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CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

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baixa. Por esta razão, a melhor alternativa é integrar as centrais de triagem e de 
compostagem a um sistema de coleta seletiva, promovendo a separação dos 
materiais recicláveis e compostáveis na origem e a participação comunitária. Para que 
a coleta seletiva seja realmente eficiente é necessária a mudança de hábito na 
disposição e acondicionamento do lixo já na fonte geradora. Além dos benefícios 
ambientais promovidos pela coleta seletiva e consequente destinação dos resíduos 
para reciclagem e compostagem, podemos considerar também os benefícios de 
inclusão social dos catadores, caso eles sejam os parceiros preferenciais na coleta 
seletiva. 
 
10 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA 
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 
Desde quando emergiu no ambiente primitivo e sem o desenvolvimento do 
intelecto, os primeiros grupos humanos pouco se diferenciavam dos outros animais, 
pautando suas preocupações apenas na percepção dos meios de subsistência pela 
alimentação e pela segurança física. Viviam submissos aos rigores do ambiente, pela 
falta de habilidade para enfrentar as contingências da natureza e a competição com 
muitas outras espécies animais até que conseguiram desenvolver as primeiras 
estratégias de organização (FEITOSA, 2017). 
Os primeiros rudimentos de intelectualidade potenciaram ao homem o sentido 
de organização e de representação do espaço, que são marcos referenciais das 
atividades humanas, ao longo do processo civilizatório. A evolução deste processo 
registra o apogeu e o declínio de algumas comunidades, em diversos lugares e 
através do tempo, permeados por algumas iniciativas ambientalmente racionais, que 
perduraram e se notabilizaram por sua contribuição ao equilíbrio da natureza. 
Inicialmente, atribuindo pouca importância coletiva aos problemas ambientais, 
as primeiras reflexões no sentido de seu enfrentamento emergiram na percepção 
individual de estudiosos mais conscientes de sua relação responsável com o futuro 
do ambiente, no que respeita a extração de matéria-prima para a produção dos 
recursos, mais ainda sem a ponderação de ações mitigadoras tão reivindicadas na 
atualidade. Tais reflexões deram origem às primeiras reuniões setoriais e eventos 
 
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científicos de nível local e regional, para discutir a temática, os quais logo evoluíram 
para a escala global. 
Para além da discussão e aprovação dos instrumentos legais de educação 
ambiental, normatização, fiscalização e ações coercitivas com grande volume de 
estudos e relatórios de impacto ambiental produzido para atender as exigências da 
legislação e recolhidos em acervos documentais cujas recomendações vêm sendo 
negligenciadas por falta de interesse ou de meios materiais. No âmbito da percepção 
individual, merece destaque. 
 
10.1 Ambiente, Cultura e Sustentabilidade 
Emergindo da natureza, o homem se aproveita dos recursos por ela oferecidos, 
como todos os seres vivos mais evoluídos, para prover sua subsistência e abrigo. 
O processo de desenvolvimento do homem evidencia etapas que permitem 
caracterizar suas primeiras atividades, como: coleta, caça e pesca, domesticação de 
animais e de plantas, as quais, praticadas por pequenos grupos de indivíduos e com 
incipiente emprego da técnica, não constituíram causa de impactos significativos à 
natureza. Contudo, evidenciam o início dos processos culturais cujo percurso resultou 
na diversidade atual, tão bem fragmentada, analisada e valorizada (FEITOSA, 2017). 
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, o incremento das atividades da 
agricultura, da pecuária e mineração modernas, para atender as demandas das 
populações urbanas e de matérias-primas para as indústrias, acelerou a frequência e 
a magnitude dos impactos das atividades humanas sobre o ambiente natural, de cujo 
processo emergiram as primeiras preocupações com a natureza, mediante a 
perspectiva de esgotamento dos recursos pela superação dos limiares de equilíbrio 
do ambiente natural. 
Ações decorrentes das conferências citadas motivaram a construção de uma 
agenda ambiental cuja culminância resultou na Rio-92 e na Rio+20 com protocolos 
internacionais e documentos diversos, como a Agenda 21, instrumento para orientar 
a cooperação de governos, empresas, organizações não-governamentais e a 
sociedade em geral, em âmbito global, nacional e local e nas instâncias de 
planejamento e gestão socioambiental. 
 
