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Neoplasias - fisiopatologia e terapia nutricional

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Neoplasias: fisiopatologia e terapia nutricional 
 Problema de saúde pública, a maior incidência de 
 câncer em homens e de câncer de próstata e para as 
 mulheres o câncer de mama. 
 Definição : Câncer é o nome dado ao conjunto de mais de 
 100 doenças e tem como característica comum o 
 crescimento desordenado das células que invadem os tecidos 
 e órgãos e pode se espalhar para outras regiões do corpo 
 (metástase) 
 - Tumores malignos: são assim chamados quando o 
 crescimento desordenado das células acontece de 
 forma muito rápida, agressiva e incontrolável. 
 Somente o tumor maligno é denominado câncer. 
 - Tumores benignos: significa, simplesmente, uma 
 massa localizada de células que se multiplicam 
 vagarosamente e se assemelham ao seu tecido 
 original, raramente constituindo um risco de vida. O 
 tumor benigno é definido como o crescimento 
 celular que não tem capacidade de formar 
 metástase. 
 Fisiopatologia do processo carcinogênico 
 3 etapas 
 ● Iniciação: a célula sofre ação dos agentes 
 cancerígenos iniciadores, que alteram a estrutura 
 do DNA 
 ● Promoção: a célula alterada continua a sofrer ação 
 de agentes que estimulam sua multiplicação 
 (agentes promotores) 
 ● Progressão: multiplicação descontrolada das 
 células, acúmulo de células cancerosas, primeiras 
 manifestações clínicas da doença, diagnóstico 
 acontece aqui 
 Diferentes células, diferentes tipos = Os diferentes tipos de 
 câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. 
 Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou 
 mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de 
 partida são os tecidos conjuntivo, como osso, músculo ou 
 cartilagem, são chamados de sarcomas. 
 Alteração mitocondrial: menor número, mutações no mtDNA, 
 formação de espécies reativas de oxigênio = estresse 
 oxidativo celular 
 Alterações metabólicas 
 O que causa o câncer : De 10 a 20% fatores genéticos e 80 
 a 90% fatores ambientais (os mais incidentes são 
 alimentação e o tabagismo) 
 Prevenção : Não fumar, controlar o peso, ter uma 
 alimentação saudável, fazer exame preventivo ginecológico, 
 mamografia, evitar ou limitar a ingestão de bebidas 
 alcoólicas, evitar exposição prolongada ao sol, fazer 
 diariamente a higiene oral, fazer exercício físico. 
 Porque a prevenção e diagnóstico precoce são tão difíceis 
 Diagnóstico : Depende de cada tipo de câncer, clínico e 
 patológico, os sintomas são inespecíficos e diferentes em 
 cada tipo. 
 *Nem todo paciente com câncer é hipermetabólico, depende 
 da localização, estadiamento e tipo de tratamento que o 
 paciente está recebendo. 
 Estadiamento do câncer: Varia para cada tipo de câncer, o 
 sistema TMN determina o tamanho do tumor e o surgimento 
 da metástase, a ordem do estadiamento depende de cada 
 tipo de câncer, onde T é a extensão do tumor primário, N é 
 o envolvimento de linfonodos e M é a extensão da 
 metástase. 
 *Oncologista trata o tumor sólido e hematologista trata o 
 tumor hematológico, também são consultados cirurgião e 
 especialistas, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, 
 assistente social. 
 _______________________________________ 
 Tratamento : Cirurgia paliativa ou curativa, quimioterapia, 
 radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, isolados ou 
 combinados. 
 Cirurgia 
 ● Primeira modalidade de tratamento empregada com 
 sucesso no tratamento do câncer 
 ● Propósitos das cirurgias em oncologia: Profilático 
 (prevenir a propagação), Diagnóstico, Estadiamento, 
 Curativo 
 Transplante de células hematopoyéticas: Infusão intravenosa 
 de células progenitoras hematopoyéticas na corrente 
 sanguínea para restaurar a função da medula óssea. 
