Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Neoplasias: fisiopatologia e terapia nutricional Problema de saúde pública, a maior incidência de câncer em homens e de câncer de próstata e para as mulheres o câncer de mama. Definição : Câncer é o nome dado ao conjunto de mais de 100 doenças e tem como característica comum o crescimento desordenado das células que invadem os tecidos e órgãos e pode se espalhar para outras regiões do corpo (metástase) - Tumores malignos: são assim chamados quando o crescimento desordenado das células acontece de forma muito rápida, agressiva e incontrolável. Somente o tumor maligno é denominado câncer. - Tumores benignos: significa, simplesmente, uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida. O tumor benigno é definido como o crescimento celular que não tem capacidade de formar metástase. Fisiopatologia do processo carcinogênico 3 etapas ● Iniciação: a célula sofre ação dos agentes cancerígenos iniciadores, que alteram a estrutura do DNA ● Promoção: a célula alterada continua a sofrer ação de agentes que estimulam sua multiplicação (agentes promotores) ● Progressão: multiplicação descontrolada das células, acúmulo de células cancerosas, primeiras manifestações clínicas da doença, diagnóstico acontece aqui Diferentes células, diferentes tipos = Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivo, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados de sarcomas. Alteração mitocondrial: menor número, mutações no mtDNA, formação de espécies reativas de oxigênio = estresse oxidativo celular Alterações metabólicas O que causa o câncer : De 10 a 20% fatores genéticos e 80 a 90% fatores ambientais (os mais incidentes são alimentação e o tabagismo) Prevenção : Não fumar, controlar o peso, ter uma alimentação saudável, fazer exame preventivo ginecológico, mamografia, evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas, evitar exposição prolongada ao sol, fazer diariamente a higiene oral, fazer exercício físico. Porque a prevenção e diagnóstico precoce são tão difíceis Diagnóstico : Depende de cada tipo de câncer, clínico e patológico, os sintomas são inespecíficos e diferentes em cada tipo. *Nem todo paciente com câncer é hipermetabólico, depende da localização, estadiamento e tipo de tratamento que o paciente está recebendo. Estadiamento do câncer: Varia para cada tipo de câncer, o sistema TMN determina o tamanho do tumor e o surgimento da metástase, a ordem do estadiamento depende de cada tipo de câncer, onde T é a extensão do tumor primário, N é o envolvimento de linfonodos e M é a extensão da metástase. *Oncologista trata o tumor sólido e hematologista trata o tumor hematológico, também são consultados cirurgião e especialistas, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social. _______________________________________ Tratamento : Cirurgia paliativa ou curativa, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, isolados ou combinados. Cirurgia ● Primeira modalidade de tratamento empregada com sucesso no tratamento do câncer ● Propósitos das cirurgias em oncologia: Profilático (prevenir a propagação), Diagnóstico, Estadiamento, Curativo Transplante de células hematopoyéticas: Infusão intravenosa de células progenitoras hematopoyéticas na corrente sanguínea para restaurar a função da medula óssea. Fases do transplante: 1. Período de Condicionamento: Qt em altas doses para destruir as células malignas e a medula do receptor - Infusão da medula óssea - 2. Período de Aplasia: fase onde a contagem de leucócitos do receptor baixa muito e a medula fica "despovoada" de células. 3. Período da "Pega": quando a medula do doador começa a produzir as primeiras células no receptor. Alogênico, autólogo, singênicos Fatores que interferem no sucesso do transplante: Diagnóstico e estágio da doença, Grau de histocompatibilidade do doador, Regime preparatório, fonte de células (medula óssea, sangue periférico, sangue de cordão umbilical e placentário), Idade, Tratamento prévio, Estado nutricional. Quimioterapia Consiste na administração de medicamentos: Via endovenosa, Via intramuscular, Via subcutânea, Via oral, Via intra-arterial. Tipos de Quimioterapia - Curativa: para tumores com fração de crescimento muito alta: doenças do sangue