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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Programa de Pós Graduação em Ciência dos Alimentos Instituto de Química Dissertação de Mestrado CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E REOLÓGICAS EM ÓLEO DE BURITI(Mauritia Flexuosa L.) E ÓLEO DE MACAÚBA (Acrocomia aculeata) Vanessa Vasconcelos Fonseca 2009 CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E REOLÓGICAS EM ÓLEO DE BURITI(Mauritia Flexuosa L.) E ÓLEO DE MACAÚBA (Acrocomia aculeata) Vanessa Vasconcelos Fonseca Rio de Janeiro Junho 2009 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos. Orientadoras: Dra. Verônica Calado e Dra. Suely Freitas Fonseca, Vanessa Vasconcelos. CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E REOLÓGICAS EM ÓLEO DE BURITI(Mauritia Flexuosa L.) E ÓLEO DE MACAÚBA (Acrocomia aculeata) Dissertação de Mestrado – Instituto de Química, UFRJ, 2009, 46p. AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus pela conquista de um grande e esperado sonho. Pelas minhas orientadoras profas Verônica Calado e Suely Freitas, que me acolheram, passaram seus conhecimentos e estimularam o meu trabalho. A todos os professores que contribuíram na minha formação na UFRJ da Escola de Química e Instituto de Química e também à UFRRJ. Aos anjos que estiveram sempre no decorrer do meu caminho no momento certo e no tempo necessário: Luisa Mathias, Amanda Melo e Andréa Parente da iniciação científica. E a todos os outros que passaram pelo laboratório. A todos os funcionários do LADEC: Rosana Maciel, Maria, Cléber e Rogério. A todos os colegas que no decorrer do mestrado estiveram ao meu lado cursando disciplinas e compartilhando conhecimentos. A banca de professores que participaram da minha defesa de dissertação, meu muito obrigada pela disponibilidade e tenho certeza que a contribuição de vocês foi fundamental. Aos amigos que me deram força e apoio no decorrer desta luta diária: M.sc Kamila Nascimento, Dra Rachel Santos, Dra Marilene Leite, Profa Maria Marta Modesto, Ph.D Carlos Alberto Bento da Silva, M.sc André Bonnet ; M.sc Carlos Alexandre e Dra Regina Modesta. A minha família (meus pais, avós e irmão), amigos, alunos do curso de Nutrição – UBM, ao Alesson em especial, (que me deu força e apoio nos momentos de dedicação final deste trabalho). A todos que foram observadores ativos dos meus esforços e dedicação e pelo tempo que tive de dispender para realizar este sonho. Meu muito obrigado pelo incentivo, torcida e por essa grande conquista!!! DEDICATÓRIA Ao meu grande amor Alesson Costa da Cunha, que com sua paciência e carinho, mostrou-me que reconstruir é estar ao lado de quem se ama e que tudo é mudado! Em especial pela minha família pelo apoio, compreensão e estímulo: Maria de Fátima e José Américo meus pais e Maria Melo e José Vilaça meus avós. Aos meus alunos do curso de Nutrição UBM – Barra Mansa, RJ. Aos amigos, que sonham comigo e torcem pelas minhas realizações! “ NÃO PODEMOS SER AUTÊNTICOS SE NÃO FORMOS CORAJOSOS. NÃO PODEMOS SER ORIGINAIS SE NÃO LANÇARMOS MÃO DO DESTEMOR. NÃO PODEMOS AMAR SE NÃO CORRERMOS RISCOS. NÃO PODEMOS PESQUISAR OU PERCEBER A REALIDADE SE NÃO FIZERMOS USO DA OUSADIA”. Hammed Parte do assunto desta dissertação foi publicada nos seguintes eventos: CBCTA – XXI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos – 06 a 09 de outubro de 2008 – Minascentro – Belo Horizonte – MG “ Estudo da estabilidade térmica e oxidativa do óleo da polpa de buriti (Mauritia Flexuosa L.)” SLACA - 7° Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos – Ciência e Tecnologia de Alimentos em Benefício a Sociedade: Ligando a Agricultura à Saúde – Campinas – SP “ Estudo da estabilidade térmica do óleo da polpa de buriti ( Mauritia Flexuosa L) extraído e fracionado com etanol” RESUMO FONSECA, Vanessa Vasconcelos. CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E REOLÓGICAS DO ÓLEO DE BURITI (Mauritia Flexuosa L.) E DO ÓLEO DE MACAÚBA (Acrocomia aculeata). Rio de Janeiro, 2009. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciência de Alimentos) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009, 46p. Os óleos vegetais são tradicionalmente usados em diferentes setores da indústria de alimentos, de cosméticos, de fármacos, de lubrificantes, de polímeros, de tintas e, mais recentemente, para a produção de biocombustível. Os objetivos principais desta dissertação foram avaliar e comparar as propriedades térmicas e reológicas dos óleos de buriti e macaúba. Neste trabalho foram utilizados óleos comerciais e óleos extraídos e fracionados com etanol em escala de laboratório. O etanol, como solvente, possibilitou obter uma fração muito estável (por resfriamento) e uma fração contendo compostos polares (por destilação). Pelos resultados, pode-se concluir que todas as amostras do óleo de buriti analisadas foram mais estáveis que as amostras do óleo de macaúba. Isso se deve ao maior teor de ácidos graxos monoinsaturados e maior teor de carotenóides no óleo de buriti. Neste caso, o óleo da fase leve (rica em etanol), apresentou duas etapas de degradação térmica: 214 e 390 °C. Esta temperatura foi inferior à observada na fase pesada (409 oC), indicando que o óleo da fase leve é menos estável. Isso ocorre devido à presença de ácidos graxos livres e peróxidos que se formam durante o processamento e que permanecem na fase leve após evaporação do etanol. No caso do óleo de macaúba, foram observadas 4 etapas de degradação térmica no óleo da fase leve: 43, 117, 269 e 332 °C. A temperatura de início da degradação dos óleos de buriti e macaúba, na fase cristalizada, foram iguais a 409 oC. Este resultado foi superior ao encontrado para os óleos comerciais refinados (395 °C). Em geral, todas as amostras apresentaram comportamento newtoniano acima de 20oC e taxa de deformação acima de 10 s– 1. Observou-se que a temperatura reduz de forma acentuada a viscosidade dos óleos estudados. No caso do óleo de buriti (fase cristalizada) a viscosidade reduziu de 0,27 Pa.s a 20 oC para 0,07 Pa.s a 50oC enquanto no óleo de macaúba a viscosidade reduziu de 0,13 Pa.s a 20oC para 0,03 Pa.s a 50oC. Palavras-chave: Buriti, macaúba, propriedades térmicas, reologia. ABSTRACT FONSECA, Vanessa Vasconcelos. CHARACTERIZATION OF THERMAL AND RHEOLOGICAL PROPERTIES OF BURITI (Mauritia Flexuosa L.) AND MACAÚBA (Acrocomia aculeata) OILS. Rio de Janeiro, 2009. Master Degree in Food Science) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009, 46p. Vegetable oils are traditionally used in different sectors of food, cosmetic, pharmaceutical, lubricant, polymer, and dye industries, and more recently in a biofuel production. The main goals of this dissertation were to evaluate and to compare the thermal and rheological properties of buriti and macauba oils. Herein, it was used commercial oils and extracted and fractioned oils with ethanol in a laboratory scale. By using ethanol as a solvent, it was possible to obtain a very stable fraction (by cooling) and a fraction containing polar compounds (by distillation). Considering the results, we could conclude that all buriti oil samples analyzed were more stable than the macauba oil samples. This is because of the higher content of monounsaturatedfatty acids and of carotenoid in buriti oil. In this case, the light phase (rich in ethanol) of the oil presented two steps of thermal degradation: 214 and 390oC. This temperature was lower than that one for the heavy phase (409oC), indicating that the light phase of the oil is less stable. This happened because of the free fatty acids and peroxide that formed during the process and are kept in the light phase after ethanol evaporation. For the light phase of macauba oil, we observed four thermal degradation steps: 43, 117, 269 e 332oC. The onset temperature of buriti and macauba oils, in the crystallized phase, was equal to 409oC, higher than the commercial refined ones (395oC). In general, all samples presented newtonian behavior at temperature higher than 20oC and shear rate higher than 10 s-1. As expected, it was observed that the oil viscosity decreased with temperature for the oils studied. For the buriti oil (crystallized phase), the viscosity reduced from 0.27 Pa⋅s, at 20oC, to 0.07 Pa⋅s, at 50oC. For the macauba oil, the viscosity reduced from 0.13 Pa⋅s, at 20oC, to 0.03 Pa⋅s, at 50oC. Keywords: Buriti, macaúba, thermal properties, rheology. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Palmeira e fruto do buriti__________________________ 05 Figura 2: Palmeira e fruto da macaúba______________________ 08 Figura 3: Estrutura química de alguns carotenóides____________ 16 Figura 4: Curvas de TG/DTG, DTA em atmosfera de nitrogênio do óleo de buriti____________________________________________________ 19 Figura 5: Curvas de TG para o óleo de girassol: (A) em diferentes taxas de aquecimento; (B) com antioxidante natural; (C) sem antioxidante artificial_____________________________________ 20 Figura 6: Polpa de buriti__________________________________ 24 Figura 7:Fruto da macaúba no coqueiro____________________ 25 Figura 8: Diagrama de blocos do processo de extração e fracionamento dos óleos de buriti e macaúba__________________ 27 Figura 9: Etapas do processo de extração e separação: (A) Banho termostático; (B) Rotaevaporador; (C) Filtração; (D) Separação das fases_________________________________________________ 28 Figura 10: Fase leve (B1) e Fase Pesada (B2) do óleo de buriti e Fase Leve (M1) e Fase pesada (M2) do óleo de macaúba________ 28 Figura 11: Aparelho do TGA e cápsula para colocação da amostra 29 Figura 12: DSC e cápsula de alumínio com amostra____________ 30 Figura 13: (A) Reômetro SR5 e (B) Reômetro ARG2____________ 30 Figura 14: Análise de TGA do óleo de buriti___________________ 33 Figura 15: Análise de TGA do óleo de macaúba_______________ 33 Figura 16: Análise de fusão de DSC do óleo de buriti fase leve___ 36 Figura 17: Análise de fusão de DSC do óleo de buriti fase pesada 36 Figura 18: Análise de fusão de DSC do óleo de buriti comercial refinado_______________________________________________ 37 Figura 19: Análise de fusão de DSC do óleo de buriti comercial bruto__________________________________________________ 37 Figura 20: Ponto de fusão DSC do óleo de macaúba (fase leve)__ 38 Figura 21: Ponto de fusão DSC do óleo de macaúba (fase pesada)_______________________________________________ 38 Figura 22: Ponto de fusão DSC do óleo de macaúba (comercial bruto)_________________________________________________ 39 Figura 23: Comportamento reológico do óleo de buriti (fase pesada)_______________________________________________ 40 Figura 24: Comportamento reológico do óleo de macaúba (fase pesada)_______________________________________________ 40 LISTA DE TABELAS Tabela 1 : Composição do óleo de buriti extraído com CO2 a 20 MPA e 313 K____________________________________________ 06 Tabela 2 : Composição de ácidos graxos presentes no óleo de macaúba_______________________________________________ 08 Tabela 3: Características físico-químicas de frutos do cerrado (base úmida _________________________________________________ 09 Tabela 4: Composição química dos diferentes tipos de óleos (dados em porcentagem) ________________________________________ 12 Tabela 5: Ponto de fusão dos ácidos graxos comumente encontrados nos óleos vegetais_____________________________ 13 Tabela 6: Principais trigliceróis (TGAS) do óleo de palma e seus pontos de fusão_________________________________________ 14 Tabela 7: Viscosidade de óleos vegetais refinados entre 20 e 70°C 23 Tabela 8: Composição em ácidos graxos do óleo de buriti extraídos com etanol_____________________________________________ 24 Tabela 9: Composição em ácidos graxos do óleo de macaúba extraídos com etanol______________________________________ 25 Tabela 10: Temperatura de degradação do óleo de buriti – TGA___ 32 Tabela 11: Temperaturas de degradação do óleo de macaúba – TGA___________________________________________________ 32 Tabela 12: Liberação de energia (∆H) do óleo de buriti – DSC_____ 35 Tabela 13: Liberação de energia (∆H) do óleo de macaúba – DSC 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AGPI - àcido graxo poliinsaturado AOM - método de oxigênio ativo °C - graus Célcius DSC - calorimetria diferencial de varredura dv/dy - deformação aplicada g - grama J/g - Joule por grama LDL - gordura de baixa densidade min - minuto mg - miligrama meq – mili equivalente mm - milímetros ml - mililitro mPa.s – mili Pascoal OSI - índice de estabilidade oxidativa OOO - Oléico, oléico, oléico ppm - parte por milhão rpm - rotação por minuto TAG - triacil-gliceróis TG - termogravimetria ∆H – Liberação de energia POO- Palmítico, oléico, oléico POP- Palmítico, oléico, palmítico PPP – Palmítico, palmítico, palmítico PPS – Palmítico, palmítico, esteárico PSP - Palmítico, esteárico, palmítico PPO - Palmítico, palmítico, oléico PLP – Palmítico, linoléico, palmítico POS - Palmítico, oléico, esteárico PLO – Palmítico, linoléico, oléico PSP – Palmítico, esteárico, palmítico POLi – Palmítico, Oléico, Linolênico OLiLi – Oléico, Linolênico, Linolênico SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 01 2. OBJETIVOS 04 Objetivo Geral 04 Objetivo Específico 04 3. REVISÃO DE LITERATURA 05 3.1 Buriti 05 3.2 Macaúba 07 3.3 Processos de extração 10 3.4 Lipídeos 11 3.4.1 Estabilidade Oxidativa de Óleos 14 3.5 Carotenóides 15 3.6 Análises Térmicas 17 3.7 Métodos para Determinar a Estabilidade de óleos e Gorduras 17 3.7.1 Método de Oxigênio Reativo (AOM) 17 3.7.3 Termogravimetria (TGA) 18 3.7.2 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC 21 4. REOLOGIA 21 4.1 Viscosidade de óleos vegetais 22 5. MATERIAIS E MÉTODOS 24 5.1 Materiais 24 5.1.1 Buriti 24 5.1.2 Macaúba 25 5.2 MÉTODOS 26 5.2.1 Pré-tratamento dos frutos de buriti e macaúba 26 5.2.2 Análises químicas 26 5.2.3Extração e fracionamento dos óleos de buriti e macaúba 27 5.2.3 Análise térmica- TGA 29 5.2.4 Análise térmica - DSC 29 5.3 Reologia 30 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 31 6.1 Análises do TGA 31 6.2 Análises no DSC 34 6.3 Reologia 40 7. CONCLUSÕES 41 8. SUGESTÕES 41 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42 I. INTRODUÇÃO Os lipídios constituem um grupo amplo e heterogêneo de substâncias de origem biológica. A complexidade desses compostos não permite uma definição completa e precisa. Entretanto, os triacilgliceróis (TAG), que são ésteres formados de glicerol e três ácidos graxos, constituem o mais abundante grupo presente em óleos e gorduras de origem animal ou vegetal. Os óleos vegetais são tradicionalmente usados em diferentessetores da indústria: alimentos, cosméticos, fármacos, lubrificantes, polímeros, tintas, e mais recentemente para a produção de biocombustível. A produção mundial de óleos vegetais é cerca de 140 milhões de toneladas por ano. As principais matérias-primas industrializadas são palma, soja e colza, que juntas suprem cerca de 77% da produção mundial de óleos vegetais (OIL WORLD STATISTIC, 2007). O Brasil é o maior produtor e consumidor de óleo da América Latina e conta com uma grande variedade de culturas perenes ricas em óleos e ainda pouco exploradas comercialmente. Nesse contexto, os frutos do cerrado brasileiro em especial o buriti, a macaúba e o pequi