 Fases do transplante: 
 1. Período de Condicionamento: Qt em altas doses para 
 destruir as células malignas e a medula do receptor - 
 Infusão da medula óssea - 
 2. Período de Aplasia: fase onde a contagem de leucócitos 
 do receptor baixa muito e a medula fica "despovoada" de 
 células. 
 3. Período da "Pega": quando a medula do doador começa a 
 produzir as primeiras células no receptor. 
 Alogênico, autólogo, singênicos 
 Fatores que interferem no sucesso do transplante: 
 Diagnóstico e estágio da doença, Grau de 
 histocompatibilidade do doador, Regime preparatório, fonte 
 de células (medula óssea, sangue periférico, sangue de 
 cordão umbilical e placentário), Idade, Tratamento prévio, 
 Estado nutricional. 
 Quimioterapia 
 Consiste na administração de medicamentos: Via endovenosa, 
 Via intramuscular, Via subcutânea, Via oral, Via intra-arterial. 
 Tipos de Quimioterapia 
 - Curativa: para tumores com fração de crescimento 
 muito alta: doenças do sangue e germinativas; 
 - Adjuvante ou preventiva: tratamento de 
 micrometástases após tratamento curativo do 
 tumor primário (normalmente cirurgia); 
 - Primária ou Neoadjuvante: antes do tratamento 
 definitivo, cirúrgico ou não; 
 - Não curativa / paliativa: para o "controle" da 
 doença disseminada e melhoria da qualidade de 
 vida. 
 Efeitos colaterais da quimioterapia : A QT age de maneira não 
 seletiva contra as células tumorais, afetando células de 
 proliferação rápida (mucosa, cabelo, sangue) Os agentes 
 também podem atingir células normais e causar: Queda de 
 cabelo; Feridas na boca; Dificuldades para engolir; 
 Inapetência; Náuseas e vômitos; Constipação Ou diarréia; 
 Anemia; Hemorragias; Queda da imunidade. 
 Ciclos da quimioterapia: Em geral ocorrem a cada 3 semanas 
 (+/- 21 dias), na segunda semana há a diminuição da 
 proliferação celular de células tumorais, medula óssea, 
 cabelo, mucosas. 
 Radioterapia 
 Produz radiações ionizantes - Íons reagem com a molécula 
 de O2 -> Reações químicas -> Reações moleculares -> 
 Dano Celular -> Reparo/ morte celular. 
 Seus efeitos colaterais são locais, pois a via não é sistêmica 
 Objetivos da Terapia Nutricional 
 ● Prevenir ou reverter o declínio do estado 
 nutricional; 
 ● Evitar a progressão para um quadro de caquexia; 
 ● Auxiliar no manejo dos sintomas; 
 ● Melhorar o balanço nitrogenado; 
 ● Reduzir a proteólise; 
 ● Aumentar a resposta imune; 
 ● Reduzir o tempo de internação hospitalar e 
 garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente. 
 _______________________________________ 
 Impactos nutricionais em pacientes com câncer 
 Perda ponderal progressiva decorre de: 
 Desnutrição : alta prevalência em pacientes com câncer, 
 resulta da falta de ingestão ou absorção de nutrientes que 
 altera a composição corporal, quando associada a anorexia, a 
 produção de citocinas, aumento do GE, ativação do estado 
 inflamatório, hipoalbuminemia e PP grave é chamada 
 caquexia do câncer. 
 - Revertida com cuidado nutricional. 
 - Consequência do tumor ou do tratamento. 
 - Diagnóstico é baseado em componentes etiológicos 
 e fenotípicos. 
 *ASG PPP 
 Caquexia : síndrome multifatorial, perda de massa muscular 
 com ou sem perda de tecido adiposo, que não pode ser 
 revertida com suporte nutricional convencional e acarreta 
 disfunção orgânica. É um tipo de desnutrição associada à 
 inflamação crônica, que não deve ser percebida como 
 desnutrição final. 
