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WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS Distúrbios do sódio Na+ (EXTRACELULAR) Na+ (NORMAL: 135-145 mEq/L) Qual a célula que mais sofre? NEURÔNIO Na+ ÁGUA ADH (retenção de água livre) HIPONATREMIA HIPERNATREMIA ÁGUA ADH ÁGUA ADH • Clínica: edema neuronal (cefaleia, convulsão, coma) • A água do extracelular, na hiponatremia, tende a entrar na célula (neurônio), causando edema celular, que cursa com cefaleia, vômitos, sonolência, crise convulsiva, torpor e coma. Se o excesso de água ocorrer de forma rápida, abrupta, em menos de 48h, ocorre edema celular. Se for prolongada, de instalação gradual, o neurônio expulsa soluto e o paciente evolui de forma assintomática. Abordagem da hiponatremia Avaliar a osmolaridade plasmática: Osm = 2x Na + Glicose/18 + Ureia/6 (normal: 290 mOsm/L) Obs.: osmolaridade efetiva → não é incluída a ureia! Hiponatremia é hipo-osmolar – com 2 exceções: • ↑ Glicemia → hiperosmolar • ↑ Lipídeos / proteínas → isosmolar (ocorre neste caso uma leitura errada por parte do aparelho) Avaliar a volemia HIPOVOLEMIA: sangramento, perda GI, urinária - mecanismo mais comum SF0,9% HIPERVOLEMIA: ICC, cirrose, insuficiência renal.. NORMOVOLEMIA: SIADH, endócrinas (hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal) Restrição hídrica Furosemida (para retirar água livre) Vaptans (antagonistas ADH) SÍNDROME DE DESMIELINIZAÇÃO OSMÓTICA (MIELINÓLISE PONTINA) Letargia, tetraparesia, disfagia, disartria... O neurônio de um paciente com hipoNa+, nos primeiros dias da hiponatremia, se o neurônio nada fizesse, o que aconteceria é que o neurônio sofreria edema com posterior hipertensão intracraniana e óbito. Para que isso não ocorra, para tentar se adaptar, o neurônio tenta se equilibrar com o meio, eliminando osmólitos (sorbitol) que atraiam água (isso leva cerca de 48h). Caso o Na+ for reposto de forma muito rápida, o meio muito concentrado “rouba” a água do neurônio – ao sofrer uma desidratação súbita >> desmielinização osmótica (antiga mielinólise pontina). K+ K+ WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA • E o NaCl 3%? o Na HIPONATREMIA AGUDA (< 48h) e SINTOMÁTICA DÉFICIT SÓDIO = 0,6 x PESO x ∆Na Obs.: mulher = 0,5 x peso x variação de sódio Variação de sódio = 8 a 10 mEq/L/dia • A tendência hoje, pelos artigos é ainda mais conservadora, de 4 a 6 mEq. Ex.: Paciente, feminina, P = 68kg / Na+ = 110 Déficit de sódio = 0,5 x 68 x 10 = 340 mEq (1gNaCl=17mEq) 340 mEq = 20g (NaCl3% = 3g/100mL) 20g = 660mL Repor 660mL de salina hipertônica em 24 horas SIADH x SÍNDROME CEREBRAL PERDEDORA DE SAL (SCPS) SIADH Pensar em lesões do: • SNC: hemorragia subaracnoide, meningite; • Medicamentos: neurofármacos (anticonvulsivantes – carbamazepina, antidepressivos, antipsicóticos); • Pulmões: Legionella, oat cell • Outras: HIV, cirurgia ADH → retenção de água livre → diluição do sódio. Se o paciente está retendo água, por que não está hipervolêmico? Retenção de água → aumento do retorno venoso (hipervolemia transitória) → distensão do átrio → peptídeo natriurético atrial → perda do excesso de água → a urina do paciente com SIADH é marcante, pois o estímulo natriurético estimula liberação de sódio e água e também de ácido úrico → hipouricemia (ácido úrico baixo no sangue). • ↑ADH = hipervolemia transitória • ↑ANP = natriurese URINA: ácido úrico, sódio e osmolaridade (obs.: sódio e osmolaridade urinária desproporcionalmente elevados em relação à natremia plasmática) *NORMOVOLEMIA* SÍNDROME CEREBRAL PERDEDORA DE SAL Pensar em lesões do: SNC • ↑BNP (peptídeo natriurético cerebral) = NATRIURESE Este paciente não tem o excesso de ADH que o paciente com SIADH tem >> o paciente com síndrome cerebral perdedora de sal apenas perde >> HIPOVOLEMIA WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Hipernatremia