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Tecnologia em Processos gerenciais MateMática financeira correção monetária e inflação 6 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Operar com índices de preços, inflação, taxas prefixadas e aplicações financeiras. COmpetênCias Analisar o processo inflacionário diante de uma econo- mia marcada pela presença de taxas e aplicações, cená- rio importante para a Matemática Financeira. Habilidades Identificar componentes inflacionários; selecionar índi- ces para atualização de valores monetários. MateMática Financeira correção monetária e inflação ApresentAção É impossível não pensarmos em empréstimos e financia- mentos nos dias atuais. Nesses casos, contamos com inci- dência da correção monetária do saldo devedor das parce- las. Assim, conforme o índice mensal da inflação, é normal que a dívida aumente. É sobre isso que iremos falar nesta Unidade de Aprendizagem. pArA ComeçAr A inflação é uma batalha que o Brasil aprendeu a travar, lutando por níveis mais toleráveis, combatendo o aumento generalizado dos preços. Durante décadas. convivemos com o terror do aumento descontrolado dos preços. Hoje, em decorrência de uma situação econômica mais estável, a inflação não deixou de existir em nosso país, porém encontra-se mais controlável. Nesse contexto é que foi criada a correção monetária com o objetivo de minimizar os efeitos do processo inflacionário. Você sabia que existe um elenco de produtos e serviços que são contabilizados para o cálculo da inflação brasileira? mudanças no cálculo da inflação (2012) itens que entram itens que saem Abacate Ameixa Balas Bacalhau Chuveiro elétrico Barbeiro Carne de carneiro Chope Carne de porco salgada e defumada Chuchu Morango Doce de leite Pepino em conserva Feijoada em conserva Revestimento de piso e parede Gelatina Salame Lâmpada Tabela 1. Relação de alguns itens que passaram a ser considerados no cálculo da inflação e de outros que deixaram de ser considerados. Fonte. Adaptado de http://www.istoe. com.br/reportagens/ 186538_A+ INFLACAO+DO+ SALMAO Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 4 mudanças no cálculo da inflação (2012) itens que entram itens que saem Salmão Leite fermentado Telefone com internet Máquina de costura TV por assinatura com internet Vassoura Apresentamos a seguir, para a nossa maior compreensão, o detalhamen- to sobre a inflação e a correção monetária. FundAmentos inflaçãO A inflação caracteriza-se pelos aumentos persistentes e generalizados dos preços dos bens e serviços à disposição da sociedade; o inverso é a defla- ção. (VERAS, 2009) A deflação, segundo Pilão (2010, p. 177), é um fenômeno que ocorre em função da diminuição da demanda global, que acaba por provocar a formação de estoques que, por sua vez, provocam pressão sobre os preços, para que estes diminuam, sem que ocorram as correspondentes diminuições de custos. Uma moeda estável mantém o mesmo poder aquisitivo no decorrer do tempo. Para Crespo (2009), chamamos de valor da moeda ou ainda de poder aquisitivo da moeda aquele representado pela quantidade de bens ou serviços que podem ser adquiridos com uma unidade monetária. O contrário é a inflação, a depreciação do valor da moeda, ou a redução do seu poder aquisitivo. O processo de inflacionar ou deflacionar valores de um período deter- minado deve ser interpretado como uma comparação entre a evolução dos valores monetários e o comportamento dos produtos agrupados no índice escolhido. ÍndiCe de preçOs É o índice que indica as variações médias dos preços de uma cesta repre- sentativa de um setor da economia ou da economia como um todo. Ele permite medir as variações ocorridas nos níveis gerais de preços de um período a outro, o que corresponde à média ponderada de preços para um conjunto de bens e serviços (FEIJÓ, 2009). Os índices são estabeleci- dos pelas pesquisas realizadas por institutos especializados tais como: Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 5 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação Getúlio Var- gas (FGV), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), e outros. Segundo Veras (2009), alguns índices são regionais e outros nacionais, como exemplo a FGV fornece o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que abrange a cidade do Rio de Janeiro (IPC-RJ), e também para mais onze ca- pitais e Distrito Federal. A “FGV fornece também o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que é calculado entre o primeiro e o último dia do mês de referência e reflete a evolução dos preços de três índices: Índice de Preço pro Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional de Preços da Construção Civil (INCC)” (VERAS, 2009, p. 