despontam como matérias-primas importantes para suprimento de óleos vegetais para fins industriais (RIBEIRO, 2008). As principais funções dos óleos e gorduras na alimentação humana são fornecer a matéria prima (ácidos graxos) para a produção de energia, por meio da β-oxidação em nível celular, necessária à realização de todos os processos de biossíntese pelo organismo humano; fornecer ao organismo compostos orgânicos como os ácidos graxos essenciais (linoléico e aracdônico), vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e hormônios (esteróis), dentre outros (TURATTI et al., 2002). O cerrado brasileiro, graças ao seu clima tropical, possui uma grande variedade de frutos oleaginosos cuja polpa é rica em carotenóides. Nesse cenário, destacam-se o buriti (Mauritia vinifera), o pequi (Caryocar brasiliense Camb.) e a macaúba (Acrocomia aculeata) que apresentam um alto teor de carotenóides, principalmente de β-caroteno, um antioxidante natural, responsável pela estabilidade oxidativa atribuída à estes óleos. Atualmente, muitas indústrias farmacêuticas e cosméticas estão investindo em pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos com ativos naturais dos frutos do cerrado (RIBEIRO, 2008). A palmeira buriti (Mauritia flexuosa L) é uma planta da família Arecaceae, antigamente conhecida como Palmae. É uma das mais importantes espécies nativas com potencial econômico na América Latina, principalmente, no Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela e Guiana (MAGALHÃES, et al., 2007). A polpa fibrosa e oleosa constitui a maior reserva natural de pró-vitamina A (carotenóides), muito superior aos óleos de dendê e pequi (TAVARES et al., 2003). A macaúba (Acrocomia aculeata) também é da família das palmeiras (Palmae), sendo do gênero Acrocomia. É identificada em quase todas as regiões do território Brasileiro, vegeta em regiões de 150 a 1000 metros de altitude, com índices pluviométricos inferiores a 1500 mm e temperatura oscilando entre 15 e 35°C. É uma cultura perene e pode produzir por mais de 90 anos com uma produção de até 30 toneladas de frutos por hectare (MOTTA et al., 2002). A macaúba apresenta algumas vantagens sobre outras culturas que ocupam hoje posição de destaque no Brasil como a soja e dendê. A macaúba pode gerar até 5 mil litros de óleo por hectare, cinco vezes superior ao da soja (MOTTA et al., 2002). Além disso, é uma palmeira rústica e necessita de muito pouca água concorrendo, nesse caso, com a palma ou o dendê (SALLES, 2008). A maior parte dos óleos vegetais sofre oxidação em maior ou menor grau dependendo da sua composição. A oxidação lipídica é um fenômeno que traz, como conseqüências, alterações no valor comercial dos óleos e gorduras, bem como de todos os produtos que os contêm em sua formulação, como alimentos, cosméticos, medicamentos. A oxidação dá origem à formação de compostos voláteis de odor desagradável, seja pela destruição de ácidos graxos essenciais ou até mesmo pela geração de compostos tóxicos. A estabilidade oxidativa de um óleo pode ser definida como a sua resistência à oxidação durante o processamento e o armazenamento, e pode ser expressa como o período de tempo necessário para se atingir o ponto crítico de oxidação. As técnicas de análise térmica têm sido usadas e recomendadas recentemente para avaliar a estabilidade oxidativa, o calor específico, a temperatura e a entalpia de cristalização de óleos e gorduras vegetais (DWECK & SAMPAIO, 2004; CONI et al., 2004). A técnica de Termogravimetria (TG) permite avaliar a degradação térmica dos materiais, através da medida de perda de massa observada em curvas não isotérmicas. Já a calorimetria diferencial de varredura (DSC) possibilita, através das curvas isotérmicas, compreender a estabilidade de óleos e gorduras, quando submetidos a temperaturas elevadas em atmosfera de oxigênio e, através das curvas não isotérmicas, determinar as temperaturas de mudança de fase e os valores respectivos de variação de entalpia durante o processo (GIUFFRIDA, 2007). Esses métodos, além de precisos, utilizam menores quantidades de amostra e fornecem resultados mais rapidamente do que os métodos tradicionais (SOUZA et al., 2004). Estudos sobre as propriedades térmicas e reológicas de óleos vegetais obtidos de frutos do cerrado são ainda escassos. Os objetivos principais desta dissertação foram avaliar e comparar as propriedades térmicas e a estabilidade oxidativa dos óleos da polpa de buriti e da polpa de macaúba usando as propriedades térmicas (TG) e calorimetria exploratória diferencial (DSC). 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar e comparar as propriedades térmicas e reológicas dos óleos de buriti e de macaúba. 2.2 Objetivos Específicos • Extrair e fracionar, usando etanol como solvente, os óleos de buriti e de macaúba; • Avaliar, usando as propriedades térmicas (TGA), a estabilidade térmica dos óleos de buriti e de macaúba obtidos neste trabalho e comparar com a estabilidade dos óleos comerciais bruto e refinado; • Avaliar, usando a técnica de calorimetria exploratória diferencial (DSC), a temperatura e a entalpia no ponto de fusão dos óleos de buriti e de macaúba; • Avaliar o comportamento reológico dos óleos em estudo. 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Buriti O buriti é uma palmeira abundante, proveniente da região amazônica. O óleo extraído do buriti é de grande interesse comercial devido às suas características químicas (altas concentrações de ácido oléico, tocoferóis e carotenóides, especialmente o β-caroteno). A composição típica do fruto é de 20% de polpa, 30% de camada de celulose e 50% de semente. Algumas características do óleo de buriti são: densidade de 0,86 g/cm3, índice de iodo de 77,2; índice de saponificação de 169,9 e ponto de fusão igual a 12˚C. A Tabela 1 apresenta a composição típica do óleo de buriti (DURÃES et al., 2006). O fruto do buritizeiro possui na sua polpa fibrosa 9 a 18% de óleo. O óleo de buriti além do elevado teor de ácidos graxos monoinsaturados (73 a 78%) é apontado como maior reserva natural de pró-vitamina A, muito superior aos óleos de dendê e pequi (RIBEIRO, 2008). Embora os lipídeos desempenhem um importante papel em relação às propriedades organolépticas, suas características podem ser alteradas por processos de oxidação lipídica, fenômeno que reduz a vida de prateleira, valor nutritivo, além de produzir compostos nocivos (TARANTO, et al., 2007). Na Figura 1 apresenta-se a palmeira e o fruto do buriti. Figura 1: Palmeira e fruto do buriti. Figura 1: Palmeira e fruto do Buriti Tabela 1 : Composição do óleo de buriti extraído com CO2 a 20 MPA e 313 K SUBSTÂNCIA QUANTIDADE Carotenóides (ppm) 1707 Tocoferóis (ppm) 800 COMPOSICÃO EM ÁCIDOS GRAXOS(%): SATURADO Mirístico 0,10 Palmítico 17,34 – 19,20 Esteárico 2,0 INSATURADO Oleico 73,30 – 78,73 Linoleico 2,40 – 3,93 Linolênico 2,20 ALGUNS CAROTENÓIDES (ppm) trans - caroteno 672 + 10 13 - cis - caroteno 359 + 27 9 - cis- caroteno 150 + 18 α- caroteno 61 + 7 Fonte: (DURÃES et al., 2006; RIBEIRO, 2008). Segundo Melo et al. (2007) apesar da situação privilegiada da Amazôniaem relação à sua biodiversidade, os recursos florestais existentes na região são geralmente comercializados como matéria-prima, sem nenhum ou pouco processo de beneficiamento. Assim, a industrialização de oleaginosas amazônicas apresenta-se como uma alternativa para a obtenção de compostos de alto valor agregado, gerando oportunidade de negócios que certamente proporcionará efeito multiplicador na economia regional. Os frutos das palmeiras da região amazônica prometem ser uma fonte alternativa e abundante de óleo vegetal com alto valor nutricional. Resultados de análises realizadas por Costa (2007) mostraram que a polpa de buriti possui alto teor de ácido graxo monoinsaturado (66,5 %), superando o valor de outras frutas da região. As polpas das frutas de buriti podem ser classificadas como fontes de alfa-tocoferol, (643,2 mg/g) cujo teor é igual ou mesmo maior do que nos óleos de soja e de palma, e muito próximo ao teor de alfa-tocoferol encontrado no óleo de girassol (855 mg/g), que é considerado como fonte desta vitamina. Além disso, a polpa de buriti apresenta teor de fitosterol (183-265 mg/100 g), similar ao encontrado no óleo de girassol. 