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1Módulo Aposentadoria e Pensão de servidores: Atualizações conforme Emenda 103/2019 Políticas Públicas Introdução à Emenda Constitucional nº 103/2019 Enap, 2022 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s José Guilherme Magalhães e Silva (conteudista, 2022); Diretoria de Desenvolvimento Profissional. Sumário Unidade 1: Conceituando a EC nº 103/2019 e o RPPS dos Servidores Civis da União ........................................................................................5 1.1 O que é a EC nº 103/2019 .......................................................................................... 5 1.2 O RPPS dos servidores civis da União ...................................................................... 8 Referências ..................................................................................................................... 11 Unidade 2: Principais Tópicos da Emenda Constitucional nº 103/2019 .. 12 2.1 Alteração das regras de aposentadoria ................................................................. 12 2.2 Alteração do benefício de pensão por morte ....................................................... 13 2.3 Proibição da criação de novos regimes próprios de previdência social e de novos benefícios previdenciários, e obrigação da instituição de regime complementar. ......... 14 2.4 Novas alíquotas de contribuição previdenciária .................................................. 15 Referências ..................................................................................................................... 18 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apresentação e Boas-vindas O curso “Aposentadoria e Pensão de servidores: Atualizações conforme Emenda 103/2019” é estruturado em quatro módulos. No primeiro módulo, é apresentado um panorama geral com as principais alterações ensejadas pela Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a). No segundo módulo, são apresentadas as regras de aposentadoria voluntária. No terceiro módulo, são apresentadas as regras de aposentadoria por incapacidade permanente e aposentadoria compulsória. No quarto módulo, são elencadas as normas aplicáveis ao benefício de Pensão por morte. O objetivo do curso não é esgotar o tema, uma vez que a reforma trata de uma enorme quantidade de questões, assim, é recomendável ler o texto integral da Emenda após encerrar esse curso, de forma a conhecer tópicos não abordados aqui. A proposta do curso não é fazer uma defesa ou uma crítica da norma, mas sim apresentar, de forma educativa, o novo regramento aplicável a esse tema de grande importância. 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Introdução à Emenda Constitucional nº 103/20191 Nesse módulo, você verá uma apresentação conceitual da Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) e dos regimes de Previdência Social. Além disso, é apresentado um panorama geral das alterações ensejadas por essa EC. A ideia aqui é que você tenha uma noção do impacto da reforma sobre o modelo previdenciário brasileiro. É importante destacar que o foco aqui são as mudanças referentes ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores civis da União. Entretanto, sempre que possível, será indicada a aplicabilidade dos dispositivos aos servidores de estados, Distrito Federal e municípios 1.1 O que é a EC nº 103/2019 Unidade 1: Conceituando a EC nº 103/2019 e o RPPS dos Servidores Civis da União Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de identificar a Reforma da Previdência como uma emenda constitucional que alterou diversas disposições aplicáveis ao regime de previdência social dos servidores civis da União. Ao longo de sua vida, o brasileiro trabalha, mas sem perder de vista o momento em que poderá migrar para a inatividade remunerada. É difícil não pensar também nas dificuldades pelas quais passarão as pessoas que dependem economicamente desse trabalhador caso, por uma infelicidade, este venha a falecer. Para garantir a aposentadoria dos trabalhadores e os benefícios mensais daqueles que já não podem prover suas próprias necessidades econômicas, a Constituição Federal Brasileira prevê, dentre os direitos sociais, a previdência social. De acordo com o art. 1º da Lei nº 8.213/1991: 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública “A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente” (BRASIL, 1998). Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, foram publicadas diversas emendas constitucionais que alteram o regulamento aplicável à previdência social. De acordo com a Exposição de Motivos (EM) nº 29/2019/ME (BRASIL, 2019b), por meio da qual o Ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n.