Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIRROSE HEPÁTICA A cirrose é uma desorganização total na estrutura do lóbulo hepático, gerando anomalias funcionais CIRCULAÇÃO PORTA A veia porta é formada pela veia esplênica e mesentérica superior atrás do colo do pâncreas A veia porta entra no fígado acompanhada da artéria hepática A veia porta carrega nutrientes e substâncias para serem detoxicadas para os hepatócitos A veia porta penetra no fígado e se divide, determinando seus segmentos O último ramo da veia porta junto ao último ramo da artéria hepática passa pelo canto dos lóbulos Os lóbulos hepáticos são hexagonais, formados por cordões de hepatócitos Na região onde um lóbulo não encosta no outro, é o local onde passa o último ramo das artérias O sangue flui das extremidades para o centro por meio de sinusoides (facilita difusão de nutrientes) Os hepatócitos excretam a bile nos canalículos biliares, fluindo do centro para as extremidades, fluindo por ductos cada vez maiores, até deixar o fígado pelos ductos hepáticos direito e esquerdo. ESPAÇO DE DISSE Os estímulos inflamatórios crônicos fazem as células de Kupffer produzirem citocinas As citocinas fazem as células estreladas deixarem de produzir Vit. A e começam a produzir fibras reticulares de colágeno, que vão preenchendo o espaço de Disse Essa fibrose gera a capilarização dos sinusoides, diminuindo o fluxo sanguíneo para os hepatócitos A insuficiência vascular destrói hepatócitos, e o fígado tenta se regenerar Os hepatócitos se regeneram de forma desorganizada, gerando nódulos As fibras de colágeno ocupam grandes extensões do lóbulo hepático, delimitando nódulos de regeneração A cirrose tem caráter progressiva, o fígado vai ficando maior e mais duro ETIOLOGIA DA CIRROSE Álcool Hepatites virais crônicas (B/C) Outras causas Hepatite autoimune (paciente jovem com cirrose e FAN+) Hepatopatias colestáticas (Cirrose biliar primária, colangite esclerosante) Doenças genéticas (Doença de Wilson, Hemocromatose, deficiência de α-1-tripsina) Esteato-hepatite não alcoólica (Pode progredir para cirrose se houver fatores de risco) Cirrose idiopática (70% tem relação com esteato-hepatite não alcoólica) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pode ser assintomática Sintomas gerais Anorexia, perda ponderal, fadiga, fraqueza Alterações de hormônios sexuais Ginecomastia Aranhas vasculares (composta de uma arteríola central e outras periféricas) Quanto mais e maiores aranhas vasculares, mais avançada a doença Risco de hemorragia por varizes Eritema palmar Poupa a palma da mão Hipogonadismo (atrofia testicular e disfunção erétil) AS ALTERAÇÕES POR HORMÔNIOS SEXUAIS SE DÃO DEVIDO À PRODUÇÃO DE ANDROSTENEDIONA ELEVADA, QUE, POR AROMATASE, LEVA À PRODUÇÃO DE ESTROGÊNIO Alterações pelo álcool (não pela cirrose) Aumento de parótidas O álcool causa deposição de gordura nas parótidas Contratura de Dupuytren Espessamento e encurtamento da fáscia palmar, levando a mão em benção Lóbulo Hepático Manifestação das consequências da cirrose Hipertensão porta (ascite, esplenomegalia), encefalopatia hepática, hepatocarcinoma, PBE Ascite – Percebida na clínica quando há >1500ml, com macicez no flanco Circulação cabeça de Medusa Fuga do sangue do sistema porta para o sistema cava (Acontece por hipertensão do sistema cava) As veias que comunicam o sistema porta com o sistema cava estão adormecidas, mas quando ocorre a fuga do sangue, pode ocorrer recanalização da veia umbilical O sangue da veia umbilical sai para as veias da parede abdominal, gerando a circulação colateral Obs: Sopro de Cruveilhier-Baumgarter – Identifica a circulação hepatofugal, recanalização da veia umbilical e fuga de sangue para o sistema cava. Esse sopro é notado encostando o estetoscópio na região epigástrica do paciente LABORATÓRIO Aumento de aminotransferases TGO (AST) – MAIS ELEVADO TGO/TGP > 1 Fosfatase alcalina – não se eleva mais do que 2-3x Os nódulos de regeneração podem comprimir os canalículos biliares, aumentando