Diabetes insipidus central • Diagnósticos diferenciais: poliúria + polidipsia o Diabetes mellitus o Polidipsia primária • Qual teste para confirmar o diagnóstico: o Diabetes insipidus x polidipsia: glicemia e teste da restrição hídrica • Como você esperaria encontrar o sódio plasmático, a osmolaridade e a densidade urinária: o Na+ plasmático: normal ou o Osmolaridade / densidade urinária: • Após a confirmação do diagnóstico, quais as principais medidas terapêuticas? o Administrar desmopressina (ddAVP) o Se diabetes insipidus nefrogênico: restrição de solutos da dieta (sal, proteínas) – refratários: tiazídicos, indometacina Distúrbios do Potássio K+ = 3,5 -5 mEq/L Qual a célula que mais sofre? MÚSCULO K+: • É “guardado” nas células • Perda: renal e digestiva – o rim evolutivamente criou um mecanismo importante para controlar o potássio a partir da bomba de aldosterona (que ‘puxa’ sódio e ‘joga’ potássio ou hidrogênio) COLETOR K+ H+ SANGUE Na+ BOMBA DE ALDOSTERONA HIPOCALEMIA: guarda ou perde muito K+ Guarda muito: insulina, adrenalina, alcalemia Perde muito: vômitos, poliúria, hiperaldosteronismo, acidose tubular renal... (obs.: vômitos: quem vomita perde potássio pela urina – o suco gástrico tem muito pouco potássio. Ao vomitar, ela perde HCl, fazendo alcalose → em resposta, a aldosterona “segura” o H+ e ao invés dele, “joga” K+) HIPERCALEMIA: guarda ou perde pouco K+ Guarda pouco: rabdomiólise, acidemia,.. Perde pouco: insuficiência renal, hipoaldosteronismo (acidose tubular renal tipo IV – única ATR que cursa com hipercalemia, IECA, drogas que antagonizam a aldosterona) Alterações no ECG: O potássio interfere primordialmente na repolarização ventricular (a onda T acompanha o potássio) HIPO K+ HIPER K+ Achatamento da onda T Onda U onda P e do intervalo QT QRS Onda T alta e apiculada onda P e intervalo QT QRS WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Abordagem da hipocalemia • Via de escolha para reposição: oral • *Intolerância GI / K+ < 3,0 /ECG alterado: EV • “Regra: 20 .... 300 .... 40” • Velocidade: 20 mEq/h • Reposição: para cada queda de 1mEq/L de K+ → estimativa de reposição de 300mEq de K+ • Concentração de 40mEq/L • HipoK+ refratária: pensar em hipomagnesemia! 1g KCl = 13 mEq de K+ 2 amp KCl10% ou 1 amp KCl19,1% / soro 500mL Evitar usar SG5% Preferência por salina hipotônica (NaCl 0,45%) Abordagem da hipercalemia 1ª medida: ESTABILIZAR A MEMBRANA • Se ECG alterado: Gluconato de cálcio a 10% 2ª medida: REDUZIR O POTÁSSIO “Guardar” na célula: ✓ Glicoinsulinoterapia ✓ Beta-2-agonista ✓ NaHCO3 (se acidose) Perda renal/ digestiva: ✓ Furosemida/ Sorcal ® Refratários: DIÁLISE WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS Controle do pH: pH = HCO3- / CO2 pH: 7,35-7,45 HCO3- (Base): 22-26 mEq/L → dist. metabólico CO2 (Ácido): 35-45 mmHg → dist. respiratório Sempre que um falha (ex.: metabólico) o outro tentará compensar (ex.: compensação respiratória) Gasometria arterial Exemplo 1: pH= 7,12 pCO2 = 27 mmHg HCO3- = 10 mEq/L Exemplo 2: pH= 7,56 pCO2 = 45 mmHg HCO3- = 30 mEq/L Exemplo 3: pH= 7,60 pCO2 = 22 mmHg HCO3- = 17 mEq/L Exemplo 4: pH= 7,20 pCO2 = 50 mmHg HCO3- = 26 mEq/L 1. pH baixo (acidose) ou alto (alcalose)? 2. Quem justifica a acidose/alcalose? Quando temos um problema respiratório, quem compensa é o rim – isso, porém, leva dias; caso o rim já tenha tido tempo para compensar, o distúrbio será crônico. BE = -3 a +3 pH = 7,15 pCO2 = 60 HCO3=24 BE = 0 AGUDO pH=7.34 pCO2=50 HCO3= 30 BE = 7 CRÔNICO Exemplo 5: pH= 6,4 pCO2 = 55 mmHg HCO3 = 15 mEq/L Exemplo 6: pH= 7,80 pCO2 = 20 mmHg HCO3 = 32 mEq/L Exemplo7: pH= 7,19 pCO2 = 32 mmHg HCO3 = 10 mEq/L pCO2 esperada = (1,5 x HCO3-) + 8 Obs.: variação permitida +/- 2 ACIDOSE METABÓLICA ALCALOSE METABÓLICA ALCALOSE RESPIRATÓRIA ACIDOSE