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METODOLOGIA DO ESPORTE I - VÔLEI E BASQUETE Patrick da Silveira Gonçalves Aspectos técnicos e táticos do basquete Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os fundamentos técnicos coletivos da modalidade. Diferenciar formações e concepções defensivas. Identificar as diferentes concepções táticas ofensivas. Introdução No basquete, os fundamentos técnicos podem ser caracterizados como individuais ou coletivos, ou seja, eles podem ser desenvolvidos por ape- nas um jogador ou com a necessidade de dois ou mais jogadores da mesma equipe. Os fundamentos técnicos coletivos, como o passe e a recepção, por exemplo, são fundamentais para conduzir uma equipe ao ataque. Além disso, a movimentação ordenada de jogadores a partir dos sistemas táticos permite que uma equipe consiga defender e atacar com maior eficiência. Neste capítulo, você aprofundará seus conhecimentos sobre os principais fundamentos técnicos coletivos do basquete e conhecerá as principais características e concepções dos diferentes esquemas táticos defensivos e ofensivos. Fundamentos técnicos coletivos da modalidade O basquete é um esporte coletivo em que cada jogador, entre titulares e reservas, tem sua importância para o êxito da equipe dentro de quadra. Ou seja, ainda que uma equipe tenha um jogador de extrema habilidade técnica e de exímia condição física, são as características coletivas que determinarão o rendimento do time. Assim, as técnicas individuais, como o arremesso, os giros e o drible, por exemplo, ainda que sejam fundamentais em um jogo de basquete, devem estar acompanhadas de um bom desenvolvimento técnico coletivo. Nesse sentido, as técnicas podem ser entendidas como os movimentos cujos resultados são obtidos a partir de ações mais econômicas e efetivas (FILIN, 1996). Como técnicas coletivas, portanto, podemos entender aqueles movimentos que visam o resultado e que necessitam da participação de dois jogadores. Ganham forma, então, a recepção, o passe, o rebote e as situações de jogo (1x1, 2x2 e 3x3) na tentativa de superar os adversários em igualdade numérica. A seguir, vamos ver em detalhe cada um desses fundamentos. Recepção A recepção pode ser entendida como o primeiro controle que um jogador tem sobre a bola em qualquer condição, como, por exemplo, após um rebote, um arremesso, um passe ou na tentativa de salvá-la após um lance acidental em que ela tome uma direção qualquer (RÍO, 2003). Note que, em todos esses casos, a presença de outro jogador é fundamental. Embora possa parecer uma técnica bastante simples, ela é fundamental na medida em que as recepções fazem com que a bola fi que de posse de uma das equipes, permitindo que os pontos sejam efetuados. Podemos classificar a recepção em dois grupos principais: a recepção do tipo estática e a recepção em movimento. Como os nomes sugerem, considera-se a ação do jogador que realiza a recepção. A recepção estática, portanto, ocorre quando o jogador está com os dois pés fixos no solo, sem movimentá-los. Essa ação é mais comum, pois envolve menos estruturas a serem coordenadas pelo jogador. A recepção dinâmica ocorre durante o deslocamento do atleta, seja por meio da corrida ou durante um salto. Como podemos imaginar, a integração de várias estruturas deve ser bem coordenada para que o jogador domine e controle a bola. Esse tipo de recepção, quando em corrida, geralmente ocorre em um local em que o jogador ainda não está. Isto é, o encontro entre a bola e a(s) mão(s) do jogador será em um momento futuro, sendo necessário que ele tenha noção espaço-temporal de seu deslocamento e do objeto que deverá segurar. Além disso, podemos perceber que as recepções podem ocorrer com a utilização de apenas uma ou das duas mãos. Embora apresentem semelhanças, esses tipos de recepção apresentam características únicas. A recepção com apenas uma das mãos permite ao jogador deslocar a bola rapidamente para baixo, em direção ao solo, possibilitando que os dribles sejam feitos (MARO- NEZE, 2013). A recepção com as duas mãos coloca o jogador em uma posição vantajosa para realizar um arremesso rapidamente ou para passar a bola com mais força e ter maior controle sobre a bola. Aspectos técnicos e táticos do basquete2 Passe O passe é uma ação coordenada entre dois jogadores de mesma equipe e ocorre quando um deles transfere o controle da bola para o outro (RÍO, 2003). De maneira coletiva, essa é a forma mais efi ciente de fazer com que a bola se desloque pela quadra. Os tipos de passe são muitos, haja vista que os