o valor. Se a causa da cirrose for biliar, há um grande aumento Aumento da γ-GT Na doença hepática alcoólica, devido à lesão do hepatócito Bilirrubinas aumentam Faz parte de vários escores Quanto mais alta a bilirrubina, pior é a doença Diminuição de Albuminas Aumento do tempo de protrombina Aumento do INR – Tempo de protrombina do paciente / tempo de protrombina da amostra controle Gamaglobulinas aumentadas As endotoxinas do sistema porta (bactérias) caem na circulação sistêmica sem passar pelo fígado, desencadeando a imunidade humoral. Hiponatremia Cirrose avançada Paciente com diminuição significativa do volume intravascular e ADH aumentado Alterações hematológicas Trombocitopenia: A congestão esplênica devido à hipertensão porta pode sequestrar plaquetas. Isso se chama hiperesplenismo A partir disso, pode haver anemia e trombocitopenia OBS: Anemia sec. A: Hemólise (Na doença de Wilson, o cobre escapa do fígado e destrói as células da circulação Perda pelo TGI: Sangramento por varizes ou por úlcera péptica Carencial (folato): Cirróticos desnutridos e alcoólatras (Padrão macrocítico) Toxicidade da Medula óssea: Toxicidade direta do álcool (Padrão macrocítico) Coagulação intravascular disseminada de baixo grau – checar fibrinogênio Hiperesplenismo O HIPERESPLENISMO PODE CAUSAR PANCITOPENIA EXAMES DE IMAGEM USG – Parênquima hepático heterogênico (nódulos) Atrofia do lobo direito e hipertrofia do lobo caudado/esquerdo sugerem cirrose Detecta ascite USG com Doppler de alta definição – Para cirrose já diagnosticada e estabelecida Verifica a presença de hipertensão porta Diâmetro da veia porta > 13mm Diminuição do fluxo da circulação porta <12 cm/seg Presença de veias colaterais SE A ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA VERIFICAR VARIZES ESOFÁGICAS, HÁ HIPERTENSÃO PORTAL RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A diminuição da coloração hepática (fígado preto à RM) indica hemocromatose DIAGNÓSTICO CLÍNICA + LABORATÓRIO + IMAGEM Ascite, plaquetas < 160.000 e escore de Bonacini > 7 são indicativos de cirrose Obs: ESCORE DE BONACINI Plaquetas TGO/TGP > 0,6 Prolongamento do INR BIÓPSIA HEPÁTICA Usada na dúvida de cirrose Principalmente para etiologias – Hemocromatose, Doença de Wilson, Esteato-hepatite não alcoólica, deficiência de α-1-tripsina ESCORE FUNCIONAL DA CIRROSE Escore de Child-Pugh (Mnemônico: ABATE) Se escolhe Bilirrubina, Albumina + (TP ou INR) Se soma ao score das variáveis clínicas (ascite + encefalopatia) S O escore do tempo de protrombina é dado pelos segundos que ultrapassam a amostra controle CHILD PUGH A: 5-6 pontos CHILD PUGH B: 7-9 pontos – Indicado para transplantes CHILD PUGH C: 10-15 pontos Escore de MELD Aloca o paciente para transplante Usados os padrões de bilirrubina, creatinina e INR Coloca-se na fórmula: MELD > 15: Indicação absoluta de transplante MELD > 11: Colocar na fila para transplante TRIAGEM PARA CARCINOMA HEPATOCELULAR NA CIRROSE Ultrassom 6/6 meses Em fases precoces do carcinoma, a sensibilidade diminui para 60% CIRROSE E DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA 3 entidades: Esteatose hepática Hepatite alcoólica Cirrose hepática Podem coexistir no mesmo indivíduo Importante identificar a quantidade diária de etanol e há quanto tempo Identificar qual bebida o paciente ingere Tipos de paciente 1. Abusador de álcool – bebem muito, e experimentam consequências negativas do álcool mas não são alcoolistas2. Alcoolista Experimenta consequências negativas do álcool Apresenta tolerância (cada vez necessárias mais doses) Controle prejudicado (bebe sem parar) Dependência (a ausência de álcool leva à abstinência FATORES DE RISCO Álcool diário > 30g/dia por 10 a 12 anos (homem) Álcool diário > 20g/dia por 10 a 20 anos (mulher) Quem ingere quantidades grandes e contínuas de álcool está mais sujeito Apenas 1% de quem bebe 30g/dia por 10 a 12 anos desenvolverá cirrose Obesidade Desnutrição grave Infecção concomitante por hepatite B ou C Tabagismo RECONHECER ABUSO DE ÁLCOOL