3.2 Macaúba A macaúba é uma palmeira de até 15 m de altura, apresentando muitos espinhos escuros em sua superfície, com folhas de até 1 cm de comprimento. Seu fruto é globoso, liso, de coloração marrom-amarelada quando maduro e possui polpa e amêndoa ricas em lipídeos. As palmeiras no decorrer de milhões de anos adaptaram-se às condições mais variadas do clima e do solo. A maioria prosperou no clima equatorial quente e úmido, outras suportaram clima árido e semidesértico. A ocorrência de macaúba acompanha áreas de solos com maior fertilidade natural e vegetação primitiva de fisionomia florestal, mostrando que a espécie avança como pioneira evitando extremos de deficiência de nutrientes e de água. Outras ainda saíram do cinturão tropical suportando temperatura abaixo de zero. Crescem no solo bom, rico em nutrientes, próprio para agricultura. Sua área de ocorrência estende-se aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e por todo o centro-oeste, nordeste e norte e alguns estudiosos dizem que podem alcançar até o México (BONDAR, 2008). O uso alimentar da macaúba é bastante difundido entre a população do cerrado. A polpa comestível (mesocarpo fibroso) é de cor amarelo-pálida, sabor adocicado, mucilaginoso e de aroma agradável, é consumida ao natural e, após o cozimento, serve para refrescos e sorvetes. Como o óleo de buriti, o óleo da polpa da macaúba apresenta alto teor de ácido graxo monoinsaturado (52,82%) que o aproxima de óleos comerciais como o de oliva, amendoim e girassol. Entretanto, devido à elevada acidez, o óleo da polpa tem sido direcionado para a indústria de sabões. A Figura 2 apresenta a palmeira e o fruto da macaúba (CETEC, 1983). Figura 2 : Palmeira e fruto da macaúba. Na Tabela 2, abaixo, apresenta-se a composição típica de ácidos graxos presentes na castanha e na polpa do óleo de macaúba. Tabela 2 : Composição de ácidos graxos presentes no óleo de macaúba. ÁCIDO GRAXO CASTANHA POLPA Ácido caprílico 2,10 Traços Ácido cáprico 3,72 Traços Ácido Láurico 38,89 2,93 Ácido Mirístico 11,00 1,88 Ácido Palmítico 17,35 22,30 Ácido Palmitoléico - 5,28 Ácido Margárico - 4,34 Ácido Esteárico 4,34 5,75 Ácido Oléico 22,60 52,82 Ácido Linoleico - 4,69 Fonte: (FORTES, 2004) No interior do coco da macaúba, existe uma amêndoa, raramente duas, revestida por uma casca resistente. O óleo obtido a partir da amêndoa é transparente e incolor e possui alto valor agregado, devido à sua elevada estabilidade oxidativa. É usado na oleoquímica e comercializado como óleo fino de mesa (CORRÊA, 2008). A macaúba também é importante nutricionalmente por possuir alto valor protéico, grande quantidade de vitamina A, muitos carotenóides, em especial beta-caroteno, que contribuem para a cor alaranjada da polpa, elevado valor energético, ácidos graxos ômegas 3, 6 e 9, alto teor de fibras e alta palatabilidade. As características físico-químicas de alguns frutos do cerrado estão apresentadas na Tabela 3 (ALMEIDA et al.; 2007). Tabela 3: Caracteristicas físico-químicas de frutos do cerrado (base úmida) Fonte: (SILVA, 2008). A busca de alternativas para superar a crise energética brasileira contemporânea tem priorizado a implantação de lavouras comerciais em substituição aos povoamentos naturais de macaúba, devido a seu potencial para produção de óleo com vasta aplicação no setor energético, com vantagens sobre outras oleaginosas no tocante à sua produção total de óleo e rentabilidade agrícola (MOTTA et al., 2002). 3.3 Processos de extração Os três principais métodos convencionais de extração de óleos vegetais são: prensagem (prensa hidráulica ou prensagem contínua tipo expellers); extração com solvente e extração mista (prensagem + solvente). Por se tratar de um processo sustentável e eficiente, o uso de prensas contínuas do tipo expellers tem sido incentivado para obtenção de óleo em escala comercial. No entanto em curto prazo, os expellers não substituirão totalmente a extração de óleo por solvente, no processamento de oleaginosas comerciais (soja, em especial) em grande escala, onde é exigido um alto rendimento (BOSS, 2000). O método com solvente derivado de petróleo é o mais eficiente, mas requer equipamentos complexos e pessoal treinado. Este solvente é inflamável e mais denso que o ar colocando em riscos empregados e comunidades próximas à fábrica. Para cada tonelada de grão processado cerca de 2 litros de solvente são perdidos para o meio ambiente. Por esta razão, o processo de extração de óleos vegetais é considerado pelos órgãos de proteção ambiental como um dos maiores responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa. A busca de alternativas para substituição desse solvente na extração de óleos vegetais tem como meta principal a preservação do meio ambiente e do homem, tendo em vista a toxicidade do n-hexano (FREITAS & LAGO, 2007; CAMARGOS, 2005). A obtenção de etanol a partir da cana de açúcar coloca o Brasil em uma posição privilegiada para eliminar o uso de derivados de petróleo no processamento de oleaginosas. O etanol além de obtido de fontes renováveis, não é tóxico e independe do mercado internacional do petróleo (CARVALHO, 2001). . 3.4 Lipídeos O uso de óleos vegetais é importante como provedor de vitaminas lipossolúveis, tais como A, D, E, e K. São também uma fonte importante de carotenóides e de ácidos graxos essenciais (FRANÇA et al., 1999). Os lipídeos abrangem um número muito vasto de substâncias, mas de maneira extremamente genérica podem ser considerados “compostos encontrados nos organismos vivos geralmente insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos”. Existem, no entanto, exceções, embora raras, quanto à solubilidade desses compostos, uma vez que monoglicerídeos constituídos por ácidos graxos de baixo peso molecular são mais solúveis em água do que em solventes orgânicos. Todos os lipídeos contêm moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio; em algumas classes, encontram-se fósforo, nitrogênio e, às vezes, enxofre. Ocorrem em quase todas as células animais e vegetais de onde podem ser facilmente extraídos com solventes orgânicos de baixa polaridade (BOBBIO, 1992). Os ácidos graxos, na forma de triglicerídeos em óleos e gorduras alimentares, respondem pela maior parte de nossas demandas energéticas. Os seres humanos têm dificuldades de sintetizar os ácidos graxos saturados com até 18 carbonos. Contudo, a insaturação, ou seja, a inserção de ligações duplas, pode ocorrer somente entre os carbonos 9 e 10 ou em outras posições mais próximas do grupo carboxila (COULTATE, 2004). Os ácidos graxos essenciais não podem ser produzidospelo metabolismo humano. O mais conhecido é o linoléico (C18:2), presente em grande proporção no óleo de girassol, pertencente ao grupo dos ácidos graxos ômega-6. Já os ácidos graxos ômega-3, ácido alfa-linolênico (C18:3) , ácido eicosapentaenóico (C20:5) e o ácido docosahexanóico (C22:6), são comumente encontrados em animas marinhos. Tanto o ômega-3 como o ômega-6 possuem efeitos hipocolesterolêmicos e reduzem os níveis de LDL (TURATTI, 2002). A Tabela 4 apresenta