 Há aumento do catabolismo proteico, subjacente a 
 uma doença, e não pode ser revertida com suporte 
 nutricional. *A inflamação tem papel importante na caquexia. 
 O paciente perde peso independenteda ingestão alimentar. 
 Muitas vezes o paciente não apresenta o fenótipo 
 emagrecido. 
 ● pré caquexia - PP < 5% involuntária. Anorexia e 
 alterações metabólicas 
 ● caquexia - PP > 5% em seis meses ou IMC < 20 
 ou sarcopenia + PP > 2%. Diminuição da 
 ingestão/inflamação sistêmica 
 ● caquexia refratária - Catabolismo e ausência de 
 resposta à terapia. Expectativa de vida < 3 meses 
 *Perda de peso involuntária e apetite 
 Sarcopenia : diminuição da massa muscular associada a perda 
 de função muscular e desempenho físico, 2 tipos: primária: 
 relacionada a idade e secundária: Na presença de doença 
 sistêmica subjacente ou processos inflamatórios. 
 *Força de pressão 
 _______________________________________ 
 Triagem e avaliação nutricional 
 O primeiro passo da avaliação do paciente é a 
 triagem ou rastreamento nutricional - para identificar se há 
 risco, havendo-o o segundo passo é realizar a avaliação 
 nutricional mais detalhada, confirmar a presença de 
 alterações nutricionais e a causa. 
 Triagem: realizada por qualquer membro da equipe 
 multiprofissional treinado (até 72h da admissão). Serve para 
 identificar pacientes em risco nutricional com a finalidade de 
 estabelecer um plano de terapia nutricional (oral, enteral ou 
 parenteral) + precocemente possível visando à reabilitação 
 (melhor perspectiva de alta hospitalar). 
 A escolha do método é relativa e depende da 
 participação do paciente ou familiares, alterações recentes, 
 diagnósticos clínicos, presença de comorbidades, ideal que 
 seja de fácil aplicação, baixo custo, boa reprodutibilidade. 
 Instrumentos para a avaliação nutricional: no fim da 
 vida - Dados dietéticos, clínicos, respeitar a vontade do 
 paciente. 
 Objetivos da triagem 
 Clínico 
 ● Recuperar EN adequado 
 ● Prevenir desnutrição associada ao TTT 
 ● Fornecer fluidos e nutrientes para manter as 
 funções vitais e homeostase 
 ● Recuperar imunidade CeD adequado para idade 
 ● Melhor QV 
 Cirúrgico 
 ● Conhecer condição nutricional do paciente (antes e 
 depois) para melhor prescrição 
 ● Antes: preparar para o trauma, prevenir e evitar 
 piora do EN, ↓ complicações pós, TIH, mortalidade 
 ● Pós: monitorar com continuidade do plano 
 nutricional para ↓ complicações tardias 
 Transplante 
 ● Antes: evitar piora do EN, complicações para 
 desnutridos ou em risco 
 ● Pós: monitorar com continuidade do plano para 
 reduzir efeitos adversos, manter aderência ao TTT, 
 melhorar condição clínica e nutricional 
 Cuidados paliativos 
 ● Melhora na QV 
 ● Prevenir ou ↓ déficits nutricionais ou complicações 
 da desnutrição 
 ● Fornecer fluidos e nutrientes para EN adequado ou 
 retardar desnutrição 
 ● Ao fim da vida: melhor QV, alívio de sintomas, 
 conforto e bem-estar 
 Instrumento para avaliação nutricional 
 Anamnese nutricional - Hx clínica, Hx nutricional e Hx 
 socioeconômica 
 Antropometria - Crianças/adolescentes curvas de 
 crescimento OMS, > 3 meses CB, DCT ; Considerar edema, 
 estado de hidratação, presença de grandes massas tumorais 
 Ingestão alimentar - Quanti e quali 
 Laboratorial - Hemograma, Hb, leucograma, pré albumina, 
 albumina, glicemia, CT e frações, triglicerídeos, renal 
 (creatinina, ureia, Na, K), hepática (transaminases e 
 bilirrubinas), PCR 
 Exame físico - Sinais físicos de desnutrição 
 *Ao final da vida - Dados dietéticos: QFA OU R24h OU 
 questionário de consumo alimentar atual. Dados clínicos: foco 
 na funcionalidade, conforto e bem-estar do paciente. 