Questionário CAGE 2 ou mais perguntas positivas tem sensibilidade de 91% para o abuso do álcool C: Já sentiu que deveria diminuir a bebida? A: As pessoas criticam o modo de beber? G: Se sente culpado por beber desse modo? E: Bebe de manhã para diminuir nervosismo/ressaca? Marcadores laboratoriais Algumas pessoas não admitem que voltaram a beber Aumento de TGO/TGP > 1. Aumento de γ-GT Macrocitose: Representa toxicidade medular direta pelo álcool Transferrina deficiente em carboidrato aumentada PATOLOGIA DA DOENÇA ALCOÓLICA HEPÁTICA Macrovesículas de gordura presente nos hepatócitos Pode ser um padrão macro/micronodular O insulto causado pelo álcool se inicia em torno da veia centrolobular (Regiao central do lóbulo) Infiltrado predominantemente neutrofílico na região central Corpúsculos de Mallory-Denk: Inclusões perinucleares eosinofílicas com citoesqueleto do hepatócito Último estágio: Fibrose pericentral precoce – Cirrose hepática Obs: As hepatites virais começam o insulto no espaço porta MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Podem ser assintomáticos ou terem náuseas Se o paciente só tiver doença hepática alcoólica, há hepatomegalia Laboratório: Aumento discreto de TGO/TGP e γ-GT Exames de imagem: Aumento da ecogenicidade do parênquima DIAGNÓSTICO Clínica, laboratório e exames de imagem TRATAMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA EM LONGO PRAZO Abstinência – Diminui fibrose, pressão portal, ascite. Aumenta sobrevida e reverte esteatose Terapia nutricional – Aumenta albuminemia e balanço de nitrogênio. Diminui hospitalizações e complicações A terapia nutricional deve ser: Proteína 1,5g/kg/dia + reposição de tiamina, piridoxina, folato, Vit. Lipossolúveis e zinco com valor calórico total de 35-40 kcal/dia TERAPIAS EM EXPERIMENTAÇÃO Silimarina Metadoxina TRANSPLANTE HEPÁTICO O paciente pode ser transplantado mesmo se não tiver feito abstinência HEPATITE ALCOÓLICA Pessoas que ingerem >100g/dia por mais de 20 anos (muito álcool) A pessoa aumenta agudamente a ingesta alcoólica Geralmente o paciente fica com náusea e anorexia e suspende a bebida A hepatite, então, se apresenta mesmo que o paciente tenha parado de beber SINAIS E SINTOMAS Icterícia Anorexia Febre < 38ºC Hepatomegalia Dor abdominal (hipocôndrio direito e epigástrico Ascite em 30% dos casos (O edema pode causar hipertensão portal) Encefalopatia LABORATÓRIO Leucocitose Aminotransferases aumentadas <400 UI, TGO/TGP> 2 Bilirrubina aumentada > 5mg/Dl Pode haver reação leucemóide – presença de mielócitos não por leucemia (indica mau prognóstico) Queda da albumina – A inflamação do fígadao gera diminuição da produção Aumento do INR DIAGNÓSTICO Clínica + Laboratório Em pacientes cirróticos, afastar peritonite bacteriana espontânea TRATAMENTO Suporte Índice de Função discriminante – Indica casos graves Se IFD > 32 ou encefalopatia: Fazer Prednisolona 32mg/dia por 4 semanas e reduzir Pentoxifilina se o paciente não puder usar Prednisolona Terapia nutricional Proteínas 1-1,5g/kg/dia Carboidratos 55% VIA ENTERAL Lipídios 30-35% CIRROSE E HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA Doença autossômica recessiva – Mutação do tipo C282Y no gene HFE Grande aumento da absorção de ferro A doença se manifesta em Indivíduos por volta de 40-50 anos de idade Quando o ferro é ingerido, ele é internalizado para o enterócito O enterócito pode ou não liberar o ferro para o sangue, para que ele circule com a transferrina e vá para a medula óssea O ferro pode continuar no enterócito e ser levado pelas fezes quando há descamação dos enterócitos FISIOPATOLOGIA Não se sabe ao certo, mas há hipóteses: Aumento da síntese do DMT-1, transportador de ferro Prejuízo da síntese de formação de hepcidina – inibe a liberação de ferro dos depósitos corporais Quando há pouca hepcidina, o enterócito libera muito ferro para a transferrina MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sinais e sintomas gerais Astenia Letargia Dor abdominal Perda de libido/impotência