Buscar

Preservação do Patrimônio na Praça XV de Novembro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 200 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 200 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 200 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Área Central da Praça XV de Novembro:
 O papel do Estado na preservação de um sítio histórico urbano 
(1938-1990)
 
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Adriana Gonçalves dos Santos Mendes
2012
 
 
 
ÁÁRREEAA CCEENNTTRRAALL DDAA PPRRAAÇÇAA XXVV DDEE NNOOVVEEMMBBRROO:: OO PPAAPPEELL DDOO EESSTTAADDOO NNAA 
PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDEE UUMM SSÍÍTTIIOO HHIISSTTÓÓRRIICCOO UURRBBAANNOO ((11993388--11999900)) 
 
 
Adriana Gonçalves dos Santos Mendes 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa 
de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos 
necessários à obtenção do título de Mestre em 
Ciências em Arquitetura, Linha de pesquisa 
Preservação e Restauração do Patrimônio Edificado 
 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Março de 2012 
 
 
 ii 
ÁÁRREEAA CCEENNTTRRAALL DDAA PPRRAAÇÇAA XXVV DDEE NNOOVVEEMMBBRROO:: OO PPAAPPEELL DDOO EESSTTAADDOO NNAA 
PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDEE UUMM SSÍÍTTIIOO HHIISSTTÓÓRRIICCOO UURRBBAANNOO ((11993388--11999900)) 
 
Adriana Gonçalves dos Santos Mendes 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em 
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em 
Ciências em Arquitetura, Linha de pesquisa Preservação e Restauração do Patrimônio 
Edificado. 
 
Aprovada por: 
 
____________________________________ 
Presidente, Prof. Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
____________________________________ 
Prof. Claúdia Carvalho Leme Nóbrega 
 
 
____________________________________ 
Prof. Dora Monteiro da Silva de Alcântara 
 
 
_____________________________________ 
Prof. Maria Ligia Fortes Sanches 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mendes, Adriana Gonçalves dos Santos. 
Área Central da Praça XV de Novembro: O papel do 
Estado na preservação de um sítio histórico urbano (1938-
1990) / Adriana Gonçalves dos Santos Mendes - Rio de 
Janeiro: UFRJ/ FAU, 2012. 
xv, 184f.: il.; 30 cm. 
Orientador: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ PROARQ/ Programa 
de Pós-graduação em Arquitetura, 2012. 
Referências Bibliográficas: f. 186-197. 
1. Patrimônio cultural. 2. Preservação. 3. Sítio histórico. 
4. IPHAN. I. Ribeiro, Rosina Trevisan M. II. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura. 
III. Título. 
 iv 
RREESSUUMMOO 
 
ÁÁRREEAA CCEENNTTRRAALL DDAA PPRRAAÇÇAA XXVV DDEE NNOOVVEEMMBBRROO:: OO PPAAPPEELL DDOO EESSTTAADDOO NNAA 
PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDEE UUMM SSÍÍTTIIOO HHIISSTTÓÓRRIICCOO UURRBBAANNOO ((11993388--11999900)) 
 
Adriana Gonçalves dos Santos Mendes 
 
Orientadora: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
 
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação 
em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio 
de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre 
em Ciências em Arquitetura. 
 
 
 
Esta dissertação busca analisar os valores e significados atribuídos ao longo dos 
anos pelo Estado ao conjunto urbano da Praça XV de Novembro, no centro do Rio de 
Janeiro, refletido através das ações realizadas para sua preservação como patrimônio 
cultural. O foco deste trabalho é estudar os tombamentos ocorridos no sítio – isolados e 
em conjunto – de modo a analisar o discurso do IPHAN para a área ao longo dos anos. O 
recorte temporal se inicia em 1938, ano seguinte ao de fundação do órgão de proteção, 
quando ocorreram os primeiros tombamentos de bens isolados da área, e é concluído em 
1990 com o tombamento do conjunto. 
A origem da Praça XV de Novembro remonta ao século XVI e, ao longo da história, 
concentrou e foi influenciada por importantes acontecimentos econômicos e políticos não 
só da cidade, como de todo o país. Atualmente, o sítio é protegido por duas instâncias de 
preservação do patrimônio cultural: federal (IPHAN) e municipal, com parte do Corredor 
Cultural. 
Compreender como se estabeleceram os valores atribuídos ao sítio e seus imóveis 
ao longo dos anos, como seus símbolos foram sofrendo mutações e adquirindo novos 
significados para sociedade foi fundamental para uma reflexão sobre as consequências 
das iniciativas públicas para a requalificação do espaço e a efetiva preservação do 
conjunto em sua integridade. Essa dissertação busca contribuir para iniciar um debate 
sobre a definição de diretrizes futuras de gestão, adequadas à sua importância cultural 
para o País. 
. 
 
 
 
Palavras-chave: 1. Patrimônio cultural. 2. Preservação. 3. Sítio histórico. 4. IPHAN. 
 
 
 
 
 v 
AABBSSTTRRAACCTT 
 
CCEENNTTRRAALL AARREEAA OOFF NNOOVVEEMMBBEERR 1155TTHH SSQQUUAARREE:: TTHHEE SSTTAATTEE''SS RROOLLEE IINN PPRREESSEERRVVIINNGG AA 
HHIISSTTOORRIICCAALL UURRBBAANN SSIITTEE ((11993388--11999900)) 
 
Adriana Gonçalves dos Santos Mendes 
 
Adviser: Rosina Trevisan M. Ribeiro 
 
 
 
Abstract of Dissertation submitted to the Graduate Program in Architecture, School 
of Architecture and Urbanism, Federal University of Rio de Janeiro - UFRJ, as part of the 
requirements for obtaining the title of Master of Science in Architecture. 
 
 
This dissertation seeks to analyze the values and meanings assigned by the State 
of Rio de Janeiro over the years, to the urban November 15th Square, located in the center 
of Rio de Janeiro, reflected through the actions taken for its preservation as a cultural 
heritage. The focus of this paper is to study the preservation actions occurred in the area – 
as isolated buildings and as a whole site – in order to analyze IPHAN’s ideas to the area 
over the years. The time frame begins in 1938, the year after the foundation of that 
protection agency, when the first preservation actions for the isolated buildings were done, 
and is completed in 1990 with the inscription of the whole site in the books of proctetion for 
historical sites. 
The origin of November 15th Square dates back to the sixteenth century, and 
throughout the history, it concentrated and was influenced by major economic and political 
events., not only in the city, but in the whole country. Nowadays, the site is protected by 
two cultural heritage preservation offices: a federal office (IPHAN) and a city office and it is 
considered part of the Corredor Cultural. 
Understanding how values were assigned to the site and its buildings over the 
years, how their symbols changed and acquired new meanings for society as time went 
by, was essential to reflect on the consequences of public initiatives for the effective 
redevelopment of the area and preservation of all in its entirety. This dissertation intends to 
contribute to start a debate on the definition of guidelines for future management, 
appropriated to its cultural importance for the country. 
 
 
Keywords: 1. Cultural heritage. 2. Preservation. 3. Historical site. 4. IPHAN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; muda-se o 
ser, muda-se a confianza; todo mundo é composto de 
mudanza, ao sabor das novas realidades [sic] 
 
Adaptação de Lucio Costa para 
 texto de Luiz de Camões, 1963 
 
 
 
