados e submetidos ao estudo histopatológico em busca de uma neoplasia maligna. *Todos ao pacientes com suspeita de PAF devem fazer teste genético para mutação do APC a partir de 10-12 anos. Caso positivo, deve-se realizar a retossigmoidoscopia anual a partir de 10-12 anos até 35-50 anos, depois disso é de 3/3 anos. Existem duas variantes da polipose adenomatosa familiar, a síndrome de Gardner e a Síndrome de Turcot. A síndrome de Gardner é caracterizada pela polipose colorretal associada a osteomas e tumores de tecidos moles (tumores secundários, cistos sebáceos, lipomas, fibromas, fibrossarcomas), algumas vezes há dentes supranumerários. A síndrome de Turcot é caracterizada por polipose colorretal associada a tumores do sistema nervoso central, do tipo meduloblastoma e glioblastoma. Todas essas síndromes de polipose adenomatosa (PAF, Gardner e Turcot) estão associadas as mutantes do gene APC. Todas possuem o mesmo potencial maligno (100% de Ca colorretal aos 40 anos) e necessitam da mesma conduta terapêutica (colectomia) e mesmo tipo de rastreamento familiar. POLIPOSE JUVENIL FAMILIAR Desordem autossômica dominante, caracterizada pelo aparecimento de 10 ou mais pólipos hamartosos juvenis colorretais. Embora de natureza hamartomatosa, alguns pólipos adquirem focos adenomatosos e podem se degenerar em um adenocarcinoma colorretal. SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS Desordem autossômica dominante. Caracteriza-se por numerosos pólipos hamartomatosos ao longo do TGI, associado a manchas melanóticas em pele e mucosa. Está associada ainda a cânceres extraintestinais, como neoplasia ovariana, testicular, pancreático e de mama. A conduta é colono , trânsito de delgado e endoscopia a cada 2 anos, além de monitoração contínua dos outros órgãos que podem ser acometidos pela síndrome. POLIPOSES NÃO FAMILIARES Raras. A Síndrome de Cronkhite-Canada é uma polipose hamartomatosa juvenil não hereditária raríssima, associada à alopecia + distrofia ungueal + hiperpigmentação cutânea. É mais comum em descendentes de japoneses. Provavelmente se trata de uma condição imunomediada, dado que seu tratamento atual consiste em imunossupressão(glicocorticoide + azatioprina). CÂNCER COLORRETAL Maioria das vezes é adenocarcinoma. FATORES DE RISCO - Síndrome de polipose familiar - Síndrome de Lynch/ câncer colorretal hereditário não polipose (CCGNP): síndrome hereditária mais comum; 3% de todos os casos de Ca colorretal e por até 15% dos casos em pacientes que apresentam história familiar da neoplasia. É definida pelos critérios de Amsterdam modificados: Os pacientes com CCHNP desenvolvem ca colorretal em idade precoce (35-45 anos), sendo mais frequente m cólon direito ou ceco. Outras características é que os tumores são sincrônicos, surgem em dois pontos distintos ao mesmo tempo, e metacrônicos (costuma surgir um novo tumor após a resseção do último). Está associado a mutações no gene hMSH (2,1,6). NÃO há o desenvolvimento de pólipos. A síndrome de Linch (CCHNP) possui duas variantes: 1 = apenas ca colorretal 2 = ca colorretal + carcinomas ginecológicos ou gástricos, hepáticos.... + pode ter manchas café com leite na pele. Síndrome de Linch tem rastreio: Colono a cada 2 anos a partir de 21/25 anos; após 40 anos é colono anual 30-35 anos é endoscopia a cada 2-3 anos Mulheres precisam de exame pélvico a partir dos 18 anos e USG transvaginal + biópsia a partir dos 25 anos OBS: apesar de as síndromes genéticas serem um fator de risco, a maioria dos casos de câncer colorretal é esporádica, veio da sequência adenoma/carcinoma. - Dieta: caloria, gordura, carboidrato refinado, carne vermelha (ao longo dos anos). - Obesidade: aumento da insulina circulante eleva os níveis séricos de IGF-I (Insuline- like Growth Factor), o que estimularia diretamente o crescimento de células da mucosa colônica. - Tabagismo - Etilismo - Historia pessoal de ca colorretal esporático: dizemos que esses novos tumores são considerados metacrônicos quando ocorrem nos primeiros cinco anos do diagnóstico do primeiro câncer, sendo encontrados em 1,5 a 3% dos casos. -Historia familiar de ca colorreta esporádico -Doenças inflamatórias intestinais - DM2 - Acromegalia - Ureterosigmoidostomia - Endocardite infecciosa por Streptococcus