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Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia Câncer colorretal Pólipos colorretais Pólipo corresponde à estrutura tecidual que se projeta acima da superfície da mucosa em qualquer área do trato digestivo, de forma regular e circunscrita, resultando em proeminência em seu lúmen. Macroscopicamente, classifica-se em planoelevado, séssil, subpediculado e pedi- culado. Em relação ao tamanho, os pólipos variam de 1 mm até mais de 10 cm, sendo classificados como gigante (> 40 mm), grande (20 a 40 mm), médio (5 a 20 mm) e pequeno (< 5 mm)1 Classificação de paris 2003: A classificação considera como 0 a lesão preco-ce e estabelece subtipos: 0-I, polipoide; e 0-II, plano. O subtipo 0-I se subdivide em pediculada (Ip) ou sésseis (Is)13 Em relação à histologia, os pólipos são divididos em neoplásicos e não neplásicos. Pólipos hiperplásicos: Originam-se da hiperproliferação das células normais da mucosa. Macroscopicamente, alguns sinais são sugestivos de pólipos hiperplásicos, como cor esbranquiçada e morfologia planoelevada. Geralmente, são assintomáticos, encontrados no cólon esquerdo, < 10 mm e não malignizam. Pólipos inflamatórios: Originam-se de uma reação epitelial inflamatória da mucosa, correspondendo ao tecido de granulação em regeneração. Podem ser grandes, pediculados e causar sintomas como sangramento e obstrução. Não malignizam. Nas doenças inflamatórias intestinais, os pólipos inflamatórios são chamados de pseudopólipos, caracterizados por ilhas de mucosa colônica residual, decorrentes da ulceração e da regeneração crônica da mucosa Pólipos submucosos: Correspondem a várias lesões da submucosa que dão aspecto polipoide à mucosa adjacente, como lipomas, agregados linfoides, leiomiomas, hemangiomas, fibromas e carcinoides. Pólipos hamartomatosos: Originam-se da mescla de vários tecidos normais que compõem a lâmina própria da parede intestinal. Os tamanhos e as formas são variados e apresentam pequeno potencial maligno. Com relação à histologia, diferenciam-se em: Tubulares: mais comuns e encontrados em qualquer área do cólon. Tubulovilosos: possuem características intermediárias. Vilosos: tendem a ser maiores, com aspecto aveludado, lobulados (tipo couve-flor), sésseis, localizando-se preferencialmente no reto. Esse tipo histológico possui as maiores taxas de morbidade e mortalidade com maior risco de malignização. Pólipos serrilhados: Os pólipos serrilhados são constituídos por tecido hiperplásico e adenomatoso. Os aparelhos de alta definição podem observar as aberturas das glândulas típicas (pit pat-tern) de ambas as situações10 exclusivamente hiperplásico e adenoma serrilhado. Nem sempre é possível a distinção segura entre pólipo, mas reconhece-se seu potencial de transformação maligna, provavelmente associado à instabilidade de microssatélites. Os pólipos serrilhados representam um grupo de pólipos com subtipos associa-dos a diferentes aspectos colonoscópicos e histológicos, alterações moleculares e ris-co de progressão para malignidade. A classificação histológica dos pólipos serrilhados distingue três entidades: pólipo Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia hiperplásico, adenoma séssil serrilhado e adenoma serrilhado tradicional. O potencial maligno do adenoma séssil serrilhado e do adenoma serrilhado tradicional já está clara- mente demonstrado. Os adenomas sésseis serrilhados são de difícil detecção por colonoscopia e provavelmente respondem por alguns dos carcinomas de intervalo do cólon proximal. A síndrome polipose serrilhada é agora amplamente reconhecida por con-ferir um alto risco de carcinoma colorretal, apesar da etiologia ainda não esclarecida. A conduta diante de todas as lesões serrilhadas é ressecção por colonoscopia com exceção de diminutos pólipos hiperplásicos de retossigmoide, os quais devem ser aleatoriamente biopsiados Sintomas: Os pólipos, na maioria dos pacientes, são assintomáticos e achados ocasional-mente em colonoscopias e enteroscopias de rotina. O sintoma mais comum é o sangramento retal de pequena monta e, quando crônico, pode causar anemia ferropriva. Outros sintomas, como diarreia, constipação, prolapso retal, suboclusão e intussus- cepção, são bem menos frequentes Diagnóstico Exame proctologico Colonoscopia Enema opaco com duplo contraste Tratamento Polipectomia endoscópica (a depender do tamanho do pólipo) Ressecaçao cirúrgica Acompanhamento Pacientes de baixo risco para carcinoma colorretal (identificação de um a dois adenomas tubulares, < 10 mm e com baixo grau de