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As ações do homem no ambiente, praticadas por determinado grupo em um 
tempo e lugar delimitados, constitui a Cultura daquele segmento da humanidade em 
sua totalidade, representada por todas as manifestações individuais e coletivas que 
expressam aptidão, conhecimento, comportamento, costumes e crenças. 
10.2 Cultura, produto do desenvolvimento do homem 
Emergindo da natureza, as primeiras manifestações culturais do homem 
expressaram suas ações e reações praticadas para subsistir ao embate com os 
rigores da natureza e com os animais para adquirir aptidão e conhecimento, ainda que 
incipiente, o instrumental necessário à mudança de comportamento para a superação 
dos obstáculos. Em estágio mais evoluído, identifica-se a elaboração de artefatos para 
maior eficiência nas atividades de coleta, pesca, caça, criação de animais e 
agricultura, seguindo-se a representação espacial dos elementos do seu universo 
conhecido através da arte rupestre e dos processos audíveis (FEITOSA, 2017). 
Na atualidade, muitas ciências expressam compreensão própria sobre o 
conceito e definição de cultura, notadamente as ciências sociais, filosofia e 
antropologia e geografia, ainda que se identifiquem pequenas diferenciações por 
vezes frutos da variação semântica. Nesse contexto, merece relevo a valorização e 
proteção da cultura popular e da cultura patrimonial, aplicada ao ambiente, mesmo 
que com motivação focada na geração de renda. 
10.3 A Cultura da Sustentabilidade Ambiental 
A concepção de sustentabilidade ambiental vem sendo introduzida na rotina 
diária do coletivo das pessoas como um apelo para a solução de uma crise que as 
afeta, mas que elas, individualmente, sabem que não deram causa, e para o resgate 
de uma condição ambiental que a grande maioria não sabe ter perdido, ou mesmo se 
existiu. Contudo, embora a postura das pessoas possa parecer alienação em relação 
a um problema que as afeta no dia-a-dia, é resultado da falta de educação formal com 
qualidade ou mesmo de instrução. 
Uma pequena parcela do coletivo de pessoas, tendo recebido educação formal 
ou instrução com qualidade em relação aos problemas ambientais, tem conhecimento 
destes, mas não os incorpora em nível consciente e não os interpreta como motivação 
 
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para uma mudança séria de valores e atitudes em relação ao ambiente. Neste caso, 
afigura-se certa alienação em relação aos apelos por não terem contribuído para dar 
causa aos problemas. 
O despertar da crise ambiental responsabilizou o crescimento econômico com 
foco no sistema industrial e deflagrou uma série de ações para equacionar os 
problemas identificados através de controles instituídos na legislação e criação de 
normas específicas. Dentre as principais ações neste sentido, referimos a criação do 
PNUMA, cujas ações serviram de base para as políticas públicas ambientais a nível 
nacional (FEITOSA, 2017). 
Considerando todos os esforços despendidos e recursos investidos em 
Educação Ambiental ao longo dos últimos 40 anos, ainda não se observam resultados 
que indiquem uma mudança efetiva dos valores e atitudes dos indivíduos quanto à 
prática sistemática de ações sustentáveis, mas apenas aquisição de informações 
dispersas sobre a necessidade de preservar o “meio ambiente”. 
A importância da cultura para a sustentabilidade ambiental vem sendo pontuada 
por sua influência no fortalecimento dos grupos sociais e para agregar valor às 
variadas expressões e manifestações, fato que contribui para a melhoria das 
condiçõeseconômicas, sociais e ambientais. O reconhecimento desta possibilidade 
tornou-se mais visível com o lançamento do livro Cultura: o 4º Pilar da 
Sustentabilidade (no qual se destaca a importância da cultura para o resgate dos 
costumes e tradições e o conhecimento do passado como indicador de perspectiva 
do futuro). 
No plano de ação do indivíduo, todas as suas manifestações expressam a cultura 
apreendida como produto das experiências vividas nos meios em que atuou de modo 
ativo ou passivo. Mediante os apelos da cultura da sustentabilidade ambiental em 
cumprimento à responsabilidade de cada indivíduo neste processo, tais 
manifestações podem denotar o cultivo consciente e disciplinado de atitudes e valores 
ambientais nos aspectos objetivos e subjetivos. Um exemplo a ser copiado, um 
modelo a ser seguido. 
10.4 Técnicas para Elaboração e Avaliação de Projetos Sustentáveis 
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, tem como 
finalidade chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas 
 
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ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais. A data foi 
instituída na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 
1972. 
Dentre os principais problemas que afetam o meio ambiente, podemos destacar 
o descarte inadequado de lixo, a falta de coleta seletiva e de projetos de reciclagem, 
consumo exagerado de recursos naturais, desmatamento, uso de combustíveis 
fósseis, desperdício de água e esgotamento do solo. Esses problemas e outros 
poderiam ser evitados se todas as esferas da sociedade se conscientizassem da 
importância do uso correto e moderado dos nossos recursos naturais. 
A pesar de parecer uma tarefa difícil, o meio ambiente pode ser ajudado com 
medidas individuais bastante simples de sustentabilidade. Se cada um fizer sua parte, 
podemos garantir um futuro mais promissor para as gerações futuras. E o papel da 
escola nessa tarefa é fundamental. (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). 
 