 Obs.: respeitar sempre a vontade do paciente e do cuidador. 
 Dispensar o uso de qualquer instrumento que traga 
 desconforto ou mal-estar para paciente ou familiar. 
 Indicadores de risco nutricional 
 ● DCT e CB entre P10 e P25 
 ● Perda de peso recente e involuntária 
 ● Consumo alimentar menor que 70% por 3 a 5 dias 
 consecutivos independente do déficit 
 antropométrico 
 ● Toxicidade do TGI 
 ● Obesidade e sobrepeso 
 ● Dados bioquímicos: albumina < 3,2 mg/dL, CT < 160, 
 PCR ≥ 10 
 ● Diagnóstico de fragilidade de forma clínica 
 Triagem e avaliação nutricional: 
 - Todos os pacientes ambulatoriais ou internados 
 devem ser triados e avaliados (primeiras 24-48h de 
 internação ou atendimento ambulatorial) 
 - Clínico e cirúrgico: NRS-2002 (≥ 3, ASG-PPP B e C 
 ou ≥ 9, MNA versão reduzida ou MAN para idoso 
 (8-11) 
 - TCTH: além dos já citados: dinamometria 
 - Sarcopenia: SARC-F ≥ 4 (exceto para pacientes 
 com expectativa de vida < 90 dias) 
 - Cuidados paliativos: NRS-2002, ASG-PPP e 
 anamnese alimentar com foco nos sinais e sintomas 
 (fim da vida) 
 Frequência de reavaliação: 
 ● Internação: semanalmente 
 ● Ambulatório: sem RN (em até 30 dias), com RN ou 
 desnutrido em até 15 dias 
 ● Pós TCTH 30 dias, quando em controle de 3 meses, 
 6 meses e 1 ano após. Se complicações deve ser 
 individualizada 
 ● Cuidados paliativos: internado diariamente, 
 ambulatorial/domiciliar a cada 15 dias 
 Métodos de triagem nutricional 
 ASG-PPP - Avaliação subjetiva global preenchida pelo 
 paciente, avalia sintomas de impacto nutricional presentes no 
 câncer (boca seca, gosto metálico). Padrão ouro na 
 avaliação de paciente oncológico, traz pontos de corte e 
 classificação, perguntas sobre peso, ingestão, sintomas, 
 atividades e função, presença de outras condições, demanda 
 metabólica, exame físico e avaliação global. 
 Difere da original em 3 aspectos principais: Exame 
 físico e fatores de risco (dx, uso de corticoides ou febre), 
 realizada pelo profissional da saúde, com o objetivo de ↓ 
 tempo de aplicação do questionário. 
 NUTRIC SCORE - ferramenta para pacientes oncológicos 
 ambulatoriais, rápida e validada com altos níveis de acurácia 
 para detectar risco nutricional nessa população. 
 A avaliação inclui três etapas: 
 A) perda de peso involuntária nos últimos 3 meses e a 
 quantidade aproximada; 
 B) diminuição de apetite na última semana 
 C) aspectos relacionados à localização do câncer e 
 tratamentos realizados. Paciente será classificado com um 
 escore total: ≥ 5 pacientes em risco nutricional 
 SARC-F - Simples e rápido de ser aplicado, para identificar 
 risco de sarcopenia, desenvolvido como um possível teste 
 diagnóstico para sarcopenia baseado em cinco componentes: 
 força, necessidade de auxílio para caminhar, capacidade de 
 sentar e levantar de uma cadeira, subir escadas e se houve 
 presença de quedas no último ano. 