bovis - Colecistectomia -Radioterapia para tratamento de ca de próstat e passado de tratamento para Linfoma de Hodgkin PREVENÇÃO E RASTREAMENTO Como devemos rastrear o ca colorretal esporádico em pessoas que não possuem historia familiar???? A partir dos 50 anos, e a estratégia de rastreio é que vai determinar o tempo de peridiodicidade. Colonoscopia deve ser realizada a cada 10 anos, colonoscopia virtual deve ser realizada a cada 5 anos e retosigmoidoscopia a cada 5 anos. Caso o paciente não possa se submeter aos exames descritos ou não queira realizá-los, métodos que avaliam a presença de sangue nas fezes podem ser empregados: pesquisa de sangue oculto nas fezes usando 3 amostras anual , ou pesquisa de sangue oculto nas fezes por método imunoquímico anual ou teste de DNA nas fezes a cada 3 anos. Teste de sangue oculto positivo indica realização de colono. Como rastrear ca colorretal em pacientes que apresentam historia familiar do câncer????? Pacientes com parente de primeiro grau que tiveram ca colorretal envolvem atenção especial. Caso o parente desse paciente tenha tido a doença antes dos 60 anos, o nosso paciente deverá iniciar o rastreio com 40 anos. Caso o nosso paciente tenha dois parentes de primeiro grau acometidos pela doença, terá de iniciar o rastreio também aos 40 anos. Nesses dois exemplos citados, o rastreio pode ser com 40 anos OU em uma idade 10 anos inferior a idade em que o parente mais jovem teve o câncer. Nesses casos a colono é repetida a cada 10 anos. OBS: observe que a pesquisa por sangue oculto é apenas uma opção caso o paciente não possa ou não aceite fazer a colono ou a retosigmoidoscopia, por que na realidade a escolha mesmo, o ideal, é realizar a colono. OBS: atenção que paciente sem historia de ca esporádico na família e sem fatores de risco começa colono com 50 e faz a cada 10 anos; paciente com historia de ca familiar esporádico começa com 40 anos OU 10 anos antes da idade em que o parente mais jovem teve ca colorretal. PATOLOGIA E PATOGENIA Os adenocarcinomas colorretais podem ser de dois tipos: polipoides e lesões anulares constritivas. A lesão polipoide é mais comum do lado direito a lesão constritiva (que pode levar a constricção) é mais comum do lado esquerdo. 35% das neoplasias são de ceco e colon ascendente, 35% retossigmoide, 18% descendente, 18% transverso. A mucosa do cólon não possui vasos linfáticos, logo o tumor só é considerado invasivo quando alcança a submucosa. O carcinoma de cólon pode disseminar-se: para gordura pericolônica e mesentério, invadindo órgãos adjacentes; para linfonodos regionais; para fígado, para cavidade peritoneal, pulmões e ossos. Os cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata, a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem produzir metástases para os pulmões e fígado. As metástases pulmonares podem ocorrer antes das hepáticas, pois a drenagem venosa retal dá vazão no sistema cava. O ca colorretal costuma demorar muito para crescer, velocidade lenta. Genes envolvidos são: APC, K-ras, p-53, Smad, DCC, TGF-B e caderina-E. Outra via, relacionada ao ca hereditártio não polipose, é a dos hMSH). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Inicialmente é assintomático. Ca do cólon esquerdo: alteração de hábito intestinal (constipação progressiva, constipação alternada com hiperdefecação ou diarreia)e sangramento vivo. Ca sigmoide: pode simular uma diverticulite, com dor, febre e sintomas obstrutivos. Ca do cólon direito: sangue oculto, anemia ferropriva, perda ponderal, febre de origem indeterminada; são altamente sangrantes, porém não fazem obstrução do fluxo fecal. Prof UFR disse que em cólon direito é bem comum ter enterorragia. Ca retal: predomina hematoquezia de pequena monta, constipação, tenesmo, eliminação de muco, sintomas relacionados a invasão de órgãos adjacentes (uropatia obstrutiva, ascite carcinomatosa, difunção da bexiga, comprometimento pulmonar e ósseo). DIAGNÓSTICO Clínica + toque retal ajudam no diagnóstico. Os exames confirmatórios são: -Retosigmoidoscopia flexível - Clister opaco (enema baritado): costuma mostrar apenas tumores mais avançados – sinal da maçã mordida (figura C na imagem) -Colonoscopia: padrão-ouro *Quando um tumor exerce efeito "estenosante" na luz