displasia) devem realizar nova colonoscopia após 10 anos. No entanto, há sugestão de se fazer em 5 anos. Pacientes de alto risco (identificação de adenoma com histologia vilosa ou displa-sia de alto grau ou > 10 mm ou em número ≥ 3) devem realizar nova colonoscopia em 3 anos. Em pacientes de alto risco, se após a primeira colonoscopia de vigilância não fo-rem detectados pólipos de alto risco, nova colonoscopia pode ser realizada em 5 anos; caso sejam detectados durante a primeira ou em colonoscopias subsequen-tes, a repetição deve ser no intervalo de 3 anos. Se após duas colonoscopias de vigilância não forem encontrados pólipos de alto ris-co, nova colonoscopia pode ser realizada em até 5 anos (baixo nível de evidência). Para lesões sésseis ressecadas em piecemeal, recomenda-se controle em 3 a 6 meses. Pólipos com características malignas Todo pólipo que contenha carcinoma deverá ser entendido como pólipo com transformação maligna. Quando o carcinoma estiver restrito à camada mucosa, ele é denominado carcinoma intramucoso. Quando o carcinoma ultrapassa a muscular da mucosa e atinge a submucosa, o pólipo passa a ser classificado como carcinoma invasivo. De acordo com as características histológicas do pólipo, é possível classificá-lo como de bom ou mau prognóstico. O termo budd corresponde a brotos tumorais compostos por células isoladas ou em grupos de até cinco células presentes nos limites do crescimento tumoral, correspondendo à fase inicial do processo de invasão. Subdivide-se em: Grau 1 - quando contém de 0 a 4 budds; Grau 2 - 5 a 9 budds; Grau 3 - ≥ 10 budds. Naqueles casos sem indicação cirúrgica, o acompanhamento endoscópico deve ser realizado de forma sistematizada. A primeira colonoscopia deverá ser realizada 3 meses após a ressecção, seguida de colonoscopias anuais com biópsias no local ressecado, previamente marcado por tatuagem com tinta nanquim. Síndromes polipoides Polipose adenomatosa familiar (PAF): Síndrome autossômica dominante causada por mutações no gene adenomatous polyposis coli (APC). Outras síndromes possuem mutações nesse gene, sendo consi deradas variações fenotípicas da PAF, como síndrome de Gardner, Turcot e polipose adenomatosa do cólon atenuada. Caracteriza-se pela presença de centenas a milhares de pólipos adenomatosos em todo o cólon e o reto. Em razão do potencial de malignização individual de cada pólipo, todos os pacientes desenvolvem câncer colorretal se não forem tratados ade- Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia quadamente. Queixas clínicas de enterorragia, diarreia ou dor abdominal em pacientes jovens com antecedentes familiares de pólipos e/ou câncer colorretal na idade de 40 anos ou menos poderão sugerir a afecção. Cerca de 25% dos pacientes não possuem antecedente familiar. O diagnóstico baseia-se no enema opaco e/ou na colonoscopia que evidencia cen-tenas ou milhares de pólipos colorretais. Diante da suspeita da afecção, a polipecto-mia é fundamental para confirmar histologicamenteo adenoma. Após diagnóstico, deve-se investigar a presença de adenomas no estômago por meio de endoscopia digestiva alta, bem como no duodeno, na ampola de Vater e no delgado, utilizando enteroscopia. Cromoendoscopia deve ser realizada para aprimo-rar a detecção de lesões. O tratamento deverá ser cirúrgico em virtude da evolução para malignização e envolve a proctocolectomia total com anastomose ileoanal ou colectomia total com preservação do reto. Ambas necessitam de acompanhamento endoscópico distal re-gular. Até a realização da cirurgia, as colonoscopias devem ser realizadas a cada 12 meses com remoção dos pólipos de grande tamanho. Síndrome da polipose adenomatosa familial atenuada: A síndrome da polipose adenomatosa familial atenuada (AFAP) caracteriza-se pela menor penetrância fenotípica do gene APC. Os pacientes apresentam manifes-tações mais tardias da doença, por volta dos 50 anos de idade, com menor número de pólipos. Síndrome polipoide hiperplásica: Caracteriza-se pela presença de pólipos hiperplásicos múltiplos, grandes e/ou localizados no cólon direito, particularmente em indivíduos com história familiar ou pessoal de câncer. Apesar de os pólipos serem de origem hiperplásica, frequente-mente ocorre a associação com pólipos adenomatosos e adenomas serrilhados, daí apresenta predisposição significativa para o câncer colorretal. Os pacientes com sín-drome hiperplásica polipoide (HPS) requerem vigilância pela colonoscopia e avalia-ção para indicação de colectomia profilática. Síndrome de Gardner: Variação fenotípica da PAF, a síndrome de Gardner