208). O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP), e também é fornecido pela FGV. É formado pelo Índice de Preços por Atacado – Mercado (IPA-M), com peso de 60%, pelo Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M), com peso de 30% e pelo Índice Nacional do Custo da Construção – Mercado (INCC-M), com peso de 10%. Esses índices medem bens de consumo e bens de produção, como ali- mentação e matérias-primas, respectivamente. Já a FIPE fornece o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-SP) apenas para a cidade de São Paulo. A seguir, um exemplo de tabela de índices econômicos. commodities unidade compra venda variação Petróleo (Brent) Barril US$ 45,880 US$ 45,900 -0,41% Ouro Onça troy US$ 1293,610 US$ 1294,380 -0,05% Prata Onça troy US$ 17,890 US$ 17,920 -0,28% Platina Onça troy US$ 1281,240 US$ 1288,750 0,12% Paládio Onça troy US$ 776,970 US$ 782,520 0,13% inflação índice mês valor IPCA 01/12/14 0,78% IPC-Fipe 01/12/14 0,30% IGP-M 01/12/14 0,62% INPC 01/12/14 0,62% indicadores valor atualização Salário Mínimo R$ 788,00 2015 Global 40 112,32% 20/01/15 TR 0,11% 20/01/15 CDI 11,57% 20/01/15 SELIC 11,75% 03/12/14 IPCA 0,78% 01/12/14 Tabela 2. Índices econômicos em 20/01/2015. Fonte. http:// economia.uol. com.br/cotacoes/ indices-economicos/ Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 6 Para Crespo (2009), com o objetivo de minimizar as distorções causadas pela inflação na economia, foi instituída no país em 1964 a correção monetária. Correção Monetária A “atualização monetária ou correção monetária é o reajuste dos capitais en- volvidos em operações financeiras (ativas ou passivas) com a finalidade de anular, ou pelo menos atenuar, os efeitos da inflação”. (VERAS, 2009, p. 210) Os preços de bens e serviços, empréstimos, salários, impostos, entre outros, podem ser reajustados com base na inflação ocorrida num dado período, medida por um determinado índice de preços. A taxa utilizada no reajuste é chamada correção monetária. Para uniformizar a correção monetária, segundo Crespo (2007), o Go- verno passou a utilizar duas unidades financeiras: as Obrigações Reajus- táveis do Tesouro Nacional (ORTNs) e a Unidade Padrão de Capital (UPC). Cada ORTN tinha seu valor corrigido mensalmente, de acordo com o índi- ce de inflação no período; e cada UPC, com correção trimestral, passaria a ter o valor da ORTN do mês inicial do trimestre (janeiro, abril, julho, outubro). A ORTN era, em geral, utilizada como unidade-padrão para os financiamentos industriais, e a UPC, para os financiamentos habitacionais através do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH). No site do Banco Central do Brasil está disponível a Calculadora do Ci- dadão que realiza atualização monetária, conforme exemplo abaixo, Figu- ra 1. É necessário escolhermos o índice para a correção, data inicial, data final, que a calculadora devolve o valor corrigido. planOs eCOnômiCOs Traçaremos agora um histórico sobre os Planos Econômicos baseado em Crespo (2007), começando pelo Plano Cruzado, Cruzado Novo, Collor e Real. Figura 1. Calculadora do Cidadão - Correção Monetária. Fonte: https:// www3.bcb.gov.br/ CALCIDADAO/ publico/exibirForm CorrecaoValores. do?method=exibirFormCorrecao Valores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Fonte: https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 7 plano cruzado Consolidado pelo Decreto-lei nº 2.284, de 10/03/86, quando a unidade do sistema monetário brasileiro passou a se chamar cruzado (Cz$). As Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional foram substituídas por Obrigações do Tesouro nacional (OTNs), sem correção. plano cruzado novo ou verão Substituiu o cruzado pelo cruzado novo (NCz$) pelo Decreto- lei nº 7.730, de 31/1/89. As Obrigações do Tesouro Nacional foram substituídos pelo Bônus do Tesouro Nacional (BTN). plano collor Instituiu o cruzeiro (Cr$) como moeda nacional pela Lei nº 8.024, de 12/4/90, sendo um cruzeiro correspondente a um cruzeiro novo. O BTN foi mantido. plano real Instituiu o cruzeiro real (CR$) para substituir o cruzeiro em 1º de agosto de 1993. Um cruzeiro real correspondia a mil cruzeiros. Ele teve vida curta, pois se manteve por apenas onze meses. Em 28 de fevereiro de 1994, por meio de medida provisória, foi criada a URV (Unidade Real de Valor), que foi reeditada sendo aprovada somente em março e publicada em 28 de maio de 1994. Os valores diários da URV foram corrigidos tendo como base: o Índice Ge- ral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, Índice de Preço ao Consumidor (IPC), da Fipe e IPVA Especial (de responsabilidade do IBGE). A partir de 1º de julho de 1994 a URV deixou de existir com esta denominação, passando a se chamar Real (R$). Atenção A transformação de cruzeiros reais para real é: CR$ 2.750,00 = 1 URV = R$1,00 taxa de atUalizaçãO mOnetária Os índices da inflação são divulgados mensalmente e o cálculo da taxa acumulada de inflação é medida por uma aplicação consecutiva de ta- xas menores. taxa aCUmUlada de jUrOs (COm taxas variáveis) Taxa acumulada de juros com taxas variáveis e acumuladas em situações de correções de contrato, tem como exemplos as atualizações de alu- guéis, saldo devedor da casa própria, entre outros. iac = [(1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) ... (1 + in) - 1] × 100 Tabela 3. Histórico dos planos econômicos. Fonte. Crespo (2007). Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 8 exemplo 1 A tabela mostra a inflação medida no período de três meses de um ano. Calcule a inflação desse triênio. janeiro fevereiro março inflação 0,57% 0,68% 0,90% iac = [(1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) ... (1 + in) - 1] × 100 = [(1,0057) × (1,0068) × (1,009) - 1] × 100 = [(1,02165160884) - 1] × 100 = 2,165161 taxa média de jUrOs A média de juros tem como base teórica o conceito de média geométrica usada para calcular a média de um conjunto de taxas. imédia = {[(1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) ... (1 + in)] 1 n - 1} × 100 exemplo 2 Considerando a taxa acumulada em seis meses de 1,04567, calcule a taxa bimestral de inflação. Sabendo que um semestre possui três bimestres, vejamos: imédia = {[(1,04567)] 1 3 - 1} × 100 = (1,01499729 - 1) × 100 = 1,4997% taxa real de jUrOs É a apuração de ganho ou perda em relação a uma taxa de inflação. ir = 1 + ijuros 1 + iinflação - 1 × 100 Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 9 exemplo 3 Você aplicou num fundo de renda fixa por 12 meses e o rendimento desse período, descontando o Imposto de Renda, foi de 22%. A inflação acumu- lada nesse período foi de 8%. Qual o rendimento real dessa aplicação? ir = 1 + ijuros 1 + iinflação - 1 × 100 ir = 1,22 1,08 - 1 × 100 = 12,96296% Caderneta de pOUpança Como vimos anteriormente, a Unidade 2 contemplou o detalhamento so- bre o histórico da caderneta de poupança. As cadernetas de poupança, criadas desde 1964, foram destinadas ini- cialmente ao financiamento de imóveis. Possuem rendimentos mensais, da data da aplicação até o dia do mês seguinte, dados por uma taxa real de 0,5% a.m., mais correção monetária dada pela TR do período conside- rado. (HAZZAN e POMPEU, 2007) C : capital aplicado; j : taxa de correção (TR); M : montante. M = C (1 + j ) (1 + r ) Sabendo que: 1 + r = 1 + i 1 + j E considerando: 1,005 = 1 + 5% , teremos: M = C (1 + j ) (1,005 ) exemplo 4 Um investidor aplicou R$ 6.500,00 em uma caderneta de poupança. Pergunta-se: a. Qual o montante após 30 dias, considerando a TR neste período de 0,8%? Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 10 b. Qual o montante após 60 dias, dada aplicação inicial com TR desses 30 dias de 0,5%? c. Qual a taxa efetiva de juros do período total da aplicação? Resposta: a. M = 6.500 × (1,008 ) × (1,005 ) = 6.584,76 b. M = 6.584,76 × (1,005 ) × (1,005 ) = 6.650,77 c. i = 6.650,77 6.500,00 = 1,02% antena pArAbóliCA Verifique no site do Banco Central do Brasil a ferramen- ta chamada “Calculadora do Cidadão” (link disponível no material complementar), que permite simularmos a cor- reção de valores entre outras aplicações financeiras. Aproveite o aplicativo e simule correções. Lembre-se As notícias referentes à economia muitas vezes usam a palavra deflação. O termo pode gerar dúvidas porque poucas vezes há explicações sobre o seu significado. Deflação é o oposto de inflação, que sig- nifica o aumento geral de preços. e AgorA, José? Agora que aprendeu um pouco mais sobre Correção Mo- netária e Inflação, vamos seguir em frente com Fluxo de Caixa para a resolução de situações-problema de aplica- ções e empréstimos. Até lá! AtividAdes Chegou o momento de você praticar o que aprendeu na Unidade. Siga para as atividades e verifique seus conhecimentos. Matemática Financeira / UA 06 Correção Monetária e Inflação 12 reFerênCiAs CRESPO, A. A. �Matemática Comercial e Finan- ceira Fácil. São Paulo: Saraiva, 2007. FEIJÓ, R. �Matemática Financeira com Concei- tos Econômicos e Cálculo Diferencial . São Paulo: Atlas, 2009. HAZZAN, S.; POMPEU, J. N. �Matemática Finan- ceira. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. PILÃO, N. E; HUMMEL, P. R. V. �Matemática fi- nanceira e engenharia econômica: a teo- ria e a prática da análise de projetos de investimentos. São Paulo: Thomson Pio- neira, 2010. VERAS, L. L. �Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2009.
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