Amenorreia HEPATOMEGALIA (95% dos casos) LOCAIS ACOMETIDOS e sintomas específicos Hipófise – Caem os níveis de FSH e LH, levando à diminuição de testosterona Hipogonadismo Articulações – Osteófitos em gancho,condrocalcinose (50% dos casos) Dor articular parecendo artrite Coração – Cardiomiopatia e (25% dos casos) Insuficiência cardíaca congestiva, arritmia sinusal Pâncreas Endócrino – Pacientes tardios (50%) Diabetes Pele – Depósito de melanina Escurecimento Fígado Hepatomegalia Aumento TGO/TGP Fibrose/cirrose A HEMOCROMATOSE NÃO MANIFESTA AQUELES SINAIS EXPRESSIVOS LABORATÓRIO Ferro hepático aumentado Ferro hepático corável 3+ ou 4+ Dados de biópsia (feita após diagnóstico, para avaliação) Índice hepático de ferro > 1,9 Saturação da transferrina > 45% Principal exame – Primeira coisa que se eleva Niveis de ferritina > 1000μg/L indicam cirrose (valor normal entre 10 e 300) EXAMES DE IMAGEM RM – Hipossinal no parênquima DIAGNÓSTICO Se suspeita clínica de hemocromatose ou saturação de transferrina > 45% Pedir pesquisa de mutação C282Y CONDUTA Se ferritina < 1000 μg/L e função hepática normal – Não há cirrose – Fazer flebotomia Se ferritina > 1000 μg/L ou função hepática alterada ou RM com sobrecarga – Fazer biópsia TRATAMENTO Flebotomias semanais de 500ml (perda de 200-250mg de Fe) As flebotomias devem ser feitas por 2 anos Depois que a ferritina cai abaixo de 50, se faz as flebotomias de 3 em 3 meses para manter a ferritina entre 50-100 μg/L. Transplante de Fígado Cirrose com MELD > 20 Carcinoma hepatocelular CIRROSE E DOENÇA DE WILSON Autossômica recessiva - Inativação do gene ATP7B Esse gene codifica uma ATP-ase que promove a eliminação do Fe2+ e Cu2+ para a bile Dificuldade de eliminar o COBRE 90% dos pacientes com doença de Wilson tem níveis baixos de ceruloplasmina (proteína de transporte de Cu2+ no sangue O Cu2+ que consegue ser liberado cai na corrente sanguínea, e, não ligado À ceruloplasmina, penetra a barreira hematoencefálica, podendo gerar danos neurológicos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hepatite Crônica ativa Manifestações Hepáticas Cirrose (Regridem após 1 ano de terapia) Hepatite aguda - pode gerar hemólise Distonia Manifestações Neurológicas Incoordenação Tremores Manifestações Psiquiátricas Esquizofrenia (Regridem em até 2 anos após terapia) Transtorno bipolar Aneis de Kayser Fleischer: Depósito Circular de cobre na membrana de Descemet na córnea Indica comprometimento do SNC DIAGNÓSTICO Cobre urinário 100 μg/24h = Doença de Wilson 60 – 100 μg/24h, Biópsia. Se houver 250 μg de Cu/g de peso seco do fígado = Doença de Wilson TRATAMENTO Fase pré-sintomática, doença hepática compensada – Sais de Zinco (Quelantede Cu2+) Doença descompensada ou índice Nazer > 9 – Sais de Zinco + Trientine Manifestações Neuropsiquiátricas – Sais de Zinco + Tetratiomolibdato (Tratamento pelo resto da vida) O ÍNDICE DE NAZER AVALIA A FUNÇÃO HEPÁTICA NA DOENÇA DE WILSON CIRROSE E HEPATITE AUTOIMUNE Se manifesta como uma hepatite crônica (necroinflamatória persistindo por mais de 6 meses) O principal diagnóstico diferencial são as hepatites virais A hepatite autoimune vem acompanhada de evidências laboratoriais de autoimunidade (FAN+) Algumas pessoas podem ter maniestações mais agudas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fadiga Hepatomegalia Icterícia Amenorreia Artralgias Acne LABORATÓRIO Hipergamaglobulinemia IgG > 2,5g/dL Aminotransferases flutuam entre 100 a 1000 U/L Fator reumatoide positivo HEPATITE AUTOIMUNE TIPO 1 Acomete principalmente mulheres entre 20 e 40 anos FAN positivo Anticorpo anti-músculo liso > 1:320 HLA-DR3 ou HLA-DR4 Menos importantes P-ANCA HEPATITE AUTOIMUNE TIPO 2 Acomete principalmente crianças entre 2 e 14 anos Apresenta anti-LKM1 Apresenta anti-LC1 (liver cytosol) Associação com HLA-D3B1 e HLA-DQB1 HEPATITE AUTOIMUNE TIPO 3 Variante da hepatite autoimune tipo 3 Não possui FAN positivo Anti-SLA (Antígeno hepático solúvel) Anti-LP (Antígeno hepático e pancreático Doença mais grave