aspectos biomecânicos permitem que o jogador adapte o seu corpo e seus movimentos para ter êxito ao realizar um passe. Mais precisamente, podemos estabelecer algumas características na realização de um passe, permitindo que possamos classifi cá-los. Nos passes do basquete, os movimentos de punho são fundamentais para que a bola alcance a direção e a distância planejadas pelo jogador. Por exemplo, durante o passe de peito, junto ao final do movimento de extensão dos braços, os punhos realizam a flexão, garantindo maior impulso da bola em direção ao companheiro de equipe e uma trajetória mais retilínea, diminuindo o seu tempo de deslocamento entre um jogador e outro. De maneira mais geral, eles podem ser realizados com uma ou duas mãos na impulsão da bola em direção ao companheiro de equipe. Entre os passes com o uso de uma mão, podemos destacar o passe picado, à altura do ombro, por baixo e tipo gancho. Com o uso de duas mãos, encontramos as variações de passes à altura do tórax, picado, acima da cabeça e por baixo (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010). A seguir, veremos os tipos mais comuns de passes realizados durante um jogo de basquete: Passe com ambas as mãos à altura do tórax: também denominado passe de peito, consiste no arremesso da bola próximo ao peito do passador em linha reta até o peito do receptor. Esse passe é muito utilizado em curtas distâncias, quando a bola se desloca rapidamente em uma trajetória retilínea. Durante a realização do movimento, os cotovelos devem ser mantidos próximo ao corpo e as pernas devem ficar levemente flexionadas e afastadas, com leve inclinação do tronco à frente, proporcionando maior equilíbrio. Passe picado com ambas as mãos: executado da mesma forma que o anterior, sua diferença se encontra na trajetória da bola, que deve tocar 3Aspectos técnicos e táticos do basquete o solo a cerca de 1,5 m do recebedor. Também é utilizado em distâncias curtas. Ao tocar o solo, a bola leva mais tempo para chegar ao recebedor, permitindo que ele se ajuste corporalmente, facilitando a recepção. Passe com ambas as mãos acima da cabeça: também serve para curtas distâncias. Geralmente, é bastante utilizado para passar a bola aos pivôs ou quando os espaços para os passes por baixo estão bloqueados pelos defensores. Para executá-lo, a bola é levada a uma posição acima da cabeça, com os cotovelos flexionados e apontando para a frente. Passe com uma das mãos acima do ombro: também chamado de baseball por sua semelhança com o arremesso da bola nesse esporte, é bastante utilizado para passes de longa distância. Consiste em segurar a bola com ambas as mãos, levando-a até a altura de um dos ombros. Posicionando a mão do passe na parte posterior da bola, a mão de apoio é retirada e o braço e o antebraço são estendidos à frente, impulsionando a bola. Rebote Durante o jogo de basquete, quando a bola é arremessada em direção ao aro, os jogadores devem posicionar-se próximo à cesta para recuperar a bola caso ela não atinja o objetivo. Com isso, o ato de recuperar a bola após um arremesso em que a bola não entrou na cesta e não saiu de quadra é chamado de rebote. Como você pode imaginar, a bola pode ser recuperada por um jogador da equipe que efetuou o arremesso ou pela equipe que tentava defender a sua cesta. Assim, os rebotes podem ser considerados de ataque ou dedefesa (ROSE JÚNIOR; TRICOLI, 2017). Os rebotes de ataque, portanto, consistem na recuperação da bola por um atacante após o arremesso realizado por um companheiro de equipe. Esses rebotes ocorrem em quatro fases: o acompanhamento visual da bola, o bloqueio ao adversário (impedindo que ele fique em posição vantajosa para a recuperação da bola), o salto e a captura da bola e a queda. Ao recuperar a bola, o atacante deverá tentar um novo arremesso, passá-la para um companheiro de equipe ou, ainda, driblar até uma posição que favoreça o passe ou o arremesso. Os rebotes de defesa se assemelham bastante aos de ataque. Ou seja, as quatro fases também se encontram presentes nesse fundamento técnico. Da mesma forma, ao recuperar a bola, o defensor poderá efetuar o passe, o arremesso ou o drible. No entanto, a distância em que se encontra em relação à cesta adversária sugere que o arremesso não seja a melhor opção, sendo mais comum driblar e passar após a recuperação da bola. Aspectos técnicos e táticos do basquete4 Situações de jogo (1x1, 2x2 e 3x3) Durante uma partida de basquete, muitas são as situações em que dois ou mais jogadores da mesma equipe participam da mesma jogada. Essas jogadas