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Resumo - Compartimentos Líquidos

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Resumo - Compartimentos Líquidos 1
🩺
Resumo - Compartimentos Líquidos 
A água se distribui em diferentes compartimentos líquidos dependendo das diferentes composições iônicas, havendo um 
constante intercâmbio hidroeletrolítico entre eles.
2 grandes compartimentos líquidos: intracelular e extracelular
C.L. intracelular: água do citoplasma de todas as células
C.L. extracelular: está em subcompartimentos → plasma, líquido intersticial, linfa, água dos ossos e líquidos 
transcelulares
*líquidos transcelulares: não são apenas transudatos, e sim líquidos secretados, incluindo secreções das glândulas 
salivares, pâncreas, fígado e árvore biliar, além dos líquidos nas cavidades pleurais, oculares, peritoneal, no lúmen do 
trato gastrintestinal e no líquido cefalorraquidiano
**Alguns líquidos transcelulares têm uma osmolalidade muito diferente da dos outros compartimentos. Isso decorre do 
fato de estarem separados dos outros compartimentos por uma camada de células e uma membrana pouco permeável à 
água. Dessa maneira, as secreções gastrintestinais e o suor são hiposmóticos.
*terceiro espaço (termo proposto por Randall, 1952) = o líquido extracelular é perdido ou sequestrado em uma área do 
corpo em que não participa das trocas, e, consequentemente, não satisfaz às necessidades hídricas do paciente → ex.: 
líquido no intestino na presença de íleo, líquido peritoneal na peritonite, líquido peripancreático na pancreatite aguda e o 
edema do queimado.
Composição eletrolítica dos compartimentos líquidos
Líquido extracelular
cátion mais abundante: sódio (cloro como principal ânion) → representa metade de sua osmolalidade
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em menor concentração: K+, Ca++ e Mg++ e os ânions HPO4–2 (base conjugada), H2PO4– (ácido conjugado) e 
SO4–2, ácidos orgânicos (láctico, pirúvico, cítrico) no líquido extracelular, como ânions, que podem estar elevados 
em diversas enfermidades.
Líquido intracelular
cátion mais abundante: potássio → representa metade de sua osmolalidade
ânions prevalentes: compostos orgânicos, como os fosfatos, os sulfatos e as proteínas.
em menor concentração: Mg ++, Ca ++ e os ânions inorgânicos Cl– e HCO3–
íons intracelulares > íons do plasma
osmolalidade intracelular = osmolalidade extracelular → íons intracelulares osmoticamente inativos (ligados à 
proteínas ou outros componentes celulares)
*Poncótica (proteínas)
*Posmótica (íons)
Nota-se que o total de íons intracelulares excede o do plasma, no entanto as osmolalidades 
intra e extracelular são as mesmas. Acredita-se que alguns desses íons intracelulares sejam 
osmoticamente inativos, isto é, ligados a proteínas e a outros constituintes celulares. 
💡 Os solutos dissolvidos na água não se distribuem igualmente no intracelular e no extracelular, em razão da 
ação de bombas iônicas.
Distribuição de água entre os compartimentos
As membranas celulares possibilitam o livre movimento de água em qualquer direção, o qual depende da distribuição 
dos íons. 
É a quantidade de soluto, e não de solvente, que define o volume do compartimento. 
Cada compartimento líquido no organismo tem um soluto que, por seu confinamento àquele espaço, determina o 
volume do compartimento: 
proteínas séricas para o volume intravascular; 
sódio para o compartimento extracelular; 
 potássio para o intracelular. 
A rápida distribuição proporcional de água entre os compartimentos assegura concentrações osmolares intra e 
extracelular essencialmente idênticas.
Como a osmolalidade é a mesma dentro e fora das células, a passagem de água do interior para fora das células, ou 
viceversa, só ocorre se houver mudança de osmolalidade e tonicidade.
Adição de água ou solução hipotônica
Adm de água ou solução hipotônica VO ou IV → redução uniforme da osmolalidade + aumento do volume nos dois 
compartimentos (aumento maior no intracelular por ser maior que o extracelular)
Adição de solução hipertônica de NaCl
A infusão IV de uma solução hipertônica de NaCl expande o compartimento extracelular e provoca um movimento 
passivo de água do compartimento 
intracelular (osmolalidade menor) para o extracelular (osmolalidade maior em virtude da solução adicionada), até que 
ambos os compartimentos se equilibrem e se tornem isosmóticos. 
