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14 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA Aterosclerose e função endotelial Introdução O endotélio é um órgão de revestimento. Quando se retira o endotélio de um vaso, este vaso perde todos as suas funções. Por isso que o endotélio é o gatilho para todas as doenças cardiovasculares. A dilatação dos vasos (vasodilatação) é me- diada pelo endotélio e pelas substâncias libe- radas. Endotélio em perspectiva • O endotélio vascular talvez represente o maior “órgão” do corpo, equivalente a 5 corações normais e em área a 6 quadras de tênis num homem de 70 kg, exercendo funções regulatórias cardiovasculares de grande importância. • Essa camada de células endoteliais que recobre a superfície luminal dos vasos sanguíneos está envolvida em numerosas funções regulatórias, como o controle da proliferação das células musculares lisas vasculares, adesão de leucócitos e pla- quetas, permeabilidade vascular e res- postas inflamatórias. • O endotélio também apresenta proprie- dades trombolíticas e fibrinolíticas. A sua atividade metabólica contribui para a re- gulação da oxidação lipídica, formação de angiotensina II e degradação das ca- tecolaminas e cininas circulantes. • O endotélio desempenha um importante papel na regulação do tônus da muscu- latura lisa vascular, vasomotricidade, pela expressão de fatores de relaxamento e contração. • O relaxamento endotélio-dependente é mediado primariamente pelo Óxido Ní- trico (NO), mas também pelo Fator Hiper- polarizante Derivado do Endotélio (EDHF) e prostaciclina. Os fatores de contração são a endotelina-1, os metabólitos da ci- cloxigenase e os ânions superóxido. • Em condições fisiológicas, uma precisa e balanceada expressão dos fatores de re- laxamento e contração, mantém a ade- quada perfusão orgânica. Entretanto, este equilíbrio se perde em estados patológicos como aterosclerose, diabe- tes, insuficiência cardíaca, doença coro- nária e hipertensão, contribuindo para o desenvolvimento das doenças cardiovas- culares. Obs: o NO é o vasodilatador natural mais po- tente que existe. Sua ausência ou deficiência afeta a constrição. Balanço fisiológico endotelial A pressão hidrostática ocorre sobre a pa- rede. A força de arrasto hemodinâmico é o es- tresse sobre a parede. É o principal culpado sobre as lesões na parede endotelial, o que é importante para o processo de ateroscle- rose. Estiramento pulsátil ocorre de acordo com a onda de pulso. Motricidade Há substâncias responsáveis pela vasocons- trição, e outros pela vasodilatação. 15 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA Trombose No equilíbrio, esses fatores são encontrados em proporções equilibradas, para manter a homeostase. Hipertrofia Existem substâncias que se expressam estimu- lando o crescimento, enquanto outras são inibidoras do crescimento (não é preciso de- corar essas substâncias). Inflamação Portanto, o endotélio é responsável pela ho- meostase desse indivíduo, e é o local onde começam as alterações cardiovasculares. Siglas Evolução da aterosclerose Geralmente, a doença tem relação com idade, mas não necessariamente. Começa com células espumosas na primeira década, mas não é detectável. A placa aterosclerótica vai se formando e au- mentando. Na quarta década já é visível uma doença aterosclerótica importante e visível nas arté- rias. Não é possível saber qual é o estágio, até de- sencadear uma doença coronariana aguda, AVC ou outra condição. Por isso que é neces- sário realizar exames complementares. A doença pode se manifestar após os 35 anos, mas pode se iniciar juntamente com a própria concepção, há grande carga gené- tica em cima disso. Quanto mais inflamada é a placa, maior o seu risco de rompimento. COVID-19: componente trombótico e infla- matório exacerbado, por isso que tem um componente tromboembólico importante. 16 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA Placa aterosclerótica estável É importante compreender o que é uma placa estável e uma instável. A placa é dita estável quando tem seu nú- cleo lipídico rico em colesterol LDL oxidável e possui a capa fibrosa espessa. Quando essa placa fibrosa está calcificada é mais tranquilo ainda, porque significa que não há risco de romper. Nessas imagens há uma grande placa grossa e fibrosa, por ser grossa, é estável (é mais difí- cil de romper, quando há uma placa fibrosa grossa). Placa aterosclerótica vulnerável A placa vulnerável ou instável apresenta um núcleo lipídico mais volumoso, e uma placa fibrosa mais estreita. A placa se rompe mais próximo à parede do vaso. Angina instável Ocorre agregação plaquetária no local da ruptura para impedir que o núcleo lipídico se exponha. Esse é o momento de uma SCA. O trombo cobre a lesão. Esse trombo reduz a luz do vaso e pode cau- sar estenose. Angiografia da angina instável O contraste é interrompido. Essa imagem ne- gativa é o trombo, levando a uma obstrução aguda → infarto ou AVC. Isso poderá acontecer em qualquer leito ar- terial. 