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WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA SÍNDROMES DE HIPERTENSÃO PORTAL VASCULARIZAÇÃO NORMAL ARTÉRIA → CAPILAR → VÊNULA → VEIA SISTEMA PORTA Veia que se encontra entre 2 redes de capilares ARTERIAL → VENOSO → VENOSO O SISTEMA PORTA HEPÁTICO VEIA PORTA HEPÁTICA = VEIA MESENTÉRICA SUPERIOR + VEIA ESPLÊNICA Dificuldade da passagem de sangue = ↑ pressão HIPERTENSÃO PORTA → gradiente de pressão > 5mmHg Consequências: varizes esofagogástricas, esplenomegalia, varizes anorretais, ascite, cabeça de medusa, encefalopatia hepática A veia porta é formada pela VMS e veia esplênica. A VMI drena para a veia esplênica. As veias gástricas esquerda e direita recebem sangue do esôfago e também drenam para a veia porta, juntamente às veias gástricas curtas. Toda a drenagem venosa do TGI é feita para a veia porta. A veias retais possuem três andares, sendo a superior e média tributárias da VMI; a veia retal inferior drena para a VCI. O sangue que chega ao fígado e enfrenta hipertensão portal começa a buscar “atalhos” para chegar ao pulmão, utilizando-se dos vasos que drenam para a porta, “fugindo” do fígado. HIPERTENSÃO PORTA • Esplenomegalia • Encefalopatia • Ascite • Circulação colateral (varizes esofagogástricas e anorretais, cabeça de medusa) CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO PORTAL Pré-hepática Intra-hepática Pré / sinusoidal / pós Pós-hepática Pré-Hepática Função hepática boa. Ascite não é esperada, mas pode ocorrer por outras causas associadas. Trombose da Veia Porta (+ comum da pré) Crianças, hipercoagulabilidade Trombose de Veia Esplênica (Hipertensão porta segmentar) Varizes isoladas de fundo gástrico: pancreatite crônica Intra-Hepática 1) Pré-sinusoidal • Esquistossomose: parasita fica no espaço porta; uma infestação importante pode fazer uma reação granulomatosa que invade os sinusoides e provoca hipertensão sinusoidal, causando ascite. 2) Sinusoidal • Cirrose → mais comum de todas! 3) Pós-sinusoidal: por oclusão da veia centrolobular (doença veno-oclusiva) • Doença Enxerto-Hospedeiro • Doença do Chá da Jamaica (Bush Tea Disease) → Chá de maria mole Pós-Hepática - Doenças cardíacas (+ comum da pós) • ICC, pericardite constritiva - Obstrução da Veia hepática / Cava Inferior • Síndrome de Budd-Chiari → Causas: policitemia vera + hipercoagulabilidade, ACO, neoplasia hepática • Trombose, neoplasia Obstrução → o sinusoide funciona como uma “válvula de escape”, de modo que o aumento da pressão leva ao gotejamento de líquido para a cavidade (ascite) WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA VARIZES ESOFAGOGÁSTRICAS Cenário 1 → nunca sangrou • Profilaxia primária: rastrear varizes com EDA • Indicar profilaxia se: o Varizes de alto risco (médio calibre > 5mm ou grosso calibre > 20mm) o Child B e C o Cherry-red spots A profilaxia primária de escolha deve ser feita com β-bloqueador não-seletivo (propranolol, nadolol, carvedilol) ou ligadura elástica por EDA (alternativa). O β-bloqueador deve ser feito com a maior dose tolerada pelo paciente. Cenário 2 → está sangrando 1) Estabilizar a hemodinâmica • Cristaloides • ± Hemácias (Hb < 7) ± plaquetas (se < 50 mil) • ± Plasma (se INR > 1,7) • Prazol • Iniciar Terlipressina (vasoconstrição esplâncnica) 2) Descobrir fonte e tratar • EDA em até 12h o Ligadura elástica / escleroterapia o Se varizes gástricas: cianoacrilato • Drogas o Somatostatina / Octreotide / Terlipressina • Balão (se sangramento incontrolável por EDA + drogas) o Sengstaken-Blakemore • TIPS (Shunt Portossistêmico Intra-Hepático Transjugular) o Se hemorragia refratária ou no lugar da cirurgia o Vantagem: “ponte” para transplante o Desvantagem: encefalopatia (± 30% dos casos) e estenose o Contraindicação: IC direita / doença cística • Cirurgias (urgência) o Shunts não seletivos (TL, LL, parcial) → pouco utilizado hoje por conta do TIPS o Causam encefalopatia / insuficiência hepática 3) Prevenir complicações • Profilaxia de peritonite bacteriana espontânea (PBE) o Ceftriaxone 1g EV seguido por Norfloxacin 400mg 12/12h VO até completar 7 dias Cenário 3: já sangrou (70% de ressangramento em 1 ano) • Profilaxia secundária: β-bloqueador + Ligadura elástica • Se não der certo: programar TIPS ou cirurgia eletiva (shunt seletivo esplenorrenal distal) o O shunt seletivo esplenorrenal distal acaba com as varizes, mas pode piorar a ascite SHUNT SELETIVO Vantagem: mantém fluxo mesentérico portal Desvantagem: pode piorar a ascite DESCONEXÃO Desconexão ázigo-portal Ligadura de veias gástricas + esplenectomia Mais simples, boa para esquistossomose FORMAÇÃO DAS VARIZES = GRADIENTE DE PRESSÃO > 10 mmHg PORTA → CAVA (em órgãos que possuem dupla circulação / “órgãos de passagem”) GRANDE RISCO DE SANGRAR = GRADIENTE DE PRESSÃO > 12 mmHg WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA ASCITE Todo paciente com ascite deve ser submetido à paracentese diagnóstica. A paracentese deve ser feita do lado esquerdo, entre o terço distal e médio da linha entre a espinha ilíaca anterossuperior e o umbigo, devido ao sigmoide ser mais flexível e com reflexão posterior no peritônio. Diagnóstico Gradiente Albumina Soro – Albumina Ascite (GASA) GASA ≥ 1,1 → Hipertensão Portal PTN < 2,5g/dl: cirrose PTN > 2,5g/dl> IC, Budd-Chiari GASA < 1,1 → Neoplasia, TB, pâncreas, síndrome nefrótica PTN < 2,5g/dl: Síndrome nefrótica PTN > 2,5g/dl: Neoplasia, BK, pâncreas Tratamento • Restrição de sódio: 2g Na (4-6g sal)/dia • Restrição hídrica: 1 a 1,5 L/dia se Na < 125 (hiponatremia dilucional) • Diuréticos VO: espironolactona e furosemida → E:F 100:40 o Espironolactona: iniciar com 100, máximo 400mg/dia o Furosemida: iniciar com 40, máx 160mg/dia o Aumentar doses a cada 3-5 dias o Objetivo: ↓ 0,5kg/dia ou ↓ 1kg/dia com edema • Paracentese de alívio: indicado na ascite sintomática (tensa / dificuldade respiratória) Tratamento da Ascite Refratária – falência, recorrência precoce ou azotemia, Na < 120, K > 6 - Não invasivo: considerar suspender β-bloqueador • Midodrina VO - Em caso de falha: paracenteses terapêuticas seriadas • Se paracentese de grande volume (> 5L) → repor 6-10g de albumina por litro retirado • Outras opções: TIPS, shunt peritônio-venoso, transplante hepático ENCEFALOPATIA HEPÁTICA • Fisiopatologia: aumento da amônia (NH3) e outras toxinas. • Precipitada por hemorragia digestiva, infecções (PBE), constipação, hipocalemia e alcalose, diurético. • Clínica: sonolência, flapping, desorientação, inversão do ciclo sono-vigília (manifestação + precoce). • Tratamento: o Evitar restrição proteica o Lactulona: laxativo, também deixa o pH mais ácido → NH3 vira NH4 o ATB: neomicina, metronidazol, rifaximina (escolha) PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA • Possui etiologia monobacteriana (E. coli, Klebsiella). • Pode ser assintomática ou cursar com febre (70%), dor abdominal (60%), encefalopatia (55%). • Diagnóstico: ascite com PMN ≥ 250/mm³ + cultura (+) monobacteriana • Tratamento: excluir PBS + retirar β-bloqueador, iniciar cefotaxima 2g 8/8h por 5 dias Ascite neutrofílica: > 250 mm³ / cultura negativa Bacterascite: < 250 mm³ / cultura positiva Profilaxia da PBE 1) Primária a) Aguda: no sangramento varicoso → Ceftriaxone ou norfloxacino por 7 dias b) Crônica: se PTN ascítica < 1-1,5 + creat > 1,2 ou Na ≤ 130 ou BT ≥ 3 ou CHILD ≥ 9 → Norfloxacino 400mg/dia 2) Secundária: faz até acabar a ascite • Norfloxacino 400mg/dia WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Profilaxia da Síndrome hepatorrenal o Albumina 