 vii 
AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS 
 
O caminho trilhado para o desenvolvimento e conclusão dessa dissertação de mestrado foi 
muito duro. Costumo dizer que foram os anos mais difíceis da minha vida, em vista que nãoforam 
tempos dedicados com exclusividade às tarefas acadêmicas. Dividir-me entre atividades 
aparentemente sem vínculos entre si, como a elaboração de textos e a realização de 
intermináveis leituras, exigidos para o bom desenvolvimento de minha pesquisa na área de 
preservação do patrimônio cultural, e a dedicação a um emprego de arquiteta dentro de um dos 
maiores hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro, não foi um trabalho dos mais fáceis. Nem 
para mim, nem principalmente para aqueles me amam, pois se o emprego e o mestrado me 
exigiam dedicação quase exclusiva, pouco de mim sobrou ao longo desses dois longos anos para 
qualquer outro fim. E é para essas pessoas – pais, irmã, amigos e parentes -, que dedico cada 
uma dessas páginas, pois, ainda que sob o risco de resvalar para a pieguice, afirmo que, sem 
elas, eu não teria conseguido. 
Aos meus pais, Ari e Ruth Mendes, em especial à minha mãe, que tiveram paciência para 
suportar todas as minhas crises de mau humor, minhas ausências mesmo diante de minha 
presença física. Que me abrigaram, deram seu amor e apoio, confiando em mim, mesmo 
desconhecendo com exatidão sobre o que eu estava escrevendo. 
Aos meus amigos, em especial ao Alan Nóbrega, à Carol Maia, à Erica Canellas, à Julia 
Pereira, à Thaís Fontenele, e a tantos outros que aqui não cito nominalmente, que não desistiram 
de mim, mesmo com meu “sumiço social”. Ao Guilherme Mendonça, mentor e companheiro da 
grande aventura de 27 dias pelo Oriente, loucura necessária para que eu não perdesse minha 
sanidade ao longo deste biênio. À querida Daniella Costa, cuja trajetória profissional (por 
coincidência ou não) se enlaça à minha periodicamente, desde os tempos de faculdade, passando 
por estágio, cursos e, finalmente, a pós-graduação, tornando-se a companheira desta longa 
jornada, compartilhando não apenas aulas e artigos, mas também dúvidas e angústias. 
À orientadora Rosina Trevisan, que até o dia da entrega desta dissertação, dedicou muita 
atenção, carinho e, principalmente, paciência com esta orientanda, sempre tão enrolada com os 
prazos de suas entregas. 
Ao IPHAN e seu Programa de Especialização em Patrimônio – PEP, onde tudo começou. 
Agradecimento especial à arq. Yanara Haas, que, lá nos idos de 2006, foi quem sugeriu o 
conjunto da Praça XV como objeto de estudo. Espero sinceramente ter contribuído para as ações 
de preservação deste órgão. 
E, como não poderia deixar de ser, meu muito obrigada principalmente ao sítio da Praça 
XV de Novembro, local mágico, tão repleto de histórias, que ganhou meu coração desde que o 
visitei pela primeira vez e que faz e fará parte da minha história até os meus últimos dias, como 
boa carioca da gema que sou... 
 
 viii 
SSUUMMÁÁRRIIOO 
 
INDICE DE IMAGENS...............................................................................................09 
 
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................16 
 
CAPÍTULO 1 – Histórico: de 1565 a 1937 em algumas p áginas ... 
1.1 – As origens da Praça XV .................................................................22 
1.2 – A formação do conjunto urbano .....................................................54 
 
CAPÍTULO 2 - A Praça XV pelos olhos dos “heróis do patrimônio”: as primeiras 
iniciativas de proteção do patrimônio cultural da P raça XV de Novembro (1938 a 
1942). 
 2.1 – Antecedentes: o florescimento das ações de proteção do 
patrimônio cultural brasileiro ..................................................................58 
2.2 – A euforia inicial: os primeiros tombamentos...................................65 
 
CAPÍTULO 3 - As ações e rotinas impetradas pelo IPH AN que culminaram no 
tombamento do conjunto (1943 a 1990) 
3.1 – Após a euforia inicial, os desafios da preservação cultural 
em uma cidade economicamente ativa..................................................96 
3.1.1 O tombamento do Arco e Oratório de Nossa 
Senhora do Cabo da Boa Esperança e a ampliação do 
tombamento da Igreja da Ordem Terceira do Carmo..................108 
3.1.2 O tombamento do Convento do Carmo e a 
construção do Centro Comercial Cândido Mendes.....................116 
3.1.3 Considerações parciais.......................................................131 
3.2 – A ampliação do conceito de patrimônio cultural e o 
tombamento do conjunto urbano..........................................................144 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................177 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................186 
 
ANEXOS ..................................................................................................................198 
 ix 
ÍÍNNDDIICCEE DDEE IIMMAAGGEENNSS 
 
Figura 01: Sítio histórico urbano tombado.........................................................................17 
 Fonte: Elaborado pela autora sobre planta aerofotogramétrica, 2011. 
 
Figura 02: “Rio de Janeiro / D. Ruiters, fecit”. Original manuscrito de Dierick Ruiters, do 
 Algement Rijksarchief, Haia. ca. 1617..............................................................23 
 Fonte: REIS, 2001, p. 158. 
 
Figura 03: A Praça XV em 1580 vista do mar. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988..........................................................................................24 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
Figura 04: “Rio Gênero”. Ilustração do “Reysboeck...”. Biblioteca Nacional, Rio de 
 Janeiro. ca. 1624..............................................................................................25 
 Fonte: REIS, 2001, p. 159. 
 
Figura 05: A Praça XV em 1620 vista do mar. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988..........................................................................................26 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
Figura 06: “S. Sebastien / Ville Episcopale du Bresil”. Ilustração de Froger. Biblioteca 
 Nacional, Rio de Janeiro. ca. 1695..................................................................27 
 Fonte: REIS, 2001, p. 162. 
 
Figura 07: “Planta da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro...” Original do 
 Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa, atribuído ao Brigadeiro João Massé. 
 ca. 1714...........................................................................................................28 
 Fonte: REIS, 2001, p. 165. 
 
Figura 08: Arco e Oratório de Nossa Senhora da Boa Esperança (s/a, s/d).....................29 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN - Seção Rio de Janeiro. 
 
Figura 09: A Praça XV por volta de 1750. Reconstituição de imagem realizada 
 pelo IPLAN Rio em 1988..................................................................................29 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
Figura 10: “Prospecto da Cidade do Rio de Janeiro...”. Cópia manuscrita elaborada 
 para ser incluída por Vilhena em Notícias Soteropolitanas 1803. Original 
 da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 1775..................................................30 
 Fonte: REIS, 2001, p. 182-184. 
 
Figura 11: A Praça XV em 1790. Reconstituição de imagem realizada pelo IPLAN Rio 
 em 1988............................................................................................................30 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 
Figura 12: Arco comemorativo da coroação de D. Pedro I, localizado na Rua Direitana entrada para a Rua do Ouvidor. (BATE, Richard – Biblioteca da 
 Universidade de Cornell/USA, s/d)...................................................................33 
 Fonte: FERREZ, 1965. 
 x 
 
Figura 13: Mercado de Peixe por volta de 1856. (BERTICHEM, Pedro – Biblioteca 
 do Jockey Clube Brasileiro)..............................................................................33 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.82. 
 
Figura 14: Inauguração da Câmara do Comércio em 14/07/1820. (MONTIGNY, 
 Grandjean – Museu da Cidade do Rio de Janeiro)...........................................34 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.65. 
 
Figura 15: Cerimônia de coroação de D. Pedro I como imperador do Brasil, em 1822. 
 (DEBRET, Jean Baptiste – Biblioteca do Jockey Club Brasileiro)....................35 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.70. 
 
Figura 16: Cerimônia de casamento de D. Pedro I com D. Amélia de Leuchtemberg, 
 Em 16/10/1829. (DEBRET, Jean Baptiste – Biblioteca do Jockey Club 
 Brasileiro)..........................................................................................................35 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.75. 
 
Figura 17: Vista da Rua Direita, com as Igrejas de Nossa Senhora do Carmo e 
 Ordem Terceira do Carmo por volta de 1831. (DEBRET, Jean Baptiste – 
 Biblioteca Nacional – Divisão de Iconografia)..................................................36 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.78. 
 
Figura 18: O novo Imperador D. Pedro II – com apenas 6 anos – é aclamado pelo 
 povo como novo Imperador no Paço Imperial (1831). (DEBRET, Jean 
 Baptiste – Biblioteca do Jockey Club Brasileiro).............................................37 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.79. 
 
Figura 19: Vista em primeiro plano do Paço Imperial e, ao fundo, o casario da 
 Família Telles. (COMPTE, Louis, 1840 – Coleção Pedro Vásquez)...............37 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.86. 
 
Figura 20: Mapa da cidade, com as rotas das barcas assinaladas, em direção à 
 Niterói, Nova Friburgo, Magé e Paquetá. (SCHREINER, Luiz, 1879 – 
 Biblioteca do Jockey Club Brasileiro)...............................................................38 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.107. 
 
Figura 21: Primeira estação de embarque das barcas, na Praça de D. Pedro II. 
 (FERREZ, Marc, 1877 – Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro)............38 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.105. 
 
Figura 22: A Praça XV em 1840. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988..........................................................................................39 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 
Figura 23: Desfile das tropas brasileiras combatentes na Guerra do Paraguai. 
 (AGOSTINI, Angelo, 1870 – Coleção Particular)..............................................40 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.103. 
 
Figura 24: A Praça XV em 1870. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988..........................................................................................40 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 xi 
 
Figura 25: Multidão em frente ao Paço Imperial aguardando a assinatura da Lei 
 Áurea pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888. (FERREIRA, 
 Luiz – Coleção Pedro Vásquez).......................................................................41 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.115. 
 