alguns dos principais ácidos graxos encontrados nos diferentes tipos de óleos. Tabela 4: Composição química dos diferentes tipos de óleos (dados em porcentagem) Óleo Saturado (castanha) Óleo Insaturado (polpa) Àcídos graxos Macaúba Dendê Macaúba Dendê Buriti Àcido Caprilico 6,2 2,7 - - - Ácido cáprico 5,3 7,0 - - - Ácido Láurico 43,6 46,9 - - - Ácido Miristico 8,5 14,1 - 1,1 - Ácido Palmitico 5,3 8,8 18,7 39,7 16,3 Ácido Palmitoleico - - 4,0 0,3 0,4 Ácido esteárico 2,4 1,3 2,8 4,5 1,3 Ácido Oleico 25,5 18,5 53,4 43,5 79,2 Ácido linoléico - 0,7 17,7 10,9 1,4 Ácido linolênico - - 1,5 - 1,3 Ácidos Saturados 71,2 80,8 21,5 45,3 17,7 Ácidos Insaturados 28,8 19,2 78,5 54,7 82,3 Fonte: CETEC (1983) As pesquisas na área de nutrição humana têm sempre enfatizado o importante papel dos ácidos graxos poliinsaturados (AGPI). Estes atuam no metabolismo de lipoproteínas, síntese de eicosanóides e funcionamento das plaquetas e das paredes dos vasos, o que os tornam de especial interesse em relação à prevenção e tratamento de diversas patologias cardiovasculares. A administração de óleos ricos em AGPI, ou seus concentrados, em humanos tem demonstrado efeitos benéficos na aterosclerose, trombose e arritmia cardíaca. Estudos enfatizam que esses ácidos afetam também as funções imunológicas, inibindo a proliferação de linfócitos, a produção de anticorpos e de citocinas pró-inflamatórias (CARVALHO et al., 2003). Cerca de 90% dos lipídios que ingerimos correspondem a lipídios simples , na forma de gorduras e óleos. Somente 10% restantes são constituídos de lipídios compostos. Os lipídios de consumo humano apresentam baixo ponto de fusão; os óleos são líquidos à temperatura ambiente enquanto as gorduras são sólidas. Nas Tabelas 5 e 6 observam-se os pontos de fusão de alguns ácidos graxos e o ponto de fusão dos triglicerídeos. Tabela 5: Ponto de fusão dos ácidos graxos comumente encontrados nos óleos vegetais Nome do ácido Ponto de Fusão (ºC) C 12:0 Ácido Láurico 44 C 14:0 Ácido mirístico 58 C 16:0 Ácido palmítico 63 C 18: 0 Ácido esteárico 71 Saturados C 20: 0 Ácido araquídico 77 C 16:1 Ácido palmitoléico 0,5 C 18:1 Ácido oléico 16 C 18: 2 Ácido linoléico - 5 C 18: 3 Ácido linolênico - 11 Insaturados C 20: 4 Ácido araquidônico - 49 Fonte: Turatti et al., (2002) Quando uma gordura líquida é esfriada, forma-se um sólido cristalino, sua composição e rendimento são determinados pela temperatura final do óleo. Na Tabela 6, apresentam-se os glicerídeos do óleo de palma. Tabela 6: Principais triacilgliceróis (TAGS) do óleo de palma e os seus pontos de fusão TAG Nº Carbonos % β` (ponto fusão) *PPP 48 6 56,7 *PPS 50 1 59,9 *PSP 50 0,5 68,8 POP 50 26 30,5 *PPO 50 6 35,4 PLP 50 7 18,6 POO 52 19 14,2 POS 52 3 33,2 PLO 52 4 NA OOO 54 3 - 11,8 Fonte: Turatti et al., (2002); * presentes na fase cristalizada 3.4.1 Estabilidade Oxidativa de Óleos Uma característica importante na maioria dos óleos vegetais é a alta quantidade dos ácidos graxos insaturados. Estes fazem parte da rota principal de oxidações enzimática e química que ocasionam a perda de estabilidade térmica e, como conseqüência, o ranço oxidativo. A oxidação em óleos vegetais é iniciada a partir da absorção de oxigênio pelos ácidos graxos dando origem à formação de produtos de oxidação conhecidos como peróxidos. A presença de antioxidantes naturais e a ausência de ácidos graxos poliinsaturados caracterizam uma estabilidade mais alta do óleo (SANTOS et al., 2002). O tempo observado antes de um aumento acentuado na taxa de oxidação lipídica é uma medida de estabilidade oxidativa e é chamado de tempo de indução. Quanto maior o grau de insaturação, mais suscetível é o óleo à oxidação lipídica (TAN, et al., 2002). A deterioração dos óleos ocorre quando processados inadequadamente, com a reação de decomposição principal, que é a oxidação. Esta ocorre quando um mecanismo de radicais livres inicialmente caracteriza-se por um aparecimento de um odor adocicado e progressivamente desagradável, até atingir o cheiro característico de gordura rançosa resultante da decomposição de hidróxidos e peróxidos em compostos de baixos ácidos de peso molecular como aldeídos e cetonas (SOUZA et al., 2004). A estabilidade oxidativa é um dos mais importantes indicadores utilizados para avaliação da qualidade dos óleos comestíveis. A diferença da estabilidade entre os diversos tipos de óleos vegetais é decorrente principalmente da presença de ácidos graxos poliinsaturados e da quantidade de γ- e δ- tocoferóis, além da adição de antioxidantes sintéticos. Antioxidantes, presentes naturalmente em óleos vegetais ou adicionados a eles, são substâncias inibidoras da oxidação lipídica; ou seja, ajudam na prevenção da deterioração que ocorre em óleos devido à reação de oxidação, causada por espécies reativas de oxigênio (MASUCHI, 2008). 3.5 Carotenóides A estrutura dos carotenóides, como mostra a Figura 3, são geralmente tetraterpenóides de 40 átomos de carbono, de coloração amarela, laranja ou vermelha. São encontrados em vegetais e classificam-se em carotenos ou xantofilas. Os carotenos são hidrocarbonetos poliênicos com variados graus de insaturação, e as xantofilas são sintetizadas a partir dos carotenos, por meio de reações de hidroxilação e epoxidação. O beta-caroteno e o licopeno são exemplos de carotenos, enquanto a luteína e a zeaxantina são xantofilas. Dentre os carotenóides, o beta-caroteno é o mais abundante em alimentos e o que apresenta a maior atividade de vitamina A. Tanto os carotenóides precursores de vitamina A como os não precursores, como a luteína, a zeaxantina e o licopeno, parecem apresentar ação protetora contra o câncer, e os possíveis mecanismos de proteção são por intermédio do seqüestro de radicais livres, modulação do metabolismo do carcinoma, inibição da proliferação celular, aumento da diferenciação celular via retinóides, estimulação da comunicação entre as células e aumento da resposta imune (AMBRÓSIO et al., 2006). Os carotenóides exibem uma atividade pró-vitamínica, além de vários estudos confirmarem que o caroteno impede ou retarda o crescimento de tumores induzidos no laboratório pelos agentes químicos e vírus. Porém, como o beta-caroteno sempre é associado com outros carotenóides naturais, sua ação também foi investigada e já há evidências que é também um caroteno ativo prevenindo o aparecimento de câncer (FRANÇA & MEIRELES, 1997). Existem vários alimentos que são fontes de carotenóides, como a abóbora, cenoura, manga, batata doce, espinafre, mostarda, couve, entre outros. Entretanto, o buriti (Mauritia vinifera) e o dendê (Elaeis guineensis), que são frutos de palmeiras, destacam-se como as fontes mais ricas de provitamina A encontradas no Brasil. Em um estudo no qual foi avaliada a atividade de vitamina A do buriti, Ambrósio et al. (2006) concluíram que ocorreu reversão de xeroftalmia e elevação de reservas hepáticas da vitamina A. Os autores sugerem a utilização do buriti em programas de combate à deficiência dessa vitamina. O tucumã (Astrocaryum aculeatum), a macaúba (Acrocomia aculeata), a pupunha (Bactris gasipaes) e o pequi (Caryocar brasiliense) são ainda outrasimportantes fontes regionais de carotenóides no Brasil. Figura 3: Estrutura química de alguns carotenóides. Fonte: (BOBBIO, 1992) 3.6 Análises Térmicas A análise térmica está definida pela Confederação Internacional de Análises Térmicas como todas as técnicas que medem uma mudança de propriedade física de uma substância em função da temperatura, durante o aquecimento controlado (SANTOS et al., 2002). Nas últimas décadas, as técnicas termo analíticas adquiriram importância crescente nas áreas de conhecimento da química básica e aplicada. O aumento na utilização dessa metodologia foi favorecido pela disponibilidade de instrumentos controlados por microprocessadores, capazes de fornecer informações quanto ao comportamento térmico dos materiais de forma precisa, em um tempo relativamente curto (FARIA et al., 2002). A técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial consiste em medir a diferença de energia fornecida a uma amostra e ao material de referência, quando submetida a um programa de aquecimento. As medidas da variação de fluxo de calor nos instrumentos de DSC são conduzidas em pequenos cadinhos que podem ser herméticos, o que previne a perda de massa devido à evaporação de água em temperatura de ensaio igual ou superior a 100°C. O DSC provê informações de perfil de energia e mede os fluxos de calor associados com transições materiais em função de tempo e de temperatura (MATUDA, 2004). 