DIAGNÓSTICO Clínico e Laboratorial BIÓPSIA Acompanhamento da doença Hepatite de interface: Infiltrado inflamatório no espaço porta, com mononucleares e plasmócitos Se houver necrose em ponte e colapso multilobular, é a doença mais aguda e agressiva TRATAMENTO Corticoide + Azatioprina Se faz prednisona 30mg/dia e vai diminuindo a dose ao longo de 1 mês, até que o paciente aceite prednisona 10mg/dia, e deixa como dose de manutenção Faz azatioprina 50mg/dia desde o início O tratamento é mantido por 12-18 meses SE A BILIRRUBINA NÃO MELHORAR EM 2 SEMANAS, CONSIDERAR TRANSPLANTE CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA Condição autoimune que gera colestase intra-hepática Mais comum em mulheres Idade entre 40-60 anos Destruição dos ductos intralobulares pela imunidade celular MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Mulheres assintomáticas que se surpreende com fosfatase alcalina elevada (pode ser a única evidência da cirrose) Prurido – Palmas da mão, plantas do pé (Quando há somente prurido, o prognóstico é reservado) Fadiga – sonolência diurna Xantelasmas (Periorbital) / Xantomas (tendões/ossos): Síntese aumentada de colesterol – colestase Hiperpigmentação – Excesso de melanina Icterícia Dor óssea – Desmineralização Deficiência de vitaminas lipossolúveis DOENÇAS ASSOCIADAS à CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA Sindrome de sjogren Tireoidite Autoimune Esclerodermia – CREST Hepatite autoimune Artrite reumatoide Acidose tubular renal LABORATÓRIO Aumento da fosfatase alcalina em 6-10x Aumento da γ-GT TGO e TGP até 200U/L no máximo Hipercolesterolemia Bilirrubinas aumentadas (>6 é prognóstico reservado) Hipergamaglobulinemia Igm + FAN O ANTICORPO DA DOENÇA É O ANTICORPO ANTI-MITOCÔNDRIA DIAGNÓSTICO Clínica + laboratório Anticorpo anti-mitocôndria > 1:80 Se o anticorpo der negativo, fazer biópsia hepática TRATAMENTO Ácido ursodesoxicólico – Atrasa a progressão da doença e melhora a sobrevida, mas não cura Tratamento por toda a vida Transplante de fígado – Cura Obs: Indicações de transplante Bilirrubina > mg/Dl Cirrose descompensada Ascite resistente, peritonite bacteriana espontânea, sangramento recorrente por varizes, encefalopatia ou hepatocarcinoma COMPLICAÇÕES DA CIRROSE - HIPERTENSÃO PORTAL SISTEMA PORTA De todo fluxo sanguíneo, 1/4 do sangue está no sistema porta-hepático 75% disso chega pela veia porta e 25% pela artéria hepática A veia porta leva sangue para o fígado (hormônios, nutrientes, substâncias para detoxificar e O2 A veia porta possui várias comunicações com a circulação sistêmica (veia cava) Essas comunicações se chamam shunts porto-sistêmicos SHUNTS PORTO-SISTÊMICOS Veia gástrica esquerda A veia gástrica tem ramos que levam à veia ázigos, que desemboca na veia cava inferior Veias retais O plexo hemorroidário médio e inferior cai na veia ilíaca comum, que forma a veia ilíaca e a veia cava O plexo hemorroidário superior deságua na veia mesentérica inferior, que chega até a veia esplênica, que forma a veia porta Plexo venoso de Retsus Plexo venoso do retroperitônio Comunicação da circulação lateral do cólon com o peritônio parietal Drena também para a circulação venosa sistêmica Plexo Na veia porta esquerda há a veia umbilical, que forma o ligamento falciforme venoso Quando há hipertensão porta, há uma recanalização do ligamento venoso e do falciforme, levando À circulação da parde abdominal Forma a cabeça de Medusa FISIOPATOLOGIA Resistência ao fluxo portal O fígado cirrótico se torna duro (enrijecimento da musculatura lisa) Isso cria uma resistência ao fluxo sanguíneo A resistência causa a ingurgitação das veias, gerando a hipertensão Aumento do fluxo sanguíneo esplâncnico NO é produzido pelo intestino, mas na hipertensão ele não chega ao fígado devido à hipertensão O NO fica acumulado no intestino e as veias se ingurgitam mais O rim interpreta essa informação como uma falta de volemia, ativando o sistema renina-angiotensina- aldosterona, para poupar mais sódio e água Assim, há um