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Tema 4 - Regime Próprio de Previdência dos Servidores

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Regime Próprio de Previdência dos Servidores
Prof. Thiago Alencar Alves Pereira
Descrição
Análise do Regime Próprio de Previdência Social, a partir de seus conceitos fundamentais e de uma
abordagem comparatista com o regime geral de previdência.
Propósito
O Regime Próprio de Previdência Social, conhecido como regime de previdência dos servidores públicos,
integra o sistema público de proteção social, ao lado do regime geral de previdência social. O sistema de
proteção previdenciário faz parte do macrossistema de proteção social, a seguridade social, em que são
espécies, ainda, a saúde e a assistência social. Conhecer o instituto é fundamental para o operador do
Direito.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Constituição Federal, as Leis nº 9.717/1998, 10.887/2004,
8.212/1991 e 8.213/1991.
Objetivos
Módulo 1
A seguridade social
Reconhecer os conceitos fundamentais da previdência do servidor público.
Módulo 2
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS)
Analisar as principais regras e os benefícios previdenciários do RPPS.
Introdução
O regime de previdência social do servidor público vem sofrendo enormes transformações desde que foi
introduzido na Constituição Federal de 1988. Assim, os servidores públicos e os militares viram seu regime
de proteção social contributivo sofrer alterações advindas da EC 03/1993, 19/1998, 20/1998, 41/2003,
47/2005, 70/2012 e 103/2019, além de diversas decisões judiciais que deram sentido a palavras,
expressões e conteúdos indeterminados a dispositivos constitucionais e legais.
O caput do artigo 40 da Constituição dispõe que "o Regime Próprio de Previdência Social dos servidores
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente

federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial”.
Portanto, o Regime Próprio de Previdência Social tem como benefícios mínimos a aposentadoria e pensão
por morte previstos no art. 40 da Constituição Federal e, no máximo, os mesmos benefícios previstos no
Regime Geral de Previdência Social.
1 - A seguridade social
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos fundamentais da
previdência do servidor público.
Ligando os pontos
Você sabe o que é seguridade social? Conseguiria identificar as diferenças entre saúde, assistência social e
previdência social? Vamos lá.
Em junho de 2019, entrou em vigor, na cidade do Rio de Janeiro, a Lei nº 6.603, que institui o Programa de
Fornecimento de Absorventes Higiênicos nas escolas públicas do Município. A proposta origina-se no
Projeto de Lei nº 798, de 2018, do vereador Leonel Brizola Neto, que o submeteu à apreciação da Câmara
Municipal.
A iniciativa consiste no fornecimento de absorventes higiênicos para estudantes do sexo feminino, visando
à prevenção de doenças, bem como à evasão escolar. A distribuição será feita por meio de máquinas de
reposição instaladas nos banheiros das escolas públicas da rede municipal. Poderia, igualmente, ser
distribuída em cestas básicas, por meio do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan),
já que se trata de item de higiene pessoal ligada à assistência social.
É que a seguridade social, dividida em saúde, assistência social e previdência, tem como espécies não
contributivas a saúde (todos) e assistência social (apenas vulneráveis), podendo algumas políticas sair por
uma ou outra, a depender do público que se deseja tocar.
Em matéria publicada no Jornal O Globo, de 14 de junho de 2019, o autor da proposta e presidente da
Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara Municipal esclareceu que a demanda partiu
das próprias famílias. Em visitas feitas pela Comissão às escolas públicas, essas famílias relataram
dificuldades financeiras para a compra dos produtos e situações de constrangimento vividas pelas alunas,
que resultam em sucessivas faltas às aulas. É um problema real para as adolescentes, configurando a
chamada precariedade menstrual.
A falta de acesso a produtos de higiene para lidar com o período menstrual traz enormes riscos à saúde
dessas jovens, muitas vezes em virtude das soluções precárias e insalubres a que recorrem. É o caso de
Anita, moradora do bairro Pedrinhas, Rio de Janeiro. Ela vive em situação de extrema pobreza e
mensalmente falta às aulas porque não tem condições de adquirir absorventes.
Anita por diversas vezes buscou a Secretaria de Estado da Saúde para ter acesso ao absorvente, mas foi
informada de que se trataria de política de assistência social. Da forma como foi confeccionada a Lei nº
6.603/2019 do Rio de Janeiro, o Programa de Fornecimento de Absorventes Higiênicos nas escolas
públicas do município é destinado apenas a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
O tema da distribuição de absorventes tomou conhecimento nacional com a Lei nº 14.214, de 6 de
outubro de 2021, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. A necessidade
de Anita, no Rio de Janeiro, pode ser atendida pela Lei nº 6.603/2019. De acordo com o caso e com
olhos na Lei nº 6.603/2019 do Rio de Janeiro, você, na condição de gestor, decidiria por:
Parabéns! A alternativa E está correta.
A seguridade social, dividida em saúde, assistência social e previdência social, tem como subsistema
contributivo a previdência social, sendo a saúde e assistência social não contributivos. Entretanto, a
assistência social é vocacionada apenas a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A
distribuição de absorventes a mulheres vulneráveis é uma política da assistência social que pode ser
feita no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan).
Questão 2
O tema da distribuição de absorventes tomou conhecimento nacional com a Lei nº 14.214, de 6 de
outubro de 2021, que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. A necessidade
de Anita pode ser política de saúde ou de assistência social. De acordo com o caso e com olhos na Lei
nº 14.214/2021, você, na condição de gestor, decidiria por:
A conceder a distribuição de absorventes como uma política pública pertencente à
previdência social.
B
conceder a distribuição de absorventes a mulheres vulneráveis como uma política
pública estritamente pertencente à saúde.
C
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente à previdência social, pois apenas quem contribui tem direito.
D
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente à saúde.
E
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente à assistência social.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A seguridade social, dividida em saúde, assistência social e previdência social, tem como subsistema
contributivo a previdência social, sendo a saúde e assistência social não contributivos. A Lei nº 14.214,
de 6 de outubro de 2021, inclui a distribuição de absorventes como política de saúde, o que denota
acesso a todos, independentemente da condição de vulnerabilidade.
Questão 3
Imagine que você é consultor jurídico de determinado deputado e ele peça uma análise jurídica sobre
projeto lei que visa incluir a distribuição de camisinhas femininas gratuitamente no carnaval. Pretende o
deputado que as camisinhas sejam distribuídas tão somente a mulheres vulneráveis, de modo a reduzir o
impacto orçamentário e financeiro da medida. Em breves linhas, qual a sua recomendação?
A conceder a distribuição de absorventes como uma política públicapertencente à
previdência social.
B
conceder a distribuição de absorventes a mulheres vulneráveis como uma política
pública pertencente à saúde.
C
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente a previdência social, pois apenas quem contribui tem direito.
D
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente à saúde.
E
conceder a distribuição de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do
Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), como uma política
pública pertencente à assistência social.
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
A seguridade social, dividida em saúde, assistência social e previdência social, tem como subsistema
contributivo a previdência social, sendo a saúde e assistência social não contributivos. Entretanto, a
assistência social é vocacionada apenas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, de modo
que, para haver distribuição apenas a pessoas vulneráveis, o programa deve sair pela assistência
social.
Sob o ponto de vista da saúde, qualquer mulher, vulnerável ou não, teria direito à camisinha feminina.
Portanto, a recomendação é que a distribuição das camisinhas femininas ocorra a quem não possui
condições financeiras, utilizando-se do Cadastro Único (CadÚnico), que é um conjunto de informações
sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. Essas informações são
utilizadas pelo Governo Federal, pelos estados e municípios para implementação de políticas públicas
capazes de promover a melhoria da vida dessas famílias.