º 6/2019 (BRASIL, 2019c), tais alterações não foram o suficiente para reduzir as desigualdades socioeconômicas e evitar o crescente déficit previdenciário, o que, segundo esse mesmo documento, contribuiu para a explosão do endividamento público, provocando um ambiente macroeconômico instável e ameaçando a subsistência do sistema previdenciário brasileiro. Para saber mais sobre a Exposição de Motivos (EM) nº 29/2019/ ME (BRASIL, 2019b), leia o texto, na íntegra, aqui. O cenário descrito se dá em um contexto de transformação demográfica, com a redução das taxas de mortalidade, diminuição da fecundidade e aumento da expectativa de vida. Nesse sentido, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), de 1940 a 2019, a esperança de vida do brasileiro aumentou em 31,1 anos. O Brasil vive uma transformação da pirâmide demográfica, marcada pelo envelhecimento da população. Esse processo resulta em uma ameaça à sustentabilidade do modelo previdenciário, eis que há cada vez mais pessoas dependentes do benefício, diante de uma proporção menor de contribuintes ativos. Há uma deterioração da relação entre contribuintes e beneficiários, de forma http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7 que, conforme disposto na referida Exposição de Motivos (BRASIL, 2019b), hoje há uma relação de dois contribuintes para cada beneficiário, mas por volta da década de 2050 haverá menos de um contribuinte para cada beneficiário. Pirâmide demográfica da relação entre contribuintes e beneficiários. Fonte: Elaboração: CEPED/UFSC Assim, a PEC nº 6/2019 (BRASIL, 2019c), popularmente conhecida como “Reforma da Previdência”, de autoria do Poder Executivo Federal, é apresentada como uma resposta necessária às perspectivas de insustentabilidade e desequilíbrio dos regimes geral e próprio de Previdência Social. De acordo com a EM nº 29/2019 (BRASIL, 2019b), a ideia é instituir um modelo sustentável e justo, onde cada brasileiro, de acordo com sua realidade econômica, contribui para a continuidade da proteção previdenciária, equilibrando as finanças e cooperando para um ambiente macroeconômico estável. A PEC nº 6/2019 (BRASIL, 2019c), é apresentada para a deliberação do Congresso Nacional em 20 de fevereiro de 2019, sendo objeto de um intenso debate político até a aprovação. Em 13 de novembro de 2019 foi publicada, no Diário Oficial da União, a Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019 (BRASIL, 2019a), que alterou o sistema de previdência social e estabeleceu regras de transição e disposições transitórias. 8Enap Fundação Escola Nacional deAdministração Pública Para saber mais sobre a Emenda Constitucional n.º 103 de 12 de novembro de 2019 (BRASIL, 2019a), clique aqui. A norma alterou parte dos regramentos aplicáveis ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores civis da União, podendo estas inovações serem estendidas aos servidores de estados, Distrito Federal e municípios. As alterações se referem, principalmente, aos benefícios de Aposentadoria e Pensão por Morte. 1.2 O RPPS dos servidores civis da União O modelo previdenciário brasileiro comporta diferentes regimes de previdência, que se diferenciam no que diz respeito aos filiados, os benefícios previstos, os requisitos para concessão etc. Atualmente existem três possibilidades de regime diferentes. (A) Regime Geral de Previdência Social (RGPS) Sistema de repartição público, regido pela Lei nº 8.213/1991 (BRASIL, 1998) e legislação complementar, e gerenciado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), ao qual se encontram vinculados os trabalhadores do setor privado, empregados públicos (funcionários de empresas estatais) e trabalhadores do setor público não amparados por regime próprio de previdência social. É o regime com a maior cobertura no Brasil, atendendo situações como incapacidade, idade avançada, encargos da família, morte e reclusão. (B) Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) A Constituição permite também a existência de regimes próprios de previdência social (RPPS), aplicáveis aos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e aos militares da União, Estados e do Distrito Federal, a serem criados pelos próprios entes, na forma da Lei n.º 9.717/1998. A criação do RPPS não é obrigatória, havendo entes federativos cujos servidores efetivos estão submetidos ao RGPS. De acordo com a supracitada Exposição de Motivos (BRASIL, 2019b), em 2019 existiam no Brasil mais de 2.130 RPPS, incluindo o da União, de todos os estados, de todas as capitais e de cerca de 2.080 municípios, cobrindo cerca de 5,7 milhões de servidores ativos e 3,8 milhões de aposentados e pensionistas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 (C) Regime de Previdência Comp (RPC) Regime de caráter complementar e organizado de forma autônoma ao RGPS e aos regimes próprios. O modelo é regulamentado pelas Leis complementares n.