são fundamentais para adentrar a defesa adversária e poder realizar os arremessos. Os domínios técnicos individuais e coletivos que vimos até aqui podem não ser sufi cientes para o bom rendimento de uma equipe (AMERICAN..., 2000). É necessário, para isso, o bom entrosamento dos jogadores, o que possibilita jogadas específi cas para superar os adversários. Dessa forma, quando temos uma situação de jogo em que dois, três ou quatro atacantes enfrentam dois, três ou quatro defensores, respectivamente, algumas possibilidades surgem. As situações envolvendo um atacante e um defensor (1x1) são as mais ele- mentares do basquete e envolvem apenas os fundamentos técnicos individuais, como o arremesso, o drible e o controle de corpo, por exemplo. Nessas situações, o jogador de posse de bola utiliza seu repertório de fundamentos técnicos para superar seu marcador e progredir em direção à cesta. As habilidades de drible, controle de bola, arremesso e giro são fundamentais nesses casos (RÍO, 2003). Quando há dois atacantes e dois defensores (2x2), por exemplo, surgem as possibilidades de movimentação de servir-e-ir e de corta-luz. Na primeira situação, o jogador com a posse da bola realiza um passe para seu companheiro de equipe (servir) e desloca-se rapidamente para um local mais favorável à continuidade da jogada (ir). Ou seja, ocorre uma jogada combinada de passes e recepções que podem estender-se por várias sequências entre dois jogadores. Na segunda situação, o corta-luz, um jogador sem a posse de bola se movimenta, dificultando ou retardando a ação dos defensores, a fim de facilitar a jogada de ataque de um companheiro de equipe. Quando há três atacantes participando de uma jogada contra três defensores, as possibilidades e a complexidade se ampliam, fazendo surgir, também, o cruzamento e o corta-luz do lado oposto à bola. O cruzamento é um movimento realizado por dois atacantes em que se utiliza um terceiro companheiro como ponto de referência. Esses dois atacantes trocam de lado simultaneamente, por trás ou pela frente do jogador de posse da bola, de forma a se desvencilhar da marcação dos defensores adversários. Na situação do corta-luz do lado oposto à bola, a situação é semelhante ao corta-luz da situação 2x2. No entanto, o impedimento ou o retardo da progressão do adversário não se dá para facilitar a jogada para o jogador que está de posse da bola, mas para outro jogador, sem a posse de bola, de modo que ele se posicione em um local mais favorável para receber o passe (MARONEZE, 2013). 5Aspectos técnicos e táticos do basquete No link a seguir, você terá à disposição o livro “Caderno técnico-didático basquetebol coletânea”, escrito na década de 1980, que reúne uma coletânea de textos escritos por diversos treinadores de equipes mundialmente conhecidas sobre inúmeras situações vividas em jogos de basquete. https://goo.gl/fSH4zs Contra-ataques Os contra-ataques são as situações nas quais uma equipe, após uma situação de defesa, recupera a bola e progride em direção à cesta adversária. Para caracterizar o contra-ataque, é fundamental que haja maior número de atacan- tes do que de defensores — por exemplo, uma situação em que existam três atacantes e dois defensores (3x2) (MARONEZE, 2013). Nesses eventos, os jogadores devem buscar efetuar passes e dribles de forma rápida, para manter a superioridade numérica até chegar o momento de arremesso. Dessa forma, os fundamentos técnicos coletivos e as situações de jogo envolvem dois ou mais jogadores de uma mesma equipe. Portanto, o entro- samento entre os jogadores é fundamental para que, durante o jogo, sejam elaboradas estratégias para se chegar à vitória (RÍO, 2003). Essas combinações entre jogadores podem ser feitas a partir dos treinos de uma equipe, nos quais as combinações táticas ganham forma. As combinações táticas são estratégias definidas a priori para que uma equipe ataque e defenda com eficiência. Nas seções seguintes, abordaremos algumas delas. Formações e concepções defensivas As formações de defesa são ações coletivas que buscam impedir que a equipe adversária realize cestas e, consequentemente, some pontos. Para elaborar um bom sistema defensivo, é preciso levar em consideração as especifi cida- des técnicas e físicas de cada jogador. Além disso, a disciplina coletiva e o entrosamento devem estar apurados, uma vez que cada atleta desempenha papel fundamental na organização de todo o time – ou seja, a displicência de um único jogador pode comprometer o objetivo coletivo da equipe. De modo Aspectos técnicos e táticos do