também é caracterizada pela presença de pólipos adenomatosos por todo o trato gastrointestinal. Associa-se a manifestações extraintestinais, incluindo carcinoma papilar da tireoide, osteomas de mandíbula e crânio, anomalias dentárias, cistos epidérmicos e sebáceos, síndrome de Cushing e tumores desmoides. Síndrome de Turcot: Síndrome autossômica recessiva rara, que é uma variação fenotípica da PAF e apresenta adenomas colônicos com malignização frequente ao redor dos 30 anos de idade. Associa-se a manifestações extraintestinais incluindo tumores cerebrais (glio-blastomas e meduloblastomas), manchas cutâneas marrons, lipomas e carcinoma ba-socelular de couro cabeludo. Síndrome da polipose juvenil (JPS): Caracteriza-se pela presença de múltiplos pólipos hamartomatosos por todo o trato gastrointestinal em menores de 10 anos de idade. Síndrome rara, com muta-ções em pelo menos três genes com penetrância incompleta. Os pacientes afetados apresentam alto risco de desenvolverem cânceres do trato gastrointestinal, com taxas variando entre 9 e 68% e probabilidade de 50%. Síndrome de Peutz-Jeghers: Afecção autossômica dominante rara caracterizada por múltiplos pólipos hamar-tomatosos intestinais, com preponderância para o intestino delgado, associados a pigmentações melânicas na pele e na mucosa oral. A causa dessa síndrome está na mutação do gene STK11/LBK1, uma supressora tumoral Os pólipos são considerados, em geral, com baixo potencial de malignização, em-bora haja mudanças adenomatosas e carcinomatosas nesses hamartomas. O risco relativo de desenvolver câncer é quinze vezes superior ao da população em geral. Cerca de 50% dos pacientes com a síndrome desenvolvem câncer e morrem por cau-sa dessa enfermidade ao redor dos 60 anos de idade. O câncer é primariamente do trato gastrointestinal, como pâncreas, mas também inclui o pulmão e os aparelhos reprodutores Clinicamente, a síndrome de Peutz-Jeghers causa crises repetidas de dor abdomi-nal em pacientes menores do que 25 anos de idade, sintomas de suboclusão intestinal, hemorragia intestinal e prolapso retal. O sinal mais característico é a pigmentação cutânea (máculas com 1 a 5 mm) na região perioral. Síndrome de Cowden: Associa-se a mutações no gene PTEN. Os pacientes começam a apresentar sinto-mas com idade entre 10 e 30 anos relacionados aos pólipos hamartomatosos hiper- plásicos por todo o trato gastrointestinal, incluindo esôfago, associados a hamarto-mas orocutâneos faciais e pulmonares, além de tumores de mama, da tireoide ou de cólon. Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia Síndrome de Cronkhite-Canadá: Síndrome de origem não genética, caracterizada por múltiplos pólipos intestinais e anormalidades do ectoderma dos olhos (hipertrofia da retina), pele (cistos), siste-ma nervoso central (meduloblastomas), hiperpigmentação da pele e alopecia. Câncer colorretal A neoplasia colorretal precoce é definida pela profundidade da invasão na parede colorretal, devendo estar limitada à mucosa ou à submucosa, independentemente da presença de metástases linfonodais. A neoplasia origina-se na mucosa e infiltra a parede do cólon. Quando atinge a camada muscular própria, denomina-se avançada. Fatores de risco Idade: 40 anos ou mais Histórico pessoal: A existência pregressa de pólipos adenomatosos Histórico familiar Polipose familiar adenomatosa Câncer hereditário não polipoide (síndrome de Lynch) Doença inflamatória intestinal Retocolite ulcerativa Doença de crohn Patologia O crescimento dos TMCR e ́ de forma circunferencial, podendo envolver completamente o lúmen intestinal e originar, como conseque ̂ncia, quadros oclusivos. Essa situac ̧a ̃o e ́ mais evidente no co ́lon esquerdo, que apresenta menor calibre que o direito e, habitualmente, e ́ necessa ́rio cerca de 1 ano para a lesa ̃o ocupar tre ̂s quartos da circunfere ̂ncia intestinal. Ocorre tambe ́m uma infiltrac ̧ão da submucosa com invasa ̃o da cadeia linfa ́tica inframural. A extensa ̃o radial da lesa ̃o tambe ́m infiltra outras camadas da parede intestinal, podendo, por contiguida- de, atingir estruturas vizinhas. O tumor podera ́ infiltrar tambe ́m os vasos colo ̂nicos e, pela veia porta, conduzir ce ́lulas neopla ́sicas que desenvolvera ̃o me- ta ́stases hepa ́ticas. Atrave ́s das veias lombares e vertebrais, le- vam a focos metasta ́ticos nos pulmões e no ce ́rebro. O ca ̂ncer retal é disseminado atrave ́s das veias hipoga ́stricas. A invasa ̃o venosa esta ́ presente em ate ́ 50% dos casos, mesmo na ̃o produ- zindo meta ́stases a distância. A manipulac ̧a ̃o cirúrgica do tumor