1,5g/kg no 1º dia e 1g/kg no 3º dia o Se creatinina > 1 ou BT > 4 (na prática... na prova sempre fazer!) PERITONITE BACTERIANA SECUNDÁRIA • Etiologia polibacteriana! É abdome cirúrgico! Ocorre por patologia intestinal! • Diagnóstico: ascite com PMN ≥ 250/mm³ + 2 ou mais dos seguintes: o Proteínas > 1g/dl o Glicose < 50mg/dlo LDH elevado • Tratamento: cefalosporina 3ª + metronidazol o TC + cirurgia ou drenagem SÍNDROME HEPATORRENAL O hepatopata tem tendência à vasodilatação, pelo aumento de NO. Ocorre naquele hepatopata quando o “rim se suicida”. A vasodilatação esplâncnica diminui a perfusão renal, e os rins fazem vasoconstrição intensa para compensar, sofrendo com isto. Em resumo, é uma vasodilatação periférica + vasoconstrição renal. É um diagnóstico de exclusão! • Hepatopata grave + HP + IRA ou Creatinina > 1,5 que não melhora com retirada do diurético / uso de albumina • Sem choque, sem droga nefrotóxica e; • USG e EAS normais Tipo 1 Rápida progressão da IRA Creatinina duplica e fica > 2,5 em < 2 semanas Tipo 2 Insidiosa, melhor prognóstico Tratamento • Albumina + Terlipressina • ± Hemodiálise • Se não der certo: transplante hepático! SÍNDROME DE INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Entre o hepatócito e o sinusoide existe um espaço virtual chamado de espaço de Disse, que é onde inicia-se o processo de cirrose. No espaço de Disse encontram-se as células estreladas quiescentes, que se ativam em qualquer agressão crônica do fígado, causando fibrose hepática pela deposição de colágeno, fechando as fenestras dos sinusoides; desta forma, o hepatócito não consegue mais realizar sua função e perde suas microvilosidades. A fibrose “aperta” de fora para dentro o sinusoide hepático, aumentando sua pressão, que é transmitida retrogradamente, atingindo a veia porta. A fibrose forma “ilhas” de hepatócitos, que se tornam insuficientes. Como os hepatócitos tem grande capacidade de regeneração, a biópsia demonstra traves de fibrose com nódulos de regeneração hepática; apesar disso, estes nódulos não têm capacidade plena, pois continuam isolados pela fibrose. Cirrose = fibrose + nódulos de regeneração O desarranjo estrutural é mais importante do que a perda de células parenquimatosas. O processo de lesão-regeneração pode fazer com que ocorra um erro na divisão celular, levando à metaplasia. Logo, a cirrose hepática é um fator de risco para CHC (Carcinoma Hepatocelular). WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA MANIFESTAÇÕES DA CIRROSE CAUSAS DA CIRROSE Hiperestrogenismo (ginecomastia, atrofia testicular, telangiectasias, eritema palmar) Vírus HBV / HCV / HDV Baqueteamento digital Tóxica Álcool / Triglicerídeos / Drogas Contratura de Dupuytren (álcool) Tumefação de parótidas (álcool) Autoimune Hepatite AI / Colangite B. 1ª / Colangite Esclerosante Estadiamento CHILD-PUGH MELD B E A T A Bilirrubina Encefalopatia Albumina TAP Ascite B I C Bilirrubina INR Creatinina 5 – 6 pontos: A (...) pontos: B ≥ 10 pontos: C Estabelece prioridade na fila de transplante Doença Hepática Gordurosa Alcoólica Os limites seguros de ingestão de álcool é de 21U e 14U para homens e mulheres, respectivamente (1 lata = 1,7U). Acima destes limites o indivíduo está exposto à doença hepática. Alguns questionários detectam abusadores de álcool, como o CAGE e o AUDIT. • CAGE: Cut-Down, Annoyed, Guilty, Eye-Opener • Alguns exames laboratoriais podem detectar abusadores, como o aumento de GGT e de VCM. A hepatite alcoólica ocorre por uma libação em um bebedor crônico, e o culpado é o acetaldeído. • Hepatite: febre, icterícia, dor abdominal, TGO > TGP (AST > ALT) • Leucocitose: reação leucemoide (acetaldeído tem efeito quimiotático) • Biópsia: corpúsculos de Mallory Tratamento: consiste em corticoide por 4 semanas → Prednisolona o A Prednisolona não necessita ser metabolizada (convertida) pelo fígado. Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica Tem prevalência de 20% no mundo, e seu grande fator de risco é a síndrome metabólica. A fisiopatologia envolve a resistência insulínica, ocorrendo acúmulo de gordura no fígado pela deficiência de ação da insulina (triglicerídeos no fígado). Dos 20% com esteatose, 3-5% desenvolvem esteato-hepatite (NASH) e 1-3% evoluem para cirrose. Manifestações • Assintomático • Dor; aumento de transaminases (TGP > TGO) Diagnóstico • Esteatose por imagem (comum) ou biópsia (raro) • Excluir álcool e outras causas de Esteatose (HCV, Wilson...) Tratamento: dieta + exercício / Glitazona / vitamina E • As glitazonas reduzem a resistência insulínica • A vitamina E reduz o estresse oxidativo, diminuindo a possibilidade de progressão da doença WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Doença de Wilson → cobre O cobre é necessário na fabricação de proteínas e enzimas. O excesso é excretado através do fígado. O indivíduo nasce com uma mutação na ATP7B que diminui a excreção hepática de cobre na bile. O acúmulo inicia-se no fígado e posteriormente no organismo. O excesso de cobre liga-se à ceruloplasmina, assim ocorre cobre aumentado e ceruloplasmina baixa (por não fabricar). • Jovem (5 – 30 anos) • Rara (1:30.000) • Anéis de Kayser-Fleisher (99% com lesão SNC e 50% com hepatopatia) → lâmpada de fenda Manifestações HEPÁTICA Aguda / Crônica SNC Alteração do movimento (distonia, tremores) e personalidade Anéis de Kayser-Fleisher OUTROS Hemólise / Doença Tubular Renal Diagnóstico: • Triagem: ↓ ceruloplasmina • Confirmação: anéis KF, ↑ cobre (urina, hepático) Tratamento: • Trientina / penicilamina (quelantes) • Transplante (cura): casos graves ou refratários Hemocromatose hereditária Apesar de afetar geneticamente homens e mulheres, os homens apresentam a doença mais frequentemente, uma vez que as mulheres menstruam e eliminam ferro mensalmente. É uma doença genética causada pela mutação do gene HFE, levando ao aumento da absorção intestinal de ferro e seu consequente acúmulo. • Doença comum (1:250) Manifestações • ↑ Saturação de transferrina / ↑ Ferritina • 6H: hepatomegalia / hiperglicemia / hiperpigmentação / heart / hipogonadismo / hartrite o Ocorre pela deposição de ferro nos tecidos o Heart = insuficiência cardíaca Diagnóstico • Triagem: ↑ Ferritina e Saturação da transferrina • Confirmação: Teste genético → mutação C282Y e H63D Tratamento: flebotomia (ferritina ~50ng/mL) / transplante (não cura → o defeito está na absorção intestinal) Hepatite B Crônica • Caracteriza-se por HBsAg (+) > 6 meses QUANDO TRATAR? Replicação Viral + Lesão hepática HbeAg ou ↑HBV-DNA ↑ ALT ou Biópsia ou Elastografia (METAVIR ≥ A2/F2) Manifestações Extra-hepáticas PAN, GN membranosa... Imunossupressão / HCV, HIV / HMF de CHC A2: atividade Inflamatória moderada F2: fibrose portal + septos WL RESUMOS RESIDÊNCIA MÉDICA Tratamento Objetivo: negativar HBeAg HbeAg (+) INTERFERON Via SC 48 sem Não pode se disfunção hepática ou cardíaca, citopenias, câncer, doença autoimune HbeAg (-) TENOFOVIR Via oral, tempo indefinido Não pode se doença renal CIRROSE DOENÇA RENAL IMUNOSSUP / QT ENTECAVIR Via oral, tempo indefinido Hepatite C Crônica • Caracteriza-se por Anti-HCV > 6 meses QUANDO TRATAR? Replicação Viral + Lesão hepática HCV-RNA ↑ escores APRI / FIB4 ou biópsia ou elastografia Manifestações Extra-hepáticas Crioglobulinemia, GN Mesangiocapilar Imunossupressão / HBV, HIV REGRA 1 Todos os genótipos SOFOSBUVIR + DACLATASVIR REGRA 2 Tratamento = 12 semanas, exceto... HIV / CIRROSE Child B e C = 24 sem REGRA 3 Opcional para melhorar resposta RIBAVIRINA
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