basquete6 geral, as formações defensivas se classifi cam em individual, zona, pressão, mistas ou combinadas. Discutiremos cada uma delas a seguir. Defesa individual Nesse formato defensivo, ocorre a predominância de atuação de um defensor sobre um atacante específi co. Ou seja, os embates técnicos e físicos ocorrem no sistema um contra um, havendo uma predeterminação sobre qual atacante cada um dos defensores deverá conter. Os princípios para os defensores seguem regras básicas, ou seja, deverão fi car entre o atacante e a cesta, mantendo-se a uma dis- tância próxima, obrigando-o a conduzir a bola para o lado da quadra em que tem menor habilidade, de modo a forçar suas ações limitadas (MARONEZE, 2013). Imagine que um jogo de basquete está acontecendo. Antes de iniciar a partida, o treinador falou a seus atletas qual jogador adversário cada um deveria marcar. Em cada situação defensiva, os jogadores se movimentam para realizar as marcações individuais que lhes foram solicitadas. Defesa por zona Na defesa por zona, os defensores não se preocupam com apenas um jogador adversário, especifi camente, mas, sim, com um determinado local da quadra que devem proteger. Ou seja, a quadra de defesa é dividida em cinco qua- drantes, nos quais cada um dos jogadores de defesa é responsável por conter os jogadores atacantes que nela adentrarem. Nesse formato, várias disposições são possíveis, tais como definir quan- tos jogadores estarão mais próximos da cesta, quantos estarão no interior da área demarcada, etc. Entre as mais comuns, encontram-se a 2-1-2, a 3-2 e a 1-3-1 (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010). Para definir a melhor disposição de jogadores na defesa, é preciso levar em consideração suas características. Geralmente, os jogadores mais próximos da cesta são os mais altos, impedindo os arremessos dos pivôs adversários e recuperando rebotes defensivos. Mais distante da cesta, encontram-se aqueles mais rápidos e ágeis, com a função de impedir os arremessos de longa distância, os dribles e as fintas dos adversários, 7Aspectos técnicos e táticos do basquete além de estarem preparados para iniciar um contra-ataque. A Figura 1, a seguir, mostraalgumas dessas disposições em quadra. Figura 1. Defesa por zona 2-1-2 (1), 3-2 (2) e 1-3-1 (3). Os esquemas por zona podem assumir diferentes configurações de acordo com a disposição dos defensores (D). Fonte: Garik Prost/Shutterstock.com. Defesa pressão As principais características da defesa pressão são a presença de dois de- fensores marcando um atacante adversário e a agressividade na marcação (AMERICAN..., 2000). Esse tipo de defesa é comumente utilizado quando se deve buscar reverter uma diferença signifi cativa de pontos ou na tentativa Aspectos técnicos e táticos do basquete8 de realizar a mudança de ritmo de jogo adversário. Os jogadores devem ter um excelente preparo físico, uma vez que devem manter-se em constante deslocamento para realizar a marcação dupla. Defesa mista A defesa mista reúne elementos da defesa individual e por zona. Ou seja, enquanto um defensor marca um jogador individualmente, os outros defensores tentam guarnecer locais específi cos da quadra, sem que estejam necessaria- mente preocupados com algum jogador em específi co. Nesse formato de defesa, são comuns três tipos de variação: a defesa do tipo box and one, a defesa do tipo diamante e a defesa do tipo triângulo (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010). Na defesa box and one, um defensor realiza a marcação de forma individual à frente da linha demarcada e os outros quatro posicionam-se em duas linhas de dois defensores à frente da cesta (em configuração com forma de quadrado), marcando por zona. Na defesa do tipo diamante, também há um defensor realizando a marcação do tipo individual à frente da linha demarcada e quatro defensores por zona. No entanto, a dispo- sição dos defensores à frente da cesta se modifica, formando três linhas com um, dois e um defensor (em configuração com forma de losango). Por sua vez, a formação triângulo consiste em dois jogadores realizando as marcações de forma individual e três defensores, próximos a cesta, realizando marcações por zona (em configuração com forma de triângulo). Defesa combinada Tal qual a defesa mista, a defesa combinada também se utiliza de dois ou mais modelos de defesa. Esse tipo de formação defensiva necessita de um grande entro- samento da equipe e uma disciplina tática excepcional dos jogadores. Na formação combinada, as ações defensivas variam durante a jogada de ataque adversária (MARONEZE, 2013). Por exemplo, suponhamos que uma equipe está marcando por zona; após um passe ou um movimento de um dos atacantes adversários, a equipe rapidamente transforma sua formação para a defesa individual. Evidentemente, não existe nenhum sistema defensivo infalível ou per- feito — ele deve ser adaptado conforme as especificidades individuais e coletivas de cada equipe. Contudo, podemos estabelecer algumas vantagens e desvantagens gerais no uso determinado tipo de conceito defensivo. O Quadro 1, a seguir, apresenta as principais características de cada um dos formatos apresentados. 