Figura 26: O Paço Imperial nos tempos dos Correios e Telégrafos. (Arquivo Geral 
 da Cidade do Rio de Janeiro)...........................................................................43 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.129. 
 
Figura 27: Estátua de General Osório, na época de sua inauguração (s/d)......................43 
 Fonte: http://www.rioquepassou.com.br/2009/03/04/monumento-ao-gal- 
 osorio-sec-xix/. Acesso em: 02 mai 2011. 
 
Figura 28: Edifício do Antigo Supremo Tribunal Federal (s/a, s/d)....................................46 
 Fonte: www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_print_dec_arquivos/ 
 ap_1901_ stif.jpg. Acesso em: 22 out. 2011 
 
Figura 29: Atual Centro Cultural Banco do Brasil. (Coleção Particular, s/d)......................46 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.132. 
 
Figura 30: Centro Cultural dos Correios e Telégrafos (s/a, s/d)........................................47 
 Fonte: http://www.correios.com.br/sobreCorreios/educacaoCultura/ 
 centrosEspacosCulturais/CCC_RJ/default.cfm. Acesso em 31 jul 2011. 
 
Figura 31: Cais Pharoux após a remodelação de Pereira Passos. (Biblioteca 
 Nacional – Divisão de Iconografia, s/d)............................................................48 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.134. 
 
Figura 32: Praça XV, após a remodelação de Pereira Passos. (Arquivo Geral da 
 Cidade do Rio de Janeiro, s/d).........................................................................48 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.134. 
 
Figura 33: Projeto de construção da Av. Central...............................................................49 
 Fonte: LIMA, 2000. 
 
Figura 34: Abertura da Av. Central....................................................................................49 
 Fonte: FERREZ, 1983. 
 
Figura 35: Demolição do morro do Castelo (MALTA, 09/07/1922)....................................50 
 Fonte: NONATO, 2000. 
 
Figura 36: Convento do Carmo antes da reforma de Hermann Fleiuss, de 1910. 
 (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)......................................................52 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.133. 
 
Figura 37: Convento do Carmo depois da reforma de 1910. (Instituto Histórico e 
 Geográfico Brasileiro).......................................................................................52 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.133. 
 
Figura 38: A Praça XV em 1910. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988..........................................................................................53 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 xii 
Figura 39: Aspecto da Rua Direita (hoje, Primeiro de Março) na esquina com Rua do 
 Ouvidor, quando da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro. 
 (BATE, Richard. s/d – Biblioteca da Universidade de Cornell/USA).................54 
 Fonte: FERREZ, 1965. 
 
Figura 40: Esquina das Ruas Direita com Ouvidor, por volta de 1870. (LEUZINGER, 
 George – Coleção particular)............................................................................55 
 Fonte: CARVALHO, 2000, p.104. 
 
Figura 41: Igreja da Ordem 3ª do Carmo...........................................................................67 
 Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 42: Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores..........................................67 
 Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 43: Igreja de Santa Cruz dos Militares....................................................................68Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 44: Chafariz de Mestre Valentim.............................................................................69 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 45: Paço Imperial....................................................................................................70 
 Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 46: Antiga Alfândega, atual Casa França-Brasil.....................................................71 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2010. 
 
Figura 47: Arco do Teles e imóveis nº 32 e 34...................................................................73 
 Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 48: À esquerda, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Antiga Sé; à direita, 
 a Igreja da Ordem 3ª de Nossa Senhora do Carmo da Ordem do Carmo.......77 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2010. 
 
Figura 49: O Paço Imperial à época do tombamento, pós-reforma de 1929, quando 
 foram introduzidos elementos neocoloniais. (s/a, c.1940)................................85 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
Figura 50: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto. (s/a, s/d)........................89 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro. 
 
Figura 51: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de São João Del Rey. (s/a, s/d.)............90 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
Figura 52: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico do Serro (s/a, s/d.).................................91 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
 xiii 
Figura 53: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Tiradentes (s/a, s/d).........................91 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
Figura 54: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Mariana (s/a, s/d).............................92 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
Figura 55: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Diamantina (s/a, s/d)........................92 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro). 
 
Figura 56: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Congonhas (s/a, s/d)........................93 
 Fonte: Arquivo Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro. 
 
Figura 57: Rua Primeiro de Março por volta de 1920 (s/a, s/d).........................................94 
 Fonte: http://www.flickr.com/photos/rioantigamente/3536040894/. 
 Acesso em 15 out. 2011. 
 
Figura 58: Avenida Perimetral, ao fundo. Em primeiro plano, o Chafariz de 
 Mestre Valentim (jul. 2010)................................................................................99 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens. 
 
Figura 59: Construção do trecho inicial da Av. Perimetral, altura da Praça XV de 
 Novembro........................................................................................................102 
 Fonte: www.fotolog.com.br-luiz/o/76257616, s/a, s/d. Acesso em: 
 07 jan. 2012. 
 
Figura 60: Fachada do Edifício do Paço (nesta foto, em obras de recuperação), 
 onde é possível perceber a marcação do gabarito original de 3 
 pavimentos, tal qual seu vizinho à esquerda...................................................103 
 Fonte: Google Streetview. Acesso em: 07 jan. 2012. 
 
Figura 61: Arco do Teles após a restauração e o edifício de 12 pavimentos 
 (jul.2010).........................................................................................................105 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens. 
 
Figura 62: Arco e Oratório de Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança 
 (s/a, s/d)..........................................................................................................109 
 Fonte: http://rio-curioso.blogspot.com/2008/10/oratrios.html. Acesso em: 
 28 jan. 2012. 
 
Figura 63: Edifício de oito pavimentos construído pela Ordem Terceira do Carmo........111 
 Fonte: Google Streetview. Acesso em: 27 jan. 2012. 
 
Figura 64: Edifício alvo da extensão de tombamento da Igreja da Ordem 
 Terceira do Carmo..........................................................................................113 
 Fonte: Google Streetview. Acesso em: 27 jan. 2012. 
 
Figura 65: Edifício alvo da extensão de tombamento da Igreja da Ordem 
 Terceira do Carmo..........................................................................................115 
 Fonte: Google Streetview. Acesso em: 27 jan. 2012. 
Figura 66: Planta de situação, na hipótese de demolição do antigo Convento do 
 Carmo e construção em 100% da área do terreno.........................................121 
 Fonte: PORTO, 1976. 
 xiv 
 
Figura 67: Planta de situação, segundo a Lei 991, com a demolição do antigo 
 Convento do Carmo e a construção de edifício em placa e lâmina................121 
 Fonte: PORTO, 1976. 
 
Figura 68: Decisão conciliatória de Mauricio Dias da Silva, com a permanência 
 do antigo Convento do Carmo e a construção de edifício com 
 embasamento e lâmina...................................................................................124 
 Fonte: PORTO, 1976. 
 
Figura 69: Antigo Convento do Carmo, antes da reforma de Herman Fleuiss e 
 Ângelo Bruhns (MALTA, 1906)........................................................................126 
 Fonte: www.rioquepassou.com.br/2004/09/10/convento-do-carmo-fevereiro- 
 de-1906/. Acesso em: 07 jan. 2012. 
 
Figura 70: Antigo Convento do Carmo, após a restauração de 1968..............................126 
 Fonte: Google Streetview. Acesso em: 27 jan. 2012. 
 
Figura 71: Proposta encaminhada pela Faculdade Candido Mendes em 1968, 
 com preservação da ala voltada para a Rua Sete de Setembro.....................127 
 Fonte: PORTO, 1976. 
 
Figura 72: Projeto efetivamente aprovado pelo IPHAN, com a preservação da 
 ala voltada para a Rua Sete de Setembro......................................................127 
 Fonte: PORTO, 1976. 
 
Figura 73: O Antigo Convento do Carmo e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo 
 da Antiga Sé, em primeiro plano. Ao fundo, o Centro Comercial 
 Candido Mendes.............................................................................................130 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2011. 
 
Figura 74: O Antigo Convento do Carmo e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo 
 da Antiga Sé, em primeiro plano. Ao fundo, o Centro Comercial 
 Candido Mendes.............................................................................................130 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2011. 
 