do tubo digestivo, impedindo a passagem do colonoscópio, podemos lançar mão da colonoscopia virtual (reconstrução com imagens da TC) para delinear as características anatômicas da lesão antes de partir para a cirurgia. HISTORIA NATURAL E ESTADIAMENTO - Dosagem de antígeno carcinoembrionário (CEA) não tem valor diagnóstico, pois é alterado em diversos casos, como tabagismo, cirrose, neoplasias de ovário e neoplasias do pâncreas. O que é importante no CEA é a quantificação pré-op, por que tem valor prognóstico – valores acima de 10 ng/ml indicam doença avançada. -Tc de abdome precisa para excluir possibildiade de mestástases hepáticas – que são as mais comuns. - Raio x de tórax é importante por que o pulmão é o segundo sítio mais comum de metástase a distância. CEA maior que 10 indica TC de tórax. - TC de crânio e a cintilografia óssea só estarão indicadas se o paciente tiver sintomas neurológicos ou ósseos, respectivamente. Por fim, a última parte do estadiamento se dá durante o ato operatório, quando o cirurgião deverá inspecionar cuidadosamente linfonodos, peritônio e órgãos possivelmente acometidos por extensão tumoral ou por metástases. OBS: prof UFR disse que precisa lembrar sempre que principal metástase do ca colorretal é fígado. TRATAMENTO Excisão do segmento acometido junto com ressecção dos linfáticos regionais (pelo menos 12 linfonodos devem ser ressecados). As margens proximal e distal mínimas são de 5 cm para o tumor de cólon e de 2 cm para o câncer de reto. A manipulação do tumor deve ser mínima e as ligaduras vasculares devem ser realizadas no início da ressecção. O paciente deve ficar em posição de decúbito horizontal nas lesões do cólon direito e de litotomia (com colocação de perneiras) para as ressecções tumorais do cólon esquerdo ou reto. O uso de antibióticos profiláticos não deve ultrapassar 48 horas. O uso de antibióticos orais para esterilização do cólon não é mais prática adotada. O preparo mecânico, com o emprego de laxantes, também não é recomendado na literatura. Contudo, alguns serviços utilizam o manitol ou sulfato de sódio quando o tumor é localizado em cólon esquerdo. Durante a indução anestésica, administra-se a primeira dose de antibióticos profiláticos, que devem cobrir bactérias Gram-negativas e anaeróbicas. Tumores no ceco e colo ascendente: hemicolectomia direita (consiste em retirar a porção distal do íleo, ceco, colon ascendente e metade do transverso); as ligaduras incluem artérias ileocólicas e cólica direita. A continuidade do trânsito é por ileotransverso anastomose. Tumores em flexura hepática e metade direita do cólon transverso: hemicolectomia direita ampliada (retira colon ascendente, e pega uma parte maior do transverso). A continuação do trânsito é por ileotransverso anastomose. Tumores na porção média do cólon transverso: transversectomia, com ligadura da ateria cólica média em sua raiz. Pela proximidade com o estômago, pode haver infiltração em tal órgão, e por isso precisa de ressecção parcial. Tumores da metade esquerda do cólon transverso e flexura esplênica: retira metade toda a metade esuqerda do transverso e praticamente toda a metade direita, o colon descendente é retirado até o cólon sigmoide. Tumores no cólon descendente: hemicolectomia esquerda, retira metade esquerda do transverso mais todo o cólon descendente,até o sigmoide. A anastomose ocorre entre transverso e reto alto. Tumores localizados no cólon sigmoide: ressecção de sigmoide, anastomose entre colon descendente e porção superior do reto. Em situações de urgência, realiza-se o Hartmann, que consiste em retirar a parte do colon que continha o câncer obstruitivo e fazer uma colostomia no sigmoide deixando o reto sepultado. Depois faz a anastomose. TUMORES LOCALIZADOS NO RETO O reto se estende da junção retossigmoide, no nível da terceira vértebra sacral, até a linha anorretal (pectínea). Esta última marca a transição do reto com o canal anal, situando-se a cerca de 3 cm da margem anal. O reto mede aproximadamente 12 a 15 cm e ocupa a curvatura posterior do sacro. Manifestações clínicas são: hematoquezia, secreção de muco, tenesmo e alterações do hábito intestinal. Quanto trata-se de reto, a indicação é primeiro fazer uma radioterapia para reduzir o tamanho do tumor, e