º 108 e 109, ambas de 2001. O objetivo do RPC é trazer segurança previdenciária adicional àquela oferecida pela previdência pública. O RPC é organizado em segmento aberto (planos de previdência oferecidos a qualquer indivíduo por bancos e seguradoras) e fechado (fundos de pensão, nos quais os planos de benefícios são restritos aos vinculados à empresa ofertante, órgão público ou membros de entidades de classe instituidoras). Os servidores civis da União são atendidos por 3 entidades fechadas de previdência complementar, denominadas Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe), Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Legislativo (Funpresp-Leg) e Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud), criadas pela Lei n.º 12.618/2012. A adesão ao RPC pelos servidores civis da União é obrigatória para os servidores que ingressaram após 04 de fevereiro de 2013 e facultativa aos demais. Agora você já conheceu as três diferentes possibilidades de regimes, o foco passa a ser o objeto de estudo específico: o RPPS dos servidores civis da União. Os servidores civis da União estão vinculados a Regime Próprio de Previdência Social cuja normatização é prevista na Constituição Federal (e em suas emendas, como a EC nº 103/2019), na Lei n.º 8.112/1990 e sua legislação complementar. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos tem caráter contributivo e solidário, sendo custeado mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Dessa forma, as contribuições previdenciárias de servidores, aposentados e pensionistas custeiam benefícios vigentes e garantem a sobrevivência do regime que deve lhes garantir esses mesmos benefícios futuramente, caso cumpridos os requisitos. O rol de benefícios dos regimes próprios de previdência social é composto da seguinte forma de acordo com o art. 9º, §2º, da EC n.º 103/2019 (BRASIL, 2019a): 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Benefícios dos regimes próprios de previdência social. Fonte: Brasil (2019a). Fonte: Elaboração: CEPED/UFSC (2020). As disposições da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) alteraram substancialmente o regramento aplicável aos benefícios de aposentadoria e pensão do regime de previdência dos servidores civis da União, principalmente no que se refere aos requisitos para concessão e formas de cálculo. Assim, é fundamental que os servidores busquem conhecer a reforma da previdência e os impactos que a sua aprovação trouxe sobre seus benefícios. Com isso você chegou ao fim do estudo desta unidade! Caso tenha dúvidas, retome o estudo dos conteúdos já apresentados. Benefício Conceito Aposentadoria Momento em que o contribuinte ativo migra para a situação de inativo, voluntariamente, pelo advento da idade máxima permitida ou, nos termos apresentados pela Reforma da Previdência, por incapacidade permanente para o trabalho. Pensão Benefício pago a familiares e/ou dependentes econômicos do contribuinte, desde que configurada hipótese legal de concessão. A duração e forma de cálculo do benefício dependem da hipótese de concessão em que se enquadra o beneficiário e de características do próprio ex servidor, denominado nesse caso como instituidor do benefício, como o fato deste estar ou não aposentado à época do óbito. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/ emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 ago. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2019 Breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Rio de Janeiro, RJ, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/ periodicos/3097/tcmb_2019.pdf. Acesso em: 08 fev. 2022 BRASIL. Ministério da Economia. Exposição de Motivos nº 00029, de 20 de fevereiro de 2019. 2019b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Proposta de Emenda À Constituição nº 6, de 20 de fevereiro de 2019. Modifica o sistema de previdência social, estabelece regras de transição e disposições transitórias, e dá outras providências. . Brasília, DF, 2019c. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/ prop_mostrarintegra;jsessionid=node0qekavst8snku1lyegw2ogauz927771417. node0?codteor=1712459&filename=PEC+6/2019. Acesso em: 25 jan. 2022. Referências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/3097/tcmb_2019.pdfhttps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/3097/tcmb_2019.