3.7 Métodos para Determinar a Estabilidade Térmica de Óleos e Gorduras 3.7.1 Método de Oxigênio Ativo (MOA) O Índice de Estabilidade Oxidativa (OSI) é uma análise automatizada do Método do Oxigênio Ativo (AOM). Enquanto no método MOA se determina o tempo em horas necessário para que o óleo alcance um valor de índice de peróxido igual a 100 meq O2/kg, o método OSI mede a variação da condutividade da água, quando são formados os compostos de oxidação. O período ou tempo de indução é o tempo em horas que o óleo resiste antes do aumento brusco da condutividade (MASUCHI, 2008). O período de indução é determinado em um equipamento denominado Rancimat, no qual a curva de condutividade elétrica x tempo é automaticamente registrada com o decorrer da reação (KOBORI & JORGE, 2005). O método foi padronizado pela AOCS (AOCS Cd 12b-92, 1993) no qual se recomenda o uso de 3 gramas de óleo, temperatura de 100oC e fluxo de ar de 20L/h. 3.7.2 Termogravimetria (TGA) A Termogravimetria (TG) é uma técnica rápida e simples. Pode ser definida como um processo contínuo que envolve a medida da variação de massa de uma amostra em função da temperatura (varredura de temperatura), ou do tempo a uma temperatura constante (modo isotérmico) (MATUDA, 2004; LUCAS et al., 2001). Dentre os fenômenos que podem ser observados e quantificados, tem- se como exemplo a sublimação, a adsorção, a dessorção, a vaporização, a oxidação, a redução, as reações em fase sólida e a decomposição (ARDENE, 2000). Os resultados da análise via TGA são úteis também para entender as mudanças ocorridas nas propriedades das matérias-primas causadas pelo aquecimento durante a cura (MARCOVICH et al., 2000). A estabilidade térmica do óleo de buriti foi avaliada por Faria et al., (2002), utilizando DSC e TGA numa faixa de temperatura de 30 a 650°C com aquecimento de 10°C/min-1, em atmosfera dinâmica de nitrogênio com vazão de 100 ml/min-1 e cadinho de alumina com massa de 10 a 20 mg, aproximadamente. As curvas de TG/DTG do óleo de buriti mostram uma única etapa de perda de massa entre 321 e 483°C que se refere à decomposição e carbonização do material. A curva de DTA desse óleo apresentou um pico endotérmico em 414°C referente à decomposição do óleo com a carbonização do material, concordante com a perda mostradas nas curvas de TG/DTG (Figura 4). Figura 4: Curvas de TG/DTG, DTA em atmosfera de nitrogênio do óleo de buriti. Fonte: Faria et al., (2002). Souza et al., (2004) mostrou que o uso de anti-oxidantes sintéticos pode aumentar a estabilidade do óleo de girassol. A decomposição térmica das amostras ocorreram em três fases, relacionadas à decomposição de ácidos graxos poliinsaturados, monoinsaturados e saturados, respectivamente. A taxa de aquecimento variou de 2 a 5; 10 a 20°C min-1. A primeira fase é a mais importante, pois é onde ocorre a decomposição dos ácidos graxos poliinsaturados. O óleo contendo antioxidantes naturais, ácido cítrico e vitamina E, apresentou uma estabilidade térmica mais alta que o óleo sem antioxidante. A decomposição térmica na segunda fase (380 a 480°C) corresponde à decomposição de ácidos graxos monoinsaturados (ácido oléico). O terceiro passo da decomposição térmica ocorre na faixa de 480 a 550°C, correspondendo à decomposição térmica de ácidos graxos saturados, como os ácidos láuricos e palmítico. Durante o aquecimento prolongado, os óleos vegetais com e sem antioxidantes sofrem o processo de degradação térmica que resulta em ranço oxidativo, acarretando a formação de hidroperóxidos e outros produtos de degradação, que podem liberar compostos voláteis como hidrocarbonetos, aldeídos, cetonas, furanos e ácidos carboxílicos, abaixo da temperatura da decomposição térmica das amostras analisadas (Figuras 5 A, 5B e 5C) . Figura 5: Curvas de TG para o óleo de girassol: (A) em diferentes taxas de aquecimento; (B) com antioxidante natural; (C) sem antioxidante. Fonte: Souza et al., (2004). C Temperatura °C P es o ( m g ) A Temperatura °C P es o ( m g ) B P es o ( m g ) Temperatura °C 3.7.3 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) A aplicação de análises térmicas para testar a estabilidade acelerada em óleos vegetais foi estudada por vários investigadores. Dweck e Sampaio (2004) usaram o DSC no modo isotérmico, com purga de oxigênio, para medir a estabilidade de óleos. Em um estudo comparativo com 12 óleos (coco, palma, refinado e desodorizado de palma, canola, milho, semente de uva, azeitona, amendoim, girassol, gergelim, soja e girassol), o DSC foi empregado para comparar a estabilidade oxidativa com dados obtidos em Rancimat. Neste, a temperatura era fixa em 110°C, enquanto no DSC foram avaliadas quatro isotérmicas diferentes: 110, 120, 130 e 140°C (TAN et al 2002; CHE MAN, SELAMAT et al, 2002). Como esperado, observou-se que os óleos das sementes de uva, soja e girassol apresentaram menor tempo de indução que óleo de coco e palma. Isso se deve à maior proporção de ácidos graxos saturados nestes últimos. Porém, para o óleo de gergelim, foi observado um resultado contraditório. Apesar do seu alto teor de ácidos graxos insaturados, o tempo de indução oxidativa era, em geral, mais alto do que nos óleos comestíveis ricos em ácidos graxos insaturados. Isso ocorre devido à presença de antioxidantes naturais (sesamin e sesamolin) no óleo de gergelim (TAN et al 2002, 1999; FREITAS et al., 2007). Os resultados obtidos indicaram que o DSC fornece uma medida tão precisa quanto o Rancimat, além de mais rápida. 4. REOLOGIA Um fluido é uma substância que sofre contínua deformação quando submetido a uma força de cisalhamento. A resistência oferecida por um fluido a tal deformação é chamada de consistência. Para líquidos Newtonianos, se a pressão e a temperatura estão fixas, a consistência é constante e é denominada de viscosidade. Em fluidos não-Newtonianos a viscosidade depende da taxa de deformação aplicada (dv/dy). A relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação para fluídos não newtonianos é expressa pela equação de Hershel Buckley (Eq. 4.1). Para fluídos de Bingham n é igual a 1 e o fluído apresenta comportamento newtoniano para tensão de cisalhamento superior a το (Eq. 4.2). ]1.4.....[.......... n o dydv k =−ττ ]2.4.....[.......... =− dy dv koττ onde: το representa a tensão inicial para promover o escoamento, k indica a consistência do fluído e n é o índice de comportamento (CORRÊA, et al.; 2005). 