9Aspectos técnicos e táticos do basquete Formação defensiva Vantagens Desvantagens Individual - Define responsabilidades para cada jogador. - Exige de apenas um joga- dor a correta execução dos fundamentos de defesa. - Depende da atenção em apenas um jogador atacante. - Proporciona o equilíbrio técnico e físico entre jogadores de defesa e de ataque (adversários). - Adaptável a qualquer tipo de ataque. - Dificulta passes e arremessos de média e longa distância. - Facilita penetrações na defesa e arremessos de curta distância. - Facilita movimentações adversárias de corta-luz. - Pode provocar muitas faltas pessoais. - Dificulta o rebote defensivo, uma vez que os defensores não têm posições definidas. - Dificulta saídas em contra-ataque. - Dificulta o posicionamento defensivo, uma vez que este depende do posicionamento dos atacantes adversários. - Grande exigência física, tendo em vista que o defensor deve acompanhar seu adversário por toda a jogada. Zona - Possibilita o posicionamento dos jogadores de acordo com sua altura. - Facilita o rebote de defesa. - Facilita as saídas para o contra-ataque. - Dificulta o jogo próximo à cesta. - Possibilita o rápido reposicionamento defensivo. - A exigência física é baixa, pois os jogadores ocupam sua zona e se deslocam menos. - Facilita a troca de passes adversários. - Facilita os arremessos de média e longa distância. - Provoca acomodação dos jogadores distantes da bola. - Necessita de muito entrosamento entre os defensores. - Possui áreas vulneráveis devido à distribuição de defensores. - As áreas de responsabilidade próximas de dois jogadores pode provocar indecisão sobre quem deverá marcar o adversário. Quadro 1. Vantagens e desvantagens das formações defensivas (Continua) Aspectos técnicos e táticos do basquete10 Antes de discutirmos as especificidades do ataque, é importante identifi- carmos que há uma subfase ofensiva, ou seja, um momento de adequação e transição do time na sua mudança de postura, partindo de uma situação em que deveria defender a sua cesta em direção ao ataque à cesta adversária. Essa fase é chamada de transição defesa-ataque. Transição defesa-ataque A transição defesa-ataque é o momento em que o time muda a sua postura de jogo, antes defensiva, passando a se portar ofensivamente em quadra. Esse momento Fonte: Adaptado de Ferreira e Rose Júnior (2010). Formação defensiva Vantagens Desvantagens Pressão - A presença de outro marcador pode induzir o atacante a cometer erros. - Promove a alteração do ritmo de jogo adversário. - Força o ataque a realizar passes e arremessos precipitados. - Aumenta as possibilidades de recuperação da bola. - Um jogador, necessariamente, fica sem marcação. - Grande possibilidade de cometer faltas pessoais. - Maior desgaste físico dos defensores. Mista - Dificulta a ação do principal atacante da equipe adversária. - Altera o ritmo de jogo adversário. - Força o ataque adversário a se adaptar à defesa. - Deixa a as zonas próximas à cesta vulneráveis com a ausência de um defensor. - Maior desgaste dos defensores por zona, uma vez que a área que devem cobrir se torna maior. - Exige maior atenção em relação à movimentação da bola e dos atacantes. Combinada - Provoca a confusão no ataque adversário. - Adapta-se às movimentações específicas do time adversário. - Necessita de muito entrosamento entre os defensores. - Maiores possibilidades de falhas de defesa. Quadro 1. Vantagens e desvantagens das formações defensivas (Continuação) 11Aspectos técnicos e táticos do basquete inicia a partir de diversas situações: após a recuperação da bola; após roubá-la de um adversário; após a recuperação da bola em um rebote defensivo; após a equipe adversária perder a posse de bola, com um passe ou arremesso malsucedido; ou a partir da reposição da bola na linha de fi nal, após uma cesta sofrida. As transições entre a defesa e o ataque de uma equipe seguem padrões bási- cos. Elas devem ser realizadas o mais rápido