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node0qekavst8snku1lyegw2ogauz927771417.node0?codteor=1712459&filename=PEC+6/2019 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node0qekavst8snku1lyegw2ogauz927771417.node0?codteor=1712459&filename=PEC+6/2019 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node0qekavst8snku1lyegw2ogauz927771417.node0?codteor=1712459&filename=PEC+6/2019 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.1 Alteração das regras de aposentadoria Unidade 2: Principais Tópicos da Emenda Constitucional nº 103/2019 Objetivo de aprendizagem Ao final desta Unidade, a partir de uma leitura sobre os principais tópicos da Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), você será capaz de identificar tópicos dessa EC aplicáveis, de forma geral, aos benefícios de aposentadoria e pensão por morte. A Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) não é conhecida como uma “reforma” à toa. A norma alterou diversos pontos do regramento aplicável aos filiados e beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e dos regimes próprios de previdência social (RPPS) da União, estados, Distrito Federal e municípios. A seguir, serão apresentados os principais tópicos da reforma aplicáveis ao RPPS dos servidores civis da União, de forma que você entenda o tamanho do impacto da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) sobre o regramento previdenciário brasileiro. Esse talvez seja o tópico de maior interesse por parte dos servidores federais, que contribuem mensalmente para o RPPS com a expectativa de eventualmente migrarem para a inatividade remunerada. Em síntese, a EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a): • Altera a idade mínima para concessão de aposentadoria voluntária aos servidores civis da União. • Altera a forma de cálculo dos proventos de aposentadoria. • Desconstitucionaliza os requisitos de tempo de contribuição, efetivo serviço público e tempo no cargo, tema que agora deve ser regulamentado por lei complementar. No caso dos servidores civis da União, devem ser obedecidos os critérios estabelecidos pela própria EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), enquanto não sobrevier lei complementar federal. • Prevê regras de transição aplicáveis aos servidores civis da União que tenham ingressado no serviço público até 12/11/2019 (véspera da publicação da EC nº 103/2019). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 • Preserva o “direito adquirido” em favor dos servidores civis da União que atendessem os requisitos para as regras anteriormente vigentes de aposentadoria voluntária até 12/11/2019, o que se estende também ao direito ao Abono de Permanência. Dessa forma, cumpridos todos os requisitos para determinada regra até 12/11/2019, o servidor mantém o direito a se aposentar ou requerer o Abono de Permanência com fulcro nas regras anteriormente vigentes à publicação da reforma. • Revoga, em relação aos servidores civis da União, as normas anteriormente vigentes de aposentadoria, incluindo os arts. 2º e 6º da EC nº 41/2003 (BRASIL, 2003) e art. 3º da EC nº 47/2005 (BRASIL, 2005), mas preservando o direito adquirido, conforme citado anteriormente. • Substitui a “Aposentadoria por Invalidez” pela “Aposentadoria por Incapacidade Permanente”, medida excepcional, a ser adotada quando não for possível a readaptação do servidor. Nesse sentido, a readaptação passa a ser mais flexível, podendo ser designadas ao servidor atribuições diversas daquelas ligadas ao cargo de origem, desde que compatíveis com a escolaridade, habilitação e com as limitações físicas e intelectuais do interessado. As mudanças são aplicáveis imediatamente aos servidores da União. Em relação aos servidores de estados, DF e municípios, devem ser aplicadas as normas anteriores à entrada em vigor da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), enquanto não for publicada norma de competência do respectivo ente subnacional. 2.2 Alteração do benefício de pensão por morte A reforma também altera, profundamente, a forma de cálculo do benefício de pensão por morte, bem como dispõe sobre hipóteses de acumulação. Veja a seguir quais são essas alterações: • É alterada a forma de cálculo do benefício de pensão por morte, que agora passa a variar de acordo com a situação do instituidor do benefício à época do óbito (se ativo ou aposentado), com o número de pensionistas habilitados e com a existência ou não de beneficiário inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave. Em regra, quanto maior o número de beneficiários, maior será a cota do benefício a ser repartido em partes 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública iguais pelos pensionistas, até o limite de 100% do valor (art. 23 da EC n.