Conceito e origem de seguridade social
A seguridade social está conceituada no art. 194 da Constituição Federal como conjunto de ações do Poder
Público e da sociedade, possuindo três espécies de proteção: saúde, assistência e previdência. Eis a dicção
do dispositivo:
Conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
(Art. 194 da CF)
O termo seguridade social é um conceito estruturante das políticas sociais, cuja principal característica é
expressar o esforço de garantia universal da prestação de benefícios. A evolução da proteção estatal contra
os riscos sociais, que podem levar o povo à miséria, pondo em risco a paz social, deve ser contada dentro
do contexto do nascimento e desenvolvimento do Estado social, após a queda dos modelos absolutistas e
liberais. A proteção social iniciou-se no Brasil e no mundo com tímidas medidas de assistência social,
culminando com o nascimento do sistema de seguridade social brasileiro em 1988, com a promulgação da
atual Constituição, abarcando a previdência, a assistência e a saúde.
A expressão seguridade social é de origem anglo-saxônica, tendo por referência certas políticas do início do
século XX. Mas ela aparece pela primeira vez no documento de lançamento do Social Security Act, que
instituiu a Previdência Social norte-americana, em 1935. Sua base de financiamento é bem mais ampla que
a do seguro social, conceito que orientou a política previdenciária brasileira desde os anos de 1920,
organizada sob inspiração do modelo alemão, criado por Bismark na segunda metade do século XIX.
Otto Von Bismarck (1815-1898)
As primeiras iniciativas de benefícios previdenciários que vieram a constituir a seguridade social no século
XX nasceram na Alemanha, no final do século XIX, mais precisamente em 1883, durante o governo do
chanceler Otto Von Bismarck, em resposta às greves e pressões dos trabalhadores.
O modelo bismarckiano é considerado um sistema de seguros sociais, porque suas características
assemelham-se às de seguros privados (BOSCHETTI; SALVADOR, 2006, p. 25-57). Observe a seguir:
No que se refere aos direitos, os benefícios cobrem principalmente (e às vezes exclusivamente) os
trabalhadores.
O acesso é condicionado a uma contribuição direta anterior, e o montante das prestações é proporcional
à contribuição efetuada.
Quanto ao financiamento, os recursos são provenientes, fundamentalmente, da contribuição direta de
empregados e empregadores, baseada na folha de salários.
Em relação à gestão, teoricamente (e originalmente), cada benefício é organizado em caixas, que são
geridas pelo Estado, com participação dos contribuintes, ou seja, empregadores e empregados.
Em outro contexto econômico e político, durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1942, é
formulado na Inglaterra o Plano Beveridge, que apresenta críticas ao modelo bismarckiano vigente até então
e propõe a instituição do Welfare State. No sistema beveridgiano, os direitos têm caráter universal,
destinados a todos os cidadãos incondicionalmente ou submetidos a condições de recursos, mas
garantindo mínimos sociais a todos em condições de necessidade. O financiamento é proveniente dos
impostos fiscais, e a gestão é pública, estatal. Os princípios fundamentais são a unificação institucional e
uniformização dos benefícios.
Com a publicação do Relatório Beveridge, em 1942, Social security passou a apresentar um significado mais
próximo do atual. De acordo com o relatório, foi encomendado pelo governo inglês ao renomado
economista Sir. William Beveridge que desenhasse uma política de libertação das pessoas da condição
pobreza. Esse movimento, que desembocou nas reformas sociais inglesas de 1945-1948, também resultou
na inscrição da seguridade social como um dos direitos fundamentais na Carta dos Direitos Humanos de
1948, com a fundação das Nações Unidas.
Evolução legislativa no Brasil
No Brasil, a doutrina atribui ao Decreto-legislativo nº 4.682/1923 (Lei Eloy Chaves) o início da proteção
social. O decreto criou, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no país, uma caixa de
aposentadoria e pensões para os respectivos empregados.
A Constituição de 1824 é considerada a primeira a tratar de matéria securitária no Brasil. Estabeleceu a
instituição das Casas de Socorros Públicos, consideradas embriões das Santas Casas de Misericórdia.
Após os atos normativos citados, vieram outros:
Constituição de 1937 - Primeira a utilizar a expressão "Seguro Social".
Constituição de 1946 - Primeira a empregar a expressão "Previdência Social".
Lei nº 3.807/1960 - LOPS - Responsável pela uniformização da legislação previdenciária dos diversos
Institutos Previdenciários.
LC nº 11/1971 (FUNRURAL) - Previdência Social dos trabalhadores rurais.
Lei nº 5.859/1972 (domésticos) - Inicio da proteção social para os trabalhadores rurais e domésticos.
Lei nº 6.439/1977 - SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social): IAPAS - INAMPS -
INPS - LBA - CEME - DATAPREV (ainda existe) - FUNABEM.
Constituição de 1988 - Inaugurou o Sistema de Seguridade Social, formado pelos subsistemas
Assistência Social, Previdência Social e Saúde.
Lei nº 8.029/1990 - Criação do INSS: fusão do INPS (benefícios) com IAPAS (custeio).
Lei nº 8.212/1991 - Disciplina o Custeio da seguridade social.
Lei nº 8.213/1991 - Disciplina o Plano de Benefícios do Regime Geral da Previdência Social.
Com a subida dos militares ao poder, em 1964, ocorreu uma mudança nas relações entre o Estado e a
classe trabalhadora. Atingidos a partir de então pela intervenção federal, os sindicatos e os institutos de
aposentadoria foram pouco a pouco conduzidos à despolitização. O novo regime procurou imprimir à
previdência social o domínio do princípio administrativo-tecnocrático, excluindo a participação e a influência
dos líderes trabalhistas e dos segurados nas decisões da política previdenciária.
A unificação dos institutos de aposentadoria e pensões, além de constituir uma tentativa de solução para a
crise política, financeira e organizacional que a previdência vinha enfrentandodesde o final da década de
1950, permitiria que ela se tornasse mais facilmente uma questão administrativa da competência do
Estado.
Assim, foi criado o órgão pelo Decreto nº 72, de 21 de novembro de 1966, como resultado da fusão dos
institutos de aposentadoria e pensões do setor privado então existentes:
IAPM
Institutos de aposentadoria e pensões do setor marítimo.
IAPC
Institutos de aposentadoria e pensões dos comerciários.
IAPB
Institutos de aposentadoria e pensões dos bancários.
IAPI
Institutos de aposentadoria e pensões dos industriários.
IAPETEC
Institutos de aposentadoria e pensões dos empregados em transportes e cargas.
IAPFESP
Institutos de aposentadoria e pensões dos ferroviários e empregados em serviços públicos.
Além disso, também houve a criação dos serviços integrados e comuns a todos esses institutos, entre os
quais:
SAMDU
Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência.
SAPS
Serviço de Alimentação da Previdência Social.
Ressalta-se que, de acordo com a Lei nº 11.457/2007, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB)
passou a arrecadar e fiscalizar as contribuições previdenciárias.
Organização e princípios da seguridade social
A organização da seguridade social brasileira vem no tripé saúde, assistência e previdência social.
Apenas a previdência social é contributiva, ou seja, exige contraprestação pecuniária do beneficiário do
regime. A saúde e assistência social não exigem contribuição específica para usufruir dos serviços e
benefícios. Entretanto, em que pese não exigir contribuição, a assistência social impõe que somente
vulneráveis (hipossuficientes) terão acesso ao sistema protetivo.

Princípios da seguridade social
Veja a seguir os princípios regentes da seguridade social.