deve ser extremamente cuidadosa, no sentido de evitar a liberaça ̃o de meta ́stases hematoge ̂nicas. A disseminac ̧a ̃o mais frequente dos TMCR e ́ atrave ́s do com- prometimento ganglionar, sendo a disseminac ̧a ̃o longitudinal pela cadeia linfa ́tica extramural um importante mecanismo des- se processo. Assim, nos procedimentos cirúrgicos, é necessa ́ria a complementac ̧a ̃o com remoc ̧a ̃o dos ga ̂nglios comprometidos, o que e ́ encontrado em cerca de 50% dos casos. Em algumas situac ̧ões, ce ́lulas neopla ́sicas extravasam do lú- men intestinal para a cavidade peritoneal, produzindo implan- tes locais ou, então, carcinomatose abdominal generalizada. Ce ́lulas tumorais podera ̃o ser liberadas e levadas pela cor- rente fecal para serem implantadas, a distância, em mucosa normal. Esse tipo de situac ̧a ̃o e ́ de ocorre ̂ncia rara, e grande parte das recidivas junto a ̀s anastomoses e ́ devida a ce ́lulas pro- venientes de fora da parede intestinal, principalmente de lin- fáticos do mesoco ́lon. Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia Com base na patologia do processo tumoral, procurou-se estabelecer o estadiamento da doenc ̧a para que fosse possi ́vel na ̃o só avaliar a perspectiva de sobrevida do paciente, mas tam- be ́m a necessidade de uma terapia adjuvante. Quadro clinico É importante a tomada da histo ́ria clínica, com judiciosaavaliac ̧a ̃o de todos os sintomas, tais como alterac ̧a ̃o do ha ́bito intestinal com mudanc ̧a das caracteri ́sticas do bolo fecal, presenc ̧a de sangue e/ou muco nas fezes, dor abdominal pre- cedendo evacuac ̧a ̃o e sintomas gerais, como astenia, anemia e emagrecimento. Os sintomas dos TMCR esta ̃o na depende ̂ncia da localizac ̧a ̃o anato ̂mica da lesa ̃o, seu tipo e extensa ̃o, bem como da even- tual presenc ̧a de complicac ̧ões, como perfurac ̧a ̃o, obstruc ̧a ̃o e hemorragias. No ca ̂ncer retal, o sintoma mais frequente e ́ a perda de sangue claro, juntamente com as fezes, associada ou na ̃o a ̀ pre- senc ̧a de muco. Outra manifestaça ̃o relatada com freque ̂ncia é a sensac ̧ão de evacuac ̧a ̃o incompleta e “puxos” no canal retal, independentemente da movimentac ̧a ̃o intestinal. Os cânceres de cólon esquerdo na maioria das vezes se apresentam com Sangramento retal Alteração no ritmo intestinal (estreitamento das fezes, constipação, diarreia intermitente e tenesmo) Dor abdominal ou nas costas; Hematoquesia Sangue oculto nas fezes Anemia Perda de peso Fraqueza Outras complicações são perfuração, fístula, volvo e hérnia inguinal; achados laboratoriais: anemia em 50% das lesões do lado direito. Em relação aos sintomas decorrentes da doença metastática do CCR: Hematoquesia/enterorragia. Mudança de hábito intestinal. Obstrução intestinal. Perda ponderal. Anemia. Dor abdominal. Massa abdominal palpável. Um tumor no cólon esquerdo (descendente) pode causar obstrução em sua fase inicial, já que o cólon esquerdo tem um diâmetro menor e as fezes passam por ele em estado semissólido. A pessoa pode ser levada ao médico devido à sensação de cólicas, dores abdominais intensas e constipação. No cólon esquerdo, o calibre do lúmen intestinal e ́ menor e o conteúdo fecal é formado por material semissólido. Assim, o crescimento das neoplasias nessa regia ̃o, com oclusa ̃o progres- siva do lúmen, leva a alterações mais precoces da evacuac ̧a ̃o. Essa situac ̧a ̃o podera ́ evoluir para uma obstruc ̧a ̃o parcial ou completa do local. A presenc ̧a de sangue nas fezes e ́ frequente, pore ́m na ̃o sob a forma de perdas maiores, geralmente de co- lorac ̧a ̃o escurecida e associada a muco. Um tumor no cólon direito (ascendente) só causa obstrução em uma fase mais avançada do câncer, visto que o cólon ascendente tem um diâmetro maior e o conteúdo que corre através dele é líquido. Portanto, quando o tumor é finalmente descoberto, ele pode ser maior que o tumor no cólon esquerdo. No cólon direito, que apresenta maior calibre, paredes fi- nas e distensíveis, com conteu ́do fecal líquido, a presenc ̧a de neoplasia manifesta-se mais tardiamente, atingindo as leso ̃es grandes volumes antes de serem diagnosticadas. Os pacientes apresentam queixas vagas de astenia, debilidade física e anemia, com sensac ̧a ̃o de desconforto no abdome direito. A presenc ̧a de anemia hipocro ̂mica microci ́tica é sinal importante na pes- quisa da neoplasia de co ́lon direito. A palpac ̧ão da regia ̃o inguinal e supraclavicular e ́ importante para a verificac ̧ão de nódulos metastáticos. O exame do abdome podera ́ revelar presenc ̧a de massa, hepatomegalia ou circulac ̧a ̃o colateral em parede, indicando obstruc ̧a ̃o portal. Diagnóstico A colonoscopia é o exame isolado mais eficaz para o diagnóstico do CCR, pois permite localizar e biopsiar lesões suspeitas. Aspectos endoscópicos: Apresenta-se, usualmente, como uma lesão vegetante, endurecida, friável, infil-trativa, frequentemente ulcerada, com bordas e superfície irregulares3 meter total ou parcialmente a circunferência do cólon e ter a extensão variada. Podem acometer total ou parcialmente a circunferência do colon e ter extensão variada. Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia Exames laboratoriais Hemograma: ver anemia Fosfatase alcalina: pode mostrar metástases hepáticas Sangue oculto nas fezes: pode mostrar pólipos ou neoplasia em fase assintomática O anti ́geno carcinoembrioge ̂nico (CEA): e ́ uma glicoprotei ́na encontrada na membrana celular de muitos tecidos, inclusive nos ca ̂nceres do co ́lon e reto, e os anti ́genos sa ̃o detectados no sangue atrave ́s de técnicas de radioimunoensaio, sendo encon- trados, também, em outros fluidos, como urina e fezes. A elevac ̧a ̃o do ni ́vel se ́rico do CEA na ̃o e ́ especi ́fica para os TMCR, podendo acontecer também em outras neoplasias, gastrintestinais ou na ̃o, ale ́m de esse nível se apresentar também alterado nas doenc ̧as inflamatórias e nos indivi ́duos tabagistas. Assim, o CEA na ̃o e ́ um me ́todo acurado para o diagno ́stico dos TMCR, pore ́m tem valor como teste preditivo. A avaliac ̧a ̃o do anti ́geno CA 19 a 9 em conjunto com o CEA podera ́ melhorar a acura ́cia para a detecça ̃o de neoplasia, reci- divas e/ou meta ́stases. Outros dois identificadores de câncer, CA 19-9 e CA 125, são semelhantes ao CEA e, por vezes, elevam os seus valores quando há câncer colorretal. Exames radiológicos RX de tórax e abdome Enema opaco USG endorretal Retossigmoidoscopia Colonoscopia TC RM PET-SCAN Exames preventivos Colonoscopia Exames de fezes Sigmoidoscopia Colonografia por tomografia computadorizada (TC) Exames de fezes quanto à presença de sangue e DNA de câncer O diagnóstico precoce depende da realização de exames preventivos de rotina, que devem normalmente ser iniciados entre os 45 e os 50 anos de idade em pessoas com risco moderado de desenvolver câncer colorretal e continuar até os 75 anos de idade. No caso de adultos com 76 a 85 anos de idade, o médico leva em consideração o estado de saúde geral da pessoa e os resultados dos exames preventivos anteriores para decidir se a pessoa deve ou não continuar a realizar exames preventivos. Algumas pessoas começam a realizar exames preventivos antes disso. Por exemplo, pessoas que têm um parente de primeiro grau (pais, irmãos ou filhos) que teve câncer colorretal antes dos 60 anos de idade devem começar a realizar exames preventivos a cada cinco anos a partir dos 40 anos de idade ou dez anos antes da idade em que aquele parente foi diagnosticado, o que for anterior. Por exemplo, se o pai de alguém foi diagnosticado com câncer colorretal aos 45 anos de idade, essa pessoa deve começar a realizar exames preventivos aos 35 anos de idade. Além disso, alguns especialistas sugerem que os exames preventivos sejam iniciados aos 45 anos de idade para pessoas de todos os níveis de risco. Rastreamento A patoge ̂nese dos TMCR permite duas oportunidades para prevenir o seu aparecimento: descobrir e remover po ́lipos para prevenir o ini ́cio do ca ̂ncer, e descobrir e remover o ca ̂ncer pre- coce para melhorar o progno ́stico. A intervenc ̧a ̃o preventiva transcorre em tre ̂s fases: Rastreamento de pessoas sem sintomas, para identificar aquelas com maior probabilidade de doenc ̧a. Testes diagnósticos para determinar se pacientes apre- sentam, ou na ̃o, pólipos ou ca ̂ncer. Vigilância das pessoas de alto risco, incluindo as si ́ndro- mes familiais e heredita ́rias, e pacientes com po ́lipos ade- nomatosos grandes, nestes procurando novas leso ̃es após remoc ̧a ̃o das anteriores. Testes para rastreamento Toque retal: lavor preditivo limitado mas deve ter realizado. Pesquisa de sangue oculto nas fezes: Sua sensibilidade tem melhorado com as novas gerac ̧ões de testes baseados na pesquisa de hemoglobina humana (Heme- Select®), reduzindo o número de exames falso-positivos, sem, contudo, perder valor na sua especificidadeJulia Paris Malaco – ambulatório endoscopia PSOF e sigmoidoscopia flexi ́vel: A PSOF e ́ pouco sensi ́vel na detecc ̧a ̃o de lesões distais, enquanto a sigmoidoscopia pode examinar cuidadosamente a mucosa da metade distal do intestino grosso. Sigmoidoscopia flexível: O aparelho de 60 cm alcança a flexura esple ̂nica, identificando, portanto, cerca de metade das leso ̃es colo ̂nicas. Estudo contrastado do co ́lon (enema opaco): O exame com duplo contraste e ́ mais sensi ́vel do que o enema com coluna u ́nica de ba ́rio. Identifica leso ̃es no con- torno da alc ̧a e diagnostica boa parte dos po ́lipos e ca ̂nceres grandes, mas e ́ pouco sensi ́vel para po ́lipos menores que 1 cm. Exames falso-positivos podem ser induzidos por irregularida- des da mucosa ou retenc ̧a ̃o de fezes. Colonoscopia: Ha ́ forte evide ̂ncia de que a colonoscopia pode reduzir a mortalidade por TMCR. Entretanto, na ̃o ha ́ evide ̂ncia dessa reduc ̧a ̃o em pacientes assintoma ́ticos ou sem pólipos. O rastreamento da populac ̧a ̃o de risco habitual se inicia aos 50 anos de idade. Se o paciente e ́ de risco para início precoce dos TMCR O rastreamento deve ser iniciado mais cedo (ver fatores de risco, anteriormente). Se o paciente e ́ de risco para lesões que progridem mais rapidamente, o rastreamento deve ser mais frequente. Se o paciente é de risco para leso ̃es mais proximais, o rastreamento deve ser realizado com colonoscopia ou enema opaco. Se o paciente e ́ de risco para uma incide ̂ncia muito alta da doença, os testes mais sensi ́veis devem ser utilizados (colonoscopia ou enema opaco). Pacientes com risco habitual (ca ̂ncer espora ́dico) Iniciar rastreamento aos 50 anos de idade. A decisa ̃o do me ́todo a ser utilizado deve ser tomada em conjunto, me ́dico/paciente, levando em considerac ̧a ̃o a efica ́cia, a convenie ̂ncia, a seguranc ̧a e o custo de cada exame. Rastreamento com pesquisa de sangue oculto nas fezes anual. Rastreamento com sigmoidoscopia flexi ́vel a cada 5 anos. O rastreamento com esses dois exames (PSOF ou sigmoi- doscopia) apresenta forte evide ̂ncia de efica ́cia. Rastreamento com enema opaco a cada 5 a 10 anos, e colonoscopia a cada 10 anos, na ̃o e ́ uma conduta aconse- lhada, pois na ̃o ha ́ evide ̂ncia de que esses procedimentos reduzam a mortalidade por TMCR Pacientes de alto risco Parentes pro ́ximos com ca ̂ncer ou pólipos. A estes pacientes, deve ser oferecido o mesmo rastreamento proposto a ̀queles de risco para ca ̂ncer espora ́dico, mas deve ser iniciado aos 40 anos de idade. Atenc ̧a ̃o especial deve ser prestada aos pacientes com parentes próximos com TMCR manifestado an- tes dos 55 anos, ou po ́lipos adenomatosos diagnosticados antes dos 60 anos. Polipose Familiar Adenomatosa (PFA). Estes pa- cientes necessitam de aconselhamento gene ́tico, e devem-se considerar testes para determinar se sa ̃o portadores do gene responsa ́vel pela PFA. A detecc ̧a ̃o de fragmento proteico leva a ̀ identificação do gene APC mutante em, aproximadamente, 60 a 80% das fami ́lias com PFA. Se o caso i ́ndice (portador de PFA) tem o teste positivo, os outros membros podem ser testados com uma acura ́cia próxima de 100%. Um resultado negati- vo exclui PFA somente se o membro afetado da fami ́lia possui uma mutac ̧ão conhecida. Os portadores do gene, ou casos in- determinados, devem fazer rastreamento com sigmoidoscopia anual desde a puberdade. O trato gastrintestinal superior deve ser examinado a cada 1 a 3 anos. Na ̃o se estabeleceu, ainda, o papel do Sulindac e de outros anti-inflamato ́rios na quimio- prevenc ̧a ̃o da PFA Ca ̂ncer hereditário na ̃o polipoide (CHNP). Assim como na PFA, estes pacientes devem receber aconselhamento gene ́tico, e aqueles que preenchem os crite ́rios de Amsterdam devem realizar testes gene ́ticos. A detecc ̧a ̃o de fragmento pro- teico do gene MMR relacionado com o CHNP e ́ feita em 50% dos membros das fami ́lias que preenchem esses critérios. Se a mutac ̧a ̃o e ́ encontrada no caso i ́ndice, a acura ́cia nos outros membros também e ́ próxima a 100%. O rastreamento e ́ reali- zado com colonoscopia a cada 1 ou 2 anos, iniciando-se entre 20 e 30 anos de idade, e anualmente apo ́s os 40 anos, ou, ainda, 10 anos mais cedo que a idade do caso mais precoce na fami ́lia. Sigmoidoscopia e ́ insuficiente, pois a maior parte dos tumores e ́ proximal, e a PSOF mostra sensibilidade muito baixa para detecça ̃o de pólipos História pessoal de neoplasia. Estes pacientes devem ser submetidos ao exame de todo o Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia cólon, a ̀ e ́poca do diagno ́s- tico, para excluir lesões sincro ̂nicas e po ́lipos. Colonoscopias subsequentes devem ser realizadas a cada 2 a 3 anos para de- tectar novos ca ̂nceres ou pólipos. Doenc ̧a inflamato ́ria intestinal. E ́ comum indicar-se colonoscopia a cada 1 ou 2 anos após 8 anos de doenc ̧a nos pacientes com pancolite, ou depois de 10 a 15 anos naqueles com colite envolvendo apenas o co ́lon esquerdo. No entanto, na ̃o ha ́ evide ̂ncia direta de que essa pra ́tica reduza a mortalidade por TMCR, nem ha ́ dados sólidos de que tal atitude seja mais efetiva que a colectomia, esta baseada somente na extensa ̃o e durac ̧a ̃o da doenc ̧a. Ha ́ necessidade de estudos randomizados e de longa durac ̧a ̃o visando a essas particularidades Estadiamento Após o diagnóstico de CCR, uma série de exames deve ser realizada: Enema baritado. Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF). Retossigmoidoscopia flexível. Colonoscopia completa. Radiografia (RX) de tórax/tomografia computadorizada (TC) de tórax. TC de abdome e pelve. Desidrogenase láctica (DHL)/fosfatase alcalina. Antígeno carcinoembriônico (CEA). Colonografia por TC. Ecoendoscopia baixa ou ressonância magnética. PET-CT. ESTÁGIO 0: O câncer se restringe à camada interna (revestimento) do intestino grosso (cólon) que cobre o pólipo. Mais de 95% das pessoas com câncer nesse estágio têm uma sobrevida de no mínimo cinco anos. Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia ESTÁGIO 1: O câncer propaga-se ao espaço entre a camada interna e a camada muscular do intestino grosso. (Este espaço contém vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos). Aproximadamente 90% das pessoas com câncer nesse estágio têm uma sobrevida de no mínimo cinco anos. ESTÁGIO 2: O câncer invade a camada muscular e a camada externa do cólon. Aproximadamente 55% a 85% das pessoas com câncer nesse estágio têm uma sobrevida de no mínimo cinco anos. ESTÁGIO 3: O câncer estende-se pela camada externa do cólon até os gânglios linfáticos associados. Aproximadamente 20% a 55% das pessoas com câncer nesse estágio têm uma sobrevida de no mínimo cinco anos. ESTÁGIO 4: O câncer se dissemina a outros órgãos, como o fígado, pulmões, ovários ou o revestimento da cavidade abdominal (peritônio). Menos de 1% das pessoas com câncer nesse estágio têm uma sobrevida de no mínimo cinco anos. Tratamento A remoc ̧a ̃o cirúrgica do segmento comprometido representa o tratamento ba ́sico para todos os pacientes com TMCR. Mes- mo na presenc ̧a de meta ́stases, a ressecc ̧a ̃o e ́ indicada, evitan- do a possibilidade de obstruc ̧a ̃o ou sangramentos. No ca ̂ncer colo ̂nico, as ressecc ̧ões sa ̃o seguidas de anastomoses prima ́rias para reconstituic ̧a ̃o do trânsito intestinal. A cirurgia com padrões de ressecção oncológica é o tratamento primário,forne-cendo o estadiamento definitivo por meio da peça cirúrgica. É preciso sempre excluir a possibilidade de carcinomatose, ressecar doze cadeias linfonodais, com margens de 5 cm. A ressecção da peça deve ser em bloco e incluir a ligadura do pedículo vascular principal do segmento acometido Tumores estádios 0 e I: são tratados com cirurgia ou ressecção endoscópica (in- traepiteliais). Tumor estádio II: cirurgia somada a possibilidade de adjuvância. Tumor estádio III: cirurgia somada a adjuvância de 6 meses. Tumor metastático: cirurgia somada a possibilidade de ressecção da metástase. Tumor incurável: avaliação do risco de obstrução intestinal e sangramento soma-do a quimioterapia. Nas situac ̧ões de emerge ̂ncia, com perfurac ̧a ̃o ou obstruc ̧a ̃o, e na impossibilidade do preparo intestinal adequado, a cirurgia podera ́ ser feita em dois tempos: ressecc ̧a ̃o com colostomia e posterior reconstituiça ̃o do tra ̂nsito Laparoscopia: esse tipo de cirurgia esta- ria indicado apenas nas formas em que ja ́ ocorreu a meta ́stase, permitindo uma menor manipulac ̧a ̃o do paciente, com recu- perac ̧a ̃o pós-operatória mais ra ́pida e menor tempo de hospi- talizaça ̃o. No ca ̂ncer retal, o procedimento ciru ́rgico estara ́ na depen- de ̂ncia da extensa ̃o da lesa ̃o e, principalmente, do ni ́vel acima da margem anal. As lesões pequenas e sem qualquer invasa ̃o detectada pela ultrassonografia endoanal e por tomografia po- derão ser removidas por ressecc ̧a ̃o transanal. Na maioria das situac ̧ões, e ́ deseja ́vel a remoc ̧a ̃o do segmento retal comprome- tido, com anastomose colorretal ou coloanal. Em comprometi- mentos mais extensos e leso ̃es baixas, e ́ preferi ́vel uma conduta mais radical, com a amputac ̧a ̃o abdominoperineal do reto e colostomia terminal em sigmoide. Nos tumores infiltrativos e irresseca ́veis do reto, a conduta e ́ a feitura de colostomia des- compressiva, e, nos pacientes em situac ̧a ̃o cli ́nica delicada, pderemos utilizar a eletro ou laserfulgurac ̧a ̃o da lesa ̃o, mantendo aberto o lu ́men intestinal e evitando hemorragias. Julia Paris Malaco – ambulatório endoscopia Em casos avanc ̧ados da doenc ̧a neopla ́sica iresseca ́vel do reto, ja ́ com disseminac ̧a ̃o, podera ̃o ser tambe ́m utilizadas, como procedimento paliativo, as pro ́teses expansivas do tipo Wallstent, colocadas por via endoanal, impedindo e aliviando quadros obstrutivos locais e evitando a feitura de colostomias, permitindo uma melhor qualidade de vida a esses pacientes. Existem duas importantes indicações para o uso do stent: tratamento paliativo para doença neoplásica disseminada e descompressão pré- operatória. A implantação de próteses metálicas funciona como uma “ponte” entre a obstrução e o tratamento cirúrgico definitivo, pois permite estabilização do paciente na urgência, realização de exames para melhor estadiamento, preparo de cólon adequado, tratamento neoadjuvante e tratamento cirúrgico definitivo, diminuindo o tempo de internação, o risco cirúrgico e o número de ostomias. As complicações mais comuns na colocação de prótese em pacientes com quadro de obstrução colorretal são a perfuração e a migração do stent, e, menos comumente, dor abdominal e sangramento Na presenc ̧a de metástases hepa ́ticas, o tratamento “padrão- ouro” seria a sua ressecc ̧a ̃o cirúrgica, com sobrevida de 35 a 60% apo ́s 5 anos. Infelizmente, nem todos os pacientes apre- sentam condic ̧ões para o tratamento ciru ́rgico, decorrente da condic ̧a ̃o da doenc ̧a metastática ou enta ̃o da situac ̧a ̃o geral do paciente, podendo, nestas condic ̧ões, optar por um tratamento local de ablac ̧a ̃o por radiofreque ̂ncia, principalmente nas leso ̃es menores de 3 cm e que na ̃o estejam próximas de grandes vasos ou da via biliar principal. Quimioterapia Em pacientes selecionados, a quimioterapia tem demonstra- do melhorar a sobrevida, e a sua utilizaça ̃o devera ́ ser procedida conforme a classificac ̧ão TNM: Estágio I: Devido a ̀ excelente expectativa de sobrevida de 5 anos (80 a 100%), na ̃o é indicada terapia adjuvante nesses pacientes. Estágio II: A expectativa de sobrevida de 5 anos e ́ de 50 a 75%. A utilizac ̧a ̃o da quimioterapia, com ause ̂ncia de compro- metimento ganglionar, e ́ discuti ́vel e, por ora, a quimioterapia não deve ser utilizada. Estágio III: A sobrevida de 5 anos e ́ de cerca de 30 a 50%. O tratamento adjuvante com fluoruracila e levamisol tem de- monstrado reduc ̧a ̃o em 33% de mortalidade, ale ́m de aumentar o peri ́odo de ause ̂ncia de doenc ̧a, em 42 meses, de 47 para 63%. Para o ca ̂ncer retal, a combinac ̧a ̃o de ra ́dio e quimioterapia e ́ recomendada nos esta ́gios II e III, melhorando a sobrevida e reduzindo a incide ̂ncia de infiltração pe ́lvica. Trabalhos recentes demonstram, em estudos randomizados, a importa ̂ncia da radioterapia pre ́- e pós-operatória no câncer do reto em reduzir de forma significativa a recorre ̂ncia local e o nu ́mero de óbitos relacionados diretamente com a doenc ̧a. A combinac ̧a ̃o ra ́dio–quimioterapia apresenta resultados supe- riores aos da radioterapia aplicada de forma isolada. Preconiza-se, atualmente, a utilizac ̧a ̃o da radioterapia no pre ́-operato ́rio do ca ̂ncer retal, uma vez que o seu emprego no po ́s-operatório podera ́ ser retardado em muitas situac ̧ões, em decorre ̂ncia de complicac ̧ões cirúrgicas. Em nosso meio, conforme relatado por Habr-Gama et al. (1998), 118 pacientes com adenocarcinoma de reto distal, e sem meta ́stases a dista ̂n- cia, foram submetidos, no pre ́-operato ́rio, a radioterapia com dose de 5.040 Gy por 6 semanas, e quimioterapia com leuco- vorin e 5-fluoruracila nos três primeiros e tre ̂s últimos dias da radioterapia. Em seguimento me ́dio de 36 meses, observou-se incidência de recorre ̂ncia local de 4,3%, e local, associada a me- ta ́stases distantes, em 6,7% dos doentes. Esses resultados foram considerados animadores. Pós operatório A colonoscopia podera ́ ser realizada apo ́s 6 meses a 1 ano da cirurgia, para verificar recorre ̂ncia local. Na ause ̂ncia de tumor ou de po ́lipos, devera ́ ser realizada a cada 2 anos, no sentido de procurar pólipos ou tumores metacro ̂nicos. Na presenc ̧a de um ni ́vel elevado do CEA por ocasia ̃o da ci- rurgia, esse exame devera ́ ser repetido a cada 3 meses no primeiro ano e, depois, a cada 6 meses por mais 4 anos. A elevac ̧a ̃o do CEA e ́ sugestiva de recorre ̂ncia do tumor, requerendo a realizac ̧a ̃o de colonoscopia e tomografia do abdome e to ́rax, por vezes laparos- copia, no sentido de localizar meta ́stases. De fato, a determinac ̧a ̃o seriada do CEA e ́ recomendada como rotina de vigila ̂ncia.
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