º 103/2019) (BRASIL, 2019a). • Em hipótese de exclusão de beneficiário, fica vedada a reversão das cotas aos demais pensionistas, sendo garantida, entretanto, a nova repartição das cotas de acordo com o número de beneficiários (art. 23, §1º, da EC n.º 103/2019) (BRASIL, 2019a). • O benefício de pensão passa a poder ser inferior a um salário mínimo. O piso do salário mínimo só é garantido quando se tratar da única fonte de renda formal (art. 40, §7º, da CF88, com a nova redação dada pela EC n.º 103/2019) (BRASIL, 2019a). • Há limitações à acumulação de pensões de cônjuge ou companheiro com outros benefícios previdenciários. Em determinadas hipóteses, o pensionista vai fazer jus ao valor integral do benefício de maior valor e a uma parcela do benefício de menor valor, garantida a possibilidade de revisão em caso de alteração dos valores dos benefícios (art. 24, §§1º e 2º, da EC n.º 103/2019) (BRASIL, 2019a). Já a acumulação de duas pensões de cônjuge ou companheiro no âmbito do mesmo regime de previdência social só será admitida caso cumpridos, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) sejam do mesmo instituidor; b) sejam decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma do art. 37, XVI, da Constituição Federal (art. 24, caput, da EC n.º 103/2019) (BRASIL, 2019a). Tais normas são aplicáveis aos óbitos ocorridos a partir de 13/11/2019 (data da publicação da reforma). Caso o óbito tenha ocorrido anteriormente, deve ser aplicada a legislação em vigor à época. 2.3 Proibição da criação de novos regimes próprios de previdência social e de novos benefícios previdenciários, e obrigação da instituição de regime complementar. Um pilar da reforma da previdência é a criação de um novo modelo previdenciário capitalizado e equilibrado, destinado às próximas gerações segundo o item 13 da Exposição de Motivos nº 29/2019/ME (BRASIL, 2019b). Assim, a EC n.º 103/2019 veda a criação de novos regimes próprios e estimula a criação de regimes de previdência complementar, assim como explicitado a seguir: Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 • Fica vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, por qualquer ente federativo (art. 40, §22, da CF88, incluído pela EC nº 103/2019) (BRASIL, 2019a). • Lado outro, ficam os entes federados obrigados a instituir Regime de Previdência Complementar (RPC) no prazo de 2 anos a partir da entrada em vigor da reforma (art. 9º, §6º, da EC nº 103/2019) (BRASIL, 2019a). A União se encontra em dia com tal obrigação, tendo instituído seu RPC por meio da Lei nº 12.618/2012. • Além disso, a reforma limita o rol de benefícios dos regimes próprios de previdência social às aposentadorias e à pensão por morte (art. 9º, §2º, da EC nº 103/2019) (BRASIL, 2019a). Outros benefícios que já existam passam a ser considerados como benefícios estatutários (e não mais previdenciários), devendo correr por conta do tesouro dos entes federativos e nãoà conta do RPPS. Tais normas são aplicáveis imediatamente à União, estados, DF e municípios. 2.4 Novas alíquotas de contribuição previdenciária Anteriormente à publicação da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a), a contribuição previdenciária correspondia a 11% da base de cálculo. A reforma alterou o modelo de cálculo da contribuição previdenciária dos filiados ao RPPS dos servidores civis da União. A referida EC altera esse modelo, prevendo alíquotas progressivas, de forma que quem ganhe mais pague mais. A tabela abaixo informa as alíquotas aplicadas em 2021, conforme Portaria SEPRT/ME nº 636/2021 (BRASIL, 2021). 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública É importante saber que: • Tais alíquotas não incidem sobre a totalidade da remuneração, mas sim sobre cada faixa de remuneração. • Essas alíquotas valem para todos os servidores da União, inclusive para quem ingressou na carreira após a instituição do RPC. Entretanto, para servidores que ingressaram após esse marco (04/02/2013 para os servidores do Executivo e 07/05/2013 para servidores do Legislativo Federal), tendo em vista que a contribuição previdenciária se limita ao teto do RGPS, a progressividade terá como teto de contribuição o limite máximo dos benefícios do RGPS. Assim, para esse grupo de servidores, a alíquota mais elevada não ultrapassará 14%. • Além disso, a reforma revogou o art. 40, §21, da CF88, que dispunha que a contribuição previdenciária sobre proventos de Aposentadoria e Pensão por morte incidiria apenas sobre a parcela que exceder o dobro do teto estabelecido para os benefícios do RGPS, quando o beneficiário se tratasse de portador de doença incapacitante (BRASIL, 