Os princípios-chave que orientam a política de seguridade social estão explicitados no art. 194 da
Constituição, sendo eles:
Universalidade da cobertura e atendimento
O princípio compreende a universalidade como sinônimo de todos. Ou seja, todas as coberturas - passado
(prevenção), presente (proteção propriamente dita) e futuro (recuperação), e todos os atendimentos -
todos no território nacional, inclusive os estrangeiros, conforme entendimento do STF, têm direito
subjetivo a alguma das formas de proteção do tripé da seguridade social.
Uniformidade e equivalência dos benefícios rurais e urbanos
A uniformidade é vista como igualdade nos benefícios de rurais e urbanos, de modo que o valor das
prestações pagas a urbanos e rurais deve ser proporcionalmente igual, tendo em vista o custeio
(equivalência).
Seletividade e distributividade na prestação de serviços
A seleção de contingências se refere às necessidades e à distribuição de proteção social a quem mais
necessitar.
Irredutibilidade no valor dos benefícios
O art. 201, § 4º, da CF garante o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes o valor real, conforme
critérios estabelecidos em lei. Portanto, é garantia que o valor do benefício não será reduzido. Entretanto,
o Supremo Tribunal Federal entende que o que deve ser preservado é o valor nominal e não o real.
Diversidade da base de �nanciamento
Aqui observamos a aplicação do princípio da solidariedade, que impõe a todos os segmentos sociais —
Poder Público, empresas e trabalhadores — a contribuição na medida de suas possibilidades.
Equidade na forma de participação no custeio
Pilar do sistema contributivo, a equidade exige que haja justiça contributiva. Quanto maior a probabilidade
de a atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser a contribuição.
Caráter democrático dos seus subsistemas (previdência, saúde e assistência)
A gestão da seguridade social é quadripartite, permitindo que os trabalhadores, os empregadores, os
aposentados e o Poder Público participem. É um reflexo da democracia participativa.
Compreendido os conceitos fundamentais da previdência do servidor público, vamos testar nossos
conhecimentos para então avançarmos nossos estudos para o entendimento das principais regras e
benefícios previdenciários do RPPS.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A formação de um sistema de proteção social no Brasil, a exemplo do que se verificou na Europa, deu-
se por um lento processo de reconhecimento da necessidade de que o Estado intervenha para suprir
deficiências da liberdade absoluta — postulado fundamental do liberalismo clássico —, partindo do
assistencialismo para o seguro social, e deste para a formação da seguridade social. Na evolução
histórica do direito previdenciário brasileiro, observou-se diversos institutos e regras, até a consolidação
do que temos atualmente. Assinale a opção correta no que se refere à evolução legislativa nacional:
Parabéns! A alternativa B está correta.
Até o Decreto nº 72, de 21 de novembro de 1966, havia diversos institutos de aposentadoria e pensões
do setor privado — o dos marítimos (IAPM), o dos comerciários (IAPC), o dos bancários (IAPB), o dos
industriários (IAPI), o dos empregados em transportes e cargas (IAPETEC) e o dos ferroviários e
empregados em serviços públicos (IAPFESP) — e dos serviços integrados e comuns a todos esses
institutos — entre os quais o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU) e o
Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS).
A
Ocorreram inúmeras modificações na organização administrativa previdenciária
brasileira ao longo de seu desenvolvimento, tais como a transformação do Fundo de
Assistência e Previdência do Trabalhador Rural em INPS e, em seguida, mediante a CF, a
transformação deste em INSS.
B
O ordenamento jurídico brasileiro coexistiu com inúmeros regimes previdenciários
específicos até a edição do Decreto-lei nº 72/1966, mediante o qual foram unificados os
institutos de aposentadorias e centralizada a organização previdenciária no INPS.
C
O Decreto Legislativo n.º 4.682/1923, também conhecido como Lei Eloy Chaves, é
considerado um marco do direito previdenciário brasileiro, devido ao fato de, por meio
dele, ter sido criado o Ministério da Previdência e Assistência Social.
D
Ao longo de décadas, o Estado brasileiro deixou de conceder diversos direitos sociais a
seus cidadãos, tendo sido instituídos benefícios previdenciários ao trabalhador apenas
com a promulgação da CF.
E
A Constituição Federal de 1934 é considerada retrocedente quanto à proteção ao
trabalhador, haja vista terem sido dela excluídos os benefícios de proteção à
maternidade e os provenientes de acidente de trabalho.
O Decreto nº 72/1966 unificou os institutos de aposentadoria e pensões em uma tentativa de solução
para a crise política, financeira e organizacional que a previdência vinha enfrentando desde o final da
década de 1950.
Questão 2
Com relação à seguridade social e a seus princípios, assinale a opção correta.
Parabéns! A alternativa E está correta.
A
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos ao trabalho,
à saúde, à previdência e à assistência social.
B
A gestão tripartite do sistema previdenciário, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores e dos aposentados e decorrente do caráter democrático e
descentralizado da administração, garante a segurança e a moralidade na
administração desse sistema.
C
O equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário consiste na observação dos
critérios que preservem a sua solvência financeira, de modo a fornecer segurança e
tranquilidade aos segurados e garantir o fomento público em situações de instabilidade
econômica.
D
Constituem objetivos da seguridade social a universalidade e a uniformidade da
cobertura e do atendimento e a inequidade na forma de participação no custeio.
E
Segundo a jurisprudência majoritária do STF, o princípio da irredutibilidade do valor dos
benefícios refere-se apenas ao valor nominal desses benefícios, não resultando na
garantiada concessão de reajustes periódicos, característica relativa à preservação do
valor real.
O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios prevê a manutenção do valor real, de modo a
permitir o poder aquisitivo do segurado. Entretanto, a intepretação dada pelo Supremo Tribunal Federal
é no sentido de manutenção do valor nominal.
2 - Regime Próprio de Previdência Social (RPPS)
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as principais regras e os benefícios
previdenciários do RPPS.
Ligando os pontos
Você percebeu que, desde sua origem, a Constituição Federal de 1988 sofreu diversas intervenções no
sistema previdenciário? Notou que ele cada dia vem se aproximando mais do Regime Geral de Previdência
Social?
Até a EC 20/1998 não era exigida a contribuição, mas apenas o tempo de serviço, com exceção dos
servidores federais, uma vez que a EC 03/1993 ordenou a contribuição aos servidores federais. A EC
20/1998, para evitar discussões sobre a contributividade, ordenou que o tempo de serviço seria contado
como de contribuição.
João é servidor público estadual desde janeiro de 1995, ingressando, portanto, pouco tempo antes das
emendas à Constituição nº 20/1998, 41/2003 e 47/2005, possuindo expectativa de direito a proventos pela
integralidade e reajuste pela paridade. Até o momento, o estado em que João é servidor não fez sua reforma
previdenciária conforme a emenda Constitucional nº 103/2019. A ele foi assegurado regra de transição,
posteriormente revogada pela emenda à constituição nº 41/2003, que trouxe outras regras de transição.
Não bastassem os períodos de pedágio que passaram a ser exigidos, a Emenda à Constituição nº 103/2019
inovou mais uma vez, trazendo regras ainda mais duras. João nasceu em janeiro de 1972 e, caso não
houvesse alterações nas regras, ele se aposentaria. Com base na redação original da Constituição Federal
de 1988, João se aposentaria com 35 anos de tempo de serviço, com integralidade e paridade. Com as
novas regras trazidas pela Emenda à Constituição nº 103/2019, João precisaria de 35 anos de contribuição,
60 anos de idade, 20 anos de efetivo exercício no serviço público, 5 anos de cargos efetivos em que se der a
aposentadoria, podendo optar pelo sistema de pontos ou de pedágio.
Não há mais as regras de transição das emendas à Constituição anteriores, revogadas expressamente.