4.1 VISCOSIDADE DE ÓLEOS VEGETAIS A viscosidade é uma propriedade limitante para a seleção de fontes alternativas de óleos vegetais para aplicações industriais. O conhecimento e o controle da viscosidade são assuntos de interesse das indústrias de transformação: química, alimentos, cosméticos e fármacos uma vez que as alterações nas propriedades reológicas provocam mudanças nas propriedades tecnológicas desses produtos. A viscosidade dos óleos vegetais aumenta com o comprimento das cadeias dos ácidos graxos que formam os triglicerídeos e diminui quando aumenta a insaturação; é, portanto, função das dimensões da molécula e de sua orientação (SANTOS, et al.; 2008). Os estudos reológicos de óleos vegetais reportados na literatura são, em geral, realizados para óleos refinados. O conhecimento da viscosidade dos óleos brutos é de interesse de alguns setores industriais, em especial para a produção de emulsões. Estudos recentes demonstraram que os óleos vegetais refinados se comportam como um fluído Newtoniano para taxas de deformação acima de 5s-1. Portanto, o principal parâmetro físico que afeta a viscosidade desses fluídos é a temperatura. Na Tabela 7, pode-se observar a faixa de viscosidade de diferentes óleos vegetais comerciais refinados em função da temperatura (BROCK et al., 2008). Entretanto, os dados reportados por Barreto et al. (2007) para as propriedades reológicas de óleos vegetais mostram que, devido à presença de fosfolipídeos e ceras, os óleos não refinados apresentam viscosidade mais elevada. Além disso, o efeito da temperatura é mais acentuado que nos óleos comerciais refinados. Os maiores valores da viscosidade, a 20oC, foram obtidos para os óleos brutos de girassol (640 mPa.s) e macaúba (137 mPa.s). O aumento da temperatura de 20 para 50oC promoveu uma redução significativa no valor da viscosidade de todas as amostras. A viscosidade aparente do óleo de macaúba foi a mais sensível à variação na temperatura com redução de até 97% na faixa analisada. Na Tabela 7, abaixo, pode-se observar a viscosidade de alguns óleos refinados entre 20 e 70oC. Tabela 7: Viscosidade de óleos vegetais refinados entre 20 e 60oC Fonte: BROCK et al., (2008) 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 MATERIAIS Esta pesquisa foi realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nos Laboratórios de Análises Térmicas e Laboratório de Processamento de Matérias Primas Vegetais (LADEQ). 5.1.1 BURITI Os frutos do buriti (Mauritia flexuosa L) e os óleos comerciais: bruto e refinado utilizados nesta pesquisa, foram adquiridos da empresa BERACA SABARÁ - SP. Na Figura 6, mostra-se o a polpa do buriti na forma comercializada pela empresa. Figura 6: Polpa de buriti. Na Tabela 8 está apresentada a composição em ácidos graxos do óleo de buriti obtido por Ribeiro (2008) a partir da mesma matéria prima utilizada nesta dissertação. Tabela 8 : Composição de ácidos graxos do óleo de buriti extraídos com etanol ÁCIDOS GRAXOS ÓLEO BURITI (%) C 16: 0 Palmítico 19,58 C 18: 0 Esteárico 2,62 C: 18: 1 Oléico 74,74 C: 18: 2 Linoléico 1,83 C 20: 0 Araquídico 1,23 Fonte: (RIBEIRO, 2008). 5.1.2 MACAÚBA A macaúba (Acrocomia aculeata) é originária da empresa PARADIGMA- MG situada no município de Santa Luzia (Usina de extração de óleo). Sendo utilizados o fruto e o óleo bruto. Na Figura 7 está apresentada os frutos da macaúba. Figura 7: Fruto da macaúba na palmeira. Na Tabela 9 está apresentada a composição em ácidos graxos no óleo de macaúba, realizada por Silva (2008), para a mesma matéria prima utilizada nesta dissertação. Tabela 9: Composição em ácidos graxos do óleo de macaúba extraídos com etanol. ÁCIDOS GRAXOS ÓLEO MACAÚBA (%) C 16: 0 Palmítico 19,90 C: 16: 1 Palmitoléico 2,30 C 18: 0 Esteárico 2,72 C: 18: 1 Oleico 59,18 C: 18: 2 Linoleico 14,59 C: 18: 3 Linolênico 1,01 Fonte: (SILVA, 2008) 5.2 MÉTODOS 5.2.1 PRE-TRATAMENTO DOS FRUTOS DE BURITI E MACAÚBA Os frutos foram autoclavados a 1 atm por 15 minutos para inativação das peroxidases endógenas e, a seguir, secas com fluxo de ar a 60 °C por 1hora até atingir a umidade de equilíbrio (peso constante). Os frutos foram resfriados e armazenados em sacos fechados a 10 oC para minimizar a oxidação. Para as análises, as amostras foram trituradas e preparadas para o procedimento de extração do óleo. 5.2.2 ANÁLISES QUÍMICAS Umidade: o teor de água nas amostras foi determinada segundo as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (ADOLFO LUTZ, 1985) durante 3 horas em estufa a 105ºC. Cálculo: 100* M )M(M i fi −=X Extrato etéreo: A técnica utilizada empregou a extração continua do óleo no aparelho Soxhlet (ADOLFO LUTZ, 1985). Foram utilizadas 5g de cada amostra em filtro de celulose, e o teor de óleo foi avaliado após extração contínua em soxhlet com éter de petróleo durante 6 horas. O excesso de éter de petróleo foi evaporado a frio e o óleo foi seco em dessecador com sílica gel. A quantificação foi feita pelo método gravimétrico. Cálculo: AM M100 L(%) × = onde: X é umidade em % Mi é a massa inicial, em g Mf é a massa final, em g L = teor de lipídios (p/p) M = massa de lipídios (g) Ma = massa da amostra (g) 5.2.3 EXTRAÇÃO E FRACIONAMENTO DOS ÓLEOS DE BURITI E MACAUBA Foram pesadas aproximadamente 50g das amostras, secas e moídas, em erlenmeyer, e adicionados 200ml de etanol (VETEC 99,8%) na proporção 3:1 solvente/substrato (p/p). Os frascos foram vedados com papel alumínio e a mistura foi incubada a 65°C em banho termostático, sob agitação constante em Shaker (Ética) por 60 minutos. A agitação de 30 rpm foi selecionada de modo a manter as partículas em suspensão. A mistura foi filtrada a vácuo com papel de filtro de filtração rápida. A torta úmida com etanol foi seca em estufa a 60°C por 30 minutos e pesada e a micela (mistura de etanol e óleo) foi resfriada a 10 oC por 12 horas e, a seguir, transferida para funil de decantação. Após separação das fases, a fração rica em etanol foi rotaevaporada e seca em estufa a 60°C. O óleo da fase cristalizada foi resfriado a 20°C + 1°C (Figura 8). Todas as frações obtidas foram pesadas em balança analítica de 4 casas decimais (Quimis). Figura 8: Diagrama de blocos do processo de extração e fracionamento dos óleos de buriti e de macaúba. (Rotaevaporada). (Armazenada em temperatura ambiente 10°C). Na Figura 9 pode-se visualizar os equipamentos utilizados na extração e fracionamento dos óleos de buriti e de macaúba e na Figura 10 as frações separadas. Figura 9: Etapas do processo de extração e separação: (A) Banho termostático; (B) Rotaevaporador; (C) Filtração; (D) Separação das fases; Figura 10: Fase leve (B1) e Fase pesada (B2) do óleo de buriti e Fase leve (M1) Fase pesada (M2) do óleo de macaúba. A B C D B1 B2 M1 M 2 5.2.4 ANÁLISE TÉRMICA – TGA As análises térmicas foram conduzidas em TGA modelo Pyris-1 da Perkin- Elmer. Essa técnica foi utilizada para avaliar a estabilidade térmica das frações obtidas, por meio da análise de curvas de perda de massa em função da temperatura. Foram feitas corridas de 16 a 600°C, com taxa de 10°C/min utilizando nitrogênio como gás de arraste (20 ml/min para a amostra e 40 ml/min para a balança). As amostras utilizadas em todos os experimentospesaram cerca de 10 mg. A Figura 11 mostra o aparelho de TGA e a cápsula usada para colocação da amostra nos testes realizados. Figura 11: Aparelho do TGA e cápsula para colocação da amostra. 5.2.5 ANÁLISE TÉRMICA – DSC Para determinação das temperaturas e das entalpias de fusão, as amostras foram pesadas em cápsulas de alumínio com massa de 4 a 6 mg. Foi utilizado o DSC Pyris Diamond da Perkin Elmer, calibrado com índio. O gás de arraste foi o nitrogênio, com uma vazão de 20 ml/min. Corridas não isotérmicas foram conduzidas variando-se a temperatura de -50 a 400°C com taxa de aquecimento igual a 10°C/min. O aparelho pode ser visto na Figura 12. Figura 12: DSC e cápsula de alumínio com a amostra. 