aumento do volume sanguíneo Entretanto, o volume não chega ao fígado, gerando transudação A transudação faz com que haja edema e ascite, diminuindo o volume intravascular Novamente o rim interpreta a informação como falta de volemia, gerando uma bola de neve CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO PORTA Pelo local que ela ocorre Hipertensão pré-hepática Causada pela trombose da veia porta Causada por trombose da veia esplênica (Casos de pancreatite crônica – gera inflamação da veia esplênica) Causada por trombofilias Causada pela cirrose quando há estase venosa, que propicia coagulação Também causada por hepatocarcinoma Obs: A pancreatite crônica não causa varizes de esôfago, mas causa varizes de fundo gástrico – Hipertensão porta segmentar A veia gástrica esquerda não se conecta com a veia esplênica, que está em trobose As veias gástricas curtas se comunicam com a veia esplênica, gerando as varizes de fundo gástrico Hipertensão intra-hepática PRÉ-SINUSOIDAL: Causada por esquistossomose, que fica localizado na tríade portal (veia porta, artéria hepática e ducto bilífero, ficando antes do sinusoide Há mais varizes e pouca ascite SINUSOIDAL: Cirrose hepática PÓS-SINUSOIDAL: Na veia centrolobular – Doenças venoclusivas (Raras) Reação enxerto hospedeiro (Causa necrose centrolobular e vai se alastrando) Irradiação hepática Chá da Jamaica Há mais ascite e menos varizes Hipertensão pós-hepática Síndrome de Budd-Chiari (Trombose da veia hepática) Policitemia Vera Hb paroxística noturna Síndrome do anticorpo antifosfolipídico Trombofilias hereditárias Lupus Obstrução da veia cava inferior Trombose, neoplasia (rim, fígado) Doenças cardíacas Pericardite constrictiva (o átrio não consegue se dilatar e o sangue se acumula anteriormente) Cardiomiopatia DIAGNÓSTICO USG com doppler de alta definição Fluxo hepatofugal: O sangue não vai para o fígado, voltando pela veia porta. O normal é o fluxo hepatoportal Diâmetro da veia porta: >13mm Diminuição do fluxo na circulação porta: < 12cm/seg Presença de colaterais portossistêmicas Endoscopia digestiva Alta Se há varizes de esôfago, há hipertensão porta, mas não se sabe a causa O diâmetro da veia porta for > 13mm, estão relacionadas À presença de varizes de esôfago Plaquetas <140.000, estão relacionadas às varizes de esôfago Melhor forma de identificar varizes no estômago Gradiente de pressão venosa hepática Cateteriza-se até a veia hepática e se insufla o balonete Quando o balonete está inflado, há a medida de Pressão de cunha da veia hepática Depois, se desinsufla o balonete, fazendo-se a medida da Pressão livre da veia hepática A diferença entre essas pressões é o gradiente. A pressão de cunha representa a pressão exercida nos sinusoides, que é a PRESSÃO DA VEIA PORTA Se a diferença for > 6mmHg, há hipertensão porta Se a diferença for > 10mmHg, há varizes Se a diferença for > 12mmHg, há risco de ruptura de varizes COMPLICAÇÕES DA CIRROSE – VARIZES ESOFAGOGÁSTRICAS Risco de sangramento O sangramento em um paciente cirrótico tem uma mortalidade de 15% em Child Pugh A e 50% em Child Pugh C A mortalidade em um ano chega a 90% - não só pelas varizes, mas por outras causas CLASSIFICAÇÃO DAS VARIZES F1 (Pequeno calibre): <5mm de diâmetro F2 (Médio calibre): 5-20mm de diâmetro F3 (Grosso calibre): >20mm de diâmetro Presença de manchas vermelhas RASTREAMENTO Fazer rastreamento por EDA para cirróticos de 2 em 2 anos Se encontrar varizes, fazer de ano em ano PROFILAXIA PRIMÁRIA Para impedir o primeiro sangramento Ou se faz betabloqueador (propranolol, nadolol) ou ligadura elástica na EDA TRATAMENTO DO SANGRAMENTO Protocolo de choque hipovolêmico Cristaloide ou sangue (choque grave entre 3 e 4) Transfusão de plasma também, caso INR>1,7 Intubação orofacial se confusão mental, sonolência Depois: Ligadura elástica por EDA e Terlipressina por 5 dias Antibióticoterapia (Ceftriaxona ou norfloxacino por 7 dias) Se após tudo isso, o sangramento persiste, passar o Balão de Sengstaken Blackmore Se passa como