Todavia, o governo federal, com a finalidade de administrar e executar planos de benefícios de caráter
previdenciário complementar para os servidores públicos, criou a Fundação de Previdência Complementar
do Servidor Público Federal (FUNPRESP), por meio do Decreto nº 7.808/2012. O servidor que migrar para o
regime complementar passará a ter proventos limitados ao teto do Regime Geral de Previdência Social e o
reajuste por índice do RGPS.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
Questão 1
As diversas reformas previdenciárias mudaram o sistema de proteção social dos servidores públicos,
trazendo novas regras que aumentaram o tempo de serviço e de contribuição. A Emenda à Constituição
nº 20/1998 tornou possível a contributividade para todos os entes da federação, algo já existente no
serviço público federal desde 1993, quando a EC nº 03 passou a viger. A EC nº 41/2003 permitiu
proventos pela integralidade e reajuste pela paridade apenas em regras de transição, excluindo do
corpo da constituição. Sobre as reformas, assinale a correta:
A
De janeiro de 1995 até a EC nº 20/1998, o tempo de serviço de João será contado como
tempo de contribuição, desde que ele faça os recolhimentos de contribuição
previdenciária do período.
Parabéns! A alternativa E está correta.
João ingressou no serviço público federal em janeiro de 1995, já no sistema contributivo, pois a
Emenda Constitucional nº 03/1993 passou a exigir contribuição apenas de servidores federais. Como
ingressou antes da Emenda Constitucional nº 20/1998 (16 dez. 1998), foram asseguradas a João as
regras de transição com proventos pela integralidade e reajuste pela paridade, tanto pela Emenda
Constitucional nº 41/2003 quanto pela nº 47/2005.
Questão 2
Observando as alterações constitucionais ao longo da história, é notável que a Emenda Constitucional
nº 41/2003, art. 6º, e a Emenda Constitucional nº 47/2005, art. 3º, asseguraram integralidade dos
proventos e paridade nos reajustes. Podemos dizer que João terá direito a aposentadoria:
B Desde a nova ordem constitucional, instituída em 5 de outubro de 1984, os servidores
federais somente se aposentavam se houvesse contribuição e idade mínima.
C
Desde a Emenda Constitucional nº 20/1988, exige-se apenas contribuição para os
servidores públicos poderem se aposentar.
D
A Emenda Constitucional nº 03/1993 estabeleceu a contribuição obrigatória para os
servidores públicos e não apenas o tempo de serviço.
E
A Emenda Constitucional nº 41/2003 acabou com a integralidade e paridade,
assegurando-as apenas em regras de transição para os que ingressaram até a data de
vigência da emenda, como é caso de João.
A
pelas regras da Emenda Constitucional nº 20/1998, que acabou com os proventos
integrais e com a paridade.
B
pelas regras da Emenda Constitucional nº 41/2003, que acabou com os proventos
integrais e com a paridade.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Como João ingressou antes de 16 dez. 1998, é possível aplicar a ele tanto o art. 6º da Emenda
Constitucional nº 41/2003, que previu aposentadoria com integralidade e paridade, mas não o fez para
as pensões, quanto o art. 3º da Emenda Constitucional nº 47/2005, que corrigiu a distorção e passou a
prever que os pensionistas dos servidores ingressos até 16 dez. 1998 teriam direito à integralidade e
paridade.
Questão 3
Levando em consideração as transformações citadas no caso, oriente qual o melhor benefício a ser
concedido a João, servidor público estadual desde janeiro de 1995, ingressando, portanto, pouco tempo
antes da emendas à Constituição nº 20/1998, nº 41/2003 e nº 47/2005, possuindo expectativa de direito a
proventos pela integralidade e reajuste pela paridade.
C
pelas regras de transição da Emenda Constitucional nº 41/2003, que manteve apenas a
“integralidade”.
D
pelas regras da Emenda Constitucional nº 47/2005, que trouxe, no artigo 3º, regra de
transição aplicável aos servidores que ingressaram em cargo público até a data em que
a EC nº 20/1998 foi publicada. De acordo com essa regra, os servidores que
cumprissem os requisitos ali presentes poderiam se aposentar com proventos
equivalentes à última remuneração, além de fazerem jus ao reajuste no mesmo índice
dos servidores ativos, aplicando-se o mesmo às pensões.
E
pelas regras da Emenda Constitucional nº 41/2003 ou da nº 47/2005, uma vez que se
exige, para ambas, ingresso até 17 dez. 1998.
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O Servidor poderá optar tanto pela regra de transição da Emenda Constitucional nº 41/2003 (art. 6º)
como pela da Emenda Constitucional nº 47/2005 (art. 3º). Ao optar por esta, deverá cumprir mais 10
anos de efetivo exercício público e tempo na carreira, já que a regra exige 60 anos de idade, 35 anos de
contribuição, 25 anos de efetivo exercício público, 15 anos de tempo na carreira e 5 anos de tempo no
cargo. Aqui seus pensionistas terão paridade.
Se optar pela regra do art. 6º da EC nº 41/2003, precisará de mais 5 anos, pois a regra exige 60 anos
de idade, 35 anos de contribuição, 20 anos de efetivo exercício público, 10 anos de tempo na carreira e
5 anos de tempo no cargo. Aqui seus pensionistas não terão paridade.
Conceito do Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS)
O Regime Próprio de Previdência Social é o sistema de proteção social dos servidores públicos, previsto no
artigo 40 da Constituição Federal.
O caput do artigo 40 da Constituição prevê que o regime será direcionado "aos servidores titulares de cargos
efetivos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, incluídas suas autarquias e fundações”,sendo “de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”.
Podemos conceituar o Regime Próprio de Previdência Social como um sistema de proteção social, de
caráter contributivo, destinado apenas a servidores ocupantes de cargo efetivo, excluídos os militares,
com financiamento solidário mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e
inativos e dos pensionistas.
Princípios do Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS)
Sendo o Regime Próprio de Previdência Social parte do sistema de seguridade social, os princípios gerais
aplicáveis à seguridade social também informam esse regime. No mais, alguns dos princípios se encontram
no caput do art. 40 da Constituição Federal. É o que veremos a seguir.
Princípio da contributividade
Previsto no caput do art. 40 e art. 201 da CRFB, a contribuição é marca do sistema de previdência,
diversamente do que ocorre com a saúde e assistência social. Assim, a concessão de todo e qualquer
benefício depende da contribuição prévia pelo segurado. A contributividade garante, ainda, o equilíbrio
financeiro e atuarial.
A contribuição previdenciária tem natureza tributária e, portanto, submete-se às regras do Código Tributário
Nacional (CTN). Essa é a orientação do plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE
556.664/RS, do qual se extrai que “as contribuições, inclusive as previdenciárias, têm natureza tributária e se
submetem ao regime jurídico-tributário previsto na Constituição” (RE 556664, Relator(a): GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 12/06/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-216 DIVULG 13-11-2008
PUBLIC 14-11-2008 EMENT VOL-02341-10 PP-01886).
Princípio do equilíbrio �nanceiro e atuarial
Como primeiras palavras, é importante saber a diferenciação entre os equilíbrios financeiros e atuarial:

Equilíbrio �nanceiro
Consiste em regra de ouro do direito financeiro (receitas, pelo menos, iguais as despesas). O equilíbrio
financeiro é voltado ao curto prazo.

Equilíbrio atuarial
Envolve variáveis financeiras, demográficas, econômicas e probabilísticas, avaliando um horizonte de
longo a médio prazo.