Figura 75: Canto esquerdo superior, Teatro Municipal; canto direito superior, 
 Escola de Belas Artes; canto esquerdo inferior, Biblioteca Nacional; 
 canto direito inferior, Clube Naval...................................................................147 
 
Figura 76: Travessa do Comércio, 14/16 – Recuo de 3,00m e construção deedifício de 14 pavimentos, com acesso pela rua do Mercado, 17..................150 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 77: Travessa do Comércio, 14/16 –Construção de 
 edifício de 14 pavimentos, com acesso pela rua do Mercado, 17..................150 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 78: Travessa do Comércio, 14/16 – Preservação apenas das fachadas do 
 térreo..............................................................................................................150 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
 xv 
Figura 79: Rua do Mercado, 11 e 17 em contraste com sobrados ainda de 
 volumetria preservada....................................................................................151 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 80: Travessa do Comércio - perspectiva do observador......................................156 
 Fonte: Arquivo Pessoal de Imagens, 2008. 
 
Figura 81: Rua do Mercado, 31/33..................................................................................159 
 Fonte: arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 82: Rua Primeiro de Março, 08.............................................................................159 
 Fonte: arquivo Pessoal de Imagens, 2007. 
 
Figura 83: Fachadas típicas do conjunto da Praça XV de Novembro.............................165 
 Fonte: RIOARTE, 2002. 
 
Figura 84: Proposta inicial para o novo prédio da Bolsa de Valores...............................168 
 Fonte: O Globo, 12 nov. 1982. 
 
Figura 85: Limites do conjunto histórico urbano tombado...............................................174 
 Fonte: Inventário Nacional de Bens Imóveis – Sítios Urbanos 
 (INBI-SU), 2000. 
 
Figura 86: A Praça XV em 1988. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio em 1988........................................................................................175 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
Figura 87: A Praça XV no ano 2000. Reconstituição de imagem realizada pelo 
 IPLAN Rio.......................................................................................................182 
 Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 
Figura 88: A Praça XV de Novembro e imediações, apropriada pelos foliões................186 
 Fonte: O Globo, 05 mar. 2011. 
 
Figura 89: A Praça XV de Novembro e imediações, apropriada pelos foliões................186 
 Fonte: O Globo, 05 mar. 2011. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
1166 
 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
 
A construção do patrimônio cultural material e a definição de suas práticas de 
proteção é um fenômeno relativamente recente em nosso país. A formação desses 
símbolos nacionais está diretamente vinculada ao valor que lhes é atribuído pelo 
Estado. O significado de valor, por sua vez, é mutável ao longo tempo, sendo 
influenciado por múltiplos aspectos. A preservação dos bens culturais pelo Estado é 
uma prática política eminentemente seletiva. Segundo Cecília Londres Fonseca: 
O instituto do tombamento ainda hoje é a prática mais significativa da 
política de preservação federal no Brasil. Significativa não só pelo poder de 
delimitar um universo simbólico específico, como também por intervir no 
estatuto de propriedade e no uso do espaço físico. E significativa, 
sobretudo, porque constitui um campo em que se explicitam – e onde se 
podem apreender – os sentidos da preservação para os diferentes atores 
envolvidos. (FONSECA, 2002, p. 181) 
 
Esta dissertação busca analisar os valores e significados atribuídos ao longo 
dos anos pelo Estado ao conjunto urbano da Praça XV de Novembro, no Rio de 
Janeiro, refletido através das ações realizadas para sua preservação como 
patrimônio cultural. O foco deste trabalho é estudar os tombamentos ocorridos no 
sítio – isolados e em conjunto – de modo a analisar o discurso do Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para a área ao longo dos anos. O 
recorte temporal se inicia em 1938, ano seguinte ao de fundação do órgão de 
proteção, quando ocorreram os primeiros tombamentos de bens isolados da área, e 
é concluído em 1990 com o tombamento do conjunto. 
Localizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro, a Praça XV de Novembro e 
seus arredores, ao longo da história, concentrou e foi influenciada por importantes 
acontecimentos econômicos e políticos não só da cidade, como de todo o país. Suas 
principais características urbanas datam do século XVIII, quando seu porto assumiu 
importância em função da exploração do ouro em Minas Gerais, fato este que 
motivou a elevação da cidade do Rio de Janeiro à capital da Colônia (1763), depois 
sede da Corte portuguesa (1808) e, por fim, do Império do Brasil (1822). 
A região da Praça XV de Novembro é um sítio atualmente protegido por duas 
instâncias de preservação do patrimônio cultural: o IPHAN e a Subsecretaria de 
Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design (SubPC), da 
Secretaria Municipal de Cultura. Cada uma das instituições atribuiu diferentes 
significados ao sítio e, consequentemente, diferentes valores a serem preservados. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
1177 
Reflexo de sua importância político-econômica desde os tempos coloniais, a área 
agrega inúmeros bens tombados isoladamente pelo Instituto do Patrimônio Histórico 
e Artístico Nacional (IPHAN): as igrejas da Ordem Terceira de Nossa Senhora do 
Carmo e de Nossa Senhora do Carmo e o Antigo Convento do Carmo, além das 
igrejas de Santa Cruz dos Militares e de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, 
do Chafariz de Mestre Valentim, do Arco do Teles, do Paço Imperial e da Antiga 
Alfândega (fig. 01). 
Em 1990, mais de uma centena de imóveis foram tombados em conjunto, em 
um trecho compreendido pela Praça XV propriamente dita, a Praça Pio X, a rua 1º 
de Março e a Avenida Alfredo Agache, abrangendo ainda os quarteirões do Antigo 
Convento do Carmo e das igrejas de Nossa Senhora do Carmo (antiga Catedral 
Metropolitana) e da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (fig. 01). A Área 
Central da Praça XV de Novembro e Imediações, como foi denominada, encontra-se 
inscrita nos três Livros de Tombo ativos: Livro Histórico, Livro de Belas Artes e Livro 
de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Em nível municipal, o sítio é 
protegido como uma das zonas integrantes do Corredor Cultural. 
 
Fig. 01 – Sítio histórico urbano tombado: A – antiga Alfândega; B – Centro Cultural Banco do Brasil; C 
– Correios e Telégrafos; D – antigo Tribunal Regional Eleitoral (TRE); E – Igreja de Santa Cruz dos 
Militares; F – Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores; G – Bolsa de Valores do Rio de 
Janeiro; H – Chafariz de Mestre Valentim; I – Arco do Teles; J – antigo Hospital da Ordem Terceira do 
Carmo; L – Paço Imperial; M – Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo; N – Igreja de 
Nossa Senhora do Carmo (antiga Catedral); O – Convento do Carmo; P – Centro Comercial Cândido 
Mendes; Q – Arco de Nossa Senhora do Cabo da BoaEsperança. 
Q J 
C 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
1188 
A área é caracterizada por uma série de bens monumentais ligados à 
arquitetura oficial - religiosos e civis -, com características coloniais, tombados 
isoladamente. Estes imóveis convivem harmoniosamente com edifícios ecléticos de 
grande porte e o casario de pequeno porte, representativo de uma sociedade que 
buscava acompanhar a linguagem dos modelos eruditos europeus. Quebrando essa 
harmonia, construções contemporâneas de elevado gabarito permeiam o sítio. 
A forma que o sítio possui nos dias de hoje é reflexo direto das ações do Estado 
– ou da falta delas – sobre o conjunto. Identificar os valores atribuídos pelo Estado 
ao longo dos anos e as conseqüências de suas orientações e intervenções são 
fundamentais para compreender o sítio histórico, suas formas e seu significado atual 
para a população carioca. Desde as primeiras iniciativas de proteção ao patrimônio 
cultural nacional realizadas pelo IPHAN em 1938, a Praça XV esteve em evidência. 
A partir de então, ao longo de toda a trajetória das políticas preservacionistas, as 
ações realizadas em seus bens refletiram os valores em evidência em cada 
momento e a evolução dos seus conceitos e práticas. Para atingir o objetivo deste 
trabalho foi necessário pesquisar os processos de tombamento dos imóveis 
(tombados isoladamente ou em conjunto), de modo a determinar os valores a eles 
atribuídos pelos técnicos do IPHAN no momento específico da inscrição. Mas só 
isso não fora o suficiente, posto que também se fazia necessário identificar as ações 
e orientações do órgão diante dos acontecimentos e contextualizar os tombamentos 
e as ações de preservação com o momento em que os mesmos ocorreram, levando 
em consideração o momento político e a metodologia de proteção que vinha sendo 
adotada. 
Essa dissertação se desenvolve em três capítulos, além da introdução e das 
considerações finais. O primeiro capítulo se configura em um levantamento 
histórico do sítio urbano da Praça XV e os imóveis que o compõem: sua formação 
urbana, suas características arquitetônicas e os fatos históricos ocorridos. Essas 
informações são essenciais para compreender as razões que os representantes do 
IPHAN tiveram para atribuir (ou não) valores históricos e artísticos aos bens. O 
período de abrangência compreende desde a fundação da cidade, em 1565, até a 
criação do IPHAN, em 1937. Para obter tais dados, foi pesquisada a bibliografia 
existente publicada e os estudos realizados pelo IPHAN, publicados na Revista do 
Patrimônio e aqueles contidos nos arquivos da Instituição, em especial o Arquivo 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
1199 
Central do IPHAN – Seção Rio de Janeiro1, e que, mais tarde, vieram a embasar o 
processo de tombamento do conjunto. 
O segundo capítulo busca identificar os primeiros valores atribuídos ao 
conjunto da Praça XV de Novembro e aos seus imóveis separadamente pelos 
pioneiros da preservação do patrimônio no Brasil. Para isso, iniciamos pelo 
levantamento dos dados relativos ao surgimento da política de proteção ao 
patrimônio nacional com a criação do IPHAN em 1937 de modo a compreender e 
identificar o perfil de patrimônio buscado para seleção. Esses dados foram obtidos 
através da bibliografia publicada, em especial o livro originário da tese de Doutorado 
da historiadora Márcia Chuva, Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas 
de preservação do patrimônio no Brasil (1930-1940), e o livro de Cecília Londres 
Fonseca, O Patrimônio em processo – trajetória da política federal de preservação 
no Brasil. Essas publicações foram importantes para compreender o momento de 
“invenção” do patrimônio cultural nacional, com a institucionalização das práticas de 
preservação no Brasil nos primeiros anos de sua implantação. Comumente 
denominada “fase heróica”, este foi o momento em que, sob a liderança de Rodrigo 
Melo Franco de Andrade, o prevalecimento da visão modernista de Patrimônio 
formou o retrato do Brasil em “pedra e cal”. 
 O passo seguinte é a análise dos documentos existentes nos processos de 
tombamento dos primeiros bens inscritos isoladamente, contidos no Arquivo 
Noronha Santos. Os pareceres para instrução dos processos de tombamento, 
produzidos pelos técnicos do IPHAN e pelos relatores do caso, integrantes do 
Conselho Consultivo da Instituição, são da maior importância para a compreensão 
de como se construiu a atribuição de valor para esses bens, buscando assim um 
melhor entendimento da forma como a Instituição lidou com a Praça ao longo de sua 
história. Entretanto, frequentemente essa informação não está disponível, posto que, 
em um grande número de processos, sobretudo aqueles dos primeiros anos de ação 
da Instituto, a documentação é escassa. Não há documentos que explicitem as 
 