apenas depois fazer a excisão cirúrgica. Terapia neoadjuvante – Todo o tratamento administrado antes de cirurgia curativa para tratamento de câncer é conhecido como terapia neoadjuvante. Diferente dos tumores do cólon, o adenocarcinoma do reto se beneficia em muitos casos do emprego de RT pré- operatória somada ao uso de Quimioterapia (QT), esta última apresentando somente efeito radiossensibilizante. Parece que as células tumorais do reto apresentam biologia um pouco distinta das células do adenocarcinoma colônico, o que torna sua resposta ainda melhor. OBS: nos tumores do cólon, não da pra fazer a radioterapia neoadjuvante, já que isso depois atrapalha na hora da cirurgia, então pode fazer apenas radio adjuvante, que seria após a cirurgia. Nos tumores retais, contudo, pode-se realizar radio neoadjuvante. Uma das grandes vantagens da terapia neoadjuvante é a redução do tamanho tumoral (downstaging), fenômeno que permite ressecções cirúrgicas menos extensas e maior probabilidade de preservação do esfíncter anal. O esquema envolve a administração de RT com 4.500 a 5.040 cGy em cinco a seis semanas, somada à QT com o emprego de 5-fluorouracil e leucovorin (ácido folínico). A cirurgia é realizada seis a dez semanas após o término da RT. SEGUIMENTO NO PÓS-OP 1) Consulta médica e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por dois anos, depois, a cada seis meses até completar cinco anos. Um aumento do CEA maior do que 10 ng/dl ou duas elevações persistentes normalmente indicam recidiva tumoral. Se os exames tradicionais (colonoscopia, tomografia) não detectarem recidiva, estará indicada a PET-TC; 2) Colonoscopia após um ano. Se negativa, repetir em três anos e, depois, a cada cinco anos. Se for encontrado algum pólipo, remover e repetir em um ano. Nos casos em que o Ca era obstrutivo e não permitia a avaliação do restante do cólon pelo colonoscópio, deverá ser realizado um novo exame seis meses após a cirurgia; 3) Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes submetidos à ressecção abdominal baixa para Ca de reto. O exame é realizado após um mês da cirurgia e repetido a cada três meses nos dois primeiros anos; 4) Considerar tomografia de tórax, abdome e pelve anualmente nos pacientes com alto risco de recorrência (tumor indiferenciado ou com invasão de linfáticos/veias). PRATICANDO 1) Paciente de 81 anos de idade, portadora de demência senil, hipertensão arterial, DM 2, artrite reumatoide, sem antecedentes familiares de neoplasia, deu entrada no PA com dor abdominal em hipogástro e fossa ilíaca esuqerda, sem irradiação há 2 semanas, com piora progressiva.Estava em investigação por constipação intestinal com médico da unidade de saúde próxima a sua casa. Durante a investigação, realizou tomografia computadorizada de abdome toral com contraste, que evidenciou a imagem abaixo: a) A paciente apresenta quadro de diverticulite complicada, com coleção, e deve ser submetida à drenagem. b) A paciente apresenta apenas coprostase e deve prosseguir com a investigação da constipação por meio de colonoscopia. c) Por ser portadora de demência senil, a paciente não possui queixa principal confiável. d) A paciente apresenta tumoração em cólon esquerdo e deve ser submetida à ressecção cirúrgica. e) A paciente apresenta tumoração em ovário esquerdo e deve ser encaminhada para a ginecologia. 2) Paciente de 60 anos, diabética e hipertensa é atendida na UPA com dor e distensão abdominal há 5 dias. Relata perda de peso de, aproximadamente 15 quilos em 02 meses. Refere antecedentes de colecistectomia e histerectomia. Ao exame, encontra-se desnutrida, descorada, taquipneica, com abdome distendido, doloroso a palpação de FID, com sinais de irritação peritoneal. Um raio x de abdome mostra dilatação de alças intestinais e níveis hidroaéreos. Leuco 11300. Instituidas medidas de suporte e descompressão por sonda nasogástrica com melhora clínica. Foi submetido à TC que revelou obstrução de delgado distal e presença de espessamento em parede de cólon direito. a) Doença de Crohn b) Apendicite crônica c) Neoplasia de cólon direito d) Aderência por bridas 3) a) Rx simples de abdome b) Colonoscopia c) USG abdome d) TC de abdome GABARITO 1) D 2) C 3) D
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