17 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA Macroscopia Artéria aberta longitudinalmente, mostrando o quanto tem de deposito lipídico dentro do vaso. Além disso, é possível visualizar hematomas na placa. São situações graves. Microscopia Placa concêntrica imensa, obstruindo a luz do vaso. Macroscopia IAM Infarto transmural que causa morte súbita por infarto agudo do mio- cárdio. Por isso que os fatores de risco devem ser tra- tados desde sempre. AVC hemorrágico Causa predominante dos eventos • A ruptura da placa seguida pela trom- bose, é o fator causal mais importante nas síndromes coronarianas agudas • A maioria dos IAM acontecem por insta- bilização de placas ateroscleróticas pe- quenas ou moderadas • Trabalhos sugerem que as estatinas têm efeito sobre a agregação plaquetária • A gravidade da placa e o risco de rup- tura é maior nas placas instáveis do que nas estáveis (não tem relação com o ta- manho) Severidade da obstrução e risco de IAM O risco de IAM é maior em placas menores instáveis, do que nas placas grandes, mas es- táveis. Fatores de risco Quanto mais fatores de risco, maior a chance de desenvolver eventos cardiovas- culares. • INDEPENDENTES: ✓ Fumo ✓ Hipertensão ✓ CT e LDL-c altos ✓ HDL-c baixo ✓ DM (4x mais) → uso de drogas para a prevenção ✓ Idade avançada • PREDISPONENTES: ✓ Obesidade ✓ Obesidade abdominal ✓ Sedentarismo ✓ História familiar precoce 18 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA ✓ Etnia ✓ Fatores psicossociais • CONDICIONAIS: ✓ Triglicérides ✓ LDL tipo B ✓ Homocisteína ✓ Lp (a) ✓ Fibrinogênio ✓ Marcadores inflamatórios Crescimento da placa Quando a placa rompe, recruta células mus- culares lisas e causa crescimento da placa, reduzindo o lúmen. A placa instável responde bem a altas doses de estatina e anti-agregantes, tendendo a se tornar estável. Técnica de USIV Essa é uma técnica de US intracoronária, é capaz de detectar o ateroma “silencioso”. Portanto, a angiografia não é o padrão ouro para detectar aterosclerose, porque há le- sões que não podem ser percebidas. O padrão ouro é o ultrassom intravascular, mas não é possível realizar em todos os paci- entes. Efeito pleiomórfico da estatina A estatina, além de reduzir a gordura, tam- bém apresenta efeitos pleiomórficos (sobre outras condições do endotélio). ✓ Tendencia a normalização da função en- dotelial ✓ Redução da infiltração de células infla- matórias nas placas ✓ Efeitos sobre a proliferação das CMLv e síntese da matriz diferem entre asestati- nas ✓ Inibição da agregação plaquetária ✓ Redução da trombogenicidade do san- gue Rosuvastatina Rosuvastatina é a estatina mais moderna e potente que temos no mercado. Esse exame mostrou que a placa do ateroma foi reduzida à metade após o uso desse me- dicamento. Ou seja, ocorreu a estabilização da placa. Medicamentos no mercado A Rosuvastatina é o melhor medicamento atualmente no mercado. A Atorvastatina também é muito utilizada hoje. 19 ANA PAULA – MED UNIMES XXII ATD1 - CARDIOLOGIA Revisão (Paulinho) O colesterol responsável pela aterosclerose é o LDL, com baixa densidade e menor tama- nho (mais fácil de entrar na região subendo- telial). Há 2 pacientes que podem formar ateroscle- rose: pacientes com muito LDL, e outros paci- entes que apresentam LDL normal, mas lesão subendotelial (facilita a entrada do LDL, mesmo que em baixa quantidade). Por isso que é possível ter pacientes jovens, com níveis normais de LDL apresentando infarto. É mais fácil ter aterosclerose quando o paci- ente apresenta altos níveis de LDL. Quando o organismo vê uma célula de gor- dura na região subendotelial, ativa o sistema inflamatório (resposta celular e humoral). Forma-se a célula espumosa, porque o LDL é fagocitado. Chamando ainda mais células de defesa para o local, causando hiperoxida- ção (aumenta ainda mais a inflamação). O problema de ter um processo inflamatório muito grande na artéria leva a uma grande quantidade de núcleo lipídico e uma placa fibrótica cada vez mais fina, podendo causar rompimento dessa placa fibrótica, expondo o núcleo lipídico. Essa exposição do núcleo lipídico gera uma trombose, formando trombos, que podem ocluir a luz do vaso e dificultar a passagem do sangue, até mesmo obstruir, causando in- farto. Já é possível visualizar células espumosas desde bebês. Fatores que podem destruir o endotélio: taba- gismo, hipertensão, DM → por isso que esses fatores podem desencadear doença ateros- clerótica. Doença coronariana crônica: É uma situação diferente do paciente que tem um IAM. Esse paciente tem dores relacionadas ao es- forço físico. Nesse caso, o paciente tem pouco conteúdo lipídico, porém, uma grande capa fibrótica. Sendo assim, o risco de romper é menor. Em repouso, é possível suprir a quantidade de oxigênio para o miocárdio. Contudo, com o esforço, a pequena oclusão existente na artéria gera uma necessidade maior de oxi- gênio, causando uma dor momentânea du- rante esses períodos de maior necessidade. Para tratar, poderá realizar angiografia de resgate ou utilizar medicamentos. Doença coronariana crônica → capa fibró- tica grossa, e pequeno conteúdo lipídico. Doença coronariana aguda → capa fibrótica fina, mas grande conteúdo lipídico.
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