5.3 REOLOGIA O comportamento reológico das amostras foi avaliado no módulo estacionário, em diferentes temperaturas: 20, 30, 40 e 50°C, utilizando os aparelhos: Reômetro SR5 da Union e Reômetro ARG2 da TA (Figura 13). Figura 13: (A) Reômetro SR5 e (B) Reômetro ARG2 A B 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO O fruto de macaúba apresentou, em média, 36 % de polpa, 25 % de casca e 39 % de amêndoa. No fruto fresco a umidade dos frutos variou de 40 a 60% enquanto o teor de óleo variou entre 10 e 15 %. A polpa de buriti apresentou, em média, 32 a 48% de umidade e entre 8 e 10 % de óleo. Após resfriamento, foram obtidas duas frações: a fase pesada, com consistência de gel, contendo 75% de óleo e 25% de etanol e a fase leve, com consistência líquida, contendo 2 % de óleo e 98 % de etanol. Cerca de 60 ± 1 % do óleo extraído cristaliza a 10 oC (fase pesada) enquanto 40% permanece na fase etanólica (fase leve). 6.1 ANÁLISES DO TGA No caso do buriti, pode–se observar que o óleo da fase leve apresentou duas etapas de degradação térmica: 214 e 390 °C (Tabelas 10). Estas temperaturas foram inferiores à observada na fase pesada indicando que o óleo da fase leve é menos estável (Figura 14). Isso ocorre devido à presença de ácidos graxos livres que se formam na etapa de evaporação a 60 ºC e em presença de luz. Devido as suas propriedades físico-químicas, os ácidos graxos livres permanecem na fase leve após a evaporação do etanol. No caso do óleo de macaúba, foram observadas 4 etapas de degradação térmica na amostra da fase leve: 43, 117, 269 e 332 °C (Tabela 11), indicando que além dos ácidos graxos livres ocorre a formação de peróxidos e outros compostos de degradação, nesta fração (Figura 15). A temperatura de início de perda de massa dos óleos de buriti e macaúba, na fase cristalizada, foi igual a 409 oC. Este resultado foi superior ao encontrado para os óleos comerciais refinados (395 °C) indicando que o óleo obtido por cristalização é o mais estável de todas as amostras analisadas. Como esperado, o elevado teor de ácidos graxos monoinsaturados (C18:1) no óleo de buriti (cerca de 74%) confere uma elevada estabilidade a este óleo. Entretanto, no caso do óleo de macaúba a presença de ácidos graxos poliinsaturados (C18:2) em alta proporção (15%) aumenta a probabilidade de hidrólise e como conseqüência a formação de peróxidos. Tabela 10: Temperaturas de degradação do óleo de buriti - TGA FASE LEVE (°C) FASE PESADA °C) REFINADO (°C) BRUTO (°C) 214.98 409.53 - 215.43 390.17 - 394.24 395.11 Tabela 11: Temperaturas de degradação do óleo de macaúba - TGA FASE LEVE (°C) FASE PESADA(°C) BRUTO (°C) 43.95 409.07 223.19 117.33 - 415.60 260.44 - - 332.49 - - Figura 14: Análise de TGA do óleo de buriti. Figura 15: Análise de TGA do óleo de macaúba. 6.2 ANÁLISES NO DSC Como se pode observar nos gráficos das Figuras 16 a 19, os óleos de buriti extraídos com etanol e o óleo comercial apresentaram diferentes temperaturas de fusão, entre -5,1°C e + 10,8 °C e –5,95 °C a + 5,24 °C, respectivamente indicando a presença de ácido linoléico e de triacilgliceróis com predominância de ácido oléico e palmítico (POO). No caso do óleo de macaúba (Figuras 20 a 22), observou-se uma faixa mais ampla de ponto de fusão (-16 °C a +32 °C) indicando um maior espectro de substâncias nessas amostras. Esses resultados indicam desde a presença de compostos voláteis resultantes da decomposição de triacilgliceróis poliinsaturados com predominância de ácidos graxos monoinsaturados e saturados (POP, POO, OOO). Nas Tabelas 12 e 13 estão apresentadas as entalpias de fusão dos óleos de buriti e macaúba. O óleo de buriti na fase leve apresentou apenas um pico de liberação de energia, correspondente a 58,68 J/g; já na fase pesada esse pico de liberação de energia ocorre duas vezes com liberação de 23,38 e 40,34 J/g. Observou-se também que o óleo refinado libera menos energia que o óleo bruto. No caso do óleo de macaúba, observa-se que a liberação de energia nos óleos da fase leve, fase pesada e bruto foram respectivamente de 0,24; 0,31 e 0,97 J/g. Pode-se concluir que o óleo de buriti é mais estável que o óleo de macaúba, como já observado nos resultados de TGA. Isto ocorre em função da maior proporção em ácidos graxos poliinsaturados no óleo de macaúba. Tabela 12: Liberação de energia (∆H) do óleo de buriti - DSC FASE LEVE (J/g) FASE PESADA (J/g) REFINADO (J/g) BRUTO (J/g) 58.68 23.39 68,75 73.83 40.34 Tabela 13: Liberação de energia(∆H) do óleo de macaúba - DSC FASE LEVE (J/g) FASE PESADA (J/g) BRUTO (J/g) 0.242 0.311 0.978 São observados, nos Gráficos abaixo, a presença de ácidos graxos nos picos: Figura 16: Ponto de fusão (DSC) do óleo de buriti (fase leve) Figura 17: Ponto de fusão (DSC) do óleo de buriti (fase pesada). Figura 18: Ponto de fusão (DSC) do óleo de buriti (comercial refinado). Figura 19: Ponto de fusão (DSC) do óleo de buriti (comercial bruto) Figura 20: Ponto de fusão (DSC) do óleo de macaúba (fase leve). Figura 21: Ponto de fusão (DSC) do óleo de macaúba (fase pesada). Figura 22: Ponto de fusão (DSC) do óleo de macaúba (comercial bruto). 6.3 REOLOGIA As amostras de óleos vegetais de buriti e de macaúba apresentaram comportamento Newtoniano para as taxas de deformação acima de 10 s-1 (Figuras 23 e 24). Observou-se que a temperatura reduz de forma acentuada a viscosidade dos óleos estudados. No caso do óleo de buriti (fase cristalizada) a viscosidade reduziu de 0,27 Pa.s a 20 oC para 0,07 Pa.s a 50 oC enquanto no óleo de macaúba a viscosidade reduziu de 0,13 Pa.s a 20 oC para 0,03 Pa.s a 50 oC. Figura 23: Comportamento reológico do óleo de buriti (fase pesada) Figura 24: Comportamento reológico do óleo de macaúba (fase pesada) 7. CONCLUSÕES Todas as amostras do óleo de buriti analisadas apresentaram maior estabilidade do que as amostras do óleo de macaúba. Isso se deve ao maior teor de ácidos graxos monoinsaturados e carotenóides presentes no óleo de buriti. Na fase leve (rica em etanol), a temperatura onde se inicia a degradação dos óleos de buriti e macaúba (190 a 230°C) respectivamente foi inferior à observada na fase pesada, indicando que o óleo da fase leve é menos estável. Isso ocorre devido à presença de ácidos graxos livres e peróxidos que se formam durante a extração e que permanecem na fase leve após a evaporação do etanol. A temperatura de início da degradação dos óleos de buriti e de macaúba na fase cristalizada (pesada) foram iguais a 409°C. Esse resultado também foi encontrado para óleo de buriti obtido por prensagem. A temperatura em que se inicia a degradação dos óleos de buriti e de macaúba na fase leve foram inferiores à obtida na fase pesada, indicando que o óleo da fase leve é menos estável. Isso ocorreprovavelmente devido à degradação dos carotenóides e ácidos graxos poliinsaturados. Em geral, todas as amostras apresentaram comportamento newtoniano acima de 20°C e taxa de deformação acima de 10 s–1. 8. SUGESTÕES - Realizar análises em DSC utilizando o modo isotérmico com ar sintético nas temperaturas de 140, 160 e 180°C; - Acompanhar a formação de compostos de cada fração utilizando o espectofotômetro de massa; - Realizar a reologia com a fração leve dos óleos e utilizando o cilindro ao invés de placa; - Realizar análises comparando também com o óleo refinado de macaúba. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, P.G; VALLI, F; MOURA, S; PIRES, M. A; VEJA, O. Caracterização química dos óleos amazônicos: copaíba, buriti, maracujá, açaí e castanha do pará via cromatografia a gás acoplada a espectofotômetro de massas – GC/MS. In: VII SLACA, Campinas, 2007. Anais. AMBRÓSIO. C. L.B; CÂMARA. F. A; CAMPOS. S; FARO. Z. P. Carotenóides como alternativa contra a hipovitaminose A. Revista de Nutrição. v.19, n.2, março/abril, p. 78-82, 2006. 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