 Escore final é entre 0 e 10, sendo ≥ 4 preditivo de 
 sarcopenia e desfechos negativos. 
 SARC-CALF - Igual SARC-F, porém inclui também a 
 circunferência da panturrilha (33 cm para mulheres e 34 cm 
 para homens) 
 NRS - 2002 - Nutritional risk screening 
 MAN - Mini avaliação nutricional 
 MUST - Malnutrition universal screening tool 
 Fluxograma de atendimento 
 Terapia nutricional nas neoplasias 
 ● Nutrição é crucial no cuidado do câncer desde o diagnóstico ao tratamento. 
 ● Guias baseados em evidências para tratamento nutricional em oncologia: INCA, ESPEN, SBNO e BRASPEN. 
 Condutas relacionadas a sinais e sintomas 
 Anorexia 
 ● Conversar com o paciente/acompanhante sobre a 
 importância da alimentação, apesar da inapetência. 
 ● Adequar as orientações nutricionais às preferências 
 ● Adequar a ingestão atual para o ideal ou o mais 
 próximo possível. 
 ● Modificar a consistência da dieta conforme aceitação. 
 ● Quando necessário e possível, ↑ fracionamento e↓ 
 volume, 6 a 8 refeições ao dia. 
 ● ↑ ingestão de alimentos e preparações com ↑ 
 densidade calórica. 
 ● Se necessário, utilizar complementos nutricionais 
 hipercalóricos e hiperproteicos. 
 ● Preferência a pratos coloridos e diversificados, 
 evitando a monotonia 
 Disgeusia e disosmia 
 ● Importância da alimentação, apesar da disgeusia e da 
 disosmia. 
 ● Estimular a ingestão de alimentos mais prazerosos, 
 adequando às preferências 
 ● Fracionar, modificar a consistência, quando necessário. 
 ● Complementos nutricionais com flavorizantes e aromas 
 apreciados pelo paciente. 
 ● Preparar pratos visualmente agradáveis e coloridos. 
 ● Estimular a recordação do sabor dos alimentos antes 
 de ingeri-los. 
 ● Preferência a alimentos com sabores + acentuados. 
 Alimentos ácidos estimulam a salivação. 
 ● Dar preferência a alimentos frios, que requeiram 
 aquecimento mínimo. 
 ● Utilizar ervas aromáticas e condimentos nas 
 preparações. 
 ● Evitar o uso de talheres de metal para minimizar o 
 sabor metálico. 
 ● Add mel ou açúcar (se permitido) aos alimentos pode 
 diminuir o sabor amargo ou ácido. 
 ● Realizar a limpeza das papilas gustativas antes de 
 comer, fazendo um bochecho ou bebendo água comum, 
 água com gás, chás, gengibre ou suco de frutas ácidas. 
 Náusea e vômito 
 ● Conscientizar sobre a necessidade da alimentação, 
 oferecendo uma 2ª vez a refeição, ~20 min após a 1ª 
 ● ↑ fracionamento da dieta e ↓ o volume por refeição, 
 oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia. 
 ● Adequar as orientações nutricionais às preferências do 
 paciente. 
 ● Alimentos + secos, simples, frios, com ↓teor de gordura 
 e sem molhos costumam ser mais bem tolerados. 
 ● Preparar pratos visualmente agradáveis e coloridos. 
 ● Evitar jejuns prolongados. 
 ● Mastigar ou chupar gelo 40 min antes das refeições. 
 ● Evitar preparações com frituras e alimentos 
 gordurosos, com T°extremas, mas dar preferência aos 
 gelados. 
 ● Evitar preparações e alimentos muito doces. 