A saída de água reduz o volume do compartimento intracelular e, consequentemente, aumenta a osmolalidade desse 
compartimento. No final, ambos os compartimentos terão uma osmolalidade maior que a inicial.
Adição de solução isotônica de NaCl
Como o sódio permanece principalmente no compartimento extracelular, há uma expansão do volume desse 
compartimento, mas não ocorre alteração nas osmolalidades intra e extracelular e, tampouco, no VIC.
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Quando se administra uma solução salina a 0,9% IV, ela se distribui uniformemente pelo espaço extracelular. Como este 
é constituído de 75% do espaço intersticial, apenas 25% do volume final infundido permanece no compartimento 
intravascular.
Trocas líquidas entre plasma e interstício
A pressão hidrostática determinada pela bomba cardíaca em um compartimento (vascular) altamente permeável à água 
e aos solutos poderia 
determinar a passagem de todo o líquido intravascular rapidamente para o interstício. Isso não ocorre porque, a essa 
pressão hidrostática, opõe-se uma outra pressão ‒ a pressão osmótica determinada pelas proteínas, principalmente 
albumina, também conhecida como pressão coloidosmótica ou pressão oncótica. A pressão oncótica está em torno de 25 
mmHg. Já o líquido intersticial tem pouca proteína, com uma pressão oncótica em torno de 5 mmHg. A diferença, 
portanto, entre a pressão osmótica do plasma e a do interstício é de 20 mmHg, e essa força se opõe à pressão 
hidrostática.
Foi Starling quem primeiro formulou o mecanismo de distribuição de líquido entre os compartimentos vascular e 
intersticial. Segundo ele, o sangue chega aos capilares com certa força (pressão hidrostática), capaz de determinar o 
retorno venoso ao coração. A pressão hidrostática é determinada pela pressão mecânica promovida pelo coração. A 
pressão média nas grandes artérias é de 95 mmHg, mas, quando o sangue chega ao leito capilar, a pressão 
hidrostática cai para 40 a 45 mmHg, a qual determina a passagem de líquido intravascular para o interstício, opondo-se a 
ela a pressão oncótica das proteínas, em torno de 25 a 30 mmHg, e uma pressão do turgor intersticial de 2 a 5 mmHg. 
Dessa maneira, o balanço dessas forças resulta em uma pressão de filtração positiva (em torno de 10 a 15 mmHg).
Uma pequena quantidade de proteínas atravessa os capilares, mas quase tudo retorna à circulação pelo sistema 
linfático. No entanto, uma fração 
permanece no interstício e é responsável pela pressão oncótica intersticial de 3 mmHg. Quando a coluna de sangue 
atinge o lado venoso do capilar, a pressão hidrostática está reduzida a 10 a 15 mmHg e o balanço das forças é 
negativo, determinando a reabsorção do líquido filtrado no lado venoso capilar.
Acredita-se que o principal mecanismo que altera a pressão hidrostática intracapilar não seja a resistência ao longo do 
capilar, mas sim a atividade de esfíncteres pré-capilares (ver Figura 8.5). Quando há um relaxamento do esfíncter, a 
pressão hidrostática intracapilar aumenta, favorecendo a filtração ao longo do capilar; quando o esfíncter se contrai, a 
pressão hidrostática cai, e talvez só haja reabsorção ao longo do capilar. Também é importante a área de superfície dos 
capilares. Quando o esfíncter se contrai, muitos capilares são desviados da circulação arterial, reduzindo a área de 
superfície capilar; quando o esfíncter se relaxa, ocorre o inverso.
Além disso, o ritmo de fluxo líquido através do capilar endotelial não depende somente das forças de Starling, mas 
também do coeficiente de filtração, 
expresso pela seguinte fórmula: 
q = Kf (Pc – Pt) – (pp – pt) 
Em que: 
q = ritmo de fluxo através do capilar 
Kf = coeficiente de filtração 
Pc = pressão hidrostática intracapilar 
Pt = pressão do turgortecidual 
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pp = pressão oncótica do plasma 
pt = pressão oncótica intersticial.
Conclui-se que, se a pressão hidrostática for excessiva, ou a pressão oncótica do plasma reduzida, haverá um excesso 
de filtração de líquido para o 
interstício; e, se for ultrapassada a capacidade de remoção pelos linfáticos, haverá edema.

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