10.4.1 Criação de Horta na Escola 
A construção de uma horta escolar é uma forma dos alunos compreenderem 
mais sobre como a terra fornece o alimento e a importância de cuidar do solo. A horta 
pode se expandir para um projeto comunitário, educar os outros e permitir que a 
comunidade escolar tenha a oportunidade de trabalhar junta. 
 
 
Fonte: www.palmas.to.gov.br 
 
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A escola é um ambiente importante para o desenvolvimento do indivíduo como 
um todo. É papel da escola propiciar a emancipação do indivíduo, ou seja, fornece a 
ele ferramentas que os tornem responsáveis e capazes de contribuir e resolver 
questões sociais. Também é importante que a escola favoreça as relações do 
educando com o meio ambiente onde vive. Pois este contato com o ambiente natural 
pode despertar a consciência das pessoas para o fato que os recursos naturais são 
finitos (ARRUDA; MARQUES; REIS, 2017). 
O desenvolvimento de projetos no ambiente escolar, que abordem a temática 
ambiental, tem grande importância para promover este contato ser humano-natureza. 
Ultrapassando assim a barreira da teoria somente. Um exemplo de projetos desta 
natureza é a construção de hortas no ambiente escolar. A construção de uma horta 
proporciona diversos benefícios para os envolvidos no processo. Com a confecção da 
horta, o estudante tem possibilidade de aprender a plantar, selecionar o que plantar, 
planejar o que plantou, transplantar mudas, regar, cuidar, colher, decidir o que fazer 
do que colheu. É importante que o educando participe ativamente de todas as etapas 
deste processo, pois assim estes se sentem estimulados e corresponsáveis pelo 
projeto. 
Compostagem demonstra os processos da natureza de decomposição, 
transformando resíduos orgânicos em novo solo, permitindo que os alunos se 
familiarizem com o ciclo de nutrientes. Os alunos podem construir com o adubo para 
uso no pátio da escola a ser preenchido com jardim e restos de comida. 
 
10.4.2 Programa de Reciclagem 
A maioria dos resíduos da sociedade é composta por papel e programas de 
reciclagem devem tentar lidar com todos os tipos possíveis. As escolas podem criar 
contentores de reciclagem nas salas de aula, escritórios, salões e refeitório para 
coletar resíduos. Pode-se também envolver a comunidade, pedindo doação de 
materiais recicláveis para serem trabalhados dentro da escola. 
 
10.4.3 Projeto de Arborização 
As árvores são partes importantes do ecossistema por fornecerem oxigênio, 
protegerem o solo, fornecerem habitat animal e limparem o ar. O plantio de árvores 
consiste em grande experiência prática de cuidar do meio ambiente e contribuir para 
a comunidade local, além de fornecer habitat natural e de alimentos para animais. Um 
 
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projeto de plantação fornece a oportunidade para aprender sobre botânica e o papel 
das árvores nos ecossistemas. 
 
10.4.4 Uso Racional de Energia Elétrica 
Disseminar conceitos básicos de uso eficiente e seguro da energia elétrica e 
promover a conscientização da comunidade escolar para o seu uso racional. As 
escolas podem criar iniciativas para transformar os alunos em agentes multiplicadores 
do uso correto da energia elétrica dentro e fora da escola, para que seja compartilhado 
com os familiares e a comunidade. 
11 O MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 
Na década de 1960, começaram os debates sobre a questão ambiental no Brasil. 
A realização de encontros e congressos sobre o assunto fez surgir um embrionário 
movimento ecológico organizado. Entretanto, efetivamente, foi na década de 1970 que 
o governo federal direcionou sua atenção para os problemas de degradação 
ambiental, com a criação de áreas protegidas - como os Parques Nacionais - e 
punição aos infratores ambientais. 
Em uma conjuntura de ―milagre econômico, quando o governo brasileiro 
priorizava o crescimento econômico e a industrialização como condição de 
desenvolvimento em detrimento da conservação e o uso racional de recursos naturais, 
foram criadas as primeiras instituições e políticas públicas ambientais do país 
(MARTINS, 2017). 
Em 1999 foi editada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de 
Educação Ambiental e define as orientações políticas e pedagógicas deste tema 
transversal nos sistemas de ensino em âmbito nacional. A Lei preconiza que a 
Educação Ambiental deve ser desenvolvida nos currículos das instituições de ensino 
públicas e privadas, em todos os níveis de ensino e de forma interdisciplinar. 
Com todo um aparato legal, a Educação Ambiental vai se disseminando e se 
tornando uma realidade nos bancos escolares do Brasil. Todavia, como cuidar da vida 
no planeta envolve diferentes concepções de sociedade, de educação e da relação 
homem e a natureza. Concepções que se refletem no fazer pedagógico do professor.

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