 ● Quando possível, add alimentos cítricos às preparações, 
 preferencialmente gelados: sucos, cubos de gelo, picolés 
 (limão, laranja, maracujá, abacaxi...). 
 ● Evitar beber líquidos durante as refeições, ingerindo-os 
 em pequenas quantidades nos intervalos. 
 ● Manter cabeceira elevada (45°) durante e após as 
 refeições por, pelo menos, 30 min antes de deitar. 
 ● Realizar as refeições em locais arejados, evitando locais 
 fechados onde possa se propagar o cheiro 
 ● Utilizar roupas leves e não muito apertadas 
 ● Revisar, junto à equipe multiprofissional, a prescrição e 
 os horários de medicamentos antieméticos 
 Xerostomia 
 ● Conscientizar o paciente e o acompanhante sobre a 
 necessidade da alimentação, apesar da xerostomia. 
 ● Adequar os alimentos conforme a aceitação, ajustando a 
 consistência. 
 ● Quando necessário, utilizar complementos nutricionais 
 industrializados com flavorizantes cítricos. 
 ● Dar preferência a alimentos umedecidos. 
 ● Utilizar gotas de limão nas saladas e bebidas. 
 ● Ingerir líquidos junto com as refeições para facilitar a 
 mastigação e a deglutição. 
 ● Adicionar caldos e molhos às preparações. 
 ● Usar ervas aromáticas como tempero nas preparações, 
 evitando sal e condimentos em excesso. 
 ● Mastigar e chupar gelo feito de água de coco e suco 
 de fruta natural, sem açúcar. 
 ● Utilizar goma de mascar ou balas sem açúcar com sabor 
 cítrico para ↑ produção de saliva e sentir + sede. 
 Mucosite e úlceras orais 
 ● Modificar a consistência da dieta de acordo com o grau 
 de mucosite. 
 ● Evitar alimentos ácidos, picantes, excessivamente 
 condimentados, salgados e doces. 
 ● Utilizar alimentos à T° ambiente ou fria para otimizar a 
 vasoconstrição. 
 ● Diminuir o sal das preparações, evitar vegetais frescos 
 crus. 
 ● Manter ingestão hídrica adequada, evitando líquidos 
 ricos em açúcar. 
 ● Evitar alimentos secos e abrasivos. 
 ● Revisar junto à equipe multiprofissional a prescrição e 
 os horários de administração de medicamentos 
 analgésicos, preferencialmente sistêmicos. 
 ● Intensificar a higiene oral, de acordo com as condições 
 clínicas do paciente, desde a escovação dentária com 
 escova extra macia até bochechos à base de água ou 
 chá de camomila em consonância com as orientações 
 odontológicas de cada serviço e condições clínicas 
 individualizadas. 
 Diarreia 
 ● Conscientizar o paciente sobre a necessidade da 
 alimentação, apesar da diarreia. 
 ● Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume 
 por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia. 
 ● Avaliar individualmente a utilização de dieta pobre em 
 resíduos, glúten, lactose, teína, cafeína e sacarose. 
 ● Evitar alimentos flatulentos e hiperosmolares. 
 ● Utilizar dieta pobre em fibras insolúveis e adequada em 
 fibras solúveis. 
 ● Ingerir líquidos isotônicos entre as refeições, em 
 volumes proporcionais às perdas. 
 Constipação 
 ● Conscientizar o paciente e o acompanhante sobre a 
 necessidade de alimentação, apesar da constipação 
 intestinal. 
 ● Orientar a ingestão de alimentos ricos em fibras e com 
 características laxativas. 
 ● Considerar a utilização de módulo de fibra dietética 
 mista. 
 ● Estimular a ingestão hídrica conforme recomendações 
 Neoplasias infantis: Fisiopatologia e terapia nutricional 
 No Brasil o câncer infanto juvenil (0-19a) e a maior 
 causa de óbito nessa faixa etária, tem taxa de cura de 80% e 
 25% de mortalidade, leucemia e linfoma são os mais comuns, e 
 por terem tratamento agressivo essas crianças têm maior risco 
 de desenvolver DCV e síndrome metabólica. 