Entretanto, o estudo de impacto para fins de equilíbrio financeiro e atuarial não impede o aumento de
contribuição previdenciária. O tema foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu que a previsão
contida no caput do artigo 40 da Constituição Federal quanto à exigência de estudo atuarial específico e
prévio à edição de lei que aumente a contribuição previdenciária dos servidores públicos não implica vício
de inconstitucionalidade, mas mera irregularidade. Ou seja, o vício pode ser sanado pela demonstração do
déficit financeiro ou atuarial no futuro, mediante justificativa que autorize o aumento do tributo. Portanto, o
aumento do tributo sem o estudo prévio de impacto não configura confisco e nem afronta ao princípio da
razoabilidade. (ARE 875958 RG, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017,
DJe-037 DIVULG 23-02-2017 PUBLIC 24-02-2017).
Princípio da precedência de fonte de custeio (preexistência ou
antecedência)
Está previsto no art. 195, § 5º, da Constituição Federal. Esse dispositivo dispõe que nenhum benefício da
seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total, ou
seja, o servidor público deve realizar a contribuição para o custeio do sistema de previdência. Uma gestão
responsável exige a preexistência de recurso para gerar um benefício.
O princípio da precedência da fonte de custeio total, também conhecido como postulado da contrapartida -
que mantém íntima conexão com o critério do equilíbrio atuarial - visa garantir a equação econômico-
financeira do sistema de previdência e traduz exigência que, além de configurar requisito operacional que
vincula o legislador e o aplicador da legislação previdenciária, qualifica-se como pressuposto constitucional

necessário à viabilização da própria existência e funcionalidade do sistema de seguridade social e, em
especial, do sistema previdenciário nacional.
Daí a precisa observação feita na lição de Ivan Kertzman (2020, p. 73-74):
Preexistência do custeio em relação aos benefícios e serviços significa que, para ser possível a
criação ou ampliação de qualquer benefício ou serviço, deve haver anteriormente a previsão da
fonte dos recursos que financiará a nova prestação. Um novo benefício deve ser financiado por
uma nova fonte, não bastando apenas indicar recursos já existentes, sob o risco de padecer de
inconstitucionalidade. Mesmo os benefícios e serviços da saúde e da assistência social devem
atender a este princípio. Os benefícios recentemente criados foram sempre acompanhados da
instituição de nova fonte de custeio. Foi o que ocorreu com o benefício de aposentadoria especial
para os trabalhadores filiados a cooperativas, que foi acompanhada de uma nova contribuição
social (Lei 10.666/2003). Interessante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal tem
posicionamento firmado de que o princípio da preexistência do custeio em relação aos benefícios
e serviços, previsto no art. 195, § 5º, da Constituição Federal, não se aplica à previdência privada,
mas, apenas, à seguridade social que é financiada por toda a sociedade.
(Agravo Regimental no RE 583.687/RS)
Princípio do tempus regit actum
Não previsto expressamente na Constituição, indica que se aplica a lei que vigia quando o direito nasceu.
Não autoriza o uso de lei a mera expectativa de direito. Em relação à pensão, destaca-se a Súmula nº 340 do
STJ: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do
segurado.
Sobre o tema, vale destacar a clareza contida na lição de Frederico Amado:
Trata-se de um princípio geral do Direito [‘tempus regit actum’] que pontifica que os atos jurídicos
deverão ser regulados pela lei vigente no momento da sua realização, normalmente não se
aplicando os novos regramentos que lhe são posteriores, salvo previsão expressa em sentido
contrário. [...] Conquanto não esteja explicitamente previsto na legislação da previdência social
como princípio informador, entende-se que ele integra o seu rol, sendo muitas vezes usado para
definir o regime jurídico dos benefícios previdenciários, pois deverá ser aplicada a lei vigente na
data do nascimento do direito à prestação previdenciária.
(Frederico Amado, 2017, p. 261)
Princípio da solidariedade
Para fins do regime próprio, a solidariedade indica a ampliação do critério subjetivo do tributo “contribuição”,
ou seja, o sujeito passivo da obrigação não apenas o segurado, mas também o respectivo ente público, os
servidores inativos e os pensionistas.
Sobre o tema, Thiago Alencar Alves Pereira (2021. p. 34) trata do assunto desta forma:
[...] no RE n.º 593068 foi fixada em repercussão geral a seguinte tese: ‘Não
incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos
de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços
extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade’.
(BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 593068, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
11/10/2018, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-056 DIVULG 21-03-2019 PUBLIC 22-
03-2019.)
Para os ministros do STF, a regra matriz de incidência tributária, em seu critério quantitativo (base
econômica do tributo), não pode sofrer inovações do princípio da solidariedade. A solidariedade apenas
ampliou o critério subjetivo relacionado ao sujeito passivo, passando a exigir contribuições dos inativos e
pensionistas.
Princípio da irredutibilidade dos benefícios
Em que pese a Constituição Federal prever a manutenção do valor real, o que não é possível é a redução
nominal do benefício (art. 194, parágrafo único, IV, da CRFB).
Essa compreensão éextraída do entendimento da maioria do Supremo Tribunal Federal que assentou a
presunção de constitucionalidade da legislação infraconstitucional e a adequação, como fator de reajuste,
do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ao invés de decidir a favor da preservação do poder
aquisitivo da moeda quanto aos benefícios a que o cidadão tem jus.
Consta da parte final do voto do Relator:
Em suma: os índices adotados para o reajuste dos benefícios foram superiores ao INPC - Índice
Nacional dos Preços ao Consumidor. Apenas no reajuste de 2001, é que houve diferença para
menor, da ordem de 0,07%, diferença, está-se a ver, desprezível. De outro lado, verifica-se que o
índice mais adequado para correção dos benefícios é mesmo o INPC, dado que ‘a população-
objetivo’ deste ‘é referente a famílias com rendimentos compreendidos entre 1 (um) e 8 (oito)
salários mínimos, cujo chefe é assalariado em sua ocupação principal...’, entrando ‘na composição
do INPC’ ‘as variações sentidas no preço da alimentação e bebidas, habitação, artigos de
residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e
comunicação, em média ponderada. Trata-se de índice de preços ao consumidor, não abarcando,
diretamente, as flutuações de preços típicos do setor empresarial’.
(Recurso Extraordinário nº 376.846)
Princípio da opção pelo benefício mais vantajoso
Para o cálculo da renda mensal inicial, cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, pouco
importando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais para a
aposentadoria. (Recurso Extraordinário nº 630.501, sob a sistemática da repercussão geral, relatora ministra
Ellen Gracie).
Emendas Constitucionais nº 03/1993, nº 20/1998, nº
41/2003 e nº 47/2007
Até a reforma previdenciária implementada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, o regime previdência
social não exigia contribuição, ou seja, bastava tempo de serviço para que o servidor público conquistasse o
benefício previdenciário. Desse modo, o servidor tinha direito à inatividade remunerada após determinado
tempo de serviço, inexistindo idade mínima.
Em uma análise sistemática, levando em consideração as alterações posteriores promovidas pelas
emendas à Constituição, nota-se que o constituinte não adjetivou o substantivo “servidor”, possibilitando
que tanto o ocupante de cargo efetivo quanto o de cargo em comissão pudessem se aposentar.
Comentário
É isso mesmo, ocupante de cargo em comissão podia se aposentar pelo regime próprio de previdência.