1988). Ou seja, até a publicação da reforma, aposentados e pensionistas portadores de doença incapacitante, que recebiam proventos que não excediam o dobro do teto do RGPS não tinham desconto de contribuição previdenciária. Tal benefício foi revogado. SALÁRIO-CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTAS Até um salário mínimo (R$1.100,00) 7,5% De R$ 1.100,01 até R$ 2.203,48 9% De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22 12% De R$ 3.305,23 até R$ 6.433,57 14% De R$ 6.433,58 até R$ 11.017,42 14,5% De R$ 11.017,43 até R$ 22.034,83 16,5% De R$ 22.034,84 até R$ 42.967,92 19% Acima de R$ 42.967,92 22% Alíquotas Progressivas baseadas no salário. Fonte: Portal do Governo Federal (2022). É importante saber que: Fonte: Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 A publicação da EC nº 103/2019 (BRASIL, 2019a) criou dúvidas entre os interessados e aplicadores do direito sobre a entrada em vigência de suas inovações e sobre a aplicabilidade a estados, DF e municípios. Assim, o Ministério da Economia publicou a Nota Técnica SEI nº 12212/2019/ME (ME, 2019), de 22/11/2019, com a análise das regras constitucionais da reforma previdenciária aplicáveis aos RPPS. Clique aqui para conferir uma síntese das conclusões apresentadas. Ao chegar até aqui você finalizou o estudo desta unidade! Acesse a atividade avaliativa no ambiente virtual de aprendizagem para refletir sobre o que foi apresentado até aqui. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/assuntos/previdencia-no-servico-publico/legislacao-dos-rpps/aplicacao-da-emenda-constitucional-no-103-de-2019-aos-rpps 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição e disposições transitórias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 13 nov. 2019a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/ emc103.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003. Modifica os arts. 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal, revoga o inciso IX do § 3 do art. 142 da Constituição Federal e dispositivos da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 31 dez. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 47, de 05 de julho de 2005. Altera os arts. 37, 40, 195 e 201 da Constituição Federal, para dispor sobre a previdência social, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 06 jul. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ emendas/emc/emc47.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. BRASIL. Ministério da Economia. Exposição de Motivos nº 00029, de 20 de fevereiro de 2019. 2019b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm. Acesso em: 25 jan. 2022. Brasil. Ministério da Economia. Portaria oficializa reajuste de 5,45% nos valores de contribuição dos servidores da União. Portal gov.br, 2021. Acesso em: 31 jan. 2022 BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Portaria nº 636, de 13 de janeiro de 2021. Dispõe sobre o reajuste dos valores previstos nos incisos II a VIII do § 1º do art. 11 da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, que trata da aplicação das alíquotas da contribuição previdenciária prevista nos arts. 4º, 5º e 6º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. (Processo nº 10133.100018/2021-91). Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 jan. 2021. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-seprt/me-n-636- de-13-de-janeiro-de-2021-298903520. Acesso em: 26 jan. 2022. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. SEI 12212: ANÁLISE DAS REGRAS CONSTITUCIONAIS DA REFORMA PREVIDENCIÁRIA APLICÁVEIS AOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS ENTES FEDERADOS SUBNACIONAIS. Brasília: Ministério da Economia, 2019. 38 p. Referências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc47.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/REFORMA%202019/ME/2019/00029.htm https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-seprt/me-n-636-de-13-de-janeiro-de-2021-298903520 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-seprt/me-n-636-de-13-de-janeiro-de-2021-298903520 Unidade 1: Conceituando a EC nº 103/2019 e o RPPS dos Servidores Civis da União 1.1 O que é a EC nº 103/2019 1.2 O RPPS dos servidores civis da União Referências Unidade 2: Principais Tópicos da Emenda Constitucional nº 103/2019 2.1 Alteração das regras de aposentadoria 2.2 Alteração do benefício de pensão por morte 2.3 Proibição da criação de novos regimes próprios de previdência social e de novos benefícios previdenciários, e obrigação da instituição de regime complementar. 2.4 Novas alíquotas de contribuição previdenciária Referências
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