 Etiologia : Exposições ambientais (físico, químico, biológico NÃO 
 SÃO DETERMINANTES do câncer infantil, exposições intra 
 uterinas estão relacionadas, mas ainda não é certo. 
 Fatores de risco: não se tem fatores determinados e por estar 
 relacionado a fatores intra uterinos não se tem prevenção 
 também. 
 Sinais e sintomas: Os sintomas muitas vezes são inespecíficos, 
 mas deve-se atentar a - Crescimento do olho, podendo estar 
 acompanhado de mancha roxa no local, febre prolongada de 
 causa não identificada, palidez inexplicada, dores nos ossos e 
 juntas com ou sem inchaço, vômitos acompanhados de dor de 
 cabeça, diminuição da visão ou perda de equilíbrio, perda de 
 peso, caroço em qualquer parte do corpo (especialmente 
 barriga), manchas roxas, sangramento pelo corpo sem 
 machucado, anemia. 
 Características do câncer infanto juvenil: Por serem 
 predominantemente de natureza embrionária, os tumores são 
 constituídos de células indiferenciadas, o que possibilita melhor 
 resposta ao tratamento, possuem curto período de latência 
 respondendo bem a tratamentos agressivos. 
 Tipos : Leucemia, linfomas, tumores do SNC, tumor embrionário 
 (retinoblastoma, neuroblastoma e tumor de wilms), 
 osteosarcomas e sarcomas, carcinomas são menos frequentes 
 na infância. 
 - Leucemia: acúmulo de células jovens… Categorías: 
 Mieloide, linfoide (o linfócito e a célula doente), crônica 
 (quando a divisão é mais lenta) e aguda (quando a 
 velocidade e rápida)- LMA, LMC, LLA (mais agressiva) 
 e LLC 
 - Linfoma: acúmulo de linfócitos nos gânglios ou nódulos 
 linfáticos ou nos tecidos do sistema linfático, sinais e 
 sintomas frequentes- febre, coceira persistente, 
 suores noturnos, falta de apetite, aumento dosgânglios do pescoço 
 - Tumor de SNC 
 Diagnóstico : igual realizado para adultos, exame de imagem para 
 TU sólido, com biópsia e exame de sangue para TU hematológico 
 Tratamento : Igual realizado para adultos. Quimioterapia (indução, 
 manutenção, recuperação) , radioterapia e cirurgia/TCTH, 
 transplante de medula - única cura. 
 *Trata-se da criança e da família, deve-se considerar todo o 
 contexto social, a cura não se baseia apenas na recuperação 
 biológica da doença, mas também no bem estar e qualidade de 
 vida. 
 *A humanização do ambiente é fundamental. 
 Impacto nutricional: 
 - Redução da ingestão alimentar, alteracao do gasto 
 energético, alteração na absorção e metabolismo de 
 nutrientes, alteração no apetite, caquexia 
 - Desnutrição de 6 a 50% das crianças no momento do 
 diagnóstico, referência de 5% de PP 
 - Criança com desnutrição tem: Maior infecção, menor 
 resposta terapêutica, maior probabilidade de recidivas 
 e menores taxas de sobrevidas 
 Avaliação nutricional 
 Avaliação completa, exames bioquímicos, exame físico, 
 antropometria, análise dietética… 
 1) Anamnese nutricional: 
 -História clínica: data do diagnóstico, localização da doença e 
 estadiamento, protocolo e fase do tratamento 
 -História nutricional: peso habitual, perda de peso e tempo da 
 perda de peso, sintomas gastrointestinais, anorexia, alteração 
 no paladar, xerostomia 
 -História socioeconômica: escolaridade e situação de renda 
 familiar 
 2) Antropometria: peso, estatura, índice de massa corporal 
 (IMC). Em crianças acima de 2 anos, coletar circunferência do 
 braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB) e dobra 
 cutânea triciptal (DCT). 