se fosse uma sonda orogástrica (pede o paciente para engolir) Depois que se passar, traciona-se o balão Esse balão tem 3 vias – 1 para insuflar o balonete, outra para lavar o estômago e outra para um balão no esôfago, que comprime o esôfago e diminui o sangramento É uma medida de emergência – não há endoscopista, geralmente há ressangramento Isso faz com que dê tempo para o endoscopista chegar para fazer a ligadura Tips Transjugular intrahepatic portosystemic Shunt Shunt criado entre a veia porta e a veia hepática direita, sem passar pelo sinusoide hepático Isso conecta a circulação porta com a circulação sistêmica VANTAGEM Não altera a anatomia hepática – Bom para o transplante DESVANTAGEM Pode haver maior incidência de encefalopatia/estenose, pois os metabólitos não passam pelo fígado. O shunt sempre estenosa Indicado para Child A e Child B Obs: Gastropatia hipertensiva portal O portador de perfuração gástrica é tratado com terlipressina Se não funcionar, vai direto para a cirurgia PROFILAXIA SECUNDÁRIA Betabloqueador + ligadura elástica Repare que a primária é ou um ou outro Se houver ressangramento – Fazer TIPS Se não houver TIPS, fazer cirurgia CIRURGIAS PARA VARIZES ESOFAGOGÁSTRICAS ANASTOMOSES VASCULARES DIRETAS – CIRURGIAS DE URGÊNCIA SHUNTS NÃO SELETIVOS Shunt porto-cava termino-lateral Corta-se a veia porta e a anastomosa com a lateral da veia cava Encefalopatia hepática já certo Shunt da veia porta látero-lateral com a veia cava Encefalopatia hepática com menos chances SHUNT COM PTFE (Politetrafluoretileno) Os shunts de PTFE possuem 16mm de espessura Portocaval: Veia porta – veia cava Mesocaval: Mesentérica inferior na veia cava (só metade do sangue deixa de passar pela porta) Mesorrenal: Mesentérica superior com artéria renal esquerda (metade do sangue vai para a via renal) Shunt esplenorrenal convencional: Se tira o baço do paciente, se liga a veia esplênica na veia renal esquerda Obs: Shunts calibrados 8-10mm: O sangue passa com menos intensidade para a veia cava Um pouco de sangue ainda passa pelo fígado Pode ser eletiva SHUNTS SELETIVOS Cirurgia de Warren Se corta e fecha a veia esplênica proximo à veia porta Anastomosa-se a veia esplênica à veia renal esquerda Resolve a esplenomegalia e varizes gástricas Menor incidência de encefalopatia hepática Aumenta a ascite (não recomendada para pacientes ascíticos) CIRURGIA DE DESVASCULARIZAÇÃO (CIRURGIA DE VASCONCELOS) Profilaxia para pacientes que já sangraram, portadores de esquistossomose Se faz a esplenectomia (e vacinação contra germes encapsulados) Liga-se a veia gástrica esquerda Liga-se a veia gástrica epiploica A veia porta fica sem a veia esplênica A hipertensão não é suficiente para causar varizes de esôfagos, pois há uma desconexão ázigos- portal Indicações COMPLICAÇÕES NA CIRROSE - ASCITE FISIOPATOLOGIA Na cirrose há uma maior produção de óxido nítrico NO Entretanto, esse NO não chega mais no fígado Esse NO gera uma vasodilatação esplâncnica, diminuindo a resistência das veias viscerais Isso é interpretado pelo rim como uma diminuição da volemia O rim ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) O SRAA aumenta a retenção de sódio e a retenção de água pelo intestino Isso aumenta a vasodilatação esplâncnica, causando transudação, gerando a ascite O aumento da volemia gera uma hipertensão nos capilares hepáticos Como o fígado está doente, o transudato cai no peritônio e no terceiro espaço, causando anasarca (edema + ascite) ETIOLOGIA Hipertensão porta Se a hipertensão é pós-hepática, há muita ascite e poucas varizes Se a hipertensão é pré-hepática, há muitas varizes e pouca ascite Doenças do peritônio Neoplasias malignas, tuberculose Outras causas Pseudocisto na pancreatite, ascite nefrogênica por hipoalbuminemia, ascite biliar, síndrome de Meigs (relacionada a tumor de ovário), mixedema Ascite por transudato x Ascite por exsudato Se diferencia pelo GASA (Gradiente de albumina soro-ascite: Albumina sérica menos albumina da ascite) Maior que 1,1: Há mais