possível, evitando a organização da defesa adversária, devem ser desenvolvidas de forma organizada, evitando erros de passes e movimentação entre os jogadores de mesma equipe, e devem ser feitas de forma segura, de modo que sejam dificultados os roubos de bola pela equipe adversária e não colocando o time em transição em uma situação defensiva desfavorável. Seguindo esses três aspectos importantes para o êxito da transição entre a defesa e o ataque, podemos destacar, ainda, alguns elementos importantes a serem observados para alcançar a eficiência dessa ação: A marcação que a equipe adversária vinha desempenhando antes de realizar um ataque: compreender a marcação que uma equipe realiza antes de atacar é fundamental, uma vez que, possivelmente, ela realizará a mesma marcação ao perder a bola. Com isso, fica mais fácil determinar as posições e direções que os jogadores devem percorrer durante a transição defesa-ataque. Os trajetos percorridos pelosatletas: é importante que os atletas da equipe que recupera a bola, após se defender, movimentem-se seguindo certo padrão. Isto é, os jogadores sem a bola devem deslocar-se pela quadra, estando próximos às linhas laterais, e jogador de posse de bola se desloca pelo centro. Isso é feito para que o jogador com a bola tenha ampla visão dos seus companheiros e dos adversários, podendo realizar o passe para o lado da quadra que estiver menos protegido da marcação adversária. A finalização do contra-ataque: as finalizações no contra-ataque devem ser realizadas próximo à tabela, predominantemente por enter- radas ou bandejas, aumentando as chances de serem convertidas em cesta e aproveitando as brechas defensivas oportunizadas pela equipe adversária. Os arremessos de longe ou os passes em grandes distâncias são mais difíceis de serem realizados, aumentando as chances de erros que fazem com que a equipe adversária recupere a bola e possa fazer um novo ataque, dessa vez, com os jogadores deslocados. Com isso, percebemos que os sistemas defensivos podem ganhar inúmeros formatos, adaptando-se às características de cada um dos jogadores, da equipe ou Aspectos técnicos e táticos do basquete12 à situação que o jogo exige. A transição entre a defesa e o ataque é imediata, de modo que, em poucos segundos, uma equipe que defendia pode estar atacando. Contudo, no basquete, a ênfase defensiva ganha muito destaque, de modo que os esquemas ofensivos se formam a partir das características defensivas que a equipe adversária emprega. Na seção a seguir, destacaremos algumas das principais con- cepções ofensivas que uma equipe deve abordar ao elaborar seus sistemas de ataque. Concepções táticas ofensivas No basquete, a tática surge como uma forma de facilitar que os objetivos do jogo sejam alcançados por meio da utilização da soma das capacidades e habilidades individuais e coletivas dos jogadores (AMERICAN..., 2000). Existem inúmeros formatos táticos, que devem ser adaptados de acordo com a potencialidade de cada equipe. No basquete, é bastante comum observarmos os times adaptarem os seus sistemas ofensivos de acordo com as formações defensivas dos adversários. Por exemplo, ao atuar contra um adversário que defende por zona, o time deve postar-se de modo a desequilibrar os defensores adversários. Com isso, ao contrário do que vemos em muitos esportes, em que os times adaptam as suas defesas ao ataque adversário, no basquete, os times adaptam o seu ataque conforme o padrão tático defensivo apresentado pelas equipes que enfrentam. Ao elaborarmos um sistema de ataque, devemos levar em consideração alguns princípios básicos que devem reger a movimentação e as articulações entre os jogadores da equipe (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010): Organização: para definir o tipo de ataque a ser adotado, é fundamental conhecer o tipo de defesa que o time enfrentará. A seguir, define-se a quantidade de pivôs que será necessária para superar a defesa adversária. Definidos os pivôs, as outras posições (alas e armadores) também são identificadas. A partir da definição de um formato básico a ser adotado pela equipe, é necessário identificar as qualidades dos jogadores a fim de colocá-los em posições que privilegiem o uso de suas potencialidades. Essas disposições permitirão o uso de fundamentos técnicos coletivos, como o servir-e-ir e o corta-luz, durante o jogo. 13Aspectos técnicos e táticos do basquete Movimentação ordenada: após definir a organização da equipe, é necessário estabelecer as funções e os deslocamentos de cada atacante em quadra. O objetivo