Para os servidores federais, a mudança começou com a Emenda Constitucional nº 03/1993. Ela
estabeleceu a contribuição obrigatória para os servidores públicos federais e não apenas o tempo de
serviço. A segunda mudança sobreveio com a Emenda Constitucional nº 20/1998, que promoveu mudanças
maiores no RPPS, fixando o caráter contributivo e ainda:I. Estabeleceu idade mínima (55 anos para mulheres e 60 anos para homens) para o gozo de
aposentadoria voluntária integral no RPPS;
II. Restringiu o rol dos filiados ao RPPS (apenas servidores titulares de cargo efetivo, incluindo suas
autarquias e fundações);
III. Extinguiu a aposentadoria por tempo de serviço nos regimes próprios e a transformou em
aposentadoria por tempo de contribuição, visando à existência de uma equivalência (mesmo que
inexata) entre o período de contribuição e o benefício a ser concedido;
IV. Proibiu a contagem de tempo de contribuição fictício;
V. Vedou expressamente a percepção de duas pensões, salvo no caso de acumulação de cargos
autorizada constitucionalmente;
VI. Vedou a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de RPPS.
Quanto às demais emendas constituconais:
EC nº 20/1998
A Emenda Constituconal nº 20/1998, embora tenha trazido relevantes alterações, manteve a
integralidade (remuneração do cargo efetivo em que se deu a aposentadoria) e paridade
(extensão aos proventos e pensões dos reajustes concedidos aos servidores ativos) do
benefício de aposentadoria.
Ademais, a Emenda Constituconal nº 41/2003 estabeleceu nova sistemática no cálculo do benefício de
aposentadoria (que passou a ser calculado com base média aritmética simples das maiores remunerações,
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado,
correspondentes a 80% de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do
início da contribuição, se posterior àquela competência, e não mais com base na remuneração do cargo em
que se desse a aposentadoria, a integralidade) e o reajuste passou a preservar o seu valor real (afastando-
se a paridade); estreitou-se ainda mais a relação contribuição/benefício previdenciário. A Lei Federal nº
10.887/2004 regulamentou essa alteração.
Atenção!
A regra dos proventos pela integralidade (valor da última remuneração) opõe-se à regra dos proventos pela
média (80% das maiores remunerações utilizadas como base para as contribuições previdenciárias, na
forma da Lei Federal nº 10.887/2004), tratando-se de alteração da base de cálculo. Da mesma forma, os
proventos integrais (coeficiente de 100%) opõem-se aos proventos proporcionais (coeficiente inferior à
100%).
Além disso:I. Autorizou a cobrança de contribuições previdenciárias sobre aposentadorias e pensões, desde que em
valor acima do teto de benefícios pago pelo Regime Geral de Previdência Social;
II. Previu o redutor de pensão por morte equivalente a 30% sobre a quantia que excedesse o teto do
Regime Geral de Previdência Social;
III. Criou o abono de permanência (instituto distinto da “isenção” de contribuição previdenciária, prevista
pela EC 20/1998) para servidores que já tivessem preenchido os requisitos para aposentadoria
voluntária com proventos integrais;
IV. Vedou a existência de mais de um RPPS para os servidores titulares de cargos efetivos e mais de uma
unidade gestora no respectivo ente.
Buscando proteger expectativas de direito aos servidores que foram atingidos pelas modificações
implementadas pelas Emendas Constitucionais nº 20/1998 e 41/2003, a Emenda Constitucional nº 47/2005
EC nº 41/2003
A Emenda Constituconal nº 41/2003 veio com a intenção de tornar o sistema previdenciário
equilibrado econômico e financeiramente, bem como corrigir a forma de fixação do benefício
e de seu reajuste. Foi extirpada a regra da integralidade e da paridade, respeitando direitos
adquiridos e prevendo regras de transição (arts. 2º e 3º da EC nº 41/2003).
trouxe, no artigo 3º, regra de transição aplicável aos servidores que ingressaram em cargo público até a data
em que a EC nº 20/1998 foi publicada. De acordo com essa regra, os servidores que cumprissem os
requisitos ali presentes poderiam se aposentar com proventos equivalentes à última remuneração, além de
fazerem jus ao reajuste pela paridade.
Seguindo nas regras de transição (PEREIRA, 2021, p. 85-86), lembre-se de que:I. os aposentados antes da EC 20/1998 possuem direito adquirido às regras previstas na redação
original da CF/88, com integralidade e paridade;
II. os ingressos antes da EC nº 20/1998 e aposentados antes da EC nº 41/2003 poderão optar por uma
das regras autorizadas na EC nº 20/1998, quais sejam: a) Art. 40, inciso III, alínea “a” da Constituição
Federal na redação dada pela EC nº 20/1998; b) Art. 40, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal na
redação dada pela EC nº 20/1998; c) Art. 8º, § 1º da EC nº 20/1998 (proventos proporcionais de no
mínimo 70% e reajuste pela paridade) - revogado pela EC nº 41/2003; d) Art. 8º, caput, da EC nº
20/1998 (integralidade e paridade);
III. ingressos em cargo efetivo até 16 de dezembro de 1998 e em exercício atualmente: a) Art. 2º da EC
41/2003: provento integral e reajuste índice legal - aplica-se redutor; b) Art. 3º da EC 47/2005:
proventos integralidade e paridade (pensões paritárias);
IV. ingressos em cargo efetivo até 31 de dezembro de 2003 e em exercício atualmente:artigo 6º da EC
41/2003 (integralidade e paridade).
Emendas Constitucionais nº 70/2012, nº 88/2015 e nº
103/2019
A Emenda Constitucional nº 70/2012, ao incluir o art. 6º-A à EC nº 41/2003, previu que servidores que
ingressaram no serviço público até a data da publicação da EC nº 41/2003 teriam, caso se aposentassem
por invalidez, os proventos calculados com base na última remuneração no cargo efetivo, os quais seriam
reajustados pela paridade com os servidores da ativa. Corrigiu distorção não prevista pela EC 41/2003.
A Emenda Constitucional nº 88/2015 alterou tão somente a idade limite para aposentadoria compulsória de
servidores públicos, prevista no inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição, passando de 70 para 75 anos,
deliberando que os proventos serão calculados proporcionalmente ao tempo de contribuição.
A referida emenda foi regulamentada pela Lei Complementar Federal nº 152/2015, fixando, em regra, a
idade limite de 75 anos para aposentadoria no serviço público.
Já a Emenda Constitucional nº 103/2019 assegurou direito adquirido ao servidor vinculado do RPPS que
implementasse requisitos para obter qualquer espécie de aposentadoria antes da EC 103/2019, podendo
pedir benefício a qualquer tempo (art. 3º da EC), garantindo-se cálculo e reajuste com base na legislação
vigente à época em que foram cumpridos os requisitos (art. 3º, §§ 1º e 2º da EC).
Previu a EC 103/2019, como regra de transição no RPPS (art. 4º da EC), aposentadoria aos 30 anos de
contribuição (mulher) e 35 (homem), sendo 20 de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo em
que se der aposentadoria, desde que cumpra com idade mínima de 56 e 61 anos, respectivamente, além de
somatório de idade e do tempo de contribuição equivalente a 86 pontos (mulher) e 96 (homem) (art. 4º,
caput, incisos I a V, da EC).
A idade mínima aumenta a partir de 1º de janeiro de 2022 para 57 (mulher) e 62 (homem) (art. 4º, §1º da
EC), assim como a pontuação será acrescida em 1 ponto a partir de 1º de janeiro de 2020 até atingir 100
(mulher) e 105 (homem) (art. 4º, §2º da EC).
O cálculo garante a integralidade e a paridade da remuneração para quem ingressou no serviço público até
31 de dezembro de 2003 (data de vigência da EC 41/2003), mas desde que tenha no mínimo 62 anos
(mulher) e 65 anos (homem) (art. 4º, § 6º, inciso I, da EC), além de cumprir com o somatório referenciado,
que pode acarretar idade superior a essas (art. 4º, § 7º, inciso I, da EC); e para servidor que ingressou após
referida data, garantido valor correspondente a 60% da média de todos os salários mais 2 pontos
percentuais a cada ano que exceder 20 anos de contribuição (art. 26, § 2º, inciso I, da EC).