albumina no soro que na ascite (Transudato) CAUSAS: Hipertensão porta, Mixedema, Síndrome de Meigs Menor que 1,1: Há mais albumina na ascite que no soro (Exsudato) Exsudato inflamatório CAUSAS: Doença do peritônio, tuberculose, neoplasias, ascite quilosa, ascite nefrogênica, pancreática LABORATÓRIO DA ASCITE E SUAS CAUSAS Ascite por cirrose Há maior pressão intravascular GASA > 1,1 Mais comum Citometria e bioquímica normais Proteínas no líquido ascitico baixa (<2,5) Ascite por neoplasia GASA < 1,1 Segunda causa mais comum Citologia oncótica positiva Proteínas no líquido ascítico > 2,5 / LDH alta Ascite por tuberculose GASA < 1,1 Terceira causa mais comum Na citometria há mononucleares (500 a 2000 – demonstra inflamação) Adenosina Deaminase (ADA) > 36-40 U/L SE AINDA HOUVER DÚVIDA, FAZER LAPAROSCOPIA COM BIÓPSIA Ascite por causa cardíaca GASA > 1,1 Citometria e bioquímica normal Proteínas no líquido ascítico > 2,5 Ascite por causa nefrótica GASA < 1,1 Proteínas no líquido ascítico < 2,5 TRATAMENTO DA ASCITE Restrição da ingesta de sódio - 2g/dia ou mEq (4-6g de Sal de cozinha: 5-6 saches por dia) A capacidade máxima de excreção diária de sódio pelo rim é de 88mEq SE O PACIENTE FAZER HIPONATREMIA (<130mEq), FAZER RESTRIÇÃO DE ÁGUA Diuréticos: Espironolactona (100-400mg/dia)+ Furosemida (40-160mg/dia) No paciente cirrótico, a furosemida não consegue agir muito bem Fazer em poucas doses, até chegar na dose ideal Meta: Fazer o paciente perder 0,5kg/dia Hipovolemia na cirrose gera síndrome hepatorrenal Ascite Refratária ao tratamento Mesmo após o tratamento, o rim excreta <78mEq/dia Paracentese de alívio – 4L Só se pode fazer de 2 em 2 semanas A partir de 5L retirados, repor 8-10g de albumina por litro retirado Ex: Se tirar 7L, se faz 20g de albumina BETABLOQUEADOR CONTRAINDICADO – Diminui a FC, promove vasodilatação e diminui o fluxo renal Provoca hipovolemia e SÍNDROME HEPATORRENAL Se a ascite ainda for refratária: Fazer TIPS. O TIPS é contraindicado para Child C e MELD > 18 Shunt de Le Veen Pacientes com cirurgia abdominal prévia não podem ser submetidos a paracentese de repetição Coloca-se um cateter peritoneal que conecta o líquido ascítico com a veia cava inferior – o líquido ascítico volta para a circulação Complica com estenose e infecção Não muito utilizado COMPLICAÇÕES DA CIRROSE – PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA A ascite se contamina por translocação bacteriana A recidiva de PBE é muito grande CLÍNICA Assintomática – Muitos casos Casos sintomáticos – Febre BACTÉRIAS Geralmente só uma bactéria E. coli, Klebsiella, Pneumococo DIAGNÓSTICO Paracentese e citologia Ascite com polimorfonucleares > 250mm3 e não é abdome agudo TRATAMENTO Cefotaxima/Ceftriaxona/Cefalosporinas de 3ª geração Albumina 1,5g/kg no primeiro dia e 1g/kg no 3º dia, para prevenir síndrome hepatorrenal Suspender betabloqueador PROFILAXIA PRIMÁRIA A PBE é facilitada por sangramento de varizes Feita no primeiro sangramento de varizes Junto ao tratamento das varizes, se faz ceftriaxona ou norfloxacino por 7 dias Obs: Paciente em recidiva de sangramentos: Se a proteína ascítica <1g/dL Se a proteína ascítica <1,5g/dL + Creatinina > 1,2 ou Na < 130) Se a proteína ascítica <1,5g/dL + Bilirrubina totel > 3 ou Child > 9 Profilaxia com Norfloxacino VO 400mg/d PROFILAXIA SECUNDÁRIA de PBE Norfloxacino VO 400mg/d para sempre ou até acabar a ascite BACTERASCITE Cultura positiva, mas polimorfonucleares <250mm3 Observar sintomas – não há benefício com antibióticos Repetir paracentese em 48h – se a contagem de polimorfonucleares for aumentada, tratar ASCITE NEUTROCÍTICA Cultura negativa mas polimorfonucleares > 250mm3 Risco de PBE alto Fase inicial da PBE – problema na sensibilidade do exame Tratamento IDEM PBE PERITONITE BACTERIANA SECUNDÁRIA Mais de uma bactéria – Tratar a causa secundária DIAGNÓSTICO Ascite com polimorfonucleares > 250mm3 + 2 dos abaixo: Proteínas > 1g/dL Glicose < 50mg/dL LDH elevado CEA > 5ng/mL ou fosfatase alcalina > 240 UI
Compartilhar