1 O Arquivo Central do IPHAN, também conhecido como Arquivo Noronha Santos, é subordinado ao 
Departamento de Identificação e Documentação do IPHAN e tem como atribuição a guarda e a 
preservação da documentação de valor permanente produzida pelo próprio Instituto, incluindo pelas 
Superintendências Regionais e pelos setores técnicos ligados à administração central. Em relação 
aos bens tombados da cidade do Rio de Janeiro, o Arquivo Noronha Santos dispõe, além de todos os 
processos de tombamento, da documentação emitida e recebida pelo IPHAN referente às ações de 
preservação dos imóveis desde o ano de sua criação (1937) até o ano de 1980, quando esses 
documentos passam a ser guardados no arquivo da própria Superintendência Regional do Rio de 
Janeiro. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2200 
razões do tombamento, e chegar a uma conclusão a esse respeito só é possível 
quando compreendemos a estratégia de formação e invenção de uma identidade 
nacional buscada pelo Estado Novo, dando rumo à política de preservação do 
patrimônio. 
O terceiro capítulo aborda as ações e as rotinas realizadas pelo IPHAN após 
os anos iniciais, que culminaram no tombamento do conjunto propriamente dito. O 
capítulo é estruturado em duas partes, em que a primeira aborda os tombamentos 
dos bens isolados que escaparam da seleção inicial do patrimônio nacional. Nesse 
momento, os processos já eram melhor instruídos e possuíam informação suficiente 
para permitir uma análise mais precisa das motivações para sua seleção. A segunda 
parte do capítulo se concentra nas ações de proteção ao entorno dos bens 
tombados isolados que resultaram no reconhecimento do valor do sítio histórico 
urbano e seu consequente tombamento. Compreender o momento político pelo qual 
o país atravessava e as transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro foram 
fundamentais para fundamentar as mudanças que assolaram o sítio, como sua 
verticalização, motivada pelo surgimento das construções de alto gabarito. A mesma 
importância teve o reconhecimento da evolução do processo de ampliação do 
conceito de bem cultural, quando foram incorporados novos exemplaresao 
patrimônio nacional, bastante distintos daqueles selecionados originalmente. Esse 
fato possibilitou o tombamento de conjuntos com características antes desprezadas, 
como o conjunto da Praça XV de Novembro. Esse capítulo foi subsidiado 
principalmente pelos documentos primários contidos no Arquivo Central do IPHAN – 
Seção Rio de Janeiro, em especial pelos estudos coordenados pelas arquitetas Lia 
Motta e Dora Alcântara, mas também por aqueles do Arquivo da Superintendência 
Regional do Rio de Janeiro, emitidos após 1980. Mais uma vez, recorremos a 
Cecília Londres Fonseca para embasar as transformações e contradições ocorridas 
na política de preservação do patrimônio cultural ao longo do tempo, mas outros 
autores e fontes também tiveram uma grande importância. Entre outros, Cêça 
Guimaraens com seu livro Paradoxos Entrelaçados, Lucio Costa com seus 
pareceres publicados em Lucio Costa: Documentos de Trabalho, as Cartas 
Patrimoniais e recortes de jornal da época. 
O limite cronológico desta dissertação é o ano de tombamento do conjunto 
urbano – 1990. Entretanto, nas considerações finais são levantadas algumas 
questões sobre a situação atual deste sítio. Questionamentos quanto à mudança de 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2211 
atuação do IPHAN após o tombamento, sua gerência sobre o espaço, a convivência 
com a instância municipal de proteção do patrimônio cultural e a efetiva preservação 
dos valores atribuídos após sua inscrição são alguns dos temas levantados. Temas 
estes que necessitam de um maior aprofundamento, mas para a qual este estudo é 
a base para atingir essas respostas, fornecendo elementos essenciais para iniciar 
um debate sobre a definição de diretrizes futuras para uma gestão adequada à sua 
importância cultural para o País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2222 
 
CCAAPPÍÍTTUULLOO 11 
HHiissttóórriiccoo –– DDee 11556655 aa 11993377 eemm aallgguummaass ppáággiinnaass...... 
 
1.1 – As origens da Praça XV 
O sítio em que Mem de Sá fundou a cidade de S. Sebastião foi o cume de 
um monte, donde facilmente se podiam defender inimigos; mas depois 
estando a terra em paz, se estendeu pelo vale ao longo do mar, de sorte 
que a praia lhe serve de rua principal e assim, sendo lá capitão-mór Afonso 
de Albuquerque, se achou uma manhã defronte da porta do convento do 
Carmo que ali está uma baleia morta, que de noite havia dado à costa. E as 
canoas, que vêem das roças ou granjas dos moradores, ali ficam, 
desembarcando cada um à sua porta ou perto dela com que trazem, sem 
lhe custar trabalho de carretos, como custa pela ladeira acima. Nem eles 
próprios lá subiram em todo o ano, e menos as mulheres, se não fora estar 
lá a igreja matriz e a dos padres da Companhia, pela causa mora ainda lá 
alguma gente. (VICENTE apud CARVALHO, 2000, p. 11) 
 
Ao longo da história, a área da Praça XV de Novembro e seus arredores 
concentrou e foi influenciada por importantes acontecimentos econômicos e políticos 
não só da cidade, como de todo o país. Seu forte conteúdo simbólico expressa sua 
importância para a cidade ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX. 
A região da Praça XV foi o grande centro do Rio de Janeiro colonial. Sua origem 
data da descida da cidade para a Várzea ainda no século XVI. As primeiras notícias 
sobre o sítio e suas redondezas, porém, são anteriores à fundação da cidade, em 
1565. Nas imediações da praia da Piaçava, as aldeias indígenas da região foram 
sacudidas pela chegada das tropas do cavalheiro Nicolau de Villegaignon em uma 
primeira tentativa de fundar no Rio de Janeiro uma colônia, a chamada França 
Antártica, em 10 de novembro de 1555. Instalados na Ilha de Serigipe, hoje ligada 
ao continente e conhecida pelo nome do seu próprio comandante, os franceses 
foram rechaçados pelos portugueses, liderados por Mem de Sá, em 1567. Nesse 
mesmo ano, a cidade, fundada dois anos antes no alto do morro Cara de Cão, seria 
transferida para o alto do morro do Castelo (CARVALHO, 2000, p. 13). 
Conforme citação de Frei Vicente do Salvador2 (apud CARVALHO, 2000), a 
necessidade de ocupação de uma baixada pantanosa fez com que a cidade se 
desenvolvesse em busca de terras secas, ainda no século XVI, a partir do sopé do 
morro do Castelo (Rua da Misericórdia), rumo à Várzea de Nossa Senhora (primeiro 
 