e germinativas; - Adjuvante ou preventiva: tratamento de micrometástases após tratamento curativo do tumor primário (normalmente cirurgia); - Primária ou Neoadjuvante: antes do tratamento definitivo, cirúrgico ou não; - Não curativa / paliativa: para o "controle" da doença disseminada e melhoria da qualidade de vida. Efeitos colaterais da quimioterapia : A QT age de maneira não seletiva contra as células tumorais, afetando células de proliferação rápida (mucosa, cabelo, sangue) Os agentes também podem atingir células normais e causar: Queda de cabelo; Feridas na boca; Dificuldades para engolir; Inapetência; Náuseas e vômitos; Constipação Ou diarréia; Anemia; Hemorragias; Queda da imunidade. Ciclos da quimioterapia: Em geral ocorrem a cada 3 semanas (+/- 21 dias), na segunda semana há a diminuição da proliferação celular de células tumorais, medula óssea, cabelo, mucosas. Radioterapia Produz radiações ionizantes - Íons reagem com a molécula de O2 -> Reações químicas -> Reações moleculares -> Dano Celular -> Reparo/ morte celular. Seus efeitos colaterais são locais, pois a via não é sistêmica Objetivos da Terapia Nutricional ● Prevenir ou reverter o declínio do estado nutricional; ● Evitar a progressão para um quadro de caquexia; ● Auxiliar no manejo dos sintomas; ● Melhorar o balanço nitrogenado; ● Reduzir a proteólise; ● Aumentar a resposta imune; ● Reduzir o tempo de internação hospitalar e garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente. _______________________________________ Impactos nutricionais em pacientes com câncer Perda ponderal progressiva decorre de: Desnutrição : alta prevalência em pacientes com câncer, resulta da falta de ingestão ou absorção de nutrientes que altera a composição corporal, quando associada a anorexia, a produção de citocinas, aumento do GE, ativação do estado inflamatório, hipoalbuminemia e PP grave é chamada caquexia do câncer. - Revertida com cuidado nutricional. - Consequência do tumor ou do tratamento. - Diagnóstico é baseado em componentes etiológicos e fenotípicos. *ASG PPP Caquexia : síndrome multifatorial, perda de massa muscular com ou sem perda de tecido adiposo, que não pode ser revertida com suporte nutricional convencional e acarreta disfunção orgânica. É um tipo de desnutrição associada à inflamação crônica, que não deve ser percebida como desnutrição final. Há aumento do catabolismo proteico, subjacente a uma doença, e não pode ser revertida com suporte nutricional. *A inflamação tem papel importante na caquexia. O paciente perde peso independenteda ingestão alimentar. Muitas vezes o paciente não apresenta o fenótipo emagrecido. ● pré caquexia - PP < 5% involuntária. Anorexia e alterações metabólicas ● caquexia - PP > 5% em seis meses ou IMC < 20 ou sarcopenia + PP > 2%. Diminuição da ingestão/inflamação sistêmica ● caquexia refratária - Catabolismo e ausência de resposta à terapia. Expectativa de vida < 3 meses *Perda de peso involuntária e apetite Sarcopenia : diminuição da massa muscular associada a perda de função muscular e desempenho físico, 2 tipos: primária: relacionada a idade e secundária: Na presença de doença sistêmica subjacente ou processos inflamatórios. *Força de pressão _______________________________________ Triagem e avaliação nutricional O primeiro passo da avaliação do paciente é a triagem ou rastreamento nutricional - para identificar se há risco, havendo-o o segundo passo é realizar a avaliação nutricional mais detalhada, confirmar a presença de alterações nutricionais e a causa. Triagem: realizada por qualquer membro da equipe multiprofissional treinado (até 72h da admissão). Serve para identificar pacientes em risco nutricional com a finalidade de estabelecer um plano de terapia nutricional (oral, enteral ou parenteral) + precocemente possível visando à reabilitação (melhor perspectiva de alta hospitalar). A escolha do método é relativa e depende da participação do paciente ou familiares, alterações recentes, diagnósticos clínicos, presença de comorbidades, ideal que seja de fácil aplicação, baixo custo, boa reprodutibilidade. Instrumentos para a avaliação nutricional: no fim da vida - Dados dietéticos, clínicos, respeitar a vontade do paciente. Objetivos da triagem Clínico ● Recuperar EN adequado ● Prevenir desnutrição associada ao TTT ● Fornecer fluidos e nutrientes para manter as funções vitais e homeostase ● Recuperar imunidade CeD adequado para idade ● Melhor QV Cirúrgico ● Conhecer condição nutricional do paciente (antes e depois) para melhor prescrição ● Antes: preparar para o trauma, prevenir e evitar piora do EN, ↓ complicações pós, TIH, mortalidade ● Pós: monitorar com continuidade do plano nutricional para ↓ complicações tardias Transplante ● Antes: evitar piora do EN, complicações para desnutridos ou em risco ● Pós: monitorar com continuidade do plano para reduzir efeitos adversos, manter aderência ao TTT, melhorar condição clínica e nutricional Cuidados paliativos ● Melhora na QV ● Prevenir ou ↓ déficits nutricionais ou complicações da desnutrição ● Fornecer fluidos e nutrientes para EN adequado ou retardar desnutrição ● Ao fim da vida: melhor QV, alívio de sintomas, conforto e bem-estar Instrumento para avaliação nutricional Anamnese nutricional - Hx clínica, Hx nutricional e Hx socioeconômica Antropometria - Crianças/adolescentes curvas de crescimento OMS, > 3 meses CB, DCT ; Considerar edema, estado de hidratação, presença de grandes massas tumorais Ingestão alimentar - Quanti e quali Laboratorial - Hemograma, Hb, leucograma, pré albumina, albumina, glicemia, CT e frações, triglicerídeos, renal (creatinina, ureia, Na, K), hepática (transaminases e bilirrubinas), PCR Exame físico - Sinais físicos de desnutrição *Ao final da vida - Dados dietéticos: QFA OU R24h OU questionário de consumo alimentar atual. Dados clínicos: foco na funcionalidade, conforto e bem-estar do paciente. Obs.: respeitar sempre a vontade do paciente e do cuidador. Dispensar o uso de qualquer instrumento que traga desconforto ou mal-estar para paciente ou familiar. Indicadores de risco nutricional ● DCT e CB entre P10 e P25 ● Perda de peso recente e involuntária ● Consumo alimentar menor que 70% por 3 a 5 dias consecutivos independente do déficit antropométrico ● Toxicidade do TGI ● Obesidade e sobrepeso ● Dados bioquímicos: albumina < 3,2 mg/dL, CT < 160, PCR ≥ 10 ● Diagnóstico de fragilidade de forma clínica Triagem e avaliação nutricional: - Todos os pacientes ambulatoriais ou internados devem ser triados e avaliados (primeiras 24-48h de internação ou atendimento ambulatorial) - Clínico e cirúrgico: NRS-2002 (≥ 3, ASG-PPP B e C ou ≥ 9, MNA versão reduzida ou MAN para idoso (8-11) - TCTH: além dos já citados: dinamometria - Sarcopenia: SARC-F ≥ 4 (exceto para pacientes com expectativa de vida < 90 dias) - Cuidados paliativos: NRS-2002, ASG-PPP e anamnese alimentar com foco nos sinais e sintomas (fim da vida) Frequência de reavaliação: ● Internação: semanalmente ● Ambulatório: sem RN (em até 30 dias), com RN ou desnutrido em até 15 dias ● Pós TCTH 30 dias, quando em controle de 3 meses, 6 meses e 1 ano após. Se complicações deve ser individualizada ● Cuidados paliativos: internado diariamente, ambulatorial/domiciliar a cada 15 dias Métodos de triagem nutricional ASG-PPP - Avaliação subjetiva global preenchida pelo paciente, avalia sintomas de impacto nutricional presentes no câncer (boca seca, gosto metálico). Padrão ouro na avaliação de paciente oncológico, traz pontos de corte e classificação, perguntas sobre peso, ingestão, sintomas, atividades e função, presença de outras condições, demanda metabólica, exame físico e avaliação global. Difere da original em 3 aspectos principais: Exame físico e fatores de risco (dx, uso de corticoides ou febre), realizada pelo profissional da saúde, com o objetivo de ↓ tempo de aplicação do questionário. NUTRIC SCORE - ferramenta para pacientes oncológicos ambulatoriais, rápida e validada com altos níveis de acurácia para detectar risco nutricional nessa população. A avaliação inclui três etapas: A) perda de peso involuntária nos últimos 3 meses e a quantidade aproximada; B) diminuição de apetite na última semana C) aspectos relacionados à localização do câncer e tratamentos realizados. Paciente será classificado com um escore total: ≥ 5 pacientes em risco nutricional SARC-F - Simples e rápido de ser aplicado, para identificar risco de sarcopenia, desenvolvido como um possível teste diagnóstico para sarcopenia baseado em cinco componentes: força, necessidade de auxílio para caminhar, capacidade de sentar e levantar de uma cadeira, subir escadas e se houve presença de quedas no último ano. Escore final é entre 0 e 10, sendo ≥ 4 preditivo de sarcopenia e desfechos negativos. SARC-CALF - Igual SARC-F, porém inclui também a circunferência da panturrilha (33 cm para mulheres e 34 cm para homens) NRS - 2002 - Nutritional risk screening MAN - Mini avaliação nutricional MUST - Malnutrition universal screening tool Fluxograma de atendimento Terapia nutricional nas neoplasias ● Nutrição é crucial no cuidado do câncer desde o diagnóstico ao tratamento. ● Guias baseados em evidências para tratamento nutricional em oncologia: INCA, ESPEN, SBNO e BRASPEN. Condutas relacionadas a sinais e sintomas Anorexia ● Conversar com o paciente/acompanhante sobre a importância da alimentação, apesar da inapetência. ● Adequar as orientações nutricionais às preferências ● Adequar a ingestão atual para o ideal ou o mais próximo possível. ● Modificar a consistência da dieta conforme aceitação. ● Quando necessário e possível, ↑ fracionamento e↓ volume, 6 a 8 refeições ao dia. ● ↑ ingestão de alimentos e preparações com ↑ densidade calórica. ● Se necessário, utilizar complementos nutricionais hipercalóricos e hiperproteicos. ● Preferência a pratos coloridos e diversificados, evitando a monotonia Disgeusia e disosmia ● Importância da alimentação, apesar da disgeusia e da disosmia. ● Estimular a ingestão de alimentos mais prazerosos, adequando às preferências ● Fracionar, modificar a consistência, quando necessário. ● Complementos nutricionais com flavorizantes e aromas apreciados pelo paciente. ● Preparar pratos visualmente agradáveis e coloridos. ● Estimular a recordação do sabor dos alimentos antes de ingeri-los. ● Preferência a alimentos com sabores + acentuados. Alimentos ácidos estimulam a salivação. ● Dar preferência a alimentos frios, que requeiram aquecimento mínimo. ● Utilizar ervas aromáticas e condimentos nas preparações. ● Evitar o uso de talheres de metal para minimizar o sabor metálico. ● Add mel ou açúcar (se permitido) aos alimentos pode diminuir o sabor amargo ou ácido. ● Realizar a limpeza das papilas gustativas antes de comer, fazendo um bochecho ou bebendo água comum, água com gás, chás, gengibre ou suco de frutas ácidas. Náusea e vômito ● Conscientizar sobre a necessidade da alimentação, oferecendo uma 2ª vez a refeição, ~20 min após a 1ª ● ↑ fracionamento da dieta e ↓ o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia. ● Adequar as orientações nutricionais às preferências do paciente. ● Alimentos + secos, simples, frios, com ↓teor de gordura e sem molhos costumam ser mais bem tolerados. ● Preparar pratos visualmente agradáveis e coloridos. ● Evitar jejuns prolongados. ● Mastigar ou chupar gelo 40 min antes das refeições. ● Evitar preparações com frituras e alimentos gordurosos, com T°extremas, mas dar preferência aos gelados. ● Evitar preparações e alimentos muito doces. ● Quando possível, add alimentos cítricos às preparações, preferencialmente gelados: sucos, cubos de gelo, picolés (limão, laranja, maracujá, abacaxi...). ● Evitar beber líquidos durante as refeições, ingerindo-os em pequenas quantidades nos intervalos. ● Manter cabeceira elevada (45°) durante e após as refeições por, pelo menos, 30 min antes de deitar. ● Realizar as refeições em locais arejados, evitando locais fechados onde possa se propagar o cheiro ● Utilizar roupas leves e não muito apertadas ● Revisar, junto à equipe multiprofissional, a prescrição e os horários de medicamentos antieméticos Xerostomia ● Conscientizar o paciente e o acompanhante sobre a necessidade da alimentação, apesar da xerostomia. ● Adequar os alimentos conforme a aceitação, ajustando a consistência. ● Quando necessário, utilizar complementos nutricionais industrializados com flavorizantes cítricos. ● Dar preferência a alimentos umedecidos. ● Utilizar gotas de limão nas saladas e bebidas. ● Ingerir líquidos junto com as refeições para facilitar a mastigação e a deglutição. ● Adicionar caldos e molhos às preparações. ● Usar ervas aromáticas como tempero nas preparações, evitando sal e condimentos em excesso. ● Mastigar e chupar gelo feito de água de coco e suco de fruta natural, sem