da etapa de definição de uma movimentação ordenada é identificar as melhores condições para que os atacantes estejam aptos a realizar as cestas. Rebote de ataque: seguindo o planejamento ofensivo, é necessário que os jogadores que disputarão os rebotes de ataque, após o arremesso de um dos atacantes, também estejam definidos (MARONEZE, 2013). Essa etapa é necessária para que haja um planejamento prévio para a disputa de bola nas possíveis áreas em que ela possa cair após um arremesso não convertido. Equilíbrio defensivo: junto ao rebote de ataque, também é necessário identificar quais atacantes estarão preparados e incumbidos da tarefa de voltar para a defesa, prevenindo os contra-ataques adversários. Como o jogo de basquete é muito dinâmico, muitas vezes, a equipe que estava defendendo rapidamente passa a atacar, seja por meio da recuperação de um rebote ou pela rápida colocação da bola em jogo após uma cesta convertida. Continuidade: nem sempre as movimentações ofensivas resultam em cestas. Assim, é necessário que a equipe continue suas movimentações durante todo o jogo, permitindo ações táticas ofensivas planejadas e ordenadas e aumentando as chances de obtenção de resultados. Além desses aspectos mais coletivos, a organização ofensiva também depende bastante do perfil físico e técnico da equipe. Uma equipe que pos- sui apenas jogadores baixos, ágeis e rápidos, provavelmente, terá maiores vantagens ao utilizar um pacote ofensivo que prioriza as infiltrações e os contra-ataques, diferentemente de uma equipe composta por jogadores altos e fortes, que, possivelmente, optará por jogar com um número maior de pivôs e constantemente apostará nesses confrontos individuais próximos à tabela, local em que, por vezes, as valências físicas acabam superando a qualidade técnica. Assim, podemos perceber que existem muitas formas de disposição dos atacantes em quadra. Do mesmo modo, as movimentações também são múl- tiplas, uma vez que variam com as características de cada jogador, da equipe e do sistema defensivo adversário. Dentre essas inúmeras possibilidades, explicaremos as principais características de cada uma delas a seguir. Sistema de acordo com o número de pivôs Em relação ao ataque, os formatos ofensivos variam de acordo com o número de pivôs, de maneira que uma equipe pode atuar com apenas um, dois, ou três Aspectos técnicos e táticos do basquete14 pivôs ou em um formato de rotatividade, em que cada um dos atacantes pode assumir a posição de pivô. Podemos destacar, também, que os formatos ofensivos assumem as suas formas de acordo com a disposição inicial dos atacantes, sendo mais comuns as formações 2-2-1, 1-2-2 e 2-3. A Figura 2, a seguir, demonstra a disposição dos atacantes em quadra em formatos com um, dois e três pivôs. Figura 2. Pivô simples (1), pivô duplo (2) e pivô triplo (3). Os esquemas ofensivos podem assumir formações com um, dois ou três pivôs (P), alterando a disposição de armadores (A) e alas (L) em quadra. Fonte: Garik Prost/Shutterstock.com. Cada uma das formações resulta em implicações ao ataque de uma equipe. Por exemplo, em um formato com três pivôs, o time que ataca perde em grande parte o seu poder de realizar e obter êxito nos arremessos de 3 pontos. No entanto, facilita os arremessos próximos às tabelas, uma vez que tem jogadores mais acostumados a estarem entre os defensores adversários 15Aspectos técnicos e táticos do basquete e que apresentam características específicas que os fazem jogar com melhor desenvoltura próximo à cesta adversária. Jogar com 3 pivôs pode ser uma boa opção ao enfrentar times que apresentam uma formação por zona, já que as movimentações entre eles, quando estão próximo à cesta adversária, podem facilitar o corta-luz e os arremessos perto da cesta. Também, há uma maior consistência nos rebotes, haja vista as características que os pivôs apresentam. Jogar com dois pivôs possibilita um equilíbrio maior entre arremessos de longa distância e de curta distância, uma vez que existe uma igualdade de jogadores com características específicas para essas funções. No entanto, a presença de apenas um armador pode diminuir as infiltrações à defesa adver- sária e também limitar a capacidade de passe qualificado da equipe, uma vez que apenas um jogador que apresenta a excelência nesse fundamento pode ser facilmentemarcado (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010). Esses formatos são mais adequados em marcações por zona, uma vez que a posição fixa definida dos jogadores defensores pode facilitar a atuação do armador, e os