2 O missionário e historiador franciscano Frei Vicente do Salvador é considerado o autor da primeira 
obra sobre história do Brasil, por volta de 1627. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2233 
nome registrado da Praça XV), passando pela Praia da Piaçaba, seguindo pela 
Praia de Manuel de Brito (Rua Direita, hoje denominada Primeiro de Março) até o 
morro de São Bento. 
Formou-se, então, uma linha arqueada que direcionaria o desenho das demais 
ruas: as transversais, entre as ruas Antônio Nabo (hoje, São José) e dos 
Pescadores (atual Visconde de Inhaúma) e as paralelas, iniciadas na Rua Detrás do 
Carmo (atual R. do Carmo), aberta em 1611 (SANTOS, 1981). O crescimento da 
cidade conduziu a expansão de sua trama para o interior, em quadras longas e 
retilíneas. Nessa época, o mar ainda ocupava grande parte das terras em que 
posteriormente se formariam a praça e o conjunto objeto desta dissertação. 
 
 
Fig. 02: “Rio de Janeiro / D. Ruiters, fecit”. Original manuscrito de Dierick Ruiters, do Algement 
Rijksarchief, Haia. ca. 1617. 
Segundo a legenda, “B” seria a linha arqueada beirando a Praia de Manuel de Brito. 
Fonte: REIS, 2001, p. 158. 
 
As primeiras edificações representativas da região são de origem religiosa. Sua 
presença é um dos valores simbólicos mais fortes de uso deste solo ainda presente 
nos dias de hoje. A Ordem dos Jesuítas foi a primeira a chegar à cidade, partícipe 
de sua fundação em 1565. Fixou-se inicialmente no antigo Morro Cara de Cão e, 
posteriormente, no alto do Morro do Castelo, onde construíram sua igreja e colégio 
entre os anos de 1567 e 1573. A primeira construção que se tem notícia na área da 
Praça XV, porém, foi a pequena ermida de Nossa Senhora do Ó, erguida na Praia 
da Piaçava por uma devota poucos anos após a transferência da cidade para o 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2244 
Castelo. A construção viria a servir de abrigo, por um curto período de tempo, aos 
beneditinos, segunda ordem religiosa a chegar à cidade (1586), e que, pouco 
depois, iriam se transferir para o morro de São Bento, onde já havia uma capela. 
 
Fig. 3: A Praça XV em 1580 vista do mar: a ermida de Nossa Senhora do Ó. Reconstituição de 
imagem realizada pelo IPLAN Rio em 1988. 
Fonte: Armazém de Dados – InstitutoPereira Passos 
 
Em 1590 seria a vez dos Carmelitas chegarem à cidade e se instalarem na 
pequena edificação. Alguns anos depois, em 1619, constroem em terreno doado 
pela Câmara, contíguo à ermida, o Convento do Carmo. A ermida original de Nossa 
Senhora do Ó, porém, desabou após uma tempestade, mas em 1781, foi iniciada no 
mesmo local, a construção da nova igreja: a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. 
Apenas a partir do início do século XVII foi que a Várzea de Nossa Senhora 
passou a receber efetivamente construções de maior valor simbólico. Entre elas 
encontramos a ermida de Santa Cruz dos Militares, erguida entre os anos de 1625 e 
1628 sobre as ruínas do Forte da Cruz (construído em 1605 e rapidamente 
abandonado), em atendimento ao desejo dos militares por um lugar para seu 
sepultamento. Estes militares contribuíam financeiramente para a manutenção da 
igreja segundo seu grau hierárquico. A história desta ermida atinge seu apogeu 
quando, em 1703, encontrando-se a igreja de São Sebastião (a então Sé, localizada 
no alto do morro do Castelo) danificada pelo tempo, a capela assumiu a função de 
Sé provisória até o ano de 17333. 
 
 
3 A construção que vemos hoje na antiga Rua Direita, porém, é um novo templo construído entre 
1780-1811 sobre os escombros da antiga ermida. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2255 
 
 
Fig. 04: “Rio Gênero”. Ilustração do “Reysboeck...”. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. ca. 1624. 
Segundo a legenda, “F” seria a Rua Direita. 
Fonte: REIS, 2001, p. 159. 
 
Ainda no século XVII, surge outro elemento, que já se perdeu no tempo mas 
cuja presença foi marcante para o espaço: o pelourinho. Também chamado de Polé, 
o símbolo de poder e justiça, destinado ao suplício dos condenados ao açoite e 
exibição pública dos restos daqueles condenados à pena capital, foi erigido em 1647 
por ordem do ouvidor-geral. Sua presença era tão significativa que foi capaz de 
alterar o nome da antiga Várzea do Carmo para Terreiro da Polé. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2266 
 
Fig. 5: A Praça XV em 1620 vista do mar: a ermida de Nossa Senhora do Ó e a construção do 
Convento do Carmo, iniciada no ano anterior. Com o recuo do mar através de pequenos, mas 
sucessivos aterros e com a construção de casas do outro lado da rua, como a casa da família Teles 
de Menezes, foi-se delineando o Terreiro do Carmo. Reconstituição de imagem realizada pelo IPLAN 
Rio em 1988. 
Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
É do final do século XVII também a determinação real de não se permitir 
construções em frente à antiga ermida de Nossa Senhora do Ó, que resultou na 
formação do espaço físico da Praça XV. Segundo a Carta Régia assinada pelo 
então rei de Portugal, D. Pedro II4, em 27 de novembro de 1686: 
(...) Eu El Rey faço saber aos que esta Provisão virem que tendo respeito 
ao que se me apresentou por parte dos Religiosos do Carmo da Capitania 
do Rio de Janeiro, que estando naquela Cidade o Desembargador João da 
Rocha Pitta, mandara a Câmara comprasse uns chãos que estão junto ao 
Rossio que serve de Praça à dita Cidade e fica defronte dos ditos 
Religiosos, para que se não possa ali fazer Casas, assim por ser a única 
Praça daquela terra como por se desembarcar ali ordinariamente com mais 
cômodo, e também por ser prejuízo ao dito Governo, por que fazendo-se 
casas se tira a vista aos Religiosos, e os devassam na sua clausura e por 
que os Oficiais da Câmara que serviram no ano de 1683 repartiram os ditos 
chãos por diversos parentes seus, sem atenderem ao prejuízo da terra e 
dano aos Religiosos (...). Hey por bem que de nenhum modo se possam 
nos ditos chãos fazer casas, nem obra alguma com tal declaração que nem 
os ditos Religiosos possam fazer obra alguma no sito Sítio (...).(D. PEDRO 
II apud CARVALHO, 2000, p. 25) 
 
Se não fosse tal determinação, é bastante provável que a configuração urbana 
do conjunto da Praça XV tivesse um fim muito diferente do que conhecemos. 
As principais características urbanas do sítio, porém, datam do século XVIII, 
quando seu porto assumiu grande importância em função da exploração do ouro em 
Minas Gerais, descoberto na última década do século XVII. A cidade do Rio de 
Janeiro, então com cerca de 12.000 habitantes (SANTOS, 1981, p. 19), adquire 
 
4 O rei autor desta carta não é o mesmo D. Pedro II ao qual estamos acostumados na história 
brasileira. Trata-se do 23º rei de Portugal, que reinou oficialmente de 1683 a 1706, mas que já exercia 
as funções de regente do reino desde 1668, devido à instabilidade mental do irmão, D. Afonso VI. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2277 
posição estratégica para a economia da colônia como ponto de embarque do 
produto para a metrópole, que era feito no porto localizado na Praça XV. 
Rapidamente, então, a cidade passa a ser alvo de cobiça estrangeira, no caso, 
corsários provenientes da França – país que se encontrava em guerra com Portugal 
-, ocasionando a invasão de Du Clerc em 1710 e a conquista de Du Guay Trouin no 
ano seguinte. Os seis navios portugueses que defendiam o porto foram, 
propositadamente encalhados e incendiados entre os Morros do Castelo, São Bento 
e a Ilha das Cobras, a 12 de setembro de 1711. Ocupada e saqueada pelos 
franceses, o governo português foi obrigado a pagar um resgate para a cidade não 
ser reduzida a cinzas. Os franceses deixaram a cidade após 2 meses, em 13 de 
novembro. Entre os estragos causados à cidade, estão os incêndios que destruíram 
a Casa dos Contos, primeira residência dos Governadores5. 
 