 Obs.: Classificar esses dados pelos padrões de referência da 
 Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio dos softwares 
 WHO Anthro e Anthro Plus, ou pelas curvas de crescimento 
 disponíveis no site da OMS, utilizando o escore Z ou o 
 percentil, para os parâmetros de: 
 a) P/E, E/I e P/I para crianças abaixo de 2 anos 
 b) IMC/I, E/I e P/I para crianças acima de 2 anos e 
 adolescentes 
 c) CB, CMB e DCT classificar pelos padrões de Frisancho (1993) 
 Obs. 2: medidas de perímetro cefálico (PC) e perímetro torácico 
 (PT), em crianças abaixo de 2 anos, devem ser consideradas 
 como parte da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor 
 -Estimativa de estatura: Pode ser estimada por meio do 
 comprimento do joelho, com uso de fórmulas: Stevenson (1995) 
 (de 2 a 12 anos) e Chumlea (1985, 1994) (acima de 12 anos) 
 -Estadiamento puberal: WHO (1995) Correção de peso para 
 pacientes amputados: utilizar a fórmula de Osterkamp (1995) 
 Obs.: Na avaliação antropométrica, levar em consideração a 
 presença de edemas, estado de hidratação (hiper-hidratação) e 
 a existência de grandes massas tumorais 
 3) Ingestão alimentar: avaliar qualitativa e quantitativamente. 
 Adequar de acordo com as necessidades nutricionais de macro 
 e micronutrientes (de acordo com a Dietary Reference 
 Intake/referências dietéticas para ingestão - DRI) 
 4) Avaliação laboratorial: Hemograma: hemoglobina, volume 
 corpuscular médio (VCM), leucograma 
 Bioquímica: pré-albumina (sempre que possível), albumina, 
 glicemia, colesterol total e frações, triglicerídeos; função renal: 
 creatinina, uréia, sódio e potássio; função hepática: 
 transaminases e bilirrubinas; proteína C reativa 
 Obs.: Os exames laboratoriais serão utilizados em conjunto com 
 outros parâmetros para fechamento do diagnóstico de risco 
 nutricional 
 5) Exame físico: observar sinais físicos de desnutrição: cabelo, 
 unhas, turgor da pele, reservas adiposas e tônus muscular 
 Recomendações nutricionais para o paciente oncológico 
 pediátrico cirúrgico 
 *Não tem recomendações específicas para crianças com câncer, 
 utilizam-se as mesmas que para crianças saudáveis 
 Proteína e ingestão hídrica 
 Proteína pós transplante 
 Terapia nutricional 
 Para pacientes pré cirúrgicos: em pacientes desnutridos iniciar 
 com TN 7 dias antes 
 Pós cirúrgicos: Deve ser preferencialmente enteral, iniciada no 
 pós-operatório, dentro de 24 a 48 horas (terapia nutricional 
 precoce) 
 Critérios de indicação da via a ser utilizada: 
 Aumento ptn em pós transplante 
 *paciente crítico: em instabilidade ou em uso de equipamento 
 para monitorização -> sem possibilidade de aferir o peso, 
 dados clínicos, exames bioquímicos (PCR e pré-albumina) e 
 história dietética, SIRS e/ou sepse. 
 Pode-se fazer AN diária, avaliando que parâmetros usar 
 Acompanhamento sem doença: acompanhar trimestralmente no 
 primeiro ano após término do tratamento. Após esse período, 
 comparecer anualmente ao ambulatório de nutrição, ou quando 
 se fizer necessário, até 5 anos, se não houver recaída da 
 doença oncológica. 
 Orientações para sinais e sintomas do tratamento : Página 76 do 
 manual - mesmos para adultos

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