Para o professor, a EC 103/2019 diz que todos esses parâmetros são reduzidos em 5 anos ou 5 pontos (art.
4º, § 4º, da EC), exceto quanto ao limite máximo do somatório da mulher professora, que chegará a 92
pontos (art. 4º, § 5º, da EC 103/2019).
Especi�cidades da Emenda Constitucional
A EC 103/2019 veda a instituição de novos RPPS e determina que lei complementar federal institua regras
de responsabilidade previdenciária (art. 40, § 22, da CF), veda a utilização de recursos do fundo de
previdência para realização de despesas distintas do pagamento de benefícios previdenciários (art. 167,
inciso XII, da CF) e que a transferência voluntária de recursos, concessão de avais, garantias e subvenções
pela União, bem como empréstimos por instituições federais para entes subnacionais que descumpram
regras de funcionamento de seus respectivos RPPS (art. 167, inciso XIII, da CF). Essas proibições têm como
escopo preservar a integridade atuarial e financeira do sistema.
A EC 103/2019 também retira o direito constitucional ao abono de permanência, mas autoriza a concessão
por lei do ente federativo (art. 40, §19º). Como regra transitória, o abono de permanência continua para
todos os servidores públicos federais e inova ao prever expressamente a concessão desse abono desde o
implemento dos requisitos também para aposentadoria especial e aposentadoria da pessoa com deficiência
(art. 8º da EC), algo inexistente nas emendas anteriores, embora a concessão fosse autorizada pelo TCU.
O teto do RGPS como limite máximo no RPPS passa a ser impositivo, não mais uma
faculdade dos entes federados.
Continuando com a EC 103/2019, podemos identificar normas não autoaplicáveis e normas autoaplicáveis.
São exemplos de normas não autoaplicáveis:
Art. 40, § 15 da Constituição c/c art. 33 da Emenda Constitucional nº 103/2019 (Administração, por
entidade aberta de previdência complementar, de planos de benefícios patrocinados pelos entes
federados, que depende de regulamentação mediante lei complementar da União);
Art. 149, §§ 1º-B e 1º-C da Constituição c/c art. 9º, § 8º, c/c art. 36, inciso II da Emenda Constitucional
nº 103/2019 (Instituição de contribuição extraordinária, por meio de lei, cuja regulamentação no âmbito
dos estados, Distrito Federal e municípios somente poderá ser editada quando a alteração de redação
dada pela reforma ao art. 149 da Constituição Federal tiver vigência em relação a esses entes, o que
dependerá de publicação de lei estadual, distrital ou municipal que referende integralmente a alteração
promovida nesse artigo da Constituição).
Já as normas de aplicabilidade imediata são, por exemplo:
Art. 22, XXI da Constituição (Competência privativa da União para editar normas gerais sobre
inatividades e pensões das polícias militares e corpos de bombeiros militares);
Art. 37, § 14 da Constituição e art. 6º da Emenda Constitucional nº 103/2019 (Preceito segundo o qual
a utilização de tempo de contribuição de cargo público e de emprego ou função pública, ainda que se
trate de tempo de contribuição para o RGPS, acarreta o rompimento do vínculo com a Administração
Pública, ressalvando-se a concessão de aposentadoria pelo RGPS até a data de entrada em vigor da
Emenda Constitucional nº 103/2019);
Art. 37, § 15 da Constituição c/c o art. 7º da Emenda Constitucional nº 103/2019 (Vedação de
complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte a seus
dependentes, que não seja decorrente da instituição do regime de previdência complementar a que se
referem os §§ 14 a 16 do art. 40 da Constituição ou que não seja prevista em lei que extinga RPPS,
ressalvadas as complementações de aposentadorias e pensões já concedidas); dentre outras.
A EC nº 103/2019 previu, no art. 35, que ficam revogados:

Os seguintes dispositivos da Constituição Federal: a) o § 21 do art. 40; b) o § 13 do art. 195.

Os arts. 9º, 13 e 15 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.

Os arts. 2º, 6º e 6º-A da Emenda Constitucional nº 41, de 2003; IV - o art. 3º da Emenda Constitucional nº
47, de 2005.
Para os regimes próprios de previdência social dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, quanto às
revogações dos arts. 2º, 6º e 6º-A da Emenda Constitucional nº 41/2003, e do art. 3º da Emenda
Constitucional nº 47/2005, somente ocorrerão na data de publicação de lei de iniciativa privativa do
respectivo Poder Executivo e desde que as referende integralmente (art. 36 da EC 103/2019).
Enquanto não houver o referendo integral dos mencionados dispositivos da reforma, por meio de lei
estadual, distrital ou municipal, continua a valer o parágrafo 21 do art. 40 da Constituição, bem como valem
os arts. 2º, 6º e 6º-A da Emenda Constitucional nº 41/2003, e o art. 3º da Emenda Constitucional nº
47/2005, sendo aplicável, quanto ao art. 149 da Constituição, a redação anterior à data de entrada em vigor
da EC nº 103/2019.
Consideram-se ainda vigentes para os entes subnacionais as regras de transição dos arts. 2º, 6º e 6º-A da
Emenda Constitucional nº 41/2003, e do art. 3º da Emenda Constitucional nº 47/2005, nessa hipótese de
ausência de lei que referende integralmente a alteração do art. 149 da Constituição Federal e a cláusula de
revogação da alínea a do inciso I e dos incisos III e IV do art.35 da EC nº 103/2019.
Diante desse histórico, é possível perceber que o sistema previdenciário dos servidores públicos sofreu
alterações substanciais ao longo dos últimos anos. A aposentadoria passou de uma benesse, um “prêmio”,
visando manter o padrão de vida do ex-servidor, para se tornar um benefício contraprestacional, com vistas
a atingir o equilíbrio econômico-financeiro do RPPS, aproximando-se a cada dia do RGPS.
Comentário
Note que está mantida, nos termos do art. 42 da CF, a competência dos estados para dispor, em lei estadual
específica, tanto sobre as matérias do art. 142, § 3º, X (entre outras, a que trata da transferência do militar
para a inatividade) quanto sobre as pensões militares. Por conseguinte, os estados deverão adaptar suas
leis específicas ao que vier a ser disposto em lei de caráter nacional da União sobre normas gerais de
inatividades e pensões das polícias militares e corpos de bombeiros militares, sob pena de invalidade.
O art. 201, §9º, Constituição Federal de 1988, assegura, para fins de aposentadoria a contagem recíproca do
tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdência
social, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em
lei.
Benefícios

Benefícios do RPPS
Veja a seguir os benefícios do Regime Próprio de Previdência Social.
O RPPS concederá, no máximo, os mesmos benefícios do RGPS (Art. 5º da Lei Federal nº 9.717/1998 - Os
regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios, dos militares dos estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos
dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
salvo disposição em contrário da Constituição Federal) e, no mínimo, aposentadoria e pensão (portaria nº
402, de 10 de dezembro de 2008. Art. 2º Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) é o regime de
previdência, estabelecido no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios que
assegura, por lei, aos servidores titulares de cargos efetivos, pelo menos, os benefícios de aposentadoria e
pensão por morte previstos no art. 40 da Constituição Federal).
A previsão constitucional do art. 40, com redação dada pela EC 103/2019, é pela concessão, aos servidores
ocupantes de cargo efetivo, de aposentadoria:I. por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insuscetível
de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de
lei do respectivo ente federativo;
II. compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
III. no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco)
anos de idade, se homem, e, no âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, na idade
mínima estabelecida mediante emenda às respectivas constituições e leis orgânicas, observados o
tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente
federativo.