 
 
Fig. 06: “S. Sebastien / Ville Episcopale du Bresil”. Ilustração de Froger. Biblioteca Nacional, Rio de 
Janeiro. ca. 1695. 
Vista da cidade, balizada pelos Morros do Castelo e de São Bento. 
Fonte: REIS, 2001, p. 162. 
 
Após o sucesso da invasão francesa, o governo português apressou-se em 
implementar medidas que evitassem novos acontecimentos semelhantes. Dessa 
forma, o engenheiro militar João Massé foi designado para elaborar um projeto de 
fortificação para a cidade. A planta de 1714 estabelece um cais entre a Fortaleza de 
São Tiago (onde hoje é o Museu Histórico Nacional) e o Mosteiro de São Bento. A 
muralha da cidade deveria percorrer a Rua da Vala (atual Rua Uruguaiana), entre os 
Morros do Castelo e da Conceição, mas sua construção foi apenas parcial. A planta 
de João Massé fornece importantes informações a respeito da configuração urbana 
da Praça XV no início do século XVIII. Uma das mais relevantes é a extensão de 
aterro que deu origem à praça, logo à frente do Convento do Carmo. 
 
5 Este antigo sobrado teria sido arrematado em 1698 e, após uma grande reforma realizada em 1805, 
abrigado, a partir de 1815, o Banco do Brasil. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttoossMMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2288 
 
Fig. 07: “Planta da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro...” Original do Arquivo Histórico 
Ultramarino, Lisboa, atribuído ao Brigadeiro João Massé. ca. 1714. 
Segundo a legenda alfabética: E - Fortaleza de São Tiago; G – Armazéns Del Rey; H – Casa da 
Moeda; I – Convento do Carmo; M - Mosteiro de São Bento; S - Muralha da cidade; V – antiga Ilha de 
Serigipe (atual Ilha de Villegaignon). 
Fonte: REIS, 2001, p. 165. 
 
Em meados do século XVIII, novas edificações que marcariam o sítio da Praça 
XV com sua imponente presença se estabelecem na região: surgem as Igrejas de 
Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores (1750)6 e da Ordem Terceira do Monte do 
Carmo (1770)7. 
A iluminação pública era, até o início do século XVIII, limitada aos lampiões de 
azeite de peixe em frente às igrejas e às lamparinas votivas dos oratórios, diante das 
quais os vizinhos se reuniam para rezar o terço à noite. O último remanescente dos 
73 oratórios existentes na cidade dos tempos dos Vice-Reis é o Oratório de Nossa 
Senhora da Boa Esperança (1764), localizado aos fundos da Igreja da Ordem 3ª do 
Carmo (IPHAN, 2011). Ponto de passagem obrigatório dos marinheiros portugueses 
com destino ao Oriente, que à Santa pediam proteção para a travessia pelo sul da 
África ou agradeciam o sucesso da viagem empreendida. 
 
6 Construída por iniciativa dos comerciantes locais, que não eram aceitos na Igreja de Santa Cruz dos 
Militares, a capela original foi substituída pela edificação atual, construída em 1870. 
7 A pedra fundamental do novo templo foi lançada em 1755, e concluída em 1770. Suas duas torres, 
porém, só foram finalizadas em 1850. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
2299 
 
 
Fig. 09: A Praça XV por volta de 1750: ao fundo, o Convento do Carmo, a Ermida de Nossa Senhora 
do Ó (já com acréscimos); à frente, a Segunda Casa dos Governadores (antiga Casa da Moeda e 
Armazéns Del Rey), o antigo chafariz no meio da praça e conjunto arquitetônico do Arco do Teles, 
onde ficava o Senado da Cämara. Reconstituição de imagem realizada pelo IPLAN Rio em 1988. 
Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos 
 
A elevação da cidade do Rio de Janeiro à capital da Colônia em 1763, motivada 
pela função assumida por seu porto como exportador do ouro proveniente das Minas 
Gerais, foi fator determinante da construção de um grande cais de pedra na Praça 
XV. Para abastecer de água as embarcações que ali atracassem, foi construído, em 
1789, então à beira do mar, o chafariz de Mestre Valentim – até os dias de hoje, um 
dos maiores símbolos da região - em substituição ao anterior, datado de 1752-53, 
então situado no meio da praça. Os chafarizes eram um dos elementos mais 
importantes da paisagem urbana, visto a necessidade de levar a água do Rio 
Carioca à cidade. O deslocamento do chafariz, associado ao calçamento da praça, 
possibilitou melhores condições para a realização de festejos e paradas militares, 
que passariam a ocorrer cada vez mais freqüentemente no local. 
Fig. 08: Arco e Oratório de Nossa Senhora 
da Boa Esperança(s/a, s/d). 
Fonte: Arquivo Central do IPHAN - Seção 
Rio de Janeiro. 
 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
3300 
 
Fig. 10: “Prospecto da Cidade do Rio de Janeiro...”. Cópia manuscrita elaborada para ser incluída por 
Vilhena em Notícias Soteropolitanas 1803. Original da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 1775. 
Fonte: REIS, 2001, p. 182-184. 
 
Em 20 de julho de 1790, uma tragédia de conseqüências irreversíveis para a 
história da cidade acomete a região: o Senado da Câmara e todo o seu arquivo 
foram destruídos quando o prédio que ocupavam ao lado do Arco do Telles é 
acometido por um incêndio. 
 
Fig. 11: A Praça XV em 1790: o incêndio do Senado da Câmara. Ao fundo, o Convento do Carmo, a 
nova Igreja de Nossa Senhora do Carmo (no local da antiga ermida de Nossa Senhora do Ó), e, ao 
seu lado, já aparece a Igreja da Ordem Terceira do Carmo; à frente, a Segunda Casa dos 
Governadores, e principalmente o novo cais e o Chafariz de Mestre Valentim. Reconstituição de 
imagem realizada pelo IPLAN Rio em 1988. 
Fonte: Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos. 
 
Durante o século XVIII, a antiga Casa da Moeda e os Armazéns Del Rey deram 
lugar à segunda Casa dos Governadores (ou Palácio dos Vice-reis), inaugurada em 
1743 como sede das capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Projetada pelo 
engenheiro militar Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim por ordem de Gomes 
Freire, o Conde de Bobadela, a nova residência dos Governadores, era uma obra 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
3311 
que se destacava em seu tempo. Em uma época em que a cidade possuía cerca de 
42.000 moradores, permaneceu por mais de 20 anos como o único edifício a 
apresentar janelas de vidro, em vista das demais construções com treliças, 
muxarabis e gelosias. Com a mudança da capital da Colônia de Salvador para o Rio 
vinte anos depois, passa a abrigar a sede do poder civil colonial. 
No dia 5 de março de 1808 pelas 10 da manhã, divisávamos ao longe o 
resto da esquadra em que vinha S.A.R.; e, quando foram 3 da tarde, já 
tinham entrado todas as embarcações, na última das quais vinha o dito 
Senhor, e sua Augusta Mãe (...). 
(...) A Câmara fez a sua iluminação entre o chafariz e o mar. Era esta um 
edifício de madeira em que se gastaram mais de 4 contos de réis. Este 
edifício fazia vista de uma fachada de Palácio, toda iluminada, com seus 
coretos de música nas extremidades. Sobre o pórtico da fachada estava o 
Retrato de S. A. R. com vários dísticos e emblemas, e por cima uma Esfera 
com as Armas Reais dentro, porque as Armas do Senado desta Cidade são 
uma Esfera. As músicas dos regimentos estavam dispostas em torno do 
edifício tocando harmoniosas sinfonias. O Povo era tanto, nestes nove dias 
de luminárias, que cercava o Palácio em grande multidão. O nosso Príncipe 
estava continuadamente à janela a ver o seu Povo, e a satisfazê-lo com sua 
amável presença. As noites de luar; que então era o mais belo, convidavam 
a todos a passá-las no Largo do Palácio: uns iam sentar-se à borda do cais, 
a contemplar o prateado dos mares, outros se entretinham a ouvir a música; 
estes a gozar da iluminação, aqueles enfim a ver o seu Príncipe, único alvo 
dos votos de seus corações (...).(ANÔNIMO apud CARVALHO, 2000, p. 57) 
 