açúcar. ● Utilizar goma de mascar ou balas sem açúcar com sabor cítrico para ↑ produção de saliva e sentir + sede. Mucosite e úlceras orais ● Modificar a consistência da dieta de acordo com o grau de mucosite. ● Evitar alimentos ácidos, picantes, excessivamente condimentados, salgados e doces. ● Utilizar alimentos à T° ambiente ou fria para otimizar a vasoconstrição. ● Diminuir o sal das preparações, evitar vegetais frescos crus. ● Manter ingestão hídrica adequada, evitando líquidos ricos em açúcar. ● Evitar alimentos secos e abrasivos. ● Revisar junto à equipe multiprofissional a prescrição e os horários de administração de medicamentos analgésicos, preferencialmente sistêmicos. ● Intensificar a higiene oral, de acordo com as condições clínicas do paciente, desde a escovação dentária com escova extra macia até bochechos à base de água ou chá de camomila em consonância com as orientações odontológicas de cada serviço e condições clínicas individualizadas. Diarreia ● Conscientizar o paciente sobre a necessidade da alimentação, apesar da diarreia. ● Aumentar o fracionamento da dieta e reduzir o volume por refeição, oferecendo de 6 a 8 refeições ao dia. ● Avaliar individualmente a utilização de dieta pobre em resíduos, glúten, lactose, teína, cafeína e sacarose. ● Evitar alimentos flatulentos e hiperosmolares. ● Utilizar dieta pobre em fibras insolúveis e adequada em fibras solúveis. ● Ingerir líquidos isotônicos entre as refeições, em volumes proporcionais às perdas. Constipação ● Conscientizar o paciente e o acompanhante sobre a necessidade de alimentação, apesar da constipação intestinal. ● Orientar a ingestão de alimentos ricos em fibras e com características laxativas. ● Considerar a utilização de módulo de fibra dietética mista. ● Estimular a ingestão hídrica conforme recomendações Neoplasias infantis: Fisiopatologia e terapia nutricional No Brasil o câncer infanto juvenil (0-19a) e a maior causa de óbito nessa faixa etária, tem taxa de cura de 80% e 25% de mortalidade, leucemia e linfoma são os mais comuns, e por terem tratamento agressivo essas crianças têm maior risco de desenvolver DCV e síndrome metabólica. Etiologia : Exposições ambientais (físico, químico, biológico NÃO SÃO DETERMINANTES do câncer infantil, exposições intra uterinas estão relacionadas, mas ainda não é certo. Fatores de risco: não se tem fatores determinados e por estar relacionado a fatores intra uterinos não se tem prevenção também. Sinais e sintomas: Os sintomas muitas vezes são inespecíficos, mas deve-se atentar a - Crescimento do olho, podendo estar acompanhado de mancha roxa no local, febre prolongada de causa não identificada, palidez inexplicada, dores nos ossos e juntas com ou sem inchaço, vômitos acompanhados de dor de cabeça, diminuição da visão ou perda de equilíbrio, perda de peso, caroço em qualquer parte do corpo (especialmente barriga), manchas roxas, sangramento pelo corpo sem machucado, anemia. Características do câncer infanto juvenil: Por serem predominantemente de natureza embrionária, os tumores são constituídos de células indiferenciadas, o que possibilita melhor resposta ao tratamento, possuem curto período de latência respondendo bem a tratamentos agressivos. Tipos : Leucemia, linfomas, tumores do SNC, tumor embrionário (retinoblastoma, neuroblastoma e tumor de wilms), osteosarcomas e sarcomas, carcinomas são menos frequentes na infância. - Leucemia: acúmulo de células jovens… Categorías: Mieloide, linfoide (o linfócito e a célula doente), crônica (quando a divisão é mais lenta) e aguda (quando a velocidade e rápida)- LMA, LMC, LLA (mais agressiva) e LLC - Linfoma: acúmulo de linfócitos nos gânglios ou nódulos linfáticos ou nos tecidos do sistema linfático, sinais e sintomas frequentes- febre, coceira persistente, suores noturnos, falta de apetite, aumento dosgânglios do pescoço - Tumor de SNC Diagnóstico : igual realizado para adultos, exame de imagem para TU sólido, com biópsia e exame de sangue para TU hematológico Tratamento : Igual realizado para adultos. Quimioterapia (indução, manutenção, recuperação) , radioterapia e cirurgia/TCTH, transplante de medula - única cura. *Trata-se da criança e da família, deve-se considerar todo o contexto social, a cura não se baseia apenas na