A aposentadoria voluntária prevista no art. 40, inciso III CFRB é aplicada apenas aos servidores federais,
diversamente da aposentadoria por incapacidade permanente e da aposentadoria compulsória, que se
aplica a todos os entes da federação. Isso significa que, na aposentadoria voluntária, cada estado e

município legislará sobre a idade (via emenda à constituição estadual), tempo de contribuição e outros
requisitos (via lei complementar) de seus respectivos servidores, denotando uma desconstitucionalização
das regras previdenciárias.
Com a reforma previdenciária anotada pela EC nº 103, de 2019, a aposentadoria “por invalidez permanente”
passa a denominar-se aposentadoria “por incapacidade permanente para o trabalho”. A EC nº 103, de 2019,
constitucionaliza a exigência de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a concessão da aposentadoria, bem como a condição de o servidor ser insuscetível de
readaptação, conferindo nova redação ao inciso I do § 1º do art. 40 da Constituição.
Recomendação
Para melhor compreender as regras de cada estado e município, realize a leitura atenta das reformas em
cada ente federado, como o estado de Sergipe (Lei Complementar nº 338, de 27 de dezembro de 2019) e o
estado da Bahia (Emenda Constitucional nº 26, de 31, de janeiro de 2020).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As reformas previdenciárias trazem consigo dificuldades quanto à aplicação da lei aos segurados que
se encontram em determinado momento. Há regras permanentes e de transição. Quanto à aplicação da
lei previdenciária no tempo, assinale a opção correta.
A
Independentemente do benefício pretendido, aplica-se o princípio tempus regit actum: a
lei do tempo em que se preencheram todos os requisitos para a concessão do benefício
pretendido pelo segurado.
B
Com exceção das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, aplica-se a lei
em vigor à época em que o segurado ingressou no sistema previdenciário.
C
Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori para os benefícios devidos aos
segurados, independentemente de ser mais ou menos vantajoso; aplicando-se
entretanto, a lei em vigor na data de ingresso do segurado no sistema previdenciário
para os benefícios devidos aos dependentes.
D
Independentemente do benefício pretendido, será adotada a interpretação que mais se
aproxima do ideal de justiça, pautada em princípio valorativo e finalístico, segundo o
Parabéns! A alternativa A está correta.
O princípio impõe que seja aplicada a lei quando os requisitos do benefício foram cumpridos. A
expectativa de direito não é motivo para aplicação de lei. O STJ consagrou o princípio na Súmula nº
340: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito
do segurado.
Questão 2
O sistema de cálculo e reajuste de proventos do servidor público segurado do Regime Próprio de
Previdência Social foi bastante modificado nos últimos anos, sendo correto afirmar:
qual se aplica a lei mais vantajosa ao segurado.
E
Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori, com a ressalva de que, havendo
alteração da lei após o ingresso do trabalhador ao sistema previdenciário, será adotada
a lei mais vantajosa ao beneficiário segurado ou dependente.
A
Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não
poderão exceder a remuneração do cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão.
B
No sistema de média, para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da
sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as
contribuições do servidor aos regimes próprio e geral, na forma da lei.
C
É assegurado o reajustamento anual dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme índice do IPCA.
D
No sistema de média, todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do
benefício serão devidamente atualizados pela SELIC.
Parabéns! A alternativa B está correta.
O art. 201, §9º, Constituição Federal de 1988, assegura, para fins de aposentadoria, a contagem
recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios
de previdência social, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com os
critérios estabelecidos em lei.
Considerações �nais
Como vimos, é preciso ter especial atenção às inúmeras e enormes transformações que vêm afetando o
regime de previdência social do servidor público desde a sua introduçãona Constituição Federal de 1988.
São muitas as normas e, por consequência, os regimes de transição que são impostos para evitar uma
mudança abrupta nas regras.
Em especial, merecem a nossa atenção as Emendas Constitucionais nº 70/2012, 88/2015 e, notadamente, a
103/2019.
Além disso, para a melhor compreensão do assunto, mostra-se necessário identificar as suas
especificidades em relação ao chamado Regime Geral. Por isso, buscamos delimitar neste estudo os
conceitos fundamentais da previdência própria, além de analisar as principais regras e os benefícios
previdenciários que o compõem.
Podcast
E
Os servidores que ingressaram no serviço público após a Emenda Constitucional Nº
41/2003 podem optar pelo direito a reajuste de seu benefício previdenciário pela regra
da paridade.

Para encerrar, ouça um resumo sobre RPPS e suas principais regras.
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AMADO, F. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 15. ed., Salvador: Juspodivm, 2022.
BALERA, W. Noções preliminares de direito previdenciário: atualizado com a reforma da previdência. São
Paulo: Quartier Latin, 2010.
MARTINS, B. S. F. Direito Constitucional Previdenciário Do Servidor Público. 2. ed. São Paulo: LTr, 2018
Referências
AMADO, F. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 15ª ed., Salvador: Juspodivm, 2022.
AMADO, F. Direito e processo previdenciário sistematizado. 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2012.
BALERA, W. Curso de direito previdenciário. Homenagem a Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira. 5. ed. São
Paulo: LTR, 2002.
BALERA, W. Noções preliminares de direito previdenciário: atualizado com a reforma da previdência.
Imprenta: São Paulo: Quartier Latin, 2004.
BANDEIRA DE MELLO, C. A. Curso de direito administrativo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
BANDEIRA DE MELLO, C. A. Regime dos servidores da administração direta e indireta: (direitos e deveres).
3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 1995.
BOSCHETTI, I.; SALVADOR, E. S. Orçamento da seguridade social e política econômica: perversa alquimia.
Serviço Social e Sociedade. São Paulo, v. 87, p. 25-57, 2006.
CASTRO, C. A. P.; LAZZARI, J. B. Manual de direito previdenciário. 20. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
DAL BIANCO, D. et al. Previdência de servidores públicos. São Paulo: Atlas, 2009.
DE FARIA, L. A. G. Teto de Remuneração do Servidor Público: Agora é pra Valer?. Revista da Esmafe, v. 6, p.
31-46, 2004.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
FURTADO, L. R. Curso de Direito Administrativo. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
GOES, H. M. Manual de direito previdenciário. 4. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2011.
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JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
KERTZMAN, I. Curso prático de direito previdenciário. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2010.
MARINELA, F. Direito Administrativo. 7. ed. Niterói: Impetus, 2013.
MARTINEZ, W. N. Princípios de direito previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. 576 p.
MARTINS, B. S. F. Direito Constitucional Previdenciário Do Servidor Público. 2. ed. São Paulo: LTr, 2018.
MARTINS, I. G. Regime Geral dos servidores públicos e especial dos militares – imposição constitucional
para adoção de regime próprio aos militares estaduais – inteligência dos artigos 40, §20, 42 e 142, § 3º,
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MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
MELLO, C. A. B. Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
MENDONÇA, V. Direito Previdenciário e Concursos Públicos. Vinicius Mendonça Concursos, [s. l.], 2018.
Acesso em: 1 ago. 2021.
MOREIRA NETO, D. F. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial. 16. ed.
rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
PEREIRA, T. A. A. Noções de Regime Próprio de Previdência Social: uma análise das teses jurídicas na
evolução constitucional. 1. ed. Curitiba: Appris, 2021.
SANTOS, M. F. dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.
SAVARIS, J. A. Direito processual previdenciário. 7. ed. rev. atual. Curitiba: Alteridade, 2018.
SILVÉRIO, A. G. A Concessão de Aposentadorias e Pensões no Serviço Público. Ribeirão Preto: IBRAP, 2005.
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