A carta acima descreve o início do grande momento da região da Praça XV: a 
chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, fugida das tropas de 
Napoleão que atacavam a Europa. Para abrigar essa numerosa armada – composta 
de fidalgos, serviçais e agregados, num total de aproximadamente 10.000 pessoas8 
– um grande reboliço tomou conta da cidade, que, despreparada para tão grande 
evento, improvisou acomodações em cidade cuja população, naquela época, girava 
entre 50.000 e 60.000 habitantes9. O Palácio dos Vice-reis foi transformadoem Paço 
Real e residência do príncipe regente. A Casa da Moeda permaneceu 
provisoriamente no edifício do Paço, construção esta que viria a ser cenário de 
acontecimentos marcantes para a história nacional, como o Dia do Fico e o anúncio 
oficial da independência (1822). O Convento do Carmo foi requisitado aos frades 
 
8 Esse dado não é consensual entre os pesquisadores. Faoro fala entre 10.000 e 15.000 civis. Luiz 
Edmundo alude a 15.000. Pedro Calmon menciona 10.000. Jurandir Malerba, diz “aproximadamente 
em 15.000 almas” embarcaram para o Brasil. As fontes primárias de Kenneth LIGHT (diários de 
bordo), porém, reduzem o número de civis para 4.500, no máximo (MACIEL, 2008, p. 04). 
9 Essa informação também não é consensual entre os pesquisadores. Segundo Luiz Edmundo, os 
naturalistas alemães (bávaros) Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, que 
estiveram no Brasil de 1817 a 1820, falam que o Rio de Janeiro devia ter uma população de 110.000 
habitantes. Antes da chegada da Família Real, a população era estimada em 50.000 almas. Para 
John Luccock, comerciante inglês que chegou cerca de 3 meses depois da vinda da Corte 
portuguesa, a população do Rio de Janeiro era de 60.000 habitantes (apud MACIEL, 2008, p. 03). 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
3322 
para funcionar como residência da rainha e suas damas, que mantiveram acesso 
direto ao novo paço através de um passadiço. Outro passadiço dava acesso do 
convento à igreja do Carmo, elevada à Capela Real. Para aqueles fidalgos que não 
foram acomodados diretamente no Paço Real, foram solicitadas casas no centro da 
cidade, entre as quais, algumas localizadas nas ruas Direita e Detrás do Carmo 
(atualmente denominadas rua 1º de Março e rua do Carmo, respectivamente). 
Muitos dos moradores, em sua maioria comerciantes portugueses, cediam suas 
propriedades de bom grado, sentindo-se privilegiados por estarem prestando favores 
ao Rei. Aqueles que não concordassem por boa vontade, porém, eram intimados por 
ordem judicial para que o fizessem10. 
Tal episódio, que poderia gerar grande revolta na população, foi suplantado 
pelas numerosas medidas que transformariam uma modesta capital de colônia em 
sede de uma monarquia européia. E a Praça XV era o coração dessa nova cidade. 
Entre ações como a criação da Imprensa Régia, do Jardim Botânico, da Fábrica de 
Pólvora e da Biblioteca Nacional, estava também a do Banco do Brasil, para o qual a 
Primeira Casa dos Governadores fora reformada para abrigar sua sede. 
A chegada da Família Real também foi responsável por mudanças nas artes e 
na arquitetura da antiga colônia. A contratação de uma Missão Artística, formada por 
profissionais franceses como o arquiteto Grandjean de Montigny e o pintor Jean 
Baptiste Debret, em 1816, deu início ao ensino oficial artístico no Brasil. A iniciativa 
de criação da Academia Imperial de Belas Artes, em 1826, proporcionou o 
refinamento das novas construções oficiais. Como afirma Paulo SANTOS (1981, p. 
51), “o Neoclassicismo predominou na arquitetura do Rio de Janeiro da segunda 
década até o terceiro quartel do século XIX e foi, por excelência, o estilo do período 
imperial”, refletindo uma tendência de retorno às formas da antiguidade clássica que 
ocorria na Europa desde o final do século XVIII. O estilo transpirava dignidade, 
imponência e austeridade, qualidades buscadas pelo Império como forma de 
representação. Seu maior propagador foi justamente o arquiteto Grandjean de 
Montigny, responsável por inúmeros projetos, como o das decorações festivas 
(incluindo arcos do triunfo e obeliscos) erigidas na Rua Direita em comemorações 
 
10 Segundo Adhemar MACIEL (2008, p. 05), o procedimento administrativo para requisição das 
propriedades era bastante simples: bastava inscrever na porta da habitação as iniciais “P.R.”, que 
significavam “Príncipe Regente”, e a residência estava automaticamente requisitada. Os habitantes 
cariocas ironizaram o episódio atribuindo às iniciais “P.R.” um novo significado: “ponha-se na rua”. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
3333 
como a chegada da Princesa Leopoldina, em 1817, e a aclamação de D. João VI, 
em 1816. Era de sua autoria também o projeto do Mercado de Peixe, solicitado pela 
Câmara Municipal em 1835 para ordenar a venda do pescado e outros gêneros, até 
então comercializada em barracas de madeira e tecido na antiga Praia do Peixe, em 
frente à Rua do Ouvidor. Lamentavelmente, nenhuma das edificações citadas 
chegou até os dias presentes. A primeira Câmara do Comércio (construída entre os 
anos de 1817 e 1820, posteriormente sendo destinada ao funcionamento da 
Alfândega), porém, testemunha, ainda nos dias presentes, a ação do arquiteto de 
relevada importância para arquitetura carioca. 
 
 
Fig. 12: Arco comemorativo da coroação de D. Pedro I, localizado na Rua Direita na entrada para a 
Rua do Ouvidor. (BATE, Richard – Biblioteca da Universidade de Cornell/USA, s/d) 
Fonte: FERREZ, 1965. 
 
 
Fig. 13: Mercado de Peixe por volta de 1856. (BERTICHEM, Pedro – Biblioteca do Jockey Clube 
Brasileiro) 
Fonte: CARVALHO, 2000, p.82. 
 
Como não havia casas para todos, o governo optou por solução bem da época: requisitou as 
melhores moradias de comerciantes, quase todos eles portugueses. 
ÁÁrreeaa CCeennttrraall ddaa PPrraaççaa XXVV ddee NNoovveemmbbrroo:: oo ppaappeell ddoo AAddrriiaannaa GGoonnççaallvveess ddooss SSaannttooss MMeennddeess 
EEssttaaddoo nnaa pprreesseerrvvaaççããoo ddee uumm ssííttiioo hhiissttóórriiccoo uurrbbaannoo 
 ((11993388--11999900)) 
 
3344 
 
A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, elevada à condição de Capela Real com 
a chegada da Família Real, fora palco de grandes festividades e de apresentações 
musicais de qualidade nunca antes vistas na antiga colônia, como os concertos de 
Padre José Maurício e Marcos Portugal11. Suas oito décadas de glórias e pompa 
presenciaram eventos de grande magnitude para a história do Brasil como a 
cerimônia de aclamação de D. João VI como Rei de Portugal, Brasil e Algarves 
(1816), a coroação de D. Pedro I (1822) e D. Pedro II (1841) e os casamentos de D. 
Pedro I com a Princesa Leopoldina da Áustria (1817) e, posteriormente deste com D. 
Amélia de Leuchtemberg (1829), de D. Pedro II com D. Tereza Cristina de Nápoles e 
Duas Sícilias (1843), da Princesa Isabel com o Conde D’Eu (1864), o funeral de 
José Bonifácio (1838), além de ritos de menor repercussão pública, como batizados 
 
11 O padre José Mauricio Nunes Garcia, grande compositor de música sacra, presenciou a transição 
entre o Brasil Colônia e o Brasil Império. Mestre da Capela Real nomeado pelo Príncipe Regente D. 
João VI, o período de 1808 – 1811 foi o de sua maior produção artística, tendo composto cerca de 70 
obras. Em 1811 é substituído por Marcos Portugal, que assume a posição frente à Capela Real na 
posição de compositor português mais importante de seu tempo e admirado em toda a Europa 
(MARIZ, 2005. p. 51-59). 
 
Fig. 14: Inauguração da Câmara

Outros materiais