recuperação biológica da doença, mas também no bem estar e qualidade de vida. *A humanização do ambiente é fundamental. Impacto nutricional: - Redução da ingestão alimentar, alteracao do gasto energético, alteração na absorção e metabolismo de nutrientes, alteração no apetite, caquexia - Desnutrição de 6 a 50% das crianças no momento do diagnóstico, referência de 5% de PP - Criança com desnutrição tem: Maior infecção, menor resposta terapêutica, maior probabilidade de recidivas e menores taxas de sobrevidas Avaliação nutricional Avaliação completa, exames bioquímicos, exame físico, antropometria, análise dietética… 1) Anamnese nutricional: -História clínica: data do diagnóstico, localização da doença e estadiamento, protocolo e fase do tratamento -História nutricional: peso habitual, perda de peso e tempo da perda de peso, sintomas gastrointestinais, anorexia, alteração no paladar, xerostomia -História socioeconômica: escolaridade e situação de renda familiar 2) Antropometria: peso, estatura, índice de massa corporal (IMC). Em crianças acima de 2 anos, coletar circunferência do braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB) e dobra cutânea triciptal (DCT). Obs.: Classificar esses dados pelos padrões de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio dos softwares WHO Anthro e Anthro Plus, ou pelas curvas de crescimento disponíveis no site da OMS, utilizando o escore Z ou o percentil, para os parâmetros de: a) P/E, E/I e P/I para crianças abaixo de 2 anos b) IMC/I, E/I e P/I para crianças acima de 2 anos e adolescentes c) CB, CMB e DCT classificar pelos padrões de Frisancho (1993) Obs. 2: medidas de perímetro cefálico (PC) e perímetro torácico (PT), em crianças abaixo de 2 anos, devem ser consideradas como parte da avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor -Estimativa de estatura: Pode ser estimada por meio do comprimento do joelho, com uso de fórmulas: Stevenson (1995) (de 2 a 12 anos) e Chumlea (1985, 1994) (acima de 12 anos) -Estadiamento puberal: WHO (1995) Correção de peso para pacientes amputados: utilizar a fórmula de Osterkamp (1995) Obs.: Na avaliação antropométrica, levar em consideração a presença de edemas, estado de hidratação (hiper-hidratação) e a existência de grandes massas tumorais 3) Ingestão alimentar: avaliar qualitativa e quantitativamente. Adequar de acordo com as necessidades nutricionais de macro e micronutrientes (de acordo com a Dietary Reference Intake/referências dietéticas para ingestão - DRI) 4) Avaliação laboratorial: Hemograma: hemoglobina, volume corpuscular médio (VCM), leucograma Bioquímica: pré-albumina (sempre que possível), albumina, glicemia, colesterol total e frações, triglicerídeos; função renal: creatinina, uréia, sódio e potássio; função hepática: transaminases e bilirrubinas; proteína C reativa Obs.: Os exames laboratoriais serão utilizados em conjunto com outros parâmetros para fechamento do diagnóstico de risco nutricional 5) Exame físico: observar sinais físicos de desnutrição: cabelo, unhas, turgor da pele, reservas adiposas e tônus muscular Recomendações nutricionais para o paciente oncológico pediátrico cirúrgico *Não tem recomendações específicas para crianças com câncer, utilizam-se as mesmas que para crianças saudáveis Proteína e ingestão hídrica Proteína pós transplante Terapia nutricional Para pacientes pré cirúrgicos: em pacientes desnutridos iniciar com TN 7 dias antes Pós cirúrgicos: Deve ser preferencialmente enteral, iniciada no pós-operatório, dentro de 24 a 48 horas (terapia nutricional precoce) Critérios de indicação da via a ser utilizada: Aumento ptn em pós transplante *paciente crítico: em instabilidade ou em uso de equipamento para monitorização -> sem possibilidade de aferir o peso, dados clínicos, exames bioquímicos (PCR e pré-albumina) e história dietética, SIRS e/ou sepse. Pode-se fazer AN diária, avaliando que parâmetros usar Acompanhamento sem doença: acompanhar trimestralmente no primeiro ano após término do tratamento. Após esse período, comparecer anualmente ao ambulatório de nutrição, ou quando se fizer necessário, até 5 anos, se não houver recaída da doença oncológica. Orientações para sinais e sintomas do tratamento : Página 76 do manual - mesmos para adultos
Compartilhar