RESPIRATÓRIA ACIDOSE MISTA ALCALOSE MISTA pCO2 esp = (1,5 x 10) +8 = 23 A resposta compensatória não foi tão boa quanto se esperava → ACIDOSE MISTA WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Exemplo 8: pH= 7,40 pCO2 = 55 mmHg HCO3 = 32 mEq/L pH NORMAL NÃO EXCLUI DISTÚRBIO ÁCIDO-BÁSICO! ALGORITMO DO DISTÚRBIO ÀCIDO-BÁSICO 1) O pH é de acidose ou de alcalose? pH < 7,35 = ácido pH > 7,45 = alcalino 2) Quem justifica: pCO2 ou HCO3-? pCO2 = respiratório (agudo x crônico) HCO3- = metabólico 3) Pode ser distúrbio misto? Resposta compensatória inadequada pH normal + pCO2/HCO3 alterados Abordagem da acidose metabólica Na+ = Cl- + HCO3- + ÂNION GAP Se o bicarbonato cai ... Ou aumenta o cloro ou aumenta o ânion gap (que são ânions que geralmente não são medidos) ÂNION GAP = Na+ – (Cl- + HCO3-) = 8-12mEq/L ÂNION GAP NORMAL (HIPERCLORÊMICA) Perda infrapilórica (diarreia, fístula) Urinária (ATR, ureterossigmoidostomia) ÂNION GAP AUMENTADO Uremia Intoxicações (AAS, etilenoglicol,metanol) Acidose láctica* Cetoacidose* ✓ Tratar com NaHCO3 (geralmente IV) ou CITRATO VO ✓ (*) Não fazer NaHCO3 ... EXCETO SE pH < 7,10-7,20 Senhora, 53 acompanhada pela ortopedia por lombalgia e fratura espontânea de duas vértebras lombares, é admitida com quadro de desorientação temporo-espacial. Nega sintoma respiratório ou urinário. ECG sem alterações isquêmicas. Exames: anemia normo/normo Leucograma inaterado VHS=60 Na = 143 K = 3,0 Ácido úrico= 3,0 Cálcio -11 Glicose = 80 Albumina = 3,0 Globulina =5,0 Gaso: pH =7,20 pCO2=29 pO2=8 HCO3=14 Cl=120 EAS: glicosúria 3+/4+ , ausência de hematúria Distúrbio ácido-básico encontrado: pCO2 esperada: (1,5x14) + 8 = 29 AG = 143 – (120+14)=9 (normal) Ácidose metabólica; com AG normal (hiperclorêmica) Qual a causa provável desta alteração? ATR II (túbulo proximal): perda de ácido úrico, PO4, K, glicose, bicarbonato .. provável mieloma. Qual o tratamento indicado para o caso? Reposição de bases (citrato de potássio) ACIDOSE RESPIRATÓRIA + ALCALOSE METABÓLICA WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Abordagem da alcalose metabólica HCO3 HCO3 HIPOVOLEMIA HCO3 HIPOK+/ HIPOCl- ACIDÚRIA PARADOXAL ... sempre pensar em um paciente HIPOVOLÊMICO (a hipovolemia impede o rim de ‘jogar’ bicarbonato) – diante de uma hipovolemia, o rim torna-se ávido para reabsorver sódio e água → quando o rim ‘puxa’ Na+, ele também reabsorve HCO3- juntamente com o sódio. • HIPOCLOREMIA → pouca carga negativa; o rim ‘segura’ HCO3- que também é uma carga negativa • HIPOCALEMIA → o rim passa a perder H+ (no lugar de K+) e sempre que isso ocorre, ele regera o HCO3- São essas 3 situações que não permitem ao rim ‘perder’ HCO3- 1. HIPOVOLEMIA: vômitos de repetição – tratar com SF0,9% + KCl 2. HIPERALDOSTERONISMO: suprarrenal x estenose a.renal Adenoma: cirurgia/ Hiperplasia: espironolactona Estenose: IECA/ revascularização 3. No trauma: HEMOTRANSFUSÃO MACIÇA (citrato) Professora, 52a, admitida para investigação de gânglio cervical endurecido e aderido. Laudo: compatíveis com tumor oat cell. Iniciada quimioterapia uma semana depois, no hospital-dia. Durante o tratamento apresentou vômitos em grande quantidade e consequente desidratação. pH = 7,52 pCO2= 46 HCO3=32 BE=+6,5 Na=128 Ca= 0,8 K=2,5 Qual o distúrbio ácido-básico apresentado? pCO2 esperada = HCO3 + 15 = 32+15=47 ALCALOSE METABÓLICA por vômitos Hipovolemia, hipoK+ e hipoCl- impedem a eliminação do HCO3 Como deve estar o pH urinário desta paciente? Ácida (acidúria paradoxal) – o rim não consegue jogar HCO3 fora. Qual o tratamento indicado para a correção do distúrbio? Administrar SF0,9% e KCl Justifique os valores encontrados para sódio, potássio e cálcio séricos nesta paciente: HipoNa+: por vômitos e SIADH (oat cell) HipoK+/Ca++: alcalose metabólica
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