alas podem realizar diversos arremessos de longa distância. Por sua vez, os esquemas com apenas um pivô propõem à equipe que ataca a presença de um armador a mais, incidindo em mais quantidade de dribles e de passes, infiltrando a defesa adversária. No entanto, a diminuição do número de pivôs provoca uma dificuldade maior na realização dos arremessos de curta distância e na recuperação da bola após um rebote. Jogar com apenas um pivô pode ser uma boa opção contra esquemas de defesa individual ou de defesa por pressão, já que a presença de dois armadores pode garantir uma maior eficiência nos duelos 1x1, desequilibrando a defesa adversária. Sistemas de ataque contra defesa Além das disposições dos jogadores em quadra, as formações ofensivas variam de acordo com a defesa da equipe adversária, sendo classifi cadas em ataques contra individual, contra zona, contra pressão e contra mista ou combinada, podendo assumir, também, um formato que privilegie os contra-ataques. Nos ataques contra um formato de defesa individual, geralmente, utilizam-se esquemas com um ou dois pivôs. As marcações individualizadas sugerem que Aspectos técnicos e táticos do basquete16 a movimentação se realize predominantemente com movimentos de corta-luz e de servir-e-ir (RÍO, 2003). O treinador deve organizar as posições do time previamente, assim como estabelecer a movimentação dos atacantes. Ao enfrentarem os sistemas de defesas por zona, os atacantes, ao obterem a posse de bola, devem procurar avançar rapidamente ao campo de ataque, a fim de realizar o arremesso antes que os defensores se posicionem em suas respectivas zonas. Muitas vezes, os sistemas defensivos conseguem ter êxito em fechar os caminhos à cesta. Para superar essa situação, é fundamental que os jogadores de melhores arremessos de longa distância se posicionem em locais privilegiados para o arremesso e onde seja possível que os armadores façam a bola chegar até eles (FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 2010). Na ausência desses jogadores, os pivôs devem se movimentar constantemente de um lado a outro da quadra na tentativa de se desvencilhar da marcação e de confundir a defesa adversária. Em situações nas quais seja necessária a superação de uma marcação sob pressão, os atacantes devem procurar ficar pouco tempo com a posse da bola. O passe rápido minimiza as chances de ficar sob marcação dupla. Além disso, os atacantes não devem posicionar-se muito próximos, induzindo o cansaço dos atacantes e fazendo com que um jogador sempre esteja livre de marcação. Nas situações em que enfrentam defesas de formações mistas ou combina- das, os atacantes devem procurar identificar quais são os formatos adotados por cada jogador em cada momento da partida (MARONEZE, 2013). A leitura do jogo por parte do coletivo é fundamental para que se evitem os fatores surpresa e se minimizem as chances de perder a posse da bola. Dessa forma, percebemos que a adoção do sistema ofensivo por parte de uma equipe depende do sistema defensivo que ela vai enfrentar. Assim, os fundamentos técnicos, em especial os coletivos (passe, recepção, rebote, as situações de jogo e os contra-ataques), devem ser dominados por cada um dos jogadores e aperfeiçoados em sua coletividade, de modo a permitir que os objetivos principais do jogo de basquete, fazer e evitar cestas, sejam alcançados. 17Aspectos técnicos e táticos do basquete AMERICAN SPORT EDUCATION PROGRAM. Ensinando basquetebol para jovens. 2. ed. São Paulo: Manole, 2000. FERREIRA, A. E. F.; ROSE JÚNIOR, D. Basquetebol: técnicas e táticas, uma abordagem pedagógica. 2. ed. São Paulo: EPU, 2010. FILIN, V. P. Desporto juvenil: teoria e metodologia. Londrina: CID, 1996. MARONEZE, S. Basquetebol: manual de ensino. São Paulo: Ícone, 2013. RÍO, J. A. Metodología del baloncesto. Madrid: Paidotribo, 2003. ROSE JÚNIOR, D.; TRICOLI, V. Basquetebol: do treino ao jogo. 2. ed. São Paulo: Manole, 2017. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Física e Desportos. Basquetebol: coletânea. Brasília, DF: MEC/DDD, 1980. Disponível em: <http://www.domi- niopublico.gov.br/download/texto/me002060.pdf>. Acesso em: 03 set. 2018. ROSE JÚNIOR, D. Esporte e atividade física na infância e adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2011. SCHMIDT, R.; LEE, T. Aprendizagem e performance motora. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. WEINBERG, R.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. Aspectos técnicos e táticos do basquete18 Conteúdo:
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